Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio

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Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio
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m í d i a
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c o m u n i d a d e
í t a l o - b r a s i l e i r a
www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, abril de 2009
Ano XVI – Nº 130
Itália
desolada
ISSN 1676-3220
R$ 10,90
Terremoto faz vítimas
e destrói patrimônio
histórico em Abruzzo
Designers cariocas invadem Milão
Ansa
26
CAPA
Terremotos na região central da Itália arrasam 26 cidades e deixam 20 mil pessoas entre
mortos e desabrigados. Milhares de prédios de grande valor histórico e cultural viraram pó
Editorial
Desolação......................................................................................06
Cose Nostre
Política
Para evitar fraude, Câmara italiana inaugura novo sistema de votação
eletrônica que identifica o parlamentar pela impressão digital�������� 23
Máquinas de fazer pizza em três minutos se tornaram a nova mania
em algumas cidades da Itália. Desenvolvida pela Universidade de
Bolonha, a engenhoca virou alvo de polêmica entre pizzaiolos........07
Filosofia
Economia
Astronomia
Itália será o primeiro país da Europa a ter uma filial do “banco dos
pobres” idealizado pelo prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus���� 16
Negócio
Empresa italiana de peças íntimas, Yamamay celebra a boa relação
com o Brasil e cria uma linha de cosméticos feita a partir de produtos
extraídos da selva amazônica..........................................................17
36
Atualidade
Raffaele Cantone
Há dez anos sob proteção
policial, procurador anti-máfia
lança livro sobre os bastidores do
crime organizado e também se
torna best-seller, na Itália
4
50
Literatura
Feira de Bolonha
A presença brasileira no evento
que é um dos mais festejados do
setor literário infanto-juvenil
ComunitàItaliana
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Abril 2009
A passagem pelo Brasil de Giuseppe Vacca, um dos principais pensadores
de esquerda da Itália, que veio ao país lançar um livro.........................44
Ano Internacional da Astronomia celebra, com uma série de eventos,
os 400 anos da primeira observação por telescópio feita pelo italiano
Galileu Galilei................................................................................46
Fotografia
Coleção Pirelli/Masp apresenta o melhor da produção fotográfica
brasileira contemporânea...............................................................52
54
Artes
Alessandro Ricci
Artista florentino usa smog
para pintar quadros em
protesto contra a poluição
da sua cidade italiana
56
Design
Rio de Janeiro
Pela primeira vez, designers
fluminenses realizam exposição
durante o Salão Internacional
do Móvel, em Milão
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADA EM MARÇO DE 1994
Diretor: Julio Cezar Vanni
O
Publicação Mensal e Produção:
Editora Comunità Ltda.
Tiragem: 40.000 exemplares
Esta edição foi concluída em:
08/04/2009 às 17:30h
Distribuição: Brasil e Itália
Redação e Administração:
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Guilherme Aquino; Nayra Garofle;
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REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco
Projeto Gráfico e Diagramação:
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Capa: Ansa
Colaboradores: Luana Dangelo; Giorgio
della Seta; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo;
Marco Lucchesi; Domenico De Masi;
Franco Urani; Fernanda Maranesi; Adroaldo
Garani; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci;
Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi;
Fabio Porta; Fernanda Miranda
CorrespondenteS:
Guilherme Aquino (Milão);
Janaína Cesar (Treviso);
Lisomar Silva (Roma);
Publicidade:
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C3 Comunicação & Marketing
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ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente, as
opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
mundo inteiro acompanha consternado o drama das vítimas do terremoto que
devastou Abruzzo, região central da Itália. Comunità não poderia ficar indiferente à tragédia. A revista já estava nas máquinas quando chegaram as primeiras notícias. Mobilizamos nossa equipe e seguramos o fechamento da edição para levar aos nossos leitores o registro desse que é o pior terremoto dos últimos 30 anos em solo italiano.
As imagens e os relatos editados na nossa reportagem de capa dão conta da triste
missão. Um desses relatos é do presidente da Federação das Associações dos Abruzzesi
no Brasil, Franco Marchetti, que estava na sua terra natal quando a terra tremeu. Primeiro,
a reportagem o localizou por telefone. Depois, a repórter Silvia Souza estava on-line
com Marchetti quando um segundo grande abalo interrompeu a conversa. O contato foi
retomado mais tarde para checar se ele e a família estavam a salvo. Estavam.
Agora a Itália e o mundo se mobilizam para prestar socorro às vítimas e reconstruir
o patrimônio histórico de grande valor à humanidade. Em meio à tragédia, surgem
polêmicas como a possibilidade de prever o terremoto, os gastos excessivos para a
construção do hospital que ruiu, os saqueadores e aproveitadores de última hora, as
declarações de Berlusconi. Nossa reportagem se ateve aos fatos e fotos que entrarão para
a história como uma das maiores destruições provocadas pela força da natureza.
No mais, a edição registra a movimentação vivida pelo legislativo italiano. Na
Câmara dos Deputados, foi implantado um novo sistema
de votação eletrônico que identifica o parlamentar pela sua
impressão digital. A novidade vem para evitar uma má prática
entre políticos: o voto pianista, ou o voto de um deputado se
fazendo passar por outro colega.
Já no Senado, a notícia é a aprovação do projeto de lei
sobre testamento biológico, nosso assunto de capa da edição
passada. O texto foi aprovado e, com isso, foi dado o primeiro
passo para que se torne proibido, por lei, a prática da eutanásia,
na Itália. A questão segue para a Câmara onde poderá (ou não)
ser modificado.
A revista mostra também que, apesar da crise, as rodadas
de negócio entre Brasil e Itália não param. Muito pelo contrário.
Pietro Petraglia
Acompanhamos as várias comitivas formadas por empresários
Editor
e autoridades italianas que vieram ao país em busca de novas
oportunidades de negócios. Em destaque, o trabalho feito
por representantes das regiões da Lombardia e da Toscana, além dos empresários da
Yamamai. A rede italiana de peças íntimas e biquínis retomou uma antiga parceria com
o Brasil e, agora, celebra as boas vendas com uma linha de cosméticos feita a partir de
produtos extraídos da selva amazônica.
Um dos destaques da edição é uma matéria especial com o procurador Raffaele
Cantone. Há dez anos, ele vive sob proteção policial por conta de seu trabalho contra
a máfia italiana. Sua história não apenas lembra a do escritor Roberto Saviano como se
cruzam. Foi Cantone quem descobriu, no ano passado, o plano da máfia de assassinar
Saviano. O procurador também lançou um livro sobre o crime organizado e é o mais
recente best-seller italiano.
Outras duas personalidades ilustres são temas de reportagens: o ítalo-brasileiro
Dom Orani João Tempesta, que este mês assume a Arquidiocese do Rio de Janeiro; e
Giuseppe Vacca, um dos principais pensadores de esquerda da Itália. Na reportagem,
Vacca explica porque o papa Bento 16 é o único líder, atualmente, na Europa.
Com a Comunità de abril, o leitor dará um giro pela Feira de Bolonha, um dos
principais eventos literários da Europa, voltado para o público infanto-juvenil. Além
disso, vai conhecer uma nova técnica de se pintar quadros utilizando a poluição. Mais
especificamente, a poluição de Florença. Também visitará a Coleção Pirelli/Masp de
fotografia, em São Paulo, e ficará por dentro de toda a programação voltada para as
comemorações dos 400 anos da invenção do telescópio pelo italiano Galileu Galilei.
Boa Leitura.
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ComunitàItaliana
Desolação
editorial
Entretenimento com cultura e informação
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Moradia
O
“Plano para a Moradia”, um programa destinado a impulsionar o setor imobiliário foi assinado pelo governo italiano
e autoridades regionais. O acordo firmado prevê que as famílias
possam aumentar em 20% a área de suas moradias ou em 35%
em caso de demolição e posterior reconstrução, desde que isso se
faça com técnicas de bioconstrução. Os centros históricos e todas
as áreas protegidas não serão atingidas pelo plano, em respeito
aos programas de urbanização. Segundo o ministro para os Assuntos Regionais, Raffaele Fitto, as regiões terão 90 dias para se
adequar ao teor do decreto com as próprias leis regionais.
Reza fraca
O
tunisiano Chafik Gharby foi condenado a dez anos de prisão por
um tribunal italiano sob a acusação de ter rezado. Gharby estava no comando de uma aeronave que caiu no mar na costa da Sicília,
em agosto de 2005, matando 16 das 39 pessoas a bordo. Segundo os
promotores, quando os motores do avião começaram a falhar, o piloto
entrou em pânico e “começou a rezar ao invés de tomar as medidas
de emergência”. Depois da reza, ele teria optado por fazer um pouso
forçado no Mar Mediterrâneo ao invés de tentar alcançar o aeroporto
mais próximo. O co-piloto e o presidente da companhia aérea também
foram condenados. Todos poderão apelar das sentenças e permanecerão em liberdade até que o processo termine.
30% na sala
Mais caro
O
governo da Itália quer introduzir um teto de 30% no
número de alunos estrangeiros por
sala de aula, na crença de que a
medida ajudará as crianças imigrantes a integrar-se aos colegas
italianos. Segundo a ministra da
Educação, Mariastella Gelmini, as
crianças imigrantes aprenderão
melhor o idioma italiano ao se
misturassem mais com estudantes
locais do que com compatriotas.
As quotas são a mais recente de
uma série de iniciativas destinadas
a regular a situação dos imigrantes no país. Agora, por exemplo,
há uma lei que permite médicos
denunciem imigrantes ilegais que
procurem clínicas ou hospitais. As
medidas impulsionaram a popularidade do primeiro-ministro Silvio
Berlusconi, mas também lhe renderam acusações de racismo.
Divulgação
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
I
nvenção que causou polêmica entre tradicionais pizzaiolos, as
máquinas de fazer pizza já estão sendo distribuídas pela Itália. Automático, o equipamento, batizado de Let’s Pizza, usa raios
infravermelho e tecnologia desenvolvida na Universidade de Bolonha para misturar farinha e água na massa, espalhar molho de
tomate, escolher a cobertura e cozinhar. O alimento fica pronto
em três minutos, ao custo aproximado de 20 reais.
Chocolate
C
om o objetivo de entrar para o Guinness (livro dos recordes), o mestre
chocolateiro italiano Mirco Della Vecchia
fez uma escultura de chocolate de mais
de 3.500 quilos. A “obra” representa os
três picos de Lavaredo, símbolo de Dolomitas, na província de Belluno. Na confecção da escultura, no dia 15 de março,
Mirco Della Vecchia precisou da ajuda de
um caminhão betoneira.
Moda
O
rapper italiano Gue Pequeno, do grupo
Club Dogo, lançou a primeira grife dedicada ao hip hop na Itália. A Recession traz
em sua primeira coleção peças que aludem à
crise econômica. A marca usará a internet para comercializar quatro modelos de camiseta.
Um deles levará a estampa de uma cédula de
500 euros.
Dá-lhe Pequeri
A
pequena Pequeri, localizada na Zona da Mata mineira, é mais uma cidade que investe na italianidade para
conseguir atrair turismo e investimentos
para região. O projeto Pequeri, tutti buona gente! tem como objetivo valorizar a
cultura, a economia e o turismo da região. Já neste ano, alunos da rede municipal de ensino estão sendo estimulados
a pesquisar sobre personagens e marcos
da cultura italiana na cidade. Além disso,
alunos de 5º ao 9º ano têm como opção
de estudo a língua italiana. Como parte
do projeto, a radio comunitária destinará
um horário para a programação musical
e divulgação de curiosidades italianas.
Pequeri abrigou cerca de 630 famílias
vindas da Itália. Elas se destacaram em
atividades como agricultura, construção
civil, comércio e indústria.
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V
encer um grande prêmio do campeonato
mais caro do mundo, a Fórmula-1, custa em média 135
milhões de euros. O número, calculado pela empresa
italiana de pesquisa e consultoria StageUp, é quatro
vezes maior do que o limite
de orçamento, decidido pela Federação Internacional de
Automobilismo (FIA), que se
tornará obrigatório a partir
de 2010. Ainda segundo a
análise da empresa bolonhesa, a equipe mais eficiente em termos de custos em
2008 foi a Ferrari, que gastou ‘módicos’ 41 milhões de
euros por cada uma das oito
vitórias obtidas.
Rapidinhas
● Ítalo-brasileira, a esposa do atacante brasileiro Amauri, Cynthia Cosini Valadares, conseguiu a cidadania italiana.
Quando ela receber o passaporte italiano,
o jogador de futebol também poderá pedir dupla cidadania e representar a seleção da Itália. Amauri, que mora no país
desde 2001, joga pelo Juventus.
● Um jantar no Mercore Hotel, em Belo
Horizonte marcou a inauguração da Associação Lucchesa e Toscana no Mundo,
presidida por Iara Notini. Contou com a
participação do presidente internacional
dos Lucchesi, Alessandro Pesi. Para contato: [email protected]
● O ator James Caviezel, que interpretou
Jesus no filme A Paixão de Cristo (2004),
foi o protagonista de um concerto na Basílica de Santa Maria Maior de Roma, durante a celebração da Páscoa.
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ComunitàItaliana
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opinião
serviço
agenda
frases
Ignazio La Russa, ministro della Difesa
dell’Italia, sulle dichiarazioni del ministro della
Justiça, Tarso Genro, riguardo il caso Battisti.
3ª Fispizza & Pasta (SP)
A Feira Internacional da Indústria, Suprimentos, Tecnologias e
Serviços para Pizzarias apresentará, de 4 a 7 de maio, novidades
e tendências dos segmentos de
pizza e pasta - tecnologia, equi-
“Si tratta di una campagna molto cara, ma
sempre ambiziosa, il cui obiettivo principale
è riposizionare questa bellissima regione, che
certamente non può più vivere di reddito”,
Claudio Martini, presidente regionale
della Toscana, parlando della campagna
milionaria per il turismo della regione.
“Sarà interessante valutare a fondo le
possibilità di realizzare il GP a Roma”,
Luca Cordero di Montezemolo, presidente della Ferrari,
nel mezzo delle voci su una possibile realizzazione di un
Grande Premio nella capitale italiana
pamentos, produtos, ingredientes, entre outros. Os visitantes
poderão participar de palestras
e workshops, degustações, aulas e apresentações com os grandes nomes do setor de alimentos
e bebidas no segmento da pizza
e da pasta. Local: Palácio de
Convenções do Anhembi, Avenida Olavo Fontoura, 1209. Das
13h às 21h. Mais informações:
www.fispizza.com.br e fispizza@
am3feiras.com.br
“Não tenho problemas em gravar
cenas de sexo e também passei meses
respondendo como foi o beijo com
Scarlett Johansson em Vicky Cristina
Barcelona. Mas por que falar só disso?”,
Penélope Cruz, atriz espanhola, em entrevista
à revista italiana chi, na qual afirmou querer
trabalhar com os diretores italianos Sergio
Castellitto e Gabriele Muccino.
“Espero decisivamente a colaboração da Itália
no esforço para o estreitamento das excelentes
relações entre os nossos países”,
enquete
Para evitar desemprego, a associação
italiana defende menos outlets.
Você corre atrás de promoção?
Itália quer limitar a 30% número de
alunos imigrantes por sala de aula.
Você concorda?
Sim – 70%
Sim – 60%
Sim – 69,2%
Não – 30%
Não – 40%
Não – 30,8%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 17 a 20 de março.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 20 a 24 de março.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 24 a 27 de março.
cartas
“C
aro editore, con il “caso Battisti”, ComunitàItaliana ha
dato un esempio di come debba essere la vera informazione: una rigorosa, documentatissima ricostruzione dei fatti,
dell’ambiente e dei personaggi, i punti di vista dell’Italia e del Brasile, ogni possibile dichiarazione, e – chiarissimo – il tuo editoriale,
con una netta presa di posizione.
Excepcionalmente este mês não publicaremos a coluna Roma
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ComunitàItaliana
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po Center. Horários: 05/05 - das
14h às 22h (dia exclusivo para
visitação profissional); 06/05 e
07/05 - das 14h às 19h (somente profissionais), das 19h às 22h
(profissionais e consumidores).
Informações: www.exponorbrasil.com.br/feiras
14º Encontro das
Tradições Italianas (RS)
Em sua 14ª edição, com o tema “Nosso povo, nossa riqueza”,
o Entrai reunirá música, dança,
gastronomia e artesanato típico
italiano com a proposta de valorizar as manifestações culturais
de Farroupilha. Organizado pelo
Departamento de Cultura da Secretaria Municipal da Educação,
Cultura e Desportos, o evento
ocorre de 8 a 17 de maio, no município conhecido como o berço da imigração italiana no Rio
Grande do Sul. No dia 3 de maio
haverá desfile temático na rua
Coronel Pena de Moraes, no centro de Farroupilha, e, no dia 10
de maio, haverá desfile em Nova
Milano. Local: Nova Milano – 4º
distrito de Farroupilha. Informações: (54) 3261-6942 ou [email protected]
XVIII Magnar di Polenta (RS)
A Festa é realizada no dia 17 de
maio, em Mato Perso, distrito de
Flores da Cunha, município dis-
na estante
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, em
carta a Giorgio Napolitano.
Até 200 mil italianas sofrem de
distúrbio alimentar. Você conhece
alguém com bulimia ou anorexia?
Expovinis (SP)
O Expovinis Brasil - 13º Salão
Internacional do Vinho, organizado pela Exponor Brasil, consolida-se como o principal encontro do setor na América Latina.
A cada edição o evento se firma como o elo entre produtores
e seus canais de distribuição.
Local: Transamérica Expo Center - São Paulo Transamérica Ex-
Io seguo sempre con enorme interesse, in Italia e in Brasile,
pur fra moltissimi impegni, la tua rivista, e questa volta mi sembra doveroso scrivere: pochissimi giornali (perfino in Italia, dove
la vicenda è seguintissima) sono stati cosi precisi e scrupolosi. Per
tuoi tantissimi lettori un servizio prezioso: complimenti di cuore.
Un abbraccio,
Ugo Guadalaxara – Bologna – Italia – via posta
tante 150 km de Porto Alegre.
Colonizado a partir de 1877 por
imigrantes italianos vindos das
regiões de Vêneto, Piemonte e
Treviso, o local preserva a tradição culinária da Itália. O Magnar di Polenta é um evento gastronômico calcado nessas bases.
Local: Salão da Comunidade do
Distrito de Mato Perso. Informações: (54) 3026-6822 ou [email protected]
click do leitor
A Itália de Jamie. Apaixonado pela Itália, pela culinária, pelo prazer de comer e de cozinhar dos italianos, o pop chef inglês Jamie Oliver traz receitas que
pesquisou e descobriu durante sua viagem pelas regiões do país. Também apresenta suas impressões e
experiências que vivenciou enquanto preparava pratos locais e apurava o paladar nas cidades e fazendas
por onde passou. Antipasti, primi, secondi e dolci (antepasto, entrada, prato principal e sobremesa): nada
escapa do autor, que dedica um capítulo para cada
momento da refeição, com lista de ingredientes, modo
de preparo e dicas valiosas que garantem o sucesso do
prato. De quebra, um pouco da história dos lugares ou
de personagens relacionados às receitas. Editora Globo, 71 reais, 322 páginas.
Arquivo pessoal
“ Queste anticipazioni costituiscono un
ennesimo tentativo di influenzare la
magistratura brasiliana, verso cui abbiamo
sempre nutrito rispetto”,
“E
Sexo & poder em Roma. Retrato vívido dos prazeres e vícios do Império Romano, o livro de Paul Veyne analisa as
relações de poder e sexualidade entre os romanos. A obra
traça um panorama da cidade que então dominava o mundo
até o que dela sobrou. Além de abordar os deuses da época
e o paganismo, o livro fala também da política e corrupção
nas relações de poder, dos gladiadores e da morte como espetáculo. Com pedagogia e clareza sem iguais, o historiador
nos revela as sutilezas morais, indispensável para entender
as estruturas dessa República hoje. Editora Civilização Brasileira, 384 páginas, 30 reais.
m dezembro e janeiro passados
estive de férias em Ceretto Lomellina, em Pavia. Foi uma experiência
incrível e muito emocionante. Ver a neve pela primeira vez foi surpreendente e
uma emoção inexplicável.
Marília Félix,
RJ – por e-mail.
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
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Opinione
Opinione
Franco Urani
Ezio Maranesi
[email protected]
Ipotesi sul come
uscire dalla crisi
Non mancano speranze e concrete possibilità
N
ell’articolo del dicembre
scorso, auspicavo che la
grave crisi economica,
finanziaria e sociale che
sta imperversando dal settembre
scorso avrebbe potuto trovare una
graduale soluzione nella coscientizzazione da parte dell’umanità
degli autentici valori esistenziali, quali: importanza di preservare
l´ambiente, armoniosa convivenza in giustizia sociale, limitare
i consumi ed eliminare gli sprechi, aumentare le conoscenze e la
qualità etica della vita.
La sensazione – dopo 6 mesi
di crisi – è di una sua globalità e gravità che va al di là delle
previsioni e, al tempo stesso, di
una generale confortante assunzione di responsabilità e di ricerca di nuove soluzioni innovatrici
da parte dei vari Paesi ed in modo particolare dal nuovo governo
USA di Obama. In questa sede,
posso solo limitarmi ad alcune
considerazioni :
Non verranno più tollerati paradisi fiscali, operazioni finanziarie spregiudicate da parte delle Banche e scoperte in
generale, indebitamenti con
insufficienti garanzie;
Gli apparati governativi
dovranno essere ridimensionati e razionalizzati,
per ottenere rapidità decisionale, maggiore efficienza, riduzione delle spese pubbliche di gestione;
Inasprimento della lotta
contro l’evasione fiscale e le
attività illegali, specie droga;
Riduzione delle spese militari e belliche, mediante politiche di conciliazione che tendano a svuotare i fondamentali-
10
smi religiosi e le velleità nazionalistiche;
Deciso intervento degli Stati
per sostenere le aziende in difficoltà, sempre che queste diano garanzie di adeguare le loro
gestioni e produzioni alle nuove
esigenze (e cioé banche oculate
nelle loro applicazioni; industrie
automobilistiche
decisamente
impostate verso modelli ibridi,
elettrici, ad idrogeno; generazione elettrica indirizzata verso
soluzioni alternative al petrolio,
specie solare e nucleare, ecc.);
Rapido avvio da parte degli
Stati di piani ad opere di infrastruttura ed ecologiche di comprovata necessità, dato l’inevitabile aumento della disoccupazione, quali ad esempio
le opere del PAC in
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Brasile (ferrovie rapide e per trasporto merci, strade, idrovie, miglioramento dei porti, silos, preservazione dell’Amazonia, sistemazione delle favelas, case popolari, ecc.);
Ampio ricorso degli Stati agli
ammortizzatori sociali per sostenere i milioni di disoccupati e soprattutto i precari, anche al fine di
evitare eccessive tensioni sociali;
Aumento delle imposizioni fiscali sugli stipendi elevati e guadagni di capitale, nonché emissione di Buoni del Tesoro nella
minima misura possibile per contenere l’aumento degli indebitamenti pubblici, anche considerando gli attuali tassi minimi (1%
all’anno in Europa) e la grande accettazione di questi titoli per
motivi di sicurezza,
cercando comunque di contenere
i successivi effetti inflazionari;
Adozione, da parte delle
aziende, di criteri di economia,
razionalizzando prodotti e distribuzione. Pare probabile che, almeno inizialmente, i lavoratori
dei Paesi sviluppati guadagneranno meno e che il precariato sarà sempre più diffuso, con
necessità degli addetti di impegnarsi al massimo aggiornando
continuamente la loro professionalità per non venire esclusi
dal mercato. Fenomeni di inefficienza e di assenteismo verranno
sempre meno tollerati;
Contenimento delle immigrazioni incontrollate che avvengono specie in Europa e negli USA
mediante efficaci programmi di
pianificazione famigliare nei paesi d’origine e creando là le attività necessarie al loro sviluppo
(la Cina sta agendo massicciamente in tal senso);
Fermo restando il libero
commercio, non dovrebbero più
essere tollerate politiche commerciali falsate da cambi artificiali, da scorretezze industriali, dallo sfruttamento
della mano d’opera e dal
deterioramento
dell’ambiente, politica questa
che era stata applicata
su vasta scala soprattutto dalla Cina.
In
conclusione,
con buona volontà,
molto lavoro e illuminato dirigismo politico, si
può intravedere la nascita
di un mondo più serio, giusto
e razionale, che potrà negli anni progredire verso nuove importanti mete.
ARISA,
ci sei o
ci fai?
Sentiamo un gran bisogno di cose
semplici, pulite, vere e sincere
H
o visto il festival di Sanremo. Non tutto: non
dobbiamo prenderci troppo sul serio ma anche la
futilitá ha i suoi limiti. Ero comunque davanti al televisore
quando Bonolis ha annunciato,
tra le nuove proposte canore,
Arisa con la canzone “Sincerità”.
Dalle scale Arisa ha iniziato la
discesa. Giovane donna, pantaloni larghi e neri a mezzo polpaccio, calze bianche da calciatore,
tunica nera informe, frangia nera
che copriva tutta la fronte, occhiali a grossa montatura nera,
bocca troppo rossa, naso e mento befana-style accentuati dal
look del viso. Ricordava un poco
Calimero, il personaggio piccolo
e nero del “Carosello” degli anni ’60. Scendeva con difficoltà,
quasi avesse problemi di locomozione. Mi si è stretto il cuore, e non mi è sembrato giusto
che Sanremo esibisse una persona che, probabilmente, aveva dei
problemi. Arisa ha cominciato a
cantare: una canzoncina garbata,
orecchiabile, accattivante. Mi ha
ricordato le canzoni del quartetto Cetra. Rigida, Arisa non sapeva dove mettere le mani. Le ha
nascoste, l’una stretta all’altra,
dietro la schiena. Con grande coraggio le ha portate poi in grembo, sempre strette fra di loro.
Ha cantato la sua storiella-messaggio con voce gradevole, intonata, azzardando alcuni timidi
cambi di tonalità ben preparati.
Ha terminato ed è fuggita; sembrava terrorizzata dalla possibilità di dover dire qualcosa. L’aria
indifesa e la facile canzoncina
hanno commosso e conquistato
tutti. Arisa ha recitato con perizia il suo personaggio nei giorni successivi, con pochissime varianti. Ha facilmente trionfato.
La vittoria le ha dato fama e
visibilità, e mi sono incuriosito di
sapere chi fosse, da dove venisse,
che problemi avesse, come fosse
arrivata a Sanremo. Ho cercato e
ho letto biografia e informazioni
e ne sono rimasto sorpreso. Arisa
si chiama Rosalba, viene da Potenza, 26 anni, bella e sana famiglia del sud, canta da vari anni. Ha vinto una gara canora di
una certa importanza, è stata selezionata con successo da SanremoLab. Una sua foto, scattata ad
un concorso canoro, mostra una
bella ragazza, vestita in modo
forse tradizionale ma al passo coi
tempi, pudicamente scollata. Una
giovane donna come tante. A Festival terminato, le varie interviste e dichiarazioni ci hanno dato
il quadro di una ragazza spontanea, intelligente, sensibile e legata ai valori tradizionali. Ha dichiarato che preferiva somigliare
a Calimero piuttosto che a Naomi. Ad una domanda indiscreta si
è tradita con un “stasera faccio
finta che non lo so...”. Alla simpatica emozione suscitata dal suo
bizzarro e maldestro personaggio
televisivo si sovrapponeva ora
il ritratto di una sana e concreta ragazza di provincia. Ma i due
personaggi non combinavano, e
allora ho letto che l’Arisa sanremese, abiti, capelli, occhialoni,
aria goffa, insomma l’Arisa Calimero è stata creata a tavolino. Si
è voluto dare vita a un personaggio di forte impatto in linea con
la melodia e le parole della sua
ingenua canzoncina. Sono rimasto di sasso: ma come Arisa, tu
ci canti “Sincerità” e ti travesti
per ingannare i giurati? Siamo
in pieno dramma pirandelliano:
ci sei o ci fai? Che tradotto dal
vernacolo romanesco vuol dire:
sei veramente quella che abbiamo visto o ci stai prendendo per
il fondo schiena?
Non c’è indignazione; al contrario, la storia è divertente.
Sappiamo tutti perfettamente
che oggi il valore della apparenza supera assai quello della sostanza. Mi congratulo, anzi, con
chi ha creato il personaggio. Sicuramente ha capito che la gente ha le tasche piene dei presuntuosi messaggi di varia natura
che i canzonettari ci rifilano con
la loro aria drammatica e i loro
gesti scontati. Non ci emoziona
la storia di Luca che era gay e
ora felice etero e probabilmente bisex. Né la Zanicchi che brama copulare, anche senza amore.
Né le grida o i sussurri a contenuto drammatico-etico-politicoesistenziale che i nostri sgarruppati canterini ci infliggono nei
tre minuti della loro esibizione.
Il creatore della bizzarra Arisa
ha capito che oggi la gente, cosí
amara nella sua intima protesta
su come va il mondo, ha bisogno
di sentir parlare di sentimenti
semplici, tranquilli, puliti, genuini, sinceri. Per questo ci delude
sapere che la “Sincerità” di Arisa è un grande bluff. Teniamoci stretta “Acqua azzurra, acqua
chiara” del Battisti anni ‘70. Non
sappiamo con certezza quanto chiara e quanto azzurra fosse quell’acqua, ma nessuno per
ora l’ha inquinata raccondandoci
una verità nascosta.
Opinione
notizie
Fabio Porta
Leadership
Rifugiato politico o
assassino comune?
L’Italia degli “anni di piombo” non era un paese dittatoriale; e anche oggi, ci piaccia o no, in Italia
vige la democrazia. Perché allora concedere lo status di “rifugiato politico” a Cesare Battisti?
L
a grande ripercussione
avuta dal “caso Battisti”
sui mezzi di informazione italiani e brasiliani non
ha contribuito a fare chiarezza
sull’intera vicenda, incentivando semmai interpretazioni errate
e spesso radicali (in un senso o
in un altro) che hanno spostato nelle ultime settimane l’attenzione dell’opinione pubblica
dall’oggetto della questione ad
altri fattori.
Nel corso della mia recente
visita a Brasilia insieme al Vice Presidente della Camera dei
Deputati italiana Maurizio Lupi, ho avuto modo di spiegare
al Presidente del Congresso Michel Temer e ai colleghi deputati la posizione del Parlamento italiano, che all’unanimità lo
scorso 26 febbraio ha approvato una mozione proprio su questo tema.
In tutti i nostri incontri abbiamo ribadito il nostro pieno e
grande rispetto per le istituzioni brasiliane, dissociandoci da
quanti in Italia hanno utilizzato impropriamente e inopportunamente questa delicata vicenda per riproporre vecchi e offensivi stereotipi sul Brasile.
La nostra visita è anche servita a confermare l’importanza
dello storico legame tra i due
Paesi, che dovrebbe semmai essere rafforzato e valorizzato a
tutti i livelli. Una riprova di tutto ciò sono due importanti decisioni appena prese dal Presidente della Camera Gianfranco Fini:
l’istituzione anche in questa legislatura del gruppo interparlamentare Italia-Brasile e l’invito
12
al Presidente della Camera del
Brasile a partecipare al G14 dei
parlamenti che si svolgerà a Roma il prossimo settembre.
In questo contesto la richiesta di estradizione di Cesare
Battisti, avanzata dal Governo
Prodi all’indomani dell’arresto
del terrorista italiano a Rio de
Janeiro nel 2007, deve essere
considerata per i fatti specifici ai quali si riferisce, ossia le
quattro condanne all’ergastolo
per le quali il terrorista è stato
già condannato.
Come ha recentemente detto nel corso di un’intervista a
“Carta Capital” Giancarlo Caselli, uno dei più autorevoli magistrati italiani nonché indiscusso protagonista della lotta alla mafia e al terrorismo in
Italia, numerose prove confermano le responsabilità personali di Battisti: testimonianze,
perizie, documenti, armi e munizioni sequestrate, nonché la
ricostruzione di tutta la storia
del PAC (Proletari Armati per il
Comunismo). Tutta la documentazione e i testi delle sentenze sono pubblici, e si trovano
anche pubblicati sul sito www.
vittimeterrorismo.it ; da questa
lettura è facile comprendere come Battisti sia stato oggetto di
un processo giusto nel pieno rispetto di tutte le regole dello
Stato di diritto.
Quello che forse non si trova
in questa completa documentazione sono i precedenti di Battisti, già autore di diversi reati
ben prima di fare parte di gruppi terroristici: abuso sessuale
di incapace, rapine a mano ar-
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
mata, gambizzazioni. Allo stesso modo non è possibile “leggere” nelle sentenze il clima e
la storia politica dell’Italia degli anni ’70; qualcuno ha anche
provato a distorcere la realtà
dei fatti, descrivendo il nostro
come un Paese “non democratico” dominato da “leggi speciali” e in mano a poteri occulti
come “Gladio” o la “Loggia P2”.
Tutti fenomeni reali, ma che
mai sono riusciti a compromettere la forza delle nostre istituzioni democratiche. L’Italia dei
cosiddetti “anni di piombo” era
invece uno Stato dove vigeva
una democrazia piena e ricca,
anche se in un contesto storico
complesso e drammatico: era il
Paese di Moro e Berlinguer e del
compromesso storico, del primo Presidente della Repubblica
“partigiano” e socialista Pertini, dello statuto dei lavoratori
e delle principali riforme dello
stato sociale volute dai partiti
di centro-sinistra.
A questa democrazia il terrorismo si opponeva seminando il
terrore e ricorrendo a mezzi sempre più violenti; una strategia
che ha allontanato definitivamente questi movimenti da una
base popolare che in realtà non
hanno mai avuto e che mai si è
riconosciuta nei loro metodi antidemocratici e feroci.
L’Italia ha saputo reagire con
fermezza a questo attacco ai valori democratici, grazie all’unione di tutte le forze politiche del
Paese e alla mobilitazione della
società civile organizzata.
Rispetto a questa lunga e
difficile pagina della nostra sto-
ria, dove tra le centinaia di vittime innocenti tanti sono stati
i sindacalisti, giudici, giornalisti e politici (soprattutto di sinistra), il Parlamento italiano ha
ribadito fermamente quello che
già nelle scorse settimane il Presidente della Repubblica Giorgio
Napolitano aveva chiesto in una
sua lettera al Presidente Lula,
ossia il rispetto per una decisione della giustizia e quindi del
popolo italiano.
Questa mozione è stata firmata, tra gli altri e significativamente, da tre miei colleghi di
partito che voglio qui ricordare:
Sabina, figlia di Guido Rossa, un
operaio comunista assassinato
dalle Brigate Rosse; Giovanni,
anch’egli figlio di una vittima
del terrorismo “di sinistra”, il
Presidente dell’Azione Cattolica
Vittorio Bachelet; e Olga, moglie di un consulente del sindacato italiano, l’economista Massimo D’Antona.
Abbiamo chiesto al Brasile l’estradizione di Battisti ma
anche alla Francia l’immediata
estradizione della brigatista rossa Marina Petrella, pure lei condannata in Italia per aver commesso crimini efferati negli anni
del terrorismo.
Un’ultima domanda: né la
Francia per Marina Petrella, né
nessun’altra nazione per terroristi e latitanti italiani di destra
e di sinistra ha mai concesso lo
status di “rifugiato politico” a
questi individui.
Perché lo ha fatto il Brasile
per Cesare Battisti? Al STF (Supremo Tribunal Federal), e non ai
posteri, l’ardua sentenza….
R
icerca realizzata il mese scorso dall’Istituto Datafolha indica che
il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, è a capo nei sondaggi di voto per il 2010. Con il nome dei candidati presentati agli
elettori, Cabral (PMDB) è al primo posto con il 26%; il senatore Marcelo Crivella (PRB) sarebbe al secondo posto con il 16%, accanto al
deputato Fernando Gabeira (PV), con il 15%. Al quarto posto è il deputato statale Wagner Montes (PDT), con l’11%, seguito dall’ex sindaco Cesar Maia (DEM), con il 10%. Visto che il sondaggio ha un margine di errore di quattro punti percentuali in più o in meno, di fatto
c’è un pareggio tecnico tra i quattro candidati per il secondo posto.
Agroalimentare
D
ue missioni di imprenditori brasiliani del settore agroalimentare hanno visitato in marzo l’Umbria e la Calabria, in Italia.
Accompagnati dall’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE),
miravano ad aumentare e diversificare le esportazioni di alimenti e
bevande con il Brasile. I brasiliani sono rimasti in Italia nove giorni. Secondo il direttore dell’ICE, Giovanni Sacchi, l’Italia cerca sempre più all’estero l’espansione delle sue piccole e medie imprese:
— Mentre in altri paesi delle imprese investono in alta tecnologia per offrire quantità a prezzi bassi, gli italiani provano che
i loro prodotti come formaggi, vini, salami, oli, prosciutti e conserve aggregano attributi della tradizione, esprimendo valori culturali specifici delle regioni di origine.
Massa è propaganda
I
l pilota brasiliano Felipe Massa è stato confermato come testimonial della Iveco per il 2009.
— Felipe Massa è giovane, competitivo, ha talento e la vittoria
come meta. Queste sono qualità che lo identificano molto con
la Iveco, che è la più giovane marca di camion del Brasile e cresce di
più delle altre fabbriche nel mercato brasiliano — afferma Marco
Mazzu, presidente della Iveco Latin America, annunciando il rinnovo del contratto iniziato nel 2008.
L’anno scorso il pilota della Ferrari è stato la star di una campagna
istituzionale della Iveco chiamata “Insieme nella stessa passione”, che univa le qualità del pilota ai valori della marca Iveco:
performance, impegno, spirito di équipe e affidamento.
È decollato
D
opo quasi un mese di “guerra” con il governo federale, il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, è tornato sui suoi passi
sul tema dell’apertura dell’aeroporto Santos Dumont per i voli regionali. Agli inizi contrario all’apertura promossa dalla Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), il governo di Rio ci ha ripensato e ha perfino sospeso la multa di 1 milione di reais che voleva dare alla Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária, vincolata al
ministério da Defesa) perché non seguiva le norme di licenziamento
ambientale dell’aeroporto. Cabral avrebbe detto in confidenza a collaboratori più vicini a lui che ha scelto di permettere i nuovi voli regionali nel Santos Dumont perché il suo rifiuto a permetterli gli starebbe causando un grande logorio politico. Cabral voleva lì solo voli
del ponte aereo Rio-São Paulo per valorizzare il Galeão, che sta ricevendo i preparativi per i Mondiali di Calcio del 2014.
Carlos Magno
[email protected]
Gas
N
el mese scorso il presidente Luiz Inácio Lula da Silva è tornato a Rio de Janeiro. Stavolta per conoscere il terminal di
rigassificazione di gas naturale liquefatto (GNL) che la Petrobras
ha costruito nella Baía de Guanabara. Il governatore Sérgio Cabral
e il vice governatore e segretario di Obras, Luiz Fernando Pezão,
hanno accompagnato il presidente durante la visita. Lula ha detto che il terminal è “un altro passo verso l’indipendenza del paese
per ciò che riguarda la Bolivia”.
— Non dipenderemo dal buon umore di nessuno, ci arrangiamo — ha dichiarato Lula.
Gas 1
I
l terminal fa parte del Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). È il secondo terminal di rigassificazione di GNL del paese. Il
primo, sempre della Petrobras, è nel Porto di Pecém, nel Ceará. I due
terminal segnano l’entrata della Petrobras nel mercato internazionale
di GNL, garantendo al Brasile nuove fonti di rifornimento di gas naturale e, di conseguenza, una maggiore sicurezza energetica. Iniziata
nel dicembre 2007, la costruzione e l’allestimento del terminal nella
Baía de Guanabara sono stati conclusi nel gennaio 2009. Ora i lavori
sono in fase di preoperazione. Gli investimenti nell’opera sono stati
di 819 milioni di reali, dando origine a circa 1.700 impieghi diretti.
Il terminal ha la capacità di rigassificare 14 milioni di metri cubici al
giorno di gas naturale, il che corrisponde a quasi il consumo medio
del mercato termico in tutto il paese per il 2008 (14.489 milioni di
metri cubici al giorno). Il gas rigassificato nel terminal sarà erogato,
come priorità, per le centrali termoelettriche della Regione Sud-Est.
Consorzio
D
ice il motto che “il bisogno crea le opportunità”. Con la crisi
economica mondiale, amministratori di consorzi brasiliani hanno creato nuove nicchie di azione. Ora si può già entrare in un gruppo
per fare chirurgie plastiche, corsi di specializzazione nella post laurea,
feste di matrimonio o qualsiasi altro sogno di consumo che non costi
più di 20mila reais. La Embracon è il primo amministratore a lanciare
a São Paulo questo tipo di servizi. Altre due imprese già lo fanno a Minas Gerais e nel Paraná. Il programma offerto dall’impresa prevede offerte libere, sorteggi e proposte di fino al 25% del valore del credito.
TIM
L’
imprenditore brasiliano Nelson Tanure sarà il nuovo azionista della TIM Brasil. Tanure è proprietario dell’operatore di
lunga distanza Intelig, che dovrà essere incorporata all’azienda
italiana. Secondo il giornale O Globo, 40 avvocati si adoperano
per realizzare l’operazione, che coinvolgerà uno scambio di azioni. Le due aziende sono in trattative da quattro mesi.
Abril 2009
/
ComunitàItaliana
13
economia
40º
Eles são
bilionários
Treze brasileiros e doze italianos integram o ranking da revista
norte-americana Forbes que listou os homens mais ricos do mundo
C
Grupo Keystone
61º
Eike Batista $7,5
52 anos. Dono do Grupo
EBX. No ano passado, era o
terceiro mais rico do Brasil.
62º
70º
71º
92º
196º
205º
224º
224º
285º
318º
318º
450º
468º 468º
Joseph Safra $7,0
70 anos. Banqueiro,
controlador do Grupo Safra.
Em 2007, era o brasileiro
mais rico da lista da Forbes.
Silvio Berlusconi e família $6,5
72 anos. Primeiro-ministro
italiano, dono dos principais
veículos de comunicação do
país, além de bancos e do time
de futebol Milan.
Sônia Apolinário
hocolate e mineração.
Esses são os setores em
que atuam o italiano e o
brasileiro mais ricos do
mundo, respectivamente, Michele Ferrero e Eike Batista. No mês
passado, a revista norte-americana Forbes divulgou seu tradicional ranking de bilionários. Ferrero ocupa o 40º lugar na lista enquanto Batista é o 61º. No “duelo” entre italianos e brasileiros, o
primeiro-ministro da Itália ocupa
o 4º lugar. Antes dele, vem outro brasileiro: o banqueiro Joseph
Safra, o 62º colocado na lista da
Forbes. Na Itália, Ferrero assumiu
o posto de homem mais rico do
país no ano passado, rebaixando
Berlusconi para o segundo lugar.
No ranking da revista, o primeiroministro está na 70ª posição.
Os três homens mais ricos do
mundo são: o dono da Microsoft,
Bill Gates; o investidor Warren Buffett e o empresário mexicano do
Julio Bozano $1,1
73 anos. Ex-banqueiro, em
2000 vendeu o Banco Bozano
Simonsen para o espanhol Banco
Santander Central Hispano. Seus
11% de ações da Embraer valem
825 milhões de dólares.
647º
601º
Antonio Luiz
Seabra $1,2
66 anos. Vive
no Reino Unido.
Fundador da
Natura Cosméticos.
14
Michele Ferrero
e família $9,2
82 anos. Vive em
Mônaco. Dono
da fábrica de
chocolate Ferrero.
601º
Guilherme
Peirao Leal $1,2
58 anos. PresidenteExecutivo e um dos
fundadores da Natura
Cosméticos.
ComunitàItaliana
/
setor de telecomunicações Carlos
Slim, que no Brasil controla as
empresas de telefonia Embratel
e Claro. Suas respectivas fortunas
são de 40 bilhões de dólares, 37
bilhões de dólares e 35 bilhões de
dólares. Isso porque eles perderam
com a crise 18 bilhões de dólares
(Gates) e 25 bilhões de dólares
(Buffett e Slim) no último ano. A
crise também varreu da lista 332
bilionários. Este ano, “somente”
793 pessoas foram incluídas.
Francesco Gaetano
Caltagirone $1,4
66 anos. Controla a holding
Caltagirone que atua nos
setores imobiliário e de
construção, além de editoração.
Ao todo, 12 italianos e 13
brasileiros fazem parte da lista
da Forbes. O empresário brasileiro Antonio Ermirio de Moraes e o
estilista italiano Giorgio Armani
empataram na 224ª colocação.
Também empataram em 468º lugar o empresário brasileiro Abílio dos Santos Diniz, membros
da família italiana Benetton e o
empresário italiano Mario Moretti
Polegato. Veja a lista ítalo-brasileira:
Com uma fortuna pessoal de $1,5 bi,
quatro integrantes da família Benetton
dividem a mesma posição no ranking.
Luciano, de 73 anos, é ex-senador e
preside ao grupo desde a sua criação.
Giuliana, 71, faz parte do conselho de
administração da holding do grupo.
Gilberto, 67, supervisiona todos os
investimentos financeiros e imobiliários
do grupo. Carlo, 65, está no comando
da produção e da ligação entre a sede da
Benetton e suas unidades internacionais.
522º 522º 468º
Leonardo Del Vecchio $6,3
73 anos. Fundador e
presidente da Luxottica.
Jorge Paulo Lemann $5,3
69 anos. Banqueiro que com outros exbanqueiros e também bilionários, Marcel Telles
e Carlos Alberto Sicupira, dividem o controle
de uma das maiores cervejarias do mundo, a
InBev, formada pela união da AmBev do Brasil
e da Interbrew da Belgica. O trio também
controla a varejista Lojas Americanas.
Dorothea Steinbruch
e família $3,0
NR. Dona da maior
empresa de aço do Brasil,
a Companhia Siderurgica
Nacional (CSN).
Giorgio Armani $2,8
74 anos. Estilista.
Marcel Herrmann Telles $2,4
59 anos. Um dos integrantes do trio
de bilionários magnatas da cerveja.
Moise Safra $2,1
74 anos. Em 2006, sua fortuna somada com
a de seu irmão os levaram à primeira
posição do ranking brasileiro. Vendeu
para o irmão Joseph metade das ações
que detinha do Grupo Safra.
Carlos Alberto Sicupira $2,1
61 anos. Um dos integrantes do trio
de bilionários magnatas da cerveja.
Aloysio de Andrade Faria $3,1
88 anos. Banqueiro. Fundou o
Banco Alfa, o 17º maior banco
do Brasil. Também é dono da
Agropalma, uma das maiores
empresas produtoras de óleo de
palma da América Latina, que
está se beneficiando da crescente
demanda por biodiesel.
Antonio Ermirio de
Moraes e família $2,8
80 anos. A família detém o Grupo
Votorantim, um conglomerado que
atua na indústria de metal,
papel, produtos químicos
e suco de laranja. No
ano passado, era o
brasileiro mais rico da
lista da Forbes.
Stefano Pessina $1,6
67 anos. Vive em Mônaco. Presidente
da Alliance Boots, empresa do ramo
farmacêutico que atua em toda a Europa.
Ennio Doris e família $1,4
68 anos. Fundador e executivo-chefe
da Mediolanum, de gestão dos fundos
e companhias de seguros.
Abril 2009
Mario Moretti Polegato $1,5
56 anos. Fundador da grife
de calçados Geox.
Abílio dos Santos Diniz $1,5
72 anos. Controla a Companhia Brasileira de
Distribuição (Grupo Pão de Açucar), de alimentos.
Abril 2009
/
ComunitàItaliana
15
economia
negócios
Banco dos pobres
chega à Itália
País será o primeiro da Europa a receber o projeto
que rendeu um prêmio Nobel da Paz ao seu criador
Guilherme Aquino
O
Correspondente • Milão
Grameen Bank, ou Banco
do Vilarejo, criado pelo
bengalês Muhammad Yunus, terá uma filial italiana. Foi o próprio Yunus, um economista de 68 anos, quem anunciou sua decisão de levar seu
projeto para mais um membro do
G8, depois dos Estados Unidos.
Ele apresentou seus planos
para a Itália no mês passado,
em uma coletiva de imprensa realizada na Fundação Cariplo, em
Milão. A instituição é um dos
principais braços sociais da Igreja Católica e doou 1 milhão de
euros para o fundo Tettamanzi de
auxilio a famílias que perderam
empregos recentemente.
A filial italiana do chamado
Banco dos Pobres está prevista
para ser aberta na Bolonha, no
segundo semestre. No seu país
natal, Bangladesh, Yunus fundou
o Grameen Bank em 1976. Tornou-se mundialmente conhecido
por levar oportunidades sociais e
econômicas para os cidadãos de
baixa renda através de pequenos
empréstimos, o que ajudou a tirar milhões da pobreza extrema.
O “pioneiro do microcrédito”
escolheu a Itália para instalar seu
primeiro projeto na Europa por ser
um país com um tecido econômico apoiado na pequena e média
empresa. Porém, não só por isso.
É um sinal da crise que está empobrecendo as nações mais ricas.
O Produto Interno Bruto da Itália, em 2008, foi de -1,0%, o pior
desde 1975. Para Yunus, o uso
de dinheiro público para sanar a
crise não é a solução.
— Isso é a manutenção de um
motor que não funciona mais. Este
sistema faliu. Temos que reconstruir tijolo por tijolo, uma finança
fundada em princípios que inclua
a todos e que se ocupe dos proble-
16
Sede do Grameen Bank
mas não apenas quando eles chovem nas costas dos ricos — diz.
Na opinião de Yunus, a crise
serviu para mostrar que os ricos,
para um banco, “são menos confiáveis do que os pobres”. Ele prega o “business social” como
um instrumento para domesticar o
capitalismo
selvagem.
ComunitàItaliana
Muhammad Yunus
/
Abril 2009
A idéia passa pela criação de um
modelo empresarial sem a distribuição de dividendos e sem perdas no negócio. Ele explica que
os “investidores sociais” irão recuperar apenas o dinheiro que
colocaram no projeto. O lucro será reinvestido na empresa.
Já existem no mercado empresas com perfil não lucrativo. Entretanto, a diferença é que estas,
em sua grande maioria, vivem de
doações para manter as atividades. No caso do “business social”,
a empresa é auto-sustentável:
— A empresa social vai entrar em um novo tipo e dedicado mercado de capitais, para recolher recursos. Depois, deve ser
capaz de caminhar com as próprias pernas e de se expandir —
afirma Yunus.
Ele acha que os países do
terceiro mundo são um terreno fértil para plantar esta nova
iniciativa. Isso porque são países cujos governos não têm capacidade de administrar de forma eficiente setores como saúde
e educação. Como consequência,
entregam estes serviços básicos
para as empresas privadas.
— Esse setor privado visa
apenas o lucro e exclui os programas a favor dos pobres, das
mulheres e do ambiente. Eu defendo um setor privado que se
nutre da energia da consciência
social a partir de um empresariado social — explica Yunus.
O banqueiro de Bangladesh
diz que a crise não ameaça o seu
Grameen Bank. Desde a sua fundação, a instituição empresta,
sem pedir garantias, dinheiro para a construção da casa própria,
estudos e criação de micro-empresas de famílias pobres. Além
disso, oferece produtos como
poupança, seguros e fundos de
pensão. Os clientes já somam 7,6
milhões de pessoas, sendo que
97% deste total são mulheres.
— Descobrimos que dar um
empréstimo a uma mulher significava levar maiores benefícios
para uma família — conta ele.
Exemplo italiano
Na Itália, existem duas iniciativas próximas ao que Yunus prega,
ambas criadas no ano passado. A
primeira a surgir foi o Housing Social, da fundação Cariplo. No projeto, empreiteiros sociais levantam casas para famílias sem-teto
sem buscar os lucros do mercado
imobiliário. A fórmula inclui a participação do poder público para
viabilizar o projeto. Por exemplo,
a cessão de terrenos da prefeitura
para a construção dos imóveis.
No sul do país, a vinicultura Donnafugata e seus parceiros
criaram um projeto de microcrédito. São empréstimos limitados
entre 10 e 15 mil euros, com baixas taxas de juros e concedidos
a pessoas que não conseguiriam
manter aberta uma linha de financiamento num banco privado
convencional. A empresa siciliana se apóia no voluntariado e em
Organizações Não Governamentais para atuar.
Cheiros da
Amazônia
esteve em São Paulo, onde é produzida a linha de cosméticos.
— Essa linha de beleza aconteceu de uma parceria boa com o
governo do Amazonas feita no ano
passado. Naqueles dias em Manaus
nasceu a Fundação Amazonas Sustentável que, como o nome diz,
protege e incentiva a preservação
da biodiversidade local e, fora do
contexto político, também promove a economia sustentável. Fomos
os primeiros a contribuir, com um
depósito de 50 mil euros. Depois,
compramos 200 mil bolsas produzidas na região que distribuímos
promocionalmente com nossos
produtos — recorda Cimmino.
Segundo o empresário, a
aproximação entre Brasil e Itália no setor têxtil poderia ser
maior caso o país não estivesse
fechado às importações. Ele diz
que tem oferta de “produtos interessantes” ao mercado brasileiro. Ele observa, porém, que como
“grande potência econômica”, o
Brasil “não pode pensar apenas
em continuar exportando”. Para
Empresa italiana de peças íntimas e biquínis
aposta em linha de cosméticos inspirada no Brasil
D
epois de investir na relação com o Brasil para o
desenvolvimento de sua
marca de biquínis e peças
íntimas, a rede italiana Yamamay,
com sede em Verese (Lombardia),
celebra as boas vendas com uma
linha de cosméticos feita a partir de produtos extraídos da selva
amazônica. Além disso, tentam
resgatar uma parceria iniciada em
1983 e, quem sabe, ter pontos de
venda aqui.
— Conheço o estado de Santa
Catarina, em especial a cidade de
Blumenau. Em junho de 1983, fiz
meu primeiro negócio com o Brasil.
Na época, comprei 500 mil camisetas da Hering e 200 mil toalhas
de mão da Karsten. Depois expandimos pedidos para Teka, Sulfabril
e Marisol. Eu trabalhava com uma
outra marca, que vendi há sete
anos. E então começamos a história da Carpisa, de bolsas e acessórios, e da Yamamay, com suas lingeries e biquínis — explica o presidente das empresas Luciano Cimmino, que acompanhou 16 representantes das suas marcas ao Brasil
e concedeu entrevista exclusiva à
Comunità, no Rio de Janeiro.
Da redação
Por conta do trabalho que
desenvolveu entre Itália e Brasil,
Cimmino recebeu do então presidente José Sarney a comanda da
Ordem Rio Branco. Agora, o regresso teve como meta a realização de um catálogo de bolsas
e valises inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer em Brasília.
Para tanto, a equipe passou pela
capital brasileira com o fotógrafo Ruy Teixeira. O grupo também
No alto, sede da Yamamay cujo
presidente, Luciano Cimmino,
mostra carinho pelo Brasil
Abril 2009
/
Cimmino, a crise não afetou os
negócios da Yamamay, muito pelo contrário:
— Como a classe média estava tendo acesso a artigos considerados de luxo e nossos produtos são para a classe média, recuperamos nosso público. Trabalhamos a relação preço-qualidade
— enfatiza, apontando a Grécia
e a China como mercados importantes para a marca no exterior.
A Yamamay soma uma rede
com números expressivos: entre
lojas e pontos de venda somente
na Europa e na Itália são cerca
de 530. A parceria com o Brasil
resulta, segundo Cimmino, por
índices como a venda de 300 mil
biquínis por ano e uma produção que representa 15% do total
de produtos comercializados pela empresa.
— Os preços brasileiros não
são tão baixos e a falta de uma
entidade que regule a pequena
produção às vezes atrapalha o
comércio. No Sul, as coisas são
mais profissionais, mas também
compro de Fortaleza e Salvador,
onde não existe quem intermedie
a exportação.
Freqüentador do São Paulo
Fashion Week, uma das semanas
de moda mais influente do país,
Cimmino confessa gostar do trabalho do estilista Alexandre Herchcovitch. Para ele, o potencial
a ser explorado aqui é a produção para o verão, “sempre criativa e colorida” porque os brasileiros “têm feeling para tudo que
é ligado à praia”. Entre as nossas modelos, a que considera de
beleza e profissionalismo “admiráveis”, com quem trabalhou, é
Ana Beatriz Barros.
Interessado no desenvolvimento brasileiro desde suas primeiras vindas ao país, ele assinala que nos idos dos anos 1980,
quando a Itália já tinha desenvolvido sua indústria têxtil, via
para sua nação o crescimento dos
setores aeronáutico, químico e
de informática, nos quais hoje o
Brasil é quem tem destaque:
— Vejo com admiração os aviões brasileiros da Embraer, a quarta maior empresa do setor que já
forneceu aeronaves para a Alitalia. E também a indústria automotiva, com carros melhores que os
europeus. Somente a China conseguiu se desenvolver mais durante
o mesmo período. É por isso, que
continuo a apostar no Brasil.
ComunitàItaliana
17
Invasione
all’italiana
Autorità e imprenditori italiani si giovano delle fiere realizzate in Brasile
per esporre prodotti e concludere affari. In aprile un evento rivolto al
settore della Difesa porta a Rio il sottosegretario Guido Crosetto
I
Sílvia Souza
l Brasile, così come l’Italia,
investe sempre di più nella
realizzazione di fiere. E gli
imprenditori italiani conoscono molto bene l’importanza di
farsi presenti in questi eventi. In
marzo rappresentanti dei settori
di ceramica e calzature sono venuti in Brasile. Invece quelli che
si occupano dell’area della difesa verranno qui questo mese per
partecipare, dal 14 al 19 aprile,
alla Feira Latino-Americana Aeroespacial e de Defesa (LAAD), a
Rio de Janeiro. Per questo evento è attesa la presenza del sottosegretario alla Difesa italiano,
Guido Crosetto.
18
Dodici imprese italiane partecipano alla LAAD grazie ad
un’azione congiunta dell’Istituto
Italiano per il Commercio Estero
(ICE), della Federazione Aziende
Italiane per l’Aerospazio, la Difesa e la Sicurezza e della Direzione
Nazionale degli Armamenti (DNA)
del Ministero della Difesa.
Durante la LAAD, che ha luogo ogni due anni, saranno presentati 18 prototipi di un veicolo
blindato per il trasporto di truppe. Si tratta dell’Urutu 3, derivato dal Centauro. Ordinati dal Ministério da Defesa brasiliano, sono creazioni della Iveco, che appartiene al Gruppo Fiat. La Iveco
ComunitàItaliana
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Abril 2009
in Italia presenta una divisione
di veicoli propri per la difesa. Il
Centauro è già stato testato, nel
2001, dal Centro de Avaliações
do Exército Brasileiro (CAEx), a
Rio de Janeiro. Ci si aspetta che
con i prototipi si dia inizio ad un
ordinazione in serie.
Ricercatore dell’area militare da più di 30 anni, il professor
Expedito Carlos Stephani Bastos,
della Universidade Federal di Juiz
de Fora, informa che il Brasile
avrebbe bisogno di un’armata di
più di mille veicoli per rinnovarsi. Ma si specula che la partnership con la Iveco dovrà dare origine ad un acquisto di 200 mez-
zi. Nel mercato internazionale un
blindato come quello voluto dal
Brasile non costa meno di due
milioni di dollari.
Invece la Selex Communications, società del gruppo Finmeccanica, torna in Brasile un mese
dopo aver realizzato un incontro
di affari legato ad una gara che la
Polícia Militar dello Stato di Minas
Gerais sta preparando. La richiesta si riferisce al rifornimento di
un sistema di telecomunicazioni
del costo di 80 milioni di dollari.
A sua volta la Finmeccanica,
in collaborazione con la Fincantieri, si interessa soprattutto al
settore navale. Ci sono opportunità di affari con la Marinha Brasileira per la costruzione di fregate e navi pattuglia. Inoltre ci
sono possibilità di partecipare ai
programmi di produzione di nuove navi cisterna messo in pratica
dalla Petrobras.
Secondo l’ICE, per corrispondere alla domanda del mercato
internazionale l’industria italiana ha concentrato le sue attività
in aree tecnologiche specifiche,
dando opportunità alle piccole,
medie e grandi imprese per migliorare le loro competenze, specialmente nei settori di sottosistemi e macchinari. In questo
caso sono da mettere in risalto le
aree legate agli elicotteri e alla
produzione di sistemi elettronici
di difesa e sicurezza (sistemi radar, controllo dello spazio aereo
e comunicazioni). Questo settore
industriale italiano nel 2008 ha
raggiunto un fatturato di 12 miliardi di euro e ha dato impiego a
64mila persone.
— Le aziende italiane vogliono trasformare il paese in una
base di esportazione verso l’America Latina, e il Brasile è un partner importante nell’area della cooperazione tecnica e scientifica
— afferma il direttore dell’ICE,
Giovanni Sacchi.
Ceramica
Tenendo d’occhio le migliori opportunità di rivestimenti di ambienti, dieci tra le più rappresentative imprese italiane nel settore hanno occupato un padiglione
alla Feira Internacional de Revestimentos (Revestir 2009), che
ha avuto luogo a São Paulo dal
24 al 27 marzo. Hanno presentato le loro novità in un’area di
395m², la più grande destinata
ad un padiglione straniero, vincolati all’Associazione Costruttori italiani Macchine e Attrezzature per Ceramica (Acimac). E hanno anche potuto divulgare la loro ottima posizione nel mercato
presentando il Fórum Internacional Tecnológico Tecnargilla Brasil, che ha questo nome in riferimento alla biennale di Rimini.
Calzature e Cuoio
Anche l’Associazione nazionale
costruttori macchine ed accessori per calzature, pelletteria e
conceria (Assomac) ha inviato,
in marzo, una gruppo rappresentativo interessata ad espandersi in Brasile. Sette fabbricanti
italiani (Nexus, S.C Meccaniche,
Construzioni Meccaniche Persico, Equitan, Geokem, Sta/Poletto e Vallero) hanno partecipato
alla Feira Internacional de Couros, Químicos, Componentes e
Acessórios, Equipamentos
e Máquinas para Calçados e Curtumes, a Novo
Hamburgo, nel Rio Grande do Sul.
Divulgação FAB
— La partecipazione della
Acimac nella Revestir 2009 vuole
mostrare l’eccellenza italiana in
macchine e attrezzature per l’industria ceramica e rafforzare i legami storici e di partnership tra i
rifornitori italiani e gli imprenditori brasiliani — dichiara il presidente dell’Associazione, Pietro
Cassani — Siamo i primi rifornitori del Brasile nel settore di
macchinari per la fabbricazione
di prodotti in ceramica, con circa il 24% delle importazioni che,
nel 2008, hanno superato la cifra
di 156 milioni di euro.
L’Italia è orgogliosa di essere il maggior paese fabbricante
di ceramiche nel mondo e il primo maggior produttore
e esportatore di
attrezzature per
il segmento. Questa industria ha
avuto un fatturato, nel 2008, di
2 miliardi di euro, di cui il 71,5%
in affari conclusi all’estero. L’Europa ne è il principale mercato
acquirente con il 40%, seguita
dall’Asia (31,8%) e dalle Americhe (17,2%).
Il Fórum Tecnargilla ha dato
agli italiani l’opportunità di presentare i quattro segmenti che
hanno avuto più enfasi nell’ultima
edizione del Tecnargilla di Rimini.
Sono stati affrontati temi come
quello dell’arredamento, della sostenibilità e del futuro dell’industria ceramica, oltre a lavori digitali e all’uso del porcellanato.
— Vogliamo rafforzare la presenza delle imprese italiane nel
mercato brasiliano con la meta di consolidare futuri accordi
commerciali e joint-ventures —
spiega Sacchi.
Imprese italiane concludono affari con la Força Aérea Brasileira. La Avio Propulsione
ha firmato un contratto per la manutenzione di motori di aerei modello AMX
Leader mondiale nel settore
di macchinari per calzature, prodotti in cuoio e accessori, l’Italia
fabbrica più del 50% del totale
di macchinari del mondo e presenta circa 370 piccole e medie
imprese. Principale rifornitore
del Brasile, l’Italia ha esportato
nel nostro territorio l’equivalente a 19,8 milioni di dollari nel
2008. Ma i mercati principali per
questa produzione includono anche Cina, Turchia, India, Romania, Spagna e Tunisia.
La maggior parte delle aziende produttrici di macchinari per
calzature e prodotti in cuoio si
trova in Lombardia, specialmente a Vigevano, ma ci sono altri
poli produttori in Toscana. Le
Divulgação ICE
Divulgação FAB
affari
Macchinari italiani per rivestimento:
industria ha messo in movimento 2
miliardi di euro nel 2008
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aziende produttrici di macchinari e attrezzature per calzature sportive si trovano nel Veneto, nella provincia di Padova, e a
Varese, in Lombardia.
L’Italia è leader anche nel
settore di macchinari per conceria, con più di due terzi della produzione mondiale Made
in Italy. Sono circa 80 aziende
situate specialmente in Toscana, Veneto, Lombardia, Piemonte e Campania. Questo settore
esporta la maggior parte della
sua produzione verso questi paesi: Cina, Brasile, India, Turchia
e Argentina.
Sicura del fatto che questo
potenziale non può essere sprecato, la Assomac già promuove
in Brasile workshop, conferenze tecniche e training, offrendo supporto e collaborando allo
sviluppo del settore nel paese.
Inoltre organizza in Italia vari
eventi per ricevere i partner da
tutto il mondo.
I prossimi sono già organizzati: saranno la Simac e la Tanning Tech, due fiere che hanno
luogo in ottobre in simultanea
con l’edizione autunnale della Lineapelle – mostra internazionale
per produttori di pelle, accessori e componenti, materiali sintetici, tessuti industriali e modelli
di calzature – che avrà luogo nel
Bologna Fair-Ground.
ComunitàItaliana
19
negócios
affari
Oportunidades
em exposição
Comitiva lombarda do setor de feiras visita o Brasil
F
Heda Wenzel
da missão é incentivar contatos
entre profissionais de eventos
e representantes institucionais
lombardos, com brasileiros.
Durante o encontro, o diretor
geral do Conselho Regional para
Comércio, Feiras e Mercados, Ferdinando Castaldo, explicou que a
Lombardia possui um sistema vanguardista. Nele, o governo sustenta as feiras como forma de promover a competitividade e a inovação
e de melhorar os serviços.
— Nosso governo é consciente de que o sistema feirístico é a
vitrine da produção. Os empresários sabem disso e dedicam em
média 30% do orçamento para
feiras. Eles as consideram tão
fundamentais que nem a crise
mundial diminuiu esse percentual – afirma Cataldo.
À frente do grupo italiano, o
secretário de Comércio, Feiras e
Mercados da Região da Lombardia, Franco Finato, destacou que a
visita traz grandes possibilidades
para a realização de negócios para
a EXPO Mundial de 2015. O evento
acontecerá em Milão, cidade que
possui um dos maiores e mais modernos centros de exposições, com
uma área total de 500 mil metros
quadrados, e estará na agenda de
empresários interessados nas atividades mais importantes para a
economia, o desenvolvimento e o
futuro do planeta.
Mas o estreitamento entre
as relações do Estado do Rio e a
Lombardia não começou agora.
Teve início em 2007, durante uma
visita do governador Sérgio Cabral a Roma, Milão e cidades lombardas. De acordo com o diretor
superintendente do Sebrae/RJ,
Sergio Malta, a viagem criou uma
via de mão dupla entre ambos e
abriu o mercado de importação e
exportação de forma cooperada.
Para a subsecretária de Comércio e Serviços do Rio, Dulce
Ângela Procópio de Carvalho, a
visita da comitiva italiana é a
consolidação de uma relação iniciada pelo governador.
— Ele nos deu instruções
para reforçar parcerias com a
Promos, pela grande experiência
deles com pequenas e médias empresas, o que tem sido feito com
bons resultados — anima-se Ângela. Ela destaca a parceria entre
o Rio e a Lombardia na participação, de forma concomitante, do
Salão Internazionale del Móbile,
Toscana manda in Brasile missione imprenditoriale interessata alle opportunità di affari con Rio de Janeiro
L
a Toscana e lo stato di Rio
de Janeiro sono diventati
praticamente amici d’infanzia. Dalla visita di una delegazione di quella regione italiana
alla Città Meravigliosa potrebbe
venire fuori perfino un gemellaggio. Al centro di questo futuro
trattato di fratellanza ci sono il
porto toscano di Livorno e i porti
di Rio localizzati ad Açu e Sepetiba. Tutto questo grazie a ortaggi e verdure prodotti nello stato
fluminense, che sono importanti
prodotti importati dalla Toscana.
Secondo il vice presidente
della Câmara Ítalo-Brasileira do
Rio, Tarcisio Neviani, il gemellaggio sarebbe “un importante
legame per la distribuzione di
frutta e verdura, oltre ai minerali
e all’acciaio fluminensi”.
La missione toscana è arrivata a Rio basandosi sui numeri.
L’Italia è passata dal 10º (posizione nel 2007) al 9° posto nella lista di quelli che esportano a
Rio, dove sono stati venduti più
di 331,7 milioni di dollari di merci. I dati sono dell’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE),
che ha organizzato la venuta di
cinque aziende e rappresentanti
del governo toscano per la missione di tre giorni nello stato di
Rio. Gli incontri affaristici hanno anche contato sull’appoggio
della Federação das Indústrias do
Sílvia Souza
Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
e della segreteria di stato di Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços.
— I campi di cooperazione
tra Toscana e Rio sono molteplici: turismo, sistemi di gestione, agriturismi e manifatture.
L’economia toscana è di trasformazione, ha bisogno di materia
prima e Rio potrebbe essere un
buon rifornitore. Abbiamo anche
una forte tradizione di sistemi
meccanici, di moda e accessori.
Così questa collaborazione può
includere altri settori e, da un
altro punto di vista, la trasmissione di saperi nell’industria del
marmo, nelle attività di estrazione. E poi vengono frutta e
verdura, altrettanto importanti
perché ne siamo grandi importatori, che arrivano al porto di Livorno — dice Ambrogio Brenna,
assessore della presidenza della
Regione Toscana.
La sicurezza di far investire a
Rio gli imprenditori italiani si è
basata su statistiche commerciali, come la crescita annuale del
5% del PIL brasiliano dal 2004 al
2008 e la creazione di 15 milioni
di posti di lavoro. Secondo il vice
direttore dell’ICE, Gianni Loretti,
il fatto che il Brasile sia passato
da debitore a creditore gli attribuisce caratteristiche che attraggono gli sguardi internazionali:
Ambrogio Brenna
— Malgrado l’annuncio della
crisi il governo federale ha aumentato il PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), investendo nei denominati ceti bassi, che
con il maggiore potere d’acquisto
costituiscono nuovi mercati. Senza parlare del fatto che dobbiamo
guardare al futuro e i Mondiali del
2014, che saranno realizzati qui,
sicuramente daranno impulso ad
un nuovo sviluppo.
Le imprese toscane venute a
Rio rappresentano l’area dei cantieri navali sportivi; dell’industria
di confezioni infantili femminili;
di ingegneria e costruzione mirate a complessi ospedalieri e strumenti medici; dell’attività portuale e di floricultura. Quest’ultima, secondo il sottosegretario di
Desenvolvimento do Estado, Dulce Ângela de Carvalho, è un ramo
in costante espansione.
— Abbiamo preso i primi
contatti con la Toscana durante
la missione governativa del settembre 2007 e dopo siamo già
stati a Roma per presentare le
nostre pietre ornamentali. Spero molto che da questo incontro
qui a Rio nasca un accordo con i
produttori di fiori e siamo sulla
strada giusta, che è quella di riunire e scommettere sui piccoli e
medi imprenditori. Credo che da
questo gruppo nascerà una risposta alla crisi, visto che per loro
importa di più lo sviluppo umano che il capitale finanziario —
commenta il sottosegretario.
Secondo Dulce Ângela de Carvalho altri prodotti che farebbero
parte del pacchetto di intenzioni
per accordi sono la rete ferroviaria, lo studio e l’applicazione di
tecniche di sostenibilità e il turismo. Anche se non c’è una scadenza stipulata per la messa in
pratica o la durata degli affari, la
Toscana manderà a Rio, entro la
fine dell’anno, piccoli e medi imprenditori per parlare con i colleghi dello stato brasiliano:
— È risaputo che nei grandi centri questo tema è già stato risolto, ma quando parliamo
dell’interno notiamo che sia noi
che la regione italiana abbiamo
le stesse difficoltà. Vogliamo fare
un interscambio di esperienze e
il Sebrae farà questo ponte.
Fotos: João Carnavos
Fotos: João Carnavos
eiras de exposições proporcionam a grandes, pequenas e médias empresas
um contato direto com seu
público alvo e a consolidação de
vantajosos negócios. Neste segmento, a Itália é uma referência
mundial. E, a região da Lombardia, localizada ao norte do país,
é o berço desta atividade. Isso se
deve, entre outros fatores, por
ela ser a mais industrializada, dinâmica e competitiva. Já no Brasil, a realização de feiras quadruplicou nos últimos 16 anos.
Este cenário incentivou o
Governo da Regione Lombardia,
através de parceria com a Promos
Milão, a visitar importantes centros e colaboradores em potencial
para promover o projeto Showcasing Lombardia. A comitiva chegou à cidade do Rio de Janeiro
no último dia 23, onde se reuniu
com empresários e visitou, entre
outros locais, a Federação das
Indústrias do Estado e a Câmara
Ítalo-Brasileira de Comércio. À
noite, eles se reuniram no hotel
Copacabana Palace para divulgar
a capacidade econômica da Lombardia, a partir da realização de
feiras em diversos setores. O foco
Chi semina raccoglie
que será realizado entre os dias
22 e 27/04 em Milão, e da Rio
+ Design, liderada também pela
Promos Milão e pelo Sebrae/RJ.
O secretário Franco Finato
anunciou que durante a visita à
capital carioca foram firmados
alguns contratos e acredita que
isso vai ocorrer em maior escala.
— Rio e Lombardia são regiões complementares. Possuímos
tradição na realização de feiras,
estamos bem localizados geograficamente, somos famosos pelo
design, pela produção de móveis,
mármore e granito e considerados o coração da moda. Podemos
ser a melhor opção para entrar
no mercado europeu. Já no Rio,
os empresários são jovens, dinâmicos e criativos e a relação da
cidade com a moda nos aproxima
muito — afirma Finato.
Em relação à crise, Finato diz
que ela surpreendeu pela importância que adquiriu, mas também
demonstrou o perigo de construir
uma economia com base nas finanças. Ele reforçou os aspectos
positivos do momento vivido que
quase nunca são explorados.
— A crise nos obriga a colocar os pés no chão e a pensar
no essencial. Também nos mostra que o mercado não é a solução de todo o problema e que
precisa ser controlado. Ela nos
incentiva a amar o próprio trabalho. Um trabalho que produz,
traz resultados e não só financeiro. De um lado existe o medo e do outro, oportunidades de
crescimento. Devemos agir. Acho
que o Brasil e a Lombardia têm
uma grande força para sair logo
e melhor do que antes dessa crise — analisa antes de partir para São Paulo.
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ComunitàItaliana
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ComunitàItaliana
21
política
política
O
mês de março acabou e
o “caso” Cesare Battisti
ainda não chegou ao fim,
ainda à espera de uma
decisão do Supremo Tribunal Federal. A novidade, agora, é que
outro italiano preso no Brasil e
que a Itália também quer que seja extraditado, pode vir a receber o mesmo benefício que Battisti. Quem antecipou essa possível “sentença” foi outra vez o
ministro da Justiça, Tarso Genro,
que concedeu refúgio político a
Battisti e abriu uma crise diplomática entre Brasil e Itália, no
início do ano.
— Se o caso de Pierluigi Bragaglia chegar ao ministério da
Justiça e as condições forem semelhantes ao de Battisti, concederei o refúgio. É uma postura de
Estado — afirmou Genro no início de março, durante uma audiência pública no Senado, sobre o
caso Battisti.
Assim, o ministro “jogou aos
leões” o romano Bragaglia, de 49
anos, condenado a 12 anos de
prisão na Itália por subversão,
assalto, roubo a bancos e associação ao grupo fascista Núcleos
Armados Revolucionários (NAR).
Ele foi preso pela Polícia Federal em julho do ano passado em
Ilhabela (SP). Graças a uma identidade falsa, Bragaglia vivia tranquilamente no país, além de ser
proprietário de uma pousada e
uma distribuidora de bebidas na
ilha onde morava.
Preso em uma cela na sede da
Polícia Federal de São Paulo, Bragaglia, agora, teme que o caso
Battisti influencie o seu processo. Imediatamente após a declaração do ministro, ele tratou de
informar, por intermédio de seus
advogados, que não pretende
pedir asilo ao Brasil. Isso porque
sua estratégia de defesa é alegar
que seus crimes já prescreveram.
O governo italiano solicitou a
extradição de Bragaglia com base nos mesmos argumentos usados para pedir a de Battisti: que
se trata de um criminoso político, julgado e condenado em seu
22
Mais um
Além de Battisti, Itália quer a extradição
de outro italiano preso no Brasil
Nayra Garofle
país, que deve voltar para pagar
sua pena. O NAR ao qual Bragaglia integrou é o mais radical grupo da extrema direita que atuou
na Itália entre 1977 e 1981, tendo como inspiração o criador do
fascismo, Benito Mussolini.
— Do ponto de vista técnico, o refúgio não interessa. Se
eu pedir o refúgio, abro uma
grande batalha com a opinião
pública sobre o caso. Quero apenas que o caso seja tratado tecnicamente pelo STF — explica o
advogado do italiano, Antônio
Roberto Barbosa.
Coincidentemente, a defesa
de Battisti passou a defender
também a tese da prescrição dos
seus crimes. Como no Brasil o
prazo máximo para a prescrição
de um crime é de 20 anos, Luiz
Eduardo Greenhalgh, um dos advogados de Battisti, argumentou junto ao STF que os crimes
de Battisti prescreveram em 13
de dezembro de 2008, 20 anos
após a primeira decisão judicial
que condenou o italiano à prisão perpétua.
Porém, o procurador-geral da
República Antonio Fernando de
Souza e o advogado que defende o governo italiano, Nabor Bulhões, rebateram essa tese. Para
ambos, o prazo começa a contar
a partir da data em que os processos foram julgados em última
instância ou seja, 8 de abril de
1991 e 10 de abril de 1993. Battisti continua preso no Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília, a espera do julgamento do
STF. Para a agência italiana Ansa,
o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que o STF tomará sua decisão “antes do fim de abril”.
Pierluigi Bragaglia
O
italiano de Roma nasceu rico. Muito jovem,
abraçou a militância política. Em seu interrogatório, o ex-militante neofascista confirmou a
participação nos assaltos ao Banco di Roma e à Embaixada da Arábia Saudita. Entretanto, negou que
estivesse presente à ação que matou dois carabinieri em Roma, em 1981, conforme acusação da Interpol. Em 1982, fugiu para a Venezuela depois que o
governo de seu país começou a ‘caçar’ terroristas.
Ao descobrir que estava sendo monitorado pelo serviço secreto italiano, fugiu para o Brasil. Desembarcou em São Paulo sob a identidade de Paolo Luigi Rossini Lugo, um venezuelano. Por conta disso, o italiano responde a processo no Brasil por falsidade ideológica e pode ser deportado. Porém,
segundo o ministério da Justiça a deportação não é automática. Em fevereiro passado, o ministro
do STF, Antonio Cezar Peluso, que também decidirá sobre o caso Battisti, pediu mais informações
sobre Bragaglia ao governo da Itália.
ComunitàItaliana
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Pianista, não
Câmara italiana inaugura novo sistema de
votação para evitar fraudes entre deputados
E
m época de crise econômica o governo italiano investiu 500 mil euros para tentar
acabar com uma má prática
entre parlamentares. Há tempos,
políticos são flagrados votando no
lugar de algum colega, o que gerou
a expressão “voto pianista”. O atual presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, prometeu
que acabaria com essa situação.
Assim, no mês passado, entrou em funcionamento na Câmara
um novo sistema de votação que,
seria à prova de falsificações. Isso porque, para funcionar, exige a
identificação do parlamentar pela
sua impressão digital.
Essas características pessoais
e intransferíveis são inseridas no
chip do cartão de identificação do
parlamentar. Para votar, cada deputado deverá introduzir o cartão
e fazer o reconhecimento da impressão digital. A inauguração do
novo sistema aconteceu dia 18,
quando os deputados apreciaram
uma moção de Matteo Mecacci
(Pd) a respeito dos direitos humanos no Tibete.
Fini, quando apresentou o
novo método de voto, disse que
“seria melhor se não existisse”,
mas que para conter “o mau costume de um comportamento que
chegou ao extremo e gerou tanta
polêmica”, era “justo” encontrar
uma solução.
Logo no primeiro momento, a
maioria dos parlamentares tirou
Janaína Cesar
Correspondente • Treviso
a impressão digital, em clara demonstração de adesão à novidade. Para Marco Milanese (Pdl), o
novo sistema é uma oportunidade para os parlamentares “trabalharem melhor”. Seu colega Massimo Pompili (Pd) concorda. Segundo ele, “o voto pianista sempre foi um problema”:
— O deputado deve ser o primeiro a dar o exemplo. Acho que
esse é um sistema válido. Espero que seja adotado também pelo
Senado.
Para os que reclamam dos gastos com a implantação do novo método de voto, o deputado Roberto
Rosso (Pdl) é econômico. Diz que
esse tipo de crítica é uma “estupi-
dez” porque, com o passar do tempo, o montante investido é “amortizado” e se torna um ganho.
— Pense na velocidade de
votação, no tempo que ganharemos e em quanto ganhará a sociedade — afirma Rosso.
Há, porém, um grupo de 19
deputados ainda contrários ao
novo sistema como, por exemplo,
Matteo Brigandi e Matteo Salvini,
ambos da Lega Nord; o secretário
Francesco Nucara, do Partido Republicano Italiano e Elio Belcastro, do Movimento pela Autonomia, para citar parlamentares que
fizeram questão de deixar essa
opinião bem clara. Eles poderão
votar utilizando o velho sistema,
Flagrantes de “pianistas” em ação
Abril 2009
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mas terão seus nomes publicados
nas atas. Michele Pisacane (Udc)
até já tirou sua impressão digital
para registrar no cartão, mas se
posicionou contra o novo sistema
de votação:
— Para mim é uma humilhação ter que tirar impressão digital para votar. Quem tira impressão é porque vai preso. É uma
vergonha nos obrigar a fazer o
mesmo — protesta.
O antigo sistema de voto eletrônico entrou em vigor em 1988.
Foi a partir de 1990 que a mídia
começou a publicar notícias e a
transmitir imagens de deputados
que votavam no lugar de outros.
Há “pianistas” de todas as colorações políticas. Paolo Corsini (Dc)
e Dino Sospiri (An) foram expulsos de uma sessão quando o presidente da câmera era Luciano Violante. Pier Ferdinando Casini, em
seu turno na presidência, expulsou
Denis Verdini, hoje coordenador de
Força Itália. Na atual legislatura,
antes da implementação do novo
sistema, foram pegas em flagrante
“tocando piano” as deputadas Carolina Lussana (Lega), Alessandra
Mussolini (An) e Livia Turco (Pd).
Já no terceiro dia de votação
com o novo sistema, os deputados Guido Dussin (Lega) e Carmelo Lomonte (Mpa) foram descobertos votando no lugar de seus
respectivos colegas de grupo,
Matteo Salvini e Elio Belcastro.
Para eles, Fini mandou o seguinte recado, via TV, ao participar de
um dos programas líderes de audiência do país, o Porta a Porta:
— Existem regras. Para os
que se acham espertos, também
existem punições.
ComunitàItaliana
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política
politica
L’ABC dell’immigrazione
Parlamento italiano dibatte disegno di legge per rendere obbligatorio
l’insegnamento che riguarda la presenza italiana nel mondo
S
Primeiro round
Senado aprova projeto de lei que proíbe eutanásia na Itália
O
Janaína Cesar
Correspondente • Treviso
Senado italiano aprovou,
mês passado, o projeto
de lei do senador Raffaele
Calabrò (Pdl) que define
regras sobre o testamento biológico. Foram 150 votos a favor,
123 contra e 3 abstenções. Agora, o texto segue para discussão
na Câmara dos Deputados.
O projeto aprovado pelo Senado proíbe “qualquer forma de
eutanásia, de assistência e ajuda
ao suicídio”. Além disso, define a
alimentação artificial como “forma de sustento vital”. Na prática,
isso impede a um paciente em
estado vegetativo irreversível de
24
ter os aparelhos desligados, mesmo que ele tenha declarado em
vida ser contrário a algum tipo
de tratamento artificial.
Um pouco antes da votação,
o presidente do Senado, Renato
Schifani, (Pdl), exaltou “a franqueza e a coragem dos senadores
em tratar temas sobre os quais o
único guia foi, como deve ser, a
consciência individual”. Na conclusão dos votos, Maurizio Gasparri,
líder do Pdl no Senado, disse que
a casa “escolheu a vida, votando
contra a morte e a eutanásia”.
O projeto foi aprovado, mas a
polêmica está longe de terminar.
ComunitàItaliana
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Abril 2009
Em meio a protestos de vários senadores que se posicionaram contra o texto de Calabrò, causou surpresa a manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini. Ele “observou” que a
lei aprovada pelo Senado fazia parte de um “Estado ético e não laico”. Segundo Fini, “o Estado deveria garantir a separação da esfera
institucional daquela religiosa”.
Muitos políticos interpretaram as declarações de Fini como
uma sinalização de que o texto
de Calabrò pode vir a ser alterado
na Câmara, apesar do governo ter
maioria na casa. Esse projeto de
lei foi criado por vontade do primeiro-ministro Silvio Berlusconi,
depois da morte de Eluana Englaro
que ficou 17 anos em estado vegetativo. Ela morreu no último dia
9 de fevereiro, após três dias sem
receber comida e hidratação. A família da moça ganhara na Justiça
o direito de deixá-la morrer.
Mais surpresa, ainda causou uma entrevista dada ao jornal L’Unità pelo senador Marcello
Pera, amigo do Papa Bento 16.
À publicação, disse que “após a
votação, o Senado estava em estado de choque porque muitos tinham a consciência de ter votado uma lei que não é boa”.
— Agora, temos que repensar com calma nas mudanças que
poderão ser aprovadas. Acho que
a Câmera fará uma profunda revisão no texto — afirmou Pera na
entrevista.
Para tentar barrar a lei aprovada pelo Senado, o partido Itá-
Raffaele Calabrò
lia de Valor (Idv) de Antonio Di
Pietro, começou uma mobilização para a realização de um referendo. A própria vice-presidente do Senado, Emma Bonino
(PD), já fala em desobediência
civil. Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal La Repubblica,
78% dos italianos são contrários
ao projeto de Calabrò. A mesma
pesquisa indica que os italianos
defendem a votação de uma lei
sobre testamento biológico, mas
que permita a autodeterminação
do individuo, isto é, que respeite
a sua vontade mesmo encontrando-se em estado vegetativo.
Para Beppino Englaro, pai de
Eluana, a lei aprovada “é um ato
discriminatório, paradoxal e sem
nenhum sentido”.
Em resposta às críticas, o senador Maurizio Gasparri, disse
que durante as discussões na Câmara será possível mudar um parágrafo da lei, “mas sem alterar
o seu princípio”. Ele acusa a esquerda de “querer abrir uma porta à eutanásia”.
tudiare l’immigrazione italiana potrà diventare obbligatorio nelle scuole italiane. È ciò che prevede il
disegno di legge n. 2207 presentato al Parlamento dal deputato
Fabio Porta (PD), rappresentante
degli italiani residenti all’estero
nella circoscrizione America Latina. Intitolato “Norme per il sostegno e la diffusione della memoria dell’emigrazione italiana”,
il disegno mira a salvaguardare la
storia dell’immigrazione italiana.
— L’Italia di oggi corre il rischio di perdere la memoria di
coloro che hanno rappresentato
l’enorme flusso di italiani emigrati in tutti i continenti durante un
secolo — afferma il deputato.
Secondo Porta, durante il suo
primo anno come parlamentare si
è convinto di che parte dei problemi degli italiani deriva dalla scarsità di conoscenze del fenomeno
emigratorio. Tanto è che l’obiettivo del disegno di legge è quello di
recuperare la storia che gli italiani non conoscono e, così, “aiutare
l’Italia a valorizzare questo enorme potenziale di relazioni sociali,
culturali, istituzionali ed economiche ancora sottovalutate”.
Nayra Garofle
— Nel caso del Brasile questo è ancora più evidente. Gli italiani non hanno la minima idea
della grande penetrazione della
comunità italiana in Brasile, non
solo nella storia, ma anche nei
processi culturali ed economici.
L’obiettivo del disegno di legge è
maturare, per mezzo della scuola,
questa sensibilità e anche aiutare l’Italia a recuperare una cultura di accoglienza di tanti immigranti stranieri partendo dal recupero della memoria storica della nostra emigrazione — spiega.
Secondo il deputato il disegno
di legge prevede un insegnamento
di tipo multidisciplinare. Rimarrà a
carico del ministero dell’Istruzione
trasmettere alle istituzioni di insegnamento italiane le sue linee generali. È multidisciplinare, continua, perché l’emigrazione coinvolge questioni legate non solo alla
storia, ma anche a geografia, musica, letteratura ed economia.
Nel testo del disegno di legge
viene messa in risalto la partecipazione delle famiglie di studenti
nelle attività scolastiche legate al
tema. Si mira a determinare il recupero della memoria degli eventi
migratori e favorire la comprensione obiettiva dei fenomeni di immigrazione che negli ultimi anni
si stanno sviluppando nel paese.
Come incentivo alle scuole il
disegno prevede inoltre la cre-
azione di un premio nazionale
chiamato “Migranti come noi”.
Sarà destinato alle istituzioni
che hanno raggiunto buoni risultati nelle attività e si sono messe in risalto per ciò che riguarda l’insegnamento e la ricerca
sull’emigrazione italiana.
— Il premio servirà anche per
stimolare lo studio comparativo
tra le dinamiche delle emigrazioni italiane nel mondo e gli attuali flussi immigratori in Italia. Insomma, potrà servire per realizzare possibili agganci tra le iniziative analoghe realizzate e istituti scolastici dei paesi di maggior
presenza dell’emigrazione italiana
come il Brasile — dice Porta.
Il deputato mette in risalto che il disegno di legge ha risvegliato rapidamente un grande
interesse da parte di altri parlamentari di diversi partiti. Porta
dice che in breve porterà la proposta “ai colleghi della Commissione Cultura e Istruzione” per
sollecitare l’inserimento della
legge nel calendario di disegni
di legge che dovranno essere esaminati.
— Se il Parlamento
italiano dimostrerà un
grande interesse e se
gli italiani nel mondo mi appoggeranno in questa
battaglia sarà
Abril 2009
/
possibile approvare il disegno di
legge ancora in questa legislatura — afferma.
Il disegno di legge viene giustificato dal fatto che l’emigrazione, a partire dalla seconda metà
del XIX secolo fino ad oggi, è stato
la causa di profondi cambiamenti
della società italiana e rappresenta “l’esperienza più intensa e diffusa internazionalmente che gli italiani hanno mai conosciuto”. Nel
testo Porta dice che “la presenza
di centinaia di giovani provenienti da diverse parti del mondo nella
conferenza dei giovani italiani e di
origine italiana, realizzate nel dicembre 2008 a Roma, ha permesso di verificare direttamente l’intensità e i valori di questa
disponibilità per il recupero
delle lontane radici e per una
rinnovata fase di interlocuzione”.
ComunitàItaliana
25
capa
Dor e
medo
Dolore e paura
Terremotos na região de Abruzzo arrasam 26 cidades italianas. Em uma
primeira contagem, 20 mil pessoas estão entre mortos e desabrigados.
Milhares de prédios de grande valor histórico e cultural viraram pó
Terremoti in Abruzzo distruggono 26 città italiane. Secondo i
primi calcoli 20mila persone tra morti e senza tetto. Migliaia di
edifici di grande valore storico e culturale ridotti in polvere
26
terremoto que assolou o país,
nos últimos 30 anos. Ele falou à
Comunità por telefone, 24 horas
após a catástrofe que consternou
o mundo.
O relógio marcava 3h32
da madrugada do último dia 6
(22h32 de domingo, no horário de Brasília), quando milhares
de pessoas foram acordadas pelos tremores de móveis e lustres
em suas residências. O epicentro
do abalo: L’Aquila, cidade natal
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
“L
a mia città recupererà poco o niente di
ciò che è rimasto. Non
sappiamo cosa aspettarci. Stamattina ci sono state
tre scosse in intervalli di dieci minuti. È un misto di dolore e paura.” La testimonianza è
del presidente della Federazione
delle Associazioni Abruzzesi in
Brasile, Franco Marchetti. In Italia per passare la Pasqua con la
famiglia, ha testimoniato il peggior terremoto che ha colpito il
paese negli ultimi 30 anni. Ha
parlato con Comunità per telefono 24 ore dopo la catastrofe che
ha angosciato il mondo.
L’orologio segnava le 3 e 32
di notte dello scorso giorno 6
(le 22.32 di domenica, orario di
Brasília), quando migliaia di persone sono state svegliate dai mobili e lampadari che tremavano
nelle loro case. L’epicentro del sisma: L’Aquila, città natale di Marchetti e capoluogo dell’Abruzzo,
nell’Italia centrale – a 111 chi-
storico e culturale. Secono il ministero delle Relações Exteriores
del Brasile nessun brasiliano si
troverebbe tra le vittime, fino alla chiusura di questa edizione.
Marchetti era ospite nella
casa dei suoi figli nella città di
Avezzano, distante 40 chilometri
da L’Aquila. Secondo lui dopo la
prima scossa il clima era più che
altro di insicurezza. Sono stati
chiusi banche, scuole e uffici pubblici e autostrade. La mancanza di
informazioni era generale.
— Stanno portando le persone in ospedali campo e sistemate in tende da campeggio. Il
fatto di non sapere quante
sono le persone colpite e
per quanti giorni dure-
Da Redação
lometri da Roma. Secondo
l’Istituto di Ricerche Geologiche degli Stati Uniti, il
terremoto ha raggiunto 6.3
gradi della scala Richter.
Ma, visto che in Italia i
calcoli vengono anche fatti
secondo la scala Mercalli, l’Istituto Nazionale di Geofisica d’Italia ha calcolato in 8-9 gradi l’intensità del sisma.
Ma era solo il primo.
Con una durata di 30 secondi, ha lasciato un saldo di 235 morti, mille feriti
e 17mila sfollati. Questi numeri si riferiscono solo ai primi calcoli, fatti subito dopo il
primo terremoto. Altre tre
scosse hanno ridotto le speranze degli abitanti delle aree
colpite di vedere le loro vite di
ritorno ad una rapida normalità.
Sono state distrutte circa 15mila
costruzioni in 26 comuni intorno
a L’Aquila. Gran parte di queste
costruzioni aveva grande valore
Fotos: Ansa
“M
inha cidade vai
recuperar pouco
ou nada do que
sobrou. Não sabemos o que esperar. Esta manhã
foram três abalos em intervalos
de dez minutos. É um misto de
pesar e medo.” O relato é do presidente da Federação das Associações dos Abruzzesi no Brasil,
Franco Marchetti. Na Itália para
passar a Páscoa com familiares,
ele acabou testemunha do pior
de Marchetti, e capital da região
de Abruzzo, centro da Itália – a
111 quilômetros de Roma. Pelo
Instituto de Pesquisa Geológica
dos Estados Unidos, o terremoto
atingiu 5,8 graus na escala Richter. Porém, como na Itália as
medições são feitas pela escala
Mercalli, o Instituto Nacional de
Geofísica da Itália cravou em 9 a
intensidade do tremor.
Seria apenas o primeiro. Com
uma duração de 30 segundos,
deixou um saldo de 260 mortos,
mil feridos e 17 mil desabrigados. Esses números dão conta
apenas da primeira contagem,
feita logo após o primeiro terremoto. Outros três abalos viriam a
reduzir as esperanças dos moradores das áreas afetadas em ver
suas vidas voltar ao normal rapidamente. Foram destruídas aproximadamente 15 mil construções em 26 municípios ao redor
de L’Aquila. Grande parte dessas
construções tinha grande valor
histórico e cultural. Segundo o
ministério das Relações Exteriores do Brasil, nenhum brasileiro
estava entre as vítimas, até o
fechamento desta edição.
Abril 2009
/
ComunitàItaliana
27
capa
Marchetti estava hospedado
na casa de seus filhos na cidade
de Avezzano, distante 40 quilômetros de L’Aquila. Segundo ele,
após o primeiro tremor, o clima
era mais de insegurança. Rodovias foram interditadas, bancos,
escolas e instituições públicas
fechados. A falta de informação
era generalizada.
— As pessoas estão sendo levadas a hospitais de campanha
e alocadas em tendas de acampamento. O fato de não sabermos quantos são os prejudicados
e por quantos dias isso perdurará é o que mais assusta. Tudo o
que parece ruim pode piorar. Ontem (segunda-feira, dia 6) ainda consegui ir até meus parentes
de L’Aquila. Deixei o carro em um
ponto da estrada e cheguei a pé.
Hoje cedo, uma prima de lá me
disse por telefone que esse acesso está sendo negado — explica
Marchetti, um empresário de 64
anos que trabalha com importação de materiais para construção
civil e vinhos da sua região.
Ele mora em São Paulo e não
sabia mais quando voltaria para
casa. Com as informações desencontradas dos órgãos públicos
italianos, sua primeira iniciativa
foi sair à procura de brasileiros
nos locais mais afetados. Na Casa dos Estudantes, foi informado
que não tinha estrangeiros por lá
no momento.
Pouco mais de 24 horas após
o primeiro terremoto, Marchetti
perdeu o contato com seus familiares em L’Aquila. Ele ainda passava mais informações para a revista por e-mail quando teve que
interromper a conversa:
— Não dá mais para conversar porque está acontecendo outro tremor muito forte.
Antes dessa mensagem, no
entanto, o empresário recordava
outro abalo que, em 1915, sacudiu a região de Abruzzo com epicentro em Avezzano. Na ocasião,
até o hospital da cidade havia sido destruído e grande parte do
dinheiro para sua reconstrução
surgiu da solidariedade de italianos imigrantes em São Paulo:
— Precisaremos de novo da
ajuda de todos. O hospital de
L’Aquila desmoronou. Uma sala de cirurgia é o que restou em
funcionamento sabe-se lá até
quando. Quem conseguiu escapar
dos escombros está necessitado
de agasalhos e alimento. Tudo ficou preso nas residências.
Fundada por Frederico II, no
ano de 1230, L’Aquila, já passou
por oito terremotos. Esse último
deixou preocupado o ex-cônsul
da Itália no Rio de Janeiro,
Massimo Bellelli, cuja mulher,
Matilde, tem residência na localidade atingida.
— Minha esposa tem uma casa de veraneio Ovindoli, a 40 minutos de L’Aquila, perto da montanha. A cidade está sem água e
sem luz. A síndica nos informou
que as pessoas estão com medo,
passando frio e dormindo dentro
dos carros porque, a todo momento, escutam barulhos como
se fossem explosões. Nosso prédio está ameaçado — conta Bellelli, por telefone, de Roma, onde
atualmente reside.
Os principais danos em L’Aquila
I principali danni a L’Aquila
Duomo de
L’Aquila
Duomo di
L’Aquila
Castelo Espanhol
Fortezza Spagnola
Cúpula da
Igreja do
Espírito Santo
Cupola della
chiesa dello
Spirito Santo
Campanário da
Igreja de San
Bernardino
Campanile della chiesa
di San Bernardino
rà è ciò che ci spaventa di più.
Tutto quello che sembra brutto
può peggiorare. Ieri (lunedì 6)
sono ancora riuscito ad andare
fino ai miei parenti di L’Aquila.
Ho lasciato la macchina in un
punto della strada e sono arrivato a piedi. Stamattina presto una
cugina del luogo mi ha detto per
telefono che ora questa entrata viene proibita — spiega Marchetti, un imprenditore di 64 anni che lavora con l’importazione
28
ComunitàItaliana
Basílica de S. Maria
di Collemaggio
Basilica de S. Maria
di Collemaggio
Pequena cúpula
da Igreja de Santo
Agostinho
Cupolino della chiesa
di Santo Agostino
/
Abril 2009
di materiali per l’edilizia e vini
dalla sua regione.
Marchetti abita a São Paulo e
non sa più quando tornerà a casa.
Con le confuse informazioni degli
organi pubblici italiani, la sua prima iniziativa è stata di andare in
cerca di brasiliani nei luoghi più
colpiti. Nella Casa dello Studente
gli è stato detto che non c’erano
stranieri in quel momento.
Poco più di 24 ore dopo la prima scossa Marchetti ha perso i contatti con i suoi familiari a L’Aquila.
Stava ancora dandoci altre informazioni via e-mail quando ha dovuto
interrompere la comunicazione:
Casada com um italilano e
com um filho de oito anos, a paranaense Evelina Di Colli, de 44
anos, mora há 15 anos em Roseto
degli Abruzzi, cidade a uma hora
de L’Aquila. Ela estava dormindo
quando a cidade tremeu.
— Fui acordada pelo meu
marido e só então reparei os lustres estavam tremendo. Quando
dei por mim, já estava na escada, com meu marido e meu filho
— conta ela.
Já a família Marchetti, depois
de um dia inteiro de apreensão,
decidiu dormir em automóveis:
— Somos um grupo de dez
pessoas. Eu moro no térreo com
minha esposa e minha filha. No
segundo andar, moram meu filho
e minha nora com meus dois netos. Agora, os pais de minha nora
vieram ficar conosco. Decidimos
que, apesar do frio, o carro era
o lugar mais seguro, num lugar
perto da casa dos cachorros, porque não tem nada em volta —
comenta — A sensação é de que
o perigo não passou.
Estado de emergência
O primeiro-ministro da Itália,
Silvio Berlusconi declarou estado
de emergência nacional. De imediato, L’Aquila recebeu milhares
de voluntários vindos de toda a
Itália. Durante as primeiras horas
de resgate, as equipes usavam as
— Non posso più parlare perché è in atto un’altra scossa molto forte.
Comunque prima di questo
messaggio l’imprenditore ricordava un altro sisma che, nel 1915,
ha scosso l’Abruzzo con epicentro ad Avezzano. All’epoca perfino l’ospedale della città era stato
distrutto e gran parte dei soldi
per la sua ricostruzione erano venuti dalla solidarietà di italiani
immigranti a São Paulo:
— Abbiamo bisogno un’altra
volta dell’aiuto di tutti. L’ospedale di L’Aquila è crollato. Una
sala chirurgica è ciò che è rimasto in funzione chissà fino a
quando. Chi è riuscito a scappare
dalle macerie ha bisogno di abiti
pesanti e alimenti. È tutto rimasto dentro le case.
Fondata da Federico II nel
1230, L’Aquila è già stata colpita da otto terremoti. Quest’ultimo ha preoccupato l’ex console
d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo
Bellelli, la cui moglie, Matilde, ha
familiari nella località colpita.
— Mia moglie ha una casa
estiva a Ovindoli, a 40 minuti da
L’Aquila, vicino alle montagne. La
città è senza luce e acqua. L’amministratrice [del palazzo] ci ha
detto che la gente ha paura, sente freddo e dorme in macchina
perché sente tutti i momenti rumori come se fossero esplosioni.
Il nostro palazzo minaccia di cadere — racconta Bellelli, per telefono da Roma dove ora risiede.
Sposata con un italiano e con
un figlio di otto anni la paranaense Evelina Di Colli, 44 anni,
abita da 15 anni a Roseto degli
Abruzzi, cittadina ad un’ora da
L’Aquila. Stava dormendo quando
la città ha tremato.
— Mi ha svegliata mio marito e solo allora mi sono accorta
che i lampadari stavano tremando. Quando mi sono resa conto
ero già per le scale con mio marito e mio figlio — racconta.
Invece la famiglia Marchetti,
dopo un’intera giornata di ansia, ha deciso di dormire in varie
macchine:
— Siamo un gruppo di dieci
persone. Io abito al pianterreno
com mia moglie e mia figlia. Al
secondo piano abitano mio figlio
e mia nuora con i miei due nipoti. Ora i genitori di mia nuora
sono venuti ad abitare con noi.
Abbiamo deciso che, malgrado il
freddo, la macchina era il posto
Abril 2009
/
più sicuro, in un luogo vicino alla cuccia dei cani, perché non c’è
niente intorno — commenta —
Abbiamo la sensazione che il pericolo non sia passato.
Stato di emergenza
Il primo ministro italiano, Silvio
Berlusconi, ha dichiarato stato
di emergenza nazionale. Subito
L’Aquila ha ricevuto migliaia di
volontari venuti da tutta l’Italia.
Durante le prime ore delle operazioni di soccorso le équipe usavano le proprie mani per rimuovere
le macerie dei palazzi distrutti. Le
scosse di assestamento – che seguono quella principale – hanno
fatto tremare un’area a circa 100
chilometri ad est di Roma, nella
regione montagnosa dell’Abruzzo.
Capi di nazioni, tra cui il Brasile, hanno inviato messaggi di
solidarietà e si sono messi a disposizione per aiutare l’Italia. Ma
Berlusconi ha rifiutato.
— Siamo in grado di rispondere da soli alle necessità, siamo
un popolo orgoglioso e che ha gli
strumenti — ha detto in una conferenza stampa in cui ha annunciato un pacchetto di 30 milioni
di euro in aiuto alle vittime.
Campagna
Malgrado il rifiuto di Berlusconi
di accettare aiuti dall’estero, la
presidentessa del Comitato degli Italiani all’Estero, a São Paulo, Rita Blasioli, ha iniziato una
campagna per ricevere aiuti.
— Abbiamo aperto il conto
della Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile per ricevere aiuti. Speriamo di poter
contribuire alla ricostruzione
delle città colpite, specialmente
L’Aquila, i cui emigranti hanno
messo radici in Brasile, a Pedrinha Paulista, nell’interno di São
Paulo, e a Salvador, nella Bahia
— informa Rita.
Chi vuole collaborare alla causa può fare un bonifico sul Banco
Bradesco, a nome della Federazione delle Associazioni Abruzzesi in
Brasile, agenzia: 3334-0; conto
corrente: 2400-7. Si può depositare qualsiasi somma. Per identificare il deposito dell’aiuto la Federazione chiede che il valore presenti un centesimo alla fine.
Patrimonio distrutto
Dodici anni fa il mondo rimase
angosciato dalla distruzione di
parte della Basilica di San Fran-
ComunitàItaliana
29
Campanha
Apesar da recusa de Berlusconi
em aceitar ajuda vinda de fora, a
presidente do Comitê dos Italianos no Exterior, em São Paulo, Rita Blasioli, iniciou uma campanha
para recebimento dos donativos.
— Abrimos a conta da Federação das Associações dos Abruzzesi no Brasil para recebimento de doações. Esperamos poder
contribuir com a reconstrução
das cidades atingidas, especialmente L’Aquila, cujos imigrantes
estabelecerem-se no Brasil, em
Pedrinhas Paulista, no interior
de São Paulo, e em Salvador, na
Bahia — informa Rita.
Quem desejar colaborar com
a causa pode efetuar um depósito no Banco Bradesco, em nome
da Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile, agência:
3334-0; conta corrente: 2400-7.
Pode-se enviar qualquer quantia.
Para identificar o propósito da
doação, a Federação pede que o
valor tenha final de um centavo.
Patrimônio destruído
Há 12 anos, o mundo ficou consternado com a destruição de parte da Basílica de São Francisco
em consequência de um terremoto que abalou a cidade de Assis. Pois os danos ao patrimônio,
agora, são infinitamente maiores. O terremoto castigou uma
área repleta de construções dos
períodos românico, gótico, renascentista e barroco.
Construída como uma fortaleza, L’Aquila é uma cidade medieval. Muitos dos seus prédios, que
resistiram a cercos e batalhas,
agora, ruíram. O mais célebre de-
30
les é a Basílica de Santa Maria de
Collemaggio, do século 13, que
abriga o túmulo do papa Celestino V. O terremoto provocou o
desabamento de grande parte da
abóboda principal da igreja, justamente onde está o túmulo deste que foi o único a ter renunciado ao cargo em toda a história da
igreja católica. A notória fachada branca e vermelha da Basílica
só ficou em pé porque estava em
restauração e foi protegida pela
estrutura de suporte.
Bastante destruída também ficou a basílica renascentista de San
Bernardino, de 1527. Lá se encontra a tumba do santo que morreu
em L’Aquila, em 1444. Já a cúpula
da igreja de Sant’Agostino desmoronou. Considerada um dos principais edifícios do barroco da região, já havia sido destruída e reconstruída após um terremoto em
1703. Também desabou a cúpula
da igreja do Espírito Santo e foram
danificadas a cúpula da Igreja das
Almas Santas e a fachada da igreja
de Santa Maria do Sufrágio.
O Palácio da Prefeitura, uma
construção barroca, ficou destruído. O arquivo histórico da cidade, que ficava no prédio, pode ter
sido perdido. A Porta de Nápoles,
um arco do triunfo construído em
1548 para o imperador Carlos V,
uma das construções mais antigas de L’Aquila virou pó.
A fortaleza espanhola, construída em 1534, quando a região
era dominada pela Espanha, ficou
muito danificada. O local é a sede do Museu Nacional de Abruzzo e teve seu acesso bloqueado
devido ao risco de desabamento.
Sua coleção reúne relíquias desde a pré-história até o século 18,
passando pelo Império Romano.
Monumentos na Província de Pescara e nas cidades de Celano e
Santo Stefano de Sessanio também foram destruídos. A torre medieval Medicea, o altar da igreja
Santo Angelo e a torre da igreja
de São Francisco caíram. Na cidade de Bussi, grande parte do centro histórico foi danificado. Em
Chieti, há igrejas interditadas.
O terremoto também causou
estragos em Roma. Foram abaladas as estruturas das Termas de
Caracalla, os suntuosos banhos
construídos no ano de 212. Esse
complexo romano, formado por
banhos, piscinas, bibliotecas e jardins, era um dos monumentos imperiais mais conservados do país.
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
Ansa
próprias mãos para remover escombros de prédios destruídos.
As réplicas - tremores que se seguem ao abalo principal - estremeceram uma área a cerca de 100
quilômetros a leste de Roma, na
região montanhosa de Abruzzo.
Chefes de nações, Brasil inclusive, enviaram mensagens de solidariedade e se colocaram à disposição para ajudar a Itália. Berlusconi, porém, declinou da ajuda.
— Temos condições de enfrentar sozinhos as necessidades,
somos um povo orgulhoso e que
tem os instrumentos — afirmou
ele em uma entrevista coletiva
em que anunciou um pacote de
30 milhões de euros para socorrer as vítimas.
Ansa
capa
cesco dovuta ad un terremoto che
colpì Assisi. Ma stavolta i danni
al patrimonio sono infinitamente
maggiori. Il terremoto ha castigato un’area piena di costruzioni
dei periodi romanico, gotico, rinascimentale e barocco.
Costruita come una fortezza,
L’Aquila è una città medievale.
Molti dei suoi edifici che hanno
resistito ad assedi e battaglie ora
sono crollati. Il più famoso è la
Basilica di Santa Maria di Collemaggio, del XIII secolo, dov’è tenuta la tomba di papa Celestino V.
Il terremoto ha provocato il crollo dell’abside della chiesa, proprio
dove c’è la tomba di questi che
è stato l’unico ad aver rinunciato
all’incarico in tutta la storia della chiesa cattolica. La nota facciata bianca e rossa della Basilica
è rimasta in piedi solo perché era
in fase di restauro ed era protetta
dalla struttura di supporto.
Anche la basilica rinascimentale di San Bernardino, del 1527,
ha subìto gravi danni. Là si trova
la tomba del santo che è morto al
L’Aquila nel 1444. Invece il cupolino della chiesa di Sant’Agostino
è crollata. Considerato uno dei
principali edifici del barocco della regione, era già stata distrutta
e ricostruita dopo un terremoto
nel 1703. È anche crollata la cupola della chiesa di Santo Spirito e sono state danneggiate la
cupola della chiesa delle Anime
Sante e la facciata della chiesa di
Santa Maria del Suffragio.
Il Municipio, una costruzione
barocca, è stato distrutto. L’archivio storico della città, tenuto nel palazzo, potrebbe essere
andato perso. La Porta di Napoli,
un arco di trionfo costruito nel
1548 dall’imperatore Carlo V, una
delle più antiche costruzioni di
L’Aquila, si è ridotta in polvere.
La fortezza spagnola, costruita nel 1534 quando la regione
era dominata dalla Spagna, ha
subìto gravi danni. Il luogo è sede del Museo Nazionale d’Abruzzo
ed è proibita l’entrata dovuto al
rischio di crollo. La sua collezione dispone di pezzi dalla preistoria fino al XVIII secolo, passando
attraverso l’Impero Romano.
Monumenti nella provincia di
Pescara e anche le città Celano e
Santo Stefano di Sessanio sono
stati distrutti. La torre medievale
Medicea, l’altare della chiesa Santo Angelo e la torre della chiesa
di San Francesco sono crollati. A
Bussi gran parte del centro storico
è rimasto danneggiato. A Chieti le
chiese sono state chiuse.
Il terremoto ha causato danni
anche a Roma. Sono state colpite
le strutture delle Terme di Caracalla, i sontuosi bagni costruiti
nel 212. Questo complesso romanico, formato da bagni, piscine,
biblioteche e giardini, era uno
dei monumenti imperiali di miglior conservazione del paese.
Il segretario generale del Ministero della Cultura, Giuseppe Proietti, sa che il terremoto ha provocato
“danni significativi” ai monumenti
della regione, ma sarà in grado di
valutare la reale dimensione della distruzione dopo che i pompieri termineranno i soccorsi. Anche
perché gli uffici responsabili del lavoro del patrimonio storico-culturale della regione sono in Abruzzo.
Più precisamente in palazzi del XVI
secolo che sono stati chiusi.
Scenario da cinema
L’Aquila è il capolugo dell’Abruzzo, regione dell’Italia centrale con
circa 1,3 milione di abitanti. È
un’area montagnosa che ospita un
parco nazionale e cittadine sparpagliate sulle montagne. È circon-
O secretário-geral do Ministério da Cultura, Giuseppe Proietti, sabe que o terremoto provocou “danos significativos” aos
monumentos da região, mas só
terá condições de avaliar a real
dimensão da destruição depois
que os bombeiros acabarem os
resgates. Até porque, os escritórios responsáveis pelo trabalho
do patrimônio histórico-cultural
da região ficam em Abruzzo. Mais
precisamente, em prédios do século 16 que foram interditados.
Cenário de cinema
L’Aquila (“a águia” em italiano)
é a capital de Abruzzo, região
da Itália central com cerca de
1,3 milhão de habitantes. É uma
área montanhosa que abriga parques nacionais e cidadezinhas
espalhadas pelos topos das montanhas. É circundada de vários
montes, entre eles, o Gran Sasso, o pico mais alto do Apenino,
com 2.913 metros de altura. Lá
é um dos lugares mais famosos
da Itália para a prática de esqui.
Graças à sua natureza exuberante e sua arquitetura medieval, a
cidade serviu de cenário para os
filmes O Feitiço de Áquila e O Nome da Rosa, uma adaptação do
best-seller de Umberto Eco.
Construída a 714 metros acima
do nível do mar, L’Aquila , ao longo dos séculos, foi dominada por
franceses, espanhóis e o próprio
Estado Papal. Pesquisadores sustentam que o objetivo de Frederico, ao criá-la, era fundar uma nova Jerusalém. A cidade chegou a
ser a segunda do reino em potência e riqueza. Porém, começou a
decair no século 16, quando o vice-rei espanhol Filiberto d’Orange,
depois de devastá-la, introduziu
um feudalismo espanhol, privando-a de sua autonomia.
L’Aquila arrasada pelo terremoto e
antes, em seu esplendor.
Abaixo, Franco Marchetti
L’Aquila distrutta dal terremoto e
prima, nel suo splendore.
Sotto, Franco Marchetti
Polêmica
Cerca de um mês antes da tragédia, um especialista em física
que mora em L’Aquila, alertara as
autoridades locais sobre a possibilidade de Abruzzo ser abalada
por um “terremoto desastroso”.
Giampaolo Giuliani, técnico do
Laboratório Nacional de Física e
Astrofísica Gran Sasso contou à
imprensa italiana que o instituto havia registrado cerca de 200
abalos sísmicos na cidade, nos últimos dois meses até que, no final de março, emitiu seu alerta às
autoridades. Ele contou que não
foi levado a sério. Ao contrário:
— Fui acusado de brincar com
assuntos sérios e denunciado à
polícia pela prefeitura de L’Aquila
por alarmar a população.
Em resposta, o diretor do Departamento de Proteção Civil do
governo italiano, Guido Bertolaso, declarou que embora a região
seja sujeita a abalos sísmicos,
não era possível prever a catástrofe. Ele chegou a chamar Giuliani de “um imbecil que se diverte
difundindo notícias falsas”.
data da vari massicci, tra cui quello del Gran Sasso, la vetta più alta
degli Appennini, con 2.913 metri
di altezza. È uno dei luoghi più famosi d’Italia per sciare. Grazie alla
sua natura esuberante e alla sua
architettura medievale, la città è
stata lo scenario di film come “Ladyhawke” e “Il Nome della Rosa”,
un adattamento dal best-seller di
Umberto Eco.
Costruita a 714 metri sopra al
livello del mare, L’Aquila durante i
secoli è stata dominata da francesi, spagnoli e dallo Stato Pontificio. Ricercatori sostengono che
l’obiettivo di Federico II era di
costruirla perché fosse una nuova Gerusalemme. La città è stata
addirittura la seconda del regno in
potenza e ricchezza. Ma cominciò
a decadere nel XVI secolo, quando
il viceré spagnolo Filiberto d’Orange, dopo averla devastata, vi introdusse il feudalesimo spagnolo,
privandola della sua autonomia.
Polemica
Circa un mese prima della tragedia uno specialista in fisica che
Abril 2009
/
abita a L’Aquila aveva avvisato
le autorità locali della possibilità che ci fosse in Abruzzo un
“terremoto disastroso”. Giampaolo Giuliani, tecnico del Laboratorio Nazionale di Fisica e
Astrofisica Gran Sasso ha raccontato alla stampa italiana
che l’istituto aveva registrato
circa 200 scosse nella città negli ultimi mesi fino a quando,
a marzo, aveva avvisato le autorità. Ha raccontato che non
è stato preso sul serio. Al contrario:
— Sono stato accusato di
giocare con cose serie e denunciato alla polizia del comune di
L’Aquila perché avevo allarmato
la popolazione.
Come risposta, il direttore
del Dipartimento di Protezione
Civile del governo italiano, Guido Bertolaso, ha dichiarato che
anche se la regione è soggetta
a sismi, non era possibile prevedere la catastrofe. E ha addirittura chiamato Giuliani “imbecille che si diverte a diffondere
false notizie”.
ComunitàItaliana
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ambiente
L
o sapete da dove vengono i vostri vestiti? O meglio: vi siete già fermati a
pensare con quale materiale sono fatti
i capi che usate? Bene, l’Organizzazione delle Nazioni Unite per l’Alimentazione e
l’Agricoltura (FAO) se ne preoccupa e per stimolare l’uso di prodotti fatti di cotone, fibra
di agave, seta o cachemire, tra gli altri, ha
proclamato il 2009 come l’Anno Internazionale delle Fibre Naturali. La meta è dare maggior visibilità alla produzione e promuovere
l’efficacia e la sostenibilità delle industrie di
queste fibre. Questo si deve al fatto che, fin
dagli anni ’60, le “naturali” perdono terreno
per le “sintetiche”, malgrado non usino derivati del petrolio e siano biodegradabili.
Secondo la FAO, nel mondo si producono
annualmente circa 30 milioni di fibre naturali. Destinate ad abbigliamento, tappezzeria
e altri tessili di consumo, combinate ad altri materiali, esse servono anche all’industria
per involucri, fabbriche di carta e perfino nel
settore automobilistico. Secondo l’istituzione
lo stimolo e la visibilità che si vuole dare alle
fibre, che possono essere vegetali o animali, si deve anche al fatto che in molti paesi
in via di sviluppo il prodotto della vendita e
dell’esportazione significa sicurezza alimentare di agricoltori e lavoratori poveri.
La FAO lavora con 15 fibre. Il gruppo vegetale è composto da fibre di abacà, cocco,
cotone, lino, canapa, iuta, ramia e agave. Nel
gruppo animale ci sono alpaca, angora, cammello, cachemire, mohair, seta e lana.
Secondo il presidente del Sindicato das
Indústrias de Fibras Vegetais della Bahia
(Sindifibras) Wilson Andrade, la scelta della
FAO significa un “ombrello di protezione” per
il gruppo che lavora con fibre dure (di cocco,
iuta e agave, ad esempio). La Bahia, così come l’Italia, più precisamente Milano, ospiteranno eventi legati alla produzione di fibre.
— Avremo un seminario internazionale in
settembre. Il Brasile è il maggior produttore
mondiale di fibra di agave. Sono circa 120
tonnellate all’anno — informa Andrade.
ONU festeggia anno delle fibre naturali e
stimola uso di prodotti di fibre di cotone e
agave. Nel frattempo in Brasile fibre alternative
come i tessuti di PET diventano famose e sono
un’opzione per chi si preoccupa dell’ambiente
Sílvia Souza
L’incentivo al consumo di fibre naturali
nasce nel mezzo degli appoggi al consumo di
fibre alternative, come quella ottenuta dalle bottiglie PET, significative per la preoccupazione con la conservazione dell’ambiente. E una cosa non impedisce la
fattibilità dell’altra, secondo il presidente della Sindifibras:
— È chiaro, si sa che i prodotti naturali fanno meglio all’organismo in generale, visto che nelle tappe della loro produzione danno origine a meno inquinanti se
li paragoniamo ai sintetici. Siamo anche coinvolti con acquisizioni tecnologiche che hanno permesso all’agave, ad esempio, di essere usata per
fare cisterne e tegole corrugate come sostituti
dell’amianto, materiale estremamente dannoso.
Sempre secondo Andrade, la fibra di agave, già usata nella produzione di sedie a sdraio,
sostituisce con successo le fibre di vetro usate
nella produzione di plastica. Ora, oltre a essere
in studio un composto che unirebbe l’agave alle
alghe marine, la fibra ottiene un posto di rilievo
nel settore automobilistico. Installata a Bahia
(che detiene l’80% della produzione nazionale
di fibra di agave) la Ford, dopo quattro anni di
ricerche, ha immesso nel mercato alla fine del
2008 modelli che, internamente, usano l’agave.
Gli adattamenti sono arrivati ai pannelli laterali
e al rivestimento del tettuccio e compongono fino al 30% dei pezzi iniettati, il che rende possibile ridurre del 10% del peso degli autoveicoli.
— Quanto più leggera la macchina, quanto più economica — mette in risalto Celso
Duarte, supervisore di sviluppo di prodotti
della fabbrica.
PET
Tessuto morbido e gradevole al contatto che
si sta usando molto per fare magliette, cappellini con visiera e abiti in generale, il polieIn quattro
tempi: fibre di
agave e cocco
trovano spazio
nell’artigianato;
bottiglie PET
in fiocchi
prima di essere
trasformate
in fibra. La
biancheria
intima della
Un.I. è fatta di
bambu
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Abril 2009
stere fatto con bottiglie in PET
riciclate in qualità vale tanto
quanto gli altri tessuti. Usufruendo della bandiera per
la diminuzione dell’inquinamento come alleata, questo
tessuto alternativo sta conquistando sempre più fan.
Per fare un capo si usano in media due bottiglie.
Di solito questo lavoro viene fatto da cooperative come la Agroindustrial de Maringá (Cocamar), del Paraná.
Là vengono prodotte 71,5 tonnellate di filati al mese. E oggigiorno perfino i prezzi delle magliette fatte di PET sono competitivi. Costano dai 20 reais in su.
— Dal 35 al 40% della resina riciclata vengono usati nella produzione di tessuto — calcola André Vilhena,
direttore esecutivo del Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), un’associazione di São Paulo che promuove il riciclaggio in Brasile.
Oltre a generare impiego e reddito, il riciclaggio del PET presenta altri benefici – tra
cui la riduzione del volume di residui nelle
discariche e un miglioramento nel processo
di decomposizione delle materie organiche.
Ciò si deve al fatto che la plastica è imper-
meabilizzante e la sua presenza nelle discariche
impedisce la circolazione di gas e liquidi. E inoltre ha il vantaggio di richiedere in media solo il
30% dell’energia necessaria per la trasformazione
della materia prima. Ora 1,5 litro di contenitori
PET può essere fabbricato con soli 35 grammi di
materiale vergine.
Il riciclaggio di bottiglie PET e la loro trasformazione seguono processi come la separazione dei tappi e delle etichette, per passare poi per un processo di essiccazione.
Dopo il PET viene tritato e decontaminato
per essere trasformato in balle di fibre di
poliestere. Viene anche fatta una fusione
ad una temperatura di 300°C, un filtraggio
e la rimozione finale delle impurità. Le fibre
passano per altri quattro processi di torsione e
allungamento per diventare fili (stiraggio). Dopo
essere messi in bobine, i fili vengono vaporizzati
per recuperare l’umidità naturale che hanno perso durante il processo.
Vilhena dice che in Brasile il riciclaggio del
PET ha presentato un grande aumento negli ultimi cinque anni. Il valore della tonnellata di resina per riciclaggio, ad esempio, è aumentato da
400 a 1.200 reais dal 2001.
— In Brasile il 21% della plastica è riciclata, il
che equivale a circa 330mila tonnellate annue. Invece le entità europee hanno festeggiato nel 2007
il tasso di 40% raggiunto nella regione del riciclaggio del PET prodotto. In 21 paesi, inclusa l’Italia,
del totale dei 32 che compongono il gruppo, le
cifre hanno superato il 22,5% previsto per il totale della plastica nel 2008 — informa.
Bambù
Sensualità, comodità e potere alle donne.
È stato mescolando questi elementi che
l’impresa paulista Universo Íntimo (Un.i)
dell’italobrasiliano Gilberto Romanato ha
lanciato l’anno scorso la collezione Bamboo. La linea ha puntato sulla sostenibilità e ha immesso nel mercato capi fatti
di fibre di bambù che inoltre proteggono naturalmente anche dalle radiazioni
(UVA/UVB) e hanno proprietà termodinamiche: i capi danno l’impressione di essere freschi in estate e più caldi in inverno.
— La linea è stata creata dalla stilista
Sandra Bento ed ha uno stile sportivo. È il
nostro secondo segmento in termini di vendita, malgrado sia la più recente. Ora bisogna
aspettare che la valuta si stabilizzi per cercare
di esportare in Europa e Stati Uniti, dove abbiamo buoni contatti — indica Romanato, la cui
famiglia è di Verona.
Secondo l’imprenditore, che condivide la direzione della Un.i con Gabriel Margulies dal 1999,
la marca mantiene contatti con l’Italia, dove ha
già spedito merci alla Yamamay, impresa italiana
di biancheria intima, bikini e cosmetici:
— Abbiamo il certificato della OekoTex Standard 100, considerato la “etichetta verde europea” (norma sviluppata da un gruppo di istituti
tessili europei che regola la presenza di sostanze
chimiche considerate tossiche), il che facilita la
nostra presentazione — conclude.
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ComunitàItaliana
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depoimentos / 15 anos
“Quero parabenizar a comunidade Ítalo-Brasileira
pelos 15 anos da revista ComunitàItaliana, pois
vem prestando um grande serviço a todos os italianos que vivem no Brasil e aos brasileiros, residentes na Itália. Para mim tem sido uma grande
satisfação poder dividir com a comunidade ítalobrasileira todas as realizações de meu ministério
episcopal, entre elas o trabalho de valorização
da Universidade Católica de Petrópolis, como um
centro de difusão da cultura, e o incentivo para
que os fiéis promovam a Missão Popular, levando
a mensagem de Cristo a todas as famílias”.
“Voglio fare gli auguri alla comunità italo-brasiliana per i 15 anni della rivista ComunitàItaliana, visto che rende un grande servizio a tutti
gli italiani che vivono in Brasile e ai brasiliani
residenti in Italia. Per me è sempre una grande
soddisfazione poter condividere con la comunità
italo-brasiliana tutte le realizzazioni dei miei ministeri episcopali, tra cui il lavoro di valorizzazione dell’Universidade Católica di Petrópolis come
centro diffusore di cultura e l’incentivo affinché i
fedeli promuovano la Missione Popolare, portando
il messaggio di Cristo a tutte le famiglie”.
Dom Filippo Santoro - Bispo de Petrópolis – RJ
Dom Filippo Santoro – Vescovo di Petrópolis – RJ
“I media diretti alla comunità svolgono un ruolo
importante per la conservazione e divulgazione
della cultura italiana. Temi legati all’integrazione
culturale ed economica tra Brasile e Italia intensificano la prossimità e la comunicazione tra i popoli dei due paesi. Auguri alla rivista”.
Giovanni Sacchi – diretor para o Brasil do
Instituto Italiano para o Comércio Exterior – ICE
Giovanni Sacchi – direttore in Brasile dell’Istituto
Italiano per il Commercio Estero – ICE
“É muito importante que um órgão de imprensa tenha a sensibilidade de trazer aos irmãos
italianos que hoje vivem no Brasil as experiências trocadas pelos dois países. Enquanto
ministro do Trabalho e Emprego brasileiro, e
cidadão italiano que sou, vejo que a ComunitàItaliana cumpre perfeitamente este papel,
desempenhando um jornalismo sério e profissional. O trabalho desenvolvido hoje pela revista em muito contribui para que os povos irmãos caminhem sempre juntos, na busca por
uma sociedade mais justa e fraterna. Parabéns
por mais um aniversário”.
“È molto importante che un organo della stampa abbia la sensibilità di portare ai fratelli italiani che oggi vivono in Brasile le esperienze
scambiate tra i due paesi. Come ministro do
Trabalho e Emprego brasiliano e cittadino italiano che sono, vedo che la rivista ComunitàItaliana eserce perfettamente questo ruolo,
mettendo in pratica un giornalismo serio e professionale. Il lavoro realizzato oggi dalla rivista contribuisce molto affinché i popoli fratelli
camminino sempre insieme, alla ricerca di una
società più giusta e fraterna. Auguri per questo
ulteriore anniversario”.
Carlos Lupi – ministro do Trabalho
Carlos Lupi – ministro del Lavoro
“Pois é galera da comunidade italiana, tive o prazer de ser entrevistado pela revista e é, claro que
enviei exemplar a todos os meus familiares para
que soubessem e curtissem a matéria. Passado
esse momento de gloria e destaque na comunidade, agora volto ao meu sonho pelo reconhecimento da cidadania. Infelizmente por problemas
de documentação enxergo cada vez mais distante
a chance de ter a minha cidadania reconhecida
e quem sabe um dia alimentar o sonho de viver
na Itália”.
Roberth Trindade
“A mídia direcionada à comunidade exerce um papel importante na preservação e divulgação da
cultura italiana. Temas ligados à integração cultural e econômica entre Brasil e Itália intensificam a
aproximação e a comunicação entre os povos dos
dois países. Parabéns à Revista”.
Guto Goffi – Músico
“Beh, ragazzi della comunità italiana, ho avuto
il piacere di essere intervistato dalla rivista e, è
chiaro, ne ho mandate delle copie a tutti i miei
familiari perché conoscessero e potessero leggere il servizio. Passato questo momento di gloria
e enfasi nella comunità, ora ritorno al mio sogno
di ottenere il riconoscimento della cittadinanza.
Purtroppo per problemi di documentazione vedo
sempre più lontana la possibilità di ottenere il riconoscimento della cittadinanza e chissà nutrire
il sogno di vivere in Italia”.
Guto Goffi – Musicista
Mais depoimentos em homenagem aos 15 anos da Comunità chegaram à Redação. Publicaremos todos ao longo do ano. Grazie a tutti!
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ComunitàItaliana
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Abril 2009
atualidade
No alvo
da máfia
Há dez anos sob proteção
policial, procurador anti-máfia
conta muito do que sabe em livro
que se torna best-seller, na Itália
Janaína César
R
Correspondente • Treviso
ecentemente, o mundo inteiro tomou conhecimento do “sufoco” que
é a vida do escritor Roberto Saviano, o autor do best-seller Gomorra.
Por conta do seu livro, ele foi jurado de morte pela máfia italiana e
vive sob proteção policial. Ele, porém, não é a única pessoa, na Itália,
nessa situação. De uma maneira mais discreta, o procurador Raffaele Cantone, um napolitano de 46 anos, vive, há dez anos, também sob proteção
policial. E não somente ele, mas sua mulher e os dois filhos também.
Catone se tornou o inimigo número 1 do clã dos Casalesi, um dos
braços fortes da Camorra, em consequência de suas investigações sobre ações mafiosas no país. Além de
parecidas, as vidas do procurador e do escritor se
cruzaram, há pouco tempo. Foi o próprio Cantone quem descobriu, no ano passado,
o plano dos mesmos Casalesi
para assassinar Saviano. A
partir daí, nasceu uma grande amizade entre os dois.
Antes, porém, outra semelhança. Em outubro do
ano passado, Cantone lançou o livro Solo per giustizia, editado pela Mondadori. Nele, o procurador relata o confronto, dia após dia,
com a Camorra; fala sobre as pessoas honestas e desonestas que conheceu; os
riscos e o poder da máfia. Cantone desenhou um quadro muito particular da
Campânia, definido por ele como “anômalo do ponto de vista da criminalidade organizada”. Na sua avaliação, a região até então, destinada a ser um lugar
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de reciclagem e refúgio dos clãs,
se tornou uma nova colônia da
Camorra casertana e napolitana,
“fato comprovado pelo aumento
do número de extorsões”, como
Cantone diz.
Seguindo os passos de Gomorra, Solo per giustizia já está
entre os livros mais vendidos no
país. O sucesso editorial colocou
Cantone sob os holofotes e “lembrou” a todos a forma como vive
há tanto tempo.
Com o objetivo de se tornar
um advogado penalista, Cantone
se formou em Direito aos 22 anos.
Com a prática da profissão, percebeu que a investigação o atraía.
Assim, aos 24 anos, após ter prestado concurso público, começou a
trabalhar na procuradoria distrital
de Nápoles. Em 1999, aos 36 anos,
entrou como procurador público
na Direção Distritual Antimáfia
(Dda), posto que ocupou por quase dez anos - até 16 de outubro de
2007 - e que mudou drasticamente sua vida. Foi justamente no seu
último dia na Dda que nasceu a
idéia de escrever um livro.
Spartacus
Na Dda, não demorou muito para que Cantone se tornasse o inimigo número 1 da máfia. Já durante as primeiras investigações,
descobre que se transformou em
um incômodo personagem para
a Camorra e recebe as primeiras
ameaças de morte. Sua família
e ele entram imediatamente no
programa de proteção policial.
Suas investigações permitem dar
continuidade a Spartacus, famoso processo contra os Casalesi.
Trata-se do resultado de uma investigação conduzida entre 1993
e 1998, ano que a Corte d’Assise
do Tribunal de Santa Maria Capua Vetere ouviu a primeira audiência. Em 2005, o resultado:
95 condenados, sendo 21 a pri-
são perpétua. Em 19 de junho de
2008, a Corte de Apelo confirma
a condenação à prisão perpétua
de 16 chefões da máfia, entre
eles, Francesco Schiavone, Francesco Bidognetti, Michele Zagaria e Antonio Iovine.
Atualmente, Cantone trabalha
no Massimario della Cassazione,
última instância de recursos judiciais na Itália, e continua recebendo ameaças. Ano passado, durante uma das últimas audiências
de Spartacus, um dos advogados
dos Casalesi leu uma carta em
que o clã acusava – com evidente
intenção de intimidar – o escritor Roberto Saviano, a jornalista
Rosaria Capacchione e o próprio
Cantone de terem “exercido uma
pressão negativa nos jurados”.
Após quase dez anos de luta
contra as famílias mais potentes
da Camorra casertana, Cantone
diz não se arrepender de nada.
Com uma voz calma e tranquila,
concedeu uma entrevista exclusiva à Comunità, por telefone.
ComunitàItaliana - Como chegou a procuradoria da Direção
Distritual Antimáfia?
Roberto Cantone - Um pouco por
acaso. Após ter passado no exame público, pensei que a minha
colocação ideal fosse a de procurador ministerial. Essa é uma
função particularmente ativa e
estimulante que te faz entender
o que realmente está por trás do
que foi encontrado.
CI - Dr. Cantone, quem o detesta?
RC - Essa é uma pergunta a qual
não sei responder. Espero que ninguém me deteste. Na minha vida e
no meu trabalho só fiz o dever de
fazer respeitar as leis e as regras.
CI - Quantas ameaças recebeu
ao longo da sua carreira?
RC - Em várias ocasiões durante
as investigações, alguns sujeitos
da Camorra casertana tiveram a
intenção de atentar contra a minha vida. Graças ao conhecimento do território da parte das forças da ordem, essas ameaças não
se concretizaram.
CI - O senhor tem medo?
RC - Não muito, mas também procuro não pensar no assunto.
CI - Se sente de fato seguro com
a escolta policial?
RC - Os policiais da minha escolta são muito profissionais e me
deixam seguro. Eles procuram invadir o menos possível a minha
privacidade.
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CI - Porque optou por escrever
um livro?
RC - Porque acredito que seja útil
conhecer a experiência de um
procurador e a dificuldade de levar uma vida normal. O livro também foi escrito para mim mesmo.
Foi uma excelente ocasião de reflexão sobre um período muito
intenso da minha vida.
CI - Solo per giustizia está entre
os livros mais vendidos na Itália,
como o de Roberto Saviano. Por
que este interesse da sociedade
em conhecer o mundo da criminalidade organizada?
RC - O meu livro está longe do
sucesso excepcional de Gomorra.
Foi justamente o livro de Saviano
que abriu a estrada para este interesse. Agora, é bem mais claro
a todos que a Camorra é um perigo não só para a região da Campânia, mas para toda a Itália.
CI - O que significou para o senhor fazer parte de Spartacus?
RC - Spartacus é um processo que
teve início ainda nos anos 80 contra os Casalesi. Participei da Spartacus 2, sua continuação. Ambos
foram estruturados antes que começasse a me ocupar da Camorra. Em Spartacus 2 trabalhei junto
com o procurador Raffaello Falcone (apesar do nome, não é parente do promotor Giovanni Falcone,
morto há dez anos pela Máfia)
CI - O clã dos Casalesi estava envolvido na emergência do lixo?
RC - Acredito que não seja exagerado dizer que os Casalesi, antes
de todos, perceberam o lucro que
dá o negócio do lixo. Eles estão
envolvidos com o sistema de lixo ilegal e tóxico, mas algumas
investigações apontam que tam-
ComunitàItaliana
37
atualidade
bém estão envolvidos na coleta
de lixo urbano.
CI - Quais as principais diferenças entre os Casalesi e os padrinhos napolitanos?
RC - A Camorra em Nápoles reúne
grupos autônomos que, em gênero, se ocupam de negócios ilícitos em um determinado bairro.
Já os Casalesi têm grande vocação empresarial, grande controle
do território e utilização constante da violência com destino
certo, ou seja, eles estabelecem
um alvo, seja uma pessoa ou uma
empresa, e agem.
CI - No livro o senhor escreveu: “A
Camorra continuará invencível
até quando existirem homens
corruptos”. Como vê a aproximação da Camorra com a política?
RC - A Camorra, para sobreviver,
precisa ter o consentimento dos
lugares onde predomina. E o tem
porque se ocupa das atividades
econômicas e fornece às pessoas diferentes possibilidades de
trabalho. Este consentimento se
traduz também em votos e no
controle de alguns políticos.
CI - Para o senhor, os partidos
são demagógicos quando falam
de luta contra a Camorra?
RC - É determinante que a política faça a sua parte na luta contra
a Camorra. Somente a repressão
não bastará. As coisas devem realmente mudar.
CI - O senhor sabe quantificar o
que o governo já seqüestrou da
máfia até hoje?
RC - Não sei dizer ao certo, mas, com
certeza, vários milhões de euros.
CI - Como viveu o final de Spartacus?
RC - Spartacus foi uma etapa muito importante sob o aspecto midiático porque permitiu a todos
saberem quem eram os Casalesi.
CI - Os crimes cometidos pelos
Casalesi reportados em Spartacus são de vinte anos atrás. Como estão hoje os Casalesi, existe uma nova hierarquia?
RC – Há tempo o clã mudou, não é
mais aquele retratado em Sparta-
atualidade
Livro de Raffaele Cantone
já é best-seller
cus. Hoje existe uma nova leva, a
segunda geração de familiares. Para evitar colaborações perigosas, o
clã é muito mais atento e fechado.
CI - Hoje o senhor ocupa um outro cargo e mesmo assim ainda
sofre ameaças da Camorra?
RC - Espero muito que daqui a
pouco eles se esqueçam de mim
para que eu possa iniciar uma vida normal.
CI - Os jovens que trabalham para
a Camorra são um pouco como os
que trabalham para o tráfico de
drogas nas favelas do Brasil, ou
seja, não têm perspectiva de um
futuro melhor? Podemos dizer que
o interesse deles pela criminalidade é de alguma forma culpa do Estado, ou melhor, da ausência dele?
RC - Certamente quem escolhe o
caminho da delinqüência o faz
porque é marginalizado, mas não
sempre. A Camorra também funciona como um aparelho de resgate social e renda. Aparentemente, é mais simples obter dinheiro e poder com eles.
CI - Quais são as alternativas para esses jovens?
RC - As alternativas são criadas
oferecendo além de um trabalho,
uma nova perspectiva cultural,
explicando que a Camorra reserva para o futuro somente morte
e prisão.
CI - O senhor já se sentiu sozinho
na luta contra a Camorra?
RC - Às vezes sim. Porém, o procurador, quando toma uma decisão, está sempre sozinho.
CI - O que faz quando não está no
trabalho?
RC - Procuro manter uma vida privada, muito limitada. Frequento
os amigos de sempre, tenho pouquíssima vida pública e nada de
festa e badalação.
CI - Foi difícil conciliar a família
com sua paixão pelo trabalho,
pela Justiça?
RC - Muito, mas com grande satisfação. Apesar de tudo, minha família sempre entendeu meu trabalho e sempre ficou ao meu lado.
CI - Valeu a pena sacrificar a sua
liberdade em nome da luta antiCamorra?
RC - A resposta é sem dúvida sim.
Também no mundo virtual
É
alta a popularidade de
chefes mafiosos sicilianos
no site de relacionamentos Facebook. O espaço mantém perfis de chefes mafiosos como
Salvatore (Totó) Riina e Bernardo Provenzano, com milhares de relatos de pessoas que os
consideram “mitos” e defendem
até suas “beatificações”. Alguns
acreditam que os perfis sejam
uma estratégia de comunicação
da máfia siciliana para promover o nome dos mafiosos entre
os jovens.
Bernardo Provenzano tem
uma comunidade de fãs com
mais de 200 inscritos, número
semelhante dos que defendem
a sua santificação. Outros três
perfis aparecem em seu nome,
um deles fundado por alguém
que diz chamar-se Paolo Provenzano. As mensagens são de
apoio, otimistas e positivas, que
enaltecem os feitos do mafioso,
tido como “um grande homem”
ou “o melhor dos padrinhos”.
O chefe fugitivo Matteo
Messina Denaro também tem
seu perfil no Facebook. Porém,
quem mais aparece no site de
relacionamentos é Salvatore Riina, de 78 anos. Ele tem uma
dezena de perfis e mais de 2
mil fãs inscritos. Entre eles, há
o grupo “Totó Riina Livre”, que
pede a liberação daquele que é
considerado um dos mais cruéis
líderes da Cosa Nostra.
Muitas mensagens tentam colocar em discussão sentenças já passadas. A polícia
já sabe que, há anos, os ‘padrinhos’ tentam obter a revisão dos processos. Há uma suspeita que essa “popularidade”
no Facebook faça parte de uma
nova e moderna estratégia dos
mafiosos para alcançar esse
objetivo. Até porque, muitos
comentários mostram que o
autor está bem informado a respeito dos processos judiciais,
principalmente, quando se trata de Riina.
Drogas
ao mar
Polícia intercepta carregamento recorde de
cocaína no Oceano Atlântico. Operação coincide
com a V Conferência Nacional sobre as Drogas,
organizada pelo governo italiano, em Trieste
F
oram nove toneladas de cocaína pura apreendidas em
águas internacionais, em
pleno Oceano Atlântico,
por policiais da Itália e da Espanha. A operação conjunta, chamada de Albatroz 2008, ocorreu
em duas fases: uma no começo
de janeiro, na costa da Galícia;
outra no dia 26 de fevereiro, a
mil e duzentas milhas das ilhas
Canárias. Segundo o procurador
anti-máfia da Itália, Piero Grasso, a quantidade é um recorde.
Como resultado, 16 pessoas foram presas, sendo 11 espanholas
e cinco colombianas.
A droga vinha da Colômbia e
era destinada ao mercado europeu.
As autoridades avaliaram a carga
em 720 milhões de euros. Ela renderia quatro vezes mais depois de
ser transformada em 30 milhões
de doses para a venda no varejo.
A investigação começou um ano e
meio atrás. A polícia italiana foi
advertida pelos colegas espanhóis
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
sobre a presença de suspeitos na
cidade de Gênova. Durante todo
este período, essas pessoas foram
seguidas pela polícia região da Ligúria e da Toscana.
As interceptações telefônicas
confirmaram as atividades de traficantes da quadrilha de José Manuel Vila Sieiram, um dos maiores
narcotraficantes do mundo e líder
da organização na Galícia (Espanha). Os agentes do distrito genovês anti-máfia descobriram as coordenadas geográficas para a entrega da droga. O ponto de encontro era em águas internacionais,
no meio do oceano Atlântico.
Na primeira operação, no começo do ano, os policiais rastrearam uma frota de pequenos aviões que decolava da Venezuela,
na América do Sul. Os pilotos lançavam a droga dentro de pacotes
flutuantes, em alto mar. A carga
era recuperada por um navio e depois descarregada em outras embarcações menores e mais velozes.
Estima-se que a quantidade jogada pela frota aérea fosse de 20 toneladas. Porém, os policiais espanhóis, a bordo de um helicóptero,
prenderam os dois tripulantes e
recuperaram apenas 3,5 toneladas
estocadas em uma lancha. O resto
já tinha sido distribuído. Deste total, duas toneladas eram destinadas ao mercado italiano.
Na segunda fase, o barco
pesqueiro Dona Fortuna, com
bandeira venezuelana, foi surpreendido pelos agentes com a
droga no porão. A embarcação já
tinha sido abastecida por um navio-mãe que zarpou de um porto
na costa da Guiné, país africano
usado na armazenagem da cocaína colombiana. Cinco membros
da tripulação, todos da Colômbia, foram presos e outros nove
espanhóis detidos em terra firme.
Os traficantes traziam 5,5 toneladas de cocaína, sendo 700 quilos para o mercado italiano.
A operação Albatroz se alinha
com as diretrizes do presidente da
República Italiana, Giorgio Napolitano. Recentemente, ele solicitou
às instituições públicas o “reforço dos instrumentos de prevenção
e de controle contra o fenômeno
alarmante da difusão da droga,
principalmente entre os jovens”.
Para ele, não existem mais bar-
reiras geográficas para o tráfico
de drogas “que permeia todas as
classes sociais do país e atinge os
menores de idade cada vez mais
cedo”. O pensamento do presidente foi expresso durante a V Conferencia Nacional sobre as Drogas,
em Trieste. O congresso foi promovido pelo Departamento das Políticas Anti-drogas da Presidência
do Conselho dos Ministros.
No evento, constatou-se que
uma ação enérgica do estado deve ser acompanhada do apoio das
famílias e do terceiro setor, “para dar esperança de recuperação
ao tóxico dependente através do
suporte da educação”. Durante o
evento, o governo declarou “guerra total e tolerância zero” ao tráfico de drogas e apoiou a criação
e manutenção das casas de cura
para recuperar os viciados.
No ano passado, a Itália apreendeu 42,1 mil quilos
de drogas, 32% a mais que em
2007. Só de maconha foram 36,4
mil quilos, 48,42% a mais que
no ano anterior. Em compensação, foram apreendidas 30%
menos de heroína e 85,43% menos drogas sintéticas.
Dessa forma, a luta contra a
máfia italiana ganhou o terreno
virtual. Mais de 100 mil pessoas participaram de um abaixoassinado, pedindo ao Facebook
para apagar os perfis dos apoiadores dos chefes de Corleone,
na Sicília. Outros 50 mil já assinalaram que “a máfia dá nojo”.
Será que por lá, quem luta contra a máfia consegue se manter
no anonimato e livre de ameaças de morte?
Lixo na Campânia
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ComunitàItaliana
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ComunitàItaliana
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religião
O Dom da
comunicação
Sílvia Souza
O ítalo-brasileiro Dom Orani João Tempesta assume, no dia
19 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro defendendo a “unidade
na diversidade”. É dessa forma que acredita ser possível combater
as divisões existentes na Igreja Católica diante do enfrentamento de
problemas sociais como o recente abuso sexual seguido do aborto
de uma menina de 9 anos, em Pernambuco.
Aos 58 anos, ele chega à capital fluminense vindo da
Arquidiocese de Belém, no Pará. O bispo nascido em
São José do Rio Pardo, interior paulista, é presidente
da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e
Comunicação Social da Confederação Nacional dos
Bispos do Brasi (CNBB). Para ele, a
evangelização deve penetrar diferentes
mídias, como o Youtube, canal em que o
Vaticano se lançou no início deste ano.
De Roma, onde participava de um seminário
sobre Comunicação, Dom Orani concedeu uma
entrevista exclusiva à Comunità, por e-mail:
— É impossível trabalhar hoje na
evangelização sem utilizar a mídia e, em especial,
as assim chamadas novas mídias — afirma.
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C
omunitàItaliana - Como
o senhor recebeu a notícia da nomeação para
a Arquidiocese do Rio
de Janeiro?
Dom Orani - Com surpresa e, ao
mesmo tempo, muito respeito
e responsabilidade pela missão
que Deus, através das mediações
da Igreja, me confia. Conheço
o Rio de Janeiro como todas as
pessoas do Brasil conhecem, porém pretendo conhecer agora em
profundidade e, principalmente,
a Igreja do Rio de Janeiro, sua
missão e sua história.
CI - Que problemas acredita que
serão os mais desafiantes no Rio?
DO – Só mesmo conhecendo profundamente. A imprensa destacou muito, em perguntas, a
questão da violência, que não é
exclusividade do Rio. Creio que
encontrarei tudo o que existe no
Brasil, pois acredito que o Rio
seja um resumo do Brasil.
CI - Problemas como a falta de
segurança e garantia de direitos
básicos dos cidadãos resultaram em diversas manifestações
na gestão Dom Eusébio. O senhor
acredita que a Igreja possa se
aproximar da política sem que
haja um conflito?
DO - A Igreja tem suas próprias
convicções e liberdade de pensamento e de direcionamento. Porém, no trabalho social, temos
consciência de que são necessárias parcerias e um trabalho com
todos, inclusive com os governantes, e também outras igrejas,
religiões, associações, para um
trabalho mais eficaz.
CI - O que o fez seguir a vida religiosa?
DO - A vocação é, e sempre será,
um mistério. Porém, posso ver os
sinais desde o início na família.
Depois, na participação na paróquia de São Roque, em São José
do Rio Pardo. Mais tarde, o dom
que o Senhor colocou no profundo do coração para deixar tudo e
segui-lo no serviço aos irmãos e
irmãs. A decisão definitiva desse passo foi dada quando estava
cursando o atual ensino médio,
na época, curso colegial.
CI - Recentemente a Igreja foi
muito criticada pela atuação no
caso da menina de 9 anos vítima de abuso pelo padrasto no
Recife. O senhor acredita que a
postura da Igreja diante dos problemas do século 21 deva sofrer
mudanças?
DO - A Igreja tem uma responsabilidade que não depende da votação da maioria e sim de princípios
que marcam a sua vida. É por isso que ela é defensora da vida em
todas as etapas e situações. Como
tem a missão de evangelizar, sabe
que o mundo futuro depende muito das posições que hoje tomamos.
Acredito que neste caso a pergunta mais importante e que não foi
feita é: porque esses fatos ocorrem
e porque estão aumentando?
CI - Depois do fenômeno Padre
Marcelo Rossi, tornou-se pública a existência de outras correntes de evangelização na Igreja.
Atualmente, o sucesso do Padre
Fábio de Melo tem sido apontado
como canal para aproximação
com os jovens. Como o senhor
avalia a influência e os avanços
desses movimentos na constituição da assembléia hoje?
DO - Cada pessoa tem seu carisma e é muito bom ver as pessoas convictas e coerentes serem
canais de graça de Deus e conseguirem levar Jesus Cristo a todos, em especial à juventude. Todos esses irmãos necessitam de
um acompanhamento próximo
para que, na unidade da Igreja,
sirvam com alegria e disponibilidade ao povo de Deus.
CI - O senhor concorda que a
Igreja passa por um momento
de crise nas vocações?
DO - Na minha experiência acho
que sucede exatamente o contrário. Apesar de toda propaganda
contra a Igreja Católica e apesar
da divulgação de fatos isolados
como se fossem comuns e uma
regra, vejo muitos jovens pedirem o ingresso na vida consagrada e sacerdotal. O que é necessário é um acompanhamento personalizado, pois hoje o jovem ao
entrar traz consigo muito mais
questionamentos que no passado. Hoje, existem outros tipos de
pessoas consagradas que estão
assumindo um belo trabalho na
Igreja enquanto que as antigas
formas de consagração passam
por um amadurecimento e redescoberta do carisma.
CI - “Para que todos sejam um” é
o lema de seu episcopado. O que
o senhor acredita que seja necessário para que essa seja uma
máxima entre os católicos?
DO - É para todos os cristãos, pois
é uma palavra exigente de Jesus
no Evangelho. Para que o mundo creia. Ele nos pede a unidade,
que não significa uniformidade,
mas unidade na diversidade, no
respeito às diferenças, mas acolhendo-nos e aceitando-nos uns
aos outros.
CI - O senhor preside a Comissão
Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social. Que
trabalhos foram realizados com
êxito até aqui e quais os planos da
comissão para os próximos anos?
DO - Esta é uma resposta que exigiria muitas páginas, pois somos
cinco bispos dessa comissão que
realiza uma diversidade de trabalho tanto aqui no Brasil como nos
seus relacionamentos com o CELAM (América Latina) e com os
Pontifícios Conselhos. É uma comissão de fronteira e de diálogo
com a sociedade, além do trabalho
com os grupos e meios da igreja
católica. Acredito que são muitos
os êxitos e o plano bienal da CNBB
aponta ainda mais trabalhos para
os últimos dois anos que ainda
nos restam para essa missão.
CI - O senhor esteve em Roma para um seminário sobre Comunicação no mês passado e, no início do ano, a Igreja lançou seu
canal no Youtube. Como a Igreja
percebe as novas tecnologias e
de que forma sua passagem pelo Rio de Janeiro pretende privilegiar essa área?
DO - O encontro em Roma
foi para os bispos
responsáveis pelo setor comunicação das conferências episcopais
e estivemos em quase 90 conferências representadas dos cinco
continentes. A presença da Igreja não se resume nos meios de
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comunicação, mas é uma preocupação de trabalhar o processo de
comunicação do ser humano que
é muito mais amplo. A presença
no Youtube demonstra a presença em todos os novos e modernos
meios. É impossível trabalhar hoje na evangelização sem utilizar
a mídia e, em especial, as assim
chamadas novas mídias.
CI - Além desse compromisso, a
passagem por Roma teve algum
envolvimento com sua posse?
DO - Esse encontro do Pontifício
Conselho de Comunicações já estava agendado desde o ano passado, por isso nada teve a ver
com a minha nomeação. Porém,
aproveitamos para conversar
com alguns amigos em Roma sobre a minha missão.
CI - O senhor tem ascendência
italiana?
DO - Meu pai veio da Itália com
meus avós e seus irmãos, quando
tinha 5 anos. Na Itália temos muitos familiares, porém distantes,
pois meus avós vieram ao Brasil
com toda a família. Eles são da
Região de Abruzzo, entre L’Aquila
e Rieti. Algumas vezes encontrei
familiares na Itália e até celebrei
em um encontro da família, num
desses anos. Normalmente, quando vou à Itália, a visita é mais
a Roma onde tenho as reuniões
e os trabalhos. Porém, é um país
que sempre nos reserva belos locais para visitar e nunca terminamos de admirar as suas belezas.
CI – Como percebe a participação da comunidade italiana na
igreja do Brasil?
DO - A Igreja do Brasil deve muitas características aos imigrantes italianos que, vindo para cá,
trouxeram a sua religiosidade e
seu entusiasmo católico. No passado, os italianos foram presenças marcantes nesse trabalho.
Hoje, muitos dos seus descendentes estão presentes na Igreja
e trazem no coração o exemplo
de seus antepassados. Muitas
devoções e santos e muitas maneiras de celebrar se deve a comunidade italiana.
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SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSa
Melhor emagrecer
H
Antidepressivo natural
Todos à mesa
P
esquisadores da Universidade de Iowa
sugerem que o sal de cozinha pode ser
um antidepressivo natural. Em estudo feito
com ratos, eles concluíram que aqueles que
tinham deficiência de sal paravam de realizar
atividades prazerosas. Eles acreditam que o
déficit de sal pode estar associado à perda de
prazer e à depressão.
A
Dor de cabeça
M
Excesso
N
o Brasil, o consumo diário de sódio está duas vezes e meia acima
do limite estabelecido pela Organização
Mundial da Saúde. A culpa não é dos alimentos industrializados, mas do tempero
adicionado à comida. Isso inclui o sal e
os condimentos feitos à base de sal, que
correspondem a 76% de todo o sódio consumido. Os dados são de uma pesquisa da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. A quantidade diária de
sódio disponível para consumo é de 4,5 g
por pessoa, sendo que a ingestão máxima
recomendada pela OMS é de 2 g. O excesso pode aumentar pressão arterial e levar
a doenças cardiovascular e renal.
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Fotos: Grupo Keystone
omens obesos que passam pela cirurgia de redução de estômago não apenas
perdem peso como melhoram sua vida sexual,
segundo estudo da Universidade de Utah, nos
Estados Unidos. Para os autores, a obesidade
está associada à insatisfação na vida sexual.
Os pesquisadores avaliaram 22 homens que foram submetidos à cirurgia bariátrica e 42 obesos que não passaram pelo procedimento. A
média de peso no início era de quase 150 kg .
As análises mostraram que quanto mais pesado
era o homem, menores níveis de testosterona
ele tinha e pior era sua vida sexual. Dois anos
depois, os homens que haviam passado pela
cirurgia reduziram em 17 pontos seu índice de
massa corporal, apresentaram menores níveis
de estrogênio e maior quantidade de testosterona. Essas mudanças ajudaram a melhorar os
fatores da qualidade de vida sexual, melhorando o desejo, o desempenho e a satisfação.
ulheres que sofrem frequentes enxaquecas têm maior risco de sofrer
derrames durante a gravidez, assim como
doença cardíaca, pressão alta e formação
de coágulos, segundo estudo da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos. A
pesquisa avaliou um banco de dados nacional com mais de 18 milhões de registros hospitalares entre os anos de 2000
e 2003, incluindo quase 34 mil casos de
enxaqueca durante a gravidez. Segundo o
estudo, mulheres que sofrem enxaquecas
na gestação tinham 15 vezes mais risco
de sofrer um derrames, três vezes maior
risco de formação de coágulos e duas vezes mais chances de ter doença cardíaca.
Comida caseira
A
melhor maneira de ensinar bons hábitos
alimentares aos jovens é fazer as refeições com eles. Pelo menos é o que indicam os
pesquisadores da Filadélfia, nos Estados Unidos. Por cinco anos, eles acompanharam um
grupo de 600 crianças com 12 anos: as que
faziam cinco ou mais refeições com a família,
por semana, não só adquiriam melhores hábitos alimentares como os mantinham por mais
tempo. Além das refeições mais frequentes,
esses jovens se acostumaram a ter uma dieta
mais rica. Consumiam mais frutas e vegetais,
além de fibras, cálcio e sais minerais.
revista Food & Wine afirma que cozinhar
em casa é a tendência gastronômica do
momento, pois assim a refeição é mais saudável que as elaboradas em restaurantes.
Isso, porém, depende de quem “pilota o
fogão”. Estudos mostram que a maior influência nos hábitos alimentares familiares é a
pessoa responsável por comprar e preparar a
comida. Esses “guardiões nutricionais,” como
são chamados pelos pesquisadores, influenciam
mais de 70% dos alimentos ingeridos por nós, segundo um relatório publicado, em 2006, no The Journal of the American Dietetic Association.
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filosofia
Um dos principais pensadores políticos da Itália, Giuseppe Vacca lança
livro no Brasil e afirma que a esquerda perdeu o trem da história
“N
esse momento, a
Europa só tem um
grande líder: o Papa
Bento 16”. A frase,
dita sem exaltação, provocou um
contido “zunzunzum” na platéia.
Quem a proferiu foi o pensador
italiano Giuseppe Vacca, “um velho comunista italiano” como ele
mesmo se definira um pouco antes. Os ouvintes sabiam bem disso. Afinal, eles mesmos estavam
ali para homenagear Vacca porque, de alguma forma, a ideologia comunista fazia parte de suas
vidas. Não foi, porém, contestado. O respeito calou a surpresa
e a palestra prosseguiu, como
se nada tivesse acontecido, na
sala Itália do Instituto Italiano
de Cultura do Rio de Janeiro, em
uma chuvosa noite de março.
O “velho comunista” veio ao
Brasil para lançar seu livro Por
um novo reformismo. Trata-se de
uma publicação conjunta da Fundação Astrojildo Pereira e da Editora Contraponto. A apresentação
é Armênio Guedes e Alfredo Reichlin, respectivamente, dirigentes históricos dos antigos Partido Comunista Brasileiro e Partido Comunista Italiano. O projeto
contou com o apoio da Associação Anita e Giuseppe Garibaldi.
Além do Rio, Vacca - que fundou em 1975 o Instituto Gramsci, em Roma, instituição que ainda preside - esteve em Campinas
e em São Paulo, onde se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Talvez o pensador italiano tivesse ficado ainda mais satisfeito se o atual presidente
brasileiro, Luiz Inácio Lula
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Sônia Apolinário
da Silva, tivesse ido ao seu encontro. Em entrevista exclusiva à
Comunità, ele não escondeu sua
admiração por Lula. Uma admiração que data desde o primeiro
momento em que se conheceram,
em 1991, no Brasil e reforçada
com um segundo encontro, na
mesma época, na Itália.
— É uma pena que Lula não possa se candidatar
outras vezes à presidência
porque a lei não permite.
Eu o admiro muito. Ele
tem grande capacidade de liderança e demonstrou isso na forma como vem guiando o Brasil, país que
é um dos protagonistas na nova organização da economia
mundial — diz Vacca.
Aos 70 anos, ele
percebe não apenas o
Brasil, mas a América
Latina como um todo,
como um foco de novidades para ser analisada
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por conta do seu recente processo
político. Um panorama bem diferente do europeu e que, não por
acaso, encontra-se sem líderes.
Segundo Vacca, na Europa, a
esquerda falhou, apesar de ter ti-
ser o centro comercial do mundo.
Era o começo da “eurolândia”.
Na sua avaliação, a Itália, junto com a Grécia, são os países
mais frágeis da Europa. No caso
italiano, isso vale tanto em termos
econômicos quanto de estrutura
política. Ele informa que seu país tem a “maior dívida do mundo”,
que representa 112% do PIB. Para
ele, é muito fácil entender o sucesso de Silvio Berlusconi, constantemente sendo eleito e reeleito para
o cargo de primeiro-ministro:
— Em 15 anos, a direita trabalhou para construir uma força
política enraizada e unitária. A
esquerda, não.
Segundo Vacca, também é
fácil entender porque os jovens,
de uma maneira geral, e os europeus, em particular, estão apáticos e pouco participativos. Afinal, “o problema do jovem é das
gerações antigas”, como diz. Segundo ele, a questão está justamente na falta de líderes.
— Nenhuma geração é filha
de si mesma. É preciso líderes em
quem se espelhar. No momento, há
falta de líderes intelectuais, morais
e éticos — sentencia Vacca.
O livro
Por um novo reformismo é o primeiro título de uma série que pretende resgatar, no Brasil, idéias
de pensadores políticos italianos. Quem informa é o ensaísta
e tradutor Luiz Sérgio Henriques,
organizador do livro de Vacca e
da série. Editor do site Gramsci
e o Brasil, ele também é um dos
organizadores das obras de Antonio Gramsci em português, especialmente a nova edição das
Cartas do Cárcere, sua obra mais
ilustre. Gramsci foi o fundador
do Partido Comunista da Itália e
ainda é uma das maiores referências da esquerda mundial.
— As idéias italianas tiveram um grande impacto na cultura política brasileira. Entre as
várias razões pelas quais não entrei para a luta armada estavam
os escritos de Gramsci. Ele nos
ajudou a apostar no reformismo.
Com isso, nós, no Brasil, passamos a ser chamados de reformistas, mas com desdém, de forma
pejorativa. Seja como for, Gramsci foi uma grande novidade para
nós — afirma Henriques.
O livro de Vacca é, na verdade,
um “mix” de três livros do pensador italiano acrescido de dois
Vacca debate suas idéias
no Rio de Janeiro
ensaios inéditos feitos para a publicação. Por um novo reformismo
é formado por dez capítulos. Três
deles (1, 6 e 7) foram extraídos
de Riformismo vecchio e nuovo
(Turim: Einaudi, 2001); Os de número 2, 3, 4 e 5 vem de Vent’anni
dopo. La sinistra fra mutamenti e
revisioni (Turim: Einaudi, 1997); o
capítulo 8 provém de Il riformismo italiano. Dalla fine della guerra fredda alle sfide future (Roma:
Fazi, 2006); os capítulos 9 e 10
são inéditos e foram redigidos em
2008. Segundo Henriques, a seleção e a disposição dos textos foram aprovadas pelo autor.
— A Fundação (Astrojildo Pereira) inventou um livro meu que
eu não tinha pensado — brinca
Vacca. — Se a escolha será útil,
não sou eu quem deve dizer. É
aqui no Brasil que o livro precisa
ser útil. Pode ser um ponto de
partida para repensar a historia e
procurar inovações.
Luiz Sérgio Henriques informa que as próximas publicações
a serem lançadas no Brasil serão
com textos de Massimo D’Alema e
Enrico Berlinguer.
— Queremos que as principais idéias do pensamento político italiano circulem no Brasil. São
idéias que defendem que os socialistas jamais podem abandonar a
democracia porque esse é o terreno mais adequado para a inclusão
social — afirma Henriques.
Nascido em Roma em 1949,
Massimo D’Alema foi militante do
PCI desde sua juventude e acompanhou esse partido em sua metamorfose social-democrata e
neo-liberal. Foi primeiro-ministro da Itália de 1998 a 2000. Foi
também ministro dos Negócios
Fotos: Bruno Lima
Antigos
ideais
do “a faca e o queijo na mão”
de mostrar a que veio, durante o
processo de unificação do continente. Vacca lembra que entre
1990 e 1996, a social democracia
tomou à frente desse processo. O
auge se deu em 1998, quando 13
dos 15 países europeus eram sociais democratas.
— O grande problema aconteceu quando, ao formar o governo comunitário, decidiram que a
política econômica seria nacional
e foi perdida a chance de se fazer
uma renacionalização. Explodiu o
processo migratório e, com a crise da globalização, foi aberto o
caminho para a direita de (George W. Bush) — explica Vacca, na
sua entrevista. — Em oito anos,
a direita americana fechou o processo europeu, dividiu a Europa
e ainda criou a guerra do Iraque
para bloquear o Mediterrâneo. A
integração européia significava
uma projeção em direção ao Mediterrâneo que tinha voltado a
Estrangeiros do governo de Romano Prodi entre 2006 e 2008.
Nascido na Sardenha, Enrico
Berlinguer (1922 -1984) foi secretário-geral do PCI de 1972 a
1984. Ele foi um dos principais
líderes políticos da sua geração.
Seu pai foi um senador socialista. Seu avô, também chamado
Enrico Berlinguer, foi amigo pessoal de Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini, notáveis figuras
da unificação italiana. Também
era primo de Francesco Cossiga
e de Antonio Segni, ambos líderes da Democracia Cristã Italiana,
que se tornaram presidentes da
República do país.
Quem foi Gramsci
N
ascido na Sardenha, Antonio Gramsci
(1891-1937) trabalhava como jornalista
quando fundou o Partido Comunista Italiano
em 1921. Ele viria a ser um dos líderes do partido desde sua fundação. Em 1924, foi eleito
deputado pelo Veneto. Nessa época, começa
a organizar o lançamento do jornal oficial do
PCI, denominado L’Unità. Em 8 de novembro
de 1926, é preso pela polícia fascista, apesar
de ter imunidade parlamentar. Foi condenado a vinte anos de prisão.
Morreu aos 46 anos, pouco tempo depois de ter sido libertado. A influência póstuma de Gramsci encontra-se associada principalmente
aos mais de trinta cadernos de análise histórica e filosófica que escreveu durante o período em que esteve na prisão. Estes trabalhos,
conhecidos como Cadernos do Cárcere, contêm o pensamento maduro de Gramsci sobre a história da Itália e nacionalismo.
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astronomia
deveria. Na esfera governamental, existem poucos projetos Brasil/Itália, se compararmos com a
França, por exemplo.
Um olhar
para o céu
Ano Internacional da Astronomia celebra os 400 anos da primeira
observação por telescópio feita pelo então renegado Galileo Galilei
O
Sílvia Souza
ditado diz que ninguém
é profeta na sua própria
terra. E com ele não foi
diferente: Galileo Galilei exerceu carreira como matemático, físico e filósofo,
mas foi como astrônomo,
revelando descobertas sobre o céu, diferentes das
atestadas como verdadeiras no pensamento medieval, que despertou a ira dos
pensadores geocentristas. Perseguido e considerado herege,
400 anos após suas primeiras
observações noturnas com
o telescópio, o italiano
é festejado com o Ano
Internacional da Astronomia (AIA), iniciativa da Unesco celebrada em pelo menos 130 países.
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No Brasil, esse italiano nascido em Pisa, em 1564, deve ganhar, até o final do segundo semestre, uma estátua em frente
ao Planetário da Gávea, no Rio
de Janeiro. A primeira em terras
tupiniquins, segundo a astrônoma Flavia Pedrosa.
— Estamos em busca de escultores e patrocínio, mas esse
ano já será de grandes feitos. No
início do mês, eventos como o
“100 horas de observação” reuniram um milhão de pessoas, ao
redor do mundo, para observar o
céu — explica a astrônoma do
Planetário da Gávea.
As tais 100 horas de observação, às quais Flavia se refere,
fazem parte da programação festiva que credita a Galilei o título
de fundador da ciência moderna.
Durante quatro dias, pesquisadores, teóricos e pessoas comuns
puderam, em diversos pontos do
mundo, observar o céu e, em especial, as crateras da Lua e os
anéis de Saturno. No Brasil, foi
possível analisar esses e outros
elementos em lugares como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF),
Brusque (SC), Juazeiro do Norte
(CE), Maceió (AL), Nova Friburgo
(RJ), Paulínia (SP), Ponta Grossa
(PR), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA).
Além disso, em julho, Manaus
sedia a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde a astronomia
terá especial atenção. Já dos
dias 3 a 14 de agosto, será a vez do Rio de Janeiro
receber a Assembléia Geral da União Astronômica
Internacional. Vale destacar que, em uma reunião semelhante na República Tcheca, em 2006,
os astrônomos rebaixaram
Plutão à categoria de planetaanão. Flávia observa que, em
eventos desse tipo, são sempre
levantadas questões polêmicas,
“o que prova que a ciência não
é estática”.
— O Brasil, junto com a Itália e a França, esteve na liderança da ação que levou a Unesco
a apoiar a União Astronômica
Internacional pela proclamação
deste Ano Internacional da Astronomia — informa o coordenador do Ano da Astronomia no Brasil e professor da Universidade de
São Paulo, Augusto Damineli —
Diversos astrônomos brasileiros
desenvolvem estudos conjuntos
com italianos. Na verdade, numerosos astrônomos de origem
ou descendência italiana estão
espalhados pelo mundo, mas é
uma pena que a Itália, com tanta capacidade humana, não esteja investindo em pesquisa como
Programação Intensa
Em Florença, os 400 anos do primeiro uso do telescópio por Galilei será celebrado pela exposição
Galileu: Imagens do Universo, da
Antiguidade até o telescópio, no
Palácio Strozi, até 30 de agosto.
— O único protagonista é o
céu, visto não só como o firmamento repleto de estrelas, mas
também como depositário das
expectativas e inquietações humanas e religiosas — explica Paolo Galluzzi, diretor do Instituto
e Museu das Ciências florentino,
curador da mostra.
São 250 objetos e obras que
incluem desde aparelhos para
medir e observar a abóbada celeste, até as cosmogonias e criaturas divinas que as habitavam criadas por distintas mitologias e
religiões, ao longo de 4.600 anos
de história e de relação humana
com o que se pode chamar de
“teto do mundo”.
Restos arqueológicos, afrescos pompeianos, atlas e esferas
celestes, esculturas, pinturas,
códigos iluminados, maquetes
cosmológicas e binóculos se sucedem nas várias salas do edifício. Há também o Atlas Farnese
do século 2 a.C., trazido de Nápoles e instrumentos utilizados
por babilônios e egípcios para
medir as horas do dia e a sucessão das estações. As comemorações fizeram
com que, pela primeira vez, fos-
O astrônomo Augusto Damineli
se celebrada em Roma uma missa
em memória ao astrônomo. Foi
em fevereiro na basílica romana
de Santa Maria degli Angeli pelo monsenhor Gianfranco Ravasi,
presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. O curioso é
que a Igreja perseguiu Galilei por
conta de suas descobertas.
— Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então
pouco conhecido, ampliando os
confins de nosso conhecimento e
obrigando a reler o livro da natureza com um novo olhar. A Igreja
deseja honrar a figura de Galileu,
genial inovador e filho da Igreja
— salienta o arcebispo.
De 26 a 30 de maio, ocorrerá também em Florença, o seminário internacional de estudos
“O caso Galileu. Uma releitura
histórica, filosófica, teológica”,
organizado pelo Instituto Stensen dos Jesuítas. Em Roma, de
21 a 26 de junho, haverá um
curso de estudos organizado pela Specola Vaticana (Observatório Vaticano) e durante
todo o mês de outubro estará
aberta na Santa Sé a exposição
Galileu 2009, Fascinação e Fadiga de um novo olhar sobre o
mundo. A 400 anos da primeira
observação com telescópio.
Ainda em Roma, de 15 de
outubro a 5 de janeiro de 2010
será exibida nos Museus Vaticanos a exposição Astrum 2009: o
patrimônio histórico da astronomia italiana de Galileu até hoje, que incluirá livros, arquivos
e instrumentos procedentes da
Specola Vaticana e dos Museus
Vaticanos. A exposição incluirá ainda o manuscrito Sidereus
Nuncius, de Galileu, conservado
na Biblioteca Nacional Central
de Florença.
Quem foi Galilei
Galileo Galilei nasceu em 15 de
fevereiro de 1564, em Pisa, filho
de Vincenzo Galilei, um músico
alaudista conhecido por seus estudos sobre a teoria da música,
e Giulia Ammannati de Pescia.
Além de ter estudado medicina
na Universidade de Pisa, foi professor de matemática na mesma
universidade e ainda na Universidade de Pádua.
É deste período que, entre
seus inventos, destacam-se uma
balança hidrostática para a de-
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terminação do peso específico
dos corpos (1586), uma máquina para elevar água – espécie de
bomba movimentada por cavalos (1593) e uma régua de cálculo (1597).
Em maio de 1609, Galilei ouviu falar de um instrumento de
olhar à distância, construído pelo
holandês Hans Lipperhey. Mesmo
sem nunca ter visto o aparelho,
ele construiu sua primeira luneta
em junho, com um aumento de
3 vezes. Até dezembro do mesmo
ano, ele construiu vários outros
objetos (o mais potente capaz de
aumentar 30 vezes), e faz uma
série de observações sobre a Lua.
Os satélites de Júpiter, ele
descobriu entre os dias 7 e 15
de janeiro de 1610. Desta fase
astronômica, é famoso o Siderius Nuncius (Mensagem Celeste)
publicando em latim, em 12 de
março de 1610.
Galilei trocou cartas com Johannes Kepler (astrônomo que
formulou as leis da mecânica celeste), que com outros matemáticos do Colégio Romano eram reconhecidos como as autoridades
científicas da época. O Colégio
Romano foi fundado pelo Papa
Gregório XIII, que estabeleceu o
calendário gregoriano.
Debruçando-se cada vez mais
no sistema solar, Galilei verificou que Vênus apresenta fases
como a Lua e reuniu evidências
em favor da teoria heliocêntrica.
Ele escrevia em italiano para difundir ao público a teoria de Copérnico. O fato chamava atenção
da Inquisição que abriu processo
contra o astrônomo.
Depois de proibições e julgamentos que tentaram impedir
a propagação de suas pesquisas
e textos, Galilei morreu em 8 de
janeiro de 1642 em Arcetri, perto de Florença. Está enterrado na
Igreja da Santa Cruz, em Florença. Sobre a relação da astronomia com a Igreja, data de 1822
a retirada das obras de Copérnico, Kepler e Galilei do Índice
de livros proibidos. E em 1980,
o Papa João Paulo II ordenou
um re-exame do processo contra
Galilei. No dia 31 de outubro de
1992, aos 350 anos de sua morte, o mesmo Papa o reabilitou solenemente e criticou os erros dos
teólogos da época que deram fé
a tal condenação, sem desqualificar expressamente o tribunal que
o sentenciou.
ComunitàItaliana
47
Milão
letteratura
Nuove
scritture
Guilherme Aquino
Para cachorro
M
ilão já tem a sua creche para cachorros. Isso mesmo. O serviço normalmente oferecido aos filhos de pais que trabalham fora e não têm com quem deixar as
crianças ganha uma versão para quatro patas. A creche tem área de jogos, zona dormitório, setor de relaxamento com massagem e até mesmo “salão” para comemoração
de aniversários. A Good Dog ocupa uma loja
com 200 metros quadrados e recebe de 15
a 20 cães por dia, no máximo. Seis “educadores”, no caso, adestradores, cuidam dos
animais de segunda a sexta-feira, das 8 horas da manha às sete da noite, ao custo de
8 euros por hora ou mensalidades entre 215
e 275 euros.
Conferenza mette in risalto l’importanza della letteratura
migrante nel rinnovamento delle lettere italiane
N
Salão Internacional
do Móvel
O
maior encontro de designers e fabricantes de móveis do planeta será realizado entre 22 e 27 de abril. Nessa época, Milão se transforma na capital mundial do desenho industrial, com centenas de eventos paralelos à exibição dos lançamentos, na
feira de Rho. No ano passado, a mega exposição deu um destaque especial para a cozinha.
Neste ano, o foco é na iluminação e, como sempre, é cada vez maior a preocupação com a
economia do consumo de energia elétrica. São esperadas lâmpadas eficientes e “verdes”.
Novo tamanho
O
Design histórico
norte da Itália pode ficar maior ou
menor, na altura da fronteira com a
Suíça. Os limites devem ser revistos em
decorrência do derretimento das geleiras. O ministro das Relações Exteriores,
Franco Frattini, planeja criar uma equipe
formada por pesquisadores, cartógrafos,
geógrafos e militares para, junto com as
autoridades helvéticas, rever a fronteira. As geleiras no platô Rosa do Monte
Cervino, no Monte Rosa e no Pizzo Bernina, retrocederam muito nas últimas
décadas. A última revisão foi nos anos
60, durante a construção da auto-estrada Como-Lugano. Na ocasião, a modificação atingiu o vale de Brogeda.
48
ComunitàItaliana
O
Museu Internacional do Design abre as
portas com uma nova coleção, depois
de quinze meses da inauguração. Série fora
de Série propõe colocar em evidência as relações cruzadas entre a cultura do projeto e
a cultura empresarial que estão na base do
tecido industrial italiano. A história dos objetos é passada a limpo na mostra realizada
na Triennale de Milão. Alguns deles são uma
lancha de Riva Sebino, serviço de chá e café de Alessi, o mini-carro Volpe ou a poltrona Sacco. A exposição permite uma viagem
no tempo através de produtos que modificaram padrões estéticos e propuseram o futuro
quando o presente ainda era o passado.
/
Abril 2009
egli ultimi dieci anni la
letteratura italiana ha
subìto un “buon rinnovamento” e molto di ciò
si deve alla letteratura migrante.
Una vera e propria lezione sul tema è stata data, in Brasile, dalle
professoresse Elisabetta Santoro
(Universidade de São Paulo), Valentina Russi e Lucia Strappini,
(Università per Stranieri di Siena), che hanno partecipato alla
conferenza “La Narrativa Italiana dal 1900 al 2008”, presso gli
Istituti Italiani di Cultura di São
Paulo e di Rio de Janeiro.
— La letteratura italiana, in
particolare la narrativa, ha subìto
negli ultimi nove, dieci anni un
buon rinnovamento. Sono sorti
vari scrittori e, soprattutto, nuove scrittrici – osserva il Professore Ordinario di Letteratura Italiana, delegato alle Relazioni Internazionali dell’Università per Stranieri di Siena, Lucia Strappini.
Secondo lei anche nel decennio anteriore si è pubblicato molto
Tatiana Buff
Corrispondente • São Paulo
ma, per lei, le proposte recenti sono “più interessanti”. Uno dei motivi concerne il fatto che è aumentata molto la presenza di scrittori
nati all’estero e quindi parlanti di
lingua straniera che “hanno scelto
di creare romanzi e poesie direttamente in italiano, abbandonando
la lingua materna”.
Questi sono gli autori della
“letteratura migrante”. Scrittori
delle più svariate origini, hanno
arricchito i temi intrapresi e hanno lanciato un nuovo punto di vista sull’Italia attuale. Secondo la
professoressa Elisabetta Santoro,
del corso di Lingua e Letteratura
Italiana del Departamento de Letras Modernas della USP, i risultati linguistici di questo movimento sono molto peculiari “visto che si rompono le barriere tra
le lingue e che, nella scrittura,
la lingua materna e l’italiano si
mescolano, dando vita a pagine
di grande effetto”.
Secondo Lucia Strappini le
opere degli autori migranti che
hanno dato respiro alle tematiche
letterarie italiane sono spesso di
tipo autobiografico. Due brasiliani si distinguono in questo gruppo,
secondo Elisabetta Santoro. Sono
Christiana de Caldas Brito, filosofa
e psicologa nata a Rio de Janeiro,
con opere premiate in Italia, tra cui
il libro di racconti “Amanda, Olinda, Azzurra e le altre” e Julio Monteiro Martins, avvocato e professore universitario di Niterói, autore,
tra altri libri, di “L’amore scritto”,
pubblicato nello Stivale nel 2007 e
tema di un servizio dell’ultima edizione di gennaio di Comunità.
Elisabetta Santoro
Durante la conferenza è stata presentata l’antologia “Il senso narrante”, coordinata da Lucia
Strappini e organizzata da Francesca Romana Andreotti e Valentina Russi (Collana Linguaggi
e Culture, Ed. Guerra, 2008). Il
libro riunisce opere dell’iraniano Bijan Zarmandili, residente
in Italia da quasi 50 anni; della polacca Helga Schneider, e di
Cristina Ali Farah, figlia di madre
italiana e padre somalo.
— Un’antologia come questa ci dà una visione panoramica
della letteratura italiana contemporanea e ci orienta sulle tante
pubblicazioni che appaiono tutti
i giorni sugli scaffali delle librerie
— afferma Elisabetta Santoro.
Saviano
Gli sguardi del mondo si rivolgono con più attenzione – anche con
l’aiuto dei media – alla produzione delle case editrici italiane fin
dall’esplosione commerciale e critica di “Gomorra”, di Roberto Saviano, pubblicato nel 2006 in Italia. Il best seller, tradotto in 50
paesi, ha venduto più di 1,8 milioni di copie nella penisola ed è stato trasformato da Matteo Garrone
in un film di enorme successo.
Con Saviano, l’onda della “rinascita” italiana ha invaso anche
le librerie internazionali ma, secondo la professoressa Elisabetta
Santoro, si tratta di una questione diversa rispetto a quella della
letteratura migrante.
— C’è un fenomeno di altro
tipo nato a partire da Gomorra. Il
romanzo non-fiction di Roberto
Saviano e il film di Garrone hanno avuto un enorme successo,
ma il valore dell’operazione non
è tanto quello letterario o artistico, quanto quello della denuncia
e del coraggio di parlare della Camorra, la mafia napoletana, che
praticamente tutti pensavano di
conoscere già, ma che invece nasconde aspetti meno noti e più
vicini a noi di quanto credessimo
— osserva.
Elas estão de volta
É
o primeiro indício que a primavera se
aproxima. As andorinhas começam a retornar da África. Depois de dez mil quilômetros
de vôo, as aves voltam a pousar nos prados
e nas árvores do norte da Itália. Pavia, Cesano Maderno oferecem excelentes plataformas
e programas de observação, o chamado birdwatching. “Springalive” é o projeto europeu
que coleta dados sobre a presença dos pássaros na região e todos podem participar. Para
isso, basta inserir no banco de informações a
data, o lugar e a espécie observada durante o
birdwatching. Assim, os ambientalistas podem
monitorar e estudar o comportamento das aves
diante das mudanças climáticas em curso.
Lucia Strappini
Abril 2009
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ComunitàItaliana
49
literatura
Asas à
imaginação
Um dos eventos mais festejados do setor literário, a Feira de Bolonha
é o principal balcão de negócios de títulos infanto-juvenil da Europa
ue ninguém se deixe enganar pelos títulos em
exibição. A Feira do Livro
Infanto-Juvenil, de Bolonha, não é só um espaço destinado às crianças, onde os pais
possam levar os filhos para se divertirem no fim de semana. Trata-se de um verdadeiro mercado
de direitos de títulos, negociados
entre editores do mundo inteiro.
A feira, realizada entre 23 e 26
de março, conta sempre com um
centro para os tradutores e outro
destinado aos agentes literários,
uma mostra dos trabalhos de ilustradores e um espaço que promove a interseção do livro com as
produções televisivas e cinematográficas, o TV/Film & Licensing
Rights Centre. Nesse centro, uma
das principais atividades é a negociação entre criadores e editores de novos personagens para as
histórias. A editora brasileira Me-
50
lhoramentos é uma das expositoras mais antigas no evento.
— Expomos aqui há 30 anos,
um tempo que coincide com a
história da feira. Nós somos uma
das editoras brasileiras que mais
faz negócios aqui. Dessa vez, fechamos mais um título do Ziraldo para o Japão. Para nós, a feira é um fórum muito importan-
te — afirma o editor
Breno Lerner.
Por se tratar de
um ramo onde as
ilustrações são de
extrema importância, o tema das artes gráficas recebe
uma atenção especial dos organi-
Il ragazzo è
impegnato a crescere
(Edizioni Topipittori)
Autor: Roberto Denti - O que
acontece quando seu pai é o
diretor da escola e sua mãe
uma professora? E quando
sua avó não é uma simples e
doce velhinha, mas um verdadeiro general com um temperamento nada fácil? E, como se não bastasse, seu irmão é o mais bonito e inteligente da turma? É óbvio: você sonha com a fuga. E talvez
você não fique só no sonho,
mas tente realmente embarcar numa nave de piratas, como acontece nos livros.
O papagaio que não
gostava de mentiras
e outras fábulas africanas
(Pallas Editora)
Autor: Adilson Martins – A
obra apresenta uma coleção
de fábulas africanas. Uma
ótima forma de educar as
crianças e fazer com que os
adultos reflitam mais sobre
a sua conduta, numa inteligente crítica social.
fecham importantes negociações
que vão desde a publicação das
histórias em quadrinhos - traduzidas em mais de 22 idiomas - até
o contrato com redes televisivas.
Durante vários meses do ano os
personagens de Mauricio de Souza
podem ser vistos na Rai 2, importante canal italiano, semanalmente, às 7 horas da manhã.
— Para nós não existe crise –
afirma o criador da famosa turma
de personagens de história em
quadrinhos.
Tatiana Ribeiro
Q
Tatiana Ribeiro
Especial de Bolonha
zadores da Feira do Livro Infanto-Juvenil de Bolonha. Para a escritora Ana Maria Machado, que
participa do evento há 31 anos,
o ponto forte da participação do
Brasil não é o projeto gráfico ou as
ilustrações, mas os textos.
— Os prêmios que o Brasil já
recebeu aqui em Bolonha foram
sempre pelo texto e tiveram um reflexo internacional muito bom. Fica evidente que existe literatura de
qualidade sendo produzida no Brasil. A feira é uma vitrine importante, um ótimo momento para trocar
ideias, ver que tipo de catálogo cada editor tem, que afinidade existe
entre o autor e o editor — explica
Ana Maria Machado que recebeu,
em 2000, o prêmio Hans Christian
Andersen, considerado o prêmio
Nobel da literatura infantil.
O escritor Yves Hublet, brasileiro descendente de italianos, participou da feira pela primeira vez,
concretizando um projeto pessoal
de 25 anos. Ele propõe assuntos
universais e instrutivos em suas
narrativas em forma de fábulas.
— Nos meus livros procuro
abordar temas importantes, onde a criança vai lendo e aprendendo sem sentir – acrescenta Hublet, que mora na Bélgica há dois
anos e meio.
Em outro pavilhão, em um estande todo dedicado à
Turma da Mônica,
Mauricio de Souza e sua equipe
todos os anos
ComunitàItaliana
Espaço brasileiro na Feira de Bolonha
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Abril 2009
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ComunitàItaliana
51
fotografia
Visões
de mundo
Exposição em São Paulo apresenta o melhor da
produção fotográfica brasileira contemporânea
A
Tatiana Buff
Correspondente • São Paulo
ideia de ver o mundo através dos olhos de outrem
pode soar como fantasia
realizada ao visitante da
17ª edição da Coleção Pirelli/
MASP de Fotografia, em cartaz
até 3 de maio no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Uma pausa para conhecer
a exposição, na eufórica Avenida
Paulista, centro financeiro da capital, tende a significar uma viagem no tempo e no espaço.
Este ano, a seleção de 80
obras de 24 fotógrafos brasileiros e estrangeiros residentes no
país traz registros históricos e,
muitas vezes, distantes dos centros urbanos.
— A coleção Pirelli é reconhecida no âmbito da fotografia.
52
É um dos trabalhos mais duradouros deste tipo no Brasil, talvez o
único, e isto a um certo ponto se
transforma em uma grande força
— diz a coordenadora do projeto desde 1991, Anna Carboncini,
italiana radicada no país há cerca
de 30 anos.
Em relação às edições anteriores, além de a mostra atual acrescentar 20 fotos em comemoração
aos 80 anos da Pirelli no Brasil, a
comissão organizadora convidou,
no ano passado, quatro consultores para colaborar na seleção. Integraram as consultorias regionais
a galerista Márcia Mello, do Rio de
Janeiro e os fotógrafos Orlando
Azevedo, de Curitiba; Pedro David,
de Minas Gerais e Tiago Santana,
de Fortaleza. O grupo sugeriu artistas das respectivas regiões, com
o objetivo de “enriquecer a cole-
ComunitàItaliana
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Abril 2009
Um registro de Milon Alram
ção e aprofundar a pesquisa”, como explica Anna Carboncini.
Os artistas
Três gerações de fotógrafos compõem o panorama imagético da
17ª edição da Coleção Pirelli/
MASP. São artistas nascidos entre 1910 e 1920, nos anos 1940
a 1950 e de 1960 a 1980. No fio
cronológico, Voltaire Fraga (19112006), de Salvador, capta em preto
e branco um modus vivendi inteiramente alheio aos bruscos modos
sociais modernos. Como se fosse
possível tocar certa fábula de delicadeza, consumada no banal cotidiano por ele retratado, sem prender-se aos limites não menos paradisíacos do cenário, a Bahia.
Da mesma geração, os instantâneos de Helmuth Wagner
(1924-1988) exploram geometrias estruturais e remetem ao
efeito obtido pelo singular M.C.
Escher (1898-1972), artista gráfico holandês. Em vertente diversa, o parisiense Milan Alram
(1926), residente no Rio, trabalhou para as principais agências
publicitárias das décadas de 1940
a 1970, documentando os “anos
dourados” e o charme da bossa
nova na Cidade Maravilhosa.
A moda e o fotojornalismo
assinalam sua relevância histórica e artística com registros personalíssimos, de técnica apurada.
São nomes reconhecidos internacionalmente como Gui Paganini, Jacques Dequeker, Nani Gois,
Barbara Wagner – com a fogosa
série Brasília Teimosa, realizada
no bairro de mesmo nome em Recife -, Ricardo Labastier, Anderson Schneider e o mestre mineiro
Rui Cezar dos Santos.
Ao longo da exposição, obras
de fotógrafos de apelo mais intimista operam como veículo
de expressão de interiores
ora luminosos, ora divertidos, bucólicos ou dramáticos. O mineiro José Faria,
autodidata que opta pelo experimentalismo, faz fusões e
sobreposições e cria imagens
poéticas e oníricas.
Rogério Ghomes e Felipe Hellmeister, ambos de gerações mais
A partir da esquerda, imagens de Rui Cesar Santos, André François e
Milon Alram. Abaixo, uma obra de José Faria
recentes, se apresentam com
composições instigantes. Diante
delas, é preciso parar e olhar com
atenção para perceber o sublime do exato instante congelado.
Ghomes teve seu triplo quadro intitulado Olhaí, justamente traduzido para o inglês como Consider.
A série de fotos de Hellmeister,
chamada É doce Morrer no Mar,
parece reverenciar os pintores
Francis Bacon (1909-1992) e Lucien Freud (1922), tal a energia
expressiva da deformação.
Contemporâneos, Zé Frota e
Rodrigo Zeferino incluem a distorção como ferramenta em seus trabalhos, com resultados diversos.
Neles, o foco é a realidade jornalística das periferias. De efeito cinematográfico, utilizando lentes
especiais, os registros de Fausto
Chermont, de São Paulo, passeiam
por paisagens gráficas exuberantes, a fixar o olhar do observador
em alegorias imagéticas.
A exploração fotográfica da
abstração geométrica, inédita na
Coleção Pirelli/MASP, cabe a Ana
Vitória Mussi, cuja obra representa “a mais significativa ruptura
estética desta edição”, segundo
os organizadores. A fotógrafa, ca-
tarinense de Laguna, estudou serigrafia nos fim dos anos 1980 na
Escola de Artes Visuais do Parque
Lage, no Rio de Janeiro. Costuma
expor no Brasil e no exterior.
Outro marco deste ano é a
“exposição dentro da exposição”
de André François, paulistano de
44 anos, que realiza documentários na área da saúde desde 2005.
Os 20 registros estão em uma
área especial, criada pelo Conselho Curador. O fotógrafo aborda a questão da humanização da
medicina e a busca dos cidadãos
de regiões ainda remotas, como a
Amazônia, por tratamento médico. Entre o choque e o afeto, os
instantâneos pronunciam o que
há por fazer nessa área.
François, autor dos livros Cuidar, Um Documentário sobre a
Medicina Humanizada no Brasil
e A Curva e o Caminho, Acesso à
Saúde no Brasil, recebeu o apoio
da Organização das Nações Unidas (ONU) para levar seu projeto
a outros países.
Mundo à parte
Zig Koch, arquiteto curitibano que
mergulhou na fotografia desde a
adolescência, extrai da natureza
imagens literalmente mágicas,
empregando recursos aparentemente simples, mas raros, como a
paciência. Na foto de um macaco,
por exemplo, a impressão primeira é a de um desenho magnífico
que quase leva à suspeita de que
o primata “quis” posar.
Koch trabalha para grandes
publicações nacionais e internacionais especializadas e atua nas
organizações não-governamentais WWF e SOS Mata Atlântica,
entre outras.
Em linha semelhante, o engenheiro e fotojornalista Zé Paiva,
de Porto Alegre, ganhou espaço
na mostra com retratos da serra
gaúcha, a um só tempo documentais, encantadores e, por que
não, vocativos de certo bucolismo. No mesmo espírito se enleva
a fotografia autoral de André Paoliello, cujas obras selecionadas
parecem deslizar ora sobre a névoa, ora sob o céu e a vegetação
sedutores dos litorais.
Ainda sob a égide da fantasia
– agora humana, demasiado humana – a presença da renomada
Abril 2009
/
Vânia Toledo evoca o universo das
celebridades, do erotismo e puro
hedonismo. Um dos instantâneos
traz uma das “tigresas” dos anos
1970/80, a cantora Gal Costa, no
ápice da glória e graça.
Tão consolidado quanto Vânia, Bob Wolfenson aparece na
seção final da mostra com o inusitado ensaio “A Caminho do
Mar”, com registros metalizados
e obscuros capturados desde a
rodovia que passa por Cubatão,
cidade uma vez considerada ecologicamente morta.
SERVIÇO:
Coleção Pirelli/MASP de Fotografia –
17ª Edição. MASP - Museu de Arte
de São Paulo Assis Chateaubriand Av. Paulista, 1.578 - Cerqueira César - São Paulo – SP. Horário: terçafeira a domingo e feriados, das 11h às
18h; quinta até 20h. A bilheteria fecha uma hora antes. Ingresso: R$ 15
(inteira) e R$ 7 (estudante), gratuito
às terças-feiras e diariamente para menores de 10 anos e maiores de 60 anos.
Informações: (11) 3251-5644.
ComunitàItaliana
53
artes
F
enômeno que ocorre principalmente nas grandes
cidades, o smog é uma
mistura de gases, fumaça
e vapores de água que formam
uma grande massa de ar carregada de poluição. Costuma irritar os olhos e adoecer os pulmões. Graças, porém, ao artista
italiano Alessandro Ricci, o maléfico smog está virando sinônimo de arte.
É com essa sujeira do ar, respirada por ele e os habitantes de
Florença, onde mora, que Ricci
cria seus quadros. Neles, retrata
paisagens e cenas urbanas que
podem ser vistas na mostra em
exposição no museu florentino
Ginger Zona di Scandicci. O escapamento de um carro em movimento, a chaminé das indústrias
e das fábricas e a chuva ácida
que mancham de negro os mármores brancos dos monumentos
espalhados pela cidade produzem os elementos fundamentais
da pintura de Ricci.
O smog que provoca mal estar nas pessoas chega “plasmado” na telas do artista. Formado
em ciências naturais, Ricci decidiu aplicar nas telas as partículas
em suspensão depositadas em
monumentos, persianas e fachadas dos prédios. Resumo da obra:
ele pinta com o que se respira,
expressa o que vê.
Para recolher a matéria-prima básica dos seus quadros,
o artista sai de casa com uma
escada e sobe nas estátuas de
mármore branco enegrecidas pela sujeira urbana.
— Eu passo um pano úmido
nas superfícies que encontro pelo caminho e capturo o material
que será usado como a base para
a minha tinta — explica Ricci.
Quando
poluição
vira arte
Artista italiano usa smog para pintar
quadros em protesto contra a poluição
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
Quadro intitulado “Luna di Periferia”
54
ComunitàItaliana
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Ao longo da operação de coleta, ele já sabe onde encontrar as diferentes tonalidades
do smog. Nas vias mais estreitas, engarrafadas, as partículas
em suspensão são mais escuras.
Já nas ruas com menos tráfico,
a sujeira do ar é mais clara. Do
preto escuro ao cinza claro é
possível se obter, segundo ele,
apenas na diferença de alguns
quarteirões.
O artista começou a pintar
com smog, por acaso, dois anos
atrás. Ele realizava, para o laboratório da Universidade de Florença, uma analise química de
amostras de aerosol pelas ruas
da cidade. Durante o trabalho,
Ricci sujou o braço de preto ao
se esfregar numa fachada. Pintor
amador, ele decidiu unir a técnica e a ciência ao protesto contra
a poluição do ar.
No começo, o artista conseguia as partículas junto ao Centro Nacional de Pesquisa, em Sesto Fiorentino, órgão responsável
pelo monitoramento das condições atmosféricas da cidade. Depois, o pintor começou a ir ele
mesmo buscá-las nas ruas.
O atelier de Ricci é num cômodo da casa onde vive. Nas
horas vagas, ele separa as partículas escuras absorvidas pelos
panos e cotonetes que deixa na
mesa de jantar. O artista não usa
pinceis e nem tintas coloridas.
No lugar deles está um palito enrolado com algodão e o smog. O
artista “suja” a tela branca com
a poeira e depois a limpa com
algodão úmido criando os desenhos, delineando as formas e as
imagens que irão compor o quadro. No final, Ricci usa um fixador especial para colar as partículas no quadro.
As tonalidades vão do branco ao preto, passando por diferentes tons de cinza. A realidade,
em preto e branco, surge nas formas de prédios, carros, condomínios de periferia, além de famosos cartões postais de Florença,
como a catedral de Santa Maria
del Fiore, pontos de atrações turísticas, manchados pelo ar poluído. Algumas imagens abstratas
também são pintadas por Ricci.
Por enquanto, ele só não ousou
pintar os pulmões de quem respira o smog.
— Falta ainda retratar as
conseqüências dessa poluição no
nosso corpo — diz ele.
E se depender do andar da
carruagem, o artista vai ter sempre à disposição as suas “tintas”
gratuitas. Mesmo sendo considerada uma cidade de arte, Florença sofre, e muito, os efeitos
da poluição. Segundo a Legambiente, importante ONG italiana,
em 2008, os habitantes viveram
101 dias com o smog acima do
limite máximo permitido pela
lei: o valor PM10 por 35 dias ao
ano. A mesma ONG alertou que,
nos últimos três meses, a população florentina respirou, durante 27 dias, um ar que coloca em
risco a saúde pública.
design
Made
in Rio
Pela primeira vez, designers fluminenses
realizam exposição durante o Salão
Internacional do Móvel em Milão
A
Sílvia Souza
Cadeiras, luminárias, bolsas, jóias e mesas de escritório são algumas
das peças que serão expostas na
feira italiana. Muitas delas aludem diretamente à cidade do Rio
de Janeiro.
Faz parte do grupo, por exemplo o arquiteto Guto Índio da Costa, responsável pelos quiosques
que adornam a orla de Copacabana. TT Leal é uma das fundadoras
da Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha, a
Coopa-Roca. O trabalho das costureiras da Rocinha freqüenta
muitas lojas elegantes de Ipanema. O designer Gilson Martins é o
autor das bolsas que reproduzem
o Corcovado e o Pão de Açúcar,
dois dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro.
Além deles, dividirão o espaço de mais de 100 metros reservados ao Rio de Janeiro, em Mi-
Telenovela della Record, che parla di mafia, riporta in Italia l’attore Nicola Siri
lão, artistas como Sérgio Rodrigues, Mendes Hirth, Fred Gelly,
Jaakko Tamela, Claudia Moreira
Salles, Taciana de Abreu e Silva,
Marcela Albuquerque, Carlos Simas, Marcos Oliva, Thiago Maia,
Carlos Alcantarino, Fernando Ja-
ta por membros do Conselho Consultivo de Design, que integra o
programa Rio é Design, da secretaria. As peças ficarão expostas
no espaço Porticato, no Palazzo
Affari ai Giureconsulti, ao lado do
Duomo, na Piazza Mercanti.
Considerado um dos eventos
mais importantes do setor moveleiro mundial, o Salão do Móvel
de Milão chega a sua 48ª edição
e reúne artistas de todas as partes do mundo. O objetivo é apresentar tecnologia, cultura, inovação e tendências do setor. Neste
ano, uma mostra especial contará
Objetos de Carlos Cantarino e
equipamentos de Índio da Costa
eger, Angela Carvalho e Maria
Helena Torres.
De acordo com a Sedeis, a seleção dos designers e das peças
que seguiriam para a Itália foi fei-
a história do design italiano através da evolução dos móveis da
antiguidade até os dias atuais.
Além da projeção no exterior,
a intenção com a participação
brasileira é promover a competitividade de empresas nacionais que
miram o mercado externo.
C
ompletamente adattato
in Brasile dove vive da
sei anni, l’attore Nicola
Siri, autentico genovese, ha avuto un’opportunità unica l’anno scorso. Scelto per interpretare l’avvocato Paulo nella nuova telenovela delle 22.00
della rete televisiva Record, Siri
è tornato in Italia. Era la prima
volta che tornava nel suo paese
per lavorare.
La produzione brasiliana l’ha
portato in Sicilia, dove sono state girate le scene iniziali di Poder Paralelo, storia di Lauro César Muniz creata dal libro Honra
ou Vendetta, di Silvio Lancelotti,
che presenta la mafia come punto di partenza della trama.
— Ero già stato in Italia per
girare un corto. Ma tornare al lavoro in una telenovela è speciale
perché il Brasile è primo al mondo nel genere. Per tre settimane,
a Palermo, le giornate sono state
intense. Sono stato molto felice
di poter aiutare la troupe con la
lingua e nei problemi più semplici — commenta Siri, 40 anni,
che così come il suo personaggio, ossia il braccio destro del
Sílvia Souza
protagonista Tony Castellamare
(Gabriel Braga Nunes), ha seguito i passi del regista Ignácio Coqueiro da vicino.
Prevista per andare in onda la
terza settimana di aprile, Poder
Paralelo comincia con un attentato. La vittima è Tony, brasiliano di origini italiane che vive a
Palermo, sospetto di essere legato alla mafia. L’ordine di ucciderlo viene intercettato da un “delegado” della Polícia Federal brasiliana, Téo Meira (Tuca Andrada),
capo dell’operazione che indaga
una potente rete del narcotraffico. Il “delegado” evita che Tony
muoia, ma non riesce a salvare
sua moglie, Marina (Daniela Galli) e le due figlie gemelle. Tony
scopre che il piano è partito dal
Brasile e ritorna alla sua terra
natale disposto a vendicarsi.
— Non si sente il limite tra
la storia di Silvio e la mia. Siamo
stati molto attenti a fare questa
fusione. Le azioni del crimine organizzato guidano la suspense sul
coinvolgimento o no di Tony in
questo schema — spiega Muniz.
Se subito agli inizi della telenovela si vuole lasciare confusi i
Nicola Siri (a destra) in
scena come Paulo
telespettatori per ciò che riguarda la personalità di Tony, il personaggio di Siri riveste un ruolo
importante in questo gioco:
— Il mio personaggio è un
italiano sposato con una brasiliana. Funziona come facilitatore
e consigliere di Tony e, come lui,
sarà sotto tensione quando ci sarà
il dubbio sul suo coinvolgimento
con la mafia. È Paulo ad occuparsi
degli affari di Tony e quando questi decide di tornare in Brasile,
Paulo va con lui — spiega Siri. —
Sono entusiasta perché la storia
è un romanzo che parlerà del mio
paese. Ma spero che non percorra
gli stereotipi costruiti negli anni
’60. Questa è una chance di sfug-
gire dall’Italia che molti conoscono in Brasile, che è quella di Peppino di Capri. Il regista ha voluto
che tutto rispecchiasse la realtà
che gli italiani vivono oggi.
Il lavoro che ha avuto dietro alle cineprese come una specie di aiuto regista ha risvegliato
nell’attore la voglia di provare altri lavori di questo tipo. Come regista, si capisce. Per Siri, la Sicilia e la Sardegna sono le regioni
“più belle d’Italia”. Ma il gruppo
non ha avuto molto tempo per
andare in giro:
— Credo che tanto in Sicilia
come in Sardegna la semplicità
della vita e la valorizzazione delle piccole cose di tutti i giorni
siano più preservate che in altri luoghi in Italia, per questo
ne sono rimasto affascinato. Ma
l’unico posto dove ho potuto portare dei colleghi è stata la Valle
dei Templi, ad Agrigento. Oltre a
questo, solo a ristoranti.
Già in Brasile la produzione
ha scelto la città di Serra Negra,
nell’interno di São Paulo, come
set che simula la continuazione
dei fatti iniziati in Italia. Secondo il regista, degli angoli del luogo sono propizi a dare immagini
di montagne uguali a quelle viste nello Stivale. A Rio de Janeiro, dove sono gli studi della tv,
è stata messa in piedi una città scenografica per il resto della
trama. Nella telenovela il principale legame tra il Brasile e l’Italia sarà intrecciato grazie alla
relazione tra la giornalista Lídia
(Mirian Freeland) e Tony.
Edu Moraes/ Record
capital mundial do Design e
das inovações será palco
da exposição Rio + Design
durante o maior evento do setor,
o Salão Internacional do Móvel
2009, que ocorre entre os dias 21
e 27 de abril, em Milão. Graças
a uma parceria entre a secretaria estadual de Desenvolvimento
Econômico, Energia, Indústria e
Serviços do Rio de Janeiro (Sedeis), Sebrae/RJ, Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio e Indústria e Agência de Promoção de
Milão (Promos Milano), 18 designers cariocas “invadirão” a capital da Lombardia para mostrar
seus produtos.
Di ritorno
alle origini
televisione
56
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
Abril 2009
/
ComunitàItaliana
57
Firenze
italian style
Giordano Iapalucci
Hora certa
Relógio da coleção Twirl Heart com caixa em
ouro amarelo e diamantes. A pulseira é em aço
com a inicial da marca estampada.
O modelo digital em ouro rosa é da Collezione
I-Gucci. Preço sob consulta no site
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Vademecum
per il turista
58
ComunitàItaliana
/
I Medici e le Scienze
I
l 15 maggio prossimo sarà inaugurata
la mostra sugli strumenti e macchine
scientifiche delle collezioni della famiglia dei Medici presso il Museo degli Argenti (Palazzo Pitti). In particolare Cosimo
I e Ferdinando II svolsero un ruolo molto
importante nelle discipline fisico-matematiche. Non si limitarono alla sola attività
politica del Granducato di Toscana ma si
resero conto dell’importanza che la conoscenza scientifica rivolgeva nell’attività di
controllo tecnologico e nella stessa solidità che questa poteva portare nel prestigio
del potere politico. Ingresso euro 12. Orario di apertura dal martedì alla domenica
dalle 8.15 - 18.50.
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giratório assa até os produtos
congelados. Cozinhar se
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amigo apaixonado por vinhos. Capacidade para 16
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I profumi di Boboli
A
Il volto di Michelangelo
C
asa Buonarroti, il 7 maggio prossimo,
inaugurerà una mostra dal titolo “Il
volto di Michelangelo” sui ritratti e le raffigurazioni fatti allo stesso genio che proprio perché non amava ritrarsi né farsi ritrarre risulta essere molto originale. Durante
l’esposizione, il visitatore, ne potrà vedere
in forma originale addirittura quattro tra cui
quelli di Giuliano Bugiardini e di Jacopino
del Conte. Interessante anche la parte conclusiva della mostra che mette in evidenza
un ritratto interiore dell’artista attraverso
descrizioni sotto forma di scritti e di rime.
L’esposizione rimarrà aperta fino al 30 luglio. L’ingresso è di 6,50 euro con orario che
va dalle 9.30 alle 16.00.
Abril 2009
rrivata alla sua terza edizione, la rassegna dal nome “I profumi di Boboli”,
propone prodotti di grande ricercatezza e
risultati di antiche ricette messi in pratica
da erboristi e da profumieri artigianali della
regione. Si potranno così incontrare cosmetici preparati
con ingredienti naturali come frutta, fiori e olio
di oliva. Di grande
rilevanza anche
la parte dedicata
alle tisane, infusi, saponi e oli essenziali. Per i più giovani sono
presenti percorsi olfattivi organizzati dalla libreria Cappello di Merlino che si occupa
proprio di ragazzi. Per chi, invece, ritiene di
avere il pollice verde non deve perdere la dimostrazione di decorazione floreale dove sarà possibile interagire e cimentarsi personalmente con gli ornamenti. Dal 7 al 10 maggio.
Ingresso gratuito.
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Fotos: Divulgação
a città di Firenze sta cercando di metter
mano alla sensibilizzazione e all’educazione verso quegli equilibri che intercorrono tra i propri cittadini e i flussi turistici
che nella città del rinascimento superano i
9 milioni l’anno. È stato così varato il decalogo dell’eco-turista ed ho pensato di proporvelo per sapere cosa ne pensate ([email protected]):
1 - Informatevi sulle regole per un turismo migliore che salvaguardi la qualità
ambientale;
2 - Non sporcate la città e non danneggiatela: niente scritte e chewing gum sui muri, cartacce per terra, arrampicate su opere
d’arte, bottigliette e carte lasciate a giro;
3 - Scegliete prodotti con confezioni riciclabili e con poco imballaggio;
4 - Non sprecate risorse come l’acqua, soprattutto in estate, sia durante il soggiorno
in albergo sia durante la visita alla città;
5 - Utilizzate trasporti ecocompatibili,
privilegiando soprattutto i mezzi pubblici; ideali sono anche la bicicletta e i
mezzi elettrici che possono essere noleggiati in diversi luoghi della città;
6 - Rispettate la cultura, la città, i suoi abitanti; ad esempio, assumete comportamenti consoni nelle chiese, che sono soprattutto luoghi di culto e non fate confusione a
giro per la città, specialmente di notte;
7 - Preferite prodotti e ristoratori che
propongono alimenti tipici o comunque
coltivati con metodi biologici, a basso
impatto ambientale; così avrete modo di
comprendere meglio tutti gli aspetti della
cultura toscana.
8 - Informatevi sulle strutture pubbliche a
vostra disposizione, come le piste ciclabili e le fontane dell’acqua potabile. In accordo con gli albergatori aderenti a questo
progetto, il CIAL (Consorzio Imballaggi Alluminio) vi offre un’utile borraccia in alluminio riciclato che potete riempire nelle
fontane e riutilizzare ogni volta che volete.
9 - Provate percorsi alternativi, in modo da alleggerire quelli più sfruttati e ricordate che Firenze è ricchissima di altri
straordinari musei oltre agli Uffizi e all’Accademia. Se possibile, viaggiate fuori stagione per non contribuire alle congestioni
e agli affollamenti: la scelta di un periodo
diverso permette anche di apprezzare meglio la città e le sue bellezze.
10 - Scegliete strutture ricettive impegnate nella salvaguardia dell’ambiente e
garantite dalla certificazione dei Marchi
di Qualità ecologica.
Os produtos mencionados estão disponíveis no mercado italiano.
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Abril 2009
/
ComunitàItaliana
59
il lettore racconta
ximar-se de
Do desejo de apro
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dos italianos
representação
Itália. O jovem
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Rafael Petrocco é
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M
eu nome é Rafael Petrocco, tenho
27 anos e moro em
Campinas, interior
de São Paulo. Meus avós vieram de
Carpineto della Nora, Abruzzo, em
1952, trazendo seus 8 filhos. Desembarcaram em Santos e foram para
São José do Rio Pardo para trabalhar na plantação de café. Depois,
se mudaram definitivamente para
Campinas. Aqui no Brasil nasceu o 9º
filho - meu pai.
Apesar da proximidade da família, nós (filhos e netos) nunca tivemos muito contato com a cultura
e com a língua italiana, já que foi
necessário se adaptar ao Brasil para
continuar a vida. Um tio, porém,
reatou o contato com os irmãos de
meu avô e, assim, aos poucos, fomos nos
reaproximando. Alguns dos meus tios
voltaram para rever os parentes e
reviver a história, e alguns primos
da Itália vieram nos visitar. Primeiro, a aproximação se deu entre
os mais velhos, com encontros realizados na casa da nonna. Em 2006
vieram também os filhos dos primos,
jovens com 17 e 16 anos. Foi nesse
momento que percebemos que alguma coisa poderia acontecer.
Era a primeira vez que tínhamos contato com a nova geração, e
esse contato nutriu a vontade de
um dia ir para a Itália. Eu e mais
dois primos iniciamos um curso de
60
ComunitàItaliana
Sapori d’Italia
atualidade
/
Nayra Garofle
Sucesso
globalizado
Muzzarella de búfala é a base dos pratos de uma
rede de restaurantes italianos que chega ao Brasil
italiano, e um ano depois realizamos nosso sonho: conhecer a cidade onde meu avô nasceu. Durante o curso, e antes da viagem, meu
tio mais velho, que é presidente
de uma associação, me convidou para
participar de conferência de jovens no Chile, já que sou formado em
Design Gráfico e sempre trabalhei
com comunicação.
Felizmente, a minha participação foi bem vista e eu gostei do
ambiente, da amizade, do contato
com outras culturas, e logo em seguida surgiu um projeto que se encaixaria no meu objetivo profissional
daquele momento.
Infelizmente, no Brasil, a
região de Abruzzo não tinha nenhuma atividade voltada para o jovem, e a experiência do encontro
nos motivou a iniciar uma atividade. Junto com outros cinco colegas,
organizei um grupo de jovens chamado Giovani Abruzzesi in Brasile,
o GAB (www.abruzzo.org.br/gab). Para
essa tarefa, tivemos ajuda da Federazione delle Associazioni Abruzzesi in Brasile (Feabra). E além
da conferência em 2006, realizada no Chile, a associação levou jovens
para outras duas conferências: em
2007, na Argentina e, em 2008,
no Canadá.
Participar dessas atividades me
abriu as portas para a comunidade
italiana em geral. E uma das portas abertas me levou aos projetos e eventos realizados
pelo Comitato degli Italiani all’estero (Comites). Fiz
parte da comissão organizadora da conferência em
São Paulo, junto com outros
jovens, sendo convidado a
participar da delegação
brasileira que representaria o país em Roma.
Abril 2009
A Conferência dos Jovens Italianos no Mundo foi o maior e mais
importante prova de que podemos
participar dessas mudanças, realizada com o objetivo de ouvir os jovens.
Essa conferência teve uma dimensão
muito maior do que outros encontros
que participei, a começar pela preparação feita antes da viagem. Os
temas debatidos, o nível dos participantes e a política que envolve um
evento como este, teriam me causado
a mesma sensação do que se nunca
tivesse participado de nenhum outro
encontro. Foi um elo com meu passado definitivamente recuperado.
Foi sensacional ver a experiência da delegação brasileira em compartilhar, aprender quais são as realidades nas diversas regiões do país.
Mesmo a delegação se encontrando
pela primeira vez no aeroporto de
São Paulo, pronta para o embarque
rumo à terra de nossos antepassados,
a sinergia foi instantânea.
Agora, com muito orgulho, presido o Comitê da Associação dos Jovens Italianos no Mundo (AGIM).
Em todo o globo são mais de 2300
inscritos e tenho a certeza de que
no Brasil, através de transparentes atos que promovam a cultura,
cada vez mais jovens descendentes
vão se interessar por aprofundar
suas relações com a Itália. Na minha família, por enquanto, fora eu
e meu tio, nenhum outro parente
mergulhou nesse universo, mas sinto que todos se sentem orgulhosos de
ver que ainda lembramos de nossa
origem e que trabalhamos para que
não seja perdida.
R
io de Janeiro - Depois de 80 unidades espalhadas pelo mundo, o Fratelli la Bufala chega ao Rio de Janeiro, mais precisamente ao Leblon, um dos bairros mais charmosos da cidade.
A rede foi criada por três irmãos originários de Salerno,
província italiana da região da Campania. A história do Fratelli la Bufala começa quando Giuseppe, Antonio e Gennaro dissolveram o negócio
de família - produção de mozzarella de búfala - para tentar a sorte em
outros ramos. Giuseppe partiu para Nova Iorque, onde trabalhou como
pizzaiolo até abrir sua própria casa italiana. Atestado o grande sucesso, os outros dois irmãos seguiram o caminho e se juntaram a ele na
empreitada. E a matéria-prima do antigo negócio da família voltou a
estar presente na vida dos irmãos La Bufala, como são conhecidos. Na
Itália não há uma cidade que não abrigue um Fratelli. O primeiro foi
aberto em Nápoles, há três anos. Atravessando as fronteiras italianas é
possível encontrar o restaurante na Inglaterra, Espanha, Áustria, Suíça,
Alemanha e há projetos em andamento em Dubai, Tóquio e Moscou.
Seguindo o conceito da rede, a ideia inicial da franquia carioca era servir apenas carne de búfalo e queijo de búfala. Porém, houve mudanças.
— Adaptamos nosso cardápio de acordo com o gosto do brasileiro e o carioca, em geral, come muita carne bovina — explica um dos
sócios do negócio do Rio, Paolo Mantovano, natural de Napoli, de onde já conhecia os irmãos La Bufala e que teve a iniciativa de trazer a
cadeia de restaurantes para cá. — Temos fornecedores que importam
os produtos que precisamos para garantir o autêntico sabor italiano.
Quem comer aqui terá a mesma qualidade encontrada em todas as unidades do Fratelli pelo mundo.
Na cozinha, o chef italiano Enzo Rigo prepara delícias como Prosciutto Pata Negra ou San Daniele (com focaccia), mil folhas de peixe espada flambado com bresaola de búfala, rúcula, molho panna levemente
picante e salsinha. São tantas opções que o próprio Mantovano fica na
Ingredientes: 1 kg batatas cozidas e amassadas; 300 g farinha
de trigo; 1 ovo.
Ingredientes para o molho: 2 dentes de alho; 4 colheres (sopa)
azeite extra-virgem de oliva; 1 caixa de molho de tomate fresco;
3 folhas de manjericão alfavaca (de folha grande); 150 g de mussarela de búfala fresca; 60 g de queijo parmesão ralado.
Modo de preparo: Refogar os dentes de alho com o azeite até ficarem dourados, retirá-los e colocar o molho de tomate. Cozinhar
por dois minutos, salgar e agregar a mussarela cortada em cubos,
o queijo parmesão e as folhas de manjericão. Reservar. Cozinhar os
gnocchi em água fervente previamente salgada até eles boiarem.
Neste momento, os retiraremos da água com a ajuda de uma espumadeira para junta-los ao molho reservado. Colocar em recipientes
refratários e decorar com tomatinhos frescos e manjericão.
dúvida para escolher seu prato preferido que acaba sendo o gnocchi de
ricota de bufala com tomatinhos frescos, manjericão e mozzarella.
O restaurante carioca tem 90 metros quadrados e uma arquitetura que
mistura aço, vidro, muita madeira de demolição e mármore. O projeto de
Roberto Tuorto segue o padrão internacional com pequenas adaptações
para adequá-lo ao nosso clima tropical. Com um cardápio de dar água na
boca e uma carta de vinhos selecionada, os 80 lugares oferecidos pelo
restaurante estão sempre ocupados. O sucesso do Fratelli la Bufala carioca empolga os donos a abrir mais restaurantes pelo Brasil. Há planos para
levar a rede a São Paulo, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte.
Rafael Petrocco,
Campinas - SP - 27 anos
Mande sua história com material fotográfico para:
[email protected]
Gnocchi la Búfala
O restaurante fica no Leblon, coração da zona sul carioca
Serviço: Fratelli la Bufala – Rua General San Martin, 1196
Leblon – Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2512-7455
Abril 2009
/
ComunitàItaliana
61
La gente,
il posto
Claudia Monteiro de Castro
Golfo dos poetas
A
costa da Ligúria é uma das mais bonitas da Itália, com águas cristalinas,
cidadezinhas pitorescas e colinas.
Um dos trechos da costa lígure é conhecido
A
como Golfo dei Poeti, que vai da cidadezinha
de Lerici até Portovenere. Foi batizado assim
pois era amada por escritores e poetas como
Shelley, Lord Byron, Petrarca e Montale.
Os genoveses
Itália é um pequeno mundo. Cada região tem a sua culinária, a sua paisagem, o seu dialeto e seus habitantes com
características peculiares. Estereótipos, é claro, mas às vezes acabam sendo confirmados. Os romanos são famosos por serem
extrovertidos e às vezes vulgares. Os napolitanos, malandros. Os sicilianos, ciumentos.
Os genoveses, por sua vez, são famosos pela mão fechada
- não a abrem nem para cumprimentar as pessoas. Em italiano coloquial, avarento é tirchio. Dizem isso não só dos
genoveses, mas dos lígures em geral, os habitantes da
região de Ligúria. A fama é esta, mas é difícil saber se
é verdade ou não.
O lígure se defende dizendo que não é pão duro,
que é oculato, ou seja, econômico, parcimonioso,
que não gosta de desperdício. A explicação para isso
é histórica, o fato da tradição de Gênova ser uma cidade de mar. Os comerciantes eram habituados a avaliar
com cuidado o valor da moeda.
Outra característica que dizem ter os genoveses é que eles nem sempre são acolhedores, que são
muito fechados. Coincidência ou não, pude ver isso
num restaurante em Rapallo. Estava com uma amiga
brasileira. Ela entrou no restaurante e perguntou
em inglês se tinha lugar. Resposta negativa. Dois
minutos depois, improvisei meu melhor sotaque
genovês (o brasileiro falando italiano é ligeiramente parecido) e eles conseguiram uma
mesa pra mim. Minha amiga ficou furiosa. Não se conformava que não tinham
dado a mesa para ela, e para mim, falsa
genovesa, sim.
62
Lord Byron, que além de poeta era exímio nadador, em 1822 realizou o feito de
atravessar toda a baía a nado para encontrar dois amigos escritores que moravam
do outro lado, na Villa Magni: Percy e Mary
Shelley, ele poeta e ela, autora do famoso
livro Frankenstein.
Lerici, uma das cidades do golfo, é uma
graça, com seu castelo genovês e seus prédios coloridos com fachadas pintadas com a
técnica de trompe l’oeil, causando ilusão de
ótica. No centro do Golfo fica a cidade de La
Spezia, um porto comercial. Portovenere, do
outro lado, é belíssima com sua esplêndida
igreja de San Pietro. Ainda fazem parte do
Golfo dei Poeti os simpáticos vilarejos de
Tellaro e San Terenzo e três ilhazinhas: Palmaria, Tino e Tinetto.
ComunitàItaliana
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Abril 2009
Pedimos uma deliciosa massa ao pesto. Que em Gênova é o melhor
do mundo. E depois de saciadas, com overdose de pesto e vários copos
de vinho branco, minha amiga relaxou. Pão duro ou não, pouco acolhedor ou não - estereótipos à parte, a verdade é que a Ligúria é uma
maravilha. E ainda para entrar no clima dos genoveses, pedimos até
um desconto na hora da conta.
atualidade
Cannoniere? Como
nonno
fazia
Bruno de Lima
esporte
Futura promessa del Vasco, Philipe
Coutinho è già stato venduto all’Inter di
Milano e parte per l’Italia l’anno prossimo?
n ragazzo di 16 anni,
carioca, a cui piace il mare, è del
Vasco e ama giocare a calcio. Qualcosa
fuori dal normale? No, se
questo ragazzo non avesse come destino un futuro
brillante sui campi italiani dal
secondo semestre dell’anno prossimo, quando diventerà maggiorenne. Philipe Coutinho, che si
allena nel Clube de Regatas Vasco da Gama, è già stato venduto all’Internazionale di Milano a
circa 10 milioni di reais. Nel frattempo sogna di giocare una partita al Maracanã con la squadra
principale del suo club. In fondo
il suo tesserino è stato venduto
senza che prima avesse giocato
nessuna partita con la squadra
professionista di São Januário.
A casa è chiamato Philipinho. Sui campi, dove è praticamente una mascotte, Coutinho.
Oggi il giovane calciatore è una
delle maggiori promesse del Vasco. Infatti partecipa agli allenamenti della squadra principale e
il tecnico in persona, Dorival Júnior, dice che giocherà presto.
— Dobbiamo stare attenti
con un atleta come lui, cercare di
metterlo in campo nel miglior momento possibile affinché la squadra possa dargli tutto l’appoggio
necessario — afferma Dorival Júnior parlando dell’attesa “prima”
dell’adolescente tra i “grandi”.
Timido, senza sapere cosa dire, Coutinho sembra non avere an-
66
cora coscienza del futuro promettente che circonda i suoi scarpini. Per ora trasmette una grande
tranquillità, tipica di chi sta sempre con la famiglia accanto.
— Dovunque io vada, mio padre viene con me. La mia famiglia
si sta preparando per abitare con
me in Italia e accompagnare da vicino l’Inter. Non la vedo come una
cosa negativa, al contrario, voglio
proprio che rimangano vicini a me
— rivela l’adolescente che si è già
allenato con il suo nuovo club in
Italia tre volte per ambientarsi.
E non sono solo i genitori a
partecipare attivamente alla routine del calciatore. Coutinho è il più
piccolo di tre fratelli, e ci sono 19
anni di differenza tra lui e il più
grande, Cristiano. Quando può, Cristiano si prende sempre la responsabilità di accompagnare il fratello
più piccolo agli allenamenti. I due,
i genitori e il fratello di mezzo, Leandro, 31, studiano italiano insieme due volte alla settimana.
Tra gli idoli di Coutinho, Kaká
è il primo della lista. Ma il sogno
di giocare accanto a lui dovrà essere rimandato visto che l’Inter è
una delle maggiori squadre rivali
del Milan.
— Non c’è problema. Il mio
sogno, quello vero, è giocare con
ComunitàItaliana
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Abril 2009
lui nella nazionale brasiliana. Non
dovrei fare grandi cose. Io gli passerei solo il pallone e lui farebbe il
resto — dice con un tono da fan,
senza rendersi conto che lui stesso potrà diventare un idolo internazionale in pochissimo tempo.
A sei anni Coutinho già giocava nel campetto del condominio dove abitava, nel Rocha, zona
nord di Rio. È stato il nonno di un
amico ad avvisare i genitori che
quel ragazzino sembrava un cannoniere. Così Coutinho è andato
ad una scuola di calcio nel Clube
dos Sargentos e poi è entrato nella squadra della Mangueira.
— A sette anni mi hanno dato
il tesserino per giocare nella Liga
de Futsal dello Stato — racconta
il giovane che, essendo stato cannoniere della stagione, è stato invitato a giocare nel Vasco.
Nella categoria Fraldinha
[Pannolino], nel 2000, Coutinho ha conquistato il bicampionato della Liga de Futsal [Calcetto] con il Vasco. Ha cominciato
a giocare sui campi d’erba e ha
conquistato un titolo dietro l’altro. È stato campione carioca nel
2004 nella categoria under 12,
nel 2005 per quella under 13 e
nel 2006 con la under 14. Senza
contare la conquista della 1ª Copa do Brasil nella categoria under 17, realizzata nel 2008.
Dovuto ad una decisione della
commissione tecnica, nel 2006 ha
cominciato a giocare come centrocampista. Da quel momento ha
cominciato a diventare più intimo
della maglietta 10 e sono iniziate
a piovere le prime convocazioni
per difendere la Nazionale Brasiliana e così sono arrivati altri titoli: nel Torneo Internazionale in
Spagna per la categoria under 14;
nel Sudamericano under 15 e, nel
2008, già come giovanile, nel Torneo Internazionale della Spagna.
L’invito per allenarsi accanto ai
professionisti è arrivato nel settembre dell’anno scorso.
— Per ora voglio solo pensare
a quello che posso fare per il Vasco.
Non vedo l’ora di poter giocare tra i
professionisti — dice Coutinho.
Nova geração de ítalo-brasileiros
garantem, no Rio e em São Paulo, o
sabor e a tradição do autêntico gelato
C
omo os ítalo-brasileiros
podem dar prosseguimento à cultura italiana da família de forma
empreendedora? Foi pensando
nisso que o paulista Alexandre Scabin e os primos cariocas
Gianpietro Bosco e Francesco
Masello tiveram a mesma ideia:
abrir um negócio autenticamente italiano.
As cidades são diferentes e
do ponto de vista comercial isso
favorece, já que os jovens empresários decidiram trazer para o
Brasil o sabor do autêntico gelato. Em São Paulo, Scabin abriu a
Stuzzi Gelato e Caffè utilizando
as receitas de seu avô Vitorio.
Nayra Garofle
— Tínhamos muitas receitas
guardadas e lembranças dos gelatos do meu avô. Stuzzi era o
nome da gelateria que meu avô
tinha no Vêneto, antes de vir
para o Brasil — conta Scabin.
O jovem administrador, de
34 anos, revela que a sorveteria, ou melhor, gelateria como
prefere chamar, é uma forma de
manter viva a tradição italiana
na família. Mais do que isso. Ele
quer que as pessoas se sintam
como se estivessem em um pedacinho da Itália, só que no coração da Vila Madalena.
É com este mesmo conceito
que os primos Bosco e Masello,
de 32 e 28 anos, criaram a Ama-
rena, em Copacabana. Eles são a
primeira geração ítalo-brasileira
da família. Na década de 60, o
local era o endereço da mercearia
de seus pais.
— Com os supermercados
a mercearia foi perdendo valor. Pensamos numa maneira de
mudar de negócio. Fomos para
a Itália aprender com a nossa
família que já trabalhava com
sorvetes em Fuscaldo, na Calábria — explica Bosco que é administrador de empresas e morou seis meses em Roma quando
estudou na Universidade Italiana La Sapienza.
A empolgação estampada no
seu rosto ao falar sobre a sorveteria revela o orgulho de ter
correndo nas veias o sangue italiano. Tanto que os conterrâneos
chegam na Amarena e são atendidos no idioma de Dante para
que se sintam em casa.
Ambas as casas oferecem sabores exóticos e adaptados ao
gosto brasileiro. A Stuzzi, por
exemplo, oferece o sorvete de
maçã assada com canela, finali-
Bruno de Lima
U
Nayra Garofle
Volor se consequipit la conulpute dit wisit, vullan hendignisi.
Os primos Francesco Masello e Gianpietro Bosco na carioca Amarena. Ao lado, a paulista Stuzzi da família Scabin
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/
zado com um toque de mel e morango. São 16 sabores ao todo do
quais fazem parte pêra com água
de coco, amora e mirtilo, são opções sem lactose e com 0% de
gordura. Na Amarena, além dos
apetitosos sabores como tiramisu, prosecco e caipirinha, não
poderia deixar de ter o gelato
de amarena, um tipo de cereja
existente na Itália, que aliás é
o preferido do carioca. Um dos
mais curiosos é o viagro, inspirado na famosa pílula azul com
adição de ginseng. A “carta” é
composta por 32 sabores.
Diferente da cultura italiana, os brasileiros não costumam
encarar os sorvetes no inverno.
Porém, os empresários garantem
que esse conceito já está mudando, mas desenvolvem soluções
para atrair os clientes mesmo no
frio. Na Stuzzi, por exemplo, Scabin desenvolveu um setor de cafeteria, além de investir em sobremesas “menos geladas”. Na
Amarena, os primos asseguram
que apesar do movimento cair
até 40%, após o verão, as pessoas que frequentam a casa durante o calor costumam voltar no
inverno por terem a certeza que
o sorvete não é tão gelado.
— O gelato italiano é cremoso, consistente e, por conta dos
ingredientes, não é supergelado.
As pessoas percebem que podem
tomar e não sentirão frio — conta Bosco que pretende futuramente, “espalhar” pelas cidades
outras filiais.
ComunitàItaliana
67
capa
De volta
pra casa
Tornando a casa
Projeto de lei de autoria conjunta de vários
parlamentares, tenta trazer “talentos” de
volta para a Itália em busca de um novo
florescimento econômico e cultural
Disegno di legge firmato da
vari parlamentari cerca di
riportare “talenti” in Italia in
cerca di una nuova rinascita
economica e culturale
Janaína Cesar
Correspondente • Treviso
68
ComunitàItaliana
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Abril 2009
N
os últimos dez anos,
a Itália perdeu muitos
dos seus jovens. Não
se trata de guerra ou
epidemia. Essa “tropa” deixou
o país em busca de melhores
oportunidades profissionais.
Segundo dados da Aire (Anagrafe italiani all’estero, órgão
do ministério do Exterior), hoje vivem cerca de 3,7 milhões
de italianos fora da Itália. Desse total, 54% têm menos de
35 anos. Com eles, foram-se
talentos, profissionais de excelência nas respectivas áreas
de atuação que poderiam estar
contribuindo para o desenvolvimento cultural e econômico
da Itália.
Para tentar reverter esse êxodo moderno, parlamentares fizeram algo inédito: se
uniram para criar um projeto
de lei conjunto. No caso, essa
união foi entre os dois maiores
partidos de governo e oposição, respectivamente, Povo da
Liberdade e Partido Democrático, notórios rivais.
O resultado chama-se Controesodo, apresentado mês
passado no plenário da Câmara
dos Deputados.
Na prática, o que o projeto de lei propõe é a criação
de um sistema de descontos
fiscais para atrair de volta ao
país pesquisadores e professores ligados ao mundo acadêmico, profissionais autônomos
e artesãos. Eles podem optar
tanto por trabalhar sob contrato, quanto por iniciar um
projeto empresarial nos mais
diversos setores.
Os pré-requisitos estabelecidos pelo projeto de lei são
simples: ter menos de 40 anos
e ter morado e trabalhado no
exterior pelo menos por dois
anos. O texto prevê uma isenção fiscal trienal de 25 mil euros para quem optar por retornar para o norte ou para o centro do país. Quem preferir tomar o caminho do sul, terá direito a isenções de até 50 mil
euros em impostos a pagar.
— Controesodo parte do
princípio de que quem deixa
a própria terra leva consigo
o desejo de contribuir, como
protagonista, do crescimento
e desenvolvimento do próprio
país — explica o deputado Guglielmo Vaccaro (Pd), um dos
15 signatários do projeto.
N
egli ultimi dieci anni
l’Italia ha perso molti
dei suoi giovani. Non
si tratta di una guerra o di un’epidemia. Questa
“truppa” ha lasciato il paese
alla ricerca di migliori opportunità professionali. Secondo
dati dell’AIRE (Anagrafe Italiani all’Estero, organo del ministero degli Esteri) oggigiorno circa 3,7 milioni di italiani vivono fuori dall’Italia. Di
questi, il 54% ha meno di 35
anni. Con loro, se ne sono andati talenti, professionisti di
eccellenza nelle rispettive aree
d’azione che potevano invece
contribuire allo sviluppo culturale ed economico dell’Italia.
Per cercare di ribaltare questo esodo moderno, parlamentari hanno fatto qualcosa di
Abril 2009
/
inedito: si sono uniti per creare un disegno di legge bipartisan tra i due maggiori partiti
di governo e di opposizione, il
Popolo della Libertà e il Partito
Democratico, noti rivali.
Il risultato si chiama Controesodo, presentato il mese
scorso nell’aula del Parlamento.
In pratica, ciò che viene
proposto nel disegno di legge
è la creazione di un sistema di
sgravi fiscali per riportare in
Italia ricercatori e professori
legati al mondo accademico,
professionisti autonomi e artigiani. Questi possono scegliere
tanto di lavorare a contratto,
quando cominciare un progetto imprenditoriale nei più svariati settori.
I prerequisiti stabiliti dal
disegno di legge sono sem-
ComunitàItaliana
69
70
Claudio Cammarota
Controesodo é dividido em
quatro sub-projetos: “Proteção
fiscal para a reentrada de talentos”, único até agora apresentado à Câmera dos Deputados;
“Learn and Back”, um crédito de
imposto para quem investe em
formação qualificada no exterior
e depois volta para trabalhar
(uma versão nacional do já existente desconto fiscal para facilitar a volta dos jovens do sul
que emigraram ao norte da Itália); e um pacote de incentivos
fiscais para os italianos que desenvolverem ou financiarem uma
nova atividade no país. A ideia
central de Controesodo é transformar o vínculo social da emigração em uma oportunidade de
desenvolvimento.
— O projeto é fruto de uma
avaliação concreta, após perceber que muitas pessoas decidem partir em busca de melhores
oportunidades de trabalho ou para escapar de uma situação de degrado social. Os números não enganam: nos últimos cinco anos,
cerca 800 mil pessoas deixaram
o país. A maior parte delas é do
sul da Itália. Por isso pensamos
em dar um maior incentivo para
os que retornam para uma dessas
regiões — explica Vaccaro.
Segundo a Fundação Migrantes, ONG ligada à igreja católica, em uma pesquisa realizada
em 2008, para cada 5 italianos
com menos de 35 anos que vivem
no exterior, 2 têm entre 18 e 24
anos – o que representa 860 mil
– e cerca de 547 mil têm de 24
a 34 anos.
Uma outra pesquisa, realizada pela Manpower, empresa norte-americana líder mundial em
recrutamento, detectou que a
Itália é o primeiro país da Europa em porcentagem onde quem
oferece emprego se mostra preocupado com o empobrecimento do capital humano. O estudo
indicou que o problema é uma
consequência da fuga em direção
ao exterior de tantos italianos. A
pesquisa detectou ainda que esse “fenômeno” é causado principalmente pela emigração de jovens universitários dispostos a
viajar quilômetros de distância
em busca de melhores oportunidades profissionais.
Foi com base nesses dados
que o projeto estabeleceu o limite de idade de 40 anos para quem
quiser aderir ao “chamado de re-
Claudio Cammarota
capa
No alto, Gugliemo Vaccaro e Laura Garavini, dois co-autores de Controesodo.
O deputado Antonio Borghesi (abaixo) vê “discrepâncias” no projeto
In alto, Guglielmo Vaccaro e Laura Garavini, due coautori di Controesodo. Il
deputato Antonio Borghesi (sotto) vede “discrepanze” nel disegno di legge
torno”. Na opinião do deputado
Stefano Saglia (Pdl), um dos coautores do projeto de lei, as estatísticas mostraram que quem
emigra exerce as mais diferentes
profissões. Por isso, explica, a
proposta apresentada “é aberta a
todos os talentos”, ou seja, “foi
pensada para quem trabalha com
restauro, comércio, saúde, para
os pequenos e médios artesãos,
empresários e autônomos”.
Crise econômica
Dados da última pesquisa realizada pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) e pelo
Instituto de Pesquisa Econômica
e Social (Ires) estimam um aumento da desocupação em 2009
em 9,3%. Para 2010, o índice
chegará a 10%. Isso significa um
milhão de desocupados a mais
em relação ao dias de hoje.
Porém, segundo a deputada
Laura Garavini (Pd), co-autora
do projeto, a crise deve ser vista
com uma “oportunidade de des-
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
plici: avere meno di 40 anni e
aver abitato e lavorato all’estero
perlomeno per due anni. Il testo
prevede sconti fiscali triennali di
25 mila euro per chi sceglie di
ritornare al nord o al centro del
paese. Chi preferisce prendere la
strada del sud, avrà diritto a vantaggi fiscali di perfino 50 mila
euro sulle imposte da pagare.
— Controesodo parte dal
principio secondo il quale chi
lascia la propria terra porta con
sé il desiderio di contribuire,
come protagonista, alla crescita
e allo sviluppo del proprio paese
— spiega il deputato Guglielmo
Vaccaro (PD), uno dei 15 firmatari del disegno di legge.
Controesodo è diviso in quattro progetti di legge: “Scudo
fiscale per il rientro di talenti”,
unico finora ad essere presentato
alla Camera dei Deputati; “Learn
and Back”, un credito di imposta per chi investe in formazione
qualificata all’estero e dopo ritorna per lavorare (una versione
nazionale del già esistente sgravo fiscale per facilitare il rientro
dei giovani meridionali emigrati
verso il nord d’Italia); e un pacchetto di benefici fiscali per gli
italiani che realizzeranno o finanzieranno una nuova attività
nel paese. L’idea centrale di Controesodo è quella di trasformare
il vincolo sociale dell’emigrazione
in un’opportunità di sviluppo.
— Il progetto è frutto di
una valutazione concreta, dopo
aver capito che molti decidono
di partire in cerca di migliori op-
portunità di lavoro o per fuggire da una situazione di degrado
sociale. I numeri non ingannano:
negli ultimi cinque anni circa
800mila persone hanno lasciato
l’Italia. La maggior parte è del
sud. Per questo abbiamo pensato
di dare maggiori benefici a coloro che ritornano in una di queste
regioni — spiega Vaccaro.
Secondo la Fondazione Migranti, ONG legata alla chiesa cattolica, in un sondaggio realizzato nel
2008 su 5 italiani con meno di 35
anni che vivono all’estero 2 hanno
tra 18 e 24 anni – il che rappresenta 860mila persone – e circa
547mila hanno tra 24 e 34 anni.
Un’altra ricerca realizzata
dalla Manpower, impresa nordamericana leader mondiale di risorse umane, ha individuato che
l’Italia è, in percentuale, il primo
paese in Europa tra quelli che
quando offrono impiego lo fanno
preoccupati con l’impoverimento
del capitale umano. Lo studio ha
indicato che il problema è una
conseguenza della fuga verso
l’estero di tanti italiani. La ricerca ha inoltre scoperto che questo
“fenomeno” è causato specialmente dall’emigrazione di giovani universitari disposti a viaggiare chilometri in cerca di migliori
opportunità professionali.
Proprio sulla base di questi
dati il progetto ha stabilito il
limite di età di 40 anni per chi
vuole aderire alla “chiamata di
ritorno”. Secondo il deputato Stefano Saglia (Pdl), uno dei coautori del disegno di legge, le statistiche hanno dimostrato che gli
emigranti rappresentano una vasta gamma di professioni. Perciò,
spiega, la proposta presentata “è
aperta a tutti i talenti”, ossia “è
stata pensata per chi lavora con
restauro, commercio, sanità, per
i piccoli e medi artigiani, imprenditori e liberi professionisti”.
Crisi economica
Dati dell’ultimo sondaggio realizzato dalla Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL) e
dall’Istituto di Ricerca Economica
e Sociale (Ires) stimano un aumento della disoccupazione nel
2009 del 9,3%. Nel 2010 l’indice
arriverà al 10%. Questo significa
un milione di disoccupati in più
in confronto ai giorni d’oggi.
Però secondo la deputata
Laura Garavini (PD), coautrice
del progetto, la crisi dev’essere
coberta”. Vaccaro concorda com
a colega. Na sua opinião, o retorno de italianos ajudará a movimentar a economia.
— Nos três primeiros anos,
quem voltar terá isenção fiscal.
Porém, essas pessoas comprarão
e produzirão, sendo que, após
três anos, começarão a pagar os
impostos normalmente. Podemos
dizer que se trata de um investimento da parte do governo —
afirma Vaccaro.
Na opinião do sociológo Domenico De Masi, o projeto de
lei é “interessante” porque procura dar um incentivo não só
aos docentes ou pesquisadores,
“mas ao mundo do trabalho como um todo”:
— Qualquer trabalhador que
retorne é sempre uma riqueza para o país. Uma das causas
da crise que estamos vivendo hoje é a fuga em massa de jovens
que vão atrás de oportunidades
que aqui na Itália não encontram. O possível retorno desses
italianos com certeza ajudará a
evitar outras crises futuras.
Turista do welfare
Apesar de ser um projeto de lei
que uniu os dois principais partidos da Itália, há quem seja contrário à iniciativa. Para Antonio
Borghesi, vice-líder dos deputados do partido Itália de Valor
(Idv), e não signatário de Controesodo, existem “algumas discrepâncias” no projeto de lei.
— O texto fala do retorno de
talentos. Uma coisa é incentivar
o retorno de cientistas e pesquisadores que, estes sim, podem dar uma contribuição para
o país. Outra coisa é incentivar
o retorno de operários, padeiros
e artesãos. Para o Idv parece ser
uma coisa absurda, ainda mais
em uma época de recessão e crise pela qual estamos passando.
Precisamos entender, primeiro,
se o país tem realmente necessidade de trazer gente de fora.
Já enfrentamos uma enorme dificuldade com a questão dos extra-comunitários. É claro que se
me perguntarem se prefiro que na
Itália entrem outros extra-comunitários ou retornem italianos,
vou escolher a segunda opção.
Porém, também duvido muito
que os italianos que moram no
exterior retornem para ocupar
postos de trabalho que hoje são
ocupados pelos extra-comunitários, trabalho braçal, na maioria
— afirma Borghesi.
Na opinião do sociólogo Khalid Rhazzali, da Universidade de
Pádua, essa idéia de retorno dos
italianos no exterior “não é uma
coisa nova”. Ele lembra que algumas tentativas já foram feitas,
voltadas para quem trabalha no
mundo acadêmico. Para o sociólogo, o projeto é “superficial”:
vista come una “opportunità di
scoperta”. Vaccaro è d’accordo
con la collega. Secondo lui il
ritorno degli italiani aiuterà la
ripresa dell’economia.
— Nei primi tre anni chi tornerà riceverà sgravi fiscali. Ma
queste persone compreranno e
produrranno, e dopo tre anni cominceranno a pagare normalmente le imposte. Possiamo dire che si
tratta di un investimento da parte
del governo — afferma Vaccaro.
Un discorso simile lo fa anche il deputato Aldo Di Biagio
(Pdl), anche lui coautore. Secondo lui il rientro dei talenti in
Italia non dev’essere considerato
come un onore per lo Stato, ma
come un valore acquisito. E lui
è sicuro che aiutare il rientro di
un italiano che oggi lavora, per
esempio, negli Stati Uniti nei
settori di ricerca o biotecnologia
rappresenterà una “evoluzione
sociale e culturale” per il paese.
Questo rientro, osserva, entrerà
in futuro “nella crescita del PIL
e incrementa il capitale sociale”.
Turista del welfare
Malgrado sia un disegno di legge bipartisan, c’è chi è contrario
all’iniziativa. Secondo Antonio
Borghesi, vice leader dei deputati del partito Italia dei Valori
(Idv), e non firmatario di Controesodo, ci sono “delle discrepanze” nel disegno di legge.
— Il testo parla del rientro di
talenti. Una cosa è incentivare il ri-
Abril 2009
/
torno di scienziati e ricercatori che,
questi sì, possono dare un contributo al paese. Diverso è incentivare il ritorno di operai, panettieri e
artigiani. A noi dell’Idv sembra sia
un assurdo, ancor più in un’epoca
di recessione e crisi per la quale
stiamo passando. Dobbiamo prima
capire se il paese è veramente in
condizioni di far rientrare gente da
fuori. Affrontiamo già enormi difficoltà con la questione degli extracomunitari. È chiaro che se mi
domandassero se preferisco che in
Italia entrino altri extracomunitari
o ritornino italiani, sceglierei la
seconda alternativa. Ma nutro seri
dubbi che gli italiani che abitano
all’estero ritornino per occupare
posti di lavoro che oggi sono occupati dagli extracomunitari, nella
maggior parte braccianti — afferma Borghesi.
Secondo il sociologo Khalid Rhazzali, dell’Università di
Padova, questa idea del rientro
degli italiani dall’estero “non è
una novità”. E ricorda che qualche tentativo è già stato fatto,
rivolto a chi lavora nel mondo
accademico. Per il sociologo il
disegno è “superficiale”:
— Credo che questa legge
sarà usata specialmente dagli
italiani che si trovano in un paese della comunità europea. Ma si
può aprire una breccia per la creazione di una nuova categoria: il
turista del welfare. Questo perché
un italiano può ritornare, rimanere i tre anni, usufruire dei bene-
ComunitàItaliana
71
capa
de que dispõem fora do país —
afirma Porta.
Nessa “arrumação da casa”,
o trabalho iria mais além do que
uma simples tirada de pó dos cômodos ou uma pinturinha. Há
quem perceba a necessidade de
obras na própria fundação do
“prédio”. Signatário do projeto
de lei, o deputado Stefano Saglia
(Pdl) chama a atenção para o fato de que “a questão do mérito
realmente é um problema”:
— Todos sabemos que o mundo acadêmico, da pesquisa, funciona na base do ‘quem indica’. O
mesmo vale para o mundo político
e praticamente todos os setores.
Os jovens sabem que para conseguir um emprego ou uma bolsa de
estudos por mérito devem recorrer
às estruturas privadas porque ali
o que vale é a lei do capitalismo,
ou seja, entra quem é bom. Muitos deixaram o país porque eram
conscientes desse câncer que entrou nas estruturas públicas e que
é muito difícil destruir.
Uma das co-autoras do projeto de lei, a deputada Alessia
Mosca (Pd) concorda com o colega Saglia de que muitos dos
problemas enfrentados pela Itália decorrem da dificuldade de se
conseguir “qualquer coisa no país sem ter um parente importante”. Na sua opinião, o Controesodo é também uma tentativa de se
resolver esse problema.
— Quem retornar poderá começar uma atividade e as chances de dar um posto de trabalho para quem realmente merece
fici della legge e dopo lasciare di
nuovo il paese. Questo disegno di
legge è superficiale perché non
dà una risposta effettiva ai problemi dell’emigrazione. Invece di
lavorare per riportare qui chi è
fuori, sarebbe meglio creare politiche per prevenire nuove partenze — dice Rhazzali.
L’idea che sia necessario prima mettere a posto la propria
casa per poi invitare “parenti”
perché vi si installino è presente
nella critica che vari parlamentari
fanno al disegno di legge. Secondo il deputato Fabio Porta (PD),
rappresentante degli italiani residenti all’estero per la circoscrizione America Latina, “l’intenzione” dell’iniziativa è “buona”. Ma
osserva che “il disegno non è così
semplice quanto sembri”:
— Ad esempio prendiamo i
grandi studiosi che oggi si trovano fuori dall’Italia. Prima di invitarli a rientrare, bisogna offrigli
tutta una struttura nelle università. L’Italia deve migliorare
molto i suoi centri studi e le sue
università affinché queste persone possano ritornare e trovare la
stessa struttura di cui dispongono all’estero — afferma Porta.
In questo “mettere a posto
la casa” il lavoro andrebbe ben
oltre ad una semplice spolverata delle stanze o una rinfrescata
alle pareti. C’è chi percepisce il
bisogno di lavori nelle proprie
fondamenta del “palazzo”. Firmatario del disegno di legge, il
deputato Stefano Saglia (Pdl) richiama l’attenzione al fatto che
“la questione del merito è veramente un problema”:
— Sappiamo tutti che il
mondo accademico, della ricer-
ca, funziona sulla base del “chi
raccomanda”. Lo stesso vale per
il mondo politico e praticamente
per tutti i settori. I giovani sanno che per ottenere un impiego
o una borsa di studi per merito
devono ricorrere alle strutture
private perché lì ciò che vale è la
legge del capitalismo, ossia, entra
chi è bravo. Molti hanno lasciato
il paese perché erano consapevoli di questo cancro che è entrato
nelle strutture pubbliche e che è
molto difficile da distruggere.
Una delle coautrici del disegno di legge, la deputata Alessia
Mosca (PD) è d’accordo con il
collega Saglia sul fatto che molti
dei problemi affrontati dall’Italia
vengono dalla difficoltà di ottenere “qualsiasi cosa in Italia
senza avere un parente importante”. Secondo lei il Controesodo è
anche un tentativo di risolvere
questo problema.
— Chi torna potrà cominciare un’attività e le possibilità
di dare un posto di lavoro a chi
veramente lo merita sono grandi.
Chi vive all’estero ritorna con un
bagaglio culturale enorme, conoscendo altre lingue e altri sistemi di lavoro.
Comunicazione
Per attingere il pubblico giovane,
i deputati si sono preoccupati di
raggiungere la meta della comunicazione. Quasi tutto viene fatto
attraverso il sito internet www.
controesodo.it. E stanno anche
usando strumenti come Facebook
e i blog degli stessi parlamentari,
oltre alle trasmissioni di incontri
tra TV web, come quella del quotidiano Corriere della Sera, che
ha trasmesso dal vivo una pre-
Comunicação
Para chegar ao público jovem, os
deputados se preocuparam em
acertar o alvo da comunicação.
Quase tudo é feito pela internet
através do site www.controesodo.it. Eles também lançaram mão
de ferramentas como Facebook e
os blogs dos próprios parlamentares, além de transmissões de
encontros em web tvs, como a
do jornal Corriere della Sera, que
transmitiu ao vivo uma apresentação pública do projeto, feita
em Milão, dia 23 de março.
— Escolhemos o uso da rede porque acreditamos seja muito
eficaz. Usando da maneira correta, conseguimos atingir um público grande. Por exemplo, no dia da
transmissão pela web tv do corriere, recebemos mais de 600 e-mails.
Muitos nos parabenizam pela ação,
mas muitos também foram duros
na crítica — conta Saglia.
Um exemplo dessa crítica
foi enviada para o site de Alessia Mosca por uma pessoa que se
identificou apenas como Antonio. Ele diz que esta é “só mais
uma lei demagógica”. Antonio
diz fazer parte de uma empresa
que está trocando a Itália pelo
Brasil e que “daqui a alguns anos
provavelmente” poderá ser beneficiado pela lei. Na sua opinião,
os parlamentares deveriam “prevenir a fuga” das pessoas do país
e “procurar sanar o mal” que deixa a Itália, atualmente, “em estado terminal.”
O internauta Filippo Addari
é outro que não segurou a língua, ou melhor, o dedo porque
também participou de um fórum
sobre o assunto (www.cervelliinfuga.com). Ele diz que o projeto
de lei é um “típico erro italiano”.
ComunitàItaliana
/
Abril 2009
Próxima etapa
Agora que lançaram o projeto de
lei, os parlamentares preparam a
realização de um tour. Eles pretendem viajar pela Itália e também pelas principais capitais européias para divulgar a iniciativa e debatê-la com profissionais,
associações de categoria e estudantes. O Brasil, por enquanto,
não está incluído no roteiro. Sorrindo, o deputado Stefano Saglia
diz que acha “difícil” que um italiano que more no Brasil, retorne.
Segundo ele “não dá para concorrer com um lugar onde tem sol
e mar o ano inteiro”.
Prossima tappa
Adesso che hanno inoltrato il disegno di legge i parlamentari preparano la realizzazione di un tour.
Vogliono viaggiare per l’Italia e
anche per le principali capitali
europee per divulgare l’iniziativa
e dibatterla con professionisti,
associazioni di categoria e studenti. Il Brasile, per ora, non è incluso nell’itinerario. Sorridendo, il
deputato Stefano Saglia dice che
crede sia “difficile” che un italiano che abita in Brasile ritorni. Secondo lui “non si può fare concorrenza ad un posto dove ci sono
sole e mare tutto l’anno”.
Stefano Saglia, Alessia Mosca e Aldo di Biagio (abaixo):
projeto de lei como antídoto para o “pistolão”
Stefano Saglia, Alessia Mosca e Aldo di Biagio (sotto):
disegno di legge come antidoto alle “raccomandazioni”
Colaborou Nayra Garofle
sentazione pubblica del progetto, fatta a Milano il 23 marzo.
— Abbiamo scelto l’uso della
rete perché crediamo sia molto
efficace. Usandola nel modo giusto siamo riusciti a raggiungere
un grande pubblico. Per esempio, il giorno della trasmissione
via TV web del Corriere, abbiamo
ricevuto più di 600 e-mail. Molti
ci fanno i complimenti per l’azio-
Ha collaborato Nayra Garofle
Autores do projeto de lei
Autori del disegno di legge
ssinada inicialmente pelos deputados Enrico Letta (Pd) e
Stefano Saglia (Pdl), presidente da Comissão de Trabalho da
Câmera, o projeto de lei logo ganhou as adesões e respectivas assinaturas dos parlamentares Maurizio Lupi (Pdl), vice-presidente
da Câmera, Laura Garavini (Pd), Aldo Di Biagio (Pdl), Maurizio Del
Tenno (Pdl), Francesco Saverio Garofani (Pd), Beatrice Lorenzin
(Pdl), Federica Mogherini (Pd), Barbara Mannucci (Pdl), Alessia
Mosca (Pd), Barbara Saltamartini (Pdl), Alessandra Siragusa (Pd),
Salvatore Vassallo (Pd) e Guglielmo Vaccaro (Pd).
irmata agli inizi dai deputati Enrico Letta (PD) e Stefano Saglia (Pdl), presidente della Commissione del Lavoro della Camera, il disegno di legge ha subito ricevuto le adesioni e rispettive firme dei parlamentari Maurizio Lupi (Pdl), vice-presidente da
Câmera, Laura Garavini (PD), Aldo Di Biagio (Pdl), Maurizio Del
Tenno (Pdl), Francesco Saverio Garofani (PD), Beatrice Lorenzin
(Pdl), Federica Mogherini (PD), Barbara Mannucci (Pdl), Alessia
Mosca (PD), Barbara Saltamartini (Pdl), Alessandra Siragusa (PD),
Salvatore Vassallo (PD) e Guglielmo Vaccaro (PD).
A
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Segundo Addari, “acredita-se que
se possa resolver um problema
social com uma lei ou incentivo,
quando o que tem que ser mudada é a cultura do país”. Ele aproveita para anunciar que não tem
“a menor intenção” de voltar para a Itália, mas não informa onde
vive atualmente.
ne ma molti ci hanno mosso dure
critiche — racconta Saglia.
Un esempio di queste critiche
è stato inviato al sito di Alessia
Mosca da una persona che si è
identificata solo come Antonio.
Lui ha detto che questa è “solo
un’altra legge demagogica”. Antonio dice che lavora in un’impresa che si sta spostando dall’Italia
in Brasile e che “probabilmente
fra qualche anno” potrà ricevere i
benefici della legge. Secondo lui
i parlamentari dovrebbero “prevenire la fuga” delle persone dal
paese e “cercare di curare il male”
che lascia l’Italia, in questo momento, “in stato terminale”.
L’internauta Filippo Addari è
un altro che non ha frenato la lingua, o meglio, il dito perché ha
anche partecipato ad un forum sul
tema (www.cervelliinfuga.com). E
dice che il disegno di legge è un
“tipico errore italiano”. Secondo
Addari “si crede che si possa rivolvere un problema sociale con una
legge o beneficio, quando quello
che si deve cambiare è la cultura
del paese”. E approfitta per annunciare che non ha “la minima intenzione” di tornare in Italia, ma non
dice dove vive attualmente.
é grande. Quem vive fora volta
com uma bagagem cultural enorme, conhecendo outras línguas e
outros sistemas de trabalho.
Fotos: Claudio Cammarota
— Acho que essa lei será usada, principalmente, por
italianos que encontram-se em
um país da comunidade européia. Porém, pode-se abrir uma
brecha para a criação de uma
nova categoria: o turista do
welfare. Isso porque um italiano pode voltar para cá, permanecer os três anos, usufruir dos
benefícios da lei e depois deixar o país novamente. Esse projeto de lei é superficial porque
não dá uma resposta efetiva
ao problema da emigração. Ao invés
de trabalhar para trazer quem está
fora, seria melhor criar políticas
para prevenir novas partidas —
diz Rhazzali.
A ideia de que é preciso, primeiro arrumar a casa, para depois convidar “parentes” para se
instalar no lugar está presente
na crítica que vários parlamentares fazem ao projeto de lei. Para o deputado Fabio Porta (PD),
representante dos italianos residentes no exterior, na circunscrição América Latina, “a intenção”
da iniciativa é “boa”. Ele observa, porém, que “o projeto não é
tão simples quanto parece ser”:
— Pego como exemplo os
grandes estudiosos que se encontram, hoje, fora da Itália.
Antes de convidá-los para retornar, é preciso poder oferecer
toda uma estrutura nas universidades. A Itália precisa melhorar muito seus centros de estudos e suas universidades para
que essas pessoas possam voltar
e encontrar a mesma estrutura
F
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