Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio
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Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio
A m a i o r m í d i a d a c o m u n i d a d e í t a l o - b r a s i l e i r a www.comunitaitaliana.com Rio de Janeiro, abril de 2009 Ano XVI – Nº 130 Itália desolada ISSN 1676-3220 R$ 10,90 Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio histórico em Abruzzo Designers cariocas invadem Milão Ansa 26 CAPA Terremotos na região central da Itália arrasam 26 cidades e deixam 20 mil pessoas entre mortos e desabrigados. Milhares de prédios de grande valor histórico e cultural viraram pó Editorial Desolação......................................................................................06 Cose Nostre Política Para evitar fraude, Câmara italiana inaugura novo sistema de votação eletrônica que identifica o parlamentar pela impressão digital�������� 23 Máquinas de fazer pizza em três minutos se tornaram a nova mania em algumas cidades da Itália. Desenvolvida pela Universidade de Bolonha, a engenhoca virou alvo de polêmica entre pizzaiolos........07 Filosofia Economia Astronomia Itália será o primeiro país da Europa a ter uma filial do “banco dos pobres” idealizado pelo prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus���� 16 Negócio Empresa italiana de peças íntimas, Yamamay celebra a boa relação com o Brasil e cria uma linha de cosméticos feita a partir de produtos extraídos da selva amazônica..........................................................17 36 Atualidade Raffaele Cantone Há dez anos sob proteção policial, procurador anti-máfia lança livro sobre os bastidores do crime organizado e também se torna best-seller, na Itália 4 50 Literatura Feira de Bolonha A presença brasileira no evento que é um dos mais festejados do setor literário infanto-juvenil ComunitàItaliana / Abril 2009 A passagem pelo Brasil de Giuseppe Vacca, um dos principais pensadores de esquerda da Itália, que veio ao país lançar um livro.........................44 Ano Internacional da Astronomia celebra, com uma série de eventos, os 400 anos da primeira observação por telescópio feita pelo italiano Galileu Galilei................................................................................46 Fotografia Coleção Pirelli/Masp apresenta o melhor da produção fotográfica brasileira contemporânea...............................................................52 54 Artes Alessandro Ricci Artista florentino usa smog para pintar quadros em protesto contra a poluição da sua cidade italiana 56 Design Rio de Janeiro Pela primeira vez, designers fluminenses realizam exposição durante o Salão Internacional do Móvel, em Milão COSE NOSTRE Julio Vanni FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor: Julio Cezar Vanni O Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 08/04/2009 às 17:30h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: [email protected] SUBEDItora: Sônia Apolinário [email protected] Redação: Daniele Mengacci; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Sarah Castro; Sílvia Souza; Tatiana Buff; Valquíria Rey; Janaína Cesar; Lisomar Silva REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho [email protected] Capa: Ansa Colaboradores: Luana Dangelo; Giorgio della Seta; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Janaína Cesar (Treviso); Lisomar Silva (Roma); Publicidade: Philippe Rosenthal Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181 [email protected] RepresentanteS: Brasília - Cláudia Thereza C3 Comunicação & Marketing Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346 [email protected] Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected] ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. mundo inteiro acompanha consternado o drama das vítimas do terremoto que devastou Abruzzo, região central da Itália. Comunità não poderia ficar indiferente à tragédia. A revista já estava nas máquinas quando chegaram as primeiras notícias. Mobilizamos nossa equipe e seguramos o fechamento da edição para levar aos nossos leitores o registro desse que é o pior terremoto dos últimos 30 anos em solo italiano. As imagens e os relatos editados na nossa reportagem de capa dão conta da triste missão. Um desses relatos é do presidente da Federação das Associações dos Abruzzesi no Brasil, Franco Marchetti, que estava na sua terra natal quando a terra tremeu. Primeiro, a reportagem o localizou por telefone. Depois, a repórter Silvia Souza estava on-line com Marchetti quando um segundo grande abalo interrompeu a conversa. O contato foi retomado mais tarde para checar se ele e a família estavam a salvo. Estavam. Agora a Itália e o mundo se mobilizam para prestar socorro às vítimas e reconstruir o patrimônio histórico de grande valor à humanidade. Em meio à tragédia, surgem polêmicas como a possibilidade de prever o terremoto, os gastos excessivos para a construção do hospital que ruiu, os saqueadores e aproveitadores de última hora, as declarações de Berlusconi. Nossa reportagem se ateve aos fatos e fotos que entrarão para a história como uma das maiores destruições provocadas pela força da natureza. No mais, a edição registra a movimentação vivida pelo legislativo italiano. Na Câmara dos Deputados, foi implantado um novo sistema de votação eletrônico que identifica o parlamentar pela sua impressão digital. A novidade vem para evitar uma má prática entre políticos: o voto pianista, ou o voto de um deputado se fazendo passar por outro colega. Já no Senado, a notícia é a aprovação do projeto de lei sobre testamento biológico, nosso assunto de capa da edição passada. O texto foi aprovado e, com isso, foi dado o primeiro passo para que se torne proibido, por lei, a prática da eutanásia, na Itália. A questão segue para a Câmara onde poderá (ou não) ser modificado. A revista mostra também que, apesar da crise, as rodadas de negócio entre Brasil e Itália não param. Muito pelo contrário. Pietro Petraglia Acompanhamos as várias comitivas formadas por empresários Editor e autoridades italianas que vieram ao país em busca de novas oportunidades de negócios. Em destaque, o trabalho feito por representantes das regiões da Lombardia e da Toscana, além dos empresários da Yamamai. A rede italiana de peças íntimas e biquínis retomou uma antiga parceria com o Brasil e, agora, celebra as boas vendas com uma linha de cosméticos feita a partir de produtos extraídos da selva amazônica. Um dos destaques da edição é uma matéria especial com o procurador Raffaele Cantone. Há dez anos, ele vive sob proteção policial por conta de seu trabalho contra a máfia italiana. Sua história não apenas lembra a do escritor Roberto Saviano como se cruzam. Foi Cantone quem descobriu, no ano passado, o plano da máfia de assassinar Saviano. O procurador também lançou um livro sobre o crime organizado e é o mais recente best-seller italiano. Outras duas personalidades ilustres são temas de reportagens: o ítalo-brasileiro Dom Orani João Tempesta, que este mês assume a Arquidiocese do Rio de Janeiro; e Giuseppe Vacca, um dos principais pensadores de esquerda da Itália. Na reportagem, Vacca explica porque o papa Bento 16 é o único líder, atualmente, na Europa. Com a Comunità de abril, o leitor dará um giro pela Feira de Bolonha, um dos principais eventos literários da Europa, voltado para o público infanto-juvenil. Além disso, vai conhecer uma nova técnica de se pintar quadros utilizando a poluição. Mais especificamente, a poluição de Florença. Também visitará a Coleção Pirelli/Masp de fotografia, em São Paulo, e ficará por dentro de toda a programação voltada para as comemorações dos 400 anos da invenção do telescópio pelo italiano Galileu Galilei. Boa Leitura. ISSN 1676-3220 6 ComunitàItaliana Desolação editorial Entretenimento com cultura e informação / Abril 2009 Moradia O “Plano para a Moradia”, um programa destinado a impulsionar o setor imobiliário foi assinado pelo governo italiano e autoridades regionais. O acordo firmado prevê que as famílias possam aumentar em 20% a área de suas moradias ou em 35% em caso de demolição e posterior reconstrução, desde que isso se faça com técnicas de bioconstrução. Os centros históricos e todas as áreas protegidas não serão atingidas pelo plano, em respeito aos programas de urbanização. Segundo o ministro para os Assuntos Regionais, Raffaele Fitto, as regiões terão 90 dias para se adequar ao teor do decreto com as próprias leis regionais. Reza fraca O tunisiano Chafik Gharby foi condenado a dez anos de prisão por um tribunal italiano sob a acusação de ter rezado. Gharby estava no comando de uma aeronave que caiu no mar na costa da Sicília, em agosto de 2005, matando 16 das 39 pessoas a bordo. Segundo os promotores, quando os motores do avião começaram a falhar, o piloto entrou em pânico e “começou a rezar ao invés de tomar as medidas de emergência”. Depois da reza, ele teria optado por fazer um pouso forçado no Mar Mediterrâneo ao invés de tentar alcançar o aeroporto mais próximo. O co-piloto e o presidente da companhia aérea também foram condenados. Todos poderão apelar das sentenças e permanecerão em liberdade até que o processo termine. 30% na sala Mais caro O governo da Itália quer introduzir um teto de 30% no número de alunos estrangeiros por sala de aula, na crença de que a medida ajudará as crianças imigrantes a integrar-se aos colegas italianos. Segundo a ministra da Educação, Mariastella Gelmini, as crianças imigrantes aprenderão melhor o idioma italiano ao se misturassem mais com estudantes locais do que com compatriotas. As quotas são a mais recente de uma série de iniciativas destinadas a regular a situação dos imigrantes no país. Agora, por exemplo, há uma lei que permite médicos denunciem imigrantes ilegais que procurem clínicas ou hospitais. As medidas impulsionaram a popularidade do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, mas também lhe renderam acusações de racismo. Divulgação Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) I nvenção que causou polêmica entre tradicionais pizzaiolos, as máquinas de fazer pizza já estão sendo distribuídas pela Itália. Automático, o equipamento, batizado de Let’s Pizza, usa raios infravermelho e tecnologia desenvolvida na Universidade de Bolonha para misturar farinha e água na massa, espalhar molho de tomate, escolher a cobertura e cozinhar. O alimento fica pronto em três minutos, ao custo aproximado de 20 reais. Chocolate C om o objetivo de entrar para o Guinness (livro dos recordes), o mestre chocolateiro italiano Mirco Della Vecchia fez uma escultura de chocolate de mais de 3.500 quilos. A “obra” representa os três picos de Lavaredo, símbolo de Dolomitas, na província de Belluno. Na confecção da escultura, no dia 15 de março, Mirco Della Vecchia precisou da ajuda de um caminhão betoneira. Moda O rapper italiano Gue Pequeno, do grupo Club Dogo, lançou a primeira grife dedicada ao hip hop na Itália. A Recession traz em sua primeira coleção peças que aludem à crise econômica. A marca usará a internet para comercializar quatro modelos de camiseta. Um deles levará a estampa de uma cédula de 500 euros. Dá-lhe Pequeri A pequena Pequeri, localizada na Zona da Mata mineira, é mais uma cidade que investe na italianidade para conseguir atrair turismo e investimentos para região. O projeto Pequeri, tutti buona gente! tem como objetivo valorizar a cultura, a economia e o turismo da região. Já neste ano, alunos da rede municipal de ensino estão sendo estimulados a pesquisar sobre personagens e marcos da cultura italiana na cidade. Além disso, alunos de 5º ao 9º ano têm como opção de estudo a língua italiana. Como parte do projeto, a radio comunitária destinará um horário para a programação musical e divulgação de curiosidades italianas. Pequeri abrigou cerca de 630 famílias vindas da Itália. Elas se destacaram em atividades como agricultura, construção civil, comércio e indústria. Abril 2009 V encer um grande prêmio do campeonato mais caro do mundo, a Fórmula-1, custa em média 135 milhões de euros. O número, calculado pela empresa italiana de pesquisa e consultoria StageUp, é quatro vezes maior do que o limite de orçamento, decidido pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que se tornará obrigatório a partir de 2010. Ainda segundo a análise da empresa bolonhesa, a equipe mais eficiente em termos de custos em 2008 foi a Ferrari, que gastou ‘módicos’ 41 milhões de euros por cada uma das oito vitórias obtidas. Rapidinhas ● Ítalo-brasileira, a esposa do atacante brasileiro Amauri, Cynthia Cosini Valadares, conseguiu a cidadania italiana. Quando ela receber o passaporte italiano, o jogador de futebol também poderá pedir dupla cidadania e representar a seleção da Itália. Amauri, que mora no país desde 2001, joga pelo Juventus. ● Um jantar no Mercore Hotel, em Belo Horizonte marcou a inauguração da Associação Lucchesa e Toscana no Mundo, presidida por Iara Notini. Contou com a participação do presidente internacional dos Lucchesi, Alessandro Pesi. Para contato: [email protected] ● O ator James Caviezel, que interpretou Jesus no filme A Paixão de Cristo (2004), foi o protagonista de um concerto na Basílica de Santa Maria Maior de Roma, durante a celebração da Páscoa. / ComunitàItaliana 7 opinião serviço agenda frases Ignazio La Russa, ministro della Difesa dell’Italia, sulle dichiarazioni del ministro della Justiça, Tarso Genro, riguardo il caso Battisti. 3ª Fispizza & Pasta (SP) A Feira Internacional da Indústria, Suprimentos, Tecnologias e Serviços para Pizzarias apresentará, de 4 a 7 de maio, novidades e tendências dos segmentos de pizza e pasta - tecnologia, equi- “Si tratta di una campagna molto cara, ma sempre ambiziosa, il cui obiettivo principale è riposizionare questa bellissima regione, che certamente non può più vivere di reddito”, Claudio Martini, presidente regionale della Toscana, parlando della campagna milionaria per il turismo della regione. “Sarà interessante valutare a fondo le possibilità di realizzare il GP a Roma”, Luca Cordero di Montezemolo, presidente della Ferrari, nel mezzo delle voci su una possibile realizzazione di un Grande Premio nella capitale italiana pamentos, produtos, ingredientes, entre outros. Os visitantes poderão participar de palestras e workshops, degustações, aulas e apresentações com os grandes nomes do setor de alimentos e bebidas no segmento da pizza e da pasta. Local: Palácio de Convenções do Anhembi, Avenida Olavo Fontoura, 1209. Das 13h às 21h. Mais informações: www.fispizza.com.br e fispizza@ am3feiras.com.br “Não tenho problemas em gravar cenas de sexo e também passei meses respondendo como foi o beijo com Scarlett Johansson em Vicky Cristina Barcelona. Mas por que falar só disso?”, Penélope Cruz, atriz espanhola, em entrevista à revista italiana chi, na qual afirmou querer trabalhar com os diretores italianos Sergio Castellitto e Gabriele Muccino. “Espero decisivamente a colaboração da Itália no esforço para o estreitamento das excelentes relações entre os nossos países”, enquete Para evitar desemprego, a associação italiana defende menos outlets. Você corre atrás de promoção? Itália quer limitar a 30% número de alunos imigrantes por sala de aula. Você concorda? Sim – 70% Sim – 60% Sim – 69,2% Não – 30% Não – 40% Não – 30,8% Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 17 a 20 de março. Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 20 a 24 de março. Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 27 de março. cartas “C aro editore, con il “caso Battisti”, ComunitàItaliana ha dato un esempio di come debba essere la vera informazione: una rigorosa, documentatissima ricostruzione dei fatti, dell’ambiente e dei personaggi, i punti di vista dell’Italia e del Brasile, ogni possibile dichiarazione, e – chiarissimo – il tuo editoriale, con una netta presa di posizione. Excepcionalmente este mês não publicaremos a coluna Roma 8 ComunitàItaliana / Abril 2009 po Center. Horários: 05/05 - das 14h às 22h (dia exclusivo para visitação profissional); 06/05 e 07/05 - das 14h às 19h (somente profissionais), das 19h às 22h (profissionais e consumidores). Informações: www.exponorbrasil.com.br/feiras 14º Encontro das Tradições Italianas (RS) Em sua 14ª edição, com o tema “Nosso povo, nossa riqueza”, o Entrai reunirá música, dança, gastronomia e artesanato típico italiano com a proposta de valorizar as manifestações culturais de Farroupilha. Organizado pelo Departamento de Cultura da Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Desportos, o evento ocorre de 8 a 17 de maio, no município conhecido como o berço da imigração italiana no Rio Grande do Sul. No dia 3 de maio haverá desfile temático na rua Coronel Pena de Moraes, no centro de Farroupilha, e, no dia 10 de maio, haverá desfile em Nova Milano. Local: Nova Milano – 4º distrito de Farroupilha. Informações: (54) 3261-6942 ou [email protected] XVIII Magnar di Polenta (RS) A Festa é realizada no dia 17 de maio, em Mato Perso, distrito de Flores da Cunha, município dis- na estante Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, em carta a Giorgio Napolitano. Até 200 mil italianas sofrem de distúrbio alimentar. Você conhece alguém com bulimia ou anorexia? Expovinis (SP) O Expovinis Brasil - 13º Salão Internacional do Vinho, organizado pela Exponor Brasil, consolida-se como o principal encontro do setor na América Latina. A cada edição o evento se firma como o elo entre produtores e seus canais de distribuição. Local: Transamérica Expo Center - São Paulo Transamérica Ex- Io seguo sempre con enorme interesse, in Italia e in Brasile, pur fra moltissimi impegni, la tua rivista, e questa volta mi sembra doveroso scrivere: pochissimi giornali (perfino in Italia, dove la vicenda è seguintissima) sono stati cosi precisi e scrupolosi. Per tuoi tantissimi lettori un servizio prezioso: complimenti di cuore. Un abbraccio, Ugo Guadalaxara – Bologna – Italia – via posta tante 150 km de Porto Alegre. Colonizado a partir de 1877 por imigrantes italianos vindos das regiões de Vêneto, Piemonte e Treviso, o local preserva a tradição culinária da Itália. O Magnar di Polenta é um evento gastronômico calcado nessas bases. Local: Salão da Comunidade do Distrito de Mato Perso. Informações: (54) 3026-6822 ou [email protected] click do leitor A Itália de Jamie. Apaixonado pela Itália, pela culinária, pelo prazer de comer e de cozinhar dos italianos, o pop chef inglês Jamie Oliver traz receitas que pesquisou e descobriu durante sua viagem pelas regiões do país. Também apresenta suas impressões e experiências que vivenciou enquanto preparava pratos locais e apurava o paladar nas cidades e fazendas por onde passou. Antipasti, primi, secondi e dolci (antepasto, entrada, prato principal e sobremesa): nada escapa do autor, que dedica um capítulo para cada momento da refeição, com lista de ingredientes, modo de preparo e dicas valiosas que garantem o sucesso do prato. De quebra, um pouco da história dos lugares ou de personagens relacionados às receitas. Editora Globo, 71 reais, 322 páginas. Arquivo pessoal “ Queste anticipazioni costituiscono un ennesimo tentativo di influenzare la magistratura brasiliana, verso cui abbiamo sempre nutrito rispetto”, “E Sexo & poder em Roma. Retrato vívido dos prazeres e vícios do Império Romano, o livro de Paul Veyne analisa as relações de poder e sexualidade entre os romanos. A obra traça um panorama da cidade que então dominava o mundo até o que dela sobrou. Além de abordar os deuses da época e o paganismo, o livro fala também da política e corrupção nas relações de poder, dos gladiadores e da morte como espetáculo. Com pedagogia e clareza sem iguais, o historiador nos revela as sutilezas morais, indispensável para entender as estruturas dessa República hoje. Editora Civilização Brasileira, 384 páginas, 30 reais. m dezembro e janeiro passados estive de férias em Ceretto Lomellina, em Pavia. Foi uma experiência incrível e muito emocionante. Ver a neve pela primeira vez foi surpreendente e uma emoção inexplicável. Marília Félix, RJ – por e-mail. Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected] Abril 2009 / ComunitàItaliana 9 Opinione Opinione Franco Urani Ezio Maranesi [email protected] Ipotesi sul come uscire dalla crisi Non mancano speranze e concrete possibilità N ell’articolo del dicembre scorso, auspicavo che la grave crisi economica, finanziaria e sociale che sta imperversando dal settembre scorso avrebbe potuto trovare una graduale soluzione nella coscientizzazione da parte dell’umanità degli autentici valori esistenziali, quali: importanza di preservare l´ambiente, armoniosa convivenza in giustizia sociale, limitare i consumi ed eliminare gli sprechi, aumentare le conoscenze e la qualità etica della vita. La sensazione – dopo 6 mesi di crisi – è di una sua globalità e gravità che va al di là delle previsioni e, al tempo stesso, di una generale confortante assunzione di responsabilità e di ricerca di nuove soluzioni innovatrici da parte dei vari Paesi ed in modo particolare dal nuovo governo USA di Obama. In questa sede, posso solo limitarmi ad alcune considerazioni : Non verranno più tollerati paradisi fiscali, operazioni finanziarie spregiudicate da parte delle Banche e scoperte in generale, indebitamenti con insufficienti garanzie; Gli apparati governativi dovranno essere ridimensionati e razionalizzati, per ottenere rapidità decisionale, maggiore efficienza, riduzione delle spese pubbliche di gestione; Inasprimento della lotta contro l’evasione fiscale e le attività illegali, specie droga; Riduzione delle spese militari e belliche, mediante politiche di conciliazione che tendano a svuotare i fondamentali- 10 smi religiosi e le velleità nazionalistiche; Deciso intervento degli Stati per sostenere le aziende in difficoltà, sempre che queste diano garanzie di adeguare le loro gestioni e produzioni alle nuove esigenze (e cioé banche oculate nelle loro applicazioni; industrie automobilistiche decisamente impostate verso modelli ibridi, elettrici, ad idrogeno; generazione elettrica indirizzata verso soluzioni alternative al petrolio, specie solare e nucleare, ecc.); Rapido avvio da parte degli Stati di piani ad opere di infrastruttura ed ecologiche di comprovata necessità, dato l’inevitabile aumento della disoccupazione, quali ad esempio le opere del PAC in ComunitàItaliana / Abril 2009 Brasile (ferrovie rapide e per trasporto merci, strade, idrovie, miglioramento dei porti, silos, preservazione dell’Amazonia, sistemazione delle favelas, case popolari, ecc.); Ampio ricorso degli Stati agli ammortizzatori sociali per sostenere i milioni di disoccupati e soprattutto i precari, anche al fine di evitare eccessive tensioni sociali; Aumento delle imposizioni fiscali sugli stipendi elevati e guadagni di capitale, nonché emissione di Buoni del Tesoro nella minima misura possibile per contenere l’aumento degli indebitamenti pubblici, anche considerando gli attuali tassi minimi (1% all’anno in Europa) e la grande accettazione di questi titoli per motivi di sicurezza, cercando comunque di contenere i successivi effetti inflazionari; Adozione, da parte delle aziende, di criteri di economia, razionalizzando prodotti e distribuzione. Pare probabile che, almeno inizialmente, i lavoratori dei Paesi sviluppati guadagneranno meno e che il precariato sarà sempre più diffuso, con necessità degli addetti di impegnarsi al massimo aggiornando continuamente la loro professionalità per non venire esclusi dal mercato. Fenomeni di inefficienza e di assenteismo verranno sempre meno tollerati; Contenimento delle immigrazioni incontrollate che avvengono specie in Europa e negli USA mediante efficaci programmi di pianificazione famigliare nei paesi d’origine e creando là le attività necessarie al loro sviluppo (la Cina sta agendo massicciamente in tal senso); Fermo restando il libero commercio, non dovrebbero più essere tollerate politiche commerciali falsate da cambi artificiali, da scorretezze industriali, dallo sfruttamento della mano d’opera e dal deterioramento dell’ambiente, politica questa che era stata applicata su vasta scala soprattutto dalla Cina. In conclusione, con buona volontà, molto lavoro e illuminato dirigismo politico, si può intravedere la nascita di un mondo più serio, giusto e razionale, che potrà negli anni progredire verso nuove importanti mete. ARISA, ci sei o ci fai? Sentiamo un gran bisogno di cose semplici, pulite, vere e sincere H o visto il festival di Sanremo. Non tutto: non dobbiamo prenderci troppo sul serio ma anche la futilitá ha i suoi limiti. Ero comunque davanti al televisore quando Bonolis ha annunciato, tra le nuove proposte canore, Arisa con la canzone “Sincerità”. Dalle scale Arisa ha iniziato la discesa. Giovane donna, pantaloni larghi e neri a mezzo polpaccio, calze bianche da calciatore, tunica nera informe, frangia nera che copriva tutta la fronte, occhiali a grossa montatura nera, bocca troppo rossa, naso e mento befana-style accentuati dal look del viso. Ricordava un poco Calimero, il personaggio piccolo e nero del “Carosello” degli anni ’60. Scendeva con difficoltà, quasi avesse problemi di locomozione. Mi si è stretto il cuore, e non mi è sembrato giusto che Sanremo esibisse una persona che, probabilmente, aveva dei problemi. Arisa ha cominciato a cantare: una canzoncina garbata, orecchiabile, accattivante. Mi ha ricordato le canzoni del quartetto Cetra. Rigida, Arisa non sapeva dove mettere le mani. Le ha nascoste, l’una stretta all’altra, dietro la schiena. Con grande coraggio le ha portate poi in grembo, sempre strette fra di loro. Ha cantato la sua storiella-messaggio con voce gradevole, intonata, azzardando alcuni timidi cambi di tonalità ben preparati. Ha terminato ed è fuggita; sembrava terrorizzata dalla possibilità di dover dire qualcosa. L’aria indifesa e la facile canzoncina hanno commosso e conquistato tutti. Arisa ha recitato con perizia il suo personaggio nei giorni successivi, con pochissime varianti. Ha facilmente trionfato. La vittoria le ha dato fama e visibilità, e mi sono incuriosito di sapere chi fosse, da dove venisse, che problemi avesse, come fosse arrivata a Sanremo. Ho cercato e ho letto biografia e informazioni e ne sono rimasto sorpreso. Arisa si chiama Rosalba, viene da Potenza, 26 anni, bella e sana famiglia del sud, canta da vari anni. Ha vinto una gara canora di una certa importanza, è stata selezionata con successo da SanremoLab. Una sua foto, scattata ad un concorso canoro, mostra una bella ragazza, vestita in modo forse tradizionale ma al passo coi tempi, pudicamente scollata. Una giovane donna come tante. A Festival terminato, le varie interviste e dichiarazioni ci hanno dato il quadro di una ragazza spontanea, intelligente, sensibile e legata ai valori tradizionali. Ha dichiarato che preferiva somigliare a Calimero piuttosto che a Naomi. Ad una domanda indiscreta si è tradita con un “stasera faccio finta che non lo so...”. Alla simpatica emozione suscitata dal suo bizzarro e maldestro personaggio televisivo si sovrapponeva ora il ritratto di una sana e concreta ragazza di provincia. Ma i due personaggi non combinavano, e allora ho letto che l’Arisa sanremese, abiti, capelli, occhialoni, aria goffa, insomma l’Arisa Calimero è stata creata a tavolino. Si è voluto dare vita a un personaggio di forte impatto in linea con la melodia e le parole della sua ingenua canzoncina. Sono rimasto di sasso: ma come Arisa, tu ci canti “Sincerità” e ti travesti per ingannare i giurati? Siamo in pieno dramma pirandelliano: ci sei o ci fai? Che tradotto dal vernacolo romanesco vuol dire: sei veramente quella che abbiamo visto o ci stai prendendo per il fondo schiena? Non c’è indignazione; al contrario, la storia è divertente. Sappiamo tutti perfettamente che oggi il valore della apparenza supera assai quello della sostanza. Mi congratulo, anzi, con chi ha creato il personaggio. Sicuramente ha capito che la gente ha le tasche piene dei presuntuosi messaggi di varia natura che i canzonettari ci rifilano con la loro aria drammatica e i loro gesti scontati. Non ci emoziona la storia di Luca che era gay e ora felice etero e probabilmente bisex. Né la Zanicchi che brama copulare, anche senza amore. Né le grida o i sussurri a contenuto drammatico-etico-politicoesistenziale che i nostri sgarruppati canterini ci infliggono nei tre minuti della loro esibizione. Il creatore della bizzarra Arisa ha capito che oggi la gente, cosí amara nella sua intima protesta su come va il mondo, ha bisogno di sentir parlare di sentimenti semplici, tranquilli, puliti, genuini, sinceri. Per questo ci delude sapere che la “Sincerità” di Arisa è un grande bluff. Teniamoci stretta “Acqua azzurra, acqua chiara” del Battisti anni ‘70. Non sappiamo con certezza quanto chiara e quanto azzurra fosse quell’acqua, ma nessuno per ora l’ha inquinata raccondandoci una verità nascosta. Opinione notizie Fabio Porta Leadership Rifugiato politico o assassino comune? L’Italia degli “anni di piombo” non era un paese dittatoriale; e anche oggi, ci piaccia o no, in Italia vige la democrazia. Perché allora concedere lo status di “rifugiato politico” a Cesare Battisti? L a grande ripercussione avuta dal “caso Battisti” sui mezzi di informazione italiani e brasiliani non ha contribuito a fare chiarezza sull’intera vicenda, incentivando semmai interpretazioni errate e spesso radicali (in un senso o in un altro) che hanno spostato nelle ultime settimane l’attenzione dell’opinione pubblica dall’oggetto della questione ad altri fattori. Nel corso della mia recente visita a Brasilia insieme al Vice Presidente della Camera dei Deputati italiana Maurizio Lupi, ho avuto modo di spiegare al Presidente del Congresso Michel Temer e ai colleghi deputati la posizione del Parlamento italiano, che all’unanimità lo scorso 26 febbraio ha approvato una mozione proprio su questo tema. In tutti i nostri incontri abbiamo ribadito il nostro pieno e grande rispetto per le istituzioni brasiliane, dissociandoci da quanti in Italia hanno utilizzato impropriamente e inopportunamente questa delicata vicenda per riproporre vecchi e offensivi stereotipi sul Brasile. La nostra visita è anche servita a confermare l’importanza dello storico legame tra i due Paesi, che dovrebbe semmai essere rafforzato e valorizzato a tutti i livelli. Una riprova di tutto ciò sono due importanti decisioni appena prese dal Presidente della Camera Gianfranco Fini: l’istituzione anche in questa legislatura del gruppo interparlamentare Italia-Brasile e l’invito 12 al Presidente della Camera del Brasile a partecipare al G14 dei parlamenti che si svolgerà a Roma il prossimo settembre. In questo contesto la richiesta di estradizione di Cesare Battisti, avanzata dal Governo Prodi all’indomani dell’arresto del terrorista italiano a Rio de Janeiro nel 2007, deve essere considerata per i fatti specifici ai quali si riferisce, ossia le quattro condanne all’ergastolo per le quali il terrorista è stato già condannato. Come ha recentemente detto nel corso di un’intervista a “Carta Capital” Giancarlo Caselli, uno dei più autorevoli magistrati italiani nonché indiscusso protagonista della lotta alla mafia e al terrorismo in Italia, numerose prove confermano le responsabilità personali di Battisti: testimonianze, perizie, documenti, armi e munizioni sequestrate, nonché la ricostruzione di tutta la storia del PAC (Proletari Armati per il Comunismo). Tutta la documentazione e i testi delle sentenze sono pubblici, e si trovano anche pubblicati sul sito www. vittimeterrorismo.it ; da questa lettura è facile comprendere come Battisti sia stato oggetto di un processo giusto nel pieno rispetto di tutte le regole dello Stato di diritto. Quello che forse non si trova in questa completa documentazione sono i precedenti di Battisti, già autore di diversi reati ben prima di fare parte di gruppi terroristici: abuso sessuale di incapace, rapine a mano ar- ComunitàItaliana / Abril 2009 mata, gambizzazioni. Allo stesso modo non è possibile “leggere” nelle sentenze il clima e la storia politica dell’Italia degli anni ’70; qualcuno ha anche provato a distorcere la realtà dei fatti, descrivendo il nostro come un Paese “non democratico” dominato da “leggi speciali” e in mano a poteri occulti come “Gladio” o la “Loggia P2”. Tutti fenomeni reali, ma che mai sono riusciti a compromettere la forza delle nostre istituzioni democratiche. L’Italia dei cosiddetti “anni di piombo” era invece uno Stato dove vigeva una democrazia piena e ricca, anche se in un contesto storico complesso e drammatico: era il Paese di Moro e Berlinguer e del compromesso storico, del primo Presidente della Repubblica “partigiano” e socialista Pertini, dello statuto dei lavoratori e delle principali riforme dello stato sociale volute dai partiti di centro-sinistra. A questa democrazia il terrorismo si opponeva seminando il terrore e ricorrendo a mezzi sempre più violenti; una strategia che ha allontanato definitivamente questi movimenti da una base popolare che in realtà non hanno mai avuto e che mai si è riconosciuta nei loro metodi antidemocratici e feroci. L’Italia ha saputo reagire con fermezza a questo attacco ai valori democratici, grazie all’unione di tutte le forze politiche del Paese e alla mobilitazione della società civile organizzata. Rispetto a questa lunga e difficile pagina della nostra sto- ria, dove tra le centinaia di vittime innocenti tanti sono stati i sindacalisti, giudici, giornalisti e politici (soprattutto di sinistra), il Parlamento italiano ha ribadito fermamente quello che già nelle scorse settimane il Presidente della Repubblica Giorgio Napolitano aveva chiesto in una sua lettera al Presidente Lula, ossia il rispetto per una decisione della giustizia e quindi del popolo italiano. Questa mozione è stata firmata, tra gli altri e significativamente, da tre miei colleghi di partito che voglio qui ricordare: Sabina, figlia di Guido Rossa, un operaio comunista assassinato dalle Brigate Rosse; Giovanni, anch’egli figlio di una vittima del terrorismo “di sinistra”, il Presidente dell’Azione Cattolica Vittorio Bachelet; e Olga, moglie di un consulente del sindacato italiano, l’economista Massimo D’Antona. Abbiamo chiesto al Brasile l’estradizione di Battisti ma anche alla Francia l’immediata estradizione della brigatista rossa Marina Petrella, pure lei condannata in Italia per aver commesso crimini efferati negli anni del terrorismo. Un’ultima domanda: né la Francia per Marina Petrella, né nessun’altra nazione per terroristi e latitanti italiani di destra e di sinistra ha mai concesso lo status di “rifugiato politico” a questi individui. Perché lo ha fatto il Brasile per Cesare Battisti? Al STF (Supremo Tribunal Federal), e non ai posteri, l’ardua sentenza…. R icerca realizzata il mese scorso dall’Istituto Datafolha indica che il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, è a capo nei sondaggi di voto per il 2010. Con il nome dei candidati presentati agli elettori, Cabral (PMDB) è al primo posto con il 26%; il senatore Marcelo Crivella (PRB) sarebbe al secondo posto con il 16%, accanto al deputato Fernando Gabeira (PV), con il 15%. Al quarto posto è il deputato statale Wagner Montes (PDT), con l’11%, seguito dall’ex sindaco Cesar Maia (DEM), con il 10%. Visto che il sondaggio ha un margine di errore di quattro punti percentuali in più o in meno, di fatto c’è un pareggio tecnico tra i quattro candidati per il secondo posto. Agroalimentare D ue missioni di imprenditori brasiliani del settore agroalimentare hanno visitato in marzo l’Umbria e la Calabria, in Italia. Accompagnati dall’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE), miravano ad aumentare e diversificare le esportazioni di alimenti e bevande con il Brasile. I brasiliani sono rimasti in Italia nove giorni. Secondo il direttore dell’ICE, Giovanni Sacchi, l’Italia cerca sempre più all’estero l’espansione delle sue piccole e medie imprese: — Mentre in altri paesi delle imprese investono in alta tecnologia per offrire quantità a prezzi bassi, gli italiani provano che i loro prodotti come formaggi, vini, salami, oli, prosciutti e conserve aggregano attributi della tradizione, esprimendo valori culturali specifici delle regioni di origine. Massa è propaganda I l pilota brasiliano Felipe Massa è stato confermato come testimonial della Iveco per il 2009. — Felipe Massa è giovane, competitivo, ha talento e la vittoria come meta. Queste sono qualità che lo identificano molto con la Iveco, che è la più giovane marca di camion del Brasile e cresce di più delle altre fabbriche nel mercato brasiliano — afferma Marco Mazzu, presidente della Iveco Latin America, annunciando il rinnovo del contratto iniziato nel 2008. L’anno scorso il pilota della Ferrari è stato la star di una campagna istituzionale della Iveco chiamata “Insieme nella stessa passione”, che univa le qualità del pilota ai valori della marca Iveco: performance, impegno, spirito di équipe e affidamento. È decollato D opo quasi un mese di “guerra” con il governo federale, il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, è tornato sui suoi passi sul tema dell’apertura dell’aeroporto Santos Dumont per i voli regionali. Agli inizi contrario all’apertura promossa dalla Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), il governo di Rio ci ha ripensato e ha perfino sospeso la multa di 1 milione di reais che voleva dare alla Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária, vincolata al ministério da Defesa) perché non seguiva le norme di licenziamento ambientale dell’aeroporto. Cabral avrebbe detto in confidenza a collaboratori più vicini a lui che ha scelto di permettere i nuovi voli regionali nel Santos Dumont perché il suo rifiuto a permetterli gli starebbe causando un grande logorio politico. Cabral voleva lì solo voli del ponte aereo Rio-São Paulo per valorizzare il Galeão, che sta ricevendo i preparativi per i Mondiali di Calcio del 2014. Carlos Magno [email protected] Gas N el mese scorso il presidente Luiz Inácio Lula da Silva è tornato a Rio de Janeiro. Stavolta per conoscere il terminal di rigassificazione di gas naturale liquefatto (GNL) che la Petrobras ha costruito nella Baía de Guanabara. Il governatore Sérgio Cabral e il vice governatore e segretario di Obras, Luiz Fernando Pezão, hanno accompagnato il presidente durante la visita. Lula ha detto che il terminal è “un altro passo verso l’indipendenza del paese per ciò che riguarda la Bolivia”. — Non dipenderemo dal buon umore di nessuno, ci arrangiamo — ha dichiarato Lula. Gas 1 I l terminal fa parte del Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). È il secondo terminal di rigassificazione di GNL del paese. Il primo, sempre della Petrobras, è nel Porto di Pecém, nel Ceará. I due terminal segnano l’entrata della Petrobras nel mercato internazionale di GNL, garantendo al Brasile nuove fonti di rifornimento di gas naturale e, di conseguenza, una maggiore sicurezza energetica. Iniziata nel dicembre 2007, la costruzione e l’allestimento del terminal nella Baía de Guanabara sono stati conclusi nel gennaio 2009. Ora i lavori sono in fase di preoperazione. Gli investimenti nell’opera sono stati di 819 milioni di reali, dando origine a circa 1.700 impieghi diretti. Il terminal ha la capacità di rigassificare 14 milioni di metri cubici al giorno di gas naturale, il che corrisponde a quasi il consumo medio del mercato termico in tutto il paese per il 2008 (14.489 milioni di metri cubici al giorno). Il gas rigassificato nel terminal sarà erogato, come priorità, per le centrali termoelettriche della Regione Sud-Est. Consorzio D ice il motto che “il bisogno crea le opportunità”. Con la crisi economica mondiale, amministratori di consorzi brasiliani hanno creato nuove nicchie di azione. Ora si può già entrare in un gruppo per fare chirurgie plastiche, corsi di specializzazione nella post laurea, feste di matrimonio o qualsiasi altro sogno di consumo che non costi più di 20mila reais. La Embracon è il primo amministratore a lanciare a São Paulo questo tipo di servizi. Altre due imprese già lo fanno a Minas Gerais e nel Paraná. Il programma offerto dall’impresa prevede offerte libere, sorteggi e proposte di fino al 25% del valore del credito. TIM L’ imprenditore brasiliano Nelson Tanure sarà il nuovo azionista della TIM Brasil. Tanure è proprietario dell’operatore di lunga distanza Intelig, che dovrà essere incorporata all’azienda italiana. Secondo il giornale O Globo, 40 avvocati si adoperano per realizzare l’operazione, che coinvolgerà uno scambio di azioni. Le due aziende sono in trattative da quattro mesi. Abril 2009 / ComunitàItaliana 13 economia 40º Eles são bilionários Treze brasileiros e doze italianos integram o ranking da revista norte-americana Forbes que listou os homens mais ricos do mundo C Grupo Keystone 61º Eike Batista $7,5 52 anos. Dono do Grupo EBX. No ano passado, era o terceiro mais rico do Brasil. 62º 70º 71º 92º 196º 205º 224º 224º 285º 318º 318º 450º 468º 468º Joseph Safra $7,0 70 anos. Banqueiro, controlador do Grupo Safra. Em 2007, era o brasileiro mais rico da lista da Forbes. Silvio Berlusconi e família $6,5 72 anos. Primeiro-ministro italiano, dono dos principais veículos de comunicação do país, além de bancos e do time de futebol Milan. Sônia Apolinário hocolate e mineração. Esses são os setores em que atuam o italiano e o brasileiro mais ricos do mundo, respectivamente, Michele Ferrero e Eike Batista. No mês passado, a revista norte-americana Forbes divulgou seu tradicional ranking de bilionários. Ferrero ocupa o 40º lugar na lista enquanto Batista é o 61º. No “duelo” entre italianos e brasileiros, o primeiro-ministro da Itália ocupa o 4º lugar. Antes dele, vem outro brasileiro: o banqueiro Joseph Safra, o 62º colocado na lista da Forbes. Na Itália, Ferrero assumiu o posto de homem mais rico do país no ano passado, rebaixando Berlusconi para o segundo lugar. No ranking da revista, o primeiroministro está na 70ª posição. Os três homens mais ricos do mundo são: o dono da Microsoft, Bill Gates; o investidor Warren Buffett e o empresário mexicano do Julio Bozano $1,1 73 anos. Ex-banqueiro, em 2000 vendeu o Banco Bozano Simonsen para o espanhol Banco Santander Central Hispano. Seus 11% de ações da Embraer valem 825 milhões de dólares. 647º 601º Antonio Luiz Seabra $1,2 66 anos. Vive no Reino Unido. Fundador da Natura Cosméticos. 14 Michele Ferrero e família $9,2 82 anos. Vive em Mônaco. Dono da fábrica de chocolate Ferrero. 601º Guilherme Peirao Leal $1,2 58 anos. PresidenteExecutivo e um dos fundadores da Natura Cosméticos. ComunitàItaliana / setor de telecomunicações Carlos Slim, que no Brasil controla as empresas de telefonia Embratel e Claro. Suas respectivas fortunas são de 40 bilhões de dólares, 37 bilhões de dólares e 35 bilhões de dólares. Isso porque eles perderam com a crise 18 bilhões de dólares (Gates) e 25 bilhões de dólares (Buffett e Slim) no último ano. A crise também varreu da lista 332 bilionários. Este ano, “somente” 793 pessoas foram incluídas. Francesco Gaetano Caltagirone $1,4 66 anos. Controla a holding Caltagirone que atua nos setores imobiliário e de construção, além de editoração. Ao todo, 12 italianos e 13 brasileiros fazem parte da lista da Forbes. O empresário brasileiro Antonio Ermirio de Moraes e o estilista italiano Giorgio Armani empataram na 224ª colocação. Também empataram em 468º lugar o empresário brasileiro Abílio dos Santos Diniz, membros da família italiana Benetton e o empresário italiano Mario Moretti Polegato. Veja a lista ítalo-brasileira: Com uma fortuna pessoal de $1,5 bi, quatro integrantes da família Benetton dividem a mesma posição no ranking. Luciano, de 73 anos, é ex-senador e preside ao grupo desde a sua criação. Giuliana, 71, faz parte do conselho de administração da holding do grupo. Gilberto, 67, supervisiona todos os investimentos financeiros e imobiliários do grupo. Carlo, 65, está no comando da produção e da ligação entre a sede da Benetton e suas unidades internacionais. 522º 522º 468º Leonardo Del Vecchio $6,3 73 anos. Fundador e presidente da Luxottica. Jorge Paulo Lemann $5,3 69 anos. Banqueiro que com outros exbanqueiros e também bilionários, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, dividem o controle de uma das maiores cervejarias do mundo, a InBev, formada pela união da AmBev do Brasil e da Interbrew da Belgica. O trio também controla a varejista Lojas Americanas. Dorothea Steinbruch e família $3,0 NR. Dona da maior empresa de aço do Brasil, a Companhia Siderurgica Nacional (CSN). Giorgio Armani $2,8 74 anos. Estilista. Marcel Herrmann Telles $2,4 59 anos. Um dos integrantes do trio de bilionários magnatas da cerveja. Moise Safra $2,1 74 anos. Em 2006, sua fortuna somada com a de seu irmão os levaram à primeira posição do ranking brasileiro. Vendeu para o irmão Joseph metade das ações que detinha do Grupo Safra. Carlos Alberto Sicupira $2,1 61 anos. Um dos integrantes do trio de bilionários magnatas da cerveja. Aloysio de Andrade Faria $3,1 88 anos. Banqueiro. Fundou o Banco Alfa, o 17º maior banco do Brasil. Também é dono da Agropalma, uma das maiores empresas produtoras de óleo de palma da América Latina, que está se beneficiando da crescente demanda por biodiesel. Antonio Ermirio de Moraes e família $2,8 80 anos. A família detém o Grupo Votorantim, um conglomerado que atua na indústria de metal, papel, produtos químicos e suco de laranja. No ano passado, era o brasileiro mais rico da lista da Forbes. Stefano Pessina $1,6 67 anos. Vive em Mônaco. Presidente da Alliance Boots, empresa do ramo farmacêutico que atua em toda a Europa. Ennio Doris e família $1,4 68 anos. Fundador e executivo-chefe da Mediolanum, de gestão dos fundos e companhias de seguros. Abril 2009 Mario Moretti Polegato $1,5 56 anos. Fundador da grife de calçados Geox. Abílio dos Santos Diniz $1,5 72 anos. Controla a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açucar), de alimentos. Abril 2009 / ComunitàItaliana 15 economia negócios Banco dos pobres chega à Itália País será o primeiro da Europa a receber o projeto que rendeu um prêmio Nobel da Paz ao seu criador Guilherme Aquino O Correspondente • Milão Grameen Bank, ou Banco do Vilarejo, criado pelo bengalês Muhammad Yunus, terá uma filial italiana. Foi o próprio Yunus, um economista de 68 anos, quem anunciou sua decisão de levar seu projeto para mais um membro do G8, depois dos Estados Unidos. Ele apresentou seus planos para a Itália no mês passado, em uma coletiva de imprensa realizada na Fundação Cariplo, em Milão. A instituição é um dos principais braços sociais da Igreja Católica e doou 1 milhão de euros para o fundo Tettamanzi de auxilio a famílias que perderam empregos recentemente. A filial italiana do chamado Banco dos Pobres está prevista para ser aberta na Bolonha, no segundo semestre. No seu país natal, Bangladesh, Yunus fundou o Grameen Bank em 1976. Tornou-se mundialmente conhecido por levar oportunidades sociais e econômicas para os cidadãos de baixa renda através de pequenos empréstimos, o que ajudou a tirar milhões da pobreza extrema. O “pioneiro do microcrédito” escolheu a Itália para instalar seu primeiro projeto na Europa por ser um país com um tecido econômico apoiado na pequena e média empresa. Porém, não só por isso. É um sinal da crise que está empobrecendo as nações mais ricas. O Produto Interno Bruto da Itália, em 2008, foi de -1,0%, o pior desde 1975. Para Yunus, o uso de dinheiro público para sanar a crise não é a solução. — Isso é a manutenção de um motor que não funciona mais. Este sistema faliu. Temos que reconstruir tijolo por tijolo, uma finança fundada em princípios que inclua a todos e que se ocupe dos proble- 16 Sede do Grameen Bank mas não apenas quando eles chovem nas costas dos ricos — diz. Na opinião de Yunus, a crise serviu para mostrar que os ricos, para um banco, “são menos confiáveis do que os pobres”. Ele prega o “business social” como um instrumento para domesticar o capitalismo selvagem. ComunitàItaliana Muhammad Yunus / Abril 2009 A idéia passa pela criação de um modelo empresarial sem a distribuição de dividendos e sem perdas no negócio. Ele explica que os “investidores sociais” irão recuperar apenas o dinheiro que colocaram no projeto. O lucro será reinvestido na empresa. Já existem no mercado empresas com perfil não lucrativo. Entretanto, a diferença é que estas, em sua grande maioria, vivem de doações para manter as atividades. No caso do “business social”, a empresa é auto-sustentável: — A empresa social vai entrar em um novo tipo e dedicado mercado de capitais, para recolher recursos. Depois, deve ser capaz de caminhar com as próprias pernas e de se expandir — afirma Yunus. Ele acha que os países do terceiro mundo são um terreno fértil para plantar esta nova iniciativa. Isso porque são países cujos governos não têm capacidade de administrar de forma eficiente setores como saúde e educação. Como consequência, entregam estes serviços básicos para as empresas privadas. — Esse setor privado visa apenas o lucro e exclui os programas a favor dos pobres, das mulheres e do ambiente. Eu defendo um setor privado que se nutre da energia da consciência social a partir de um empresariado social — explica Yunus. O banqueiro de Bangladesh diz que a crise não ameaça o seu Grameen Bank. Desde a sua fundação, a instituição empresta, sem pedir garantias, dinheiro para a construção da casa própria, estudos e criação de micro-empresas de famílias pobres. Além disso, oferece produtos como poupança, seguros e fundos de pensão. Os clientes já somam 7,6 milhões de pessoas, sendo que 97% deste total são mulheres. — Descobrimos que dar um empréstimo a uma mulher significava levar maiores benefícios para uma família — conta ele. Exemplo italiano Na Itália, existem duas iniciativas próximas ao que Yunus prega, ambas criadas no ano passado. A primeira a surgir foi o Housing Social, da fundação Cariplo. No projeto, empreiteiros sociais levantam casas para famílias sem-teto sem buscar os lucros do mercado imobiliário. A fórmula inclui a participação do poder público para viabilizar o projeto. Por exemplo, a cessão de terrenos da prefeitura para a construção dos imóveis. No sul do país, a vinicultura Donnafugata e seus parceiros criaram um projeto de microcrédito. São empréstimos limitados entre 10 e 15 mil euros, com baixas taxas de juros e concedidos a pessoas que não conseguiriam manter aberta uma linha de financiamento num banco privado convencional. A empresa siciliana se apóia no voluntariado e em Organizações Não Governamentais para atuar. Cheiros da Amazônia esteve em São Paulo, onde é produzida a linha de cosméticos. — Essa linha de beleza aconteceu de uma parceria boa com o governo do Amazonas feita no ano passado. Naqueles dias em Manaus nasceu a Fundação Amazonas Sustentável que, como o nome diz, protege e incentiva a preservação da biodiversidade local e, fora do contexto político, também promove a economia sustentável. Fomos os primeiros a contribuir, com um depósito de 50 mil euros. Depois, compramos 200 mil bolsas produzidas na região que distribuímos promocionalmente com nossos produtos — recorda Cimmino. Segundo o empresário, a aproximação entre Brasil e Itália no setor têxtil poderia ser maior caso o país não estivesse fechado às importações. Ele diz que tem oferta de “produtos interessantes” ao mercado brasileiro. Ele observa, porém, que como “grande potência econômica”, o Brasil “não pode pensar apenas em continuar exportando”. Para Empresa italiana de peças íntimas e biquínis aposta em linha de cosméticos inspirada no Brasil D epois de investir na relação com o Brasil para o desenvolvimento de sua marca de biquínis e peças íntimas, a rede italiana Yamamay, com sede em Verese (Lombardia), celebra as boas vendas com uma linha de cosméticos feita a partir de produtos extraídos da selva amazônica. Além disso, tentam resgatar uma parceria iniciada em 1983 e, quem sabe, ter pontos de venda aqui. — Conheço o estado de Santa Catarina, em especial a cidade de Blumenau. Em junho de 1983, fiz meu primeiro negócio com o Brasil. Na época, comprei 500 mil camisetas da Hering e 200 mil toalhas de mão da Karsten. Depois expandimos pedidos para Teka, Sulfabril e Marisol. Eu trabalhava com uma outra marca, que vendi há sete anos. E então começamos a história da Carpisa, de bolsas e acessórios, e da Yamamay, com suas lingeries e biquínis — explica o presidente das empresas Luciano Cimmino, que acompanhou 16 representantes das suas marcas ao Brasil e concedeu entrevista exclusiva à Comunità, no Rio de Janeiro. Da redação Por conta do trabalho que desenvolveu entre Itália e Brasil, Cimmino recebeu do então presidente José Sarney a comanda da Ordem Rio Branco. Agora, o regresso teve como meta a realização de um catálogo de bolsas e valises inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer em Brasília. Para tanto, a equipe passou pela capital brasileira com o fotógrafo Ruy Teixeira. O grupo também No alto, sede da Yamamay cujo presidente, Luciano Cimmino, mostra carinho pelo Brasil Abril 2009 / Cimmino, a crise não afetou os negócios da Yamamay, muito pelo contrário: — Como a classe média estava tendo acesso a artigos considerados de luxo e nossos produtos são para a classe média, recuperamos nosso público. Trabalhamos a relação preço-qualidade — enfatiza, apontando a Grécia e a China como mercados importantes para a marca no exterior. A Yamamay soma uma rede com números expressivos: entre lojas e pontos de venda somente na Europa e na Itália são cerca de 530. A parceria com o Brasil resulta, segundo Cimmino, por índices como a venda de 300 mil biquínis por ano e uma produção que representa 15% do total de produtos comercializados pela empresa. — Os preços brasileiros não são tão baixos e a falta de uma entidade que regule a pequena produção às vezes atrapalha o comércio. No Sul, as coisas são mais profissionais, mas também compro de Fortaleza e Salvador, onde não existe quem intermedie a exportação. Freqüentador do São Paulo Fashion Week, uma das semanas de moda mais influente do país, Cimmino confessa gostar do trabalho do estilista Alexandre Herchcovitch. Para ele, o potencial a ser explorado aqui é a produção para o verão, “sempre criativa e colorida” porque os brasileiros “têm feeling para tudo que é ligado à praia”. Entre as nossas modelos, a que considera de beleza e profissionalismo “admiráveis”, com quem trabalhou, é Ana Beatriz Barros. Interessado no desenvolvimento brasileiro desde suas primeiras vindas ao país, ele assinala que nos idos dos anos 1980, quando a Itália já tinha desenvolvido sua indústria têxtil, via para sua nação o crescimento dos setores aeronáutico, químico e de informática, nos quais hoje o Brasil é quem tem destaque: — Vejo com admiração os aviões brasileiros da Embraer, a quarta maior empresa do setor que já forneceu aeronaves para a Alitalia. E também a indústria automotiva, com carros melhores que os europeus. Somente a China conseguiu se desenvolver mais durante o mesmo período. É por isso, que continuo a apostar no Brasil. ComunitàItaliana 17 Invasione all’italiana Autorità e imprenditori italiani si giovano delle fiere realizzate in Brasile per esporre prodotti e concludere affari. In aprile un evento rivolto al settore della Difesa porta a Rio il sottosegretario Guido Crosetto I Sílvia Souza l Brasile, così come l’Italia, investe sempre di più nella realizzazione di fiere. E gli imprenditori italiani conoscono molto bene l’importanza di farsi presenti in questi eventi. In marzo rappresentanti dei settori di ceramica e calzature sono venuti in Brasile. Invece quelli che si occupano dell’area della difesa verranno qui questo mese per partecipare, dal 14 al 19 aprile, alla Feira Latino-Americana Aeroespacial e de Defesa (LAAD), a Rio de Janeiro. Per questo evento è attesa la presenza del sottosegretario alla Difesa italiano, Guido Crosetto. 18 Dodici imprese italiane partecipano alla LAAD grazie ad un’azione congiunta dell’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE), della Federazione Aziende Italiane per l’Aerospazio, la Difesa e la Sicurezza e della Direzione Nazionale degli Armamenti (DNA) del Ministero della Difesa. Durante la LAAD, che ha luogo ogni due anni, saranno presentati 18 prototipi di un veicolo blindato per il trasporto di truppe. Si tratta dell’Urutu 3, derivato dal Centauro. Ordinati dal Ministério da Defesa brasiliano, sono creazioni della Iveco, che appartiene al Gruppo Fiat. La Iveco ComunitàItaliana / Abril 2009 in Italia presenta una divisione di veicoli propri per la difesa. Il Centauro è già stato testato, nel 2001, dal Centro de Avaliações do Exército Brasileiro (CAEx), a Rio de Janeiro. Ci si aspetta che con i prototipi si dia inizio ad un ordinazione in serie. Ricercatore dell’area militare da più di 30 anni, il professor Expedito Carlos Stephani Bastos, della Universidade Federal di Juiz de Fora, informa che il Brasile avrebbe bisogno di un’armata di più di mille veicoli per rinnovarsi. Ma si specula che la partnership con la Iveco dovrà dare origine ad un acquisto di 200 mez- zi. Nel mercato internazionale un blindato come quello voluto dal Brasile non costa meno di due milioni di dollari. Invece la Selex Communications, società del gruppo Finmeccanica, torna in Brasile un mese dopo aver realizzato un incontro di affari legato ad una gara che la Polícia Militar dello Stato di Minas Gerais sta preparando. La richiesta si riferisce al rifornimento di un sistema di telecomunicazioni del costo di 80 milioni di dollari. A sua volta la Finmeccanica, in collaborazione con la Fincantieri, si interessa soprattutto al settore navale. Ci sono opportunità di affari con la Marinha Brasileira per la costruzione di fregate e navi pattuglia. Inoltre ci sono possibilità di partecipare ai programmi di produzione di nuove navi cisterna messo in pratica dalla Petrobras. Secondo l’ICE, per corrispondere alla domanda del mercato internazionale l’industria italiana ha concentrato le sue attività in aree tecnologiche specifiche, dando opportunità alle piccole, medie e grandi imprese per migliorare le loro competenze, specialmente nei settori di sottosistemi e macchinari. In questo caso sono da mettere in risalto le aree legate agli elicotteri e alla produzione di sistemi elettronici di difesa e sicurezza (sistemi radar, controllo dello spazio aereo e comunicazioni). Questo settore industriale italiano nel 2008 ha raggiunto un fatturato di 12 miliardi di euro e ha dato impiego a 64mila persone. — Le aziende italiane vogliono trasformare il paese in una base di esportazione verso l’America Latina, e il Brasile è un partner importante nell’area della cooperazione tecnica e scientifica — afferma il direttore dell’ICE, Giovanni Sacchi. Ceramica Tenendo d’occhio le migliori opportunità di rivestimenti di ambienti, dieci tra le più rappresentative imprese italiane nel settore hanno occupato un padiglione alla Feira Internacional de Revestimentos (Revestir 2009), che ha avuto luogo a São Paulo dal 24 al 27 marzo. Hanno presentato le loro novità in un’area di 395m², la più grande destinata ad un padiglione straniero, vincolati all’Associazione Costruttori italiani Macchine e Attrezzature per Ceramica (Acimac). E hanno anche potuto divulgare la loro ottima posizione nel mercato presentando il Fórum Internacional Tecnológico Tecnargilla Brasil, che ha questo nome in riferimento alla biennale di Rimini. Calzature e Cuoio Anche l’Associazione nazionale costruttori macchine ed accessori per calzature, pelletteria e conceria (Assomac) ha inviato, in marzo, una gruppo rappresentativo interessata ad espandersi in Brasile. Sette fabbricanti italiani (Nexus, S.C Meccaniche, Construzioni Meccaniche Persico, Equitan, Geokem, Sta/Poletto e Vallero) hanno partecipato alla Feira Internacional de Couros, Químicos, Componentes e Acessórios, Equipamentos e Máquinas para Calçados e Curtumes, a Novo Hamburgo, nel Rio Grande do Sul. Divulgação FAB — La partecipazione della Acimac nella Revestir 2009 vuole mostrare l’eccellenza italiana in macchine e attrezzature per l’industria ceramica e rafforzare i legami storici e di partnership tra i rifornitori italiani e gli imprenditori brasiliani — dichiara il presidente dell’Associazione, Pietro Cassani — Siamo i primi rifornitori del Brasile nel settore di macchinari per la fabbricazione di prodotti in ceramica, con circa il 24% delle importazioni che, nel 2008, hanno superato la cifra di 156 milioni di euro. L’Italia è orgogliosa di essere il maggior paese fabbricante di ceramiche nel mondo e il primo maggior produttore e esportatore di attrezzature per il segmento. Questa industria ha avuto un fatturato, nel 2008, di 2 miliardi di euro, di cui il 71,5% in affari conclusi all’estero. L’Europa ne è il principale mercato acquirente con il 40%, seguita dall’Asia (31,8%) e dalle Americhe (17,2%). Il Fórum Tecnargilla ha dato agli italiani l’opportunità di presentare i quattro segmenti che hanno avuto più enfasi nell’ultima edizione del Tecnargilla di Rimini. Sono stati affrontati temi come quello dell’arredamento, della sostenibilità e del futuro dell’industria ceramica, oltre a lavori digitali e all’uso del porcellanato. — Vogliamo rafforzare la presenza delle imprese italiane nel mercato brasiliano con la meta di consolidare futuri accordi commerciali e joint-ventures — spiega Sacchi. Imprese italiane concludono affari con la Força Aérea Brasileira. La Avio Propulsione ha firmato un contratto per la manutenzione di motori di aerei modello AMX Leader mondiale nel settore di macchinari per calzature, prodotti in cuoio e accessori, l’Italia fabbrica più del 50% del totale di macchinari del mondo e presenta circa 370 piccole e medie imprese. Principale rifornitore del Brasile, l’Italia ha esportato nel nostro territorio l’equivalente a 19,8 milioni di dollari nel 2008. Ma i mercati principali per questa produzione includono anche Cina, Turchia, India, Romania, Spagna e Tunisia. La maggior parte delle aziende produttrici di macchinari per calzature e prodotti in cuoio si trova in Lombardia, specialmente a Vigevano, ma ci sono altri poli produttori in Toscana. Le Divulgação ICE Divulgação FAB affari Macchinari italiani per rivestimento: industria ha messo in movimento 2 miliardi di euro nel 2008 Abril 2009 / aziende produttrici di macchinari e attrezzature per calzature sportive si trovano nel Veneto, nella provincia di Padova, e a Varese, in Lombardia. L’Italia è leader anche nel settore di macchinari per conceria, con più di due terzi della produzione mondiale Made in Italy. Sono circa 80 aziende situate specialmente in Toscana, Veneto, Lombardia, Piemonte e Campania. Questo settore esporta la maggior parte della sua produzione verso questi paesi: Cina, Brasile, India, Turchia e Argentina. Sicura del fatto che questo potenziale non può essere sprecato, la Assomac già promuove in Brasile workshop, conferenze tecniche e training, offrendo supporto e collaborando allo sviluppo del settore nel paese. Inoltre organizza in Italia vari eventi per ricevere i partner da tutto il mondo. I prossimi sono già organizzati: saranno la Simac e la Tanning Tech, due fiere che hanno luogo in ottobre in simultanea con l’edizione autunnale della Lineapelle – mostra internazionale per produttori di pelle, accessori e componenti, materiali sintetici, tessuti industriali e modelli di calzature – che avrà luogo nel Bologna Fair-Ground. ComunitàItaliana 19 negócios affari Oportunidades em exposição Comitiva lombarda do setor de feiras visita o Brasil F Heda Wenzel da missão é incentivar contatos entre profissionais de eventos e representantes institucionais lombardos, com brasileiros. Durante o encontro, o diretor geral do Conselho Regional para Comércio, Feiras e Mercados, Ferdinando Castaldo, explicou que a Lombardia possui um sistema vanguardista. Nele, o governo sustenta as feiras como forma de promover a competitividade e a inovação e de melhorar os serviços. — Nosso governo é consciente de que o sistema feirístico é a vitrine da produção. Os empresários sabem disso e dedicam em média 30% do orçamento para feiras. Eles as consideram tão fundamentais que nem a crise mundial diminuiu esse percentual – afirma Cataldo. À frente do grupo italiano, o secretário de Comércio, Feiras e Mercados da Região da Lombardia, Franco Finato, destacou que a visita traz grandes possibilidades para a realização de negócios para a EXPO Mundial de 2015. O evento acontecerá em Milão, cidade que possui um dos maiores e mais modernos centros de exposições, com uma área total de 500 mil metros quadrados, e estará na agenda de empresários interessados nas atividades mais importantes para a economia, o desenvolvimento e o futuro do planeta. Mas o estreitamento entre as relações do Estado do Rio e a Lombardia não começou agora. Teve início em 2007, durante uma visita do governador Sérgio Cabral a Roma, Milão e cidades lombardas. De acordo com o diretor superintendente do Sebrae/RJ, Sergio Malta, a viagem criou uma via de mão dupla entre ambos e abriu o mercado de importação e exportação de forma cooperada. Para a subsecretária de Comércio e Serviços do Rio, Dulce Ângela Procópio de Carvalho, a visita da comitiva italiana é a consolidação de uma relação iniciada pelo governador. — Ele nos deu instruções para reforçar parcerias com a Promos, pela grande experiência deles com pequenas e médias empresas, o que tem sido feito com bons resultados — anima-se Ângela. Ela destaca a parceria entre o Rio e a Lombardia na participação, de forma concomitante, do Salão Internazionale del Móbile, Toscana manda in Brasile missione imprenditoriale interessata alle opportunità di affari con Rio de Janeiro L a Toscana e lo stato di Rio de Janeiro sono diventati praticamente amici d’infanzia. Dalla visita di una delegazione di quella regione italiana alla Città Meravigliosa potrebbe venire fuori perfino un gemellaggio. Al centro di questo futuro trattato di fratellanza ci sono il porto toscano di Livorno e i porti di Rio localizzati ad Açu e Sepetiba. Tutto questo grazie a ortaggi e verdure prodotti nello stato fluminense, che sono importanti prodotti importati dalla Toscana. Secondo il vice presidente della Câmara Ítalo-Brasileira do Rio, Tarcisio Neviani, il gemellaggio sarebbe “un importante legame per la distribuzione di frutta e verdura, oltre ai minerali e all’acciaio fluminensi”. La missione toscana è arrivata a Rio basandosi sui numeri. L’Italia è passata dal 10º (posizione nel 2007) al 9° posto nella lista di quelli che esportano a Rio, dove sono stati venduti più di 331,7 milioni di dollari di merci. I dati sono dell’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE), che ha organizzato la venuta di cinque aziende e rappresentanti del governo toscano per la missione di tre giorni nello stato di Rio. Gli incontri affaristici hanno anche contato sull’appoggio della Federação das Indústrias do Sílvia Souza Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e della segreteria di stato di Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços. — I campi di cooperazione tra Toscana e Rio sono molteplici: turismo, sistemi di gestione, agriturismi e manifatture. L’economia toscana è di trasformazione, ha bisogno di materia prima e Rio potrebbe essere un buon rifornitore. Abbiamo anche una forte tradizione di sistemi meccanici, di moda e accessori. Così questa collaborazione può includere altri settori e, da un altro punto di vista, la trasmissione di saperi nell’industria del marmo, nelle attività di estrazione. E poi vengono frutta e verdura, altrettanto importanti perché ne siamo grandi importatori, che arrivano al porto di Livorno — dice Ambrogio Brenna, assessore della presidenza della Regione Toscana. La sicurezza di far investire a Rio gli imprenditori italiani si è basata su statistiche commerciali, come la crescita annuale del 5% del PIL brasiliano dal 2004 al 2008 e la creazione di 15 milioni di posti di lavoro. Secondo il vice direttore dell’ICE, Gianni Loretti, il fatto che il Brasile sia passato da debitore a creditore gli attribuisce caratteristiche che attraggono gli sguardi internazionali: Ambrogio Brenna — Malgrado l’annuncio della crisi il governo federale ha aumentato il PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), investendo nei denominati ceti bassi, che con il maggiore potere d’acquisto costituiscono nuovi mercati. Senza parlare del fatto che dobbiamo guardare al futuro e i Mondiali del 2014, che saranno realizzati qui, sicuramente daranno impulso ad un nuovo sviluppo. Le imprese toscane venute a Rio rappresentano l’area dei cantieri navali sportivi; dell’industria di confezioni infantili femminili; di ingegneria e costruzione mirate a complessi ospedalieri e strumenti medici; dell’attività portuale e di floricultura. Quest’ultima, secondo il sottosegretario di Desenvolvimento do Estado, Dulce Ângela de Carvalho, è un ramo in costante espansione. — Abbiamo preso i primi contatti con la Toscana durante la missione governativa del settembre 2007 e dopo siamo già stati a Roma per presentare le nostre pietre ornamentali. Spero molto che da questo incontro qui a Rio nasca un accordo con i produttori di fiori e siamo sulla strada giusta, che è quella di riunire e scommettere sui piccoli e medi imprenditori. Credo che da questo gruppo nascerà una risposta alla crisi, visto che per loro importa di più lo sviluppo umano che il capitale finanziario — commenta il sottosegretario. Secondo Dulce Ângela de Carvalho altri prodotti che farebbero parte del pacchetto di intenzioni per accordi sono la rete ferroviaria, lo studio e l’applicazione di tecniche di sostenibilità e il turismo. Anche se non c’è una scadenza stipulata per la messa in pratica o la durata degli affari, la Toscana manderà a Rio, entro la fine dell’anno, piccoli e medi imprenditori per parlare con i colleghi dello stato brasiliano: — È risaputo che nei grandi centri questo tema è già stato risolto, ma quando parliamo dell’interno notiamo che sia noi che la regione italiana abbiamo le stesse difficoltà. Vogliamo fare un interscambio di esperienze e il Sebrae farà questo ponte. Fotos: João Carnavos Fotos: João Carnavos eiras de exposições proporcionam a grandes, pequenas e médias empresas um contato direto com seu público alvo e a consolidação de vantajosos negócios. Neste segmento, a Itália é uma referência mundial. E, a região da Lombardia, localizada ao norte do país, é o berço desta atividade. Isso se deve, entre outros fatores, por ela ser a mais industrializada, dinâmica e competitiva. Já no Brasil, a realização de feiras quadruplicou nos últimos 16 anos. Este cenário incentivou o Governo da Regione Lombardia, através de parceria com a Promos Milão, a visitar importantes centros e colaboradores em potencial para promover o projeto Showcasing Lombardia. A comitiva chegou à cidade do Rio de Janeiro no último dia 23, onde se reuniu com empresários e visitou, entre outros locais, a Federação das Indústrias do Estado e a Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio. À noite, eles se reuniram no hotel Copacabana Palace para divulgar a capacidade econômica da Lombardia, a partir da realização de feiras em diversos setores. O foco Chi semina raccoglie que será realizado entre os dias 22 e 27/04 em Milão, e da Rio + Design, liderada também pela Promos Milão e pelo Sebrae/RJ. O secretário Franco Finato anunciou que durante a visita à capital carioca foram firmados alguns contratos e acredita que isso vai ocorrer em maior escala. — Rio e Lombardia são regiões complementares. Possuímos tradição na realização de feiras, estamos bem localizados geograficamente, somos famosos pelo design, pela produção de móveis, mármore e granito e considerados o coração da moda. Podemos ser a melhor opção para entrar no mercado europeu. Já no Rio, os empresários são jovens, dinâmicos e criativos e a relação da cidade com a moda nos aproxima muito — afirma Finato. Em relação à crise, Finato diz que ela surpreendeu pela importância que adquiriu, mas também demonstrou o perigo de construir uma economia com base nas finanças. Ele reforçou os aspectos positivos do momento vivido que quase nunca são explorados. — A crise nos obriga a colocar os pés no chão e a pensar no essencial. Também nos mostra que o mercado não é a solução de todo o problema e que precisa ser controlado. Ela nos incentiva a amar o próprio trabalho. Um trabalho que produz, traz resultados e não só financeiro. De um lado existe o medo e do outro, oportunidades de crescimento. Devemos agir. Acho que o Brasil e a Lombardia têm uma grande força para sair logo e melhor do que antes dessa crise — analisa antes de partir para São Paulo. 20 ComunitàItaliana / Abril 2009 Abril 2009 / ComunitàItaliana 21 política política O mês de março acabou e o “caso” Cesare Battisti ainda não chegou ao fim, ainda à espera de uma decisão do Supremo Tribunal Federal. A novidade, agora, é que outro italiano preso no Brasil e que a Itália também quer que seja extraditado, pode vir a receber o mesmo benefício que Battisti. Quem antecipou essa possível “sentença” foi outra vez o ministro da Justiça, Tarso Genro, que concedeu refúgio político a Battisti e abriu uma crise diplomática entre Brasil e Itália, no início do ano. — Se o caso de Pierluigi Bragaglia chegar ao ministério da Justiça e as condições forem semelhantes ao de Battisti, concederei o refúgio. É uma postura de Estado — afirmou Genro no início de março, durante uma audiência pública no Senado, sobre o caso Battisti. Assim, o ministro “jogou aos leões” o romano Bragaglia, de 49 anos, condenado a 12 anos de prisão na Itália por subversão, assalto, roubo a bancos e associação ao grupo fascista Núcleos Armados Revolucionários (NAR). Ele foi preso pela Polícia Federal em julho do ano passado em Ilhabela (SP). Graças a uma identidade falsa, Bragaglia vivia tranquilamente no país, além de ser proprietário de uma pousada e uma distribuidora de bebidas na ilha onde morava. Preso em uma cela na sede da Polícia Federal de São Paulo, Bragaglia, agora, teme que o caso Battisti influencie o seu processo. Imediatamente após a declaração do ministro, ele tratou de informar, por intermédio de seus advogados, que não pretende pedir asilo ao Brasil. Isso porque sua estratégia de defesa é alegar que seus crimes já prescreveram. O governo italiano solicitou a extradição de Bragaglia com base nos mesmos argumentos usados para pedir a de Battisti: que se trata de um criminoso político, julgado e condenado em seu 22 Mais um Além de Battisti, Itália quer a extradição de outro italiano preso no Brasil Nayra Garofle país, que deve voltar para pagar sua pena. O NAR ao qual Bragaglia integrou é o mais radical grupo da extrema direita que atuou na Itália entre 1977 e 1981, tendo como inspiração o criador do fascismo, Benito Mussolini. — Do ponto de vista técnico, o refúgio não interessa. Se eu pedir o refúgio, abro uma grande batalha com a opinião pública sobre o caso. Quero apenas que o caso seja tratado tecnicamente pelo STF — explica o advogado do italiano, Antônio Roberto Barbosa. Coincidentemente, a defesa de Battisti passou a defender também a tese da prescrição dos seus crimes. Como no Brasil o prazo máximo para a prescrição de um crime é de 20 anos, Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos advogados de Battisti, argumentou junto ao STF que os crimes de Battisti prescreveram em 13 de dezembro de 2008, 20 anos após a primeira decisão judicial que condenou o italiano à prisão perpétua. Porém, o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza e o advogado que defende o governo italiano, Nabor Bulhões, rebateram essa tese. Para ambos, o prazo começa a contar a partir da data em que os processos foram julgados em última instância ou seja, 8 de abril de 1991 e 10 de abril de 1993. Battisti continua preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, a espera do julgamento do STF. Para a agência italiana Ansa, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que o STF tomará sua decisão “antes do fim de abril”. Pierluigi Bragaglia O italiano de Roma nasceu rico. Muito jovem, abraçou a militância política. Em seu interrogatório, o ex-militante neofascista confirmou a participação nos assaltos ao Banco di Roma e à Embaixada da Arábia Saudita. Entretanto, negou que estivesse presente à ação que matou dois carabinieri em Roma, em 1981, conforme acusação da Interpol. Em 1982, fugiu para a Venezuela depois que o governo de seu país começou a ‘caçar’ terroristas. Ao descobrir que estava sendo monitorado pelo serviço secreto italiano, fugiu para o Brasil. Desembarcou em São Paulo sob a identidade de Paolo Luigi Rossini Lugo, um venezuelano. Por conta disso, o italiano responde a processo no Brasil por falsidade ideológica e pode ser deportado. Porém, segundo o ministério da Justiça a deportação não é automática. Em fevereiro passado, o ministro do STF, Antonio Cezar Peluso, que também decidirá sobre o caso Battisti, pediu mais informações sobre Bragaglia ao governo da Itália. ComunitàItaliana / Abril 2009 Pianista, não Câmara italiana inaugura novo sistema de votação para evitar fraudes entre deputados E m época de crise econômica o governo italiano investiu 500 mil euros para tentar acabar com uma má prática entre parlamentares. Há tempos, políticos são flagrados votando no lugar de algum colega, o que gerou a expressão “voto pianista”. O atual presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, prometeu que acabaria com essa situação. Assim, no mês passado, entrou em funcionamento na Câmara um novo sistema de votação que, seria à prova de falsificações. Isso porque, para funcionar, exige a identificação do parlamentar pela sua impressão digital. Essas características pessoais e intransferíveis são inseridas no chip do cartão de identificação do parlamentar. Para votar, cada deputado deverá introduzir o cartão e fazer o reconhecimento da impressão digital. A inauguração do novo sistema aconteceu dia 18, quando os deputados apreciaram uma moção de Matteo Mecacci (Pd) a respeito dos direitos humanos no Tibete. Fini, quando apresentou o novo método de voto, disse que “seria melhor se não existisse”, mas que para conter “o mau costume de um comportamento que chegou ao extremo e gerou tanta polêmica”, era “justo” encontrar uma solução. Logo no primeiro momento, a maioria dos parlamentares tirou Janaína Cesar Correspondente • Treviso a impressão digital, em clara demonstração de adesão à novidade. Para Marco Milanese (Pdl), o novo sistema é uma oportunidade para os parlamentares “trabalharem melhor”. Seu colega Massimo Pompili (Pd) concorda. Segundo ele, “o voto pianista sempre foi um problema”: — O deputado deve ser o primeiro a dar o exemplo. Acho que esse é um sistema válido. Espero que seja adotado também pelo Senado. Para os que reclamam dos gastos com a implantação do novo método de voto, o deputado Roberto Rosso (Pdl) é econômico. Diz que esse tipo de crítica é uma “estupi- dez” porque, com o passar do tempo, o montante investido é “amortizado” e se torna um ganho. — Pense na velocidade de votação, no tempo que ganharemos e em quanto ganhará a sociedade — afirma Rosso. Há, porém, um grupo de 19 deputados ainda contrários ao novo sistema como, por exemplo, Matteo Brigandi e Matteo Salvini, ambos da Lega Nord; o secretário Francesco Nucara, do Partido Republicano Italiano e Elio Belcastro, do Movimento pela Autonomia, para citar parlamentares que fizeram questão de deixar essa opinião bem clara. Eles poderão votar utilizando o velho sistema, Flagrantes de “pianistas” em ação Abril 2009 / mas terão seus nomes publicados nas atas. Michele Pisacane (Udc) até já tirou sua impressão digital para registrar no cartão, mas se posicionou contra o novo sistema de votação: — Para mim é uma humilhação ter que tirar impressão digital para votar. Quem tira impressão é porque vai preso. É uma vergonha nos obrigar a fazer o mesmo — protesta. O antigo sistema de voto eletrônico entrou em vigor em 1988. Foi a partir de 1990 que a mídia começou a publicar notícias e a transmitir imagens de deputados que votavam no lugar de outros. Há “pianistas” de todas as colorações políticas. Paolo Corsini (Dc) e Dino Sospiri (An) foram expulsos de uma sessão quando o presidente da câmera era Luciano Violante. Pier Ferdinando Casini, em seu turno na presidência, expulsou Denis Verdini, hoje coordenador de Força Itália. Na atual legislatura, antes da implementação do novo sistema, foram pegas em flagrante “tocando piano” as deputadas Carolina Lussana (Lega), Alessandra Mussolini (An) e Livia Turco (Pd). Já no terceiro dia de votação com o novo sistema, os deputados Guido Dussin (Lega) e Carmelo Lomonte (Mpa) foram descobertos votando no lugar de seus respectivos colegas de grupo, Matteo Salvini e Elio Belcastro. Para eles, Fini mandou o seguinte recado, via TV, ao participar de um dos programas líderes de audiência do país, o Porta a Porta: — Existem regras. Para os que se acham espertos, também existem punições. ComunitàItaliana 23 política politica L’ABC dell’immigrazione Parlamento italiano dibatte disegno di legge per rendere obbligatorio l’insegnamento che riguarda la presenza italiana nel mondo S Primeiro round Senado aprova projeto de lei que proíbe eutanásia na Itália O Janaína Cesar Correspondente • Treviso Senado italiano aprovou, mês passado, o projeto de lei do senador Raffaele Calabrò (Pdl) que define regras sobre o testamento biológico. Foram 150 votos a favor, 123 contra e 3 abstenções. Agora, o texto segue para discussão na Câmara dos Deputados. O projeto aprovado pelo Senado proíbe “qualquer forma de eutanásia, de assistência e ajuda ao suicídio”. Além disso, define a alimentação artificial como “forma de sustento vital”. Na prática, isso impede a um paciente em estado vegetativo irreversível de 24 ter os aparelhos desligados, mesmo que ele tenha declarado em vida ser contrário a algum tipo de tratamento artificial. Um pouco antes da votação, o presidente do Senado, Renato Schifani, (Pdl), exaltou “a franqueza e a coragem dos senadores em tratar temas sobre os quais o único guia foi, como deve ser, a consciência individual”. Na conclusão dos votos, Maurizio Gasparri, líder do Pdl no Senado, disse que a casa “escolheu a vida, votando contra a morte e a eutanásia”. O projeto foi aprovado, mas a polêmica está longe de terminar. ComunitàItaliana / Abril 2009 Em meio a protestos de vários senadores que se posicionaram contra o texto de Calabrò, causou surpresa a manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini. Ele “observou” que a lei aprovada pelo Senado fazia parte de um “Estado ético e não laico”. Segundo Fini, “o Estado deveria garantir a separação da esfera institucional daquela religiosa”. Muitos políticos interpretaram as declarações de Fini como uma sinalização de que o texto de Calabrò pode vir a ser alterado na Câmara, apesar do governo ter maioria na casa. Esse projeto de lei foi criado por vontade do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, depois da morte de Eluana Englaro que ficou 17 anos em estado vegetativo. Ela morreu no último dia 9 de fevereiro, após três dias sem receber comida e hidratação. A família da moça ganhara na Justiça o direito de deixá-la morrer. Mais surpresa, ainda causou uma entrevista dada ao jornal L’Unità pelo senador Marcello Pera, amigo do Papa Bento 16. À publicação, disse que “após a votação, o Senado estava em estado de choque porque muitos tinham a consciência de ter votado uma lei que não é boa”. — Agora, temos que repensar com calma nas mudanças que poderão ser aprovadas. Acho que a Câmera fará uma profunda revisão no texto — afirmou Pera na entrevista. Para tentar barrar a lei aprovada pelo Senado, o partido Itá- Raffaele Calabrò lia de Valor (Idv) de Antonio Di Pietro, começou uma mobilização para a realização de um referendo. A própria vice-presidente do Senado, Emma Bonino (PD), já fala em desobediência civil. Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal La Repubblica, 78% dos italianos são contrários ao projeto de Calabrò. A mesma pesquisa indica que os italianos defendem a votação de uma lei sobre testamento biológico, mas que permita a autodeterminação do individuo, isto é, que respeite a sua vontade mesmo encontrando-se em estado vegetativo. Para Beppino Englaro, pai de Eluana, a lei aprovada “é um ato discriminatório, paradoxal e sem nenhum sentido”. Em resposta às críticas, o senador Maurizio Gasparri, disse que durante as discussões na Câmara será possível mudar um parágrafo da lei, “mas sem alterar o seu princípio”. Ele acusa a esquerda de “querer abrir uma porta à eutanásia”. tudiare l’immigrazione italiana potrà diventare obbligatorio nelle scuole italiane. È ciò che prevede il disegno di legge n. 2207 presentato al Parlamento dal deputato Fabio Porta (PD), rappresentante degli italiani residenti all’estero nella circoscrizione America Latina. Intitolato “Norme per il sostegno e la diffusione della memoria dell’emigrazione italiana”, il disegno mira a salvaguardare la storia dell’immigrazione italiana. — L’Italia di oggi corre il rischio di perdere la memoria di coloro che hanno rappresentato l’enorme flusso di italiani emigrati in tutti i continenti durante un secolo — afferma il deputato. Secondo Porta, durante il suo primo anno come parlamentare si è convinto di che parte dei problemi degli italiani deriva dalla scarsità di conoscenze del fenomeno emigratorio. Tanto è che l’obiettivo del disegno di legge è quello di recuperare la storia che gli italiani non conoscono e, così, “aiutare l’Italia a valorizzare questo enorme potenziale di relazioni sociali, culturali, istituzionali ed economiche ancora sottovalutate”. Nayra Garofle — Nel caso del Brasile questo è ancora più evidente. Gli italiani non hanno la minima idea della grande penetrazione della comunità italiana in Brasile, non solo nella storia, ma anche nei processi culturali ed economici. L’obiettivo del disegno di legge è maturare, per mezzo della scuola, questa sensibilità e anche aiutare l’Italia a recuperare una cultura di accoglienza di tanti immigranti stranieri partendo dal recupero della memoria storica della nostra emigrazione — spiega. Secondo il deputato il disegno di legge prevede un insegnamento di tipo multidisciplinare. Rimarrà a carico del ministero dell’Istruzione trasmettere alle istituzioni di insegnamento italiane le sue linee generali. È multidisciplinare, continua, perché l’emigrazione coinvolge questioni legate non solo alla storia, ma anche a geografia, musica, letteratura ed economia. Nel testo del disegno di legge viene messa in risalto la partecipazione delle famiglie di studenti nelle attività scolastiche legate al tema. Si mira a determinare il recupero della memoria degli eventi migratori e favorire la comprensione obiettiva dei fenomeni di immigrazione che negli ultimi anni si stanno sviluppando nel paese. Come incentivo alle scuole il disegno prevede inoltre la cre- azione di un premio nazionale chiamato “Migranti come noi”. Sarà destinato alle istituzioni che hanno raggiunto buoni risultati nelle attività e si sono messe in risalto per ciò che riguarda l’insegnamento e la ricerca sull’emigrazione italiana. — Il premio servirà anche per stimolare lo studio comparativo tra le dinamiche delle emigrazioni italiane nel mondo e gli attuali flussi immigratori in Italia. Insomma, potrà servire per realizzare possibili agganci tra le iniziative analoghe realizzate e istituti scolastici dei paesi di maggior presenza dell’emigrazione italiana come il Brasile — dice Porta. Il deputato mette in risalto che il disegno di legge ha risvegliato rapidamente un grande interesse da parte di altri parlamentari di diversi partiti. Porta dice che in breve porterà la proposta “ai colleghi della Commissione Cultura e Istruzione” per sollecitare l’inserimento della legge nel calendario di disegni di legge che dovranno essere esaminati. — Se il Parlamento italiano dimostrerà un grande interesse e se gli italiani nel mondo mi appoggeranno in questa battaglia sarà Abril 2009 / possibile approvare il disegno di legge ancora in questa legislatura — afferma. Il disegno di legge viene giustificato dal fatto che l’emigrazione, a partire dalla seconda metà del XIX secolo fino ad oggi, è stato la causa di profondi cambiamenti della società italiana e rappresenta “l’esperienza più intensa e diffusa internazionalmente che gli italiani hanno mai conosciuto”. Nel testo Porta dice che “la presenza di centinaia di giovani provenienti da diverse parti del mondo nella conferenza dei giovani italiani e di origine italiana, realizzate nel dicembre 2008 a Roma, ha permesso di verificare direttamente l’intensità e i valori di questa disponibilità per il recupero delle lontane radici e per una rinnovata fase di interlocuzione”. ComunitàItaliana 25 capa Dor e medo Dolore e paura Terremotos na região de Abruzzo arrasam 26 cidades italianas. Em uma primeira contagem, 20 mil pessoas estão entre mortos e desabrigados. Milhares de prédios de grande valor histórico e cultural viraram pó Terremoti in Abruzzo distruggono 26 città italiane. Secondo i primi calcoli 20mila persone tra morti e senza tetto. Migliaia di edifici di grande valore storico e culturale ridotti in polvere 26 terremoto que assolou o país, nos últimos 30 anos. Ele falou à Comunità por telefone, 24 horas após a catástrofe que consternou o mundo. O relógio marcava 3h32 da madrugada do último dia 6 (22h32 de domingo, no horário de Brasília), quando milhares de pessoas foram acordadas pelos tremores de móveis e lustres em suas residências. O epicentro do abalo: L’Aquila, cidade natal ComunitàItaliana / Abril 2009 “L a mia città recupererà poco o niente di ciò che è rimasto. Non sappiamo cosa aspettarci. Stamattina ci sono state tre scosse in intervalli di dieci minuti. È un misto di dolore e paura.” La testimonianza è del presidente della Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile, Franco Marchetti. In Italia per passare la Pasqua con la famiglia, ha testimoniato il peggior terremoto che ha colpito il paese negli ultimi 30 anni. Ha parlato con Comunità per telefono 24 ore dopo la catastrofe che ha angosciato il mondo. L’orologio segnava le 3 e 32 di notte dello scorso giorno 6 (le 22.32 di domenica, orario di Brasília), quando migliaia di persone sono state svegliate dai mobili e lampadari che tremavano nelle loro case. L’epicentro del sisma: L’Aquila, città natale di Marchetti e capoluogo dell’Abruzzo, nell’Italia centrale – a 111 chi- storico e culturale. Secono il ministero delle Relações Exteriores del Brasile nessun brasiliano si troverebbe tra le vittime, fino alla chiusura di questa edizione. Marchetti era ospite nella casa dei suoi figli nella città di Avezzano, distante 40 chilometri da L’Aquila. Secondo lui dopo la prima scossa il clima era più che altro di insicurezza. Sono stati chiusi banche, scuole e uffici pubblici e autostrade. La mancanza di informazioni era generale. — Stanno portando le persone in ospedali campo e sistemate in tende da campeggio. Il fatto di non sapere quante sono le persone colpite e per quanti giorni dure- Da Redação lometri da Roma. Secondo l’Istituto di Ricerche Geologiche degli Stati Uniti, il terremoto ha raggiunto 6.3 gradi della scala Richter. Ma, visto che in Italia i calcoli vengono anche fatti secondo la scala Mercalli, l’Istituto Nazionale di Geofisica d’Italia ha calcolato in 8-9 gradi l’intensità del sisma. Ma era solo il primo. Con una durata di 30 secondi, ha lasciato un saldo di 235 morti, mille feriti e 17mila sfollati. Questi numeri si riferiscono solo ai primi calcoli, fatti subito dopo il primo terremoto. Altre tre scosse hanno ridotto le speranze degli abitanti delle aree colpite di vedere le loro vite di ritorno ad una rapida normalità. Sono state distrutte circa 15mila costruzioni in 26 comuni intorno a L’Aquila. Gran parte di queste costruzioni aveva grande valore Fotos: Ansa “M inha cidade vai recuperar pouco ou nada do que sobrou. Não sabemos o que esperar. Esta manhã foram três abalos em intervalos de dez minutos. É um misto de pesar e medo.” O relato é do presidente da Federação das Associações dos Abruzzesi no Brasil, Franco Marchetti. Na Itália para passar a Páscoa com familiares, ele acabou testemunha do pior de Marchetti, e capital da região de Abruzzo, centro da Itália – a 111 quilômetros de Roma. Pelo Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, o terremoto atingiu 5,8 graus na escala Richter. Porém, como na Itália as medições são feitas pela escala Mercalli, o Instituto Nacional de Geofísica da Itália cravou em 9 a intensidade do tremor. Seria apenas o primeiro. Com uma duração de 30 segundos, deixou um saldo de 260 mortos, mil feridos e 17 mil desabrigados. Esses números dão conta apenas da primeira contagem, feita logo após o primeiro terremoto. Outros três abalos viriam a reduzir as esperanças dos moradores das áreas afetadas em ver suas vidas voltar ao normal rapidamente. Foram destruídas aproximadamente 15 mil construções em 26 municípios ao redor de L’Aquila. Grande parte dessas construções tinha grande valor histórico e cultural. Segundo o ministério das Relações Exteriores do Brasil, nenhum brasileiro estava entre as vítimas, até o fechamento desta edição. Abril 2009 / ComunitàItaliana 27 capa Marchetti estava hospedado na casa de seus filhos na cidade de Avezzano, distante 40 quilômetros de L’Aquila. Segundo ele, após o primeiro tremor, o clima era mais de insegurança. Rodovias foram interditadas, bancos, escolas e instituições públicas fechados. A falta de informação era generalizada. — As pessoas estão sendo levadas a hospitais de campanha e alocadas em tendas de acampamento. O fato de não sabermos quantos são os prejudicados e por quantos dias isso perdurará é o que mais assusta. Tudo o que parece ruim pode piorar. Ontem (segunda-feira, dia 6) ainda consegui ir até meus parentes de L’Aquila. Deixei o carro em um ponto da estrada e cheguei a pé. Hoje cedo, uma prima de lá me disse por telefone que esse acesso está sendo negado — explica Marchetti, um empresário de 64 anos que trabalha com importação de materiais para construção civil e vinhos da sua região. Ele mora em São Paulo e não sabia mais quando voltaria para casa. Com as informações desencontradas dos órgãos públicos italianos, sua primeira iniciativa foi sair à procura de brasileiros nos locais mais afetados. Na Casa dos Estudantes, foi informado que não tinha estrangeiros por lá no momento. Pouco mais de 24 horas após o primeiro terremoto, Marchetti perdeu o contato com seus familiares em L’Aquila. Ele ainda passava mais informações para a revista por e-mail quando teve que interromper a conversa: — Não dá mais para conversar porque está acontecendo outro tremor muito forte. Antes dessa mensagem, no entanto, o empresário recordava outro abalo que, em 1915, sacudiu a região de Abruzzo com epicentro em Avezzano. Na ocasião, até o hospital da cidade havia sido destruído e grande parte do dinheiro para sua reconstrução surgiu da solidariedade de italianos imigrantes em São Paulo: — Precisaremos de novo da ajuda de todos. O hospital de L’Aquila desmoronou. Uma sala de cirurgia é o que restou em funcionamento sabe-se lá até quando. Quem conseguiu escapar dos escombros está necessitado de agasalhos e alimento. Tudo ficou preso nas residências. Fundada por Frederico II, no ano de 1230, L’Aquila, já passou por oito terremotos. Esse último deixou preocupado o ex-cônsul da Itália no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, cuja mulher, Matilde, tem residência na localidade atingida. — Minha esposa tem uma casa de veraneio Ovindoli, a 40 minutos de L’Aquila, perto da montanha. A cidade está sem água e sem luz. A síndica nos informou que as pessoas estão com medo, passando frio e dormindo dentro dos carros porque, a todo momento, escutam barulhos como se fossem explosões. Nosso prédio está ameaçado — conta Bellelli, por telefone, de Roma, onde atualmente reside. Os principais danos em L’Aquila I principali danni a L’Aquila Duomo de L’Aquila Duomo di L’Aquila Castelo Espanhol Fortezza Spagnola Cúpula da Igreja do Espírito Santo Cupola della chiesa dello Spirito Santo Campanário da Igreja de San Bernardino Campanile della chiesa di San Bernardino rà è ciò che ci spaventa di più. Tutto quello che sembra brutto può peggiorare. Ieri (lunedì 6) sono ancora riuscito ad andare fino ai miei parenti di L’Aquila. Ho lasciato la macchina in un punto della strada e sono arrivato a piedi. Stamattina presto una cugina del luogo mi ha detto per telefono che ora questa entrata viene proibita — spiega Marchetti, un imprenditore di 64 anni che lavora con l’importazione 28 ComunitàItaliana Basílica de S. Maria di Collemaggio Basilica de S. Maria di Collemaggio Pequena cúpula da Igreja de Santo Agostinho Cupolino della chiesa di Santo Agostino / Abril 2009 di materiali per l’edilizia e vini dalla sua regione. Marchetti abita a São Paulo e non sa più quando tornerà a casa. Con le confuse informazioni degli organi pubblici italiani, la sua prima iniziativa è stata di andare in cerca di brasiliani nei luoghi più colpiti. Nella Casa dello Studente gli è stato detto che non c’erano stranieri in quel momento. Poco più di 24 ore dopo la prima scossa Marchetti ha perso i contatti con i suoi familiari a L’Aquila. Stava ancora dandoci altre informazioni via e-mail quando ha dovuto interrompere la comunicazione: Casada com um italilano e com um filho de oito anos, a paranaense Evelina Di Colli, de 44 anos, mora há 15 anos em Roseto degli Abruzzi, cidade a uma hora de L’Aquila. Ela estava dormindo quando a cidade tremeu. — Fui acordada pelo meu marido e só então reparei os lustres estavam tremendo. Quando dei por mim, já estava na escada, com meu marido e meu filho — conta ela. Já a família Marchetti, depois de um dia inteiro de apreensão, decidiu dormir em automóveis: — Somos um grupo de dez pessoas. Eu moro no térreo com minha esposa e minha filha. No segundo andar, moram meu filho e minha nora com meus dois netos. Agora, os pais de minha nora vieram ficar conosco. Decidimos que, apesar do frio, o carro era o lugar mais seguro, num lugar perto da casa dos cachorros, porque não tem nada em volta — comenta — A sensação é de que o perigo não passou. Estado de emergência O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi declarou estado de emergência nacional. De imediato, L’Aquila recebeu milhares de voluntários vindos de toda a Itália. Durante as primeiras horas de resgate, as equipes usavam as — Non posso più parlare perché è in atto un’altra scossa molto forte. Comunque prima di questo messaggio l’imprenditore ricordava un altro sisma che, nel 1915, ha scosso l’Abruzzo con epicentro ad Avezzano. All’epoca perfino l’ospedale della città era stato distrutto e gran parte dei soldi per la sua ricostruzione erano venuti dalla solidarietà di italiani immigranti a São Paulo: — Abbiamo bisogno un’altra volta dell’aiuto di tutti. L’ospedale di L’Aquila è crollato. Una sala chirurgica è ciò che è rimasto in funzione chissà fino a quando. Chi è riuscito a scappare dalle macerie ha bisogno di abiti pesanti e alimenti. È tutto rimasto dentro le case. Fondata da Federico II nel 1230, L’Aquila è già stata colpita da otto terremoti. Quest’ultimo ha preoccupato l’ex console d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, la cui moglie, Matilde, ha familiari nella località colpita. — Mia moglie ha una casa estiva a Ovindoli, a 40 minuti da L’Aquila, vicino alle montagne. La città è senza luce e acqua. L’amministratrice [del palazzo] ci ha detto che la gente ha paura, sente freddo e dorme in macchina perché sente tutti i momenti rumori come se fossero esplosioni. Il nostro palazzo minaccia di cadere — racconta Bellelli, per telefono da Roma dove ora risiede. Sposata con un italiano e con un figlio di otto anni la paranaense Evelina Di Colli, 44 anni, abita da 15 anni a Roseto degli Abruzzi, cittadina ad un’ora da L’Aquila. Stava dormendo quando la città ha tremato. — Mi ha svegliata mio marito e solo allora mi sono accorta che i lampadari stavano tremando. Quando mi sono resa conto ero già per le scale con mio marito e mio figlio — racconta. Invece la famiglia Marchetti, dopo un’intera giornata di ansia, ha deciso di dormire in varie macchine: — Siamo un gruppo di dieci persone. Io abito al pianterreno com mia moglie e mia figlia. Al secondo piano abitano mio figlio e mia nuora con i miei due nipoti. Ora i genitori di mia nuora sono venuti ad abitare con noi. Abbiamo deciso che, malgrado il freddo, la macchina era il posto Abril 2009 / più sicuro, in un luogo vicino alla cuccia dei cani, perché non c’è niente intorno — commenta — Abbiamo la sensazione che il pericolo non sia passato. Stato di emergenza Il primo ministro italiano, Silvio Berlusconi, ha dichiarato stato di emergenza nazionale. Subito L’Aquila ha ricevuto migliaia di volontari venuti da tutta l’Italia. Durante le prime ore delle operazioni di soccorso le équipe usavano le proprie mani per rimuovere le macerie dei palazzi distrutti. Le scosse di assestamento – che seguono quella principale – hanno fatto tremare un’area a circa 100 chilometri ad est di Roma, nella regione montagnosa dell’Abruzzo. Capi di nazioni, tra cui il Brasile, hanno inviato messaggi di solidarietà e si sono messi a disposizione per aiutare l’Italia. Ma Berlusconi ha rifiutato. — Siamo in grado di rispondere da soli alle necessità, siamo un popolo orgoglioso e che ha gli strumenti — ha detto in una conferenza stampa in cui ha annunciato un pacchetto di 30 milioni di euro in aiuto alle vittime. Campagna Malgrado il rifiuto di Berlusconi di accettare aiuti dall’estero, la presidentessa del Comitato degli Italiani all’Estero, a São Paulo, Rita Blasioli, ha iniziato una campagna per ricevere aiuti. — Abbiamo aperto il conto della Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile per ricevere aiuti. Speriamo di poter contribuire alla ricostruzione delle città colpite, specialmente L’Aquila, i cui emigranti hanno messo radici in Brasile, a Pedrinha Paulista, nell’interno di São Paulo, e a Salvador, nella Bahia — informa Rita. Chi vuole collaborare alla causa può fare un bonifico sul Banco Bradesco, a nome della Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile, agenzia: 3334-0; conto corrente: 2400-7. Si può depositare qualsiasi somma. Per identificare il deposito dell’aiuto la Federazione chiede che il valore presenti un centesimo alla fine. Patrimonio distrutto Dodici anni fa il mondo rimase angosciato dalla distruzione di parte della Basilica di San Fran- ComunitàItaliana 29 Campanha Apesar da recusa de Berlusconi em aceitar ajuda vinda de fora, a presidente do Comitê dos Italianos no Exterior, em São Paulo, Rita Blasioli, iniciou uma campanha para recebimento dos donativos. — Abrimos a conta da Federação das Associações dos Abruzzesi no Brasil para recebimento de doações. Esperamos poder contribuir com a reconstrução das cidades atingidas, especialmente L’Aquila, cujos imigrantes estabelecerem-se no Brasil, em Pedrinhas Paulista, no interior de São Paulo, e em Salvador, na Bahia — informa Rita. Quem desejar colaborar com a causa pode efetuar um depósito no Banco Bradesco, em nome da Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile, agência: 3334-0; conta corrente: 2400-7. Pode-se enviar qualquer quantia. Para identificar o propósito da doação, a Federação pede que o valor tenha final de um centavo. Patrimônio destruído Há 12 anos, o mundo ficou consternado com a destruição de parte da Basílica de São Francisco em consequência de um terremoto que abalou a cidade de Assis. Pois os danos ao patrimônio, agora, são infinitamente maiores. O terremoto castigou uma área repleta de construções dos períodos românico, gótico, renascentista e barroco. Construída como uma fortaleza, L’Aquila é uma cidade medieval. Muitos dos seus prédios, que resistiram a cercos e batalhas, agora, ruíram. O mais célebre de- 30 les é a Basílica de Santa Maria de Collemaggio, do século 13, que abriga o túmulo do papa Celestino V. O terremoto provocou o desabamento de grande parte da abóboda principal da igreja, justamente onde está o túmulo deste que foi o único a ter renunciado ao cargo em toda a história da igreja católica. A notória fachada branca e vermelha da Basílica só ficou em pé porque estava em restauração e foi protegida pela estrutura de suporte. Bastante destruída também ficou a basílica renascentista de San Bernardino, de 1527. Lá se encontra a tumba do santo que morreu em L’Aquila, em 1444. Já a cúpula da igreja de Sant’Agostino desmoronou. Considerada um dos principais edifícios do barroco da região, já havia sido destruída e reconstruída após um terremoto em 1703. Também desabou a cúpula da igreja do Espírito Santo e foram danificadas a cúpula da Igreja das Almas Santas e a fachada da igreja de Santa Maria do Sufrágio. O Palácio da Prefeitura, uma construção barroca, ficou destruído. O arquivo histórico da cidade, que ficava no prédio, pode ter sido perdido. A Porta de Nápoles, um arco do triunfo construído em 1548 para o imperador Carlos V, uma das construções mais antigas de L’Aquila virou pó. A fortaleza espanhola, construída em 1534, quando a região era dominada pela Espanha, ficou muito danificada. O local é a sede do Museu Nacional de Abruzzo e teve seu acesso bloqueado devido ao risco de desabamento. Sua coleção reúne relíquias desde a pré-história até o século 18, passando pelo Império Romano. Monumentos na Província de Pescara e nas cidades de Celano e Santo Stefano de Sessanio também foram destruídos. A torre medieval Medicea, o altar da igreja Santo Angelo e a torre da igreja de São Francisco caíram. Na cidade de Bussi, grande parte do centro histórico foi danificado. Em Chieti, há igrejas interditadas. O terremoto também causou estragos em Roma. Foram abaladas as estruturas das Termas de Caracalla, os suntuosos banhos construídos no ano de 212. Esse complexo romano, formado por banhos, piscinas, bibliotecas e jardins, era um dos monumentos imperiais mais conservados do país. ComunitàItaliana / Abril 2009 Ansa próprias mãos para remover escombros de prédios destruídos. As réplicas - tremores que se seguem ao abalo principal - estremeceram uma área a cerca de 100 quilômetros a leste de Roma, na região montanhosa de Abruzzo. Chefes de nações, Brasil inclusive, enviaram mensagens de solidariedade e se colocaram à disposição para ajudar a Itália. Berlusconi, porém, declinou da ajuda. — Temos condições de enfrentar sozinhos as necessidades, somos um povo orgulhoso e que tem os instrumentos — afirmou ele em uma entrevista coletiva em que anunciou um pacote de 30 milhões de euros para socorrer as vítimas. Ansa capa cesco dovuta ad un terremoto che colpì Assisi. Ma stavolta i danni al patrimonio sono infinitamente maggiori. Il terremoto ha castigato un’area piena di costruzioni dei periodi romanico, gotico, rinascimentale e barocco. Costruita come una fortezza, L’Aquila è una città medievale. Molti dei suoi edifici che hanno resistito ad assedi e battaglie ora sono crollati. Il più famoso è la Basilica di Santa Maria di Collemaggio, del XIII secolo, dov’è tenuta la tomba di papa Celestino V. Il terremoto ha provocato il crollo dell’abside della chiesa, proprio dove c’è la tomba di questi che è stato l’unico ad aver rinunciato all’incarico in tutta la storia della chiesa cattolica. La nota facciata bianca e rossa della Basilica è rimasta in piedi solo perché era in fase di restauro ed era protetta dalla struttura di supporto. Anche la basilica rinascimentale di San Bernardino, del 1527, ha subìto gravi danni. Là si trova la tomba del santo che è morto al L’Aquila nel 1444. Invece il cupolino della chiesa di Sant’Agostino è crollata. Considerato uno dei principali edifici del barocco della regione, era già stata distrutta e ricostruita dopo un terremoto nel 1703. È anche crollata la cupola della chiesa di Santo Spirito e sono state danneggiate la cupola della chiesa delle Anime Sante e la facciata della chiesa di Santa Maria del Suffragio. Il Municipio, una costruzione barocca, è stato distrutto. L’archivio storico della città, tenuto nel palazzo, potrebbe essere andato perso. La Porta di Napoli, un arco di trionfo costruito nel 1548 dall’imperatore Carlo V, una delle più antiche costruzioni di L’Aquila, si è ridotta in polvere. La fortezza spagnola, costruita nel 1534 quando la regione era dominata dalla Spagna, ha subìto gravi danni. Il luogo è sede del Museo Nazionale d’Abruzzo ed è proibita l’entrata dovuto al rischio di crollo. La sua collezione dispone di pezzi dalla preistoria fino al XVIII secolo, passando attraverso l’Impero Romano. Monumenti nella provincia di Pescara e anche le città Celano e Santo Stefano di Sessanio sono stati distrutti. La torre medievale Medicea, l’altare della chiesa Santo Angelo e la torre della chiesa di San Francesco sono crollati. A Bussi gran parte del centro storico è rimasto danneggiato. A Chieti le chiese sono state chiuse. Il terremoto ha causato danni anche a Roma. Sono state colpite le strutture delle Terme di Caracalla, i sontuosi bagni costruiti nel 212. Questo complesso romanico, formato da bagni, piscine, biblioteche e giardini, era uno dei monumenti imperiali di miglior conservazione del paese. Il segretario generale del Ministero della Cultura, Giuseppe Proietti, sa che il terremoto ha provocato “danni significativi” ai monumenti della regione, ma sarà in grado di valutare la reale dimensione della distruzione dopo che i pompieri termineranno i soccorsi. Anche perché gli uffici responsabili del lavoro del patrimonio storico-culturale della regione sono in Abruzzo. Più precisamente in palazzi del XVI secolo che sono stati chiusi. Scenario da cinema L’Aquila è il capolugo dell’Abruzzo, regione dell’Italia centrale con circa 1,3 milione di abitanti. È un’area montagnosa che ospita un parco nazionale e cittadine sparpagliate sulle montagne. È circon- O secretário-geral do Ministério da Cultura, Giuseppe Proietti, sabe que o terremoto provocou “danos significativos” aos monumentos da região, mas só terá condições de avaliar a real dimensão da destruição depois que os bombeiros acabarem os resgates. Até porque, os escritórios responsáveis pelo trabalho do patrimônio histórico-cultural da região ficam em Abruzzo. Mais precisamente, em prédios do século 16 que foram interditados. Cenário de cinema L’Aquila (“a águia” em italiano) é a capital de Abruzzo, região da Itália central com cerca de 1,3 milhão de habitantes. É uma área montanhosa que abriga parques nacionais e cidadezinhas espalhadas pelos topos das montanhas. É circundada de vários montes, entre eles, o Gran Sasso, o pico mais alto do Apenino, com 2.913 metros de altura. Lá é um dos lugares mais famosos da Itália para a prática de esqui. Graças à sua natureza exuberante e sua arquitetura medieval, a cidade serviu de cenário para os filmes O Feitiço de Áquila e O Nome da Rosa, uma adaptação do best-seller de Umberto Eco. Construída a 714 metros acima do nível do mar, L’Aquila , ao longo dos séculos, foi dominada por franceses, espanhóis e o próprio Estado Papal. Pesquisadores sustentam que o objetivo de Frederico, ao criá-la, era fundar uma nova Jerusalém. A cidade chegou a ser a segunda do reino em potência e riqueza. Porém, começou a decair no século 16, quando o vice-rei espanhol Filiberto d’Orange, depois de devastá-la, introduziu um feudalismo espanhol, privando-a de sua autonomia. L’Aquila arrasada pelo terremoto e antes, em seu esplendor. Abaixo, Franco Marchetti L’Aquila distrutta dal terremoto e prima, nel suo splendore. Sotto, Franco Marchetti Polêmica Cerca de um mês antes da tragédia, um especialista em física que mora em L’Aquila, alertara as autoridades locais sobre a possibilidade de Abruzzo ser abalada por um “terremoto desastroso”. Giampaolo Giuliani, técnico do Laboratório Nacional de Física e Astrofísica Gran Sasso contou à imprensa italiana que o instituto havia registrado cerca de 200 abalos sísmicos na cidade, nos últimos dois meses até que, no final de março, emitiu seu alerta às autoridades. Ele contou que não foi levado a sério. Ao contrário: — Fui acusado de brincar com assuntos sérios e denunciado à polícia pela prefeitura de L’Aquila por alarmar a população. Em resposta, o diretor do Departamento de Proteção Civil do governo italiano, Guido Bertolaso, declarou que embora a região seja sujeita a abalos sísmicos, não era possível prever a catástrofe. Ele chegou a chamar Giuliani de “um imbecil que se diverte difundindo notícias falsas”. data da vari massicci, tra cui quello del Gran Sasso, la vetta più alta degli Appennini, con 2.913 metri di altezza. È uno dei luoghi più famosi d’Italia per sciare. Grazie alla sua natura esuberante e alla sua architettura medievale, la città è stata lo scenario di film come “Ladyhawke” e “Il Nome della Rosa”, un adattamento dal best-seller di Umberto Eco. Costruita a 714 metri sopra al livello del mare, L’Aquila durante i secoli è stata dominata da francesi, spagnoli e dallo Stato Pontificio. Ricercatori sostengono che l’obiettivo di Federico II era di costruirla perché fosse una nuova Gerusalemme. La città è stata addirittura la seconda del regno in potenza e ricchezza. Ma cominciò a decadere nel XVI secolo, quando il viceré spagnolo Filiberto d’Orange, dopo averla devastata, vi introdusse il feudalesimo spagnolo, privandola della sua autonomia. Polemica Circa un mese prima della tragedia uno specialista in fisica che Abril 2009 / abita a L’Aquila aveva avvisato le autorità locali della possibilità che ci fosse in Abruzzo un “terremoto disastroso”. Giampaolo Giuliani, tecnico del Laboratorio Nazionale di Fisica e Astrofisica Gran Sasso ha raccontato alla stampa italiana che l’istituto aveva registrato circa 200 scosse nella città negli ultimi mesi fino a quando, a marzo, aveva avvisato le autorità. Ha raccontato che non è stato preso sul serio. Al contrario: — Sono stato accusato di giocare con cose serie e denunciato alla polizia del comune di L’Aquila perché avevo allarmato la popolazione. Come risposta, il direttore del Dipartimento di Protezione Civile del governo italiano, Guido Bertolaso, ha dichiarato che anche se la regione è soggetta a sismi, non era possibile prevedere la catastrofe. E ha addirittura chiamato Giuliani “imbecille che si diverte a diffondere false notizie”. ComunitàItaliana 31 ambiente L o sapete da dove vengono i vostri vestiti? O meglio: vi siete già fermati a pensare con quale materiale sono fatti i capi che usate? Bene, l’Organizzazione delle Nazioni Unite per l’Alimentazione e l’Agricoltura (FAO) se ne preoccupa e per stimolare l’uso di prodotti fatti di cotone, fibra di agave, seta o cachemire, tra gli altri, ha proclamato il 2009 come l’Anno Internazionale delle Fibre Naturali. La meta è dare maggior visibilità alla produzione e promuovere l’efficacia e la sostenibilità delle industrie di queste fibre. Questo si deve al fatto che, fin dagli anni ’60, le “naturali” perdono terreno per le “sintetiche”, malgrado non usino derivati del petrolio e siano biodegradabili. Secondo la FAO, nel mondo si producono annualmente circa 30 milioni di fibre naturali. Destinate ad abbigliamento, tappezzeria e altri tessili di consumo, combinate ad altri materiali, esse servono anche all’industria per involucri, fabbriche di carta e perfino nel settore automobilistico. Secondo l’istituzione lo stimolo e la visibilità che si vuole dare alle fibre, che possono essere vegetali o animali, si deve anche al fatto che in molti paesi in via di sviluppo il prodotto della vendita e dell’esportazione significa sicurezza alimentare di agricoltori e lavoratori poveri. La FAO lavora con 15 fibre. Il gruppo vegetale è composto da fibre di abacà, cocco, cotone, lino, canapa, iuta, ramia e agave. Nel gruppo animale ci sono alpaca, angora, cammello, cachemire, mohair, seta e lana. Secondo il presidente del Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais della Bahia (Sindifibras) Wilson Andrade, la scelta della FAO significa un “ombrello di protezione” per il gruppo che lavora con fibre dure (di cocco, iuta e agave, ad esempio). La Bahia, così come l’Italia, più precisamente Milano, ospiteranno eventi legati alla produzione di fibre. — Avremo un seminario internazionale in settembre. Il Brasile è il maggior produttore mondiale di fibra di agave. Sono circa 120 tonnellate all’anno — informa Andrade. ONU festeggia anno delle fibre naturali e stimola uso di prodotti di fibre di cotone e agave. Nel frattempo in Brasile fibre alternative come i tessuti di PET diventano famose e sono un’opzione per chi si preoccupa dell’ambiente Sílvia Souza L’incentivo al consumo di fibre naturali nasce nel mezzo degli appoggi al consumo di fibre alternative, come quella ottenuta dalle bottiglie PET, significative per la preoccupazione con la conservazione dell’ambiente. E una cosa non impedisce la fattibilità dell’altra, secondo il presidente della Sindifibras: — È chiaro, si sa che i prodotti naturali fanno meglio all’organismo in generale, visto che nelle tappe della loro produzione danno origine a meno inquinanti se li paragoniamo ai sintetici. Siamo anche coinvolti con acquisizioni tecnologiche che hanno permesso all’agave, ad esempio, di essere usata per fare cisterne e tegole corrugate come sostituti dell’amianto, materiale estremamente dannoso. Sempre secondo Andrade, la fibra di agave, già usata nella produzione di sedie a sdraio, sostituisce con successo le fibre di vetro usate nella produzione di plastica. Ora, oltre a essere in studio un composto che unirebbe l’agave alle alghe marine, la fibra ottiene un posto di rilievo nel settore automobilistico. Installata a Bahia (che detiene l’80% della produzione nazionale di fibra di agave) la Ford, dopo quattro anni di ricerche, ha immesso nel mercato alla fine del 2008 modelli che, internamente, usano l’agave. Gli adattamenti sono arrivati ai pannelli laterali e al rivestimento del tettuccio e compongono fino al 30% dei pezzi iniettati, il che rende possibile ridurre del 10% del peso degli autoveicoli. — Quanto più leggera la macchina, quanto più economica — mette in risalto Celso Duarte, supervisore di sviluppo di prodotti della fabbrica. PET Tessuto morbido e gradevole al contatto che si sta usando molto per fare magliette, cappellini con visiera e abiti in generale, il polieIn quattro tempi: fibre di agave e cocco trovano spazio nell’artigianato; bottiglie PET in fiocchi prima di essere trasformate in fibra. La biancheria intima della Un.I. è fatta di bambu 32 ComunitàItaliana / Abril 2009 stere fatto con bottiglie in PET riciclate in qualità vale tanto quanto gli altri tessuti. Usufruendo della bandiera per la diminuzione dell’inquinamento come alleata, questo tessuto alternativo sta conquistando sempre più fan. Per fare un capo si usano in media due bottiglie. Di solito questo lavoro viene fatto da cooperative come la Agroindustrial de Maringá (Cocamar), del Paraná. Là vengono prodotte 71,5 tonnellate di filati al mese. E oggigiorno perfino i prezzi delle magliette fatte di PET sono competitivi. Costano dai 20 reais in su. — Dal 35 al 40% della resina riciclata vengono usati nella produzione di tessuto — calcola André Vilhena, direttore esecutivo del Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), un’associazione di São Paulo che promuove il riciclaggio in Brasile. Oltre a generare impiego e reddito, il riciclaggio del PET presenta altri benefici – tra cui la riduzione del volume di residui nelle discariche e un miglioramento nel processo di decomposizione delle materie organiche. Ciò si deve al fatto che la plastica è imper- meabilizzante e la sua presenza nelle discariche impedisce la circolazione di gas e liquidi. E inoltre ha il vantaggio di richiedere in media solo il 30% dell’energia necessaria per la trasformazione della materia prima. Ora 1,5 litro di contenitori PET può essere fabbricato con soli 35 grammi di materiale vergine. Il riciclaggio di bottiglie PET e la loro trasformazione seguono processi come la separazione dei tappi e delle etichette, per passare poi per un processo di essiccazione. Dopo il PET viene tritato e decontaminato per essere trasformato in balle di fibre di poliestere. Viene anche fatta una fusione ad una temperatura di 300°C, un filtraggio e la rimozione finale delle impurità. Le fibre passano per altri quattro processi di torsione e allungamento per diventare fili (stiraggio). Dopo essere messi in bobine, i fili vengono vaporizzati per recuperare l’umidità naturale che hanno perso durante il processo. Vilhena dice che in Brasile il riciclaggio del PET ha presentato un grande aumento negli ultimi cinque anni. Il valore della tonnellata di resina per riciclaggio, ad esempio, è aumentato da 400 a 1.200 reais dal 2001. — In Brasile il 21% della plastica è riciclata, il che equivale a circa 330mila tonnellate annue. Invece le entità europee hanno festeggiato nel 2007 il tasso di 40% raggiunto nella regione del riciclaggio del PET prodotto. In 21 paesi, inclusa l’Italia, del totale dei 32 che compongono il gruppo, le cifre hanno superato il 22,5% previsto per il totale della plastica nel 2008 — informa. Bambù Sensualità, comodità e potere alle donne. È stato mescolando questi elementi che l’impresa paulista Universo Íntimo (Un.i) dell’italobrasiliano Gilberto Romanato ha lanciato l’anno scorso la collezione Bamboo. La linea ha puntato sulla sostenibilità e ha immesso nel mercato capi fatti di fibre di bambù che inoltre proteggono naturalmente anche dalle radiazioni (UVA/UVB) e hanno proprietà termodinamiche: i capi danno l’impressione di essere freschi in estate e più caldi in inverno. — La linea è stata creata dalla stilista Sandra Bento ed ha uno stile sportivo. È il nostro secondo segmento in termini di vendita, malgrado sia la più recente. Ora bisogna aspettare che la valuta si stabilizzi per cercare di esportare in Europa e Stati Uniti, dove abbiamo buoni contatti — indica Romanato, la cui famiglia è di Verona. Secondo l’imprenditore, che condivide la direzione della Un.i con Gabriel Margulies dal 1999, la marca mantiene contatti con l’Italia, dove ha già spedito merci alla Yamamay, impresa italiana di biancheria intima, bikini e cosmetici: — Abbiamo il certificato della OekoTex Standard 100, considerato la “etichetta verde europea” (norma sviluppata da un gruppo di istituti tessili europei che regola la presenza di sostanze chimiche considerate tossiche), il che facilita la nostra presentazione — conclude. Abril 2009 / ComunitàItaliana 33 depoimentos / 15 anos “Quero parabenizar a comunidade Ítalo-Brasileira pelos 15 anos da revista ComunitàItaliana, pois vem prestando um grande serviço a todos os italianos que vivem no Brasil e aos brasileiros, residentes na Itália. Para mim tem sido uma grande satisfação poder dividir com a comunidade ítalobrasileira todas as realizações de meu ministério episcopal, entre elas o trabalho de valorização da Universidade Católica de Petrópolis, como um centro de difusão da cultura, e o incentivo para que os fiéis promovam a Missão Popular, levando a mensagem de Cristo a todas as famílias”. “Voglio fare gli auguri alla comunità italo-brasiliana per i 15 anni della rivista ComunitàItaliana, visto che rende un grande servizio a tutti gli italiani che vivono in Brasile e ai brasiliani residenti in Italia. Per me è sempre una grande soddisfazione poter condividere con la comunità italo-brasiliana tutte le realizzazioni dei miei ministeri episcopali, tra cui il lavoro di valorizzazione dell’Universidade Católica di Petrópolis come centro diffusore di cultura e l’incentivo affinché i fedeli promuovano la Missione Popolare, portando il messaggio di Cristo a tutte le famiglie”. Dom Filippo Santoro - Bispo de Petrópolis – RJ Dom Filippo Santoro – Vescovo di Petrópolis – RJ “I media diretti alla comunità svolgono un ruolo importante per la conservazione e divulgazione della cultura italiana. Temi legati all’integrazione culturale ed economica tra Brasile e Italia intensificano la prossimità e la comunicazione tra i popoli dei due paesi. Auguri alla rivista”. Giovanni Sacchi – diretor para o Brasil do Instituto Italiano para o Comércio Exterior – ICE Giovanni Sacchi – direttore in Brasile dell’Istituto Italiano per il Commercio Estero – ICE “É muito importante que um órgão de imprensa tenha a sensibilidade de trazer aos irmãos italianos que hoje vivem no Brasil as experiências trocadas pelos dois países. Enquanto ministro do Trabalho e Emprego brasileiro, e cidadão italiano que sou, vejo que a ComunitàItaliana cumpre perfeitamente este papel, desempenhando um jornalismo sério e profissional. O trabalho desenvolvido hoje pela revista em muito contribui para que os povos irmãos caminhem sempre juntos, na busca por uma sociedade mais justa e fraterna. Parabéns por mais um aniversário”. “È molto importante che un organo della stampa abbia la sensibilità di portare ai fratelli italiani che oggi vivono in Brasile le esperienze scambiate tra i due paesi. Come ministro do Trabalho e Emprego brasiliano e cittadino italiano che sono, vedo che la rivista ComunitàItaliana eserce perfettamente questo ruolo, mettendo in pratica un giornalismo serio e professionale. Il lavoro realizzato oggi dalla rivista contribuisce molto affinché i popoli fratelli camminino sempre insieme, alla ricerca di una società più giusta e fraterna. Auguri per questo ulteriore anniversario”. Carlos Lupi – ministro do Trabalho Carlos Lupi – ministro del Lavoro “Pois é galera da comunidade italiana, tive o prazer de ser entrevistado pela revista e é, claro que enviei exemplar a todos os meus familiares para que soubessem e curtissem a matéria. Passado esse momento de gloria e destaque na comunidade, agora volto ao meu sonho pelo reconhecimento da cidadania. Infelizmente por problemas de documentação enxergo cada vez mais distante a chance de ter a minha cidadania reconhecida e quem sabe um dia alimentar o sonho de viver na Itália”. Roberth Trindade “A mídia direcionada à comunidade exerce um papel importante na preservação e divulgação da cultura italiana. Temas ligados à integração cultural e econômica entre Brasil e Itália intensificam a aproximação e a comunicação entre os povos dos dois países. Parabéns à Revista”. Guto Goffi – Músico “Beh, ragazzi della comunità italiana, ho avuto il piacere di essere intervistato dalla rivista e, è chiaro, ne ho mandate delle copie a tutti i miei familiari perché conoscessero e potessero leggere il servizio. Passato questo momento di gloria e enfasi nella comunità, ora ritorno al mio sogno di ottenere il riconoscimento della cittadinanza. Purtroppo per problemi di documentazione vedo sempre più lontana la possibilità di ottenere il riconoscimento della cittadinanza e chissà nutrire il sogno di vivere in Italia”. Guto Goffi – Musicista Mais depoimentos em homenagem aos 15 anos da Comunità chegaram à Redação. Publicaremos todos ao longo do ano. Grazie a tutti! 34 ComunitàItaliana / Abril 2009 atualidade No alvo da máfia Há dez anos sob proteção policial, procurador anti-máfia conta muito do que sabe em livro que se torna best-seller, na Itália Janaína César R Correspondente • Treviso ecentemente, o mundo inteiro tomou conhecimento do “sufoco” que é a vida do escritor Roberto Saviano, o autor do best-seller Gomorra. Por conta do seu livro, ele foi jurado de morte pela máfia italiana e vive sob proteção policial. Ele, porém, não é a única pessoa, na Itália, nessa situação. De uma maneira mais discreta, o procurador Raffaele Cantone, um napolitano de 46 anos, vive, há dez anos, também sob proteção policial. E não somente ele, mas sua mulher e os dois filhos também. Catone se tornou o inimigo número 1 do clã dos Casalesi, um dos braços fortes da Camorra, em consequência de suas investigações sobre ações mafiosas no país. Além de parecidas, as vidas do procurador e do escritor se cruzaram, há pouco tempo. Foi o próprio Cantone quem descobriu, no ano passado, o plano dos mesmos Casalesi para assassinar Saviano. A partir daí, nasceu uma grande amizade entre os dois. Antes, porém, outra semelhança. Em outubro do ano passado, Cantone lançou o livro Solo per giustizia, editado pela Mondadori. Nele, o procurador relata o confronto, dia após dia, com a Camorra; fala sobre as pessoas honestas e desonestas que conheceu; os riscos e o poder da máfia. Cantone desenhou um quadro muito particular da Campânia, definido por ele como “anômalo do ponto de vista da criminalidade organizada”. Na sua avaliação, a região até então, destinada a ser um lugar 36 ComunitàItaliana / Abril 2009 de reciclagem e refúgio dos clãs, se tornou uma nova colônia da Camorra casertana e napolitana, “fato comprovado pelo aumento do número de extorsões”, como Cantone diz. Seguindo os passos de Gomorra, Solo per giustizia já está entre os livros mais vendidos no país. O sucesso editorial colocou Cantone sob os holofotes e “lembrou” a todos a forma como vive há tanto tempo. Com o objetivo de se tornar um advogado penalista, Cantone se formou em Direito aos 22 anos. Com a prática da profissão, percebeu que a investigação o atraía. Assim, aos 24 anos, após ter prestado concurso público, começou a trabalhar na procuradoria distrital de Nápoles. Em 1999, aos 36 anos, entrou como procurador público na Direção Distritual Antimáfia (Dda), posto que ocupou por quase dez anos - até 16 de outubro de 2007 - e que mudou drasticamente sua vida. Foi justamente no seu último dia na Dda que nasceu a idéia de escrever um livro. Spartacus Na Dda, não demorou muito para que Cantone se tornasse o inimigo número 1 da máfia. Já durante as primeiras investigações, descobre que se transformou em um incômodo personagem para a Camorra e recebe as primeiras ameaças de morte. Sua família e ele entram imediatamente no programa de proteção policial. Suas investigações permitem dar continuidade a Spartacus, famoso processo contra os Casalesi. Trata-se do resultado de uma investigação conduzida entre 1993 e 1998, ano que a Corte d’Assise do Tribunal de Santa Maria Capua Vetere ouviu a primeira audiência. Em 2005, o resultado: 95 condenados, sendo 21 a pri- são perpétua. Em 19 de junho de 2008, a Corte de Apelo confirma a condenação à prisão perpétua de 16 chefões da máfia, entre eles, Francesco Schiavone, Francesco Bidognetti, Michele Zagaria e Antonio Iovine. Atualmente, Cantone trabalha no Massimario della Cassazione, última instância de recursos judiciais na Itália, e continua recebendo ameaças. Ano passado, durante uma das últimas audiências de Spartacus, um dos advogados dos Casalesi leu uma carta em que o clã acusava – com evidente intenção de intimidar – o escritor Roberto Saviano, a jornalista Rosaria Capacchione e o próprio Cantone de terem “exercido uma pressão negativa nos jurados”. Após quase dez anos de luta contra as famílias mais potentes da Camorra casertana, Cantone diz não se arrepender de nada. Com uma voz calma e tranquila, concedeu uma entrevista exclusiva à Comunità, por telefone. ComunitàItaliana - Como chegou a procuradoria da Direção Distritual Antimáfia? Roberto Cantone - Um pouco por acaso. Após ter passado no exame público, pensei que a minha colocação ideal fosse a de procurador ministerial. Essa é uma função particularmente ativa e estimulante que te faz entender o que realmente está por trás do que foi encontrado. CI - Dr. Cantone, quem o detesta? RC - Essa é uma pergunta a qual não sei responder. Espero que ninguém me deteste. Na minha vida e no meu trabalho só fiz o dever de fazer respeitar as leis e as regras. CI - Quantas ameaças recebeu ao longo da sua carreira? RC - Em várias ocasiões durante as investigações, alguns sujeitos da Camorra casertana tiveram a intenção de atentar contra a minha vida. Graças ao conhecimento do território da parte das forças da ordem, essas ameaças não se concretizaram. CI - O senhor tem medo? RC - Não muito, mas também procuro não pensar no assunto. CI - Se sente de fato seguro com a escolta policial? RC - Os policiais da minha escolta são muito profissionais e me deixam seguro. Eles procuram invadir o menos possível a minha privacidade. Abril 2009 / CI - Porque optou por escrever um livro? RC - Porque acredito que seja útil conhecer a experiência de um procurador e a dificuldade de levar uma vida normal. O livro também foi escrito para mim mesmo. Foi uma excelente ocasião de reflexão sobre um período muito intenso da minha vida. CI - Solo per giustizia está entre os livros mais vendidos na Itália, como o de Roberto Saviano. Por que este interesse da sociedade em conhecer o mundo da criminalidade organizada? RC - O meu livro está longe do sucesso excepcional de Gomorra. Foi justamente o livro de Saviano que abriu a estrada para este interesse. Agora, é bem mais claro a todos que a Camorra é um perigo não só para a região da Campânia, mas para toda a Itália. CI - O que significou para o senhor fazer parte de Spartacus? RC - Spartacus é um processo que teve início ainda nos anos 80 contra os Casalesi. Participei da Spartacus 2, sua continuação. Ambos foram estruturados antes que começasse a me ocupar da Camorra. Em Spartacus 2 trabalhei junto com o procurador Raffaello Falcone (apesar do nome, não é parente do promotor Giovanni Falcone, morto há dez anos pela Máfia) CI - O clã dos Casalesi estava envolvido na emergência do lixo? RC - Acredito que não seja exagerado dizer que os Casalesi, antes de todos, perceberam o lucro que dá o negócio do lixo. Eles estão envolvidos com o sistema de lixo ilegal e tóxico, mas algumas investigações apontam que tam- ComunitàItaliana 37 atualidade bém estão envolvidos na coleta de lixo urbano. CI - Quais as principais diferenças entre os Casalesi e os padrinhos napolitanos? RC - A Camorra em Nápoles reúne grupos autônomos que, em gênero, se ocupam de negócios ilícitos em um determinado bairro. Já os Casalesi têm grande vocação empresarial, grande controle do território e utilização constante da violência com destino certo, ou seja, eles estabelecem um alvo, seja uma pessoa ou uma empresa, e agem. CI - No livro o senhor escreveu: “A Camorra continuará invencível até quando existirem homens corruptos”. Como vê a aproximação da Camorra com a política? RC - A Camorra, para sobreviver, precisa ter o consentimento dos lugares onde predomina. E o tem porque se ocupa das atividades econômicas e fornece às pessoas diferentes possibilidades de trabalho. Este consentimento se traduz também em votos e no controle de alguns políticos. CI - Para o senhor, os partidos são demagógicos quando falam de luta contra a Camorra? RC - É determinante que a política faça a sua parte na luta contra a Camorra. Somente a repressão não bastará. As coisas devem realmente mudar. CI - O senhor sabe quantificar o que o governo já seqüestrou da máfia até hoje? RC - Não sei dizer ao certo, mas, com certeza, vários milhões de euros. CI - Como viveu o final de Spartacus? RC - Spartacus foi uma etapa muito importante sob o aspecto midiático porque permitiu a todos saberem quem eram os Casalesi. CI - Os crimes cometidos pelos Casalesi reportados em Spartacus são de vinte anos atrás. Como estão hoje os Casalesi, existe uma nova hierarquia? RC – Há tempo o clã mudou, não é mais aquele retratado em Sparta- atualidade Livro de Raffaele Cantone já é best-seller cus. Hoje existe uma nova leva, a segunda geração de familiares. Para evitar colaborações perigosas, o clã é muito mais atento e fechado. CI - Hoje o senhor ocupa um outro cargo e mesmo assim ainda sofre ameaças da Camorra? RC - Espero muito que daqui a pouco eles se esqueçam de mim para que eu possa iniciar uma vida normal. CI - Os jovens que trabalham para a Camorra são um pouco como os que trabalham para o tráfico de drogas nas favelas do Brasil, ou seja, não têm perspectiva de um futuro melhor? Podemos dizer que o interesse deles pela criminalidade é de alguma forma culpa do Estado, ou melhor, da ausência dele? RC - Certamente quem escolhe o caminho da delinqüência o faz porque é marginalizado, mas não sempre. A Camorra também funciona como um aparelho de resgate social e renda. Aparentemente, é mais simples obter dinheiro e poder com eles. CI - Quais são as alternativas para esses jovens? RC - As alternativas são criadas oferecendo além de um trabalho, uma nova perspectiva cultural, explicando que a Camorra reserva para o futuro somente morte e prisão. CI - O senhor já se sentiu sozinho na luta contra a Camorra? RC - Às vezes sim. Porém, o procurador, quando toma uma decisão, está sempre sozinho. CI - O que faz quando não está no trabalho? RC - Procuro manter uma vida privada, muito limitada. Frequento os amigos de sempre, tenho pouquíssima vida pública e nada de festa e badalação. CI - Foi difícil conciliar a família com sua paixão pelo trabalho, pela Justiça? RC - Muito, mas com grande satisfação. Apesar de tudo, minha família sempre entendeu meu trabalho e sempre ficou ao meu lado. CI - Valeu a pena sacrificar a sua liberdade em nome da luta antiCamorra? RC - A resposta é sem dúvida sim. Também no mundo virtual É alta a popularidade de chefes mafiosos sicilianos no site de relacionamentos Facebook. O espaço mantém perfis de chefes mafiosos como Salvatore (Totó) Riina e Bernardo Provenzano, com milhares de relatos de pessoas que os consideram “mitos” e defendem até suas “beatificações”. Alguns acreditam que os perfis sejam uma estratégia de comunicação da máfia siciliana para promover o nome dos mafiosos entre os jovens. Bernardo Provenzano tem uma comunidade de fãs com mais de 200 inscritos, número semelhante dos que defendem a sua santificação. Outros três perfis aparecem em seu nome, um deles fundado por alguém que diz chamar-se Paolo Provenzano. As mensagens são de apoio, otimistas e positivas, que enaltecem os feitos do mafioso, tido como “um grande homem” ou “o melhor dos padrinhos”. O chefe fugitivo Matteo Messina Denaro também tem seu perfil no Facebook. Porém, quem mais aparece no site de relacionamentos é Salvatore Riina, de 78 anos. Ele tem uma dezena de perfis e mais de 2 mil fãs inscritos. Entre eles, há o grupo “Totó Riina Livre”, que pede a liberação daquele que é considerado um dos mais cruéis líderes da Cosa Nostra. Muitas mensagens tentam colocar em discussão sentenças já passadas. A polícia já sabe que, há anos, os ‘padrinhos’ tentam obter a revisão dos processos. Há uma suspeita que essa “popularidade” no Facebook faça parte de uma nova e moderna estratégia dos mafiosos para alcançar esse objetivo. Até porque, muitos comentários mostram que o autor está bem informado a respeito dos processos judiciais, principalmente, quando se trata de Riina. Drogas ao mar Polícia intercepta carregamento recorde de cocaína no Oceano Atlântico. Operação coincide com a V Conferência Nacional sobre as Drogas, organizada pelo governo italiano, em Trieste F oram nove toneladas de cocaína pura apreendidas em águas internacionais, em pleno Oceano Atlântico, por policiais da Itália e da Espanha. A operação conjunta, chamada de Albatroz 2008, ocorreu em duas fases: uma no começo de janeiro, na costa da Galícia; outra no dia 26 de fevereiro, a mil e duzentas milhas das ilhas Canárias. Segundo o procurador anti-máfia da Itália, Piero Grasso, a quantidade é um recorde. Como resultado, 16 pessoas foram presas, sendo 11 espanholas e cinco colombianas. A droga vinha da Colômbia e era destinada ao mercado europeu. As autoridades avaliaram a carga em 720 milhões de euros. Ela renderia quatro vezes mais depois de ser transformada em 30 milhões de doses para a venda no varejo. A investigação começou um ano e meio atrás. A polícia italiana foi advertida pelos colegas espanhóis Guilherme Aquino Correspondente • Milão sobre a presença de suspeitos na cidade de Gênova. Durante todo este período, essas pessoas foram seguidas pela polícia região da Ligúria e da Toscana. As interceptações telefônicas confirmaram as atividades de traficantes da quadrilha de José Manuel Vila Sieiram, um dos maiores narcotraficantes do mundo e líder da organização na Galícia (Espanha). Os agentes do distrito genovês anti-máfia descobriram as coordenadas geográficas para a entrega da droga. O ponto de encontro era em águas internacionais, no meio do oceano Atlântico. Na primeira operação, no começo do ano, os policiais rastrearam uma frota de pequenos aviões que decolava da Venezuela, na América do Sul. Os pilotos lançavam a droga dentro de pacotes flutuantes, em alto mar. A carga era recuperada por um navio e depois descarregada em outras embarcações menores e mais velozes. Estima-se que a quantidade jogada pela frota aérea fosse de 20 toneladas. Porém, os policiais espanhóis, a bordo de um helicóptero, prenderam os dois tripulantes e recuperaram apenas 3,5 toneladas estocadas em uma lancha. O resto já tinha sido distribuído. Deste total, duas toneladas eram destinadas ao mercado italiano. Na segunda fase, o barco pesqueiro Dona Fortuna, com bandeira venezuelana, foi surpreendido pelos agentes com a droga no porão. A embarcação já tinha sido abastecida por um navio-mãe que zarpou de um porto na costa da Guiné, país africano usado na armazenagem da cocaína colombiana. Cinco membros da tripulação, todos da Colômbia, foram presos e outros nove espanhóis detidos em terra firme. Os traficantes traziam 5,5 toneladas de cocaína, sendo 700 quilos para o mercado italiano. A operação Albatroz se alinha com as diretrizes do presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano. Recentemente, ele solicitou às instituições públicas o “reforço dos instrumentos de prevenção e de controle contra o fenômeno alarmante da difusão da droga, principalmente entre os jovens”. Para ele, não existem mais bar- reiras geográficas para o tráfico de drogas “que permeia todas as classes sociais do país e atinge os menores de idade cada vez mais cedo”. O pensamento do presidente foi expresso durante a V Conferencia Nacional sobre as Drogas, em Trieste. O congresso foi promovido pelo Departamento das Políticas Anti-drogas da Presidência do Conselho dos Ministros. No evento, constatou-se que uma ação enérgica do estado deve ser acompanhada do apoio das famílias e do terceiro setor, “para dar esperança de recuperação ao tóxico dependente através do suporte da educação”. Durante o evento, o governo declarou “guerra total e tolerância zero” ao tráfico de drogas e apoiou a criação e manutenção das casas de cura para recuperar os viciados. No ano passado, a Itália apreendeu 42,1 mil quilos de drogas, 32% a mais que em 2007. Só de maconha foram 36,4 mil quilos, 48,42% a mais que no ano anterior. Em compensação, foram apreendidas 30% menos de heroína e 85,43% menos drogas sintéticas. Dessa forma, a luta contra a máfia italiana ganhou o terreno virtual. Mais de 100 mil pessoas participaram de um abaixoassinado, pedindo ao Facebook para apagar os perfis dos apoiadores dos chefes de Corleone, na Sicília. Outros 50 mil já assinalaram que “a máfia dá nojo”. Será que por lá, quem luta contra a máfia consegue se manter no anonimato e livre de ameaças de morte? Lixo na Campânia 38 ComunitàItaliana / Abril 2009 Abril 2009 / ComunitàItaliana 39 religião O Dom da comunicação Sílvia Souza O ítalo-brasileiro Dom Orani João Tempesta assume, no dia 19 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro defendendo a “unidade na diversidade”. É dessa forma que acredita ser possível combater as divisões existentes na Igreja Católica diante do enfrentamento de problemas sociais como o recente abuso sexual seguido do aborto de uma menina de 9 anos, em Pernambuco. Aos 58 anos, ele chega à capital fluminense vindo da Arquidiocese de Belém, no Pará. O bispo nascido em São José do Rio Pardo, interior paulista, é presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social da Confederação Nacional dos Bispos do Brasi (CNBB). Para ele, a evangelização deve penetrar diferentes mídias, como o Youtube, canal em que o Vaticano se lançou no início deste ano. De Roma, onde participava de um seminário sobre Comunicação, Dom Orani concedeu uma entrevista exclusiva à Comunità, por e-mail: — É impossível trabalhar hoje na evangelização sem utilizar a mídia e, em especial, as assim chamadas novas mídias — afirma. 40 ComunitàItaliana / Abril 2009 C omunitàItaliana - Como o senhor recebeu a notícia da nomeação para a Arquidiocese do Rio de Janeiro? Dom Orani - Com surpresa e, ao mesmo tempo, muito respeito e responsabilidade pela missão que Deus, através das mediações da Igreja, me confia. Conheço o Rio de Janeiro como todas as pessoas do Brasil conhecem, porém pretendo conhecer agora em profundidade e, principalmente, a Igreja do Rio de Janeiro, sua missão e sua história. CI - Que problemas acredita que serão os mais desafiantes no Rio? DO – Só mesmo conhecendo profundamente. A imprensa destacou muito, em perguntas, a questão da violência, que não é exclusividade do Rio. Creio que encontrarei tudo o que existe no Brasil, pois acredito que o Rio seja um resumo do Brasil. CI - Problemas como a falta de segurança e garantia de direitos básicos dos cidadãos resultaram em diversas manifestações na gestão Dom Eusébio. O senhor acredita que a Igreja possa se aproximar da política sem que haja um conflito? DO - A Igreja tem suas próprias convicções e liberdade de pensamento e de direcionamento. Porém, no trabalho social, temos consciência de que são necessárias parcerias e um trabalho com todos, inclusive com os governantes, e também outras igrejas, religiões, associações, para um trabalho mais eficaz. CI - O que o fez seguir a vida religiosa? DO - A vocação é, e sempre será, um mistério. Porém, posso ver os sinais desde o início na família. Depois, na participação na paróquia de São Roque, em São José do Rio Pardo. Mais tarde, o dom que o Senhor colocou no profundo do coração para deixar tudo e segui-lo no serviço aos irmãos e irmãs. A decisão definitiva desse passo foi dada quando estava cursando o atual ensino médio, na época, curso colegial. CI - Recentemente a Igreja foi muito criticada pela atuação no caso da menina de 9 anos vítima de abuso pelo padrasto no Recife. O senhor acredita que a postura da Igreja diante dos problemas do século 21 deva sofrer mudanças? DO - A Igreja tem uma responsabilidade que não depende da votação da maioria e sim de princípios que marcam a sua vida. É por isso que ela é defensora da vida em todas as etapas e situações. Como tem a missão de evangelizar, sabe que o mundo futuro depende muito das posições que hoje tomamos. Acredito que neste caso a pergunta mais importante e que não foi feita é: porque esses fatos ocorrem e porque estão aumentando? CI - Depois do fenômeno Padre Marcelo Rossi, tornou-se pública a existência de outras correntes de evangelização na Igreja. Atualmente, o sucesso do Padre Fábio de Melo tem sido apontado como canal para aproximação com os jovens. Como o senhor avalia a influência e os avanços desses movimentos na constituição da assembléia hoje? DO - Cada pessoa tem seu carisma e é muito bom ver as pessoas convictas e coerentes serem canais de graça de Deus e conseguirem levar Jesus Cristo a todos, em especial à juventude. Todos esses irmãos necessitam de um acompanhamento próximo para que, na unidade da Igreja, sirvam com alegria e disponibilidade ao povo de Deus. CI - O senhor concorda que a Igreja passa por um momento de crise nas vocações? DO - Na minha experiência acho que sucede exatamente o contrário. Apesar de toda propaganda contra a Igreja Católica e apesar da divulgação de fatos isolados como se fossem comuns e uma regra, vejo muitos jovens pedirem o ingresso na vida consagrada e sacerdotal. O que é necessário é um acompanhamento personalizado, pois hoje o jovem ao entrar traz consigo muito mais questionamentos que no passado. Hoje, existem outros tipos de pessoas consagradas que estão assumindo um belo trabalho na Igreja enquanto que as antigas formas de consagração passam por um amadurecimento e redescoberta do carisma. CI - “Para que todos sejam um” é o lema de seu episcopado. O que o senhor acredita que seja necessário para que essa seja uma máxima entre os católicos? DO - É para todos os cristãos, pois é uma palavra exigente de Jesus no Evangelho. Para que o mundo creia. Ele nos pede a unidade, que não significa uniformidade, mas unidade na diversidade, no respeito às diferenças, mas acolhendo-nos e aceitando-nos uns aos outros. CI - O senhor preside a Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social. Que trabalhos foram realizados com êxito até aqui e quais os planos da comissão para os próximos anos? DO - Esta é uma resposta que exigiria muitas páginas, pois somos cinco bispos dessa comissão que realiza uma diversidade de trabalho tanto aqui no Brasil como nos seus relacionamentos com o CELAM (América Latina) e com os Pontifícios Conselhos. É uma comissão de fronteira e de diálogo com a sociedade, além do trabalho com os grupos e meios da igreja católica. Acredito que são muitos os êxitos e o plano bienal da CNBB aponta ainda mais trabalhos para os últimos dois anos que ainda nos restam para essa missão. CI - O senhor esteve em Roma para um seminário sobre Comunicação no mês passado e, no início do ano, a Igreja lançou seu canal no Youtube. Como a Igreja percebe as novas tecnologias e de que forma sua passagem pelo Rio de Janeiro pretende privilegiar essa área? DO - O encontro em Roma foi para os bispos responsáveis pelo setor comunicação das conferências episcopais e estivemos em quase 90 conferências representadas dos cinco continentes. A presença da Igreja não se resume nos meios de Abril 2009 / comunicação, mas é uma preocupação de trabalhar o processo de comunicação do ser humano que é muito mais amplo. A presença no Youtube demonstra a presença em todos os novos e modernos meios. É impossível trabalhar hoje na evangelização sem utilizar a mídia e, em especial, as assim chamadas novas mídias. CI - Além desse compromisso, a passagem por Roma teve algum envolvimento com sua posse? DO - Esse encontro do Pontifício Conselho de Comunicações já estava agendado desde o ano passado, por isso nada teve a ver com a minha nomeação. Porém, aproveitamos para conversar com alguns amigos em Roma sobre a minha missão. CI - O senhor tem ascendência italiana? DO - Meu pai veio da Itália com meus avós e seus irmãos, quando tinha 5 anos. Na Itália temos muitos familiares, porém distantes, pois meus avós vieram ao Brasil com toda a família. Eles são da Região de Abruzzo, entre L’Aquila e Rieti. Algumas vezes encontrei familiares na Itália e até celebrei em um encontro da família, num desses anos. Normalmente, quando vou à Itália, a visita é mais a Roma onde tenho as reuniões e os trabalhos. Porém, é um país que sempre nos reserva belos locais para visitar e nunca terminamos de admirar as suas belezas. CI – Como percebe a participação da comunidade italiana na igreja do Brasil? DO - A Igreja do Brasil deve muitas características aos imigrantes italianos que, vindo para cá, trouxeram a sua religiosidade e seu entusiasmo católico. No passado, os italianos foram presenças marcantes nesse trabalho. Hoje, muitos dos seus descendentes estão presentes na Igreja e trazem no coração o exemplo de seus antepassados. Muitas devoções e santos e muitas maneiras de celebrar se deve a comunidade italiana. ComunitàItaliana 41 SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSa Melhor emagrecer H Antidepressivo natural Todos à mesa P esquisadores da Universidade de Iowa sugerem que o sal de cozinha pode ser um antidepressivo natural. Em estudo feito com ratos, eles concluíram que aqueles que tinham deficiência de sal paravam de realizar atividades prazerosas. Eles acreditam que o déficit de sal pode estar associado à perda de prazer e à depressão. A Dor de cabeça M Excesso N o Brasil, o consumo diário de sódio está duas vezes e meia acima do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde. A culpa não é dos alimentos industrializados, mas do tempero adicionado à comida. Isso inclui o sal e os condimentos feitos à base de sal, que correspondem a 76% de todo o sódio consumido. Os dados são de uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. A quantidade diária de sódio disponível para consumo é de 4,5 g por pessoa, sendo que a ingestão máxima recomendada pela OMS é de 2 g. O excesso pode aumentar pressão arterial e levar a doenças cardiovascular e renal. 42 ComunitàItaliana / Fotos: Grupo Keystone omens obesos que passam pela cirurgia de redução de estômago não apenas perdem peso como melhoram sua vida sexual, segundo estudo da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Para os autores, a obesidade está associada à insatisfação na vida sexual. Os pesquisadores avaliaram 22 homens que foram submetidos à cirurgia bariátrica e 42 obesos que não passaram pelo procedimento. A média de peso no início era de quase 150 kg . As análises mostraram que quanto mais pesado era o homem, menores níveis de testosterona ele tinha e pior era sua vida sexual. Dois anos depois, os homens que haviam passado pela cirurgia reduziram em 17 pontos seu índice de massa corporal, apresentaram menores níveis de estrogênio e maior quantidade de testosterona. Essas mudanças ajudaram a melhorar os fatores da qualidade de vida sexual, melhorando o desejo, o desempenho e a satisfação. ulheres que sofrem frequentes enxaquecas têm maior risco de sofrer derrames durante a gravidez, assim como doença cardíaca, pressão alta e formação de coágulos, segundo estudo da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos. A pesquisa avaliou um banco de dados nacional com mais de 18 milhões de registros hospitalares entre os anos de 2000 e 2003, incluindo quase 34 mil casos de enxaqueca durante a gravidez. Segundo o estudo, mulheres que sofrem enxaquecas na gestação tinham 15 vezes mais risco de sofrer um derrames, três vezes maior risco de formação de coágulos e duas vezes mais chances de ter doença cardíaca. Comida caseira A melhor maneira de ensinar bons hábitos alimentares aos jovens é fazer as refeições com eles. Pelo menos é o que indicam os pesquisadores da Filadélfia, nos Estados Unidos. Por cinco anos, eles acompanharam um grupo de 600 crianças com 12 anos: as que faziam cinco ou mais refeições com a família, por semana, não só adquiriam melhores hábitos alimentares como os mantinham por mais tempo. Além das refeições mais frequentes, esses jovens se acostumaram a ter uma dieta mais rica. Consumiam mais frutas e vegetais, além de fibras, cálcio e sais minerais. revista Food & Wine afirma que cozinhar em casa é a tendência gastronômica do momento, pois assim a refeição é mais saudável que as elaboradas em restaurantes. Isso, porém, depende de quem “pilota o fogão”. Estudos mostram que a maior influência nos hábitos alimentares familiares é a pessoa responsável por comprar e preparar a comida. Esses “guardiões nutricionais,” como são chamados pelos pesquisadores, influenciam mais de 70% dos alimentos ingeridos por nós, segundo um relatório publicado, em 2006, no The Journal of the American Dietetic Association. Abril 2009 filosofia Um dos principais pensadores políticos da Itália, Giuseppe Vacca lança livro no Brasil e afirma que a esquerda perdeu o trem da história “N esse momento, a Europa só tem um grande líder: o Papa Bento 16”. A frase, dita sem exaltação, provocou um contido “zunzunzum” na platéia. Quem a proferiu foi o pensador italiano Giuseppe Vacca, “um velho comunista italiano” como ele mesmo se definira um pouco antes. Os ouvintes sabiam bem disso. Afinal, eles mesmos estavam ali para homenagear Vacca porque, de alguma forma, a ideologia comunista fazia parte de suas vidas. Não foi, porém, contestado. O respeito calou a surpresa e a palestra prosseguiu, como se nada tivesse acontecido, na sala Itália do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, em uma chuvosa noite de março. O “velho comunista” veio ao Brasil para lançar seu livro Por um novo reformismo. Trata-se de uma publicação conjunta da Fundação Astrojildo Pereira e da Editora Contraponto. A apresentação é Armênio Guedes e Alfredo Reichlin, respectivamente, dirigentes históricos dos antigos Partido Comunista Brasileiro e Partido Comunista Italiano. O projeto contou com o apoio da Associação Anita e Giuseppe Garibaldi. Além do Rio, Vacca - que fundou em 1975 o Instituto Gramsci, em Roma, instituição que ainda preside - esteve em Campinas e em São Paulo, onde se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Talvez o pensador italiano tivesse ficado ainda mais satisfeito se o atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula 44 Sônia Apolinário da Silva, tivesse ido ao seu encontro. Em entrevista exclusiva à Comunità, ele não escondeu sua admiração por Lula. Uma admiração que data desde o primeiro momento em que se conheceram, em 1991, no Brasil e reforçada com um segundo encontro, na mesma época, na Itália. — É uma pena que Lula não possa se candidatar outras vezes à presidência porque a lei não permite. Eu o admiro muito. Ele tem grande capacidade de liderança e demonstrou isso na forma como vem guiando o Brasil, país que é um dos protagonistas na nova organização da economia mundial — diz Vacca. Aos 70 anos, ele percebe não apenas o Brasil, mas a América Latina como um todo, como um foco de novidades para ser analisada ComunitàItaliana / Abril 2009 por conta do seu recente processo político. Um panorama bem diferente do europeu e que, não por acaso, encontra-se sem líderes. Segundo Vacca, na Europa, a esquerda falhou, apesar de ter ti- ser o centro comercial do mundo. Era o começo da “eurolândia”. Na sua avaliação, a Itália, junto com a Grécia, são os países mais frágeis da Europa. No caso italiano, isso vale tanto em termos econômicos quanto de estrutura política. Ele informa que seu país tem a “maior dívida do mundo”, que representa 112% do PIB. Para ele, é muito fácil entender o sucesso de Silvio Berlusconi, constantemente sendo eleito e reeleito para o cargo de primeiro-ministro: — Em 15 anos, a direita trabalhou para construir uma força política enraizada e unitária. A esquerda, não. Segundo Vacca, também é fácil entender porque os jovens, de uma maneira geral, e os europeus, em particular, estão apáticos e pouco participativos. Afinal, “o problema do jovem é das gerações antigas”, como diz. Segundo ele, a questão está justamente na falta de líderes. — Nenhuma geração é filha de si mesma. É preciso líderes em quem se espelhar. No momento, há falta de líderes intelectuais, morais e éticos — sentencia Vacca. O livro Por um novo reformismo é o primeiro título de uma série que pretende resgatar, no Brasil, idéias de pensadores políticos italianos. Quem informa é o ensaísta e tradutor Luiz Sérgio Henriques, organizador do livro de Vacca e da série. Editor do site Gramsci e o Brasil, ele também é um dos organizadores das obras de Antonio Gramsci em português, especialmente a nova edição das Cartas do Cárcere, sua obra mais ilustre. Gramsci foi o fundador do Partido Comunista da Itália e ainda é uma das maiores referências da esquerda mundial. — As idéias italianas tiveram um grande impacto na cultura política brasileira. Entre as várias razões pelas quais não entrei para a luta armada estavam os escritos de Gramsci. Ele nos ajudou a apostar no reformismo. Com isso, nós, no Brasil, passamos a ser chamados de reformistas, mas com desdém, de forma pejorativa. Seja como for, Gramsci foi uma grande novidade para nós — afirma Henriques. O livro de Vacca é, na verdade, um “mix” de três livros do pensador italiano acrescido de dois Vacca debate suas idéias no Rio de Janeiro ensaios inéditos feitos para a publicação. Por um novo reformismo é formado por dez capítulos. Três deles (1, 6 e 7) foram extraídos de Riformismo vecchio e nuovo (Turim: Einaudi, 2001); Os de número 2, 3, 4 e 5 vem de Vent’anni dopo. La sinistra fra mutamenti e revisioni (Turim: Einaudi, 1997); o capítulo 8 provém de Il riformismo italiano. Dalla fine della guerra fredda alle sfide future (Roma: Fazi, 2006); os capítulos 9 e 10 são inéditos e foram redigidos em 2008. Segundo Henriques, a seleção e a disposição dos textos foram aprovadas pelo autor. — A Fundação (Astrojildo Pereira) inventou um livro meu que eu não tinha pensado — brinca Vacca. — Se a escolha será útil, não sou eu quem deve dizer. É aqui no Brasil que o livro precisa ser útil. Pode ser um ponto de partida para repensar a historia e procurar inovações. Luiz Sérgio Henriques informa que as próximas publicações a serem lançadas no Brasil serão com textos de Massimo D’Alema e Enrico Berlinguer. — Queremos que as principais idéias do pensamento político italiano circulem no Brasil. São idéias que defendem que os socialistas jamais podem abandonar a democracia porque esse é o terreno mais adequado para a inclusão social — afirma Henriques. Nascido em Roma em 1949, Massimo D’Alema foi militante do PCI desde sua juventude e acompanhou esse partido em sua metamorfose social-democrata e neo-liberal. Foi primeiro-ministro da Itália de 1998 a 2000. Foi também ministro dos Negócios Fotos: Bruno Lima Antigos ideais do “a faca e o queijo na mão” de mostrar a que veio, durante o processo de unificação do continente. Vacca lembra que entre 1990 e 1996, a social democracia tomou à frente desse processo. O auge se deu em 1998, quando 13 dos 15 países europeus eram sociais democratas. — O grande problema aconteceu quando, ao formar o governo comunitário, decidiram que a política econômica seria nacional e foi perdida a chance de se fazer uma renacionalização. Explodiu o processo migratório e, com a crise da globalização, foi aberto o caminho para a direita de (George W. Bush) — explica Vacca, na sua entrevista. — Em oito anos, a direita americana fechou o processo europeu, dividiu a Europa e ainda criou a guerra do Iraque para bloquear o Mediterrâneo. A integração européia significava uma projeção em direção ao Mediterrâneo que tinha voltado a Estrangeiros do governo de Romano Prodi entre 2006 e 2008. Nascido na Sardenha, Enrico Berlinguer (1922 -1984) foi secretário-geral do PCI de 1972 a 1984. Ele foi um dos principais líderes políticos da sua geração. Seu pai foi um senador socialista. Seu avô, também chamado Enrico Berlinguer, foi amigo pessoal de Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini, notáveis figuras da unificação italiana. Também era primo de Francesco Cossiga e de Antonio Segni, ambos líderes da Democracia Cristã Italiana, que se tornaram presidentes da República do país. Quem foi Gramsci N ascido na Sardenha, Antonio Gramsci (1891-1937) trabalhava como jornalista quando fundou o Partido Comunista Italiano em 1921. Ele viria a ser um dos líderes do partido desde sua fundação. Em 1924, foi eleito deputado pelo Veneto. Nessa época, começa a organizar o lançamento do jornal oficial do PCI, denominado L’Unità. Em 8 de novembro de 1926, é preso pela polícia fascista, apesar de ter imunidade parlamentar. Foi condenado a vinte anos de prisão. Morreu aos 46 anos, pouco tempo depois de ter sido libertado. A influência póstuma de Gramsci encontra-se associada principalmente aos mais de trinta cadernos de análise histórica e filosófica que escreveu durante o período em que esteve na prisão. Estes trabalhos, conhecidos como Cadernos do Cárcere, contêm o pensamento maduro de Gramsci sobre a história da Itália e nacionalismo. Abril 2009 / ComunitàItaliana 45 astronomia deveria. Na esfera governamental, existem poucos projetos Brasil/Itália, se compararmos com a França, por exemplo. Um olhar para o céu Ano Internacional da Astronomia celebra os 400 anos da primeira observação por telescópio feita pelo então renegado Galileo Galilei O Sílvia Souza ditado diz que ninguém é profeta na sua própria terra. E com ele não foi diferente: Galileo Galilei exerceu carreira como matemático, físico e filósofo, mas foi como astrônomo, revelando descobertas sobre o céu, diferentes das atestadas como verdadeiras no pensamento medieval, que despertou a ira dos pensadores geocentristas. Perseguido e considerado herege, 400 anos após suas primeiras observações noturnas com o telescópio, o italiano é festejado com o Ano Internacional da Astronomia (AIA), iniciativa da Unesco celebrada em pelo menos 130 países. 46 ComunitàItaliana / Abril 2009 No Brasil, esse italiano nascido em Pisa, em 1564, deve ganhar, até o final do segundo semestre, uma estátua em frente ao Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro. A primeira em terras tupiniquins, segundo a astrônoma Flavia Pedrosa. — Estamos em busca de escultores e patrocínio, mas esse ano já será de grandes feitos. No início do mês, eventos como o “100 horas de observação” reuniram um milhão de pessoas, ao redor do mundo, para observar o céu — explica a astrônoma do Planetário da Gávea. As tais 100 horas de observação, às quais Flavia se refere, fazem parte da programação festiva que credita a Galilei o título de fundador da ciência moderna. Durante quatro dias, pesquisadores, teóricos e pessoas comuns puderam, em diversos pontos do mundo, observar o céu e, em especial, as crateras da Lua e os anéis de Saturno. No Brasil, foi possível analisar esses e outros elementos em lugares como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Brusque (SC), Juazeiro do Norte (CE), Maceió (AL), Nova Friburgo (RJ), Paulínia (SP), Ponta Grossa (PR), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA). Além disso, em julho, Manaus sedia a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde a astronomia terá especial atenção. Já dos dias 3 a 14 de agosto, será a vez do Rio de Janeiro receber a Assembléia Geral da União Astronômica Internacional. Vale destacar que, em uma reunião semelhante na República Tcheca, em 2006, os astrônomos rebaixaram Plutão à categoria de planetaanão. Flávia observa que, em eventos desse tipo, são sempre levantadas questões polêmicas, “o que prova que a ciência não é estática”. — O Brasil, junto com a Itália e a França, esteve na liderança da ação que levou a Unesco a apoiar a União Astronômica Internacional pela proclamação deste Ano Internacional da Astronomia — informa o coordenador do Ano da Astronomia no Brasil e professor da Universidade de São Paulo, Augusto Damineli — Diversos astrônomos brasileiros desenvolvem estudos conjuntos com italianos. Na verdade, numerosos astrônomos de origem ou descendência italiana estão espalhados pelo mundo, mas é uma pena que a Itália, com tanta capacidade humana, não esteja investindo em pesquisa como Programação Intensa Em Florença, os 400 anos do primeiro uso do telescópio por Galilei será celebrado pela exposição Galileu: Imagens do Universo, da Antiguidade até o telescópio, no Palácio Strozi, até 30 de agosto. — O único protagonista é o céu, visto não só como o firmamento repleto de estrelas, mas também como depositário das expectativas e inquietações humanas e religiosas — explica Paolo Galluzzi, diretor do Instituto e Museu das Ciências florentino, curador da mostra. São 250 objetos e obras que incluem desde aparelhos para medir e observar a abóbada celeste, até as cosmogonias e criaturas divinas que as habitavam criadas por distintas mitologias e religiões, ao longo de 4.600 anos de história e de relação humana com o que se pode chamar de “teto do mundo”. Restos arqueológicos, afrescos pompeianos, atlas e esferas celestes, esculturas, pinturas, códigos iluminados, maquetes cosmológicas e binóculos se sucedem nas várias salas do edifício. Há também o Atlas Farnese do século 2 a.C., trazido de Nápoles e instrumentos utilizados por babilônios e egípcios para medir as horas do dia e a sucessão das estações. As comemorações fizeram com que, pela primeira vez, fos- O astrônomo Augusto Damineli se celebrada em Roma uma missa em memória ao astrônomo. Foi em fevereiro na basílica romana de Santa Maria degli Angeli pelo monsenhor Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. O curioso é que a Igreja perseguiu Galilei por conta de suas descobertas. — Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então pouco conhecido, ampliando os confins de nosso conhecimento e obrigando a reler o livro da natureza com um novo olhar. A Igreja deseja honrar a figura de Galileu, genial inovador e filho da Igreja — salienta o arcebispo. De 26 a 30 de maio, ocorrerá também em Florença, o seminário internacional de estudos “O caso Galileu. Uma releitura histórica, filosófica, teológica”, organizado pelo Instituto Stensen dos Jesuítas. Em Roma, de 21 a 26 de junho, haverá um curso de estudos organizado pela Specola Vaticana (Observatório Vaticano) e durante todo o mês de outubro estará aberta na Santa Sé a exposição Galileu 2009, Fascinação e Fadiga de um novo olhar sobre o mundo. A 400 anos da primeira observação com telescópio. Ainda em Roma, de 15 de outubro a 5 de janeiro de 2010 será exibida nos Museus Vaticanos a exposição Astrum 2009: o patrimônio histórico da astronomia italiana de Galileu até hoje, que incluirá livros, arquivos e instrumentos procedentes da Specola Vaticana e dos Museus Vaticanos. A exposição incluirá ainda o manuscrito Sidereus Nuncius, de Galileu, conservado na Biblioteca Nacional Central de Florença. Quem foi Galilei Galileo Galilei nasceu em 15 de fevereiro de 1564, em Pisa, filho de Vincenzo Galilei, um músico alaudista conhecido por seus estudos sobre a teoria da música, e Giulia Ammannati de Pescia. Além de ter estudado medicina na Universidade de Pisa, foi professor de matemática na mesma universidade e ainda na Universidade de Pádua. É deste período que, entre seus inventos, destacam-se uma balança hidrostática para a de- Abril 2009 / terminação do peso específico dos corpos (1586), uma máquina para elevar água – espécie de bomba movimentada por cavalos (1593) e uma régua de cálculo (1597). Em maio de 1609, Galilei ouviu falar de um instrumento de olhar à distância, construído pelo holandês Hans Lipperhey. Mesmo sem nunca ter visto o aparelho, ele construiu sua primeira luneta em junho, com um aumento de 3 vezes. Até dezembro do mesmo ano, ele construiu vários outros objetos (o mais potente capaz de aumentar 30 vezes), e faz uma série de observações sobre a Lua. Os satélites de Júpiter, ele descobriu entre os dias 7 e 15 de janeiro de 1610. Desta fase astronômica, é famoso o Siderius Nuncius (Mensagem Celeste) publicando em latim, em 12 de março de 1610. Galilei trocou cartas com Johannes Kepler (astrônomo que formulou as leis da mecânica celeste), que com outros matemáticos do Colégio Romano eram reconhecidos como as autoridades científicas da época. O Colégio Romano foi fundado pelo Papa Gregório XIII, que estabeleceu o calendário gregoriano. Debruçando-se cada vez mais no sistema solar, Galilei verificou que Vênus apresenta fases como a Lua e reuniu evidências em favor da teoria heliocêntrica. Ele escrevia em italiano para difundir ao público a teoria de Copérnico. O fato chamava atenção da Inquisição que abriu processo contra o astrônomo. Depois de proibições e julgamentos que tentaram impedir a propagação de suas pesquisas e textos, Galilei morreu em 8 de janeiro de 1642 em Arcetri, perto de Florença. Está enterrado na Igreja da Santa Cruz, em Florença. Sobre a relação da astronomia com a Igreja, data de 1822 a retirada das obras de Copérnico, Kepler e Galilei do Índice de livros proibidos. E em 1980, o Papa João Paulo II ordenou um re-exame do processo contra Galilei. No dia 31 de outubro de 1992, aos 350 anos de sua morte, o mesmo Papa o reabilitou solenemente e criticou os erros dos teólogos da época que deram fé a tal condenação, sem desqualificar expressamente o tribunal que o sentenciou. ComunitàItaliana 47 Milão letteratura Nuove scritture Guilherme Aquino Para cachorro M ilão já tem a sua creche para cachorros. Isso mesmo. O serviço normalmente oferecido aos filhos de pais que trabalham fora e não têm com quem deixar as crianças ganha uma versão para quatro patas. A creche tem área de jogos, zona dormitório, setor de relaxamento com massagem e até mesmo “salão” para comemoração de aniversários. A Good Dog ocupa uma loja com 200 metros quadrados e recebe de 15 a 20 cães por dia, no máximo. Seis “educadores”, no caso, adestradores, cuidam dos animais de segunda a sexta-feira, das 8 horas da manha às sete da noite, ao custo de 8 euros por hora ou mensalidades entre 215 e 275 euros. Conferenza mette in risalto l’importanza della letteratura migrante nel rinnovamento delle lettere italiane N Salão Internacional do Móvel O maior encontro de designers e fabricantes de móveis do planeta será realizado entre 22 e 27 de abril. Nessa época, Milão se transforma na capital mundial do desenho industrial, com centenas de eventos paralelos à exibição dos lançamentos, na feira de Rho. No ano passado, a mega exposição deu um destaque especial para a cozinha. Neste ano, o foco é na iluminação e, como sempre, é cada vez maior a preocupação com a economia do consumo de energia elétrica. São esperadas lâmpadas eficientes e “verdes”. Novo tamanho O Design histórico norte da Itália pode ficar maior ou menor, na altura da fronteira com a Suíça. Os limites devem ser revistos em decorrência do derretimento das geleiras. O ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, planeja criar uma equipe formada por pesquisadores, cartógrafos, geógrafos e militares para, junto com as autoridades helvéticas, rever a fronteira. As geleiras no platô Rosa do Monte Cervino, no Monte Rosa e no Pizzo Bernina, retrocederam muito nas últimas décadas. A última revisão foi nos anos 60, durante a construção da auto-estrada Como-Lugano. Na ocasião, a modificação atingiu o vale de Brogeda. 48 ComunitàItaliana O Museu Internacional do Design abre as portas com uma nova coleção, depois de quinze meses da inauguração. Série fora de Série propõe colocar em evidência as relações cruzadas entre a cultura do projeto e a cultura empresarial que estão na base do tecido industrial italiano. A história dos objetos é passada a limpo na mostra realizada na Triennale de Milão. Alguns deles são uma lancha de Riva Sebino, serviço de chá e café de Alessi, o mini-carro Volpe ou a poltrona Sacco. A exposição permite uma viagem no tempo através de produtos que modificaram padrões estéticos e propuseram o futuro quando o presente ainda era o passado. / Abril 2009 egli ultimi dieci anni la letteratura italiana ha subìto un “buon rinnovamento” e molto di ciò si deve alla letteratura migrante. Una vera e propria lezione sul tema è stata data, in Brasile, dalle professoresse Elisabetta Santoro (Universidade de São Paulo), Valentina Russi e Lucia Strappini, (Università per Stranieri di Siena), che hanno partecipato alla conferenza “La Narrativa Italiana dal 1900 al 2008”, presso gli Istituti Italiani di Cultura di São Paulo e di Rio de Janeiro. — La letteratura italiana, in particolare la narrativa, ha subìto negli ultimi nove, dieci anni un buon rinnovamento. Sono sorti vari scrittori e, soprattutto, nuove scrittrici – osserva il Professore Ordinario di Letteratura Italiana, delegato alle Relazioni Internazionali dell’Università per Stranieri di Siena, Lucia Strappini. Secondo lei anche nel decennio anteriore si è pubblicato molto Tatiana Buff Corrispondente • São Paulo ma, per lei, le proposte recenti sono “più interessanti”. Uno dei motivi concerne il fatto che è aumentata molto la presenza di scrittori nati all’estero e quindi parlanti di lingua straniera che “hanno scelto di creare romanzi e poesie direttamente in italiano, abbandonando la lingua materna”. Questi sono gli autori della “letteratura migrante”. Scrittori delle più svariate origini, hanno arricchito i temi intrapresi e hanno lanciato un nuovo punto di vista sull’Italia attuale. Secondo la professoressa Elisabetta Santoro, del corso di Lingua e Letteratura Italiana del Departamento de Letras Modernas della USP, i risultati linguistici di questo movimento sono molto peculiari “visto che si rompono le barriere tra le lingue e che, nella scrittura, la lingua materna e l’italiano si mescolano, dando vita a pagine di grande effetto”. Secondo Lucia Strappini le opere degli autori migranti che hanno dato respiro alle tematiche letterarie italiane sono spesso di tipo autobiografico. Due brasiliani si distinguono in questo gruppo, secondo Elisabetta Santoro. Sono Christiana de Caldas Brito, filosofa e psicologa nata a Rio de Janeiro, con opere premiate in Italia, tra cui il libro di racconti “Amanda, Olinda, Azzurra e le altre” e Julio Monteiro Martins, avvocato e professore universitario di Niterói, autore, tra altri libri, di “L’amore scritto”, pubblicato nello Stivale nel 2007 e tema di un servizio dell’ultima edizione di gennaio di Comunità. Elisabetta Santoro Durante la conferenza è stata presentata l’antologia “Il senso narrante”, coordinata da Lucia Strappini e organizzata da Francesca Romana Andreotti e Valentina Russi (Collana Linguaggi e Culture, Ed. Guerra, 2008). Il libro riunisce opere dell’iraniano Bijan Zarmandili, residente in Italia da quasi 50 anni; della polacca Helga Schneider, e di Cristina Ali Farah, figlia di madre italiana e padre somalo. — Un’antologia come questa ci dà una visione panoramica della letteratura italiana contemporanea e ci orienta sulle tante pubblicazioni che appaiono tutti i giorni sugli scaffali delle librerie — afferma Elisabetta Santoro. Saviano Gli sguardi del mondo si rivolgono con più attenzione – anche con l’aiuto dei media – alla produzione delle case editrici italiane fin dall’esplosione commerciale e critica di “Gomorra”, di Roberto Saviano, pubblicato nel 2006 in Italia. Il best seller, tradotto in 50 paesi, ha venduto più di 1,8 milioni di copie nella penisola ed è stato trasformato da Matteo Garrone in un film di enorme successo. Con Saviano, l’onda della “rinascita” italiana ha invaso anche le librerie internazionali ma, secondo la professoressa Elisabetta Santoro, si tratta di una questione diversa rispetto a quella della letteratura migrante. — C’è un fenomeno di altro tipo nato a partire da Gomorra. Il romanzo non-fiction di Roberto Saviano e il film di Garrone hanno avuto un enorme successo, ma il valore dell’operazione non è tanto quello letterario o artistico, quanto quello della denuncia e del coraggio di parlare della Camorra, la mafia napoletana, che praticamente tutti pensavano di conoscere già, ma che invece nasconde aspetti meno noti e più vicini a noi di quanto credessimo — osserva. Elas estão de volta É o primeiro indício que a primavera se aproxima. As andorinhas começam a retornar da África. Depois de dez mil quilômetros de vôo, as aves voltam a pousar nos prados e nas árvores do norte da Itália. Pavia, Cesano Maderno oferecem excelentes plataformas e programas de observação, o chamado birdwatching. “Springalive” é o projeto europeu que coleta dados sobre a presença dos pássaros na região e todos podem participar. Para isso, basta inserir no banco de informações a data, o lugar e a espécie observada durante o birdwatching. Assim, os ambientalistas podem monitorar e estudar o comportamento das aves diante das mudanças climáticas em curso. Lucia Strappini Abril 2009 / ComunitàItaliana 49 literatura Asas à imaginação Um dos eventos mais festejados do setor literário, a Feira de Bolonha é o principal balcão de negócios de títulos infanto-juvenil da Europa ue ninguém se deixe enganar pelos títulos em exibição. A Feira do Livro Infanto-Juvenil, de Bolonha, não é só um espaço destinado às crianças, onde os pais possam levar os filhos para se divertirem no fim de semana. Trata-se de um verdadeiro mercado de direitos de títulos, negociados entre editores do mundo inteiro. A feira, realizada entre 23 e 26 de março, conta sempre com um centro para os tradutores e outro destinado aos agentes literários, uma mostra dos trabalhos de ilustradores e um espaço que promove a interseção do livro com as produções televisivas e cinematográficas, o TV/Film & Licensing Rights Centre. Nesse centro, uma das principais atividades é a negociação entre criadores e editores de novos personagens para as histórias. A editora brasileira Me- 50 lhoramentos é uma das expositoras mais antigas no evento. — Expomos aqui há 30 anos, um tempo que coincide com a história da feira. Nós somos uma das editoras brasileiras que mais faz negócios aqui. Dessa vez, fechamos mais um título do Ziraldo para o Japão. Para nós, a feira é um fórum muito importan- te — afirma o editor Breno Lerner. Por se tratar de um ramo onde as ilustrações são de extrema importância, o tema das artes gráficas recebe uma atenção especial dos organi- Il ragazzo è impegnato a crescere (Edizioni Topipittori) Autor: Roberto Denti - O que acontece quando seu pai é o diretor da escola e sua mãe uma professora? E quando sua avó não é uma simples e doce velhinha, mas um verdadeiro general com um temperamento nada fácil? E, como se não bastasse, seu irmão é o mais bonito e inteligente da turma? É óbvio: você sonha com a fuga. E talvez você não fique só no sonho, mas tente realmente embarcar numa nave de piratas, como acontece nos livros. O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas (Pallas Editora) Autor: Adilson Martins – A obra apresenta uma coleção de fábulas africanas. Uma ótima forma de educar as crianças e fazer com que os adultos reflitam mais sobre a sua conduta, numa inteligente crítica social. fecham importantes negociações que vão desde a publicação das histórias em quadrinhos - traduzidas em mais de 22 idiomas - até o contrato com redes televisivas. Durante vários meses do ano os personagens de Mauricio de Souza podem ser vistos na Rai 2, importante canal italiano, semanalmente, às 7 horas da manhã. — Para nós não existe crise – afirma o criador da famosa turma de personagens de história em quadrinhos. Tatiana Ribeiro Q Tatiana Ribeiro Especial de Bolonha zadores da Feira do Livro Infanto-Juvenil de Bolonha. Para a escritora Ana Maria Machado, que participa do evento há 31 anos, o ponto forte da participação do Brasil não é o projeto gráfico ou as ilustrações, mas os textos. — Os prêmios que o Brasil já recebeu aqui em Bolonha foram sempre pelo texto e tiveram um reflexo internacional muito bom. Fica evidente que existe literatura de qualidade sendo produzida no Brasil. A feira é uma vitrine importante, um ótimo momento para trocar ideias, ver que tipo de catálogo cada editor tem, que afinidade existe entre o autor e o editor — explica Ana Maria Machado que recebeu, em 2000, o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel da literatura infantil. O escritor Yves Hublet, brasileiro descendente de italianos, participou da feira pela primeira vez, concretizando um projeto pessoal de 25 anos. Ele propõe assuntos universais e instrutivos em suas narrativas em forma de fábulas. — Nos meus livros procuro abordar temas importantes, onde a criança vai lendo e aprendendo sem sentir – acrescenta Hublet, que mora na Bélgica há dois anos e meio. Em outro pavilhão, em um estande todo dedicado à Turma da Mônica, Mauricio de Souza e sua equipe todos os anos ComunitàItaliana Espaço brasileiro na Feira de Bolonha / Abril 2009 Abril 2009 / ComunitàItaliana 51 fotografia Visões de mundo Exposição em São Paulo apresenta o melhor da produção fotográfica brasileira contemporânea A Tatiana Buff Correspondente • São Paulo ideia de ver o mundo através dos olhos de outrem pode soar como fantasia realizada ao visitante da 17ª edição da Coleção Pirelli/ MASP de Fotografia, em cartaz até 3 de maio no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Uma pausa para conhecer a exposição, na eufórica Avenida Paulista, centro financeiro da capital, tende a significar uma viagem no tempo e no espaço. Este ano, a seleção de 80 obras de 24 fotógrafos brasileiros e estrangeiros residentes no país traz registros históricos e, muitas vezes, distantes dos centros urbanos. — A coleção Pirelli é reconhecida no âmbito da fotografia. 52 É um dos trabalhos mais duradouros deste tipo no Brasil, talvez o único, e isto a um certo ponto se transforma em uma grande força — diz a coordenadora do projeto desde 1991, Anna Carboncini, italiana radicada no país há cerca de 30 anos. Em relação às edições anteriores, além de a mostra atual acrescentar 20 fotos em comemoração aos 80 anos da Pirelli no Brasil, a comissão organizadora convidou, no ano passado, quatro consultores para colaborar na seleção. Integraram as consultorias regionais a galerista Márcia Mello, do Rio de Janeiro e os fotógrafos Orlando Azevedo, de Curitiba; Pedro David, de Minas Gerais e Tiago Santana, de Fortaleza. O grupo sugeriu artistas das respectivas regiões, com o objetivo de “enriquecer a cole- ComunitàItaliana / Abril 2009 Um registro de Milon Alram ção e aprofundar a pesquisa”, como explica Anna Carboncini. Os artistas Três gerações de fotógrafos compõem o panorama imagético da 17ª edição da Coleção Pirelli/ MASP. São artistas nascidos entre 1910 e 1920, nos anos 1940 a 1950 e de 1960 a 1980. No fio cronológico, Voltaire Fraga (19112006), de Salvador, capta em preto e branco um modus vivendi inteiramente alheio aos bruscos modos sociais modernos. Como se fosse possível tocar certa fábula de delicadeza, consumada no banal cotidiano por ele retratado, sem prender-se aos limites não menos paradisíacos do cenário, a Bahia. Da mesma geração, os instantâneos de Helmuth Wagner (1924-1988) exploram geometrias estruturais e remetem ao efeito obtido pelo singular M.C. Escher (1898-1972), artista gráfico holandês. Em vertente diversa, o parisiense Milan Alram (1926), residente no Rio, trabalhou para as principais agências publicitárias das décadas de 1940 a 1970, documentando os “anos dourados” e o charme da bossa nova na Cidade Maravilhosa. A moda e o fotojornalismo assinalam sua relevância histórica e artística com registros personalíssimos, de técnica apurada. São nomes reconhecidos internacionalmente como Gui Paganini, Jacques Dequeker, Nani Gois, Barbara Wagner – com a fogosa série Brasília Teimosa, realizada no bairro de mesmo nome em Recife -, Ricardo Labastier, Anderson Schneider e o mestre mineiro Rui Cezar dos Santos. Ao longo da exposição, obras de fotógrafos de apelo mais intimista operam como veículo de expressão de interiores ora luminosos, ora divertidos, bucólicos ou dramáticos. O mineiro José Faria, autodidata que opta pelo experimentalismo, faz fusões e sobreposições e cria imagens poéticas e oníricas. Rogério Ghomes e Felipe Hellmeister, ambos de gerações mais A partir da esquerda, imagens de Rui Cesar Santos, André François e Milon Alram. Abaixo, uma obra de José Faria recentes, se apresentam com composições instigantes. Diante delas, é preciso parar e olhar com atenção para perceber o sublime do exato instante congelado. Ghomes teve seu triplo quadro intitulado Olhaí, justamente traduzido para o inglês como Consider. A série de fotos de Hellmeister, chamada É doce Morrer no Mar, parece reverenciar os pintores Francis Bacon (1909-1992) e Lucien Freud (1922), tal a energia expressiva da deformação. Contemporâneos, Zé Frota e Rodrigo Zeferino incluem a distorção como ferramenta em seus trabalhos, com resultados diversos. Neles, o foco é a realidade jornalística das periferias. De efeito cinematográfico, utilizando lentes especiais, os registros de Fausto Chermont, de São Paulo, passeiam por paisagens gráficas exuberantes, a fixar o olhar do observador em alegorias imagéticas. A exploração fotográfica da abstração geométrica, inédita na Coleção Pirelli/MASP, cabe a Ana Vitória Mussi, cuja obra representa “a mais significativa ruptura estética desta edição”, segundo os organizadores. A fotógrafa, ca- tarinense de Laguna, estudou serigrafia nos fim dos anos 1980 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Costuma expor no Brasil e no exterior. Outro marco deste ano é a “exposição dentro da exposição” de André François, paulistano de 44 anos, que realiza documentários na área da saúde desde 2005. Os 20 registros estão em uma área especial, criada pelo Conselho Curador. O fotógrafo aborda a questão da humanização da medicina e a busca dos cidadãos de regiões ainda remotas, como a Amazônia, por tratamento médico. Entre o choque e o afeto, os instantâneos pronunciam o que há por fazer nessa área. François, autor dos livros Cuidar, Um Documentário sobre a Medicina Humanizada no Brasil e A Curva e o Caminho, Acesso à Saúde no Brasil, recebeu o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) para levar seu projeto a outros países. Mundo à parte Zig Koch, arquiteto curitibano que mergulhou na fotografia desde a adolescência, extrai da natureza imagens literalmente mágicas, empregando recursos aparentemente simples, mas raros, como a paciência. Na foto de um macaco, por exemplo, a impressão primeira é a de um desenho magnífico que quase leva à suspeita de que o primata “quis” posar. Koch trabalha para grandes publicações nacionais e internacionais especializadas e atua nas organizações não-governamentais WWF e SOS Mata Atlântica, entre outras. Em linha semelhante, o engenheiro e fotojornalista Zé Paiva, de Porto Alegre, ganhou espaço na mostra com retratos da serra gaúcha, a um só tempo documentais, encantadores e, por que não, vocativos de certo bucolismo. No mesmo espírito se enleva a fotografia autoral de André Paoliello, cujas obras selecionadas parecem deslizar ora sobre a névoa, ora sob o céu e a vegetação sedutores dos litorais. Ainda sob a égide da fantasia – agora humana, demasiado humana – a presença da renomada Abril 2009 / Vânia Toledo evoca o universo das celebridades, do erotismo e puro hedonismo. Um dos instantâneos traz uma das “tigresas” dos anos 1970/80, a cantora Gal Costa, no ápice da glória e graça. Tão consolidado quanto Vânia, Bob Wolfenson aparece na seção final da mostra com o inusitado ensaio “A Caminho do Mar”, com registros metalizados e obscuros capturados desde a rodovia que passa por Cubatão, cidade uma vez considerada ecologicamente morta. SERVIÇO: Coleção Pirelli/MASP de Fotografia – 17ª Edição. MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Av. Paulista, 1.578 - Cerqueira César - São Paulo – SP. Horário: terçafeira a domingo e feriados, das 11h às 18h; quinta até 20h. A bilheteria fecha uma hora antes. Ingresso: R$ 15 (inteira) e R$ 7 (estudante), gratuito às terças-feiras e diariamente para menores de 10 anos e maiores de 60 anos. Informações: (11) 3251-5644. ComunitàItaliana 53 artes F enômeno que ocorre principalmente nas grandes cidades, o smog é uma mistura de gases, fumaça e vapores de água que formam uma grande massa de ar carregada de poluição. Costuma irritar os olhos e adoecer os pulmões. Graças, porém, ao artista italiano Alessandro Ricci, o maléfico smog está virando sinônimo de arte. É com essa sujeira do ar, respirada por ele e os habitantes de Florença, onde mora, que Ricci cria seus quadros. Neles, retrata paisagens e cenas urbanas que podem ser vistas na mostra em exposição no museu florentino Ginger Zona di Scandicci. O escapamento de um carro em movimento, a chaminé das indústrias e das fábricas e a chuva ácida que mancham de negro os mármores brancos dos monumentos espalhados pela cidade produzem os elementos fundamentais da pintura de Ricci. O smog que provoca mal estar nas pessoas chega “plasmado” na telas do artista. Formado em ciências naturais, Ricci decidiu aplicar nas telas as partículas em suspensão depositadas em monumentos, persianas e fachadas dos prédios. Resumo da obra: ele pinta com o que se respira, expressa o que vê. Para recolher a matéria-prima básica dos seus quadros, o artista sai de casa com uma escada e sobe nas estátuas de mármore branco enegrecidas pela sujeira urbana. — Eu passo um pano úmido nas superfícies que encontro pelo caminho e capturo o material que será usado como a base para a minha tinta — explica Ricci. Quando poluição vira arte Artista italiano usa smog para pintar quadros em protesto contra a poluição Guilherme Aquino Correspondente • Milão Quadro intitulado “Luna di Periferia” 54 ComunitàItaliana / Abril 2009 Ao longo da operação de coleta, ele já sabe onde encontrar as diferentes tonalidades do smog. Nas vias mais estreitas, engarrafadas, as partículas em suspensão são mais escuras. Já nas ruas com menos tráfico, a sujeira do ar é mais clara. Do preto escuro ao cinza claro é possível se obter, segundo ele, apenas na diferença de alguns quarteirões. O artista começou a pintar com smog, por acaso, dois anos atrás. Ele realizava, para o laboratório da Universidade de Florença, uma analise química de amostras de aerosol pelas ruas da cidade. Durante o trabalho, Ricci sujou o braço de preto ao se esfregar numa fachada. Pintor amador, ele decidiu unir a técnica e a ciência ao protesto contra a poluição do ar. No começo, o artista conseguia as partículas junto ao Centro Nacional de Pesquisa, em Sesto Fiorentino, órgão responsável pelo monitoramento das condições atmosféricas da cidade. Depois, o pintor começou a ir ele mesmo buscá-las nas ruas. O atelier de Ricci é num cômodo da casa onde vive. Nas horas vagas, ele separa as partículas escuras absorvidas pelos panos e cotonetes que deixa na mesa de jantar. O artista não usa pinceis e nem tintas coloridas. No lugar deles está um palito enrolado com algodão e o smog. O artista “suja” a tela branca com a poeira e depois a limpa com algodão úmido criando os desenhos, delineando as formas e as imagens que irão compor o quadro. No final, Ricci usa um fixador especial para colar as partículas no quadro. As tonalidades vão do branco ao preto, passando por diferentes tons de cinza. A realidade, em preto e branco, surge nas formas de prédios, carros, condomínios de periferia, além de famosos cartões postais de Florença, como a catedral de Santa Maria del Fiore, pontos de atrações turísticas, manchados pelo ar poluído. Algumas imagens abstratas também são pintadas por Ricci. Por enquanto, ele só não ousou pintar os pulmões de quem respira o smog. — Falta ainda retratar as conseqüências dessa poluição no nosso corpo — diz ele. E se depender do andar da carruagem, o artista vai ter sempre à disposição as suas “tintas” gratuitas. Mesmo sendo considerada uma cidade de arte, Florença sofre, e muito, os efeitos da poluição. Segundo a Legambiente, importante ONG italiana, em 2008, os habitantes viveram 101 dias com o smog acima do limite máximo permitido pela lei: o valor PM10 por 35 dias ao ano. A mesma ONG alertou que, nos últimos três meses, a população florentina respirou, durante 27 dias, um ar que coloca em risco a saúde pública. design Made in Rio Pela primeira vez, designers fluminenses realizam exposição durante o Salão Internacional do Móvel em Milão A Sílvia Souza Cadeiras, luminárias, bolsas, jóias e mesas de escritório são algumas das peças que serão expostas na feira italiana. Muitas delas aludem diretamente à cidade do Rio de Janeiro. Faz parte do grupo, por exemplo o arquiteto Guto Índio da Costa, responsável pelos quiosques que adornam a orla de Copacabana. TT Leal é uma das fundadoras da Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha, a Coopa-Roca. O trabalho das costureiras da Rocinha freqüenta muitas lojas elegantes de Ipanema. O designer Gilson Martins é o autor das bolsas que reproduzem o Corcovado e o Pão de Açúcar, dois dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro. Além deles, dividirão o espaço de mais de 100 metros reservados ao Rio de Janeiro, em Mi- Telenovela della Record, che parla di mafia, riporta in Italia l’attore Nicola Siri lão, artistas como Sérgio Rodrigues, Mendes Hirth, Fred Gelly, Jaakko Tamela, Claudia Moreira Salles, Taciana de Abreu e Silva, Marcela Albuquerque, Carlos Simas, Marcos Oliva, Thiago Maia, Carlos Alcantarino, Fernando Ja- ta por membros do Conselho Consultivo de Design, que integra o programa Rio é Design, da secretaria. As peças ficarão expostas no espaço Porticato, no Palazzo Affari ai Giureconsulti, ao lado do Duomo, na Piazza Mercanti. Considerado um dos eventos mais importantes do setor moveleiro mundial, o Salão do Móvel de Milão chega a sua 48ª edição e reúne artistas de todas as partes do mundo. O objetivo é apresentar tecnologia, cultura, inovação e tendências do setor. Neste ano, uma mostra especial contará Objetos de Carlos Cantarino e equipamentos de Índio da Costa eger, Angela Carvalho e Maria Helena Torres. De acordo com a Sedeis, a seleção dos designers e das peças que seguiriam para a Itália foi fei- a história do design italiano através da evolução dos móveis da antiguidade até os dias atuais. Além da projeção no exterior, a intenção com a participação brasileira é promover a competitividade de empresas nacionais que miram o mercado externo. C ompletamente adattato in Brasile dove vive da sei anni, l’attore Nicola Siri, autentico genovese, ha avuto un’opportunità unica l’anno scorso. Scelto per interpretare l’avvocato Paulo nella nuova telenovela delle 22.00 della rete televisiva Record, Siri è tornato in Italia. Era la prima volta che tornava nel suo paese per lavorare. La produzione brasiliana l’ha portato in Sicilia, dove sono state girate le scene iniziali di Poder Paralelo, storia di Lauro César Muniz creata dal libro Honra ou Vendetta, di Silvio Lancelotti, che presenta la mafia come punto di partenza della trama. — Ero già stato in Italia per girare un corto. Ma tornare al lavoro in una telenovela è speciale perché il Brasile è primo al mondo nel genere. Per tre settimane, a Palermo, le giornate sono state intense. Sono stato molto felice di poter aiutare la troupe con la lingua e nei problemi più semplici — commenta Siri, 40 anni, che così come il suo personaggio, ossia il braccio destro del Sílvia Souza protagonista Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes), ha seguito i passi del regista Ignácio Coqueiro da vicino. Prevista per andare in onda la terza settimana di aprile, Poder Paralelo comincia con un attentato. La vittima è Tony, brasiliano di origini italiane che vive a Palermo, sospetto di essere legato alla mafia. L’ordine di ucciderlo viene intercettato da un “delegado” della Polícia Federal brasiliana, Téo Meira (Tuca Andrada), capo dell’operazione che indaga una potente rete del narcotraffico. Il “delegado” evita che Tony muoia, ma non riesce a salvare sua moglie, Marina (Daniela Galli) e le due figlie gemelle. Tony scopre che il piano è partito dal Brasile e ritorna alla sua terra natale disposto a vendicarsi. — Non si sente il limite tra la storia di Silvio e la mia. Siamo stati molto attenti a fare questa fusione. Le azioni del crimine organizzato guidano la suspense sul coinvolgimento o no di Tony in questo schema — spiega Muniz. Se subito agli inizi della telenovela si vuole lasciare confusi i Nicola Siri (a destra) in scena come Paulo telespettatori per ciò che riguarda la personalità di Tony, il personaggio di Siri riveste un ruolo importante in questo gioco: — Il mio personaggio è un italiano sposato con una brasiliana. Funziona come facilitatore e consigliere di Tony e, come lui, sarà sotto tensione quando ci sarà il dubbio sul suo coinvolgimento con la mafia. È Paulo ad occuparsi degli affari di Tony e quando questi decide di tornare in Brasile, Paulo va con lui — spiega Siri. — Sono entusiasta perché la storia è un romanzo che parlerà del mio paese. Ma spero che non percorra gli stereotipi costruiti negli anni ’60. Questa è una chance di sfug- gire dall’Italia che molti conoscono in Brasile, che è quella di Peppino di Capri. Il regista ha voluto che tutto rispecchiasse la realtà che gli italiani vivono oggi. Il lavoro che ha avuto dietro alle cineprese come una specie di aiuto regista ha risvegliato nell’attore la voglia di provare altri lavori di questo tipo. Come regista, si capisce. Per Siri, la Sicilia e la Sardegna sono le regioni “più belle d’Italia”. Ma il gruppo non ha avuto molto tempo per andare in giro: — Credo che tanto in Sicilia come in Sardegna la semplicità della vita e la valorizzazione delle piccole cose di tutti i giorni siano più preservate che in altri luoghi in Italia, per questo ne sono rimasto affascinato. Ma l’unico posto dove ho potuto portare dei colleghi è stata la Valle dei Templi, ad Agrigento. Oltre a questo, solo a ristoranti. Già in Brasile la produzione ha scelto la città di Serra Negra, nell’interno di São Paulo, come set che simula la continuazione dei fatti iniziati in Italia. Secondo il regista, degli angoli del luogo sono propizi a dare immagini di montagne uguali a quelle viste nello Stivale. A Rio de Janeiro, dove sono gli studi della tv, è stata messa in piedi una città scenografica per il resto della trama. Nella telenovela il principale legame tra il Brasile e l’Italia sarà intrecciato grazie alla relazione tra la giornalista Lídia (Mirian Freeland) e Tony. Edu Moraes/ Record capital mundial do Design e das inovações será palco da exposição Rio + Design durante o maior evento do setor, o Salão Internacional do Móvel 2009, que ocorre entre os dias 21 e 27 de abril, em Milão. Graças a uma parceria entre a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro (Sedeis), Sebrae/RJ, Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio e Indústria e Agência de Promoção de Milão (Promos Milano), 18 designers cariocas “invadirão” a capital da Lombardia para mostrar seus produtos. Di ritorno alle origini televisione 56 ComunitàItaliana / Abril 2009 Abril 2009 / ComunitàItaliana 57 Firenze italian style Giordano Iapalucci Hora certa Relógio da coleção Twirl Heart com caixa em ouro amarelo e diamantes. A pulseira é em aço com a inicial da marca estampada. O modelo digital em ouro rosa é da Collezione I-Gucci. Preço sob consulta no site www.gucci.it Vademecum per il turista 58 ComunitàItaliana / I Medici e le Scienze I l 15 maggio prossimo sarà inaugurata la mostra sugli strumenti e macchine scientifiche delle collezioni della famiglia dei Medici presso il Museo degli Argenti (Palazzo Pitti). In particolare Cosimo I e Ferdinando II svolsero un ruolo molto importante nelle discipline fisico-matematiche. Non si limitarono alla sola attività politica del Granducato di Toscana ma si resero conto dell’importanza che la conoscenza scientifica rivolgeva nell’attività di controllo tecnologico e nella stessa solidità che questa poteva portare nel prestigio del potere politico. Ingresso euro 12. Orario di apertura dal martedì alla domenica dalle 8.15 - 18.50. Rotisserie Esta máquina com espeto giratório assa até os produtos congelados. Cozinhar se torna uma diversão com o My Rotisserie Elite, o novo sistema de churrasqueira portátil, prática e fácil de utilizar. € 89,90 www.dmail.it Adega Proteja a qualidade dos seus vinhos em condições ideais. Esta adega oferece a temperatura adequada para a conservação da bebida. Bonita, elegante e silenciosa pode ser o presente ideal para aquele amigo apaixonado por vinhos. Capacidade para 16 garrafas e display digital. € 149,90 www.dmail.it I profumi di Boboli A Il volto di Michelangelo C asa Buonarroti, il 7 maggio prossimo, inaugurerà una mostra dal titolo “Il volto di Michelangelo” sui ritratti e le raffigurazioni fatti allo stesso genio che proprio perché non amava ritrarsi né farsi ritrarre risulta essere molto originale. Durante l’esposizione, il visitatore, ne potrà vedere in forma originale addirittura quattro tra cui quelli di Giuliano Bugiardini e di Jacopino del Conte. Interessante anche la parte conclusiva della mostra che mette in evidenza un ritratto interiore dell’artista attraverso descrizioni sotto forma di scritti e di rime. L’esposizione rimarrà aperta fino al 30 luglio. L’ingresso è di 6,50 euro con orario che va dalle 9.30 alle 16.00. Abril 2009 rrivata alla sua terza edizione, la rassegna dal nome “I profumi di Boboli”, propone prodotti di grande ricercatezza e risultati di antiche ricette messi in pratica da erboristi e da profumieri artigianali della regione. Si potranno così incontrare cosmetici preparati con ingredienti naturali come frutta, fiori e olio di oliva. Di grande rilevanza anche la parte dedicata alle tisane, infusi, saponi e oli essenziali. Per i più giovani sono presenti percorsi olfattivi organizzati dalla libreria Cappello di Merlino che si occupa proprio di ragazzi. Per chi, invece, ritiene di avere il pollice verde non deve perdere la dimostrazione di decorazione floreale dove sarà possibile interagire e cimentarsi personalmente con gli ornamenti. Dal 7 al 10 maggio. Ingresso gratuito. Prada para homem Em biqueira redonda, couro branco e sola de borracha, a Prada oferece este sapato esportivo para homens de alto poder aquisitivo. R$ 933 www.raffaellonetwork.com Fotos: Divulgação a città di Firenze sta cercando di metter mano alla sensibilizzazione e all’educazione verso quegli equilibri che intercorrono tra i propri cittadini e i flussi turistici che nella città del rinascimento superano i 9 milioni l’anno. È stato così varato il decalogo dell’eco-turista ed ho pensato di proporvelo per sapere cosa ne pensate ([email protected]): 1 - Informatevi sulle regole per un turismo migliore che salvaguardi la qualità ambientale; 2 - Non sporcate la città e non danneggiatela: niente scritte e chewing gum sui muri, cartacce per terra, arrampicate su opere d’arte, bottigliette e carte lasciate a giro; 3 - Scegliete prodotti con confezioni riciclabili e con poco imballaggio; 4 - Non sprecate risorse come l’acqua, soprattutto in estate, sia durante il soggiorno in albergo sia durante la visita alla città; 5 - Utilizzate trasporti ecocompatibili, privilegiando soprattutto i mezzi pubblici; ideali sono anche la bicicletta e i mezzi elettrici che possono essere noleggiati in diversi luoghi della città; 6 - Rispettate la cultura, la città, i suoi abitanti; ad esempio, assumete comportamenti consoni nelle chiese, che sono soprattutto luoghi di culto e non fate confusione a giro per la città, specialmente di notte; 7 - Preferite prodotti e ristoratori che propongono alimenti tipici o comunque coltivati con metodi biologici, a basso impatto ambientale; così avrete modo di comprendere meglio tutti gli aspetti della cultura toscana. 8 - Informatevi sulle strutture pubbliche a vostra disposizione, come le piste ciclabili e le fontane dell’acqua potabile. In accordo con gli albergatori aderenti a questo progetto, il CIAL (Consorzio Imballaggi Alluminio) vi offre un’utile borraccia in alluminio riciclato che potete riempire nelle fontane e riutilizzare ogni volta che volete. 9 - Provate percorsi alternativi, in modo da alleggerire quelli più sfruttati e ricordate che Firenze è ricchissima di altri straordinari musei oltre agli Uffizi e all’Accademia. Se possibile, viaggiate fuori stagione per non contribuire alle congestioni e agli affollamenti: la scelta di un periodo diverso permette anche di apprezzare meglio la città e le sue bellezze. 10 - Scegliete strutture ricettive impegnate nella salvaguardia dell’ambiente e garantite dalla certificazione dei Marchi di Qualità ecologica. Os produtos mencionados estão disponíveis no mercado italiano. L De prata Bracelete com motivos geométricos da marca italiana Salvatore Ferragamo. € 350 www.salvatoreferragamo.it Abril 2009 / ComunitàItaliana 59 il lettore racconta ximar-se de Do desejo de apro tar por o ofício de lu a es íz a r as su que dos italianos representação Itália. O jovem vivem fora da um dos que Rafael Petrocco é falar sabilidade de n o esp r a ve te os novos italian em nome dos a realizada em em conferênci ento do. Em depoim passa o r b em ez d via Souza à repórter Sil M eu nome é Rafael Petrocco, tenho 27 anos e moro em Campinas, interior de São Paulo. Meus avós vieram de Carpineto della Nora, Abruzzo, em 1952, trazendo seus 8 filhos. Desembarcaram em Santos e foram para São José do Rio Pardo para trabalhar na plantação de café. Depois, se mudaram definitivamente para Campinas. Aqui no Brasil nasceu o 9º filho - meu pai. Apesar da proximidade da família, nós (filhos e netos) nunca tivemos muito contato com a cultura e com a língua italiana, já que foi necessário se adaptar ao Brasil para continuar a vida. Um tio, porém, reatou o contato com os irmãos de meu avô e, assim, aos poucos, fomos nos reaproximando. Alguns dos meus tios voltaram para rever os parentes e reviver a história, e alguns primos da Itália vieram nos visitar. Primeiro, a aproximação se deu entre os mais velhos, com encontros realizados na casa da nonna. Em 2006 vieram também os filhos dos primos, jovens com 17 e 16 anos. Foi nesse momento que percebemos que alguma coisa poderia acontecer. Era a primeira vez que tínhamos contato com a nova geração, e esse contato nutriu a vontade de um dia ir para a Itália. Eu e mais dois primos iniciamos um curso de 60 ComunitàItaliana Sapori d’Italia atualidade / Nayra Garofle Sucesso globalizado Muzzarella de búfala é a base dos pratos de uma rede de restaurantes italianos que chega ao Brasil italiano, e um ano depois realizamos nosso sonho: conhecer a cidade onde meu avô nasceu. Durante o curso, e antes da viagem, meu tio mais velho, que é presidente de uma associação, me convidou para participar de conferência de jovens no Chile, já que sou formado em Design Gráfico e sempre trabalhei com comunicação. Felizmente, a minha participação foi bem vista e eu gostei do ambiente, da amizade, do contato com outras culturas, e logo em seguida surgiu um projeto que se encaixaria no meu objetivo profissional daquele momento. Infelizmente, no Brasil, a região de Abruzzo não tinha nenhuma atividade voltada para o jovem, e a experiência do encontro nos motivou a iniciar uma atividade. Junto com outros cinco colegas, organizei um grupo de jovens chamado Giovani Abruzzesi in Brasile, o GAB (www.abruzzo.org.br/gab). Para essa tarefa, tivemos ajuda da Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile (Feabra). E além da conferência em 2006, realizada no Chile, a associação levou jovens para outras duas conferências: em 2007, na Argentina e, em 2008, no Canadá. Participar dessas atividades me abriu as portas para a comunidade italiana em geral. E uma das portas abertas me levou aos projetos e eventos realizados pelo Comitato degli Italiani all’estero (Comites). Fiz parte da comissão organizadora da conferência em São Paulo, junto com outros jovens, sendo convidado a participar da delegação brasileira que representaria o país em Roma. Abril 2009 A Conferência dos Jovens Italianos no Mundo foi o maior e mais importante prova de que podemos participar dessas mudanças, realizada com o objetivo de ouvir os jovens. Essa conferência teve uma dimensão muito maior do que outros encontros que participei, a começar pela preparação feita antes da viagem. Os temas debatidos, o nível dos participantes e a política que envolve um evento como este, teriam me causado a mesma sensação do que se nunca tivesse participado de nenhum outro encontro. Foi um elo com meu passado definitivamente recuperado. Foi sensacional ver a experiência da delegação brasileira em compartilhar, aprender quais são as realidades nas diversas regiões do país. Mesmo a delegação se encontrando pela primeira vez no aeroporto de São Paulo, pronta para o embarque rumo à terra de nossos antepassados, a sinergia foi instantânea. Agora, com muito orgulho, presido o Comitê da Associação dos Jovens Italianos no Mundo (AGIM). Em todo o globo são mais de 2300 inscritos e tenho a certeza de que no Brasil, através de transparentes atos que promovam a cultura, cada vez mais jovens descendentes vão se interessar por aprofundar suas relações com a Itália. Na minha família, por enquanto, fora eu e meu tio, nenhum outro parente mergulhou nesse universo, mas sinto que todos se sentem orgulhosos de ver que ainda lembramos de nossa origem e que trabalhamos para que não seja perdida. R io de Janeiro - Depois de 80 unidades espalhadas pelo mundo, o Fratelli la Bufala chega ao Rio de Janeiro, mais precisamente ao Leblon, um dos bairros mais charmosos da cidade. A rede foi criada por três irmãos originários de Salerno, província italiana da região da Campania. A história do Fratelli la Bufala começa quando Giuseppe, Antonio e Gennaro dissolveram o negócio de família - produção de mozzarella de búfala - para tentar a sorte em outros ramos. Giuseppe partiu para Nova Iorque, onde trabalhou como pizzaiolo até abrir sua própria casa italiana. Atestado o grande sucesso, os outros dois irmãos seguiram o caminho e se juntaram a ele na empreitada. E a matéria-prima do antigo negócio da família voltou a estar presente na vida dos irmãos La Bufala, como são conhecidos. Na Itália não há uma cidade que não abrigue um Fratelli. O primeiro foi aberto em Nápoles, há três anos. Atravessando as fronteiras italianas é possível encontrar o restaurante na Inglaterra, Espanha, Áustria, Suíça, Alemanha e há projetos em andamento em Dubai, Tóquio e Moscou. Seguindo o conceito da rede, a ideia inicial da franquia carioca era servir apenas carne de búfalo e queijo de búfala. Porém, houve mudanças. — Adaptamos nosso cardápio de acordo com o gosto do brasileiro e o carioca, em geral, come muita carne bovina — explica um dos sócios do negócio do Rio, Paolo Mantovano, natural de Napoli, de onde já conhecia os irmãos La Bufala e que teve a iniciativa de trazer a cadeia de restaurantes para cá. — Temos fornecedores que importam os produtos que precisamos para garantir o autêntico sabor italiano. Quem comer aqui terá a mesma qualidade encontrada em todas as unidades do Fratelli pelo mundo. Na cozinha, o chef italiano Enzo Rigo prepara delícias como Prosciutto Pata Negra ou San Daniele (com focaccia), mil folhas de peixe espada flambado com bresaola de búfala, rúcula, molho panna levemente picante e salsinha. São tantas opções que o próprio Mantovano fica na Ingredientes: 1 kg batatas cozidas e amassadas; 300 g farinha de trigo; 1 ovo. Ingredientes para o molho: 2 dentes de alho; 4 colheres (sopa) azeite extra-virgem de oliva; 1 caixa de molho de tomate fresco; 3 folhas de manjericão alfavaca (de folha grande); 150 g de mussarela de búfala fresca; 60 g de queijo parmesão ralado. Modo de preparo: Refogar os dentes de alho com o azeite até ficarem dourados, retirá-los e colocar o molho de tomate. Cozinhar por dois minutos, salgar e agregar a mussarela cortada em cubos, o queijo parmesão e as folhas de manjericão. Reservar. Cozinhar os gnocchi em água fervente previamente salgada até eles boiarem. Neste momento, os retiraremos da água com a ajuda de uma espumadeira para junta-los ao molho reservado. Colocar em recipientes refratários e decorar com tomatinhos frescos e manjericão. dúvida para escolher seu prato preferido que acaba sendo o gnocchi de ricota de bufala com tomatinhos frescos, manjericão e mozzarella. O restaurante carioca tem 90 metros quadrados e uma arquitetura que mistura aço, vidro, muita madeira de demolição e mármore. O projeto de Roberto Tuorto segue o padrão internacional com pequenas adaptações para adequá-lo ao nosso clima tropical. Com um cardápio de dar água na boca e uma carta de vinhos selecionada, os 80 lugares oferecidos pelo restaurante estão sempre ocupados. O sucesso do Fratelli la Bufala carioca empolga os donos a abrir mais restaurantes pelo Brasil. Há planos para levar a rede a São Paulo, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte. Rafael Petrocco, Campinas - SP - 27 anos Mande sua história com material fotográfico para: [email protected] Gnocchi la Búfala O restaurante fica no Leblon, coração da zona sul carioca Serviço: Fratelli la Bufala – Rua General San Martin, 1196 Leblon – Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2512-7455 Abril 2009 / ComunitàItaliana 61 La gente, il posto Claudia Monteiro de Castro Golfo dos poetas A costa da Ligúria é uma das mais bonitas da Itália, com águas cristalinas, cidadezinhas pitorescas e colinas. Um dos trechos da costa lígure é conhecido A como Golfo dei Poeti, que vai da cidadezinha de Lerici até Portovenere. Foi batizado assim pois era amada por escritores e poetas como Shelley, Lord Byron, Petrarca e Montale. Os genoveses Itália é um pequeno mundo. Cada região tem a sua culinária, a sua paisagem, o seu dialeto e seus habitantes com características peculiares. Estereótipos, é claro, mas às vezes acabam sendo confirmados. Os romanos são famosos por serem extrovertidos e às vezes vulgares. Os napolitanos, malandros. Os sicilianos, ciumentos. Os genoveses, por sua vez, são famosos pela mão fechada - não a abrem nem para cumprimentar as pessoas. Em italiano coloquial, avarento é tirchio. Dizem isso não só dos genoveses, mas dos lígures em geral, os habitantes da região de Ligúria. A fama é esta, mas é difícil saber se é verdade ou não. O lígure se defende dizendo que não é pão duro, que é oculato, ou seja, econômico, parcimonioso, que não gosta de desperdício. A explicação para isso é histórica, o fato da tradição de Gênova ser uma cidade de mar. Os comerciantes eram habituados a avaliar com cuidado o valor da moeda. Outra característica que dizem ter os genoveses é que eles nem sempre são acolhedores, que são muito fechados. Coincidência ou não, pude ver isso num restaurante em Rapallo. Estava com uma amiga brasileira. Ela entrou no restaurante e perguntou em inglês se tinha lugar. Resposta negativa. Dois minutos depois, improvisei meu melhor sotaque genovês (o brasileiro falando italiano é ligeiramente parecido) e eles conseguiram uma mesa pra mim. Minha amiga ficou furiosa. Não se conformava que não tinham dado a mesa para ela, e para mim, falsa genovesa, sim. 62 Lord Byron, que além de poeta era exímio nadador, em 1822 realizou o feito de atravessar toda a baía a nado para encontrar dois amigos escritores que moravam do outro lado, na Villa Magni: Percy e Mary Shelley, ele poeta e ela, autora do famoso livro Frankenstein. Lerici, uma das cidades do golfo, é uma graça, com seu castelo genovês e seus prédios coloridos com fachadas pintadas com a técnica de trompe l’oeil, causando ilusão de ótica. No centro do Golfo fica a cidade de La Spezia, um porto comercial. Portovenere, do outro lado, é belíssima com sua esplêndida igreja de San Pietro. Ainda fazem parte do Golfo dei Poeti os simpáticos vilarejos de Tellaro e San Terenzo e três ilhazinhas: Palmaria, Tino e Tinetto. ComunitàItaliana / Abril 2009 Pedimos uma deliciosa massa ao pesto. Que em Gênova é o melhor do mundo. E depois de saciadas, com overdose de pesto e vários copos de vinho branco, minha amiga relaxou. Pão duro ou não, pouco acolhedor ou não - estereótipos à parte, a verdade é que a Ligúria é uma maravilha. E ainda para entrar no clima dos genoveses, pedimos até um desconto na hora da conta. atualidade Cannoniere? Como nonno fazia Bruno de Lima esporte Futura promessa del Vasco, Philipe Coutinho è già stato venduto all’Inter di Milano e parte per l’Italia l’anno prossimo? n ragazzo di 16 anni, carioca, a cui piace il mare, è del Vasco e ama giocare a calcio. Qualcosa fuori dal normale? No, se questo ragazzo non avesse come destino un futuro brillante sui campi italiani dal secondo semestre dell’anno prossimo, quando diventerà maggiorenne. Philipe Coutinho, che si allena nel Clube de Regatas Vasco da Gama, è già stato venduto all’Internazionale di Milano a circa 10 milioni di reais. Nel frattempo sogna di giocare una partita al Maracanã con la squadra principale del suo club. In fondo il suo tesserino è stato venduto senza che prima avesse giocato nessuna partita con la squadra professionista di São Januário. A casa è chiamato Philipinho. Sui campi, dove è praticamente una mascotte, Coutinho. Oggi il giovane calciatore è una delle maggiori promesse del Vasco. Infatti partecipa agli allenamenti della squadra principale e il tecnico in persona, Dorival Júnior, dice che giocherà presto. — Dobbiamo stare attenti con un atleta come lui, cercare di metterlo in campo nel miglior momento possibile affinché la squadra possa dargli tutto l’appoggio necessario — afferma Dorival Júnior parlando dell’attesa “prima” dell’adolescente tra i “grandi”. Timido, senza sapere cosa dire, Coutinho sembra non avere an- 66 cora coscienza del futuro promettente che circonda i suoi scarpini. Per ora trasmette una grande tranquillità, tipica di chi sta sempre con la famiglia accanto. — Dovunque io vada, mio padre viene con me. La mia famiglia si sta preparando per abitare con me in Italia e accompagnare da vicino l’Inter. Non la vedo come una cosa negativa, al contrario, voglio proprio che rimangano vicini a me — rivela l’adolescente che si è già allenato con il suo nuovo club in Italia tre volte per ambientarsi. E non sono solo i genitori a partecipare attivamente alla routine del calciatore. Coutinho è il più piccolo di tre fratelli, e ci sono 19 anni di differenza tra lui e il più grande, Cristiano. Quando può, Cristiano si prende sempre la responsabilità di accompagnare il fratello più piccolo agli allenamenti. I due, i genitori e il fratello di mezzo, Leandro, 31, studiano italiano insieme due volte alla settimana. Tra gli idoli di Coutinho, Kaká è il primo della lista. Ma il sogno di giocare accanto a lui dovrà essere rimandato visto che l’Inter è una delle maggiori squadre rivali del Milan. — Non c’è problema. Il mio sogno, quello vero, è giocare con ComunitàItaliana / Abril 2009 lui nella nazionale brasiliana. Non dovrei fare grandi cose. Io gli passerei solo il pallone e lui farebbe il resto — dice con un tono da fan, senza rendersi conto che lui stesso potrà diventare un idolo internazionale in pochissimo tempo. A sei anni Coutinho già giocava nel campetto del condominio dove abitava, nel Rocha, zona nord di Rio. È stato il nonno di un amico ad avvisare i genitori che quel ragazzino sembrava un cannoniere. Così Coutinho è andato ad una scuola di calcio nel Clube dos Sargentos e poi è entrato nella squadra della Mangueira. — A sette anni mi hanno dato il tesserino per giocare nella Liga de Futsal dello Stato — racconta il giovane che, essendo stato cannoniere della stagione, è stato invitato a giocare nel Vasco. Nella categoria Fraldinha [Pannolino], nel 2000, Coutinho ha conquistato il bicampionato della Liga de Futsal [Calcetto] con il Vasco. Ha cominciato a giocare sui campi d’erba e ha conquistato un titolo dietro l’altro. È stato campione carioca nel 2004 nella categoria under 12, nel 2005 per quella under 13 e nel 2006 con la under 14. Senza contare la conquista della 1ª Copa do Brasil nella categoria under 17, realizzata nel 2008. Dovuto ad una decisione della commissione tecnica, nel 2006 ha cominciato a giocare come centrocampista. Da quel momento ha cominciato a diventare più intimo della maglietta 10 e sono iniziate a piovere le prime convocazioni per difendere la Nazionale Brasiliana e così sono arrivati altri titoli: nel Torneo Internazionale in Spagna per la categoria under 14; nel Sudamericano under 15 e, nel 2008, già come giovanile, nel Torneo Internazionale della Spagna. L’invito per allenarsi accanto ai professionisti è arrivato nel settembre dell’anno scorso. — Per ora voglio solo pensare a quello che posso fare per il Vasco. Non vedo l’ora di poter giocare tra i professionisti — dice Coutinho. Nova geração de ítalo-brasileiros garantem, no Rio e em São Paulo, o sabor e a tradição do autêntico gelato C omo os ítalo-brasileiros podem dar prosseguimento à cultura italiana da família de forma empreendedora? Foi pensando nisso que o paulista Alexandre Scabin e os primos cariocas Gianpietro Bosco e Francesco Masello tiveram a mesma ideia: abrir um negócio autenticamente italiano. As cidades são diferentes e do ponto de vista comercial isso favorece, já que os jovens empresários decidiram trazer para o Brasil o sabor do autêntico gelato. Em São Paulo, Scabin abriu a Stuzzi Gelato e Caffè utilizando as receitas de seu avô Vitorio. Nayra Garofle — Tínhamos muitas receitas guardadas e lembranças dos gelatos do meu avô. Stuzzi era o nome da gelateria que meu avô tinha no Vêneto, antes de vir para o Brasil — conta Scabin. O jovem administrador, de 34 anos, revela que a sorveteria, ou melhor, gelateria como prefere chamar, é uma forma de manter viva a tradição italiana na família. Mais do que isso. Ele quer que as pessoas se sintam como se estivessem em um pedacinho da Itália, só que no coração da Vila Madalena. É com este mesmo conceito que os primos Bosco e Masello, de 32 e 28 anos, criaram a Ama- rena, em Copacabana. Eles são a primeira geração ítalo-brasileira da família. Na década de 60, o local era o endereço da mercearia de seus pais. — Com os supermercados a mercearia foi perdendo valor. Pensamos numa maneira de mudar de negócio. Fomos para a Itália aprender com a nossa família que já trabalhava com sorvetes em Fuscaldo, na Calábria — explica Bosco que é administrador de empresas e morou seis meses em Roma quando estudou na Universidade Italiana La Sapienza. A empolgação estampada no seu rosto ao falar sobre a sorveteria revela o orgulho de ter correndo nas veias o sangue italiano. Tanto que os conterrâneos chegam na Amarena e são atendidos no idioma de Dante para que se sintam em casa. Ambas as casas oferecem sabores exóticos e adaptados ao gosto brasileiro. A Stuzzi, por exemplo, oferece o sorvete de maçã assada com canela, finali- Bruno de Lima U Nayra Garofle Volor se consequipit la conulpute dit wisit, vullan hendignisi. Os primos Francesco Masello e Gianpietro Bosco na carioca Amarena. Ao lado, a paulista Stuzzi da família Scabin Abril 2009 / zado com um toque de mel e morango. São 16 sabores ao todo do quais fazem parte pêra com água de coco, amora e mirtilo, são opções sem lactose e com 0% de gordura. Na Amarena, além dos apetitosos sabores como tiramisu, prosecco e caipirinha, não poderia deixar de ter o gelato de amarena, um tipo de cereja existente na Itália, que aliás é o preferido do carioca. Um dos mais curiosos é o viagro, inspirado na famosa pílula azul com adição de ginseng. A “carta” é composta por 32 sabores. Diferente da cultura italiana, os brasileiros não costumam encarar os sorvetes no inverno. Porém, os empresários garantem que esse conceito já está mudando, mas desenvolvem soluções para atrair os clientes mesmo no frio. Na Stuzzi, por exemplo, Scabin desenvolveu um setor de cafeteria, além de investir em sobremesas “menos geladas”. Na Amarena, os primos asseguram que apesar do movimento cair até 40%, após o verão, as pessoas que frequentam a casa durante o calor costumam voltar no inverno por terem a certeza que o sorvete não é tão gelado. — O gelato italiano é cremoso, consistente e, por conta dos ingredientes, não é supergelado. As pessoas percebem que podem tomar e não sentirão frio — conta Bosco que pretende futuramente, “espalhar” pelas cidades outras filiais. ComunitàItaliana 67 capa De volta pra casa Tornando a casa Projeto de lei de autoria conjunta de vários parlamentares, tenta trazer “talentos” de volta para a Itália em busca de um novo florescimento econômico e cultural Disegno di legge firmato da vari parlamentari cerca di riportare “talenti” in Italia in cerca di una nuova rinascita economica e culturale Janaína Cesar Correspondente • Treviso 68 ComunitàItaliana / Abril 2009 N os últimos dez anos, a Itália perdeu muitos dos seus jovens. Não se trata de guerra ou epidemia. Essa “tropa” deixou o país em busca de melhores oportunidades profissionais. Segundo dados da Aire (Anagrafe italiani all’estero, órgão do ministério do Exterior), hoje vivem cerca de 3,7 milhões de italianos fora da Itália. Desse total, 54% têm menos de 35 anos. Com eles, foram-se talentos, profissionais de excelência nas respectivas áreas de atuação que poderiam estar contribuindo para o desenvolvimento cultural e econômico da Itália. Para tentar reverter esse êxodo moderno, parlamentares fizeram algo inédito: se uniram para criar um projeto de lei conjunto. No caso, essa união foi entre os dois maiores partidos de governo e oposição, respectivamente, Povo da Liberdade e Partido Democrático, notórios rivais. O resultado chama-se Controesodo, apresentado mês passado no plenário da Câmara dos Deputados. Na prática, o que o projeto de lei propõe é a criação de um sistema de descontos fiscais para atrair de volta ao país pesquisadores e professores ligados ao mundo acadêmico, profissionais autônomos e artesãos. Eles podem optar tanto por trabalhar sob contrato, quanto por iniciar um projeto empresarial nos mais diversos setores. Os pré-requisitos estabelecidos pelo projeto de lei são simples: ter menos de 40 anos e ter morado e trabalhado no exterior pelo menos por dois anos. O texto prevê uma isenção fiscal trienal de 25 mil euros para quem optar por retornar para o norte ou para o centro do país. Quem preferir tomar o caminho do sul, terá direito a isenções de até 50 mil euros em impostos a pagar. — Controesodo parte do princípio de que quem deixa a própria terra leva consigo o desejo de contribuir, como protagonista, do crescimento e desenvolvimento do próprio país — explica o deputado Guglielmo Vaccaro (Pd), um dos 15 signatários do projeto. N egli ultimi dieci anni l’Italia ha perso molti dei suoi giovani. Non si tratta di una guerra o di un’epidemia. Questa “truppa” ha lasciato il paese alla ricerca di migliori opportunità professionali. Secondo dati dell’AIRE (Anagrafe Italiani all’Estero, organo del ministero degli Esteri) oggigiorno circa 3,7 milioni di italiani vivono fuori dall’Italia. Di questi, il 54% ha meno di 35 anni. Con loro, se ne sono andati talenti, professionisti di eccellenza nelle rispettive aree d’azione che potevano invece contribuire allo sviluppo culturale ed economico dell’Italia. Per cercare di ribaltare questo esodo moderno, parlamentari hanno fatto qualcosa di Abril 2009 / inedito: si sono uniti per creare un disegno di legge bipartisan tra i due maggiori partiti di governo e di opposizione, il Popolo della Libertà e il Partito Democratico, noti rivali. Il risultato si chiama Controesodo, presentato il mese scorso nell’aula del Parlamento. In pratica, ciò che viene proposto nel disegno di legge è la creazione di un sistema di sgravi fiscali per riportare in Italia ricercatori e professori legati al mondo accademico, professionisti autonomi e artigiani. Questi possono scegliere tanto di lavorare a contratto, quando cominciare un progetto imprenditoriale nei più svariati settori. I prerequisiti stabiliti dal disegno di legge sono sem- ComunitàItaliana 69 70 Claudio Cammarota Controesodo é dividido em quatro sub-projetos: “Proteção fiscal para a reentrada de talentos”, único até agora apresentado à Câmera dos Deputados; “Learn and Back”, um crédito de imposto para quem investe em formação qualificada no exterior e depois volta para trabalhar (uma versão nacional do já existente desconto fiscal para facilitar a volta dos jovens do sul que emigraram ao norte da Itália); e um pacote de incentivos fiscais para os italianos que desenvolverem ou financiarem uma nova atividade no país. A ideia central de Controesodo é transformar o vínculo social da emigração em uma oportunidade de desenvolvimento. — O projeto é fruto de uma avaliação concreta, após perceber que muitas pessoas decidem partir em busca de melhores oportunidades de trabalho ou para escapar de uma situação de degrado social. Os números não enganam: nos últimos cinco anos, cerca 800 mil pessoas deixaram o país. A maior parte delas é do sul da Itália. Por isso pensamos em dar um maior incentivo para os que retornam para uma dessas regiões — explica Vaccaro. Segundo a Fundação Migrantes, ONG ligada à igreja católica, em uma pesquisa realizada em 2008, para cada 5 italianos com menos de 35 anos que vivem no exterior, 2 têm entre 18 e 24 anos – o que representa 860 mil – e cerca de 547 mil têm de 24 a 34 anos. Uma outra pesquisa, realizada pela Manpower, empresa norte-americana líder mundial em recrutamento, detectou que a Itália é o primeiro país da Europa em porcentagem onde quem oferece emprego se mostra preocupado com o empobrecimento do capital humano. O estudo indicou que o problema é uma consequência da fuga em direção ao exterior de tantos italianos. A pesquisa detectou ainda que esse “fenômeno” é causado principalmente pela emigração de jovens universitários dispostos a viajar quilômetros de distância em busca de melhores oportunidades profissionais. Foi com base nesses dados que o projeto estabeleceu o limite de idade de 40 anos para quem quiser aderir ao “chamado de re- Claudio Cammarota capa No alto, Gugliemo Vaccaro e Laura Garavini, dois co-autores de Controesodo. O deputado Antonio Borghesi (abaixo) vê “discrepâncias” no projeto In alto, Guglielmo Vaccaro e Laura Garavini, due coautori di Controesodo. Il deputato Antonio Borghesi (sotto) vede “discrepanze” nel disegno di legge torno”. Na opinião do deputado Stefano Saglia (Pdl), um dos coautores do projeto de lei, as estatísticas mostraram que quem emigra exerce as mais diferentes profissões. Por isso, explica, a proposta apresentada “é aberta a todos os talentos”, ou seja, “foi pensada para quem trabalha com restauro, comércio, saúde, para os pequenos e médios artesãos, empresários e autônomos”. Crise econômica Dados da última pesquisa realizada pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Social (Ires) estimam um aumento da desocupação em 2009 em 9,3%. Para 2010, o índice chegará a 10%. Isso significa um milhão de desocupados a mais em relação ao dias de hoje. Porém, segundo a deputada Laura Garavini (Pd), co-autora do projeto, a crise deve ser vista com uma “oportunidade de des- ComunitàItaliana / Abril 2009 plici: avere meno di 40 anni e aver abitato e lavorato all’estero perlomeno per due anni. Il testo prevede sconti fiscali triennali di 25 mila euro per chi sceglie di ritornare al nord o al centro del paese. Chi preferisce prendere la strada del sud, avrà diritto a vantaggi fiscali di perfino 50 mila euro sulle imposte da pagare. — Controesodo parte dal principio secondo il quale chi lascia la propria terra porta con sé il desiderio di contribuire, come protagonista, alla crescita e allo sviluppo del proprio paese — spiega il deputato Guglielmo Vaccaro (PD), uno dei 15 firmatari del disegno di legge. Controesodo è diviso in quattro progetti di legge: “Scudo fiscale per il rientro di talenti”, unico finora ad essere presentato alla Camera dei Deputati; “Learn and Back”, un credito di imposta per chi investe in formazione qualificata all’estero e dopo ritorna per lavorare (una versione nazionale del già esistente sgravo fiscale per facilitare il rientro dei giovani meridionali emigrati verso il nord d’Italia); e un pacchetto di benefici fiscali per gli italiani che realizzeranno o finanzieranno una nuova attività nel paese. L’idea centrale di Controesodo è quella di trasformare il vincolo sociale dell’emigrazione in un’opportunità di sviluppo. — Il progetto è frutto di una valutazione concreta, dopo aver capito che molti decidono di partire in cerca di migliori op- portunità di lavoro o per fuggire da una situazione di degrado sociale. I numeri non ingannano: negli ultimi cinque anni circa 800mila persone hanno lasciato l’Italia. La maggior parte è del sud. Per questo abbiamo pensato di dare maggiori benefici a coloro che ritornano in una di queste regioni — spiega Vaccaro. Secondo la Fondazione Migranti, ONG legata alla chiesa cattolica, in un sondaggio realizzato nel 2008 su 5 italiani con meno di 35 anni che vivono all’estero 2 hanno tra 18 e 24 anni – il che rappresenta 860mila persone – e circa 547mila hanno tra 24 e 34 anni. Un’altra ricerca realizzata dalla Manpower, impresa nordamericana leader mondiale di risorse umane, ha individuato che l’Italia è, in percentuale, il primo paese in Europa tra quelli che quando offrono impiego lo fanno preoccupati con l’impoverimento del capitale umano. Lo studio ha indicato che il problema è una conseguenza della fuga verso l’estero di tanti italiani. La ricerca ha inoltre scoperto che questo “fenomeno” è causato specialmente dall’emigrazione di giovani universitari disposti a viaggiare chilometri in cerca di migliori opportunità professionali. Proprio sulla base di questi dati il progetto ha stabilito il limite di età di 40 anni per chi vuole aderire alla “chiamata di ritorno”. Secondo il deputato Stefano Saglia (Pdl), uno dei coautori del disegno di legge, le statistiche hanno dimostrato che gli emigranti rappresentano una vasta gamma di professioni. Perciò, spiega, la proposta presentata “è aperta a tutti i talenti”, ossia “è stata pensata per chi lavora con restauro, commercio, sanità, per i piccoli e medi artigiani, imprenditori e liberi professionisti”. Crisi economica Dati dell’ultimo sondaggio realizzato dalla Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL) e dall’Istituto di Ricerca Economica e Sociale (Ires) stimano un aumento della disoccupazione nel 2009 del 9,3%. Nel 2010 l’indice arriverà al 10%. Questo significa un milione di disoccupati in più in confronto ai giorni d’oggi. Però secondo la deputata Laura Garavini (PD), coautrice del progetto, la crisi dev’essere coberta”. Vaccaro concorda com a colega. Na sua opinião, o retorno de italianos ajudará a movimentar a economia. — Nos três primeiros anos, quem voltar terá isenção fiscal. Porém, essas pessoas comprarão e produzirão, sendo que, após três anos, começarão a pagar os impostos normalmente. Podemos dizer que se trata de um investimento da parte do governo — afirma Vaccaro. Na opinião do sociológo Domenico De Masi, o projeto de lei é “interessante” porque procura dar um incentivo não só aos docentes ou pesquisadores, “mas ao mundo do trabalho como um todo”: — Qualquer trabalhador que retorne é sempre uma riqueza para o país. Uma das causas da crise que estamos vivendo hoje é a fuga em massa de jovens que vão atrás de oportunidades que aqui na Itália não encontram. O possível retorno desses italianos com certeza ajudará a evitar outras crises futuras. Turista do welfare Apesar de ser um projeto de lei que uniu os dois principais partidos da Itália, há quem seja contrário à iniciativa. Para Antonio Borghesi, vice-líder dos deputados do partido Itália de Valor (Idv), e não signatário de Controesodo, existem “algumas discrepâncias” no projeto de lei. — O texto fala do retorno de talentos. Uma coisa é incentivar o retorno de cientistas e pesquisadores que, estes sim, podem dar uma contribuição para o país. Outra coisa é incentivar o retorno de operários, padeiros e artesãos. Para o Idv parece ser uma coisa absurda, ainda mais em uma época de recessão e crise pela qual estamos passando. Precisamos entender, primeiro, se o país tem realmente necessidade de trazer gente de fora. Já enfrentamos uma enorme dificuldade com a questão dos extra-comunitários. É claro que se me perguntarem se prefiro que na Itália entrem outros extra-comunitários ou retornem italianos, vou escolher a segunda opção. Porém, também duvido muito que os italianos que moram no exterior retornem para ocupar postos de trabalho que hoje são ocupados pelos extra-comunitários, trabalho braçal, na maioria — afirma Borghesi. Na opinião do sociólogo Khalid Rhazzali, da Universidade de Pádua, essa idéia de retorno dos italianos no exterior “não é uma coisa nova”. Ele lembra que algumas tentativas já foram feitas, voltadas para quem trabalha no mundo acadêmico. Para o sociólogo, o projeto é “superficial”: vista come una “opportunità di scoperta”. Vaccaro è d’accordo con la collega. Secondo lui il ritorno degli italiani aiuterà la ripresa dell’economia. — Nei primi tre anni chi tornerà riceverà sgravi fiscali. Ma queste persone compreranno e produrranno, e dopo tre anni cominceranno a pagare normalmente le imposte. Possiamo dire che si tratta di un investimento da parte del governo — afferma Vaccaro. Un discorso simile lo fa anche il deputato Aldo Di Biagio (Pdl), anche lui coautore. Secondo lui il rientro dei talenti in Italia non dev’essere considerato come un onore per lo Stato, ma come un valore acquisito. E lui è sicuro che aiutare il rientro di un italiano che oggi lavora, per esempio, negli Stati Uniti nei settori di ricerca o biotecnologia rappresenterà una “evoluzione sociale e culturale” per il paese. Questo rientro, osserva, entrerà in futuro “nella crescita del PIL e incrementa il capitale sociale”. Turista del welfare Malgrado sia un disegno di legge bipartisan, c’è chi è contrario all’iniziativa. Secondo Antonio Borghesi, vice leader dei deputati del partito Italia dei Valori (Idv), e non firmatario di Controesodo, ci sono “delle discrepanze” nel disegno di legge. — Il testo parla del rientro di talenti. Una cosa è incentivare il ri- Abril 2009 / torno di scienziati e ricercatori che, questi sì, possono dare un contributo al paese. Diverso è incentivare il ritorno di operai, panettieri e artigiani. A noi dell’Idv sembra sia un assurdo, ancor più in un’epoca di recessione e crisi per la quale stiamo passando. Dobbiamo prima capire se il paese è veramente in condizioni di far rientrare gente da fuori. Affrontiamo già enormi difficoltà con la questione degli extracomunitari. È chiaro che se mi domandassero se preferisco che in Italia entrino altri extracomunitari o ritornino italiani, sceglierei la seconda alternativa. Ma nutro seri dubbi che gli italiani che abitano all’estero ritornino per occupare posti di lavoro che oggi sono occupati dagli extracomunitari, nella maggior parte braccianti — afferma Borghesi. Secondo il sociologo Khalid Rhazzali, dell’Università di Padova, questa idea del rientro degli italiani dall’estero “non è una novità”. E ricorda che qualche tentativo è già stato fatto, rivolto a chi lavora nel mondo accademico. Per il sociologo il disegno è “superficiale”: — Credo che questa legge sarà usata specialmente dagli italiani che si trovano in un paese della comunità europea. Ma si può aprire una breccia per la creazione di una nuova categoria: il turista del welfare. Questo perché un italiano può ritornare, rimanere i tre anni, usufruire dei bene- ComunitàItaliana 71 capa de que dispõem fora do país — afirma Porta. Nessa “arrumação da casa”, o trabalho iria mais além do que uma simples tirada de pó dos cômodos ou uma pinturinha. Há quem perceba a necessidade de obras na própria fundação do “prédio”. Signatário do projeto de lei, o deputado Stefano Saglia (Pdl) chama a atenção para o fato de que “a questão do mérito realmente é um problema”: — Todos sabemos que o mundo acadêmico, da pesquisa, funciona na base do ‘quem indica’. O mesmo vale para o mundo político e praticamente todos os setores. Os jovens sabem que para conseguir um emprego ou uma bolsa de estudos por mérito devem recorrer às estruturas privadas porque ali o que vale é a lei do capitalismo, ou seja, entra quem é bom. Muitos deixaram o país porque eram conscientes desse câncer que entrou nas estruturas públicas e que é muito difícil destruir. Uma das co-autoras do projeto de lei, a deputada Alessia Mosca (Pd) concorda com o colega Saglia de que muitos dos problemas enfrentados pela Itália decorrem da dificuldade de se conseguir “qualquer coisa no país sem ter um parente importante”. Na sua opinião, o Controesodo é também uma tentativa de se resolver esse problema. — Quem retornar poderá começar uma atividade e as chances de dar um posto de trabalho para quem realmente merece fici della legge e dopo lasciare di nuovo il paese. Questo disegno di legge è superficiale perché non dà una risposta effettiva ai problemi dell’emigrazione. Invece di lavorare per riportare qui chi è fuori, sarebbe meglio creare politiche per prevenire nuove partenze — dice Rhazzali. L’idea che sia necessario prima mettere a posto la propria casa per poi invitare “parenti” perché vi si installino è presente nella critica che vari parlamentari fanno al disegno di legge. Secondo il deputato Fabio Porta (PD), rappresentante degli italiani residenti all’estero per la circoscrizione America Latina, “l’intenzione” dell’iniziativa è “buona”. Ma osserva che “il disegno non è così semplice quanto sembri”: — Ad esempio prendiamo i grandi studiosi che oggi si trovano fuori dall’Italia. Prima di invitarli a rientrare, bisogna offrigli tutta una struttura nelle università. L’Italia deve migliorare molto i suoi centri studi e le sue università affinché queste persone possano ritornare e trovare la stessa struttura di cui dispongono all’estero — afferma Porta. In questo “mettere a posto la casa” il lavoro andrebbe ben oltre ad una semplice spolverata delle stanze o una rinfrescata alle pareti. C’è chi percepisce il bisogno di lavori nelle proprie fondamenta del “palazzo”. Firmatario del disegno di legge, il deputato Stefano Saglia (Pdl) richiama l’attenzione al fatto che “la questione del merito è veramente un problema”: — Sappiamo tutti che il mondo accademico, della ricer- ca, funziona sulla base del “chi raccomanda”. Lo stesso vale per il mondo politico e praticamente per tutti i settori. I giovani sanno che per ottenere un impiego o una borsa di studi per merito devono ricorrere alle strutture private perché lì ciò che vale è la legge del capitalismo, ossia, entra chi è bravo. Molti hanno lasciato il paese perché erano consapevoli di questo cancro che è entrato nelle strutture pubbliche e che è molto difficile da distruggere. Una delle coautrici del disegno di legge, la deputata Alessia Mosca (PD) è d’accordo con il collega Saglia sul fatto che molti dei problemi affrontati dall’Italia vengono dalla difficoltà di ottenere “qualsiasi cosa in Italia senza avere un parente importante”. Secondo lei il Controesodo è anche un tentativo di risolvere questo problema. — Chi torna potrà cominciare un’attività e le possibilità di dare un posto di lavoro a chi veramente lo merita sono grandi. Chi vive all’estero ritorna con un bagaglio culturale enorme, conoscendo altre lingue e altri sistemi di lavoro. Comunicazione Per attingere il pubblico giovane, i deputati si sono preoccupati di raggiungere la meta della comunicazione. Quasi tutto viene fatto attraverso il sito internet www. controesodo.it. E stanno anche usando strumenti come Facebook e i blog degli stessi parlamentari, oltre alle trasmissioni di incontri tra TV web, come quella del quotidiano Corriere della Sera, che ha trasmesso dal vivo una pre- Comunicação Para chegar ao público jovem, os deputados se preocuparam em acertar o alvo da comunicação. Quase tudo é feito pela internet através do site www.controesodo.it. Eles também lançaram mão de ferramentas como Facebook e os blogs dos próprios parlamentares, além de transmissões de encontros em web tvs, como a do jornal Corriere della Sera, que transmitiu ao vivo uma apresentação pública do projeto, feita em Milão, dia 23 de março. — Escolhemos o uso da rede porque acreditamos seja muito eficaz. Usando da maneira correta, conseguimos atingir um público grande. Por exemplo, no dia da transmissão pela web tv do corriere, recebemos mais de 600 e-mails. Muitos nos parabenizam pela ação, mas muitos também foram duros na crítica — conta Saglia. Um exemplo dessa crítica foi enviada para o site de Alessia Mosca por uma pessoa que se identificou apenas como Antonio. Ele diz que esta é “só mais uma lei demagógica”. Antonio diz fazer parte de uma empresa que está trocando a Itália pelo Brasil e que “daqui a alguns anos provavelmente” poderá ser beneficiado pela lei. Na sua opinião, os parlamentares deveriam “prevenir a fuga” das pessoas do país e “procurar sanar o mal” que deixa a Itália, atualmente, “em estado terminal.” O internauta Filippo Addari é outro que não segurou a língua, ou melhor, o dedo porque também participou de um fórum sobre o assunto (www.cervelliinfuga.com). Ele diz que o projeto de lei é um “típico erro italiano”. ComunitàItaliana / Abril 2009 Próxima etapa Agora que lançaram o projeto de lei, os parlamentares preparam a realização de um tour. Eles pretendem viajar pela Itália e também pelas principais capitais européias para divulgar a iniciativa e debatê-la com profissionais, associações de categoria e estudantes. O Brasil, por enquanto, não está incluído no roteiro. Sorrindo, o deputado Stefano Saglia diz que acha “difícil” que um italiano que more no Brasil, retorne. Segundo ele “não dá para concorrer com um lugar onde tem sol e mar o ano inteiro”. Prossima tappa Adesso che hanno inoltrato il disegno di legge i parlamentari preparano la realizzazione di un tour. Vogliono viaggiare per l’Italia e anche per le principali capitali europee per divulgare l’iniziativa e dibatterla con professionisti, associazioni di categoria e studenti. Il Brasile, per ora, non è incluso nell’itinerario. Sorridendo, il deputato Stefano Saglia dice che crede sia “difficile” che un italiano che abita in Brasile ritorni. Secondo lui “non si può fare concorrenza ad un posto dove ci sono sole e mare tutto l’anno”. Stefano Saglia, Alessia Mosca e Aldo di Biagio (abaixo): projeto de lei como antídoto para o “pistolão” Stefano Saglia, Alessia Mosca e Aldo di Biagio (sotto): disegno di legge come antidoto alle “raccomandazioni” Colaborou Nayra Garofle sentazione pubblica del progetto, fatta a Milano il 23 marzo. — Abbiamo scelto l’uso della rete perché crediamo sia molto efficace. Usandola nel modo giusto siamo riusciti a raggiungere un grande pubblico. Per esempio, il giorno della trasmissione via TV web del Corriere, abbiamo ricevuto più di 600 e-mail. Molti ci fanno i complimenti per l’azio- Ha collaborato Nayra Garofle Autores do projeto de lei Autori del disegno di legge ssinada inicialmente pelos deputados Enrico Letta (Pd) e Stefano Saglia (Pdl), presidente da Comissão de Trabalho da Câmera, o projeto de lei logo ganhou as adesões e respectivas assinaturas dos parlamentares Maurizio Lupi (Pdl), vice-presidente da Câmera, Laura Garavini (Pd), Aldo Di Biagio (Pdl), Maurizio Del Tenno (Pdl), Francesco Saverio Garofani (Pd), Beatrice Lorenzin (Pdl), Federica Mogherini (Pd), Barbara Mannucci (Pdl), Alessia Mosca (Pd), Barbara Saltamartini (Pdl), Alessandra Siragusa (Pd), Salvatore Vassallo (Pd) e Guglielmo Vaccaro (Pd). irmata agli inizi dai deputati Enrico Letta (PD) e Stefano Saglia (Pdl), presidente della Commissione del Lavoro della Camera, il disegno di legge ha subito ricevuto le adesioni e rispettive firme dei parlamentari Maurizio Lupi (Pdl), vice-presidente da Câmera, Laura Garavini (PD), Aldo Di Biagio (Pdl), Maurizio Del Tenno (Pdl), Francesco Saverio Garofani (PD), Beatrice Lorenzin (Pdl), Federica Mogherini (PD), Barbara Mannucci (Pdl), Alessia Mosca (PD), Barbara Saltamartini (Pdl), Alessandra Siragusa (PD), Salvatore Vassallo (PD) e Guglielmo Vaccaro (PD). A 72 Segundo Addari, “acredita-se que se possa resolver um problema social com uma lei ou incentivo, quando o que tem que ser mudada é a cultura do país”. Ele aproveita para anunciar que não tem “a menor intenção” de voltar para a Itália, mas não informa onde vive atualmente. ne ma molti ci hanno mosso dure critiche — racconta Saglia. Un esempio di queste critiche è stato inviato al sito di Alessia Mosca da una persona che si è identificata solo come Antonio. Lui ha detto che questa è “solo un’altra legge demagogica”. Antonio dice che lavora in un’impresa che si sta spostando dall’Italia in Brasile e che “probabilmente fra qualche anno” potrà ricevere i benefici della legge. Secondo lui i parlamentari dovrebbero “prevenire la fuga” delle persone dal paese e “cercare di curare il male” che lascia l’Italia, in questo momento, “in stato terminale”. L’internauta Filippo Addari è un altro che non ha frenato la lingua, o meglio, il dito perché ha anche partecipato ad un forum sul tema (www.cervelliinfuga.com). E dice che il disegno di legge è un “tipico errore italiano”. Secondo Addari “si crede che si possa rivolvere un problema sociale con una legge o beneficio, quando quello che si deve cambiare è la cultura del paese”. E approfitta per annunciare che non ha “la minima intenzione” di tornare in Italia, ma non dice dove vive attualmente. é grande. Quem vive fora volta com uma bagagem cultural enorme, conhecendo outras línguas e outros sistemas de trabalho. Fotos: Claudio Cammarota — Acho que essa lei será usada, principalmente, por italianos que encontram-se em um país da comunidade européia. Porém, pode-se abrir uma brecha para a criação de uma nova categoria: o turista do welfare. Isso porque um italiano pode voltar para cá, permanecer os três anos, usufruir dos benefícios da lei e depois deixar o país novamente. Esse projeto de lei é superficial porque não dá uma resposta efetiva ao problema da emigração. Ao invés de trabalhar para trazer quem está fora, seria melhor criar políticas para prevenir novas partidas — diz Rhazzali. A ideia de que é preciso, primeiro arrumar a casa, para depois convidar “parentes” para se instalar no lugar está presente na crítica que vários parlamentares fazem ao projeto de lei. Para o deputado Fabio Porta (PD), representante dos italianos residentes no exterior, na circunscrição América Latina, “a intenção” da iniciativa é “boa”. Ele observa, porém, que “o projeto não é tão simples quanto parece ser”: — Pego como exemplo os grandes estudiosos que se encontram, hoje, fora da Itália. Antes de convidá-los para retornar, é preciso poder oferecer toda uma estrutura nas universidades. A Itália precisa melhorar muito seus centros de estudos e suas universidades para que essas pessoas possam voltar e encontrar a mesma estrutura F Abril 2009 / ComunitàItaliana 73