Ajuda italiana no coração da Rocinha
Transcript
Ajuda italiana no coração da Rocinha
A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R A www.comunitaitaliana.com.br Diretor - Presidente: Pietro Domenico Petraglia Ano 10 Nº82 Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2004 Diretor: Julio Vanni Intervista: Bellelli, nuovo console generale a Rio As referências italianas da estilista Alessa Migani ISSN 1676-3220 R$ 4,50 Turismo: A magia das ilhas Eolie Ajuda italiana no coração da Rocinha COSE NOSTRE Julio Vanni NOVO EMBAIXADOR SE ENCONTRA COM COMITES DO RIO FUNDADO EM MARÇO DE 1994 DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) DIRETOR: Julio Cezar Vanni VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO: Editora Comunità Ltda. TIRAGEM: 30.000 exemplares ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM: 22/11/2004 às 17:30h DISTRIBUIÇÃO: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais, Amazonas, São Paulo REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Rua Marquês de Caxias, 31 Centro – Niterói – RJ – Brasil CEP: 24030-000 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1461 E-MAIL: [email protected] REDAÇÃO: Andressa Camargo, e Gisele Maia REVISÃO / TRADUÇÃO Davi Raposo, Cristiana Cocco PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alberto Carvalho FOTO DE CAPA: Ernane D. A. COLABORADORES: Franco Vicenzotti – Braz Maiolino – Lan – Giuseppe D’Angelo (in memoriam) – Pietro Polizzo – Giovanni Crisafulli – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi – Luca Martucci – Domenico De Masi – Nanci Bernardi Minuscoli – Vittorio Medioli – Franco Urani – Francesco Alberoni – Rafaella de Antonellis – Giovanni Meo Zilio Guido Sonino - Fernanda Maranesi CORRESPONDENTES: Ana Paula Torres (Roma) Guilherme Aquino (Milão) Comunità Italiana está aberto às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista. La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220 Filiato all’Associazione Stampa Italiana in Brasile 2 R M ariana, histórica cidade de Minas Gerais, recebeu a visita de Andréa Tagliasacchi, presidente da Província de Lucca. Representando sua cidade e o governo da Toscana, ele inaugurou o Projeto Vida Nova, que beneficia meninas e adolescentes em situação de risco, visando o desenvolvimento educacional, cultural e religioso. Compareceram o ex-embaixador da Itália, Vicenzo Petrone; o cônsul geral da Itália em Minas Gerais, Gabriel Annis, o arcebispo de Mariana, D. Pedro Mendes de Almeida, o presidente da Associação Teresiana Missionária, Alfredo Bandos e o professor Italo Bertoletti, presidente da Casa d’Itália de Barbacena. Boas Mudanças umo ao seu 11 ano, Comunità Italiana chega aos leitores renovada. A partir desta edição, teremos mudanças no conteúdo, mais variado e rico, na apresentação e no acabamento gráfico. Essa iniciativa dá mais dinamismo à publicação, tornando-a mais agradável para você, que terá acesso ao mundo italiano através de reportagens produzidas por correspondentes ou pela equipe de jornalismo local, empenhada em noticiar os fatos mais importantes da comunidade, estampados em novo visual de revista. Depois de 10 anos de jornalismo, Comunità tornou-se um veículo de relevância para o relacionamento bilateral entre Brasil e Itália, para isso nos impomos metas que se refletem a cada edição. Esperamos sensibilizar os setores público e privado para a importância de patrocinar iniciativas que tenham os ítalo-brasileiros como público alvo, mostrando o potencial deste network. O mês de novembro também trouxe mudanças na Farnesina. O Ministério das Relações Exteriores tem agora em seu comando o líder de direita, Gianfranco Fini (Aleanza Nazionale), que entrou no lugar de Frattini, designado ao Europarlamento. Fini nasceu em Bologna, em 3 de janeiro de 1952, e se formou em Psicologia. Atuou como jornalista a partir de 1979. Desde 1977 liderou movimentos políticos e se elegeu deputado pela primeira vez em 1983, ocupando importantes cargos em sua carreira. Foi eleito presidente de AN em 1995; representante do governo na Convenção Européia em 2002; e, até a nomeação atual, ocupava o cargo de vice-presidente do Conselho dos Ministros. No Brasil, nosso novo embaixador, que assumiu no último dia 16, é Valensise, dinâmico diplomata que entra no lugar de Petrone, agora responsável pelo Sistema Itália, visando a expansão do made in Italy. Nascido em Polistena, na Calábria, Valensise, de 52 anos, já havia ocupado o cargo de 2o secretário da Embaixada em Brasília. Ele deixa o cargo de chefe do Serviço Pietro Petraglia de Imprensa da Farnesina para o ministro plenipotenciário Pasquale TerraEditor ciano, que foi cônsul no Rio. E por falar em nosso estado, tivemos a recente chegada do cônsul geral Massimo Bellelli, que concedeu entrevista publicada nas páginas 4 e 5, onde demonstra se empenhar em importantes projetos para a comunidade, destacando as áreas social e cultural. Nesta edição, nossa reportagem sobe o morro e mostra o trabalho de uma italiana na maior favela da América Latina. A repórter Gisele Maia, acompanhada do repórter-fotográfico Ernani Assumpção, entraram nos becos da Rocinha e, da laje da creche Saci Sabe Tudo, nos trouxeram esta matéria exclusiva. Se no alto a presença italiana se faz notar, foi num espaço de mais de 45 mil metros quadrados, no bairro do Andaraí, que Andressa Camargo concluiu sua matéria “Ong italiana promove educação no Brasil”. No Comunità deste mês também tem glamour, ou melhor, tem a arte que está no perfil italiano de uma das maiores designers da moda na atualidade: Alessa Migani. Você poderá conferir também como os italianos, um dos povos que mais emigrou até os anos 70, estão reagindo ao problema da imigração de novas etnias, através de texto assinado pelo correspondente em Milão, Guilherme Aquino. o D iante dos recentes (ou, por que não, freqüentes) fatos que ligam deputados a esquemas de extorsão, por aqui como pela bota – “Indagine sui lavori pubblici: 52 arresti Coinvolti anche tre deputati, il presidente della giunta e del consiglio regionale. Accuse: scambi elettorali con clan mafiosi”, Corriere della Sera (22/11/04) – vale a pena colocar a questão: como agir diante da corrupção? O cronista de Mosaico, Francesco Alberoni, nos responde da seguinte forma: “Quando temos um objetivo, devemos ser tenazes, pacientes, adaptáveis, comprometidos. Mas existe sempre um limite, pois se nos comportamos em total contraste com os nossos fins, perdemos a dignidade e o senso da vida”. A resposta precisa de Alberoni nos remete a Garibaldi. Republicano que tornou possível o Reino da Itália, foi humilhado pelo seu governo e mesmo assim continuou a combater e a vencer pela sua pátria. Amado em todo o mundo, não suportava as intrigas e hipocrisias dos medíocres que dominavam a nação que ele ajudou a criar. Assim retirou-se daquele cenário, exilando-se na ilha de Caprera, para não trair seus sonhos, e hoje é reverenciado com seu busto em milhares de praças públicas. Como Garibaldi, não são poucos os casos de exílio de pessoas que mantiveram coerência com seus ideais. Essa atitude não devemos esperar do próximo, mas praticá-la para o bem de nossa comunidade (ou, por que não, de nossas vidas). EDITORIAL Entretenimento com cultura e informação COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 GOVERNADOR DE LUCCA EM MARIANA LUCCHESI VÃO COMEMORAR 20 ANOS A Assumindo o cargo de embaixador no Brasil no dia 16 de novembro, Michele Valensise, após três dias, se reuniu com o Comitê dos Italianos no Exterior do Rio de Janeiro. Na pauta, discutiu-se além de Assistência e Cultura, a reestruturação do prédio da Casa d’Italia e a instalação de uma filial do Istituto Italiano per il Commercio Estero para o Rio. No centro da foto, o cônsul geral Massimo Bellelli, o presidente do Comites, Franco Perrotta, e o embaixador Valensise. Associazione Lucchesi nel Mondo do Rio de Janeiro vai festejar, no dia 4 de dezembro, seus vinte anos de existência. Fundada por Renato Sbragia e outros vinte lucchesi residentes no estado, a entidade conta com mais de cem famílias de luqueses e toscanos que anualmente se reúnem nessa data a fim de se confraternizarem e evocarem suas tradições. SOCIEDADE ITALIANA PERDE JOSÉ MARIO SANTORO Com a morte do presidente, Antônio Aldo Chianello assume a administração da SIBMS F oi enterrado no dia 9 de novembro, às 11 da manhã, no Cemitério São João Batista do Rio de Janeiro, José Mario Santoro, então presidente da Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro (SIBMS). O administrador de empresas morreu aos 75 anos, em sua casa, vítima de uma parada cardíaca. José Mario Santoro chegou à administração da SIBMS em 1995, como vice-presidente. Dois anos depois, devido à ausência de Giambattista Di Giuseppe, por motivo de doença, Santoro assumiu a cadeira da presidência e decidiu concorrer às eleições de 1998. Nessa ocasião, conseguiu o maior número de votos, mas não pôde assumir o cargo imediatamente. “Como a diferença foi muito pequena, a chapa da oposição levou o caso para a justiça e embargou a posse dos vencedores”, explica Sandra La Torre, assistente da direção da SIBMS há cinco anos. “Enquanto isso, Santoro se manteve como vice em exercício, respondendo pela presidência. Somente em 2001, o juiz lhe concedeu ganho de causa”, conclui ela. José Mario Santoro se tornou presidente da SIBMS em março desse mesmo ano. Entre suas conquistas, está a abertura, em junho de 2003, de um grande centro filantrópico - localizado no Grajaú -, que presta serviços médicos de pediatria, ginecologia e clínica geral às comunidades do Morro do Encontro, Morro de São João, Divinéia e Morro do Andaraí. O lugar de Santoro na administração será preenchido pelo oftalmologista Antônio Aldo Chianello, seu vice desde março de 2004, quando Santoro foi reeleito: “Vou permanecer no cargo até o final do mandato, em 2007, como prevê Estatuto da SIBMS”, anuncia Chianello. O novo presidente afirma que dará continuidade aos projetos do amigo Santoro, que incluíam a implementação de uma UTI intermediária e de um centro de oncologia clínica no Hospital Italiano. “Ainda não me familiarizei perfeitamente com a papelada, as contas, os problemas”, fala. “Mas a equipe médica vem me ajudando bastante e, juntos, vamos conseguir manter a credibilidade do Hospital”, completa ele. No dia 22 deste mês de novembro, Chianello concorre ainda à presidência da Associação Cultural Ítalo-Brasileira (ACIB). Se a sua chapa, que não possui concorrentes, for aprovada pelos votantes, o médico se dividirá entre os dois compromissos: “nada impede que eu divida o meu tempo entre esses dois trabalhos”, justifica Chianello, que diz estar dormindo duas horas por noite nos últimos dias. (Andressa Camargo) NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA PRESENÇA ITALIANA NA ALERJ A droaldo Peixoto Garani, ítalo-brasileiro com origens em Savigno (província de Bologna), assume segundo mandato como deputado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio. Depois de retornar de viagem onde reencontrou suas raízes e estudou a língua e a cultura italiana por dois meses, Garani diz que vai legislar também para a Comunidade Italiana. MENOS IMPOSTOS PARA ITALIANOS E BRASILEIROS B rasil e Itália caminham juntas, ao menos quando o assunto é desonerar os bolsos dos cidadãos. Reduções nas alíquotas de impostos de renda de pessoas físicas a partir de janeiro é apenas uma das promessas de Berlusconi, que pretende, com esta medida, aumentar sua popularidade e ter a certeza de que chegará ao fim de seu mandato com chances de ser reeleito. “Acredito que para ter a credibilidade dos italianos, precisamos de um Estado que custe menos. Queremos aumentar o PIB em meio por cento ao ano, se os italianos nos apoiarem, até 2008”, afirmou Berlusconi em recente entrevista. No Brasil, além do Imposto de Renda, o governo aprova medida que reduz impostos – que chegam a 45,4% no caso de eletrodomésticos – cobrados em bens duráveis e não-duráveis. Assim, o governo Lula dá maior poder de compra à população e busca aquecer a economia. (P. P.) 3 Atualidade Atualidade I quattro pilastri del nuovo console generale di Rio “Gli aiuti del Governo italiano qui sono superiori in relazione al Consolato di San Paolo” Pietro Petraglia I l nuovo console generale d’Italia a Rio de Janeiro, Ernesto Massimino Bellelli, ha ricevuto l’equipe di Comunità nel suo gabinetto, al settimo piano della Casa d’Italia, il 2 novembre, lo stesso giorno in cui i capi di stato delle Americhe si sono riuniti per discutere lo sviluppo economico e sociale, in un processo di cooperazione dei Paesi membri del Gruppo di Rio. Privilegiato dalla bella vista dell’Aterro e di tutto l’insieme naturale che lo circonda, la prima reazione di Bellelli, quando ha visto passare un elicottero dell’esercito, è stata quella di andare alla finestra e, entusiasmato, dire: “Che cosa fantastica!”. Si riferiva all’organizzazione dell’evento, reso ancor più armonioso dalla bella giornata piena di sole. Nato a Zagabria, in Iugoslavia, con i suoi 49 anni Bellelli dimostra dinamismo e disposizione nell’intento di rinvigorire la presenza culturale italiana nella sua circoscrizione – a cui appartengono anche gli stati di Bahia e Espírito Santo. La sua ultima missione diplomatica l’ha svolta in Índia, dove era responsabile per il dipartimento politico dell’Ambasciata. Bellelli ha già avuto l’incarico di console aggiunto presso il Consolato di San Paolo, tra il 1989 e il 1991, e ora mette in risalto l’evoluzione del Paese, le differenze tra le comunità di San Paolo e di Rio, e parla delle priorità della sua gestione. In seguito, leggete l’intervista in cui il diplomatico, che si definisce ammiratore del carnevale, mette anche in risalto l’omaggio all’Italia nella prossima sfilata della Mocidade Independente de Padre Miguel. 4 Comunità Italiana – Com’è stata l’esperienza a Nova Dehli e quali sono le nuove sfide? Ernesto Massimino Bellelli – A Nuova Dehli ero il responsabile del dipartimento politico dell’Ambasciata. Mi occupavo delle relazioni politiche tra Italia e Índia, che sono molto importanti anche perché nelle recenti elezioni un’italiana è arrivata alla presidenza (Sonia Ghandi, che ha rinunciato subito dopo essere stata eletta, il 15 maggio di quest’anno). Il lavoro nel mio settore era diverso da quello attuale, anche se mi occupavo della collettività italiana, che da quelle parti è piccola. Qui la mia funzione è diversa, ma poi neanche tanto. Il Brasile è un Paese federale, e per questo è autonomo. Un consolato in questo Paese riceve una proiezione importante presso diversi settori. Accanto al settore sociale, che è importante perché qui risiedono molti cittadini italiani che per motivi economici hanno bisogno di assistenza, abbiamo il settore politico, grazie al federalismo e all’importanza dello stato di Rio de Janeiro; poi viene il settore economico: Rio de Janeiro occupa la seconda posizione economica nel paese, con la presenza di importanti imprese italiane e brasiliane che si interessano al commercio con l’Italia; e poi c’è il settore culturale che, accanto a quello sociale, è il più importante. L’Italia, in termini culturali, è una superpotenza. Si dice che il 70% del patrimonio culturale dell’umanità si trovi là, e come potenza culturale noi possiamo contribuire col Brasile. Il lavoro del Consolato si basa su questi quattro pilastri, che devono essere portati avanti d’accordo con le priorità, ma sicuramente non possiamo limitarci al consolato, dobbiamo avere una visione più ampia. Sono felice di incontrare la stampa ítalo-brasiliana, con cui spero di avere relazioni più intense, perché abbiamo bisogno di visibilità e interscambio di idee. Da soli non possiamo realizzare molto, ma insieme, come una squadra, possiamo ottenere migliori risultati. CI – Sono questi i problemi più emergenti? Bellelli – Abbiamo bisogno di un’azione culturale molto più incisiva, riattivando azioni del Consolato e dell’Istituto Italiano di Cultura. Voglio incentivare l’insegnamento della lingua italiana promuovendo accordi con il governo dello stato. Vogliamo trovare risorse anche per mezzo del governo brasiliano. Probabilmente potremo realizzare progetti che interessino tanto il Brasile, quanto l’Italia. Nuove idee sorgeranno nella convivenza con la comunità. Sono molti i problemi sociali, sanitari e dobbiamo cercare di trovare una risposta almeno per i più bisognosi, con un’assistenza sanitaria che vada oltre l’attuale, portata avanti dal governo italiano, cercando di trovare un’assistenza per gli italiani per mezzo di un sistema pubblico brasiliano. Vorrei modernizzare il consolato affinché migliorino i nostri servizi. Dobbiamo rimboccarci le maniche e lavorare. CI – Lei è stato console aggiunto a San Paolo nel 1989. Pensa che esistano differenze tra la comunità ‘italo-paulista’ e quella ‘italo-carioca’? Bellelli – Forse la comunità paulista è più strutturata e senza dubbio più grande, oltre ad essere, probabilmente, più ricca. Questo fa sí che aumenti tanto la capacità di movimento come la sua influenza. Ma tutto ciò può essere compensato dalle buone idee. Ci si può fare strada con creatività, addirittura meglio che con i mezzi economi- “Non possiamo limitarci al consolato, dobbiamo avere una visione più ampia” COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 ci. Stiamo parlando del settore culturale. È chiaro che per una realtà come quella di San Paolo è più facile ottenere sponsor, a Rio sarebbe più difficile, ma se già esistono progetti validi, sono sicuro che si troveranno i mezzi necessari, anche al di fuori dei mezzi convenzionali. Un’altra differenza che forse penalizza Rio è che la collettività di Rio è più bisognosa. Gli aiuti del Governo italiano qui sono superiori se paragonati a quelli del Consolato di San Paolo. Questo è un riconoscimento, da parte dell’Italia, del fatto che qui la situazione è più difficile, anche se la comunità è inferiore, numericamente parlando. CI – Come attrarre le imprese italiane affinché diano appoggio a questi progetti? Bellelli – Le imprese italiane che operano sul mercato di qui sono poche, soprattutto quelle che hanno interessi a sponsorizzare. Quelle interessate sono imprese che hanno beni di consumo di larga diffusione, come potrebbe essere il caso della TIM. La nostra ricerca dev’essere per risorse alternative, e questo si potrebbe ottenere grazie a imprese brasiliane che si interessino al potenziale mercato che possono rappresentare gli italiani. L’importante è arrivare fino ad esse con idee valide. È ugualmente importante il ruolo delle associazioni nel tentativo di conseguire risorse attraverso le regioni italiane. La stampa deve farsi portavoce qui come anche in Italia. Quindi è necessario questo lavoro di equipe affinché si possano portare avanti progetti coordinati. Credo che soltanto con una relazione tra i vari interlocutori (stampa, associazioni, comitati, camera di commercio) potremo concretizzare le nostre mete. CI – Lei ha osservato dei cambiamenti importanti dal Brasile degli anni ’80 a quello attuale? Bellelli – Ho trovato un paese più ricco. La città di Rio più organizzata e più pulita e, in un certo modo, il Brasile è più organizzato, più vicino a certe organizzazioni del mondo occidentale. Prima il Brasile era più latino e adesso mi sembra che le relazioni con i paesi anglosassoni siano migliorate. Durante questi anni molte differenze sono state cancellate e il paese è evoluto. CI – Cosa pensa del lavoro della stampa italo-brasiliana? Bellelli – Credo che la stampa abbia una doppia funzione: essere portavoce della comunità italiana e passare dei messaggi all’Italia. Credo che la stampa possa anche disimpegnare la funzione di relazione con la stessa stampa locale perché si possa diffondere il nostro turismo, il nostro commercio. CI – Lo sa che la scuola di samba Mocidade Independente de Padre Miguel renderà omaggio all’Italia? Che ne pensa? Pensa di sfilare? Bellelli – La Mocidade non mi ha invitato. Il mio samba sicuramente è un po’ arrugginito. Questa è una delle scuole più importanti del carnevale e il fatto che l’emozione di una sfilata sia impareggiabile è un fattore molto importante nel mondo, visto che questa è una festa che manda un messaggio culturale a tutti. È un momento per valorizzare la comunità italiana. 110 italianos ajudarão a combater o crime no Rio n aL u ic B m L iap eile F RIO DE JANEIRO – O primeiro passo para um amplo convênio entre as polícias italiana e do estado do Rio de Janeiro aconteceu na primeira semana de novembro, com a participação de 45 policiais civis do Rio no curso Método Global de Alto Defesa ministrado pelo coordenador nacional da Polícia de Roma, Giuseppe Logantore. A expectativa do cônsul da Itália no Rio, Ernesto Maximo, é de que um acordo mais extenso seja assinado nos próximos meses, possibilitando, em um primeiro momento, a ida de especialistas brasileiros à Itália e a vinda de 110 policiais italianos, que ajudarão no combate ao crime no Rio. O diretor da Academia de Polícia do Rio (Acadepol), Sergio Caldas, informou que o primeiro curso mostrou técnicas utilizadas na Itália para defesa urbana e proteção contra todos os tipos de armas. “Vamos buscar a mínima agressividade possível na abordagem policial”, afirmou Caldas, que também confirmou a assinatura de um intercâmbio mais complexo com os italianos. “Também temos muito a ensinar aos colegas italianos”, completou o diretor da Acadepol. Caldas, Máximo e Logantore entregaram aos policiais placas e medalhas referentes ao curso. O evento foi realizado na sede da Acadepol, no Centro, no dia 7 de novembro. Também estiveram presentes a delegada Marta Rocha, que recentemente concorreu ao cargo de vice-prefeita do Rio, na chapa encabeçada por Jorge Bittar (PT), José Pedro Costa, representando o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, e membros da comunidade italiana no Rio. Divulgação Paulo Franchetti campos de algodão sob o sol da tarde Paulo Franchetti vem realizando um trabalho notável na literatura brasileira, na condição de crítico, poeta, tradutor, historiador da literatura. Além de suas atividades de pesquisador, conferencista e de magistério na pós-graduação da Universidade de Campinas. Notável por esse viés leonardiano, da leitura e da ação, conjugadas, a um só tempo, como se fosse uma perspectiva de saberes vários - flecha que atravessa campos diversos, sem perder sua velocidade e força L ucchesi: Gostaria de saber sobre sua origem italiana, influências, nostalgia e paixão; desde o quotidiano às leituras e o mundo. Franchetti: Minha tia Ana, cujos olhos azuis eram tão intensos quanto o seu sotaque, pode sintetizar a parte mais sensível do lado italiano da minha vida: emoção à flor da pele, nostalgia da pátria que deixou ainda criança e que, por isso, se apresentava mais como conceito e forma interna de sentir, do que como realidade perdida ou a reconquistar. Depois, o orgulho familiar da origem e do sobrenome, o apego à tradição e à cultura. Outra imagem recorrente: meu avô, colono, reunindo os camponeses iletrados para lerlhes, junto aos filhos, romances de cordel. E em minha casa existia o hábito da disciplina intelectual, do amor ao trabalho e da obser6 vância da mais estrita frugalidade, compensada pelo derramamento sentimental e culinário dos domingos e dias santos. Até a minha adolescência, esse foi o sabor da vida. Um sabor muito italiano, mas tão entranhado no ambiente da família, na pequena cidade de Matão, que só quando de lá saí para começar a vida adulta pude perceber que era uma particular herança e um jeito muito especial de estar no mundo. Lucchesi: Como se processou a sua formação e a sede de conhecer as coisas com essa intensidade? Franchetti: Minha primeira juventude foi pautada pelo anseio de completude renascentista, que sempre foi o de meu pai. O gosto pela literatura e pela especulação filosófica, a valorização extrema do conhecimento prático, o fascínio pelo método científico, o estudo da história religiosa, o valor da educação matemática, o amor da correção lingüística: foram esses os valores e ideais que, dentro das possibilidades, pautaram a minha formação familiar. Nas condições precárias de uma vida em pequenas cidades do interior do Brasil, as muitas enciclopédias, os vários livros de divulgação científica, as obras completas de escritores brasileiros e portugueses vendidos de porta em porta foram as peças do mosaico da minha formação. O solo sobre o qual fui construindo como pude, até o período da faculdade, a imagem do mundo e de mim mesmo. Na faculdade, a descoberta de uma imensa biblioteca, na qual podia passar dias e dias, sem qualquer limite, foi experiência de puro deslumbramento. A partir daí, com todo o risco da dispersão, nunca mais deixei de seguir o impulso de leitura do momento. COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 Lucchesi: A poesia parece ter aberto em você um sem-número de portas, e de modo especial no campo do haicai, de que você se tornou, além de crítico e historiador, um fino poeta e tradutor. Como se deu esse percurso? Franchetti: Também o gosto pela poesia tem origens familiares. Meu pai escrevia sonetos e crônicas em jornais, assim como alguns de seus colegas. Matão era uma cidade quase inteiramente italiana, onde habilidade poética, oratória, demonstração de cultura letrada de modo geral era algo muito valorizado. O interesse pelo haicai provém de um segundo momento: depois de alguns anos, fomos para Guaíra, na fronteira com Minas Gerais. De uma cidade italiana para uma de intensa colonização japonesa. Quase todos os meus amigos e amigas eram japoneses. As festas de colheita e casamento, o contato com os pais das namoradas, que mal falavam português (ou não falavam), os bailes no clube da colônia, tudo isso gerou uma simpatia que pôde, anos depois, quando me dediquei seriamente ao estudo do japonês, abrirme algumas portas para a compreensão dessa forma de poesia tão delicada e tradicional. O haicai foi como uma busca nostálgica de um período no qual a vida tinha o dourado das espigas maduras de arroz e o brilho dos campos de algodão sob o sol da tarde. Lucchesi: Camilo Pessanha, Antonio Nobre e Eça de Queiroz são três nomes de sua predileção. Em que medida a literatura portuguesa também é uma de suas capitais afetivas? Franchetti: Eça de Queiroz era um dos autores da infância. A sua obra completa acompanhou a minha vida. Camilo Pessanha, cujos versos difíceis e belos foram uma obsessão desde os primeiros anos de faculdade, atraiu-me também pela vida no Oriente, pelos escritos sobre a China e pelas especulações sobre a escrita ideográfica. Se a porta de entrada na literatura portuguesa foi Eça de Queirós, Camilo Pessanha foi a torre desde a qual fui descobrindo outros pontos de interesse, com ele relacionados de alguma forma: Wenceslau de Moraes, o cronista do Japão, Antonio Nobre, Antonio Patrício, Eugênio de Castro e tantos outros. Eça de Queirós também me conduziu à imensa e magnífica obra do historiador Oliveira Martins. Lucchesi: Vejo, em sua obra, a recuperação de monumentos e documentos. Por exemplo, um nome pouco lembrado, o de B. Lopes, a quem você dedica um belo artigo, e o evoca na condição de dândi mulato... Franchetti: Quando, no começo da minha carreira na Unicamp, retomei sistematicamente a leitura da infância, a dos poetas românticos brasileiros, deparei-me com um veio novo, ainda não descrito nem analisado: a poesia pornográfica, satírica e de nonsense da segunda geração romântica. Descrevi num artigo o maravilhamento pela pujança criativa de autores que, não fosse essa produção, seriam apenas medíocres: Bernardo Guimarães, Getulino e José Bonifácio, o Moço. Daí decorreu o meu interesse por todos os poetas de gosto irônico ou satírico, esquecidos nas histórias literárias mais conhecidas. Prosseguindo na pesquisa, deparei com B. Lopes, que é um gênio, um poeta de grande interesse, mal lido e pior avaliado. E como ele há outros. NOVEMBRO 2004 / Divulgação Marco Lucchesi – Entrevista “Sem um lugar predominante das ciências humanas não há universidades, há centros de formação de técnicos. É isso que está acontecendo no Brasil” Lucchesi: É inevitável ouvir – ainda que em breves palavras – o que você definiu como sendo compaixão e nostalgia em certa prosa lusitana... Franchetti: Quando me dediquei a estudar a obra de Camilo Pessanha, eu o fiz orientado pela leitura dos textos de Oliveira Martins, que pertenceu à geração anterior à sua e cuja visão da história de Portugal marcou profundamente os autores dos anos de 1890. Pessanha é já o nostálgico de lugar nenhum. A pátria, o espaço sagrado da origem lhe aparece como um grande bem perdido. Ao mesmo tempo, esse lugar perdido é idealmente construído a partir da distância, da percepção do deslocamento físico, temporal e afetivo. Não há retorno possível. Há idealização de retorno e há, constatada a sua impossibilidade, o exercício do furor frio e desagregador da melancolia. No livro que dediquei à obra do poeta, tentei verificar como essas duas atitudes a que chamei “poéticas” – a nostalgia e a melancolia – organizam os temas e as palavras do eu que nos fala nos poemas. COMUNITÀ ITALIANA Lucchesi: O que mais impressiona em seu trabalho é a multiplicidade dos saberes. Como você explicaria essa espécie de sentimentoidéia que o anima? Franchetti: A explicação, eu creio, está na formação familiar. Mas o que me alegra é poder ter me dedicado a tantas coisas importantes para mim e para as pessoas que me rodeavam. Nesse sentido, não sou um acadêmico típico. Não passei a vida aprofundando o conhecimento sobre um tema ou um autor, como fazem tantos colegas eruditos que admiro muito. Fui mudando de objeto de estudo ao sabor da curiosidade, da paixão, do gosto ou da obsessão por resolver um problema cultural ou pessoal. O que não quer dizer que não me tenha dedicado intensamente a cada um desses objetos. Se, do ponto de vista da academia, construí uma carreira que pode ser vista como algo diletante, do ponto de vista do prazer do estudo e da descoberta, que é o único que me importa, pude construir um percurso que esteve sempre colado à minha própria vida e à pulsação dos meus interesses intelectuais. É um privilégio, e creio que ter trabalhado esses anos todos numa universidade tão flexível e desburocratizada quanto a Unicamp foi uma grande sorte. Lucchesi: Acha que a Universidade está mudando, buscando mais intensamente e acolhendo esse caminho leonardiano? Franchetti: Penso que a universidade tem deixado de ser universidade. O que se vê hoje é um processo perverso, que consiste em submeter todos os campos do saber às regras do campo dos saberes tecnológicos. Exigir, por exemplo, que um aluno de 21 anos faça uma tese de mestrado em literatura em 24 meses é um disparate. E fazer que um aluno de qualquer ciência humana se torne doutor em 36 meses é uma insanidade. Isso já produziu um rebaixamento notável da produção acadêmica em ciências humanas. A avaliação dos professores se faz hoje numericamente: quantos trabalhos publicados, quantos congressos, quantos estudantes. O resultado imediato é a perda de consistência dos trabalhos em ciências humanas. A médio prazo é a perda de poder das disciplinas humanísticas no interior da universidade. Sem um papel e um lugar predominante das ciências humanas não há universidades, há escolas de tecnologia, centros de formação de técnicos. É isso que a universidade está virando no Brasil. Para um professor que inicia hoje a vida universitária, um caminho como o meu, de amadurecimento lento e de múltiplos interesses, é a cada dia menos possível. Lucchesi: Finalmente, gostaria de conhecer sua atuação à frente Editora da Universidade de Campinas... Franchetti: Há dois anos fui designado para dirigir a Editora da Unicamp, que, depois de um período bastante notável, passara por quatro anos de rápida decadência. Durante esses anos dediquei todo o meu tempo à obra de reconstrução. Isso significou ter de aprender princípios de administração, contabilidade e comércio, bem como implicou um olhar por dentro do mercado editorial brasileiro. Jamais tinha pensado em aprender tais coisas ou gerenciar os problemas que tive de gerenciar. Neste momento, felizmente, a Editora começa a caminhar com as próprias pernas e posso gozar do que há de bom na atividade, que é o contato com os autores, a análise das obras e o planejamento de ações culturais. 7 N u q A Vista do rochedo Strombolicchio Acima, vista do Stromboli em erupção (abril de 1975). À direita, praia de pedras e areia negra em Stromboli 8 e m r e h l i As Ilhas Eolie são um arquipélago vulcânico na região da Sicília, no sul da Itália. Ele é formado por um conjunto de sete ilhas capazes de tirar o fôlego do turista comum, acostumado ao conforto da cidades d’arte, como Florença, Roma e Veneza. Guilherme Aquino u G Guilherme Aquino Ilhas Eolie ada de natureza morta expostas nos museus. Nas Eolie a arte é a natureza viva, com cores de encher os olhos e uma beleza dura, ígnea, sem paralelo. Mas nem por isso a editoria e a cultura locais devem ser subestimadas. Ao contrário, sítios arqueológicos e castelos medievais são testemunhas imóveis de um tempo que remonta a 3.700 anos atrás, quando o homem já freqüentava as ilhas. Stromboli, Salina, Alicudi, Filicudi, Panarea, Lipari e Vulcano são os nomes dos paraísos quase imersos nas águas azuis turquesas (dependendo da luz do dia) à disposição dos que procuram férias contemplativas, do tipo “dolce far niente”, com alguma vida mundana, pois ninguém é de ferro. Cada ilha tem o seu fascínio e a sua característica própria. Mesmo sendo vizinhas umas das outras, suas “identidades” individuais foram preservadas e as “impressões digitais” permanecem petrificadas em forma de lava e rocha magmática. A geografia da costa é diferente. Escarpas, rochedos, precipícios, praias de areia preta, praias de pedras escuras, profundidades abissais, pequenas enseadas, grutas e cavernas submarinas fazem do arquipélago um lugar único no mundo. Duas únicas coisas unem as ilhas: a simpatia do povo eoliano e o mar, profundo e azul. Cada ilha é um vulcão, ou mais de um em si. Ativos ou extintos, esses gigantes de pedra emergem do mar Tirreno e quebram a linha do horizonte. Não por acaso, eles fazem parte do arco de fogo, que vai do Oceano Pacifico ao Índico, passando pelo Atlântico. Lipari é a capital das Eolie, tem apenas 156.000 anos o n deiexistência, e é a mais desenvolvida das ilhas e, por isso mesmo, é também a mais procurada pelos turistas. Um castelo do século 16 e ruínas de uma acrópole datada de 1700 anos a.C são algumas das atrações. Lipari também é a sede do Museu Arqueológico Eoliano, onde estão expostas peças que contam a origem vulcânica da ilha e a vida dos seus primeiros habitantes. A ilha tem dois portos, ou melhor, duas marinas, e delas partem as excursões para as outras “pérolas” do arquipélago. Vulcano emergiu a cerca de 120.000 anos, faz jus ao nome e está localizada ao sul de Lipari. A ilha é formada por três vulcões, sendo que o único ativo é a Grande Cratera. A última erupção ocorreu séculos atrás, mas ele continua a emitir gás sulfuroso no ar. Os banhos de lama são aconselháveis no Laghetto di Fanghi. Os nativos da ilha garantem que a imersão na lama, rica de elementos químicos provenientes do vulcão, rejuvenesce a pele. E bem ao lado se pode cair na água e sentir no corpo os jatos de água quente que escapam do fundo. Desfrutar desta banheira de hidromassagem ao natural é para os poucos aventureiros que viajam até lá. A ilha não é muito procurada pelos turistas. Salina apareceu à cerca de 430 mil anos atrás e pode ser considerada a terra fértil do arquipélago. Os principais vinhedos das ilhas estão nas suas encostas debruçadas no mar, expostas ao sol e enraizadas no solo coberto de cinzas. Filicudi, a mais velha das Eolie -com 1.020.000 anos - e Alicudi - a mais nova com apenas 60.000 anos - também devem ser visitadas, porém são as mais distantes de Lipari. Em Filicudi, o visitante pode ver de perto o que restou de uma antiga vila construída no ano de 1800 a.C. Já em Alicudi um bom programa é fazer o “trekking” ao Monte Filo dell’Arpa e de lá admirar a cratera do vulcano Montagnola, também já extinto. COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 Panarea, com a mesma idade de Salina é, literalmente, a ilha mais sutil das sete que compõe o arquipélago. Ela tem apenas três quilômetros de extensão por dois de largura. E neste pequeno território foi descoberta, em 1948, uma vila do tempo da Idade do Bronze. Muitos vips do showbusiness italiano passam o verão nas praias exclusivas de Panarea, muitas delas acessíveis apenas através do mar. Ou se tem o próprio barco ou se aluga. Panarea está ligada às outras ilhas através de linhas regulares, quando o serviço meteorológico permite. Se o mar está muito agitado e com ondas grandes, em alguns momentos o turista pode ficar a ver navios, bem longe da costa. De Panarea se avista Stromboli, Terra de Deus, segundo o homônimo filme rodado por Roberto Rosselini, em 1949, com a atriz Ingrid Bergman, por quem o diretor se apaixonou durante as filmagens. Stromboli é um vulcão ainda ativo. A ilha tem a forma de cone mas tem se modificado a cada erupção e certamente não é a mesma de 233.000 anos atrás, data do início das suas atividades, e nem de dois anos atrás, quando uma violenta explosão mudou parte da geografia da ilha. A tradicional festa de fim de ano em 2002 não ocorreu por falta de convidados. Estavam todos no continente pois dois dias antes uma grande erupção provocou o desprendimento de parte da encosta situada na Sciara del Fuoco. A quantidade de detritos, entre terra e pedras, que caiu no mar foi tão grande que provocou o refluxo que, por sua vez, deu origem a uma onda anômala. Ela varreu todas as praias da ilha e continuou a sua marcha rumo ao continente, provocando danos por onde passava. A gigantesca onda tinha 8 metros de altura segundo os pesquisadores, e 20 de acordo com os relatos de alguns poucos moradores que resistiram e ficaram em suas casas. Não satisfeitos de terem escapado ilesos à grande erupção - que jogou pedras de até três toneladas a três quilômetros de distância - ainda arriscaram a pele com o maremoto provocado pelas explosões do vulcão. Desde então, um dos principais programas da ilha - que era ver de perto a cratera principal - foi cancelado, ou melhor, cortado pela metade. Não se pode subir aos 926 metros de altura e observar o vulcão de cima. Hoje, o máximo permitido são 400 metros, mesmo assim com os turistas acompanhados de guias especializados e com capacetes e outros instrumentos de segurança a tiracolo. Mas desta altura já é possível admirar toda beleza do lugar. A incessante atividade de Stromboli faz dele um objeto de estudo de pesquisadores de todo o mundo. As explosões podem ser ouvidas à distância - o barulho lembra o de um tiro de canhão - e o seu cume está permanentemente coberto por uma nuvem de gás emitida por uma das três bocas da cratera maior. De noite, o espetáculo das explosões de lava ganha um colorido todo especial. NOVEMBRO 2004 / Editoria de arte 1 Itália - Turismo 2 3 4 5 6 COMUNITÀ ITALIANA Jatos de pedras incandescentes, vermelhos e laranjas, iluminam a encosta da ilha. Um dos programas noturnos de Stromboli é pegar um barco e navegar até a Sciara del Fuoco e de lá admirar as explosões de Iddu, como ele é conhecido no dialeto siciliano. Não é por acaso que Stromboli, desde os tempos das grande navegações, era conhecido como o Farol do Tirreno. Durante o verão, a população da ilha, normalmente com 450 habitantes, se multiplica por 5. Poucos se arriscam a ir para Ginostra, um pequeno porto natural do outro lado da ilha. Uma pequena igreja foi refeita com as doações dos imigrantes do Brooklin, assim explica um cartaz embaixo do portal. A energia elétrica chegou apenas no ano passado e o local fica muito perto da “linha de tiro” quando Stromboli acorda. E levando em conta que ele quase nunca dorme… Mas é justamente este mau humor constante de Stromboli que faz dele uma atração irresistível. Junta-se a isso o fato de que os moradores da ilha se recusaram a ter as suas ruas iluminadas com postes de energia elétrica. Todos caminham pelas ruas com lanternas. Os habitantes da ilha são italianos, suíços e alemães em sua maioria, mas algumas referências ao Brasil estranhamente se encontram. Além de alguns brasileiros trabalhando na pequena indústria hoteleira, existe uma pensão chamada Brasile, na pequena vila de Piscità. Isso porque o seu antigo proprietário, o pároco da igreja, era uma apaixonado pelo país tropical. Hoje, uma grande fotografia da Baía de Guanabara enfeita a parede do restaurante da pequena pensão, que é fiel à arquitetura eoliana: casas construídas como pequenos cubos, horizontais, de frente para o mar e de costas para o vulcão, ou vice-versa. Não importa. O fato de estarem localizadas entre os dois grandes elementos da natureza, a água e o fogo, garante a boa energia que flui em toda a ilha. 1 - Vila na ilha de Salina; 2 - Uma das ilhotas de Panarea; 3 - Centro de Lipari, a maior e mais populosa ilha do arquipélago; 4 - Vista aérea da “Grande Cratera”, um dos quatro vulcões que formam a ilha de Vulcano, com 386 metros; 5 - Vista de uma das praias de Alicudi; 6 - Filicudi, ilha com grande número de grutas marinhas 9 1 u G u q A e m r F ugitivos de guerras civis, da miséria e das intempéries, eles se lançam numa aventura, raramente com um final feliz. E pagam um preço caro para alcançar a terra prometida com a ajuda de traficantes de seres humanos e piratas modernos. A passagem, sempre só de ida, custa até 1.000 euros, valor equivalente à economia de muitos anos de trabalho em moeda local, ou resultado de um endividamento com as quadrilhas, a ser pago com trabalho forçado no destino final. Mas a viagem começa bem antes, no país de origem. Os clandestinos atravessam as fronteiras escondidos na carga de caminhões. Já na área do porto, eles são levados para uma espécie de “hotel de transito”, ou seja, cativeiros vigiados dia e noite por homens armados, acima de qualquer suspeita, por conta da corrupção da polícia. Neste local, a espera para o embarque pode variar em função da disponibilidade de vagas nos barcos. Editoria de arte VIAGEM AO FUNDO DO MAR 10 O ingresso para entrar na Itália não alerta para os riscos, mas inclui fome, sede e acomodação sob o céu, faça chuva ou sol, sem coletes salva-vidas, no deck da velha frota de navios fantasmas que singra pelo canal da Sicília. Se tudo correr bem, a viagem dura de dois a três dias em cargueiros, pesqueiros e até botes de borracha, com transferencias em alto mar, para despistar a polícia marítima italiana. As embarcações lotadas seriam versões atuais dos antigos navios negreiros se os próprios passageiros não desejassem e pagassem pela jornada. As diferenças terminam aí. Eles são entregues à pró- e h l i o n i pria sorte quando zarpam do cais e muitos nunca mais colocam os pés em terra firme. A fragilidade e o mau estado de conservação dos barcos garantem a contagem regressiva para o naufrágio anunciado, em boa parte dos casos. Mesmo sem grandes ondas eles não resistem à longa travessia. Com muita sorte, os sobreviventes serão resgatados por pesqueiros ou navios da Marinha italiana. Outros serão dados como desaparecidos e seus corpos irão aparecer em uma praia qualquer. Este foi o destino de 200 imigrantes a bordo de um velho cargueiro que afundou perto da costa da Tunísia, na madrugada de 18 de junho do ano passado. As travessias ocorrem principalmente no verão. Com indicações de bom tempo, as frotas clandestinas suspendem âncoras e rumam em direção à Itália. No dia 8 de junho, 115 imigrantes foram interceptados a 55 milhas de Gela; quase um mês depois, outros 130 ao largo de Lampedusa; no dia 11 de agosto, 230 clandestinos vagavam exaustos pelas praias de Lampedusa, recém-desembarcados. Apenas três dias antes, em Capo Passero, 28 tinham morrido e outros 72 salvos pela Marinha italiana de uma embarcação à deriva. Os barcos partem diariamente dos portos líbios de Al Zuwara e Zliten. De cada dez, apenas dois são capturados pela polícia da Líbia. A maioria é localizada pela Marinha italiana, já em águas internacionais, e levada até a ilha de Lampedusa. Mulheres, homens e crianças são alojados em um complexo habitacional, até serem repatriados. Os clandestinos chegam desidratados, fracos e, sem nome ou sobrenome, se transformam em sombrias estatísticas. A presença de intérpretes não diminui o medo de ser identificado e fichado para sempre. Poucos falam sobre suas origens. COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 ANSA 3 ANSA “Devemos acolher os clandestinos com canhões, bombardeá-los” 2 4 ANSA Para milhares de magrebinos, senegaleses, tunisianos, iraquianos e egípcios, entre outras nacionalidades, a ilha de Lampedusa, localizada ao sul do Mediterrâneo, representa a ponte para o início de uma nova vida e a Líbia foram assinados para frear o fluxo imigratório, em troca do apoio para o fim do embargo comercial imposto pela UE ao país de Kadafi. Neste verão, O primeiro-ministro Silvio Berlusconi se encontrou com o governante líbio para discutir o problema. Os acordos entre os dois países continuam encalhados na burocracia de Trìpoli. A criação de uma força-tarefa comum, patrulhamento misto, adestramento dos líbios por instrutores italianos são alguns dos itens que ainda não saíram do papel de boas intenções. Isso sem falar na construção de um TOLERÂNCIA ZERO centro de acolhimento, com mil vagas, localizaO centro de Lampedudos em território líbio, sa, com capacidade para para que os clandestinos 150 pessoas, já hospeda de outras nacionalidades 400 clandestinos , e a sejam repatriados mais nova maré de desembarrapidamente. ques continua alta. Eles O problema em Lamsão quase diários. Até o pedusa é apenas um refinal do verão de 2003, trato da complexa quesLampedusa tinha recetão da imigração clandesbido 5.677 imigrantes, tina na Itália e no resto contra 677 registrados ao da Europa. Pela sua polongo de todo o ano de sição geográfica, o país SENADOR UMBERTO BOSSI 2001, 6.365 em todo o passou a ser o principal MINISTRO DAS REFORMAS ano 2002. As autoridades corredor para se alcançar são obrigadas a transferir a França e a Inglaterra, os extracomunitários para outros centros no sul da onde as leis são menos rigorosas e existe a oportuniItália, como na Calábria e na Puglia. dade de se pedir asilo político - possibilidade remota A onda de desembarques afeta o turismo, uma e submetida a uma rigorosa investigação na Itália. O das principais fontes de renda dos moradores da país também se prepara para ajustar a lei de imigração paradisíaca Lampedusa e destino de italianos en- Bossi-Fini que não deu os resultados esperados. dinheirados em férias. Os comerciantes e donos de hotéis estão em pé de guerra, e afirmam que o pro- A SAÍDA É CRIAR MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO blema assusta os visitantes. O governo exagerou no tom de voz: “Devemos acolher os clandestinos com O tema da imigração foi debatido no encontro canhões, bombardeá-los”, chegou a afirmar, no ano dos 15 chefes de estado dos países integrantes da passado, o ministro das Reformas, senador Umberto União Européia, em Salonicco, na Grécia, um ano Bossi. Antes de adoecer, ele era um dos pilares do atrás. A proposta da Inglaterra de Tony Blair, de atual governo Berlusconi e autor de uma lei draco- criar zonas de refugiados fora dos limites europeus, niana contra a imigração clandestina, em vigor des- de preferencia dentro dos países de origem, foi conde 2002. O seu desabafo provocou um profundo mal siderada politicamente incorreta. Ela cheirava a disestar à direita e à esquerda do poder e, diante de criminação e a segregação. pressões da Igreja e da comunidade internacional, Na falta de um consenso sobre medidas duras, ele seria obrigado a se retratar. a saída encontrada foi, no mínimo, diplomática. A O governo decidiu apertar o cerco. Os navios da UE deverá dispor de verbas para o repatriamento Marinha patrulham as águas internacionais com maior dos clandestinos (140 milhões de euros), criar uma poder. Cada ponto suspeito no radar deverá ser abor- agencia internacional para acompanhar os casos, dado e, se for um barco clandestino será escoltado identificar e inserir na sociedade aquele imigrante até a entrada do mar territorial. Neste ponto entra dono de mão de obra especializada e, finalmente, em ação a Guardia di Finanza(uma espécie de Polícia deter o fluxo imigratório através de programas de Federal), com poderes para inspecionar e investigar cooperação e ajuda humanitária (250 milhões de eutodos à bordo. Já eventuais socorros de emergência, ros) aos países originários do êxodo. casos mais comuns, ficam à cargo da Capitania dos Os nômades do terceiro milênio buscam uma saPortos. O serviço de inteligência também foi acionado. ída desesperada, rumo aos países desenvolvidos. O Agentes secretos nos portos suspeitos no estrangeiro progresso de um às custas da exploração do outro enviam informações preciosas sobre a previsão de em- tem o seu preço. A fatura está chegando e derrubanbarques e rotas. Acordos de cooperação entre a Itália do fronteiras. 5 6 1- Navio carregado de imigrantes no porto de Crotone, julho de 2000 (AP Photo); 2 - O barco Meck, com 297 imigrantes a bordo, ancorado em março de 2000 no porto de Reggio Calabria (Ansa); 3 - Barco com imigrantes tunisianos em Reggio Calabria, em junho de 2002; 4 - Grupo de curdos no desembarque em Monasterace (Reggio Calabria) em dezembro de 2000; 7 - Imigrante senegalês recebendo as primeiras vacinas em solo italiano; 8 - Edifício abandonado em Roma e ocupado por imigrantes (Renato Ciofani) NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA Renato CIofani Cargas humanas, a diáspora étnica Alguns barcos escapam ao controle e despejam a carga humana em pontos estratégicos da Sicília. Dependendo do acerto financeiro com a quadrilha internacional, o clandestino terá um salvo-conduto até o norte industrial italiano, onde encontrará um trabalho no mercado negro, ou um novo contato para atravessar a fronteira. Mas ele terá por muito tempo uma vida subterrânea, contando apenas com ajuda de seus conterrâneos (quando não forem explorados pelos mesmos) e com o apoio de organizações não governamentais. AP Photo Atualidade Cultura – Dança La fine del 2004 riserba sorprese con la riapertura della storica sede Gisele Maia D opo essere rimasta per tre anni con i portoni chiusi, il tradizionale Teatro alla Scala di Milano verrà riaperto nel dicembre di quest’anno. Lo storico palazzo è rimasto tutto questo tempo in ristrutturazione per un completo rinnovo della sua struttura ed è stato restaurato. Le commemorazioni riflettono il prestigio di questo che è un centro mondiale di riferimento sull’arte. Gli spettacoli previsti per la stagione artística 2004-2005 potranno essere ammirati tanto presso il Teatro alla Scala, quanto nel Teatro degli Arcimboldi, dove hanno avuto luogo gli spettacoli negli ultimi anni. Ma non è soltanto il motivo della riapertura di questo spazio antico di più di due secoli che farà entrare il 2004 come una data storica: la tournée brasiliana del balletto del Teatro alla Scala, in ottobre, ha contribuito molto con il suo apporto di novità. Un esempio potrebbe essere quello dei 24 bambini e adolescenti della Scuola del Teatro Bolshoi Brasil, di Joinville, scelti a dito da Biagio Trombone, primo ballerino della Scala per salire sul palco del Teatro Municipale di San Paolo e quello di Rio de Janeiro insieme ai ballerini italiani. L’interazione tra italiani e brasiliani non è avvenuta soltanto sul palco. La presentazione di Sogno di una notte di mezz’estate, opera di Shakespeare coreografata da George Balanchine con musiche di Felix Mendelssohn, ha significato molto di più. Il maestro, anche lui venuto dall’Italia, è rimasto sorpreso dal risultato delle poche prove in cui ha diretto le orchestre locali di ambedue i teatri, quello ‘paulista’ e quello ‘carioca’. Poi la reazione della platea ha potuto confermare l’ottimo risultato. Anzi, questo è stato un aspetto messo molto in risalto dai visitatori. In un’intervista esclusiva a Comunità, la prima ballerina Marta Romagna, che era appena arrivata a Rio da una stagione fatta a San Paolo, ha dato enfasi alla soddisfazione di ballare per il pubblico brasiliano. “Mi aspettavo un bel pubblico, caloroso e pieno di energia, 12 COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 “Qui le persone fischiano a teatro come se fossero in uno stadio di calcio.” NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA Fotos: Divulgação Teatro alla Scala di Milano come immaginavo fossero i brasiliani. Siamo abituati all’Italia, dove le persone sono un po’ più fredde. Qui le persone fischiano a teatro come se fossero in uno stadio di calcio. Considero tutto questo positivamente. Il termine dello spettacolo è, quindi, la fine della partita. Quando scende il sipario, e dopo si riapre, gli applausi durano dieci minuti”, ha detto Marta. Lei, una giovane 29enne, che fa parte della Scala fin dai 17 anni, non ha conosciuto i ballerini della generazione che sono venuti in Brasile più di 20 anni fa. Ma aveva sentito molte cose della “Città Meravigliosa”, che poi non ha neanche potuto conoscere bene. “Purtroppo questo ci manca nelle tournée per il mondo”, si lamenta Marta. Infatti, con i cinque di gambe”, ha detto Ana, in una chiacchierata spettacoli a Rio, dopo altrettanti a San Paolo, il durante l’intervallo. Terminata la presentazione, l’emozione tra le ritorno in Italia subito dopo, il turismo veramente è dovuto rimanere in secondo piano. Ma tutto quinte non è finita. Dopo la serata indimentiquesto in effetti non è un problema, visto che cabile, molte fotografie scattate con il gruppo il rigore prima delle presentazioni e la disciplina italiano serviranno, probabilmente, da sfondo naturalmente esigita fanno parte della vita di chi per storie da essere narrate ai nipotini. Per i ragazzi del Balé Bolshoi do Brasil, la lingua non ha scelto la danza classica come professione. Di Sogno di una notte di mezz’estate ha det- rappresenta un ostacolo. In fondo, per salire to: “È uno spettacolo che esige molto, soprat- sul palco del Teatro più tradizionale di Rio de Janeiro hanno dovuto tutto dai primi balleritrasporre barriere ben ni (come lei stessa è). più complesse. MolIl poco tempo libero ti di loro vengono da che abbiamo non ci famiglie povere, per le dà la possibilità di faquali sarebbe imposre dei giri per la città, sibile investire nella dovuto anche ai nostri carriera dei figli. piedi. Non possiamo Il primo contatto camminare durante si è avuto nel 1995 una giornata”. e, cinque anni dopo, Il primo atto è l’inè stata inaugurata la terpretazione danzata prima e única filiadella pièce di Shakele della tradizionale speare. Il secondo, che scuola russa, proprio inizia con la famosa Marta Romagna, prima qui in Brasile, che era Marcia nuziale di Menentrata in competidelssohn esige molta ballerina del Teatro La Scala zione con altri paesi, tecnica e un grande come il Giappone e gli sforzo da parte dei Stati Uniti. Ciò è staballerini. Tutti questi to possibile grazie alla elementi in uno stesso spettacolo giustificano il perché sia cosí poco rap- credibilità conquistata dalla coreógrafa, che ha presentato nel mondo. In fondo,il corpo di ballo vissuto a Mosca per nove anni ed è stata la redella Scala di Milano è l’unico teatro europeo au- sponsabile di tutte le negoziazioni. Un altro aspetto è stato molto importante torizzato a ballarlo. All’infuori di loro, soltanto il NYCB (N. T.: New York City Ballet), scuola fondata per riuscire a portare qui la compagnia, con diretto a interscambio di professori e alunni: Jô dallo stesso Balanchine negli Stati Uniti. è la moglie di João Prestes, figlio di Luiz Carlos Prestes, l’eroe rivoluzionario cosí ammirato nella UNA STAGIONE CHE RIMARRÀ ex Repubblica Sovietica. IMPRESSA NELLA MEMORIA Nell’istituzione non profit, il circ 94% dei 300 La nuova generazione della danza classica alunni ricevono una borsa di studi, con diritto albrasiliana si è potuta vedere nella prima parte l’alimentazione, divisa, trasporto, assistenza sadello spettacolo. E proprio a questa Ana Botafo- nitaria di emergenza, fisioterapia e trattamento go ha fatto più complimenti. La prima ballerina dentiscico gratuiti. L’insegnamento non si restrindel Teatro Municipale di Rio de Janeiro aveva già ge alla formazione classica, ma prevede lezioni di visto una presentazione del Corpo di Ballo del danza contemporanea, oltre a danze brasiliane, Teatro alla Scala quando la compagnia era stata folcloristiche e tip-tap. Con l’obiettivo di offrire qui vent’anni fa, con Giselle. Stavolta l’emozione una formazione ampia in arte, la scuola offre leinvece si è dovuta alla constatazione del fatto zioni di letteratura, arti plastiche, musica e dramche il futuro della danza in Brasile è prometten- matizzazione tra molte altre. te. “Sono rimasta colpita dal livello dei ragazzi del Bolshoi. Si è potuto capire quanto è serio il PER ULTERIORI INFORMAZIONI: loro lavoro, non soltanto da come interagiscono WWW.TEATROALLASCALA.ORG sul palco con tanti ballerini in scena, ma soWWW.ESCOLABOLSHOI.COM.BR prattutto per la tecnica di corpo, per il lavoro Fotografie dello spetacolo “Sogno di una notte di mezz’estate” nella tourneé brasiliana 13 Sergio Leone Cinema – Crítica notas culturais Nações em festa N Alessandra Vannucci o último dia 09 de outubro, o clube Monte Líbano do Rio de Janeiro se tornou sede da tradicional Festa das Nações, na qual se celebra a mistura do povo brasileiro. Organizado pela Associação Calabresa, o evento, agora em sua décima edição, reuniu representantes das culturas italiana, afro-brasileira, indiana, alemã, libaAndressa Camargo nesa, colombiana, grega, espanhola, portuguesa, argentina, e, é claro, braallerina, traduttrice, drammaturga, trucchi della produzione, deve scoprire come creare condizioni per sileira. Ao longo de seis horas e meia regista. Questi sono i vari ruoli im- portare avanti i propri progetti”, spiega. Tuttavia, dopo qualche de confraternização, foram expostas personati dall’italiana Alessandra incidente di percorso – come la sospensione di una notte di spetpeças de artesanato, apresentados Vannucci che si sono trasformati tacolo all’ultimo momento dovuto a problemi elettrici – ha deciso Roberto Cersósimo espetáculos de dança folclórica e dein strumenti nella realizzazione di di ignorare le regole e dedicarsi esclusivamente agli studi di regia gustadas especiarias gastronômicas. Especial para Comunità uno stesso progetto. Sia nello stu- e interpretazione: “Il lavoro di produttrice è molto stressante”. Segundo Gianpietro Leta Bosco, um Nel 1996, per riscattare la pratica del Teatro do Oprimido, dio teorico dei testi, sia nell’esperienza pratica dos produtores da festa, mais de 800 sul palco, ciò che Alessandra vuole è mettere Alessandra è tornata a Rio de Janeiro, dimenticando la proúltima edição do Festival do Rio nos presenteou com uma retrospessoas compareceram ao evento. alla portata del pubblico l’umanesimo del tea- messa fatta tre anni prima, e si è riunita con l’équipe di Boal. pectiva completa da obra do cineasta italiano Sérgio Leone. Ainda tro della controcultura di lingua latina. In que- Lei ci racconta che gli esercizi di interpretazione usati dal que alguns problemas tenham sido registrados – como legendagem sto senso, uno dei suoi più recenti lavori fatti Teatro do Oprimido riescono ad indurre perfino un non attore confusa, cópias deterioradas e cortadas -, essa foi uma oportuniin Brasile, un ciclo di letture realizzate presso ad estrovertere la sua coscienza: “Boal adatta l’arsenale tradidade única de assistir a toda a sua filmografia em condições ideais: na sala il Teatro Planetário da Gávea a Rio de Janeiro, zionale di formazione dell’attore ai vari livelli culturali e poliescura e em película. Dessa forma, a mostra permitiu que reavaliássemos a riporta alla luce nove antologiche commedie po- tici e applica questa nuova tecnica a persone che hanno poca curta, porém vigorosa, carreira deste diretor de tons saturados, estilo barpolari che mettono in risalto gli stretti legami intimità con l’arte”, spiega Alessandra. Gli incontri con Boal roco e rostos marcados. tra l’arte mediterranea e quella latino-america- le servono per sviluppare le abilità necessarie alla diffusione na autobiografia per raccontare Leone era filho legítimo do cinema. Por influência do pai, diretor do início na. “I testi scelti appartengono ad autori medi- di queste tecniche: “Tutte le volte che ritorno in Italia offro suc-cessi e glorie del ballerino più do século passado, ingressou na área como assistente de direção em épicos terrani, ma sembrerebbero distanti dalla cultura laboratori di Teatro dell’Oppresso ad altri formatori”, racconta. famoso di Hollywood è in preparazioitalianos e grandes produções norte-americanas (Quo Vadis e Ben Hur) rodadas nordica, protestante, dall’Europa. Esprimono la “Lavoro con un gruppo di assistenti sociali che portanno gli ne per il 2006 per la casa editrice nos estúdios da Cineccitá. Aproveitando esse conhecimento, criou uma graloro latinità in un teatro provocante, deflagrano esercizi dentro ad ospedali, sindacati, scuole”. Hyperion e ad annunciarlo è lo stesso mática própria, que logo o distinParallelamente, l’interesse di Alessandra verso la comprenla miseria della vita”, spiega lei. John Travolta. L’attore italo-americaguiria como um dos grandes esteAlessandra è venuta in Brasile per la prima sione delle caratteristiche di una cultura essenzialmente latino, dopo aver acquistato notorietà tas da arte cinematográfica. Essa volta nel 1993, rispondendo all’invito del dramma- na ha conquistato i rappresentanti del Ministero Affari Esteri, mondiale nel ‘77 interpretando Tony perspectiva, entretanto, viria a turgo carioca Augusto Boal, per partecipare al set- che le hanno concesso una borsa di ricerca di due anni qui in Manero, è sparito per molto tempo classificá-lo - erroneamente - cotimo Festival Internacional do Teatro do Oprimido. Brasile. “È stato un periodo faticante”, racconta. “Il gruppo di dagli schermi cinematografici, fino a mo um diretor preocupado exclu“Mi trovavo qui a Rio, in uno degli ultimi giorni Boal si presentava in piazza due volte al giorno e apriva un quando nel ‘94 ha interpretato con sivamente com a forma. Ele era, dell’evento, quando ci fu la strage della Candelária forum di dibattiti dopo ogni spettacolo. E io lavoravo anche al straordinario successo ‘Pulp Fiction’ de fato, perfeccionista: suas come ne rimasi cosí scioccata che giurai che mai più progetto per il Ministero”. di Tarantino. posições de quadro apresentam Decisa a rimanere a Rio, la drammaturga ha dato seguito avrei messo piede in questo paese”, dice lei. temporalidades e texturas singuLaureata in Lettere con specializzazione in alla carriera accademica: prima ha concluso il corso di Master lares e revelam uma obsessão por drammaturgia italiana presso l’Università di Bo- presso la Facoltà di Arti Sceniche all’Uni-Rio e, subito dopo, è construir, em cada plano, uma exlogna, Alessandra ha lavorato per molto tempo entrata nel programma di Dottorato presso la facoltà di Lettere periência sensorial. Mas, por oucon produzione teatrale. “Nell’ambiente artistico, della PUC-RJ, che ha già concluso. tro lado, figurava entre os cinecaba de chegar ao mercado itaVisto che vivere di teatro è un lusso che pochi possono perchi vuole diventare regista deve prima imparare i astas de maior sensibilidade para liano o livro Diario dal Cile 1973 mettersi, Alessandra crede che la vita accademica possa rappreas transformações políticas e sociais de sua época. E se, em cinema, forma e – 2003, do jornalista Paolo Hutter. sentare un’alternativa per raggiungere la stabilità economica, conteúdo se complementam, Leone soube, como poucos, traduzir essa noção. Editado pela Il Saggiatore, o texto foi senza parlare che la conseguente routine di letture impone una Considerado por muitos o primeiro cineasta pós-moderno, Leone redimenredigido em primeira pessoa e se diviprofonda intimità coi testi. “Per me, non c’è niente di meglio di sionou os arquétipos do faroeste americano, escolha que o qualificou como um de em duas partes. un giorno di pioggia e la compagnia di un buon libro”, dice. artista mais interessado em explorar as fronteiras do gênero, do que em elaboNo início, surge a história de um joCome regista e drammaturga, dal 1996 ad oggi Alessandra rar uma visão de mundo. Esta leitura pode, contudo, conduzir a um perigoso vem Hutter, que decide viajar até Sanha poi partecipato, tra altre cose, agli allestimenti de A descoterreno, onde as referências cinematográficas são meros jogos de decodificatiago para experimentar a política da berta da América, di Dario Fo; Moscheta di Angelo Beolco, e O ção. Leone transpôs essa metalinguagem e realizou uma obra do seu tempo: Unidade Popular de Salvador Allende. castiçal, di Giordano Bruno. Scegliendo ognuno di questi testi, de Por um punhado de dólares (Per un pugno di dollari, 1964) a Era uma vez na Ao invés disso, presencia o golpe mililascia ben chiara l’intenzione di questionare la cultura del conAmérica (Once upon a time in America, 1984), ele traçou o percurso de um hotar e acaba preso por pertencer ao Lotta sumo borghese, la cultura egemonica. Intenzione questa che mem fantasmagórico, dividido entre passado e presente. O homem que faz surContinua, movimento antifascista. si rafforza con l’organizzazione del già citato Ciclo de Leituras gir nações, define relações de trabalhos e se torna vítima da injustiça social. A segunda parte se passa em 2003, Brasil Mediterrâneo, ancora in programma. “Io Se Leone chegou a produzir a imagem síntese de sua obra, ninguém quando – trinta anos depois da subida amo tanto il teatro che lo praticherei per la sabe. Poderíamos apostar em Eli Wallach correndo pelo cemitério de Três de Pinochet ao poder – Hutter, agora pura bellezza, per criteri inutili”, confessa. Homens em conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966) ou Robert de NiAttori leggono i testi jornalista, retorna ao Chile, não somen“Ma, come accademica, mi domando: qual ro entorpecido pelo ópio em Era uma vez na América (Once upon a time in “La Pace”, di Aristofane te para visitar suas memórias, como è la funzione dell’artista? E la mia risposta e Questa notte si recita a America, 1984). Clint Eastwood cavalgando rumo ao infinito em Por uns também para se aprofundar nas atuais sembra proprio essere stata influenzata dasoggetto, di Pirandello, dólares a mais (Per qualche dollaro in più, 1965) ou Rod Steiger ciente questões políticas e sociais do país. gli insegnamenti di Boal: voglio provocare il nel Planetário da Gávea, da incerteza em Quando explode a vingança (Giu la testa!, 1971). Nessas O resultado de tanta vivência e pesa Rio de Janeiro pubblico, far sí che pensi politicamente”. imagens, o cineasta não nos conforta com respostas, não nos redime de quisa é um interessante relato sobre as Per chi vuole capire le tecniche del responsabilidades, mas deixa um legado precioso para compreendermos a últimas décadas da história chilena. Teatro dell’Oppresso, Alessandra sta tradutrajetória humana no breve século XX. cendo i libri di Boal. L’ultimo è arrivato nelle provoca il pubblico B Por um punhado de Leones A John Travolta allo specchio U “Leone traçou o percurso de um homem fantasmagórico, dividido entre passado e presente” 14 Cultura - Teatro Histórias do Chile A COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA Drammaturga italiana esalta legami esistenti tra il teatro del Mediterraneo e quello latinoamericano librerie italiane nel 2002 con l’edizione de La Meridiana, col titolo Dal desiderio alla legge: manuale del teatro di cittadinanza. RADICI LATINE Il Ciclo di Letture BrasileMediterraneo è stato inaugurato il 13 settembre con l’opera La Pace, di Aristofane. Subito dopo, sono stati rappresentati L’asino d’oro, di Apuleio, La scoperta dell’America, di Dario Fo; Filumena Marturano, di Eduardo de Filippo; Mosqueta, di Angelo Beolco; Dialogo di Salomone e Marcolfo, di un anônimo; e Questa notte si recita a soggetto, di Luigi Pirandello. Le ultime rappresentazioni dell’evento saranno: Bafafà, di Carlo Goldoni (22/11) e La Mandragola, di Niccolò Machiavelli (il 29/11). La regia delle letture ha potuto contare su vari nomi. Oltre alla própria Alessandra, hanno arricchito il progetto Antônio Abujamra, João Fonseca, Maurício Parroni de Castro, Moacyr Chaves, Júlio Adrião, João Falcão, Ana Khfoury e il già citado Augusto Boal. 15 Capa Apaixonada pela comunidade onde desenvolve vários projetos sociais, Barbara Olivi oferece estrutura educacional para 110 crianças com doações de famílias e empresários italianos N a edição online do Corriere della Sera, algo chamou a atenção: “Compleanno alla Rocinha” era o título de um artigo assinado por uma italiana chamada Barbara Olivi, moradora, há quatro anos, da maior favela da América Latina. Nele, ela falava de sua felicidade por estar no Brasil realizando um de seus maiores sonhos, o de trabalhar para que este mundo seja mais igual. Achar Barbara foi mais fácil do que imaginávamos, mesmo em meio aos atuais 200 mil habitantes da Rocinha. Pudera. Durante a visita da equipe Comunità ao local, tivemos uma mostra de sua popularidade: ela foi cumprimentada por quase todos que passaram por nós. Entre tantas pessoas, um grupo de adolescentes que fez questão de nos apresentar. Eram seus ex-alunos, crianças retiradas dos sinais com suas bolinhas de malabarismo para passar a freqüentar um ambiente educacional criado por ela. Hoje, a meninada é assistida por um projeto do cantor Gabriel O Pensador, também atuante na Rocinha. 16 Uma italiana no coração da Rocinha Gisele Maia Fotos: Ernane D. A. Em nossa primeira parada, a escolinha “Saci Sabe Tudo”, um sinal da interferência de Barbara: o saci-pererê pintado na parede da entrada sabe, inclusive, falar italiano, como mostra o balãozinho com os dizeres “Benvenuto amico mio”. Atualmente, são 65 crianças assistidas ali, mais 45 na creche no alto da Rocinha, o outro projeto ao qual se dedica. DA VIDA NA ITÁLIA À CHEGADA NA COMUNIDADE Barbara levava uma vida estruturada em Reggio Emiglia. O trabalho, em Milão, era na empresa imobiliária da família e lhe garantia uma situação financeira confortável. Tudo começou a mudar com o fim de seu casamento. “Na Itália, uma separação é vivida de forma dramática, como tantas outras situações. Parece que toda história precisa ser trágica e alguém tem que morrer. Como não quis fazer papel de vítima, decidi começar uma nova vida”, conta. Ela, que havia estado no Rio antes, se hospedou na casa de uma amiga, na Gávea, e lá ficou durante um ano. Já com um conhecimento prévio da língua portuguesa, viu que seria possível se manter aqui. Fez um curso de guia de turismo e começou a trabalhar. Do bairro nobre da zona sul carioca, olhava as luzes da Rocinha e sentia vontade de conhecer seus moradores. “A Gávea é um bairro de mortos. Tem qualidade de vida, mas para mim era cemitério”, opina Barbara. Falava tanto sobre seu desejo de visitar a Rocinha, que acabou sendo convidada por um dos porteiros do seu prédio. “Ele e sua mulher me trou- COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 xeram aqui a primeira vez. Tornaram-se meus grandes amigos. Comecei a conviver com as pessoas daqui e nunca mais saí”, lembra. Antes de se mudar de vez, morou um ano em Copacabana, mas sentia medo constantemente. “Dá para notar que não sou brasileira e lá tem bastante assalto aos estrangeiros”. E acrescenta: “Aqui, já houve situações de medo para os outros, mas não para mim. E nunca me senti sozinha. Essa favela é tão pulsante de vida, que se você não sair de casa, a favela entra”. Desde que chegou, Barbara contou com a receptividade dos moradores. “As pessoas daqui são discriminadas. Quando chega alguém de fora, que se importa de verdade, elas se apegam. E é uma troca, porque recebo muito carinho também, de todos”. roupa, comida e remédios. “Os turistas me davam dinheiro e eu me perguntava onde ele seria melhor empregado. Foi quando conheci a Márcia Ferreira da Costa, a diretora da creche e minha sócia hoje em dia. Daí, nasceu uma relação de cooperação e respeito”. Porém as gorjetas já não bastavam para o número crescente de crianças sob os cuidados das duas. “Márcia trabalhava há anos sem receber nada. Passei a pagar o salário da cozinheira e comprava alimentos. Aliado a isso, pedia ajuda aos meus familiares”, conta. Ela acrescenta que as visitas de amigos italianos garantiram credibilidade aos seus projetos: “Na Itália, com tantos escândalos de desvio de verbas, há um clima de desconfiança. Mas as pessoas que vinham me visitar divulgavam o nosso trabalho e falavam da seriedade com que o desempenhamos”. Aos poucos, o contato com a Itália se fortaleceu. Algumas famílias de lá enviam, periodicamente, quantias para as bolsas de estudo. As colaborações oscilam entre 15 e 30 euros. “Para cobrir tudo, cada criança precisaria de 30 euros, que significa pouco mais de cem reais. É importante lembrar que os alunos também recebem uniforme, lanche e material didático”, diz ela. Não existe nenhum recurso proveniente da prefeitura ou do governo do Estado do Rio de Janeiro. Mas foi a prefeitura de Reggio Emiglia, na Itália, que financiou a abertura da escolinha e da biblioteca, atualmente em fase de obras. Entre outros colaboradores, está a agência carioca de turismo North Side, cujos donos são também italianos. Estes custearam parte das obras na creche. Além da editora italiana Domus Lecta, que entrou com o dinheiro para a construção do berçário. Não sinto nenhuma demonstração de coragem no que fiz. Para mim é até fácil, porque sou muito feliz aqui” DEDICAÇÃO EM TODOS OS MOMENTOS Barbara diz que, em nenhum momento, os amigos da Itália ficaram preocupados com o fato dela estar morando na maior favela do Brasil. “Na realidade, lá não se tem muita dimensão disso. Espantados mesmo ficaram os amigos daqui. E todos os italianos que vieram me visitar, até hoje, ficaram apaixonados pela Rocinha e me apoiam. Às vezes, fico um pouco envergonhada quando falam que sou corajosa. Não sinto nenhuma demonstração de coragem no que fiz. Para mim é até fácil, porque sou muito feliz aqui”. Os problemas dos 200 mil moradores desse universo particular cravado nas zonas mais nobres do Rio de Janeiro são os mais variados. Barbara se envolve na busca de soluções para muitos deles. Da laje da creche, onde nos concedeu esta entrevista, distinguia diversas áreas que, aos olhos de qualquer transeunte alheio àquela realidade, parecem absolutamente iguais. No local onde estávamos, por exemplo, a dificuldade de acesso, devido às subidas íngremes, faz com que os idosos ou portadores de deficiência física dependam dos amigos para saírem de casa. Mas há casos ainda mais dramáticos: “A Stefanie, uma linda menina de sete anos, nasceu com hidrocefalia e nunca andou na vida. Vai à escola carregada nas costas do pai. Agora, estamos recolhendo dinheiro para as três cirurgias de que precisa, na cabeça, na coluna e nos pés”, conta Barbara. O INÍCIO COM A MENINADA Bárbara começou sozinha. Com as gorjetas de seu trabalho como guia, cuidava de cerca de dez crianças, entre oito e dez anos. Comprava DA CRECHE À ESCOLINHA SACI SABE TUDO Como Márcia tinha que cuidar das crianças em sua própria casa, o primeiro passo foi criar a estrutura adequada para o trabalho que já vinha sendo desenvolvido. A instalação atual, onde estão sendo feitas obras de melhorias, foi doada por uma francesa da ONU (Organização das Nações Unidas). Hoje, são oito profissionais, a maioria professoras primárias. Só depois veio a es1 colinha “Saci Sabe Tudo”, inaugurada há dois anos, para dar continuidade ao atendimento dos alunos da creche, até a alfabetização. Como, neste caso, 1- Entrada da Escolinha Saci Sabe Tudo; 2 - Barbara Olivi na laje da creche; 3 - Márcia Ferreira da Costa, Barbara Olivi e dois alunos da creche. NOVEMBRO 2004 / são mais crianças pagando, foi possível contratar uma pedagoga. No total, são dez profissionais que recebem 350 reais por mês, pouco mais que os da creche, que ganham um salário mínimo. As mensalidades variam de acordo com os recursos dos pais, e só pagam aqueles que trabalham. “Algumas famílias não têm mesmo condições. Outras, pagam dez, vinte. Só uma paga 50”. Fazem parte do programa as aulas de balé, futebol e capoeira. O sonho é criar um centro pediátrico. Atualmente, há um projeto para dar aulas de reforço aos que saem da “Saci Sabe Tudo” e vão para a escola pública, onde encontram as conhecidas dificuldades por conta do ensino precário. Há também o grupo de 20 adolescentes, exalunos, com os quais Bárbara faz questão de se relacionar. “Eles cresceram e viraram meus amigos, saímos juntos para comer pizza. Nesse contato, tento passar certos valores. Para os meninos, ensino que devem tratar bem as mulheres. Muitos vêem as mães apanhando dentro de casa, é preciso que este modelo não seja reproduzido. Alguns me pedem preservativos, eu compro e dou”. Ela se emociona ao constatar que seus esforços não têm sido em vão, e conta que não conteve as lágrimas quando viu seus meninos em recente entrevista ao canal Multi Show, por conta da participação no projeto Pensando Alto, de Gabriel O Pensador, que oferece aulas de capoeira, fotografia, balé e reforço escolar para crianças e adolescentes da comunidade. “Quando cheguei aqui, encontrei cerca de 60 associações com projetos sociais. Com certeza, hoje, já são mais. Mas enquanto existirem crianças na rua, lares onde se desconheça qualquer forma de planejamento familiar, e jovens transando sem camisi3 nha, ainda é preciso fazer muito”, analisa. COMUNITÀ ITALIANA 2 2 1 Social INCENTIVO ALLA CULTURA ONG italiana promuove educazione in Brasile Con sede a Rio de Janeiro dal 2000, la CIAPI ha formato circa 600 professioniste nell’anno scorso “C redo seriamente che il Brasile possa diventare un paese di primo mondo, ma per fare questo bisogna che il sistema educativo investa in aree più specifiche. Il popolo brasiliano è creativo, ma gli manca il know how”. In época di elezioni, queste parole potrebbero essere state tratte da un qualsiasi discorso político. Invece sono uscite dalla bocca di un professore di letteratura di nome Paolo Cerritelli, che non ha nessuna intenzione di immettersi nei sentieri della politica brasiliana. E neanche potrebbe, visto che è nato in Italia e non si è mai naturalizzato. Inoltre, non rappresenta un partito político, ma una Organizzazione Non Governativa, la CIAPI – Campus Internacional pelo Aprendizado Politécnico Integrado –, in nome della quale ci parla. La CIAPI è stata creata nel 1968 come una fondazione di amministrazione mista: una parta appartiene al governo della regione Abruzzo e l’altra ad imprese private come la Fiat e la Pirelli – solo per citarne alcune tra le più conosciute. L’obiettivo 18 Andressa Camargo della fondazione è quello di mettere in esecuzione programmi di capacitazione professionale e, di conseguenza, di generazione di rendita. Ma non si limita a questo: perché il servizio si completi, le stesse imprese investitrici assorbono la manodopera appena specializzata. In Brasile, il lavoro della CIAPI è cominciato nel 1997. A quel tempo, il Ministero de Lavoro italiano aveva indetto un concorso per progetti che prevedevano la formazione professionale di emigranti residenti fuori dalla Comunità Europea. In questo bando, la CIAPI ha ottenuto i fondi per impiantare due corsi: uno qui in Brasile, a Vitória, per la formazione di operatori di macchine di estrazione di marmo e granito; un altro in Venezuela, a Maracaibo, per professionisti del settore turístico. “Dopo aver strutturato il tutto, italiani e discendenti hanno potuto iscriversi alle lezioni. Una volta diplomati, noi li indirizziamo a interviste per ottenere un impiego”, spiega Cerritelli, che è arrivato a Rio de Janeiro subito dopo questa fase, nel 1998, per coordinare il secondo progetto della CIAPI in suolo brasiliano. “Abbiamo formato qualche classe di culinaria, specializzandole in gelateria. È un apprendistato molto interessante, visto che si può lavorare da soli – dato il basso costo – o dentro una fabbrica”, dice. Negli anni seguenti, usando ancora i fondi del Ministero del Lavoro italiano e del Fondo Sociale Europeo, la fondazione ha promosso corsi di perfezionamento in lingue per il settore turístico, tanto per formare guide turistiche, quando segretarie e recepcionist di hotel. “In questo momento, abbiamo cominciato a pensare che per capire meglio le necessita della comuni- tà italiana in Brasile avremmo dovuto avere una sede qui”, completa il professore. Nel 2000, la CIAPI si è stabilita su suolo brasiliano come ONG e Cerritelli, scelto per presiedere l’istituzione, si è trasferito definitivamente nella città meravigliosa. Nel 2001, dopo aver sottoscritto una partnership con il Ministero de Lavoro e la Segretaria do Trabalho dello Stato di Rio de Janeiro, sono state aperte due nuove modalità di corsi: una di orefici, un’altra di automazione industriale. Stavolta i posti potevano essere distribuiti anche ai cittadini brasiliani. “1250 persone, inviate da 11 comuni dello stato, si sono diplomati il primo anno di questo programma. Nel 2002, sono state poco più di 500 e, nel 2003, circa 600”, afferma Cerritelli. “Sfortunatamente i numeri cambiavano a seconda dei soldi a disposizione del Fundo de Amparo ao Trabalhador”. Quest’anno, 2004, la ONG è stata ancora una volta selezionata dalla Secretaria do Trabalho del Comune carioca per mettere in pratica un progetto nell’area di turismo. “Ora abbiamo due fronti di lavoro: il primo con la Secretaria dello stato, il secondo con quella del Comune”, racconta entusiasta. Sempre nel 1998, la CIAPI ha impiantato il suo primo progetto sociale di incentivo alla cultura, rivolto esclusivamente alle comunità carenti. Grazie ad un investimento del Fondo Sociale Europeo, ha riunito quattro gruppi di giovani artisti inizianti, venuti da diversi paesi e ha promosso un interscambio. In Venezuela è stato scelto un gruppo di teatro; in Germânia, uno di circo; in Italia, uno di cinema. In Brasile, o objeto da cobaia si trovava a Vigário Geral: il gruppo di percussione Afro Reggae che, allora molto piccolo e sconosciuto, non avrebbe mai pensato di ottenere cosí tanto spazio nei media o addirittura di potersi mantenere col lavoro musicale. “Con queste classi abbiamo realizzato un programma denominato Juventude para a Europa (N.T.: Gioventù per l’Europa). I ragazzi si sono incontrati in Italia e si sono scambiati i ruoli: quelli dell’Afro Reggae hanno imparato l’arte circense e quelli di teatro hanno studiato percussione. È stata una grande esperienza per tutti loro. Tra l’altro, dopo di questo l’Afro Reggae ha formato un gruppo di circo”, dice Cerritelli. Il lavoro comunitário è continuato nella Rocinha. Lavorando già come ONG, l’équipe della CIAPI ha ottenuto in prestito una casa considerata monumento protetto dal Comune di Rio e, dentro la favela, ha fondato la Casa di Cultura della Rocinha. Secondo Cerritelli, l’obiettivo della CIAPI è quello di creare le condizioni perché la stessa comunità si appropri del progetto, non soltanto per quanto riguarda le questioni amministrative, ma anche nella scelta di materiali da essere messi in esposizione. “Gli abitanti della regione saranno coloro che verranno beneficiati, quindi vogliamo che siano loro stessi ad agire, che camminino con le proprie gambe”, dice il professore. “Soltanto loro possono sapere cosa vogliono vedere in un centro culturale, che cosa gli piacerebbe ammirare. Soltanto loro sanno dire quali sono le cose con cui si identificano.” Secondo Cerritelli, oggigiorno l’amministrazione della casa è indipendente, / NOVEMBRO 2004 3 5 portata avanti dalla comunità. “Dopo aver impiantato il progetto, il nostro lavoro non era più necessário”, completa. PROGETTI IN ANDAMENTO La più recente giocata dei rappresentanti della CIAPI Brasil è stata quella di accordarsi per una partnership con la ONG brasiliana Moradia e Cidadania, fondata e coordinata da impiegati della Caixa Economica Federal. Insieme, le due entità hanno ottenuto dalla CEF un ampio immobile nel quartiere Andaraí (45 milla metri quadri) per facilitare l’installazione di nuovi progetti. “Abbiamo obiettivi comuni: educare e generare rendita. Quindi abbiamo deciso di unirci per ottenere questo spazio, dato che, con esso, possiamo concretizzare un vecchio sogno: l’Università delle Arti e Professioni, che offrirà varie opportunità a chi stia cercando um primo impiego”, spiega Regina Helena Felice, coordinatrice della Moradia e Cidadania nello Stato di Rio. Facendo un giro per i corridoi dell’edificio, la direttrice dei corsi della CIAPI Brasil, Daniela Lannia Santos, fa vedere i luoghi nei quali, dopo piccole ristrutturazioni, si stanno organizzando le aule. “A questo piano, avremo una classe che farà artigianato in ceramica, un’altra che creerà bigiotteria fina ed etnica, e una terza che imparerà a montare mosaici con pastiglie (N.T.: di vetro)”, afferma. “Avremo anche un auditorium e un’aula per le lezioni più teoriche”. Al piano terra ci fa vedere anche un laboratorio di automazione industriale, uno di nuove tecnologie – che includerà una macchina di taglio a laser per il settore tessile – e uno di fusione del vetro, ognuno di essi strutturato con equipaggiamenti super moderni, ottenuti dalla Fondazione CIAPI in Italia. La di- “Per capire meglio le necessita della comunità in Brasile avremmo dovuto avere una sede qui” A máquina de corte a laser e alguns dos trabalhos que ela pode realizar COMUNITÀ ITALIANA 4 NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA 1 - Laboratório de automação industrial; 2 - Turma de modelagem em cerâmica; 3 - Prévestibular comunitário; 4 - Produto desenvolvido na oficina de papel marché; 5 - Quitutes preparados nas aulas de panificação e confeitaria rettrice avvisa che qualche lezione comincerà già dalla fine del mese di novembre e che molte informazioni potranno essere trovate nel sito www.ciapi.cjb.net. Come avviene la scelta dei candidati ai corsi? Daniela spiega che quando le lezioni vengono offerte alle comunità, i leader comunitari possono indicare degli allievi. “Ma i corsi sono aperti al pubblico e le persone possono iscriversi attraverso Internet o venendo direttamente alla nostra sede”, ha detto. Paolo Cerritelli mette in evidenza che l’anno scorso la banca dati della ONG ha ricevuto circa 750 iscrizioni e attribuisce una cosí ampia richiesta al fatto che la CIAPI è l’unica istituzione italiana che mette a disposizione posti anche a brasiliani. “Concediamo gli stessi diritti alle due nazionalità. In fondo, questo è il paese che ci ospita”, dice con orgoglio. Per adesso, i corsi in andamento sono quelli di fornaio, confettiere e riciclaggio di carta. “Organizziamo anche un gruppo di studi rivolti all’esame d’ingresso all’università, formato da 50 studenti di comunità carenti di Rio”, ricorda Cerritelli, che vorrebbe anche portare avanti dei piani di sviluppo legati all’agricoltura: “è il futuro del paese”. LA SEDE DELLA CIAPI RIMANE IN RUA DUQUESA DE BRAGANÇA, 100. QUARTIERE: ANDARAÍ – RIO DE JANEIRO. ORARIO DI FUNZIONAMENTO: DALLE 09 ALLE 16H TELEFONO: (21) 2572 1176 INDIRIZZO INTERNET: WWW.CIAPI.CJB.NET 19 Notícias Petrone è il nuovo risponsabile del “Sistema Italia” Michele Valensise è il nuovo ambasciatore Urso in Brasile per promuovere il ‘made in Italy’ R R I OMA – Il patto strategico per il made in Italy stipulato fra il ministro degli Affari Esteri, Franco Frattini, e il presidente di Confindustria, Luca Cordero di Montezemolo, è al centro di un’intervista rilasciata da Frattini a Il Sole 24 Ore. Grazie all’accordo raggiunto, dall’8 novembre, Vincenzo Petrone, fino ad oggi rappresentante dell’Italia in Brasile, inizierà a lavorare in viale dell’Astronomia come coordinatore delle strategie di internazionalizzazione del Sistema Italia a fianco della presidenza. “A luglio mi ero impegnato a trovare la persona giusta. E ho mantenuto l’impegno”, ha dichiarato il capo della Farnesina nell’intervista, parlando della collaborazione come di “un evento storico per gli Esteri”. Perché proprio Petrone? Franco Frattini - Naturalmente c’era una rosa di proposte. Ma all’attivo di Petrone stavano le sue conoscenze e capacità in materia di politica economica internazionale e il lavoro in Brasile, un mercato importante per l’Italia, un gigante emergente. Nel curriculum anche la sua lunga esperienza nel campo della cooperazione che gli ha dato modo di conoscere il sistema delle imprese. Anche per Montezemolo è risultata la figura giusta. E questo è un passo importante: per la prima volta il ministero degli Esteri riconosce in modo istituzionale l’azione pubblico-privato che ha per oggetto il made in Italy e il Sistema Italia. Quali i compiti dell’ambasciatore distaccato? Frattini - La prima cosa che ci siamo detti con Montezemolo è stata: facciamo un patto strategico. Io ho trovato il diplomatico giusto, lui il ruolo utile alla causa comune del made in Italy. Ora Petrone avrà il compito di individuare le priorità strategiche dell’Italia nelle varie aree incrociandole con gli interessi degli imprenditori. (...) Farnesina lavorerà meglio se da Confindustria arriverà una chiara direttiva: l’azione all’estero si fa in collegamento con la Farnesina. Una risposta agli imprenditori che denunciano la troppa frammentarietà della presenza istituzionale all’estero e la mancanza di un’unica regia in Italia? Frattini - La mancanza di coordinamento in Italia è dovuta anche al fatto che a torto o a ragione in base a una modifica istituzionale, non certo voluta da questa maggioranza, le Regioni hanno largamente ampliato la loro azione all’estero. Alcune ora lo fanno in collegamento con la Farnesina (Lombardia, Veneto, Emilia Romagna, Lazio per citarne alcune) altre no. È una questione di volontà politica: per recuperare il tempo perso occorre bruciare le tappe in attesa anche che il Parlamento entro la fine dell’anno approvi il fondamentale ddl sull’internazionalizzazione. Quando c’è stata la volontà politica abbiamo potuto anticipare le regole con il ministro Marzano, il viceministro Urso o le regioni, con altre non è stato possibile. Lo sforzo è ora convincere anche quelli che finora sono andati da soli che il Sistema Italia è unico e deve coordinarsi. Non è troppo tardi? Frattini - Non bastano pochi mesi ma in due anni abbiamo fatto passi da gigante. Entro il 2004 all’estero saranno attivi 45 Sportelli unici con l’interazione funzionale dei funzionari Ice nelle ambasciate. Certo il coordinamento in Italia non è ancora definito, ma essere riusciti a mettere d’accordo due ministeri, Esteri e Commercio estero, che in passato neanche si parlavano...”. – Michele Valensise è il nuovo ambasciatore d’Italia a Brasilia. La nomina, recentemente deliberata dal Consiglio dei Ministri, è stata resa nota dal Ministero degli Affari Esteri (MAE), a seguito del gradimento concesso dal Governo del Brasile. Nato a Polistena (Reggio Calabria) il 3 aprile 1952, Valensise si laurea in giurisprudenza presso l’Università di Roma ed entra in carriera diplomatica nel 1975. Dopo essere stato assegnato alla Direzione Generale degli Affari Economici del MAE, è secondo segretario all’Ambasciata di Brasilia, con funzioni nel settore stampa ed economico. Nel 1981 è trasferito all’Ambasciata a Bonn, dove presta servizio alla cancelleria politica con competenze sulle questioni di politica interna e di cooperazione politica europea. Dal 1984 al 1987, durante la guerra civile libanese, è consigliere all’Ambasciata a Beirut, con funzioni vicarie del capo missione. Rientrato al MAE nel 1987, è capo della Segreteria del Sottosegretario di Stato agli Esteri. Nel 1991 è primo consigliere alla Rappresentanza permanente d’Italia presso l’UE dove è responsabile del settore delle relazioni esterne dell’Europa con i paesi dell’area mediterranea e balcanica. All’inizio del 1997 è trasferito a Sarajevo in qualità d’ambasciatore in Bosnia Erzegovina. Di nuovo a Roma nel 1999 è responsabile, al Gabinetto del ministro, dell’Ufficio per i rapporti con il Parlamento e poi capo di Gabinetto del ministro degli Affari Esteri. Nel giugno 2000 è promosso ministro plenipotenziario e dal settembre 2001 ricopre l’incarico di capo del Servizio stampa e informazione del MAE e di portavoce del ministro degli Esteri. OMA Frattini supera l’esame dell’Europarlamento S – Franco Frattini ha superato l’esame della commissione Libertà pubbliche del Parlamento europeo. Il ministro degli Esteri italiano, designato dal governo come commissario europeo della Commissione Barroso dopo la bocciatura di Rocco Buttiglione, ha avuto il via libera a grande maggioranza a commissario designato alla giustizia, libertà e sicurezza. Hanno votato a favore Popolari, Socialisti, Liberali e le destre dell’Uen, contrari Verdi e Sinistra unitaria. “In termini generali il commissario designato ha convinto sulle sue capacità personali e professionali e sulla sua attitudine ad assumere l’alto incarico per il quale è stato proposto”, si legge nella lettera firmata dal presidente della commissione Libertà pubbliche, Jean-Louis Bourlanges. “I gruppi socialisti, liberali, verdi e comunisti hanno dato un’opinione negativa riguardo al rifiuto del commissario designato di fornire una chiara valutazione della sua esperienza di governo in quelle aree relative alle sue competenze come commissario UE”. “È dovere di un commissario europeo rappresentare l’Europa e il mio primo impegno sarà anzitutto quello di essere garante dei trattati e quindi anche dell’operato dei giudici chiamati a farli rispettare”, ha risposto Frattini durante l’audizione. TRASBURGO FINI È IL NUOVO MINISTRO DEGLI ESTERI ROMA – Gianfranco Fini andrà alla Farnesina. La notizia è arrivata Editora Comunità - Comunità Italiana Rua Marquês de Caxias, 31 Centro - Niterói - RJ - 24030-000 Tel / Fax: (21) 2722-0181 dopo un Consiglio dei ministri durato un paio di ore, nel quale è stato formalizzato l’accordo sulla nomina del vicepremier alla Farnesina dove sostituisce Franco Frattini entrato nella nuova Commissione europea di Barroso. Come da prassi costituzionale il nuovo titolare della Farnesina è andato al Quirinale con Gianni Letta e Silvio Berlusconi. Dopodiché il presidente della Repubblica ha firmato il decreto di nomina del nuovo ministro. NOVEMBRO 2004 / COMUNITÀ ITALIANA l Made in Italy in Brasile piace. Per una volta non si tratta solo di macchinari, griffe, pasta, ma anche del modo di vivere, della cultura, del nostro modello industriale. Qui, del resto, abitano oltre 27 milioni di persone che hanno origini italiane. E a San Paolo una persona su tre conosce l’italiano. Questo conta anche quando si parla di insediamenti economici. Senza contare che ci si trova dinanzi ad un Paese che, accantonata la crisi economica che lo ha colpito nel 1999, adesso ha un PIL che tocca oltre il 4% l’anno. È questo il contesto in cui si inserisce la missione del vice ministro alle Attività Produttive con delega al Commercio Estero, Adolfo Urso. In una visita di tre giorni in Brasile, lui ha avuto incontri con il Ministro brasiliano dello Sviluppo Luiz Fernando Furlan, il governatore dello Stato di Minas Gerais Aecio Neves, il senatore Matarazzo Suplicy e con l’ambasciatore Andrea Matarazzo. Urso ha anche firmato un protocolle d’intesa con il Sebrae per lo sviluppo delle piccole e medie imprese e ha incontrato con il presidente della Federazione delle Industrie dello Stato di San Paolo (Fiesp) Paulo Skaf. “Si parla molto di internazionalizzazione verso la Romania e altri Paesi dell’Est – ha spiegato il Ministro Furlan – ma le imprese italiane possono guardare al Brasile come base produttiva per il mercato interno e altri mercati. Con l’apprezzamento dell’euro, il nostro Paese è diventato nettamente più competitivo dell’Europa orientale. Inoltre, si può presumere che i Paesi che sono entrati nell’Unione Europea nel medio periodo vadano verso una convergenza del costo della manodopera con la UE, come è già successo a Spagna e Portogallo”. Pienamente d’accordo si è detto il vice ministro Urso: “La nascita del distretto del mobile – ha affermato – non è che un primo passo verso la riconquista di un mercato che per noi è prioritario. A questo distretto ne seguiranno altri, nel campo agroalimentare e nel tessile”. PIÙ FORZA AI RAPPRESENTANTI DEGLI ITALIANI Quando lui è stato domandato se il recente progetto di legge che cambia la componente dei candidati che dovrebbero essere eletti all’estero non era una forma di restringere la rappresentazione degli italiani all’estero lui è stato veemente: “No assolutamente, perché nella nuova modifica costituzionale il Senato diventa un senato federale rappresentante delle Regioni italiane ed avrà compiti limitati; i compiti politici e legislativi saranno invece di esclusiva competenza della Camera dei Deputati che assumerà quindi una priorità a livello istituzionale e proprio per questo si è preferito dare maggiore rappresentanza agli italiani all’estero nella Camera Legislativa, che è quella che decide in merito alle riforme, quella che di fatto stabilisce le leggi finanziarie, quella che determina gli assetti politici in funzione del paese”. Su il Convegno dei Parlamentari di origine italiana ha affermato: “Noi dobbiamo raggiungere gli obiettivi delle istituzioni politiche per quello che abbiamo realizzato anche nei rapporti tra l’Italia e il Brasile, soprattutto nei confronti con i rappresentanti oriundi italiani nel Parlamento di Brasilia. È ovvio che poi tocca alle associazioni, alle Camere di Commercio, a gli altri organi della società civile trasferire tutto ciò a livello di opinione pubblica e raggiungere le comunità degli italiani che qui sono più rappresentativi che altrove perché ammontano a cifre da capogiro, si parla di 25 c’è chi dica 30 milioni di oriundi, quanto prima nell’arco di 10/15 anni, se continua di questo passo la natalità, saranno più italiani oriundi in Brasile che italiani residenti in Italia e tanto più qui a San Paolo che è la città che sicuramente avrà più italiani della stessa città di Roma. Noi ci auguriamo che questo lavoro di integrazine con l’Italia venga svolto con altrettanto impegno da parte delle Associazioni che rappresentano gli italiani, che potranno trovare nella prossima campagna elettorale i loro rappresentanti per il Parlamento italiano, fatto che sarà un elemento di aggregazione che servirà anche a far contare di più gli italiani che stanno qui a San Paolo e in Brasile, a livello di parlamento nazionale, a livello di parlamento italiano, questo è il nostro impegno. Per altro proprio il min. Tremaglia recentemente ha promosso una Confederazione degli imprenditori italiani nel mondo, per far valere di più coloro che hanno creato le imprese italiane nel mondo”. 21 Franco Urani – Economia Comunidade Inaugurato ad Uberlandia il polo del mobile italiano I n articolo pubblicato su Comunità Italiana all’inizio del corrente anno accennavo ad una nuova iniziativa industriale italiana nello Stato del Minas Gerais, ad Uberlandia che è la principale città del Triangolo Mineiro, di cui mi ero fatto promotore – come consulente di questo Municipio – per cercare di trapiantare una delle più brillanti realtà distrettuali italiane, quella dei mobili del Triveneto, in uno dei territori di maggiore potenzialità economica brasiliano. L’inaugurazione dell’iniziativa è avvenuta il 13 Ottobre 2004, con qualche ritardo rispetto al previsto, motivato da una ripresa economica brasiliana che solo ha cominciato a manifestarsi sensibilmente dal 2° semestre, dalle elezioni municipali, dalla necessità delle Parti coinvolte di mettere a punto i vari documenti sottoscritti che dovrebbero consentire di realizzare gradualmente, nei prossimi anni, un’iniziativa di grande interesse che dovrebbe consentire al Brasile anche buone prospettive di esportazione. Erano presenti per l’Italia il Vice Ministro delle Attività Produttive Adolfo Urso, l’Ambasciatore a Brasilia, i Presidenti della FEDERLEGNO Italia e Triveneto; per il Brasile il Ministro dell’Industria e Commercio Luiz Fernando Furlan (di origine veneta), il Segretario statale dello Sviluppo Economico Wilson Brunner in rappresentanza del Governatore del Minas Gerais Aecio Neves, il Sindaco di Uberlandia Zaire Rezende. stretto del Mobile di 1 milione di m2 che è in corso di urbanizzazione, concedendo esenzione dall’IPTU per un periodo di 10 anni. Un altro milione di m2 verrebbe acquistato all’inizio del 2005 dalla prossima amministrazione municipale, in relazione alle iniziative industriali che già si stanno delineando; • Lo Stato del Minas Gerais, con l’appoggio del Municipio e della FEDERLEGNO, costituirà inoltre dal prossimo anno ad Uberlandia, con investimento di 40,2 milioni di Reais, il primo APL (Arranjos produtivos locais) per il settore del mobile, e cioè un ente didattico di formazione e qualificazione che farà tesoro dell’esperienza italiana e soprattutto veneta per costituire inizialmente 1.200 nuovi posti di lavoro specializzati; • Oltre alla BRAVO SA, prima industria del polo alla quale partecipano per il 57% grandi industriali veneti (che potranno poi sviluppare le loro specifiche produzioni) e per il 43% impresari di Uberlandia specie del settore logistico (MARTINS) il cui fatturato 2005 è previsto in R$ 130 milioni ed appena con il 1° dei 4 moduli previsti, hanno sottoscritto protocollo di intenzione per installarsi nel nuovo polo altri 3 notevoli complessi italiani e sempre in jointventure con brasiliani, nel settore sofà/poltrone di cuoio, arredi per ufficio e arredi per bagno; • Inoltre, già si stanno trattando altri investimenti per il 2° modulo del distretto, relativi a industrie di mobili di cucina, sedie e componenti. Si prevede inoltre che una miriade di piccole botteghe artigianali attualmente operanti ad Uberlandia si trasformeranno gradualmente in piccole unità industriali specializzate, d’accordo con la filosofia del distretto; • Infine, dato il previsto afflusso di tecnici italiani ed ai già molti discendenti provenienti specie dal Sud Brasile, è stata prevista l’apertura di un Consolato italiano ad Uberlandia alle dipendenze di quello di Belo Horizonte, con un console onorario locale. “Da questa cooperazione potranno scaturire fatti dinamici e positivi di interesse reciproco” GLI ACCORDI ENUNCIATI SONO STATI I SEGUENTI: • Appoggio istituzionale dell’Italia all’iniziativa già avviata con tecnologia d’avanguardia e che dovrà costituire un modello per altri investimenti italiani in Brasile. Ciò in pratica significa sopporto finanziario, credito agevolato, innovazione tecnologica, design; • Appoggio del Governo federale brasiliano, mediante incentivi per le future esportazioni previste soprattutto in USA, Canada, Messico, Inghilterra, Paesi del Mercosud. L’iniziativa italiana viene infatti considerata rivoluzionaria nella sua concezione distrettuale ed un complemento rilevante all’agrobusiness brasiliano che ha avuto in questi ultimi anni grosso successo; • Lo Stato del Minas Gerais garantisce poi all’iniziativa tutti i possibili incentivi in termini di ICMS, sia per l’importazione (macchinari, materie prime, componenti se non fabbricati nello Stato), sia come differimento di pagamento ai fini della costituzione del necessario capitale di giro; • Il Municipio di Uberlandia già ha investito 5 milioni di Reais nell’acquisto della prima parte del Di22 Credo che da questa cooperazione Italia/ Brasile che nasce sotto i migliori auspici, potranno scaturire fatti dinamici e positivi di interesse reciproco, quali espansione dei mercati, aumento dell’export di entrambi i paesi mediante il complemento dei prodotti nelle reti, razionalizzazione dei sistemi di produzione sulla base della validissima esperienza distrettuale italiana, ancora maggiore approssimazione tra paesi già tra loro congeniali, contributo alla conoscenza nell’UNIONE EUROPEA della formidabile potenzialità economica brasiliana. esteri Luigi Filippo si congeda dall’ACIB Pasquale Terracciano nuovo capo del servizio stampa della farnesina R OMA - Il ministro degli Affari Esteri, Franco Frattini, ha nominato oggi, 14 ottobre, Pasquale Terracciano, attualmente vicecapo del suo Gabinetto, a capo del Servizio Stampa e Informazione e portavoce del Ministro degli Esteri. Terracciano, che subentra Michele Valensise, destinato all’Ambasciata in Brasile, assumerà l’incarico a partire dal mese di novembre 2004. Nato a Napoli nel 1956, laureato in giurisprudenza nel 1978, avvocato, Terracciano entra in carriera diplomatica nel 1981. Svolge i primi incarichi alla Direzione Generale del Personale (ufficio giuridico, capo segreteria del direttore generale) è console a Rio nel 1985 e primo segretario alla NATO in Bruxelles nel 1989. Rientrato a Roma nel 1993, lavora al Coordinamento comunitario della D.G. Affari Economici ed è successivamente nominato consigliere del Gabinetto del ministro Susanna Agnelli. Dal 1996 al 2000 è primo consigliere dell’Ambasciata d’Italia a Londra, nonché direttore aggiunto per l’Italia nella Banca Europea per la Ricostruzione e lo Sviluppo. Nel 2000 torna alla Rappresentanza alla NATO come primo consigliere e dal 2001 è vicecapo di Gabinetto del Ministero degli Esteri. (aise) COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 In intervista a Comunità, il professore racconta come ha superato i problemi finanziari dell’Associação e critica l’Ambasciata italiana per la mancanza d’iniziativa quando si tratta della diffusione della lingua italiana in Brasile Andressa Camargo D opo sette anni di mandato, molti problemi e qualche conquista, il professore di matematica Luigi Filippo lascia la presidenza dell’ Associação Cultural Ítalo-Brasileira di Rio de Janeiro (ACIB), orgoglioso del lavoro d’amministrazione che la sua equipe è riuscita a portare avanti in questi anni. Nell’intervista rilasciata a Comunità afferma che usando delle regolette di contenzione di spese ispirate all’economia domestica è riuscito ad equilibrare i conti dell’Associação – che offre corsi di lingua italiana, sussidiati dal governo italiano a modici prezzi, nello Stato di Rio de Janeiro – e anche a lasciare in cassa una somma tale da garantire l’inizio del 2005: “Dobbiamo essere preparati se per caso i contributi del Ministero Affari Esteri dovessero ritardare, NOVEMBRO 2004 / cosa che ultimamente sta accadendo con una certa frequenza”. Nato a Paola, in Calabria, Filippo è arrivato a Rio de Janeiro il 10 dicembre 1933 con la madre. Il padre era già venuto due anni prima per trovare un impiego e mettere su casa. Filippo ha frequentato la scuola elementare presso la scuola italiana Principe di Piemonte, che aveva sede presso la Casa d’Italia e quando – durante la guerra – la scuola è stata chiusa, si è iscritto ad una scuola pubblica brasiliana. “Mio padre non mi ha mai potuto pagare gli studi” ha detto lui che, all’inizio degli anni Cinquanta, ha lottato per conseguire una borsa per la Facoltà di Matematica. “Sono stato molto felice con la mia professiore.” Quando, alla fine del 1997, ha accettato la presidenza dell’ACIB, il professore era già COMUNITÀ ITALIANA in pensione e si è imbattuto in una serie di difficoltà: lo stipendio dei professori non veniva pagato da ben quattro mesi, cosí come gli affitti e le tasse condominiali delle aule. La situazione, causata dai ritardi dei depositi dei contributi ministeriali, era stata riferita al presidente della Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro (SIBMS), Giambattista De Giuseppe, che ha subito indicato Filippo per l’incarico, giacché il mandato del suo antecessore stava per scadere. “Credo di essere stato scelto dovuto ad una serie di motivi: il lavoro qui è volontario, ma esige dedicazione, quindi doveva essere scelto qualcuno con disponibilità di tempo e che appartenesse alla comunità”, ha spiegato Filippo. Secondo il professore, i problemi di contabilità sono stati risolti grazie a semplici regole di contenzione: “Si può spendere soltanto ciò che si trova in cassa, senza contrarre debiti a scadenza. Tutti gli anni, quando i soldi arrivano, calcolo le nostre spese fisse e metto da parte il valore corrispondente. Se avanza qualcosa, possiamo pensare a comprare equipaggiamento o a contrattare un’altra persona”, dice. Grazie a tanta dedicazione, il professore avrebbe potuto tentare una nuova rielezione – ha già concluso due mandati e gli hanno anche chiesto altri 15 mesi di proroga – ma dice di essere stanco e di doversi occuparsi di problemi di salute che ha in famiglia. Oltre agli aiuti del Ministero, per funzionare l’ACIB può contare sui soldi delle iscrizioni degli studenti e sugli accordi con scuole comunali. In tutto sono circa 3500 studenti: 800 adolescenti e adulti che pagano i corsi, 2700 bambini dalla prima all’ottava serie (N.T.: dalla prima elementare alla terza media), alunni della scuola pubblica brasiliana. “Qualche volta viene firmato un contratto con ditte che vogliono offrire lezioni di portoghese ad italiani appena arrivati. Ma si tratta di situazioni sporadiche, non ci possiamo contare”, dice Filippo. Quando gli si chiede di dire qualcosa sulla politica di diffusione della cultura italiana in Brasile, il professore critica la mancanza d’iniziative dell’Ambasciata presso il Ministério da Educação brasiliano. Lui crede che l’insegnamento della lingua italiana dovrebbe essere regolarizzato come materia optativa nelle scuole pubbliche, cosí come lo spagnolo e il francese. “Non dovremmo dipendere dalla simpatia dei direttori delle scuole. A New York, già dall’anno prossimo le lezioni di italiano verranno offerte gratuitamente nelle scuole statali”. Chi dovesse essere interessato ad iscriversi ai corsi dell’ACIB deve recarsi presso il terzo piano della Casa D’Italia do Rio de Janeiro. Indirizzo: Avenida Presidente Antônio Carlos, 40 – Centro. Le iscrizioni saranno aperte a partire dal gennaio 2005 e i prezzi sono diversi: R$ 100,00 a semestre per discendenti di italiani e R$ 150,00 a semestre per brasiliani – che saranno accettati soltanto in classi incomplete. 23 m foco 1 Schienze 2 Região vinícola da Toscana ameaçada O Beleza brasileira no calendário Pirelli 2005 3 4 O mercado brasileiro está recebendo atenção especial da Pirelli neste fim de ano. A empresa italiana, conhecida mundialmente pela fabricação de pneus e cabos de telecomunicação, escolheu o Rio de Janeiro como cenário para a versão 2005 de seu famoso e sensual calendário, produzido há 41 anos. Para que as fotos ficassem ainda mais atraentes, a Pirelli contratou belas modelos brasileiras: Liliane Ferrarezi (abaixo) posou no Alto da Boa Vista, e Adriana Lima (acima), na praia de Ipanema. O calendário foi lançado no dia 18 de novembro, em festa realizada no Forte de Copacabana, na qual estava presente o embaixador italiano Michele Valensise. Mas não é só isso. A empresa, que tem investido também na área de moda, decidiu trazer sua grife, a Pzero, para Brasil. A marca ainda é pouco conhecida por aqui, mas, na Itália, onde nasceu há cerca de dois anos, concorre com nomes como Prada e Gucci. 5 1 - O diretor do Istituto Italiano di Cultura, Franco Vicenzotti, recebeu do deputado estadual Edino Fonseca, a Comenda máxima da Assembléia Legislativa. Fizeram parte da mesa, entre outros, o cônsul Massimo Sassi e o procurador-geral do Estado Francesco Conte; 2 - Marco Lucchesi e Pietro Petraglia em solenidade na Academia Brasileira de Letras que marcou a entrega dos títulos de “Poeta do Ano” e “Personalidade Cultural”, respectivamente. Os títulos foram entregues pela União Brasileira de Escritores. O diretor do IIC-RJ Franco Vicenzotti (à esq.) prestigiou a entrega; 3 - A escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel se apresenta com o grupo folclórico da Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro. Na foto, a graça das dançarinas, que se apresentaram para especial da TV Globo; 4 - O cônsul da República de San Marino Giuseppe Lantermo di Montelupo com Jean Todt, da Ferrari, Aluizio Rebello e Regina Lucena da Fundação Criança, em SP; 5 - Max Tommasi, Toni Bellotto, Malu Mader, Sergio Pappalettera e Patrizia Pappalettera na inauguração da Mostra Tropitalia realizada pela Editora Comunità no Centro Cultural da Justiça Federal do Rio de Janeiro. O evento faz parte do calendário de comemorações de 10 anos de ComunitàItaliana. 24 SOPHIA LOREN: SETENTONA E BELA N o dia 21 de outubro, Roma festejou os 70 anos de Sofia Loren, o último sex symbol de uma fantástica geração de grandes personalidades do cinema mundial. Ainda em atividade, a atriz acaba de participar da filmagem de Piperoni ripiene e pesci in faccia, que será lançado pela TV italiana no próximo ano. COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 sabor do vinho Chianti, um dos mais prestigiados da Toscana, está ameaçado pelo aumento da temperatura global. Foi o que revelou um estudo da Southern Oregon University, nos EUA, coordenado pelo climatologista Gregory Jones. Ao todo, 27 regiões produtoras de vinho, localizadas em diferentes países, serviram de objeto para a pesquisa, que se divide em duas partes. Na primeira, o professor e sua equipe analisaram cadastros referentes à qualidade das colheitas nos últimos 50 anos para, em seguida, comparar os dados obtidos com as médias de temperatura nas épocas de crescimento das plantações. “Entre 1950 e 1999, houve, em média, um aumento de 1,26ºC sobre as mais importantes regiões vinicultoras do mundo”, afirma o professor. “Esses índices de aquecimento parecem ter sido benéficos para a expansão dos plantios, mas a situação irá mudar”, prenuncia. A segunda parte do estudo estabelece previsões para as futuras cinco décadas. A temperatura continuará aumentando, e alguns vinhedos bastante férteis hoje em dia - como os da Toscana -, por já se encontrarem em lugares quentes, devem sofrer com o amadurecimento excessivo das safras e a ocorrência de pestes. Em alguns casos, os problemas econômicos poderão ser evitados: “Além de utilizar aparatos tecnológicos para moderar esses impactos, o produtor talvez precise escolher outros tipos de uva para semear”, explica Jones. “De qualquer modo, as transformações terão como conseqüência a perda da identidade cultural de várias comunidades”, conclui. Em contrapartida, regiões produtoras um pouco mais frias, como o Vale Rhine, na Alemanha, conseguirão, daqui para frente, safras mais consistentes e proveitosas. Por fim, o aquecimento global pode vir a propiciar o aparecimento de novas localidades vinicultoras e, logo, de novas variedades de vinho. (Andressa Camargo) Per amore della genomica C – “La genomica è come un telescopio. Puntato dritto verso un cielo stellato di cui ancora non si conoscono i confini. Nè i nomi delle innumerevoli stelle che lo popolano”. A Sebastiano Cavallaro, ricercatore dell’’Istituto di scienze neurologiche (Isn) del Cnr e responsabile del Centro di genomica funzionale di Catania, di certo non manca “il senso della frase”. E nemmeno l’’arte oratoria. Intesa nella sua migliore accezione, quella cioè di arte finalizzata a trasmettere passione per la ricerca e amore per la scienza. “Soprattutto ai giovani, puntualizza, che muovono i loro primi passi in un mondo dove l’’entusiasmo è la prima vera carta vincente”. Ed è stata proprio la sua implacabile curiosità, che, insieme alla tenacia e allo studio, lo ha condotto a individuare, insieme a un gruppo di ricercatori da lui coordinati, i geni che regolano l’’apoptosi neuronale, un processo di morte che ha un ruolo fondamentale nell’’insorgenza di gravi malattie neurodegenerative come l’’Alzheimer e il Parkinson. “Il progetto di studio - racconta - è partito nel 1999, ed è stato il coronamento di anni trascorsi in Italia e all’’estero, in America, a fare ricerca nel settore della genomica. Aver individuato i meccanismi che sovrintendono la morte cellulare, fisiologica o patologica, è di enorme importanza e potrebbe costituire un grande passo in avanti nella cura delle malattie neurodegenerative”. La sua avventura comincia a Catania, quando fresco di laurea in medicina decide di abbandonare la strada della specializzazione ospedaliera per intraprendere quella della formazione accademica. Oggi Sebastiano Cavallaro è responsabile di un nuovo centro di Genomica funzionale, con sede a Catania. (aise) ATANIA Alla scoperta dei problemi psichici dei bambini brasiliani “S ofrimento Psicológico e Baixa Estatura na Infância” è il titolo della nuova ricerca condotta dalla psicólogas dell’Universidade Federal de São Paulo Vanda Mafra Falcone, brasiliana di origine italiana e la sua collega Vânia Vieira Costa. La tesi principale portata avanti dalla Falcone è che ci possono essere problemi psicologici alla base di una bassa statura: sono quelli insorti nel corso della vita intrauterina del feto, connessi con eventuali interruzioni o ritardi nella crescita. Lo studio che offre spunti di riflessione rivela passaggi della vita di un feto che spesso, secondo l’autrice, “non vengono percepiti da pazienti e pediatri”. E’ stata in particolare la Falcone a indagare sulla psicologia di 342 bambini della scuola pubblica della zona sud di San Paolo durante il 2000: obiettivo era quello di cercare i turbamenti che possano aver interferito con la crescita della statura; la sua collega invece ha proseguito nell’indagine conseguenze. (News ITALIA PRESS) Sapori d’Italia Alessa Migani Ezio Maranesi Pomodori Da feira à festa H R odrigo Martins non é certamente un nome italiano, ma il suo ristorante “POMODORI” é tra i piú italiani di San Paolo. Giovanissimo, 28 anni, e figlio d’arte, il padre gestiva un ristorante in Paraná, ha da sempre la passione della buona cucina. Frequentó la scuola del SENAC di Aguas de San Pedro e si perfezionó con Laurent. La sua formazione é pertanto francese. Una breve parentesi con Gualtiero Marchesi, una certa simpatia per l’Italia ma principalmente una indagine ragionata lo portarono a scegliere la cucina italiana il giorno in cui decise di aprire, all’inizio del 2001, insieme al socio chef Jefferson Roueda, il suo “piccolo grande ristorante” in Itaim, bairro “in” di San Paolo. Nei piatti di Rodrigo si sente talvolta qualche influsso francese o brasiliano ma, nella sostanza, essi sono italianissimi. Italiana é l’unica acqua minerale che ti é offerta, italiani sono gli olii d’oliva che provengono da differenti regioni d’Italia, italiana é l’intera ricca lista dei vini, ben scelta tra quanto di meglio l’Italia offre (unica eccezione gli champagne rigorosamente francesi), italiani i 12 vini da dessert e le 14 grappe. Il menu offre anche i formaggi, cosa rara in Brasile ma bene in sintonia con la cultura gastronomica italica. La scelta dello stile italiano gli ha dato ragione: é difficile trovare posto nel ristorante POMODORI, ed é praticamente necessario prenotare. E cosí é giusto che sia; San Paolo é la maggior cittá italiana del mondo ed ha un grandissimo numero di ristoranti ispirati all’Italia, ma quelli veramente “italiani” sono ben pochi. Le “cantine”, ristoranti dell’etá dell’emigrazione, di italiano hanno solo i mandolini; gli altri hanno spesso subito la forte influenza dei gusti e della cultura locali, perdendo quindi le caratteristiche dei ristoranti dell’Italia di oggi. La recente rivista Veja passa in rassegna il panorama della ristorazione a San Paolo e nella sezione “ristoranti italiani alta cucina” descrive solo sette locali. POMODORI é uno di questi, e due critici su dodici lo hanno segnalato come il migliore. Onore e complimenti quindi a Rodrigo che, cosí giovane, ha dimostrato, con talento e determinazione nelle scelte, che a San Paolo c’é voglia di buona cucina italiana. Se desiderate visitarlo, ricordatevi di prenotare. POMODORI RUA DR. RENATO PAES DE BARROS, 534 04530-000 SÃO PAULO TEL. 31683123 - [email protected] Os chefs Rodrigo Martins e Jefferson Roueda, sócios do Pomodori Gisele Maia á dois anos a designer e publicitária Alessandra Migani decidiu investir em sua carreira como estilista. Desde então, ganhou projeção em publicações internacionais, como a revista italiana Collezione e o periódico inglês The Observer, que dedicou quatro páginas à esta carioca de 32 anos e à “Casa da Alessa”, seu lar-atelier em Ipanema. Durante um mês, teve uma vitrine exclusiva para o lançamento de sua marca na maior loja de departamentos de Londres, a Selfriedges. Suas criações caíram no gosto do público, como as calcinhas com dizeres bem-humorados, hoje copiadas até por camelôs, e a volta do tecido de chita em grande estilo. A influência da Itália não se restringe a Milão: filha de um romano que veio para o Brasil como representante da Ferrari e da Alpha Romeu, foi criada no universo do design sofisticado dos carros e sapatos italianos do pai. Ele, protagonista de uma das mais curiosas histórias da família, nasceu na sétima coluna de San Pietro, em1937, quando uma enchente alagou o Vaticano, onde morava com os pais, e tornou impossível a chegada até o hospital. Foi através dele que Alessa, há um ano, tomou conhecimento do diploma de ‘Sarto del Papa’ (Alfaiate do Papa) de seu bisavô. “Incrível como a minha vida toda eu não soube desse veio!”, conta. Em seu primeiro desfile, em junho deste ano, inovou ao levar para a passarela vestidos de toalha plástica de mesa e pano de prato, colares de garfos de batedeira e um chapéu de palha de aço. Foi a própria Alessa quem abriu o evento, com a leitura de um manifesto “Pela liberdade de ser maravi- Bolsa de regador, modelos de chita e as famosas calcinhas by Alessa. Na Casa da Alessa: Rua Nascimento Silva, 399, Ipanema. Tel.: 2287-9939. www.alessa.com.br 26 COMUNITÀ ITALIANA / NOVEMBRO 2004 NOVEMBRO 2004 Moda / lhosa, ainda que cotidiana”, e também encerrou, usando um vestido de noiva de Perfex, chapéu de coador e buquê de espanador – criação que chamou de “Amélia Perfeita”. Seu tema “Sindicato das Donas de Casa”, fez chiar feministas como Rose Marie Muraro. Sobretudo porque, na mesma época, Domenico Dolce e Stefano Gabbana colocaram suas modelos para desfilar em cima de máquinas de lavar. As coincidências não ficaram por aí: na semana seguinte, uma revista americana publicou beldades também de avental e espanador. Graduada em Desenho Industrial na UERJ, em 1997 foi para Londres cursar o mestrado em Graphic Design da Central San Martins College of Arts & Design. Antes, morou três meses em Milão, onde pesquisou cursos, conheceu a Domus, fez estágio na Kartel e trabalhou com propaganda, para a Young & Rubicam. “Quando retornei, voltei para a Young & Rubicam no Rio. Desde então nunca mais deixei a propaganda. O design ousada”, diz. E, bem-humorada, tem muito conceito estético, formal, mas não tem o humor e completa: “O mais incrível é ver no o imediatismo da propaganda. Há dois anos esse misto mudou camelô. Aí é sinal de muito sucesmais ainda com a interferência da moda”. Com uma atuação so! Uso uma linguagem universal, tão ampla, não é a toa que que vai da feira à festa”. foi convidada pelo diretor do Alessa, que não tem Instituto Europeu de Design peças verde-amarelas (as na Itália para dar aulas na cores do verão romano futura filial de São Paulo. deste ano), sente prazer Desde criança visita a em ver nossa bandeira Itália com freqüência. Ainda propagada no exterior. assim, teve uma grande surNo exterior, apesar do presa em 2002, quando ficou passaporte italiano, semdez dias em Milão e viu que pre se apresenta como muitas das coisas que fazia brasileira. Além disso, por aqui podiam ser enconnão nega um outro lado, tradas nas ruas mais sofistique muitos classificam cadas da capital italiana da como pejorativo: “Para moda. Ela, então, compromim a bunda também é vou o que vários clientes uma bandeira. Não tenho italianos já diziam. “Muitos problema algum de faficavam impressionados, dilar da estética do Brasil ziam que eu tinha ido lá através da mulher, do fue copiado! Foi incrível ver tebol, do Carnaval. Não é coisas que crio em vitrines preciso esconder isso. Ou caríssimas da Via della Spiga será que a beleza não é e da Monte Napoleoni. Isso importante?”, questiona. Alessa “Amélia Perfeita” me deu muita confiança”. Recém chegada do Sobre a possibilidade de ser copiada, Alessa diz não ser raro México, onde foi jurada na Bienal ver peças iguais às suas em revistas italianas um ano após terem de Design, ela adianta à Comunisido lançadas por ela. E fala com tranqüilidade e segurança que tà que a próxima coleção trará a não acredita ter sido por acaso que recebeu a visita de Gianfran- América Latina como tema e diz co Ferré. “Eu ainda não tinha nenhuma matéria internacional ter sido inspirador o contato com publicada. Ele veio aqui e comprou pe- os profissionais latinos. “A gente ças que criei. Tenho certeza que era pes- tem muito o que celebrar, não só quisa para coleção dele”, afirma Alessa. o Brasil, mas quem está em volta Mas tudo isso não chega a ser uma também. A moda tem que ter um preocupação para ela. “Toda essa sofis- recado. O meu desfile, com o “Sinticação do popular, por exemplo, não dicato”, veio para deixar uma menexistia há dois anos, quando eu come- sagem de que o cotidiano precisa cei. Tanto que as pessoas vinham me ser repensado, com diversão e hucumprimentar, me achavam corajosa, mor. Aguardem o próximo!”. COMUNITÀ ITALIANA Alessa se diverte criando e tem no humor sua matéria-prima 27