Ajuda italiana no coração da Rocinha

Transcript

Ajuda italiana no coração da Rocinha
A
M A I O R
M Í D I A
D A
C O M U N I D A D E
Í T A L O - B R A S I L E I R A
www.comunitaitaliana.com.br
Diretor - Presidente: Pietro Domenico Petraglia
Ano 10
Nº82
Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2004
Diretor: Julio Vanni
Intervista: Bellelli,
nuovo console
generale a Rio
As referências
italianas da estilista
Alessa Migani
ISSN 1676-3220
R$ 4,50
Turismo: A magia
das ilhas Eolie
Ajuda italiana no
coração da Rocinha
COSE NOSTRE
Julio Vanni
NOVO EMBAIXADOR SE ENCONTRA COM COMITES DO RIO
FUNDADO EM MARÇO DE 1994
DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
DIRETOR:
Julio Cezar Vanni
VICE-DIRETOR EXECUTIVO:
Adroaldo Garani
PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:
Editora Comunità Ltda.
TIRAGEM:
30.000 exemplares
ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:
22/11/2004 às 17:30h
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Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Bahia, Minas Gerais,
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REDAÇÃO:
Andressa Camargo,
e Gisele Maia
REVISÃO / TRADUÇÃO
Davi Raposo, Cristiana Cocco
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Alberto Carvalho
FOTO DE CAPA:
Ernane D. A.
COLABORADORES:
Franco Vicenzotti – Braz Maiolino
– Lan – Giuseppe D’Angelo (in
memoriam) – Pietro Polizzo
– Giovanni Crisafulli – Venceslao
Soligo – Marco Lucchesi –
Luca Martucci – Domenico De
Masi – Nanci Bernardi Minuscoli
– Vittorio Medioli – Franco Urani
– Francesco Alberoni – Rafaella de
Antonellis – Giovanni Meo Zilio Guido Sonino - Fernanda Maranesi
CORRESPONDENTES:
Ana Paula Torres (Roma)
Guilherme Aquino (Milão)
Comunità Italiana está aberto às
contribuições e pesquisas de estudiosos
brasileiros, italianos e estrangeiros.
Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente,
as opiniões e conceitos da Revista.
La rivista Comunità Italiana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed
esperti brasiliani, italiani e estranieri. I
collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non
riflettono necessariamente il pensiero
della direzione.
ISSN 1676-3220
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
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ariana, histórica cidade de Minas Gerais, recebeu a visita
de Andréa Tagliasacchi, presidente da Província de Lucca.
Representando sua cidade e o governo da Toscana, ele inaugurou o Projeto Vida Nova, que beneficia meninas e adolescentes
em situação de risco, visando o desenvolvimento educacional,
cultural e religioso. Compareceram o ex-embaixador da Itália,
Vicenzo Petrone; o cônsul geral da Itália em Minas Gerais,
Gabriel Annis, o arcebispo de Mariana, D. Pedro Mendes de
Almeida, o presidente da Associação Teresiana Missionária, Alfredo Bandos e o professor Italo Bertoletti, presidente da Casa
d’Itália de Barbacena.
Boas
Mudanças
umo ao seu 11 ano, Comunità Italiana chega aos
leitores renovada. A partir desta edição, teremos
mudanças no conteúdo, mais variado e rico, na
apresentação e no acabamento gráfico. Essa iniciativa dá mais dinamismo à publicação, tornando-a mais agradável para você, que terá acesso ao mundo
italiano através de reportagens produzidas por correspondentes ou pela equipe de jornalismo local, empenhada em noticiar os fatos mais importantes da comunidade, estampados em novo visual de revista.
Depois de 10 anos de jornalismo, Comunità tornou-se um veículo de relevância para o relacionamento bilateral entre Brasil e Itália, para isso nos impomos metas que se refletem a cada edição. Esperamos sensibilizar os setores público e privado para a importância de patrocinar iniciativas que tenham
os ítalo-brasileiros como público alvo, mostrando o potencial deste network.
O mês de novembro também trouxe mudanças na Farnesina. O Ministério das Relações Exteriores tem
agora em seu comando o líder de direita, Gianfranco Fini (Aleanza Nazionale), que entrou no lugar de Frattini, designado ao Europarlamento. Fini nasceu em Bologna, em 3 de janeiro de 1952, e se formou em Psicologia. Atuou
como jornalista a partir de 1979. Desde 1977 liderou movimentos políticos
e se elegeu deputado pela primeira vez em 1983, ocupando importantes cargos em sua carreira. Foi eleito presidente de AN em 1995; representante do
governo na Convenção Européia em 2002; e, até a nomeação atual, ocupava o cargo de vice-presidente do Conselho dos Ministros.
No Brasil, nosso novo embaixador, que assumiu no último dia 16, é Valensise, dinâmico diplomata que entra no lugar de Petrone, agora responsável pelo Sistema Itália, visando a expansão do made in Italy. Nascido em
Polistena, na Calábria, Valensise, de 52 anos, já havia ocupado o cargo de 2o
secretário da Embaixada em Brasília. Ele deixa o cargo de chefe do Serviço
Pietro Petraglia
de Imprensa da Farnesina para o ministro plenipotenciário Pasquale TerraEditor
ciano, que foi cônsul no Rio. E por falar em nosso estado, tivemos a recente
chegada do cônsul geral Massimo Bellelli, que concedeu entrevista publicada nas páginas 4 e 5, onde demonstra se empenhar em importantes projetos para a comunidade, destacando as áreas social e cultural.
Nesta edição, nossa reportagem sobe o morro e mostra o trabalho de uma italiana na maior favela da
América Latina. A repórter Gisele Maia, acompanhada do repórter-fotográfico Ernani Assumpção, entraram nos becos da Rocinha e, da laje da creche Saci Sabe Tudo, nos trouxeram esta matéria exclusiva. Se
no alto a presença italiana se faz notar, foi num espaço de mais de 45 mil metros quadrados, no bairro
do Andaraí, que Andressa Camargo concluiu sua matéria “Ong italiana promove educação no Brasil”.
No Comunità deste mês também tem glamour, ou melhor, tem a arte que está no perfil italiano de
uma das maiores designers da moda na atualidade: Alessa Migani.
Você poderá conferir também como os italianos, um dos povos que mais emigrou até os anos 70,
estão reagindo ao problema da imigração de novas etnias, através de texto assinado pelo correspondente em Milão, Guilherme Aquino.
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iante dos recentes (ou, por que não, freqüentes) fatos que ligam deputados a esquemas de extorsão, por aqui como pela bota – “Indagine sui lavori pubblici: 52 arresti Coinvolti anche tre deputati,
il presidente della giunta e del consiglio regionale. Accuse: scambi elettorali con clan mafiosi”, Corriere
della Sera (22/11/04) – vale a pena colocar a questão: como agir diante da corrupção? O cronista de
Mosaico, Francesco Alberoni, nos responde da seguinte forma:
“Quando temos um objetivo, devemos ser tenazes, pacientes, adaptáveis, comprometidos. Mas existe sempre um limite, pois se nos comportamos em total contraste com os nossos fins, perdemos a dignidade e o senso da vida”.
A resposta precisa de Alberoni nos remete a Garibaldi. Republicano que tornou possível o Reino da
Itália, foi humilhado pelo seu governo e mesmo assim continuou a combater e a vencer pela sua pátria.
Amado em todo o mundo, não suportava as intrigas e hipocrisias dos medíocres que dominavam a nação que ele ajudou a criar. Assim retirou-se daquele cenário, exilando-se na ilha de Caprera, para não
trair seus sonhos, e hoje é reverenciado com seu busto em milhares de praças públicas.
Como Garibaldi, não são poucos os casos de exílio de pessoas que mantiveram coerência com seus
ideais. Essa atitude não devemos esperar do próximo, mas praticá-la para o bem de nossa comunidade
(ou, por que não, de nossas vidas).
EDITORIAL
Entretenimento com cultura e informação
COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
GOVERNADOR DE LUCCA
EM MARIANA
LUCCHESI VÃO
COMEMORAR 20 ANOS
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Assumindo o cargo de embaixador no Brasil no dia 16 de novembro, Michele
Valensise, após três dias, se reuniu com o Comitê dos Italianos no Exterior do Rio
de Janeiro. Na pauta, discutiu-se além de Assistência e Cultura, a reestruturação
do prédio da Casa d’Italia e a instalação de uma filial do Istituto Italiano per il
Commercio Estero para o Rio. No centro da foto, o cônsul geral Massimo Bellelli,
o presidente do Comites, Franco Perrotta, e o embaixador Valensise.
Associazione Lucchesi nel Mondo do Rio de Janeiro vai
festejar, no dia 4 de dezembro, seus vinte anos de
existência. Fundada por Renato Sbragia e outros vinte
lucchesi residentes no estado, a entidade conta com mais
de cem famílias de luqueses e toscanos que anualmente
se reúnem nessa data a fim de se confraternizarem e evocarem suas tradições.
SOCIEDADE ITALIANA PERDE
JOSÉ MARIO SANTORO
Com a morte do presidente,
Antônio Aldo Chianello assume
a administração da SIBMS
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oi enterrado no dia 9 de novembro, às 11
da manhã, no Cemitério São João Batista
do Rio de Janeiro, José Mario Santoro, então
presidente da Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro (SIBMS). O administrador de
empresas morreu aos 75 anos, em sua casa, vítima de uma parada cardíaca.
José Mario Santoro chegou à administração da SIBMS em 1995, como vice-presidente. Dois
anos depois, devido à ausência de Giambattista Di Giuseppe, por motivo de doença, Santoro assumiu a cadeira da presidência e decidiu concorrer às eleições de 1998.
Nessa ocasião, conseguiu o maior número de votos, mas não pôde assumir o cargo imediatamente. “Como a diferença foi muito pequena, a chapa da oposição levou o caso para a justiça
e embargou a posse dos vencedores”, explica Sandra La Torre, assistente da direção da SIBMS
há cinco anos. “Enquanto isso, Santoro se manteve como vice em exercício, respondendo pela
presidência. Somente em 2001, o juiz lhe concedeu ganho de causa”, conclui ela. José Mario
Santoro se tornou presidente da SIBMS em março desse mesmo ano. Entre suas conquistas, está
a abertura, em junho de 2003, de um grande centro filantrópico - localizado no Grajaú -, que
presta serviços médicos de pediatria, ginecologia e clínica geral às comunidades do Morro do
Encontro, Morro de São João, Divinéia e Morro do Andaraí.
O lugar de Santoro na administração será preenchido pelo oftalmologista Antônio Aldo Chianello, seu vice desde março de 2004, quando Santoro foi reeleito: “Vou permanecer no cargo até o
final do mandato, em 2007, como prevê Estatuto da SIBMS”, anuncia Chianello. O novo presidente
afirma que dará continuidade aos projetos do amigo Santoro, que incluíam a implementação de uma
UTI intermediária e de um centro de oncologia clínica no Hospital Italiano. “Ainda não me familiarizei perfeitamente com a papelada, as contas, os problemas”, fala. “Mas a equipe médica vem me
ajudando bastante e, juntos, vamos conseguir manter a credibilidade do Hospital”, completa ele.
No dia 22 deste mês de novembro, Chianello concorre ainda à presidência da Associação Cultural Ítalo-Brasileira (ACIB). Se a sua chapa, que não possui concorrentes, for aprovada pelos
votantes, o médico se dividirá entre os dois compromissos: “nada impede que eu divida o meu
tempo entre esses dois trabalhos”, justifica Chianello, que diz estar dormindo duas horas por
noite nos últimos dias. (Andressa Camargo)
NOVEMBRO 2004
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COMUNITÀ ITALIANA
PRESENÇA ITALIANA NA ALERJ
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droaldo Peixoto Garani, ítalo-brasileiro
com origens em Savigno (província de
Bologna), assume segundo mandato como
deputado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio. Depois de retornar de viagem
onde reencontrou suas raízes e estudou a
língua e a cultura italiana por dois meses,
Garani diz que vai legislar também para a
Comunidade Italiana.
MENOS IMPOSTOS PARA
ITALIANOS E BRASILEIROS
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rasil e Itália caminham juntas, ao menos quando o assunto é desonerar os
bolsos dos cidadãos. Reduções nas alíquotas de impostos de renda de pessoas físicas a partir de janeiro é apenas uma das
promessas de Berlusconi, que pretende,
com esta medida, aumentar sua popularidade e ter a certeza de que chegará ao
fim de seu mandato com chances de ser
reeleito. “Acredito que para ter a credibilidade dos italianos, precisamos de um Estado que custe menos. Queremos aumentar
o PIB em meio por cento ao ano, se os
italianos nos apoiarem, até 2008”, afirmou
Berlusconi em recente entrevista.
No Brasil, além do Imposto de Renda, o
governo aprova medida que reduz impostos
– que chegam a 45,4% no caso de eletrodomésticos – cobrados em bens duráveis
e não-duráveis. Assim, o governo Lula dá
maior poder de compra à população e busca aquecer a economia. (P. P.)
3
Atualidade
Atualidade
I quattro
pilastri del
nuovo
console
generale
di Rio
“Gli aiuti del Governo italiano qui sono superiori in
relazione al Consolato di San Paolo”
Pietro Petraglia
I
l nuovo console generale d’Italia a Rio de
Janeiro, Ernesto Massimino Bellelli, ha ricevuto l’equipe di Comunità nel suo gabinetto, al settimo piano della Casa d’Italia,
il 2 novembre, lo stesso giorno in cui i capi di
stato delle Americhe si sono riuniti per discutere
lo sviluppo economico e sociale, in un processo di cooperazione dei Paesi membri del Gruppo
di Rio. Privilegiato dalla bella vista dell’Aterro
e di tutto l’insieme naturale che lo circonda, la
prima reazione di Bellelli, quando ha visto passare un elicottero dell’esercito, è stata quella di
andare alla finestra e, entusiasmato, dire: “Che
cosa fantastica!”. Si riferiva all’organizzazione
dell’evento, reso ancor più armonioso dalla bella
giornata piena di sole.
Nato a Zagabria, in Iugoslavia, con i suoi 49
anni Bellelli dimostra dinamismo e disposizione
nell’intento di rinvigorire la presenza culturale italiana nella sua circoscrizione – a cui appartengono anche gli stati di Bahia e Espírito
Santo. La sua ultima missione diplomatica l’ha
svolta in Índia, dove era responsabile per il dipartimento politico dell’Ambasciata.
Bellelli ha già avuto l’incarico di console
aggiunto presso il Consolato di San Paolo, tra
il 1989 e il 1991, e ora mette in risalto l’evoluzione del Paese, le differenze tra le comunità
di San Paolo e di Rio, e parla delle priorità della
sua gestione. In seguito, leggete l’intervista in
cui il diplomatico, che si definisce ammiratore
del carnevale, mette anche in risalto l’omaggio
all’Italia nella prossima sfilata della Mocidade
Independente de Padre Miguel.
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Comunità Italiana – Com’è stata l’esperienza a
Nova Dehli e quali sono le nuove sfide?
Ernesto Massimino Bellelli – A Nuova Dehli ero
il responsabile del dipartimento politico dell’Ambasciata. Mi occupavo delle relazioni politiche tra
Italia e Índia, che sono molto importanti anche
perché nelle recenti elezioni un’italiana è arrivata
alla presidenza (Sonia Ghandi, che ha rinunciato
subito dopo essere stata eletta, il 15 maggio di
quest’anno). Il lavoro nel mio settore era diverso
da quello attuale, anche se mi occupavo della collettività italiana, che da quelle parti è piccola.
Qui la mia funzione è diversa, ma poi neanche
tanto. Il Brasile è un Paese federale, e per questo
è autonomo. Un consolato in questo Paese riceve
una proiezione importante presso diversi settori.
Accanto al settore sociale, che è importante perché qui risiedono molti cittadini italiani che per
motivi economici hanno bisogno di assistenza,
abbiamo il settore politico, grazie al federalismo
e all’importanza dello stato di Rio de Janeiro; poi
viene il settore economico: Rio de Janeiro occupa la seconda posizione economica nel paese,
con la presenza di importanti imprese italiane
e brasiliane che si interessano al commercio con
l’Italia; e poi c’è il settore culturale che, accanto a quello sociale, è il più importante. L’Italia,
in termini culturali, è una superpotenza. Si dice
che il 70% del patrimonio culturale dell’umanità
si trovi là, e come potenza culturale noi possiamo
contribuire col Brasile. Il lavoro del Consolato si
basa su questi quattro pilastri, che devono essere portati avanti d’accordo con le priorità, ma
sicuramente non possiamo limitarci al consolato,
dobbiamo avere una visione più ampia. Sono felice di incontrare la stampa ítalo-brasiliana, con
cui spero di avere relazioni più intense, perché
abbiamo bisogno di visibilità e interscambio di
idee. Da soli non possiamo realizzare molto, ma
insieme, come una squadra, possiamo ottenere
migliori risultati.
CI – Sono questi i problemi più emergenti?
Bellelli – Abbiamo bisogno di un’azione culturale molto più incisiva, riattivando azioni del
Consolato e dell’Istituto Italiano di Cultura. Voglio incentivare l’insegnamento della lingua italiana promuovendo accordi con il governo dello
stato. Vogliamo trovare risorse anche per mezzo
del governo brasiliano. Probabilmente potremo realizzare progetti che interessino tanto il
Brasile, quanto l’Italia. Nuove idee sorgeranno
nella convivenza con la comunità. Sono molti
i problemi sociali, sanitari e dobbiamo cercare
di trovare una risposta almeno per i più bisognosi, con un’assistenza sanitaria che vada oltre l’attuale, portata avanti dal governo italiano,
cercando di trovare un’assistenza per gli italiani per mezzo di un sistema pubblico brasiliano.
Vorrei modernizzare il consolato affinché migliorino i nostri servizi. Dobbiamo rimboccarci le
maniche e lavorare.
CI – Lei è stato console aggiunto a San Paolo nel 1989. Pensa che esistano differenze
tra la comunità ‘italo-paulista’ e quella ‘italo-carioca’?
Bellelli – Forse la comunità paulista è più strutturata e senza dubbio più grande, oltre ad essere,
probabilmente, più ricca. Questo fa sí che aumenti tanto la capacità di movimento come la sua
influenza. Ma tutto ciò può essere compensato
dalle buone idee. Ci si può fare strada con creatività, addirittura meglio che con i mezzi economi-
“Non possiamo
limitarci al
consolato,
dobbiamo avere
una visione
più ampia”
COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
ci. Stiamo parlando del settore culturale. È chiaro
che per una realtà come quella di San Paolo è più
facile ottenere sponsor, a Rio sarebbe più difficile, ma se già esistono progetti validi, sono sicuro
che si troveranno i mezzi necessari, anche al di
fuori dei mezzi convenzionali.
Un’altra differenza che forse penalizza Rio
è che la collettività di Rio è più bisognosa. Gli
aiuti del Governo italiano qui sono superiori se
paragonati a quelli del Consolato di San Paolo.
Questo è un riconoscimento, da parte dell’Italia, del fatto che qui la situazione è più difficile, anche se la comunità è inferiore, numericamente parlando.
CI – Come attrarre le imprese italiane affinché diano appoggio a questi progetti?
Bellelli – Le imprese italiane che operano sul
mercato di qui sono poche, soprattutto quelle che hanno interessi a sponsorizzare. Quelle
interessate sono imprese che hanno beni di
consumo di larga diffusione, come potrebbe essere il caso della TIM. La nostra ricerca
dev’essere per risorse alternative, e questo si
potrebbe ottenere grazie a imprese brasiliane
che si interessino al potenziale mercato che
possono rappresentare gli italiani. L’importante è arrivare fino ad esse con idee valide. È
ugualmente importante il ruolo delle associazioni nel tentativo di conseguire risorse attraverso le regioni italiane. La stampa deve farsi
portavoce qui come anche in Italia. Quindi è
necessario questo lavoro di equipe affinché si
possano portare avanti progetti coordinati.
Credo che soltanto con una relazione tra i vari
interlocutori (stampa, associazioni, comitati,
camera di commercio) potremo concretizzare
le nostre mete.
CI – Lei ha osservato dei cambiamenti importanti dal Brasile degli anni ’80 a quello
attuale?
Bellelli – Ho trovato un paese più ricco. La
città di Rio più organizzata e più pulita e, in
un certo modo, il Brasile è più organizzato,
più vicino a certe organizzazioni del mondo
occidentale. Prima il Brasile era più latino e
adesso mi sembra che le relazioni con i paesi
anglosassoni siano migliorate. Durante questi
anni molte differenze sono state cancellate e
il paese è evoluto.
CI – Cosa pensa del lavoro della stampa italo-brasiliana?
Bellelli – Credo che la stampa abbia una doppia funzione: essere portavoce della comunità
italiana e passare dei messaggi all’Italia. Credo che la stampa possa anche disimpegnare
la funzione di relazione con la stessa stampa
locale perché si possa diffondere il nostro turismo, il nostro commercio.
CI – Lo sa che la scuola di samba Mocidade Independente de Padre Miguel renderà omaggio
all’Italia? Che ne pensa? Pensa di sfilare?
Bellelli – La Mocidade non mi ha invitato.
Il mio samba sicuramente è un po’ arrugginito. Questa è una delle scuole più importanti
del carnevale e il fatto che l’emozione di una
sfilata sia impareggiabile è un fattore molto importante nel mondo, visto che questa è
una festa che manda un messaggio culturale
a tutti. È un momento per valorizzare la comunità italiana.
110 italianos ajudarão a combater o crime no Rio
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RIO DE JANEIRO – O primeiro passo para um amplo convênio entre as polícias italiana e do estado do Rio de Janeiro aconteceu na primeira semana de novembro, com a participação de 45
policiais civis do Rio no curso Método Global de Alto Defesa ministrado pelo coordenador nacional da Polícia de Roma, Giuseppe Logantore. A expectativa do cônsul da Itália no Rio, Ernesto
Maximo, é de que um acordo mais extenso seja assinado nos próximos meses, possibilitando,
em um primeiro momento, a ida de especialistas brasileiros à Itália e a vinda de 110 policiais
italianos, que ajudarão no combate ao crime no Rio.
O diretor da Academia de Polícia do Rio (Acadepol), Sergio Caldas, informou que o primeiro
curso mostrou técnicas utilizadas na Itália para defesa urbana e proteção contra todos os tipos
de armas. “Vamos buscar a mínima agressividade possível na abordagem policial”, afirmou Caldas, que também confirmou a assinatura de um intercâmbio mais complexo com os italianos.
“Também temos muito a ensinar aos colegas italianos”, completou o diretor da Acadepol.
Caldas, Máximo e Logantore entregaram aos policiais placas e medalhas referentes ao curso.
O evento foi realizado na sede da Acadepol, no Centro, no dia 7 de novembro. Também estiveram presentes a delegada Marta Rocha, que recentemente concorreu ao cargo de vice-prefeita
do Rio, na chapa encabeçada por Jorge Bittar (PT), José Pedro Costa, representando o chefe da
Polícia Civil, Álvaro Lins, e membros da comunidade italiana no Rio.
Divulgação
Paulo
Franchetti
campos de algodão
sob o sol da tarde
Paulo Franchetti vem realizando um trabalho notável na literatura
brasileira, na condição de crítico, poeta, tradutor, historiador da
literatura. Além de suas atividades de pesquisador, conferencista e de
magistério na pós-graduação da Universidade de Campinas. Notável
por esse viés leonardiano, da leitura e da ação, conjugadas, a um só
tempo, como se fosse uma perspectiva de saberes vários - flecha que
atravessa campos diversos, sem perder sua velocidade e força
L
ucchesi: Gostaria de saber sobre sua
origem italiana, influências, nostalgia e paixão; desde o quotidiano
às leituras e o mundo.
Franchetti: Minha tia Ana, cujos olhos azuis
eram tão intensos quanto o seu sotaque, pode
sintetizar a parte mais sensível do lado italiano
da minha vida: emoção à flor da pele, nostalgia
da pátria que deixou ainda criança e que, por isso, se apresentava mais como conceito e forma
interna de sentir, do que como realidade perdida
ou a reconquistar. Depois, o orgulho familiar da
origem e do sobrenome, o apego à tradição e à
cultura. Outra imagem recorrente: meu avô, colono, reunindo os camponeses iletrados para lerlhes, junto aos filhos, romances de cordel.
E em minha casa existia o hábito da disciplina intelectual, do amor ao trabalho e da obser6
vância da mais estrita frugalidade, compensada
pelo derramamento sentimental e culinário dos
domingos e dias santos. Até a minha adolescência, esse foi o sabor da vida. Um sabor muito italiano, mas tão entranhado no ambiente da família, na pequena cidade de Matão, que só quando
de lá saí para começar a vida adulta pude perceber que era uma particular herança e um jeito
muito especial de estar no mundo.
Lucchesi: Como se processou a sua formação e a sede de conhecer as coisas com essa
intensidade?
Franchetti: Minha primeira juventude foi pautada pelo anseio de completude renascentista, que
sempre foi o de meu pai. O gosto pela literatura
e pela especulação filosófica, a valorização extrema do conhecimento prático, o fascínio pelo
método científico, o estudo da história religiosa,
o valor da educação matemática, o amor da correção lingüística: foram esses os valores e ideais
que, dentro das possibilidades, pautaram a minha formação familiar. Nas condições precárias
de uma vida em pequenas cidades do interior do
Brasil, as muitas enciclopédias, os vários livros
de divulgação científica, as obras completas de
escritores brasileiros e portugueses vendidos de
porta em porta foram as peças do mosaico da
minha formação. O solo sobre o qual fui construindo como pude, até o período da faculdade,
a imagem do mundo e de mim mesmo. Na faculdade, a descoberta de uma imensa biblioteca,
na qual podia passar dias e dias, sem qualquer
limite, foi experiência de puro deslumbramento. A partir daí, com todo o risco da dispersão,
nunca mais deixei de seguir o impulso de leitura
do momento.
COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
Lucchesi: A poesia parece ter aberto em você
um sem-número de portas, e de modo especial
no campo do haicai, de que você se tornou,
além de crítico e historiador, um fino poeta e
tradutor. Como se deu esse percurso?
Franchetti: Também o gosto pela poesia tem
origens familiares. Meu pai escrevia sonetos e
crônicas em jornais, assim como alguns de seus
colegas. Matão era uma cidade quase inteiramente italiana, onde habilidade poética, oratória, demonstração de cultura letrada de modo geral era algo muito valorizado. O interesse
pelo haicai provém de um segundo momento:
depois de alguns anos, fomos para Guaíra, na
fronteira com Minas Gerais. De uma cidade italiana para uma de intensa colonização japonesa. Quase todos os meus amigos e amigas eram
japoneses. As festas de colheita e casamento,
o contato com os pais das namoradas, que mal
falavam português (ou não falavam), os bailes
no clube da colônia, tudo isso gerou uma simpatia que pôde, anos depois, quando me dediquei seriamente ao estudo do japonês, abrirme algumas portas para a compreensão dessa
forma de poesia tão delicada e tradicional. O
haicai foi como uma busca nostálgica de um
período no qual a vida tinha o dourado das espigas maduras de arroz e o brilho dos campos
de algodão sob o sol da tarde.
Lucchesi: Camilo Pessanha, Antonio Nobre e
Eça de Queiroz são três nomes de sua predileção. Em que medida a literatura portuguesa
também é uma de suas capitais afetivas?
Franchetti: Eça de Queiroz era um dos autores
da infância. A sua obra completa acompanhou a
minha vida. Camilo Pessanha, cujos versos difíceis e belos foram uma obsessão desde os primeiros anos de faculdade, atraiu-me também pela vida no Oriente, pelos escritos sobre a China e
pelas especulações sobre a escrita ideográfica.
Se a porta de entrada na literatura portuguesa foi Eça de Queirós, Camilo Pessanha foi a
torre desde a qual fui descobrindo outros pontos
de interesse, com ele relacionados de alguma
forma: Wenceslau de Moraes, o cronista do Japão, Antonio Nobre, Antonio Patrício, Eugênio
de Castro e tantos outros.
Eça de Queirós também me conduziu à imensa e
magnífica obra do historiador Oliveira Martins.
Lucchesi: Vejo, em sua obra, a recuperação de
monumentos e documentos. Por exemplo, um
nome pouco lembrado, o de B. Lopes, a quem
você dedica um belo artigo, e o evoca na condição de dândi mulato...
Franchetti: Quando, no começo da minha carreira na Unicamp, retomei sistematicamente a leitura da infância, a dos poetas românticos brasileiros, deparei-me com um veio novo, ainda não
descrito nem analisado: a poesia pornográfica,
satírica e de nonsense da segunda geração romântica. Descrevi num artigo o maravilhamento
pela pujança criativa de autores que, não fosse
essa produção, seriam apenas medíocres: Bernardo Guimarães, Getulino e José Bonifácio, o
Moço. Daí decorreu o meu interesse por todos os
poetas de gosto irônico ou satírico, esquecidos
nas histórias literárias mais conhecidas. Prosseguindo na pesquisa, deparei com B. Lopes, que
é um gênio, um poeta de grande interesse, mal
lido e pior avaliado. E como ele há outros.
NOVEMBRO 2004
/
Divulgação
Marco Lucchesi – Entrevista
“Sem um lugar
predominante
das ciências
humanas não há
universidades,
há centros de
formação de
técnicos.
É isso que está
acontecendo
no Brasil”
Lucchesi: É inevitável ouvir – ainda que em breves palavras – o que você definiu como sendo
compaixão e nostalgia em certa prosa lusitana...
Franchetti: Quando me dediquei a estudar a
obra de Camilo Pessanha, eu o fiz orientado
pela leitura dos textos de Oliveira Martins, que
pertenceu à geração anterior à sua e cuja visão
da história de Portugal marcou profundamente
os autores dos anos de 1890. Pessanha é já o
nostálgico de lugar nenhum. A pátria, o espaço
sagrado da origem lhe aparece como um grande
bem perdido. Ao mesmo tempo, esse lugar perdido é idealmente construído a partir da distância,
da percepção do deslocamento físico, temporal e
afetivo. Não há retorno possível. Há idealização
de retorno e há, constatada a sua impossibilidade, o exercício do furor frio e desagregador da
melancolia. No livro que dediquei à obra do poeta, tentei verificar como essas duas atitudes a
que chamei “poéticas” – a nostalgia e a melancolia – organizam os temas e as palavras do eu
que nos fala nos poemas.
COMUNITÀ ITALIANA
Lucchesi: O que mais impressiona em seu trabalho é a multiplicidade dos saberes. Como
você explicaria essa espécie de sentimentoidéia que o anima?
Franchetti: A explicação, eu creio, está na formação familiar. Mas o que me alegra é poder ter me
dedicado a tantas coisas importantes para mim e
para as pessoas que me rodeavam. Nesse sentido,
não sou um acadêmico típico. Não passei a vida
aprofundando o conhecimento sobre um tema ou
um autor, como fazem tantos colegas eruditos que
admiro muito. Fui mudando de objeto de estudo ao
sabor da curiosidade, da paixão, do gosto ou da obsessão por resolver um problema cultural ou pessoal. O que não quer dizer que não me tenha dedicado intensamente a cada um desses objetos. Se, do
ponto de vista da academia, construí uma carreira
que pode ser vista como algo diletante, do ponto
de vista do prazer do estudo e da descoberta, que é
o único que me importa, pude construir um percurso que esteve sempre colado à minha própria vida
e à pulsação dos meus interesses intelectuais. É um
privilégio, e creio que ter trabalhado esses anos todos numa universidade tão flexível e desburocratizada quanto a Unicamp foi uma grande sorte.
Lucchesi: Acha que a Universidade está mudando, buscando mais intensamente e acolhendo esse caminho leonardiano?
Franchetti: Penso que a universidade tem deixado
de ser universidade. O que se vê hoje é um processo perverso, que consiste em submeter todos os
campos do saber às regras do campo dos saberes
tecnológicos. Exigir, por exemplo, que um aluno
de 21 anos faça uma tese de mestrado em literatura em 24 meses é um disparate. E fazer que um
aluno de qualquer ciência humana se torne doutor
em 36 meses é uma insanidade. Isso já produziu
um rebaixamento notável da produção acadêmica
em ciências humanas. A avaliação dos professores
se faz hoje numericamente: quantos trabalhos publicados, quantos congressos, quantos estudantes.
O resultado imediato é a perda de consistência dos
trabalhos em ciências humanas. A médio prazo é
a perda de poder das disciplinas humanísticas no
interior da universidade. Sem um papel e um lugar predominante das ciências humanas não há
universidades, há escolas de tecnologia, centros
de formação de técnicos. É isso que a universidade está virando no Brasil. Para um professor que
inicia hoje a vida universitária, um caminho como
o meu, de amadurecimento lento e de múltiplos
interesses, é a cada dia menos possível.
Lucchesi: Finalmente, gostaria de conhecer
sua atuação à frente Editora da Universidade
de Campinas...
Franchetti: Há dois anos fui designado para dirigir a Editora da Unicamp, que, depois de um período bastante notável, passara por quatro anos de
rápida decadência. Durante esses anos dediquei
todo o meu tempo à obra de reconstrução. Isso
significou ter de aprender princípios de administração, contabilidade e comércio, bem como implicou um olhar por dentro do mercado editorial
brasileiro. Jamais tinha pensado em aprender tais
coisas ou gerenciar os problemas que tive de gerenciar. Neste momento, felizmente, a Editora começa a caminhar com as próprias pernas e posso
gozar do que há de bom na atividade, que é o
contato com os autores, a análise das obras e o
planejamento de ações culturais.
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Vista do rochedo
Strombolicchio
Acima, vista do
Stromboli em
erupção (abril de
1975). À direita,
praia de pedras
e areia negra em
Stromboli
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As Ilhas Eolie são um arquipélago
vulcânico na região da Sicília,
no sul da Itália. Ele é formado
por um conjunto de sete ilhas
capazes de tirar o fôlego do
turista comum, acostumado ao
conforto da cidades d’arte, como
Florença, Roma e Veneza.
Guilherme Aquino
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Guilherme Aquino
Ilhas Eolie
ada de natureza morta expostas nos museus. Nas Eolie a arte é a natureza viva,
com cores de encher os olhos e uma beleza dura, ígnea, sem paralelo. Mas nem por
isso a editoria e a cultura locais devem ser
subestimadas. Ao contrário, sítios arqueológicos e castelos medievais são testemunhas imóveis
de um tempo que remonta a 3.700 anos atrás, quando
o homem já freqüentava as ilhas.
Stromboli, Salina, Alicudi, Filicudi, Panarea, Lipari e Vulcano são os nomes dos paraísos quase imersos
nas águas azuis turquesas (dependendo da luz do dia)
à disposição dos que procuram férias contemplativas,
do tipo “dolce far niente”, com alguma vida mundana,
pois ninguém é de ferro. Cada ilha tem o seu fascínio
e a sua característica própria. Mesmo sendo vizinhas
umas das outras, suas “identidades” individuais foram
preservadas e as “impressões digitais” permanecem
petrificadas em forma de lava e rocha magmática. A
geografia da costa é diferente. Escarpas, rochedos,
precipícios, praias de areia preta, praias de pedras
escuras, profundidades abissais, pequenas enseadas,
grutas e cavernas submarinas fazem do arquipélago
um lugar único no mundo. Duas únicas coisas unem
as ilhas: a simpatia do povo eoliano e o mar, profundo e azul.
Cada ilha é um vulcão, ou mais de um em si. Ativos ou extintos, esses gigantes de pedra emergem do
mar Tirreno e quebram a linha do horizonte. Não por
acaso, eles fazem parte do arco de fogo, que vai do
Oceano Pacifico ao Índico, passando pelo Atlântico.
Lipari é a capital das Eolie, tem apenas 156.000 anos
o n deiexistência, e é a mais desenvolvida das ilhas e, por
isso mesmo, é também a mais procurada pelos turistas. Um castelo do século 16 e ruínas de uma acrópole
datada de 1700 anos a.C são algumas das atrações.
Lipari também é a sede do Museu Arqueológico Eoliano, onde estão expostas peças que contam a origem
vulcânica da ilha e a vida dos seus primeiros habitantes. A ilha tem dois portos, ou melhor, duas marinas,
e delas partem as excursões para as outras “pérolas”
do arquipélago.
Vulcano emergiu a cerca de 120.000 anos, faz jus
ao nome e está localizada ao sul de Lipari. A ilha é
formada por três vulcões, sendo que o único ativo é
a Grande Cratera. A última erupção ocorreu séculos
atrás, mas ele continua a emitir gás sulfuroso no ar.
Os banhos de lama são aconselháveis no Laghetto di
Fanghi. Os nativos da ilha garantem que a imersão na
lama, rica de elementos químicos provenientes do vulcão, rejuvenesce a pele. E bem ao lado se pode cair
na água e sentir no corpo os jatos de água quente que
escapam do fundo. Desfrutar desta banheira de hidromassagem ao natural é para os poucos aventureiros
que viajam até lá. A ilha não é muito procurada pelos
turistas.
Salina apareceu à cerca de 430 mil anos atrás e
pode ser considerada a terra fértil do arquipélago. Os
principais vinhedos das ilhas estão nas suas encostas
debruçadas no mar, expostas ao sol e enraizadas no
solo coberto de cinzas. Filicudi, a mais velha das Eolie -com 1.020.000 anos - e Alicudi - a mais nova com
apenas 60.000 anos - também devem ser visitadas,
porém são as mais distantes de Lipari. Em Filicudi, o
visitante pode ver de perto o que restou de uma antiga vila construída no ano de 1800 a.C. Já em Alicudi
um bom programa é fazer o “trekking” ao Monte Filo
dell’Arpa e de lá admirar a cratera do vulcano Montagnola, também já extinto.
COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
Panarea, com a mesma idade de Salina
é, literalmente, a ilha mais sutil das sete
que compõe o arquipélago. Ela tem apenas três quilômetros de extensão por dois
de largura. E neste pequeno território foi
descoberta, em 1948, uma vila do tempo
da Idade do Bronze. Muitos vips do showbusiness italiano passam o verão nas praias
exclusivas de Panarea, muitas delas acessíveis apenas através do mar. Ou se tem
o próprio barco ou se aluga. Panarea está ligada às outras ilhas através de linhas
regulares, quando o serviço meteorológico
permite. Se o mar está muito agitado e com
ondas grandes, em alguns momentos o turista pode ficar a ver navios, bem longe da
costa. De Panarea se avista Stromboli, Terra
de Deus, segundo o homônimo filme rodado por Roberto Rosselini, em 1949, com a
atriz Ingrid Bergman, por quem o diretor se
apaixonou durante as filmagens.
Stromboli é um vulcão ainda ativo. A
ilha tem a forma de cone mas tem se modificado a cada erupção e certamente não
é a mesma de 233.000 anos atrás, data do
início das suas atividades, e nem de dois
anos atrás, quando uma violenta explosão
mudou parte da geografia da ilha. A tradicional festa de fim de ano em 2002 não
ocorreu por falta de convidados. Estavam
todos no continente pois dois dias antes
uma grande erupção provocou o desprendimento de parte da encosta situada na
Sciara del Fuoco. A quantidade de detritos, entre terra e pedras, que caiu no mar
foi tão grande que provocou o refluxo que,
por sua vez, deu origem a uma onda anômala. Ela varreu todas as praias da ilha e
continuou a sua marcha rumo ao continente, provocando danos por onde passava. A
gigantesca onda tinha 8 metros de altura
segundo os pesquisadores, e 20 de acordo
com os relatos de alguns poucos moradores
que resistiram e ficaram em suas casas. Não
satisfeitos de terem escapado ilesos à grande erupção - que jogou pedras de até três
toneladas a três quilômetros de distância
- ainda arriscaram a pele com o maremoto
provocado pelas explosões do vulcão.
Desde então, um dos principais programas da ilha - que era ver de perto a cratera
principal - foi cancelado, ou melhor, cortado pela metade. Não se pode subir aos 926
metros de altura e observar o vulcão de cima. Hoje, o máximo permitido são 400 metros, mesmo assim com os turistas acompanhados de guias especializados e com
capacetes e outros instrumentos de segurança a tiracolo. Mas desta altura já é possível admirar toda beleza do lugar. A incessante atividade de Stromboli faz dele um
objeto de estudo de pesquisadores de todo
o mundo. As explosões podem ser ouvidas
à distância - o barulho lembra o de um tiro
de canhão - e o seu cume está permanentemente coberto por uma nuvem de gás
emitida por uma das três bocas da cratera
maior. De noite, o espetáculo das explosões
de lava ganha um colorido todo especial.
NOVEMBRO 2004
/
Editoria de arte
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Itália - Turismo
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COMUNITÀ ITALIANA
Jatos de pedras incandescentes, vermelhos
e laranjas, iluminam a encosta da ilha. Um
dos programas noturnos de Stromboli é pegar um barco e navegar até a Sciara del
Fuoco e de lá admirar as explosões de Iddu,
como ele é conhecido no dialeto siciliano.
Não é por acaso que Stromboli, desde os
tempos das grande navegações, era conhecido como o Farol do Tirreno.
Durante o verão, a população da ilha,
normalmente com 450 habitantes, se multiplica por 5. Poucos se arriscam a ir para Ginostra, um pequeno porto natural do
outro lado da ilha. Uma pequena igreja foi
refeita com as doações dos imigrantes do
Brooklin, assim explica um cartaz embaixo
do portal. A energia elétrica chegou apenas
no ano passado e o local fica muito perto
da “linha de tiro” quando Stromboli acorda.
E levando em conta que ele quase nunca
dorme… Mas é justamente este mau humor
constante de Stromboli que faz dele uma
atração irresistível. Junta-se a isso o fato
de que os moradores da ilha se recusaram a
ter as suas ruas iluminadas com postes de
energia elétrica. Todos caminham pelas ruas com lanternas.
Os habitantes da ilha são italianos,
suíços e alemães em sua maioria, mas algumas referências ao Brasil estranhamente
se encontram. Além de alguns brasileiros
trabalhando na pequena indústria hoteleira, existe uma pensão chamada Brasile, na
pequena vila de Piscità. Isso porque o seu
antigo proprietário, o pároco da igreja, era
uma apaixonado pelo país tropical. Hoje,
uma grande fotografia da Baía de Guanabara enfeita a parede do restaurante da
pequena pensão, que é fiel à arquitetura
eoliana: casas construídas como pequenos
cubos, horizontais, de frente para o mar e
de costas para o vulcão, ou vice-versa. Não
importa. O fato de estarem localizadas entre os dois grandes elementos da natureza,
a água e o fogo, garante a boa energia que
flui em toda a ilha.
1 - Vila na ilha de Salina; 2 - Uma das ilhotas
de Panarea; 3 - Centro de Lipari, a maior e
mais populosa ilha do arquipélago; 4 - Vista
aérea da “Grande Cratera”, um dos quatro
vulcões que formam a ilha de Vulcano, com
386 metros; 5 - Vista de uma das praias de
Alicudi; 6 - Filicudi, ilha com grande número
de grutas marinhas
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ugitivos de guerras civis, da miséria e das
intempéries, eles se lançam numa aventura,
raramente com um final feliz. E pagam um
preço caro para alcançar a terra prometida
com a ajuda de traficantes de seres humanos e piratas modernos.
A passagem, sempre só de ida, custa até 1.000
euros, valor equivalente à economia de muitos
anos de trabalho em moeda local, ou resultado
de um endividamento com as quadrilhas, a ser pago com trabalho forçado no destino final. Mas a
viagem começa bem antes, no país de origem. Os
clandestinos atravessam as fronteiras escondidos
na carga de caminhões. Já na área do porto, eles
são levados para uma espécie de “hotel de transito”, ou seja, cativeiros vigiados dia e noite por
homens armados, acima de qualquer suspeita, por
conta da corrupção da polícia. Neste local, a espera para o embarque pode variar em função da disponibilidade de vagas nos barcos.
Editoria de arte
VIAGEM AO FUNDO DO MAR
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O ingresso para entrar na Itália não alerta para
os riscos, mas inclui fome, sede e acomodação sob
o céu, faça chuva ou sol, sem coletes salva-vidas,
no deck da velha frota de navios fantasmas que
singra pelo canal da Sicília. Se tudo correr bem,
a viagem dura de dois a três dias em cargueiros,
pesqueiros e até botes de borracha, com transferencias em alto mar, para despistar a polícia marítima italiana.
As embarcações lotadas seriam versões atuais
dos antigos navios negreiros se os próprios passageiros não desejassem e pagassem pela jornada. As
diferenças terminam aí. Eles são entregues à pró-
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pria sorte quando zarpam do cais e muitos nunca
mais colocam os pés em terra firme. A fragilidade e
o mau estado de conservação dos barcos garantem
a contagem regressiva para o naufrágio anunciado,
em boa parte dos casos. Mesmo sem grandes ondas eles não resistem à longa travessia. Com muita
sorte, os sobreviventes serão resgatados por pesqueiros ou navios da Marinha italiana. Outros serão
dados como desaparecidos e seus corpos irão aparecer em uma praia qualquer. Este foi o destino de
200 imigrantes a bordo de um velho cargueiro que
afundou perto da costa da Tunísia, na madrugada
de 18 de junho do ano passado.
As travessias ocorrem principalmente no verão.
Com indicações de bom tempo, as frotas clandestinas suspendem âncoras e rumam em direção à
Itália. No dia 8 de junho, 115 imigrantes foram
interceptados a 55 milhas de Gela; quase um mês
depois, outros 130 ao largo de Lampedusa; no dia
11 de agosto, 230 clandestinos vagavam exaustos
pelas praias de Lampedusa, recém-desembarcados.
Apenas três dias antes, em Capo Passero, 28 tinham morrido e outros 72 salvos pela Marinha italiana de uma embarcação à deriva.
Os barcos partem diariamente dos portos líbios
de Al Zuwara e Zliten. De cada dez, apenas dois
são capturados pela polícia da Líbia. A maioria é
localizada pela Marinha italiana, já em águas internacionais, e levada até a ilha de Lampedusa.
Mulheres, homens e crianças são alojados em um
complexo habitacional, até serem repatriados. Os
clandestinos chegam desidratados, fracos e, sem
nome ou sobrenome, se transformam em sombrias
estatísticas. A presença de intérpretes não diminui
o medo de ser identificado e fichado para sempre.
Poucos falam sobre suas origens.
COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
ANSA
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ANSA
“Devemos acolher
os clandestinos
com canhões,
bombardeá-los”
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ANSA
Para milhares
de magrebinos,
senegaleses,
tunisianos,
iraquianos
e egípcios,
entre outras
nacionalidades,
a ilha de
Lampedusa,
localizada ao sul
do Mediterrâneo,
representa a
ponte para o
início de uma
nova vida
e a Líbia foram assinados para frear o fluxo imigratório, em troca do apoio para o fim do embargo comercial imposto pela UE ao país de Kadafi. Neste verão, O
primeiro-ministro Silvio Berlusconi se encontrou com
o governante líbio para discutir o problema. Os acordos entre os dois países continuam encalhados na burocracia de Trìpoli. A criação de uma força-tarefa
comum, patrulhamento
misto, adestramento dos
líbios por instrutores
italianos são alguns dos
itens que ainda não saíram do papel de boas
intenções. Isso sem falar na construção de um
TOLERÂNCIA ZERO
centro de acolhimento,
com mil vagas, localizaO centro de Lampedudos em território líbio,
sa, com capacidade para
para que os clandestinos
150 pessoas, já hospeda
de outras nacionalidades
400 clandestinos , e a
sejam repatriados mais
nova maré de desembarrapidamente.
ques continua alta. Eles
O problema em Lamsão quase diários. Até o
pedusa é apenas um refinal do verão de 2003,
trato da complexa quesLampedusa tinha recetão da imigração clandesbido 5.677 imigrantes,
tina na Itália e no resto
contra 677 registrados ao
da Europa. Pela sua polongo de todo o ano de
sição geográfica, o país
SENADOR UMBERTO BOSSI
2001, 6.365 em todo o
passou a ser o principal
MINISTRO DAS REFORMAS
ano 2002. As autoridades
corredor para se alcançar
são obrigadas a transferir
a França e a Inglaterra,
os extracomunitários para outros centros no sul da onde as leis são menos rigorosas e existe a oportuniItália, como na Calábria e na Puglia.
dade de se pedir asilo político - possibilidade remota
A onda de desembarques afeta o turismo, uma e submetida a uma rigorosa investigação na Itália. O
das principais fontes de renda dos moradores da país também se prepara para ajustar a lei de imigração
paradisíaca Lampedusa e destino de italianos en- Bossi-Fini que não deu os resultados esperados.
dinheirados em férias. Os comerciantes e donos de
hotéis estão em pé de guerra, e afirmam que o pro- A SAÍDA É CRIAR MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO
blema assusta os visitantes. O governo exagerou no
tom de voz: “Devemos acolher os clandestinos com
O tema da imigração foi debatido no encontro
canhões, bombardeá-los”, chegou a afirmar, no ano dos 15 chefes de estado dos países integrantes da
passado, o ministro das Reformas, senador Umberto União Européia, em Salonicco, na Grécia, um ano
Bossi. Antes de adoecer, ele era um dos pilares do atrás. A proposta da Inglaterra de Tony Blair, de
atual governo Berlusconi e autor de uma lei draco- criar zonas de refugiados fora dos limites europeus,
niana contra a imigração clandestina, em vigor des- de preferencia dentro dos países de origem, foi conde 2002. O seu desabafo provocou um profundo mal siderada politicamente incorreta. Ela cheirava a disestar à direita e à esquerda do poder e, diante de criminação e a segregação.
pressões da Igreja e da comunidade internacional,
Na falta de um consenso sobre medidas duras,
ele seria obrigado a se retratar.
a saída encontrada foi, no mínimo, diplomática. A
O governo decidiu apertar o cerco. Os navios da UE deverá dispor de verbas para o repatriamento
Marinha patrulham as águas internacionais com maior dos clandestinos (140 milhões de euros), criar uma
poder. Cada ponto suspeito no radar deverá ser abor- agencia internacional para acompanhar os casos,
dado e, se for um barco clandestino será escoltado identificar e inserir na sociedade aquele imigrante
até a entrada do mar territorial. Neste ponto entra dono de mão de obra especializada e, finalmente,
em ação a Guardia di Finanza(uma espécie de Polícia deter o fluxo imigratório através de programas de
Federal), com poderes para inspecionar e investigar cooperação e ajuda humanitária (250 milhões de eutodos à bordo. Já eventuais socorros de emergência, ros) aos países originários do êxodo.
casos mais comuns, ficam à cargo da Capitania dos
Os nômades do terceiro milênio buscam uma saPortos. O serviço de inteligência também foi acionado. ída desesperada, rumo aos países desenvolvidos. O
Agentes secretos nos portos suspeitos no estrangeiro progresso de um às custas da exploração do outro
enviam informações preciosas sobre a previsão de em- tem o seu preço. A fatura está chegando e derrubanbarques e rotas. Acordos de cooperação entre a Itália do fronteiras.
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1- Navio carregado de imigrantes no porto de Crotone, julho de 2000 (AP Photo); 2 - O barco Meck, com 297
imigrantes a bordo, ancorado em março de 2000 no porto de Reggio Calabria (Ansa); 3 - Barco com imigrantes tunisianos em Reggio Calabria, em junho de 2002; 4 - Grupo de curdos no desembarque em Monasterace
(Reggio Calabria) em dezembro de 2000; 7 - Imigrante senegalês recebendo as primeiras vacinas em solo
italiano; 8 - Edifício abandonado em Roma e ocupado por imigrantes (Renato Ciofani)
NOVEMBRO 2004
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COMUNITÀ ITALIANA
Renato CIofani
Cargas humanas, a diáspora étnica
Alguns barcos escapam ao controle e despejam a
carga humana em pontos estratégicos da Sicília. Dependendo do acerto financeiro com a quadrilha internacional, o clandestino terá um salvo-conduto até o
norte industrial italiano, onde encontrará um trabalho
no mercado negro, ou um novo contato para atravessar
a fronteira. Mas ele terá
por muito tempo uma vida subterrânea, contando
apenas com ajuda de seus
conterrâneos (quando não
forem explorados pelos
mesmos) e com o apoio
de organizações não governamentais.
AP Photo
Atualidade
Cultura – Dança
La fine del 2004 riserba sorprese con la
riapertura della storica sede
Gisele Maia
D
opo essere rimasta per tre anni con i
portoni chiusi, il tradizionale Teatro
alla Scala di Milano verrà riaperto nel
dicembre di quest’anno. Lo storico palazzo è rimasto tutto questo tempo in
ristrutturazione per un completo rinnovo della sua struttura ed è stato restaurato. Le
commemorazioni riflettono il prestigio di questo
che è un centro mondiale di riferimento sull’arte. Gli spettacoli previsti per la stagione artística 2004-2005 potranno essere ammirati tanto
presso il Teatro alla Scala, quanto nel Teatro degli Arcimboldi, dove hanno avuto luogo gli spettacoli negli ultimi anni.
Ma non è soltanto il motivo della riapertura di questo spazio antico di più di due secoli
che farà entrare il 2004 come una data storica:
la tournée brasiliana del balletto del Teatro alla Scala, in ottobre, ha contribuito molto con
il suo apporto di novità. Un esempio potrebbe
essere quello dei 24 bambini e adolescenti della Scuola del Teatro Bolshoi Brasil, di Joinville,
scelti a dito da Biagio Trombone, primo ballerino
della Scala per salire sul palco del Teatro Municipale di San Paolo e quello di Rio de Janeiro
insieme ai ballerini italiani.
L’interazione tra italiani e brasiliani non è
avvenuta soltanto sul palco. La presentazione
di Sogno di una notte di mezz’estate, opera di
Shakespeare coreografata da George Balanchine
con musiche di Felix Mendelssohn, ha significato molto di più. Il maestro, anche lui venuto
dall’Italia, è rimasto sorpreso dal risultato delle
poche prove in cui ha diretto le orchestre locali di ambedue i teatri, quello ‘paulista’ e quello
‘carioca’. Poi la reazione della platea ha potuto
confermare l’ottimo risultato.
Anzi, questo è stato un aspetto messo molto
in risalto dai visitatori. In un’intervista esclusiva
a Comunità, la prima ballerina Marta Romagna,
che era appena arrivata a Rio da una stagione fatta a San Paolo, ha dato enfasi alla soddisfazione
di ballare per il pubblico brasiliano. “Mi aspettavo un bel pubblico, caloroso e pieno di energia,
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COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
“Qui le persone
fischiano a teatro
come se fossero in
uno stadio
di calcio.”
NOVEMBRO 2004
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COMUNITÀ ITALIANA
Fotos: Divulgação
Teatro alla
Scala di Milano
come immaginavo fossero i brasiliani. Siamo abituati all’Italia, dove le persone sono un po’ più
fredde. Qui le persone fischiano a teatro come se
fossero in uno stadio di calcio. Considero tutto
questo positivamente. Il termine dello spettacolo
è, quindi, la fine della partita. Quando scende il
sipario, e dopo si riapre, gli applausi durano dieci
minuti”, ha detto Marta. Lei, una giovane 29enne, che fa parte della Scala fin dai 17 anni, non
ha conosciuto i ballerini della generazione che
sono venuti in Brasile più di 20 anni fa. Ma aveva sentito molte cose della “Città Meravigliosa”,
che poi non ha neanche potuto conoscere bene.
“Purtroppo questo ci manca nelle tournée per il
mondo”, si lamenta Marta. Infatti, con i cinque di gambe”, ha detto Ana, in una chiacchierata
spettacoli a Rio, dopo altrettanti a San Paolo, il durante l’intervallo.
Terminata la presentazione, l’emozione tra le
ritorno in Italia subito dopo, il turismo veramente è dovuto rimanere in secondo piano. Ma tutto quinte non è finita. Dopo la serata indimentiquesto in effetti non è un problema, visto che cabile, molte fotografie scattate con il gruppo
il rigore prima delle presentazioni e la disciplina italiano serviranno, probabilmente, da sfondo
naturalmente esigita fanno parte della vita di chi per storie da essere narrate ai nipotini. Per i ragazzi del Balé Bolshoi do Brasil, la lingua non
ha scelto la danza classica come professione.
Di Sogno di una notte di mezz’estate ha det- rappresenta un ostacolo. In fondo, per salire
to: “È uno spettacolo che esige molto, soprat- sul palco del Teatro più tradizionale di Rio de
Janeiro hanno dovuto
tutto dai primi balleritrasporre barriere ben
ni (come lei stessa è).
più complesse. MolIl poco tempo libero
ti di loro vengono da
che abbiamo non ci
famiglie povere, per le
dà la possibilità di faquali sarebbe imposre dei giri per la città,
sibile investire nella
dovuto anche ai nostri
carriera dei figli.
piedi. Non possiamo
Il primo contatto
camminare
durante
si è avuto nel 1995
una giornata”.
e, cinque anni dopo,
Il primo atto è l’inè stata inaugurata la
terpretazione danzata
prima e única filiadella pièce di Shakele della tradizionale
speare. Il secondo, che
scuola russa, proprio
inizia con la famosa
Marta Romagna, prima
qui in Brasile, che era
Marcia nuziale di Menentrata in competidelssohn esige molta
ballerina del Teatro La Scala
zione con altri paesi,
tecnica e un grande
come il Giappone e gli
sforzo da parte dei
Stati Uniti. Ciò è staballerini. Tutti questi
to possibile grazie alla
elementi in uno stesso
spettacolo giustificano il perché sia cosí poco rap- credibilità conquistata dalla coreógrafa, che ha
presentato nel mondo. In fondo,il corpo di ballo vissuto a Mosca per nove anni ed è stata la redella Scala di Milano è l’unico teatro europeo au- sponsabile di tutte le negoziazioni.
Un altro aspetto è stato molto importante
torizzato a ballarlo. All’infuori di loro, soltanto il
NYCB (N. T.: New York City Ballet), scuola fondata per riuscire a portare qui la compagnia, con diretto a interscambio di professori e alunni: Jô
dallo stesso Balanchine negli Stati Uniti.
è la moglie di João Prestes, figlio di Luiz Carlos
Prestes, l’eroe rivoluzionario cosí ammirato nella
UNA STAGIONE CHE RIMARRÀ
ex Repubblica Sovietica.
IMPRESSA NELLA MEMORIA
Nell’istituzione non profit, il circ 94% dei 300
La nuova generazione della danza classica alunni ricevono una borsa di studi, con diritto albrasiliana si è potuta vedere nella prima parte l’alimentazione, divisa, trasporto, assistenza sadello spettacolo. E proprio a questa Ana Botafo- nitaria di emergenza, fisioterapia e trattamento
go ha fatto più complimenti. La prima ballerina dentiscico gratuiti. L’insegnamento non si restrindel Teatro Municipale di Rio de Janeiro aveva già ge alla formazione classica, ma prevede lezioni di
visto una presentazione del Corpo di Ballo del danza contemporanea, oltre a danze brasiliane,
Teatro alla Scala quando la compagnia era stata folcloristiche e tip-tap. Con l’obiettivo di offrire
qui vent’anni fa, con Giselle. Stavolta l’emozione una formazione ampia in arte, la scuola offre leinvece si è dovuta alla constatazione del fatto zioni di letteratura, arti plastiche, musica e dramche il futuro della danza in Brasile è prometten- matizzazione tra molte altre.
te. “Sono rimasta colpita dal livello dei ragazzi
del Bolshoi. Si è potuto capire quanto è serio il
PER ULTERIORI INFORMAZIONI:
loro lavoro, non soltanto da come interagiscono
WWW.TEATROALLASCALA.ORG
sul palco con tanti ballerini in scena, ma soWWW.ESCOLABOLSHOI.COM.BR
prattutto per la tecnica di corpo, per il lavoro
Fotografie dello spetacolo “Sogno di una notte di
mezz’estate” nella tourneé brasiliana
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Sergio Leone
Cinema – Crítica
notas culturais
Nações em festa
N
Alessandra Vannucci
o último dia 09 de outubro, o clube Monte Líbano do Rio de Janeiro se tornou sede da tradicional Festa
das Nações, na qual se celebra a mistura do povo brasileiro. Organizado
pela Associação Calabresa, o evento,
agora em sua décima edição, reuniu
representantes das culturas italiana,
afro-brasileira, indiana, alemã, libaAndressa Camargo
nesa, colombiana, grega, espanhola,
portuguesa, argentina, e, é claro, braallerina, traduttrice, drammaturga, trucchi della produzione, deve scoprire come creare condizioni per
sileira. Ao longo de seis horas e meia
regista. Questi sono i vari ruoli im- portare avanti i propri progetti”, spiega. Tuttavia, dopo qualche
de confraternização, foram expostas
personati dall’italiana Alessandra incidente di percorso – come la sospensione di una notte di spetpeças de artesanato, apresentados
Vannucci che si sono trasformati tacolo all’ultimo momento dovuto a problemi elettrici – ha deciso
Roberto Cersósimo
espetáculos de dança folclórica e dein strumenti nella realizzazione di di ignorare le regole e dedicarsi esclusivamente agli studi di regia
gustadas especiarias gastronômicas.
Especial para Comunità
uno stesso progetto. Sia nello stu- e interpretazione: “Il lavoro di produttrice è molto stressante”.
Segundo Gianpietro Leta Bosco, um
Nel 1996, per riscattare la pratica del Teatro do Oprimido,
dio teorico dei testi, sia nell’esperienza pratica
dos produtores da festa, mais de 800
sul palco, ciò che Alessandra vuole è mettere Alessandra è tornata a Rio de Janeiro, dimenticando la proúltima edição do Festival do Rio nos presenteou com uma retrospessoas compareceram ao evento.
alla portata del pubblico l’umanesimo del tea- messa fatta tre anni prima, e si è riunita con l’équipe di Boal.
pectiva completa da obra do cineasta italiano Sérgio Leone. Ainda
tro della controcultura di lingua latina. In que- Lei ci racconta che gli esercizi di interpretazione usati dal
que alguns problemas tenham sido registrados – como legendagem
sto senso, uno dei suoi più recenti lavori fatti Teatro do Oprimido riescono ad indurre perfino un non attore
confusa, cópias deterioradas e cortadas -, essa foi uma oportuniin Brasile, un ciclo di letture realizzate presso ad estrovertere la sua coscienza: “Boal adatta l’arsenale tradidade única de assistir a toda a sua filmografia em condições ideais: na sala
il Teatro Planetário da Gávea a Rio de Janeiro, zionale di formazione dell’attore ai vari livelli culturali e poliescura e em película. Dessa forma, a mostra permitiu que reavaliássemos a
riporta alla luce nove antologiche commedie po- tici e applica questa nuova tecnica a persone che hanno poca
curta, porém vigorosa, carreira deste diretor de tons saturados, estilo barpolari che mettono in risalto gli stretti legami intimità con l’arte”, spiega Alessandra. Gli incontri con Boal
roco e rostos marcados.
tra l’arte mediterranea e quella latino-america- le servono per sviluppare le abilità necessarie alla diffusione
na autobiografia per raccontare
Leone era filho legítimo do cinema. Por influência do pai, diretor do início
na. “I testi scelti appartengono ad autori medi- di queste tecniche: “Tutte le volte che ritorno in Italia offro
suc-cessi e glorie del ballerino più
do século passado, ingressou na área como assistente de direção em épicos
terrani, ma sembrerebbero distanti dalla cultura laboratori di Teatro dell’Oppresso ad altri formatori”, racconta.
famoso di Hollywood è in preparazioitalianos e grandes produções norte-americanas (Quo Vadis e Ben Hur) rodadas
nordica, protestante, dall’Europa. Esprimono la “Lavoro con un gruppo di assistenti sociali che portanno gli
ne per il 2006 per la casa editrice
nos estúdios da Cineccitá. Aproveitando esse conhecimento, criou uma graloro latinità in un teatro provocante, deflagrano esercizi dentro ad ospedali, sindacati, scuole”.
Hyperion e ad annunciarlo è lo stesso
mática própria, que logo o distinParallelamente, l’interesse di Alessandra verso la comprenla miseria della vita”, spiega lei.
John Travolta. L’attore italo-americaguiria como um dos grandes esteAlessandra è venuta in Brasile per la prima sione delle caratteristiche di una cultura essenzialmente latino, dopo aver acquistato notorietà
tas da arte cinematográfica. Essa
volta nel 1993, rispondendo all’invito del dramma- na ha conquistato i rappresentanti del Ministero Affari Esteri,
mondiale nel ‘77 interpretando Tony
perspectiva, entretanto, viria a
turgo carioca Augusto Boal, per partecipare al set- che le hanno concesso una borsa di ricerca di due anni qui in
Manero, è sparito per molto tempo
classificá-lo - erroneamente - cotimo Festival Internacional do Teatro do Oprimido. Brasile. “È stato un periodo faticante”, racconta. “Il gruppo di
dagli schermi cinematografici, fino a
mo um diretor preocupado exclu“Mi trovavo qui a Rio, in uno degli ultimi giorni Boal si presentava in piazza due volte al giorno e apriva un
quando nel ‘94 ha interpretato con
sivamente com a forma. Ele era,
dell’evento, quando ci fu la strage della Candelária forum di dibattiti dopo ogni spettacolo. E io lavoravo anche al
straordinario successo ‘Pulp Fiction’
de fato, perfeccionista: suas come ne rimasi cosí scioccata che giurai che mai più progetto per il Ministero”.
di Tarantino.
posições de quadro apresentam
Decisa a rimanere a Rio, la drammaturga ha dato seguito
avrei messo piede in questo paese”, dice lei.
temporalidades e texturas singuLaureata in Lettere con specializzazione in alla carriera accademica: prima ha concluso il corso di Master
lares e revelam uma obsessão por
drammaturgia italiana presso l’Università di Bo- presso la Facoltà di Arti Sceniche all’Uni-Rio e, subito dopo, è
construir, em cada plano, uma exlogna, Alessandra ha lavorato per molto tempo entrata nel programma di Dottorato presso la facoltà di Lettere
periência sensorial. Mas, por oucon produzione teatrale. “Nell’ambiente artistico, della PUC-RJ, che ha già concluso.
tro lado, figurava entre os cinecaba de chegar ao mercado itaVisto che vivere di teatro è un lusso che pochi possono perchi vuole diventare regista deve prima imparare i
astas de maior sensibilidade para
liano o livro Diario dal Cile 1973
mettersi, Alessandra crede che la vita accademica possa rappreas transformações políticas e sociais de sua época. E se, em cinema, forma e
– 2003, do jornalista Paolo Hutter.
sentare un’alternativa per raggiungere la stabilità economica,
conteúdo se complementam, Leone soube, como poucos, traduzir essa noção.
Editado pela Il Saggiatore, o texto foi
senza parlare che la conseguente routine di letture impone una
Considerado por muitos o primeiro cineasta pós-moderno, Leone redimenredigido em primeira pessoa e se diviprofonda intimità coi testi. “Per me, non c’è niente di meglio di
sionou os arquétipos do faroeste americano, escolha que o qualificou como um
de em duas partes.
un giorno di pioggia e la compagnia di un buon libro”, dice.
artista mais interessado em explorar as fronteiras do gênero, do que em elaboNo início, surge a história de um joCome regista e drammaturga, dal 1996 ad oggi Alessandra
rar uma visão de mundo. Esta leitura pode, contudo, conduzir a um perigoso
vem Hutter, que decide viajar até Sanha poi partecipato, tra altre cose, agli allestimenti de A descoterreno, onde as referências cinematográficas são meros jogos de decodificatiago para experimentar a política da
berta da América, di Dario Fo; Moscheta di Angelo Beolco, e O
ção. Leone transpôs essa metalinguagem e realizou uma obra do seu tempo:
Unidade Popular de Salvador Allende.
castiçal, di Giordano Bruno. Scegliendo ognuno di questi testi,
de Por um punhado de dólares (Per un pugno di dollari, 1964) a Era uma vez na
Ao invés disso, presencia o golpe mililascia ben chiara l’intenzione di questionare la cultura del conAmérica (Once upon a time in America, 1984), ele traçou o percurso de um hotar e acaba preso por pertencer ao Lotta
sumo borghese, la cultura egemonica. Intenzione questa che
mem fantasmagórico, dividido entre passado e presente. O homem que faz surContinua, movimento antifascista.
si rafforza con l’organizzazione del già citato Ciclo de Leituras
gir nações, define relações de trabalhos e se torna vítima da injustiça social.
A segunda parte se passa em 2003,
Brasil Mediterrâneo, ancora in programma. “Io
Se Leone chegou a produzir a imagem síntese de sua obra, ninguém
quando – trinta anos depois da subida
amo tanto il teatro che lo praticherei per la
sabe. Poderíamos apostar em Eli Wallach correndo pelo cemitério de Três
de Pinochet ao poder – Hutter, agora
pura bellezza, per criteri inutili”, confessa.
Homens em conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966) ou Robert de NiAttori leggono i testi
jornalista, retorna ao Chile, não somen“Ma, come accademica, mi domando: qual
ro entorpecido pelo ópio em Era uma vez na América (Once upon a time in
“La Pace”, di Aristofane
te para visitar suas memórias, como
è la funzione dell’artista? E la mia risposta
e Questa notte si recita a
America, 1984). Clint Eastwood cavalgando rumo ao infinito em Por uns
também para se aprofundar nas atuais
sembra proprio essere stata influenzata dasoggetto, di Pirandello,
dólares a mais (Per qualche dollaro in più, 1965) ou Rod Steiger ciente
questões políticas e sociais do país.
gli insegnamenti di Boal: voglio provocare il
nel Planetário da Gávea,
da incerteza em Quando explode a vingança (Giu la testa!, 1971). Nessas
O resultado de tanta vivência e pesa Rio de Janeiro
pubblico, far sí che pensi politicamente”.
imagens, o cineasta não nos conforta com respostas, não nos redime de
quisa é um interessante relato sobre as
Per chi vuole capire le tecniche del
responsabilidades, mas deixa um legado precioso para compreendermos a
últimas décadas da história chilena.
Teatro dell’Oppresso, Alessandra sta tradutrajetória humana no breve século XX.
cendo i libri di Boal. L’ultimo è arrivato nelle
provoca il pubblico
B
Por um punhado de Leones
A
John Travolta
allo specchio
U
“Leone traçou
o percurso de
um homem
fantasmagórico,
dividido entre
passado e
presente”
14
Cultura - Teatro
Histórias do Chile
A
COMUNITÀ ITALIANA
/
NOVEMBRO 2004
NOVEMBRO 2004
/
COMUNITÀ ITALIANA
Drammaturga
italiana esalta
legami esistenti
tra il teatro del
Mediterraneo
e quello latinoamericano
librerie italiane nel 2002 con l’edizione de La Meridiana, col titolo
Dal desiderio alla legge: manuale
del teatro di cittadinanza.
RADICI LATINE
Il Ciclo di Letture BrasileMediterraneo è stato inaugurato il 13 settembre con l’opera
La Pace, di Aristofane. Subito
dopo, sono stati rappresentati
L’asino d’oro, di Apuleio, La scoperta dell’America, di Dario Fo;
Filumena Marturano, di Eduardo
de Filippo; Mosqueta, di Angelo
Beolco; Dialogo di Salomone e
Marcolfo, di un anônimo; e Questa notte si recita a soggetto,
di Luigi Pirandello. Le ultime
rappresentazioni
dell’evento
saranno: Bafafà, di Carlo Goldoni (22/11) e La Mandragola, di
Niccolò Machiavelli (il 29/11).
La regia delle letture ha potuto contare su vari nomi. Oltre
alla própria Alessandra, hanno
arricchito il progetto Antônio
Abujamra, João Fonseca, Maurício Parroni de Castro, Moacyr
Chaves, Júlio Adrião, João Falcão, Ana Khfoury e il già citado
Augusto Boal.
15
Capa
Apaixonada pela comunidade
onde desenvolve vários
projetos sociais, Barbara
Olivi oferece estrutura
educacional para 110 crianças
com doações de famílias e
empresários italianos
N
a edição online do Corriere della Sera, algo chamou a atenção:
“Compleanno alla Rocinha” era o título de um artigo assinado
por uma italiana chamada Barbara Olivi, moradora, há quatro
anos, da maior favela da América Latina. Nele, ela falava de sua
felicidade por estar no Brasil realizando um de seus maiores sonhos, o de trabalhar para que este mundo seja mais igual.
Achar Barbara foi mais fácil do que imaginávamos, mesmo em meio aos
atuais 200 mil habitantes da Rocinha. Pudera. Durante a visita da equipe
Comunità ao local, tivemos uma mostra de sua popularidade: ela foi cumprimentada por quase todos que passaram por nós. Entre tantas pessoas,
um grupo de adolescentes que fez questão de nos apresentar. Eram seus
ex-alunos, crianças retiradas dos sinais com suas bolinhas de malabarismo
para passar a freqüentar um ambiente educacional criado por ela. Hoje, a
meninada é assistida por um projeto do cantor Gabriel O Pensador, também
atuante na Rocinha.
16
Uma italiana
no coração
da Rocinha
Gisele Maia
Fotos: Ernane D. A.
Em nossa primeira parada, a escolinha “Saci Sabe Tudo”, um sinal da
interferência de Barbara: o saci-pererê pintado na parede da entrada sabe,
inclusive, falar italiano, como mostra o balãozinho com os dizeres “Benvenuto amico mio”. Atualmente, são 65 crianças assistidas ali, mais 45 na
creche no alto da Rocinha, o outro projeto ao qual se dedica.
DA VIDA NA ITÁLIA À CHEGADA NA COMUNIDADE
Barbara levava uma vida estruturada em Reggio Emiglia. O trabalho, em
Milão, era na empresa imobiliária da família e lhe garantia uma situação financeira confortável. Tudo começou a mudar com o fim de seu casamento. “Na
Itália, uma separação é vivida de forma dramática, como tantas outras situações. Parece que toda história precisa ser trágica e alguém tem que morrer.
Como não quis fazer papel de vítima, decidi começar uma nova vida”, conta.
Ela, que havia estado no Rio antes, se hospedou na casa de uma amiga,
na Gávea, e lá ficou durante um ano. Já com um conhecimento prévio da
língua portuguesa, viu que seria possível se manter aqui. Fez um curso de
guia de turismo e começou a trabalhar. Do bairro nobre da zona sul carioca, olhava as luzes da Rocinha e sentia vontade de conhecer seus moradores. “A Gávea é um bairro de mortos. Tem qualidade de vida, mas para mim
era cemitério”, opina Barbara.
Falava tanto sobre seu desejo de visitar a Rocinha, que acabou sendo
convidada por um dos porteiros do seu prédio. “Ele e sua mulher me trou-
COMUNITÀ ITALIANA
/
NOVEMBRO 2004
xeram aqui a primeira vez. Tornaram-se meus
grandes amigos. Comecei a conviver com as pessoas daqui e nunca mais saí”, lembra.
Antes de se mudar de vez, morou um ano em
Copacabana, mas sentia medo constantemente.
“Dá para notar que não sou brasileira e lá tem
bastante assalto aos estrangeiros”. E acrescenta:
“Aqui, já houve situações
de medo para os outros,
mas não para mim. E nunca me senti sozinha. Essa
favela é tão pulsante de
vida, que se você não sair
de casa, a favela entra”.
Desde que chegou,
Barbara contou com a
receptividade dos moradores. “As pessoas daqui
são discriminadas. Quando chega alguém de fora,
que se importa de verdade, elas se apegam. E é
uma troca, porque recebo
muito carinho também,
de todos”.
roupa, comida e remédios. “Os turistas me davam dinheiro e eu me perguntava onde ele seria
melhor empregado. Foi quando conheci a Márcia
Ferreira da Costa, a diretora da creche e minha
sócia hoje em dia. Daí, nasceu uma relação de
cooperação e respeito”.
Porém as gorjetas já não bastavam para
o número crescente de
crianças sob os cuidados das duas. “Márcia
trabalhava há anos sem
receber nada. Passei a
pagar o salário da cozinheira e comprava alimentos. Aliado a isso,
pedia ajuda aos meus
familiares”, conta. Ela
acrescenta que as visitas de amigos italianos
garantiram credibilidade aos seus projetos:
“Na Itália, com tantos
escândalos de desvio
de verbas, há um clima
de desconfiança. Mas as
pessoas que vinham me visitar divulgavam o
nosso trabalho e falavam da seriedade com que
o desempenhamos”.
Aos poucos, o contato com a Itália se fortaleceu. Algumas famílias de lá enviam, periodicamente, quantias para as bolsas de estudo. As
colaborações oscilam entre 15 e 30 euros. “Para
cobrir tudo, cada criança precisaria de 30 euros,
que significa pouco mais de cem reais. É importante lembrar que os alunos também recebem
uniforme, lanche e material didático”, diz ela.
Não existe nenhum recurso proveniente da
prefeitura ou do governo do Estado do Rio de
Janeiro. Mas foi a prefeitura de Reggio Emiglia, na Itália, que financiou a abertura da escolinha e da biblioteca, atualmente em fase de
obras. Entre outros colaboradores, está a agência carioca de turismo North Side, cujos donos
são também italianos. Estes custearam parte
das obras na creche. Além da editora italiana
Domus Lecta, que entrou com o dinheiro para a
construção do berçário.
Não sinto
nenhuma
demonstração de
coragem no que
fiz. Para mim é até
fácil, porque sou
muito feliz aqui”
DEDICAÇÃO EM TODOS OS MOMENTOS
Barbara diz que, em nenhum momento,
os amigos da Itália ficaram preocupados com
o fato dela estar morando na maior favela do
Brasil. “Na realidade, lá não se tem muita dimensão disso. Espantados mesmo ficaram os
amigos daqui. E todos os italianos que vieram
me visitar, até hoje, ficaram apaixonados pela
Rocinha e me apoiam. Às vezes, fico um pouco
envergonhada quando falam que sou corajosa.
Não sinto nenhuma demonstração de coragem
no que fiz. Para mim é até fácil, porque sou
muito feliz aqui”.
Os problemas dos 200 mil moradores desse universo particular cravado nas zonas mais
nobres do Rio de Janeiro são os mais variados.
Barbara se envolve na busca de soluções para muitos deles. Da laje da creche, onde nos
concedeu esta entrevista, distinguia diversas
áreas que, aos olhos de qualquer transeunte
alheio àquela realidade, parecem absolutamente iguais.
No local onde estávamos, por exemplo, a dificuldade de acesso, devido às subidas íngremes,
faz com que os idosos ou portadores de deficiência física dependam dos amigos para saírem
de casa. Mas há casos ainda mais dramáticos: “A
Stefanie, uma linda menina de sete anos, nasceu
com hidrocefalia e nunca andou na vida. Vai à
escola carregada nas costas do pai. Agora, estamos recolhendo dinheiro para as três cirurgias
de que precisa, na cabeça, na coluna e nos pés”,
conta Barbara.
O INÍCIO COM A MENINADA
Bárbara começou sozinha. Com as gorjetas
de seu trabalho como guia, cuidava de cerca de
dez crianças, entre oito e dez anos. Comprava
DA CRECHE À ESCOLINHA SACI SABE TUDO
Como Márcia tinha que cuidar das crianças
em sua própria casa, o primeiro passo foi criar
a estrutura adequada para o trabalho que já
vinha sendo desenvolvido. A instalação atual,
onde estão sendo feitas obras de melhorias, foi
doada por uma francesa da ONU (Organização
das Nações Unidas). Hoje, são oito
profissionais, a maioria professoras primárias.
Só depois veio a es1
colinha “Saci Sabe Tudo”,
inaugurada há dois anos,
para dar continuidade ao
atendimento dos alunos
da creche, até a alfabetização. Como, neste caso,
1- Entrada da Escolinha Saci Sabe Tudo; 2 - Barbara Olivi na laje da creche;
3 - Márcia Ferreira da Costa, Barbara Olivi e dois alunos da creche.
NOVEMBRO 2004
/
são mais crianças pagando, foi possível contratar uma pedagoga. No total, são dez profissionais que recebem 350 reais por mês, pouco
mais que os da creche, que ganham um salário mínimo. As mensalidades variam de acordo
com os recursos dos pais, e só pagam aqueles que trabalham. “Algumas famílias não têm
mesmo condições. Outras, pagam dez, vinte.
Só uma paga 50”. Fazem parte do programa as
aulas de balé, futebol e capoeira. O sonho é
criar um centro pediátrico. Atualmente, há um
projeto para dar aulas de reforço aos que saem
da “Saci Sabe Tudo” e vão para a escola pública, onde encontram as conhecidas dificuldades
por conta do ensino precário.
Há também o grupo de 20 adolescentes, exalunos, com os quais Bárbara faz questão de
se relacionar. “Eles cresceram e viraram meus
amigos, saímos juntos para comer pizza. Nesse
contato, tento passar certos valores. Para os
meninos, ensino que devem tratar bem as mulheres. Muitos vêem as mães apanhando dentro
de casa, é preciso que este modelo não seja
reproduzido. Alguns me pedem preservativos,
eu compro e dou”. Ela se emociona ao constatar que seus esforços não têm sido em vão, e
conta que não conteve as lágrimas quando viu
seus meninos em recente entrevista ao canal
Multi Show, por conta da participação no projeto Pensando Alto, de Gabriel O Pensador, que
oferece aulas de capoeira, fotografia, balé e reforço escolar para crianças e adolescentes da
comunidade. “Quando cheguei aqui, encontrei
cerca de 60 associações com projetos sociais.
Com certeza, hoje, já são mais. Mas enquanto
existirem crianças na rua, lares onde se desconheça qualquer forma de planejamento familiar,
e jovens transando sem camisi3
nha, ainda é
preciso fazer muito”,
analisa.
COMUNITÀ ITALIANA
2
2
1
Social
INCENTIVO ALLA CULTURA
ONG italiana
promuove educazione in Brasile
Con sede a Rio
de Janeiro dal
2000, la CIAPI
ha formato circa
600 professioniste
nell’anno scorso
“C
redo seriamente che il Brasile possa diventare un paese
di primo mondo, ma per fare
questo bisogna che il sistema
educativo investa in aree più specifiche. Il
popolo brasiliano è creativo, ma gli manca
il know how”. In época di elezioni, queste
parole potrebbero essere state tratte da un
qualsiasi discorso político. Invece sono
uscite dalla bocca di un professore di letteratura di nome Paolo Cerritelli, che non
ha nessuna intenzione di immettersi nei
sentieri della politica brasiliana. E neanche potrebbe, visto che è nato in Italia e
non si è mai naturalizzato. Inoltre, non
rappresenta un partito político, ma una
Organizzazione Non Governativa, la CIAPI
– Campus Internacional pelo Aprendizado Politécnico Integrado –, in nome della
quale ci parla.
La CIAPI è stata creata nel 1968 come
una fondazione di amministrazione mista:
una parta appartiene al governo della regione Abruzzo e l’altra ad imprese private
come la Fiat e la Pirelli – solo per citarne
alcune tra le più conosciute. L’obiettivo
18
Andressa Camargo
della fondazione è quello di mettere in esecuzione programmi di capacitazione professionale
e, di conseguenza, di generazione di rendita. Ma
non si limita a questo: perché il servizio si completi, le stesse imprese investitrici assorbono la
manodopera appena specializzata.
In Brasile, il lavoro della CIAPI è cominciato
nel 1997. A quel tempo, il Ministero de Lavoro
italiano aveva indetto un concorso per progetti
che prevedevano la formazione professionale di
emigranti residenti fuori dalla Comunità Europea. In questo bando, la CIAPI ha ottenuto i
fondi per impiantare due corsi: uno qui in Brasile, a Vitória, per la formazione di operatori di
macchine di estrazione di marmo e granito; un
altro in Venezuela, a Maracaibo, per professionisti del settore turístico. “Dopo aver strutturato il tutto, italiani e discendenti hanno potuto iscriversi alle lezioni. Una volta diplomati,
noi li indirizziamo a interviste per ottenere un
impiego”, spiega Cerritelli, che è arrivato a Rio
de Janeiro subito dopo questa fase, nel 1998,
per coordinare il secondo progetto della CIAPI
in suolo brasiliano. “Abbiamo formato qualche
classe di culinaria, specializzandole in gelateria.
È un apprendistato molto interessante, visto che
si può lavorare da soli – dato il basso costo – o
dentro una fabbrica”, dice.
Negli anni seguenti, usando ancora i fondi
del Ministero del Lavoro italiano e del Fondo Sociale Europeo, la fondazione ha promosso corsi
di perfezionamento in lingue per il settore turístico, tanto per formare guide turistiche, quando
segretarie e recepcionist di hotel. “In questo
momento, abbiamo cominciato a pensare che
per capire meglio le necessita della comuni-
tà italiana in Brasile avremmo dovuto avere una
sede qui”, completa il professore.
Nel 2000, la CIAPI si è stabilita su suolo brasiliano come ONG e Cerritelli, scelto per presiedere l’istituzione, si è trasferito definitivamente
nella città meravigliosa. Nel 2001, dopo aver
sottoscritto una partnership con il Ministero de
Lavoro e la Segretaria do Trabalho dello Stato
di Rio de Janeiro, sono state aperte due nuove modalità di corsi: una di orefici, un’altra di
automazione industriale. Stavolta i posti potevano essere distribuiti anche ai cittadini brasiliani. “1250 persone, inviate da 11 comuni dello
stato, si sono diplomati il primo anno di questo
programma. Nel 2002, sono state poco più di
500 e, nel 2003, circa 600”, afferma Cerritelli.
“Sfortunatamente i numeri cambiavano a seconda dei soldi a disposizione del Fundo de Amparo ao Trabalhador”. Quest’anno, 2004, la ONG è
stata ancora una volta selezionata dalla Secretaria do Trabalho del Comune carioca per mettere
in pratica un progetto nell’area di turismo. “Ora
abbiamo due fronti di lavoro: il primo con la
Secretaria dello stato, il secondo con quella del
Comune”, racconta entusiasta.
Sempre nel 1998, la CIAPI ha impiantato il suo
primo progetto sociale di incentivo alla cultura, rivolto esclusivamente alle comunità carenti. Grazie ad un investimento del Fondo Sociale
Europeo, ha riunito quattro gruppi di giovani
artisti inizianti, venuti da diversi paesi e ha
promosso un interscambio. In Venezuela è stato scelto un gruppo di teatro; in Germânia, uno
di circo; in Italia, uno di cinema. In Brasile, o
objeto da cobaia si trovava a Vigário Geral:
il gruppo di percussione Afro Reggae che,
allora molto piccolo e sconosciuto, non avrebbe
mai pensato di ottenere cosí tanto spazio nei media o addirittura di potersi mantenere col lavoro
musicale. “Con queste classi abbiamo realizzato
un programma denominato Juventude para a Europa (N.T.: Gioventù per l’Europa). I ragazzi si sono incontrati in Italia e si sono scambiati i ruoli:
quelli dell’Afro Reggae hanno imparato l’arte circense e quelli di teatro hanno studiato percussione. È stata una grande esperienza per tutti loro.
Tra l’altro, dopo di questo l’Afro Reggae ha formato un gruppo di circo”, dice Cerritelli.
Il lavoro comunitário è continuato nella
Rocinha. Lavorando già come ONG, l’équipe
della CIAPI ha ottenuto in prestito una casa
considerata monumento protetto dal Comune
di Rio e, dentro la favela, ha fondato la Casa di
Cultura della Rocinha.
Secondo
Cerritelli,
l’obiettivo della CIAPI è
quello di creare le condizioni perché la stessa
comunità si appropri del
progetto, non soltanto
per quanto riguarda le
questioni amministrative, ma anche nella scelta di materiali da essere
messi in esposizione. “Gli
abitanti della regione saranno coloro che verranno beneficiati, quindi
vogliamo che siano loro
stessi ad agire, che camminino con le proprie gambe”, dice il professore. “Soltanto loro possono sapere cosa vogliono vedere in un centro culturale, che cosa gli
piacerebbe ammirare. Soltanto loro sanno dire
quali sono le cose con cui si identificano.” Secondo Cerritelli, oggigiorno l’amministrazione
della casa è indipendente,
/
NOVEMBRO 2004
3
5
portata avanti dalla comunità. “Dopo aver impiantato il progetto, il nostro lavoro non era
più necessário”, completa.
PROGETTI IN ANDAMENTO
La più recente giocata dei rappresentanti
della CIAPI Brasil è stata quella di accordarsi per
una partnership con la ONG brasiliana Moradia
e Cidadania, fondata e
coordinata da impiegati
della Caixa Economica Federal. Insieme, le due entità hanno ottenuto dalla
CEF un ampio immobile
nel quartiere Andaraí (45
milla metri quadri) per
facilitare l’installazione di
nuovi progetti. “Abbiamo
obiettivi comuni: educare
e generare rendita. Quindi
abbiamo deciso di unirci
per ottenere questo spazio, dato che, con esso,
possiamo concretizzare
un vecchio sogno: l’Università delle Arti e Professioni, che offrirà varie opportunità a chi stia cercando um primo impiego”,
spiega Regina Helena Felice, coordinatrice della
Moradia e Cidadania nello Stato di Rio.
Facendo un giro per i corridoi dell’edificio,
la direttrice dei corsi della CIAPI Brasil, Daniela Lannia Santos, fa vedere i luoghi nei quali,
dopo piccole ristrutturazioni, si stanno organizzando le aule. “A questo piano, avremo
una classe che farà artigianato in ceramica,
un’altra che creerà bigiotteria fina ed etnica,
e una terza che imparerà a montare mosaici
con pastiglie (N.T.: di vetro)”, afferma.
“Avremo anche un auditorium e un’aula
per le lezioni più teoriche”. Al piano terra
ci fa vedere anche un laboratorio di
automazione industriale, uno di nuove
tecnologie – che includerà una macchina
di taglio a laser per il settore tessile – e
uno di fusione del vetro,
ognuno di essi strutturato con equipaggiamenti super moderni, ottenuti
dalla Fondazione CIAPI in Italia. La di-
“Per capire
meglio le
necessita della
comunità in
Brasile avremmo
dovuto avere una
sede qui”
A máquina de corte a laser e alguns dos
trabalhos que ela pode realizar
COMUNITÀ ITALIANA
4
NOVEMBRO 2004
/
COMUNITÀ ITALIANA
1 - Laboratório de automação industrial;
2 - Turma de modelagem em cerâmica; 3 - Prévestibular comunitário; 4 - Produto desenvolvido
na oficina de papel marché; 5 - Quitutes
preparados nas aulas de panificação e confeitaria
rettrice avvisa che qualche lezione comincerà
già dalla fine del mese di novembre e che molte
informazioni potranno essere trovate nel sito
www.ciapi.cjb.net.
Come avviene la scelta dei candidati ai
corsi? Daniela spiega che quando le lezioni vengono offerte alle comunità, i leader comunitari
possono indicare degli allievi. “Ma i corsi sono
aperti al pubblico e le persone possono iscriversi
attraverso Internet o venendo direttamente alla
nostra sede”, ha detto.
Paolo Cerritelli mette in evidenza che l’anno
scorso la banca dati della ONG ha ricevuto circa
750 iscrizioni e attribuisce una cosí ampia richiesta al fatto che la CIAPI è l’unica istituzione
italiana che mette a disposizione posti anche a
brasiliani. “Concediamo gli stessi diritti alle due
nazionalità. In fondo, questo è il paese che ci
ospita”, dice con orgoglio. Per adesso, i corsi
in andamento sono quelli di fornaio, confettiere
e riciclaggio di carta. “Organizziamo anche un
gruppo di studi rivolti all’esame d’ingresso all’università, formato da 50 studenti di comunità
carenti di Rio”, ricorda Cerritelli, che vorrebbe
anche portare avanti dei piani di sviluppo legati
all’agricoltura: “è il futuro del paese”.
LA SEDE DELLA CIAPI RIMANE IN RUA DUQUESA DE
BRAGANÇA, 100.
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Notícias
Petrone è il nuovo risponsabile
del “Sistema Italia”
Michele Valensise è
il nuovo ambasciatore
Urso in Brasile per
promuovere il ‘made in Italy’
R
R
I
OMA – Il patto strategico per il made in Italy stipulato fra il ministro degli
Affari Esteri, Franco Frattini, e il presidente di Confindustria, Luca Cordero di
Montezemolo, è al centro di un’intervista rilasciata da Frattini a Il Sole 24 Ore.
Grazie all’accordo raggiunto, dall’8 novembre, Vincenzo Petrone, fino ad oggi rappresentante dell’Italia in Brasile, inizierà a lavorare in viale dell’Astronomia come coordinatore delle strategie di internazionalizzazione del Sistema Italia a fianco della presidenza.
“A luglio mi ero impegnato a trovare la persona giusta. E ho mantenuto
l’impegno”, ha dichiarato il capo della Farnesina nell’intervista, parlando
della collaborazione come di “un evento storico per gli Esteri”.
Perché proprio Petrone?
Franco Frattini - Naturalmente c’era una rosa di proposte. Ma all’attivo di
Petrone stavano le sue conoscenze e capacità in materia di politica economica internazionale e il lavoro in Brasile, un mercato importante per l’Italia, un gigante emergente. Nel curriculum anche la sua lunga esperienza
nel campo della cooperazione che gli ha dato modo di conoscere il sistema
delle imprese. Anche per Montezemolo è risultata la figura giusta. E questo
è un passo importante: per la prima volta il ministero degli Esteri riconosce
in modo istituzionale l’azione pubblico-privato che ha per oggetto il made
in Italy e il Sistema Italia.
Quali i compiti dell’ambasciatore distaccato?
Frattini - La prima cosa che ci siamo detti con Montezemolo è stata: facciamo un patto strategico. Io ho trovato il diplomatico giusto, lui il ruolo
utile alla causa comune del made in Italy. Ora Petrone avrà il compito di
individuare le priorità strategiche dell’Italia nelle varie aree incrociandole
con gli interessi degli imprenditori. (...) Farnesina lavorerà meglio se da
Confindustria arriverà una chiara direttiva: l’azione all’estero si fa in collegamento con la Farnesina.
Una risposta agli imprenditori che denunciano la troppa frammentarietà della presenza istituzionale all’estero e la mancanza di un’unica
regia in Italia?
Frattini - La mancanza di coordinamento in Italia è dovuta anche al fatto
che a torto o a ragione in base a una modifica istituzionale, non certo voluta da questa maggioranza, le Regioni hanno largamente ampliato la loro azione all’estero. Alcune ora lo fanno in collegamento con la Farnesina
(Lombardia, Veneto, Emilia Romagna, Lazio per citarne alcune) altre no. È
una questione di volontà politica: per recuperare il tempo perso occorre
bruciare le tappe in attesa anche che il Parlamento entro la fine dell’anno
approvi il fondamentale ddl sull’internazionalizzazione. Quando c’è stata la
volontà politica abbiamo potuto anticipare le regole con il ministro Marzano, il viceministro Urso o le regioni, con altre non è stato possibile. Lo
sforzo è ora convincere anche quelli che finora sono andati da soli che il
Sistema Italia è unico e deve coordinarsi.
Non è troppo tardi?
Frattini - Non bastano pochi mesi ma in due anni abbiamo fatto passi da
gigante. Entro il 2004 all’estero saranno attivi 45 Sportelli unici con l’interazione funzionale dei funzionari Ice nelle ambasciate. Certo il coordinamento
in Italia non è ancora definito, ma essere riusciti a mettere d’accordo due ministeri, Esteri e Commercio estero, che in passato neanche si parlavano...”.
– Michele Valensise è il nuovo ambasciatore d’Italia a Brasilia. La nomina, recentemente deliberata dal Consiglio dei Ministri, è stata resa nota dal Ministero degli Affari Esteri (MAE), a seguito del gradimento concesso dal Governo del Brasile.
Nato a Polistena (Reggio Calabria) il 3 aprile 1952, Valensise si
laurea in giurisprudenza presso l’Università di Roma ed entra in carriera diplomatica nel 1975.
Dopo essere stato assegnato alla Direzione Generale degli Affari
Economici del MAE, è secondo segretario all’Ambasciata di Brasilia, con
funzioni nel settore stampa ed economico. Nel 1981 è trasferito all’Ambasciata a Bonn, dove presta servizio alla cancelleria politica con competenze sulle questioni di politica interna e di cooperazione politica
europea. Dal 1984 al 1987, durante la guerra civile libanese, è consigliere all’Ambasciata a Beirut, con funzioni vicarie del capo missione.
Rientrato al MAE nel 1987, è capo della Segreteria del Sottosegretario di Stato agli Esteri. Nel 1991 è primo consigliere alla Rappresentanza permanente d’Italia presso l’UE dove è responsabile del settore
delle relazioni esterne dell’Europa con i paesi dell’area mediterranea
e balcanica.
All’inizio del 1997 è trasferito a Sarajevo in qualità d’ambasciatore in Bosnia Erzegovina. Di nuovo a Roma nel 1999 è responsabile, al
Gabinetto del ministro, dell’Ufficio per i rapporti con il Parlamento e
poi capo di Gabinetto del ministro degli Affari Esteri. Nel giugno 2000
è promosso ministro plenipotenziario e dal settembre 2001 ricopre
l’incarico di capo del Servizio stampa e informazione del MAE e di portavoce del ministro degli Esteri.
OMA
Frattini supera l’esame
dell’Europarlamento
S
– Franco Frattini ha superato l’esame della commissione Libertà pubbliche del Parlamento europeo. Il ministro degli Esteri italiano, designato dal governo come commissario europeo
della Commissione Barroso dopo la bocciatura di Rocco Buttiglione,
ha avuto il via libera a grande maggioranza a commissario designato
alla giustizia, libertà e sicurezza. Hanno votato a favore Popolari, Socialisti, Liberali e le destre dell’Uen, contrari Verdi e Sinistra unitaria.
“In termini generali il commissario designato ha convinto sulle sue
capacità personali e professionali e sulla sua attitudine ad assumere
l’alto incarico per il quale è stato proposto”, si legge nella lettera firmata dal presidente della commissione Libertà pubbliche, Jean-Louis
Bourlanges. “I gruppi socialisti, liberali, verdi e comunisti hanno dato un’opinione negativa riguardo al rifiuto del commissario designato di fornire una chiara valutazione della sua esperienza di governo
in quelle aree relative alle sue competenze come commissario UE”.
“È dovere di un commissario europeo rappresentare l’Europa e il mio
primo impegno sarà anzitutto quello di essere garante dei trattati e
quindi anche dell’operato dei giudici chiamati a farli rispettare”, ha risposto Frattini durante l’audizione.
TRASBURGO
FINI È IL NUOVO MINISTRO DEGLI ESTERI
ROMA – Gianfranco Fini andrà alla Farnesina. La notizia è arrivata
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dopo un Consiglio dei ministri durato un paio di ore, nel quale è stato formalizzato l’accordo sulla nomina del vicepremier alla Farnesina
dove sostituisce Franco Frattini entrato nella nuova Commissione
europea di Barroso. Come da prassi costituzionale il nuovo titolare
della Farnesina è andato al Quirinale con Gianni Letta e Silvio Berlusconi. Dopodiché il presidente della Repubblica ha firmato il decreto
di nomina del nuovo ministro.
NOVEMBRO 2004
/
COMUNITÀ ITALIANA
l Made in Italy in Brasile piace. Per una volta non si tratta solo di macchinari, griffe, pasta, ma anche del modo di vivere, della cultura, del
nostro modello industriale. Qui, del resto, abitano oltre 27 milioni di persone che hanno origini italiane. E a San Paolo una persona su tre conosce
l’italiano. Questo conta anche quando si parla di insediamenti economici.
Senza contare che ci si trova dinanzi ad un Paese che, accantonata la crisi
economica che lo ha colpito nel 1999, adesso ha un PIL che tocca oltre
il 4% l’anno. È questo il contesto in cui si inserisce la missione del vice
ministro alle Attività Produttive con delega al Commercio Estero, Adolfo Urso. In una visita di tre giorni in Brasile, lui ha avuto incontri con
il Ministro brasiliano dello Sviluppo Luiz Fernando Furlan, il governatore
dello Stato di Minas Gerais Aecio Neves, il senatore Matarazzo Suplicy e
con l’ambasciatore Andrea Matarazzo. Urso ha anche firmato un protocolle
d’intesa con il Sebrae per lo sviluppo delle piccole e medie imprese e ha
incontrato con il presidente della Federazione delle Industrie dello Stato
di San Paolo (Fiesp) Paulo Skaf. “Si parla molto di internazionalizzazione
verso la Romania e altri Paesi dell’Est – ha spiegato il Ministro Furlan – ma
le imprese italiane possono guardare al Brasile come base produttiva per il
mercato interno e altri mercati. Con l’apprezzamento dell’euro, il nostro
Paese è diventato nettamente più competitivo dell’Europa orientale. Inoltre, si può presumere che i Paesi che sono entrati nell’Unione Europea nel
medio periodo vadano verso una convergenza del costo della manodopera
con la UE, come è già successo a Spagna e Portogallo”. Pienamente d’accordo si è detto il vice ministro Urso: “La nascita del distretto del mobile – ha
affermato – non è che un primo passo verso la riconquista di un mercato
che per noi è prioritario. A questo distretto ne seguiranno altri, nel campo
agroalimentare e nel tessile”.
PIÙ FORZA AI RAPPRESENTANTI DEGLI ITALIANI
Quando lui è stato domandato se il recente progetto di legge che cambia
la componente dei candidati che dovrebbero essere eletti all’estero non
era una forma di restringere la rappresentazione degli italiani all’estero lui
è stato veemente: “No assolutamente, perché nella nuova modifica costituzionale il Senato diventa un senato federale rappresentante delle Regioni italiane ed avrà compiti limitati; i compiti politici e legislativi saranno
invece di esclusiva competenza della Camera dei Deputati che assumerà
quindi una priorità a livello istituzionale e proprio per questo si è preferito dare maggiore rappresentanza agli italiani all’estero nella Camera Legislativa, che è quella che decide in merito alle riforme, quella che di fatto
stabilisce le leggi finanziarie, quella che determina gli assetti politici in
funzione del paese”.
Su il Convegno dei Parlamentari di origine italiana ha affermato: “Noi
dobbiamo raggiungere gli obiettivi delle istituzioni politiche per quello
che abbiamo realizzato anche nei rapporti tra l’Italia e il Brasile, soprattutto nei confronti con i rappresentanti oriundi italiani nel Parlamento di
Brasilia. È ovvio che poi tocca alle associazioni, alle Camere di Commercio,
a gli altri organi della società civile trasferire tutto ciò a livello di opinione pubblica e raggiungere le comunità degli italiani che qui sono più
rappresentativi che altrove perché ammontano a cifre da capogiro, si parla
di 25 c’è chi dica 30 milioni di oriundi, quanto prima nell’arco di 10/15
anni, se continua di questo passo la natalità, saranno più italiani oriundi
in Brasile che italiani residenti in Italia e tanto più qui a San Paolo che è
la città che sicuramente avrà più italiani della stessa città di Roma.
Noi ci auguriamo che questo lavoro di integrazine con l’Italia venga svolto con altrettanto impegno da parte delle Associazioni che rappresentano gli italiani, che potranno trovare nella prossima campagna
elettorale i loro rappresentanti per il Parlamento italiano, fatto che sarà
un elemento di aggregazione che servirà anche a far contare di più gli
italiani che stanno qui a San Paolo e in Brasile, a livello di parlamento
nazionale, a livello di parlamento italiano, questo è il nostro impegno.
Per altro proprio il min. Tremaglia recentemente ha promosso una
Confederazione degli imprenditori italiani nel mondo, per far valere di
più coloro che hanno creato le imprese italiane nel mondo”.
21
Franco Urani – Economia
Comunidade
Inaugurato ad Uberlandia
il polo del mobile italiano
I
n articolo pubblicato su Comunità Italiana
all’inizio del corrente anno accennavo ad una
nuova iniziativa industriale italiana nello
Stato del Minas Gerais, ad Uberlandia che è
la principale città del Triangolo Mineiro, di cui mi
ero fatto promotore – come consulente di questo
Municipio – per cercare di trapiantare una delle
più brillanti realtà distrettuali italiane, quella dei
mobili del Triveneto, in uno dei territori di maggiore potenzialità economica brasiliano.
L’inaugurazione dell’iniziativa è avvenuta il 13
Ottobre 2004, con qualche ritardo rispetto al previsto, motivato da una ripresa economica brasiliana
che solo ha cominciato a manifestarsi sensibilmente
dal 2° semestre, dalle elezioni municipali, dalla necessità delle Parti coinvolte di mettere a punto i vari
documenti sottoscritti che dovrebbero consentire di
realizzare gradualmente, nei prossimi anni, un’iniziativa di grande interesse che dovrebbe consentire
al Brasile anche buone prospettive di esportazione.
Erano presenti per l’Italia il Vice Ministro delle Attività Produttive Adolfo Urso,
l’Ambasciatore a Brasilia, i
Presidenti della FEDERLEGNO
Italia e Triveneto; per il Brasile il Ministro dell’Industria
e Commercio Luiz Fernando
Furlan (di origine veneta),
il Segretario statale dello
Sviluppo Economico Wilson
Brunner in rappresentanza
del Governatore del Minas
Gerais Aecio Neves, il Sindaco di Uberlandia Zaire Rezende.
stretto del Mobile di 1 milione di m2 che è in corso
di urbanizzazione, concedendo esenzione dall’IPTU
per un periodo di 10 anni. Un altro milione di m2
verrebbe acquistato all’inizio del 2005 dalla prossima amministrazione municipale, in relazione alle
iniziative industriali che già si stanno delineando;
• Lo Stato del Minas Gerais, con l’appoggio del
Municipio e della FEDERLEGNO, costituirà inoltre
dal prossimo anno ad Uberlandia, con investimento di 40,2 milioni di Reais, il primo APL (Arranjos produtivos locais) per il settore del mobile,
e cioè un ente didattico di formazione e qualificazione che farà tesoro dell’esperienza italiana
e soprattutto veneta per costituire inizialmente
1.200 nuovi posti di lavoro specializzati;
• Oltre alla BRAVO SA, prima industria del polo
alla quale partecipano per il 57% grandi industriali veneti (che potranno poi sviluppare le loro
specifiche produzioni) e per il 43% impresari di
Uberlandia specie del settore logistico (MARTINS) il
cui fatturato 2005 è previsto in R$ 130 milioni ed appena con il 1° dei 4 moduli
previsti, hanno sottoscritto
protocollo di intenzione per
installarsi nel nuovo polo
altri 3 notevoli complessi
italiani e sempre in jointventure con brasiliani, nel
settore sofà/poltrone di
cuoio, arredi per ufficio e
arredi per bagno;
• Inoltre, già si stanno
trattando altri investimenti
per il 2° modulo del distretto, relativi a industrie
di mobili di cucina, sedie e componenti. Si prevede inoltre che una miriade di piccole botteghe
artigianali attualmente operanti ad Uberlandia si
trasformeranno gradualmente in piccole unità industriali specializzate, d’accordo con la filosofia
del distretto;
• Infine, dato il previsto afflusso di tecnici italiani ed ai già molti discendenti provenienti specie dal Sud Brasile, è stata prevista l’apertura di
un Consolato italiano ad Uberlandia alle dipendenze di quello di Belo Horizonte, con un console onorario locale.
“Da questa
cooperazione
potranno
scaturire fatti
dinamici e positivi
di interesse
reciproco”
GLI ACCORDI ENUNCIATI SONO STATI I SEGUENTI:
• Appoggio istituzionale dell’Italia all’iniziativa
già avviata con tecnologia d’avanguardia e che
dovrà costituire un modello per altri investimenti italiani in Brasile. Ciò in pratica significa
sopporto finanziario, credito agevolato, innovazione tecnologica, design;
• Appoggio del Governo federale brasiliano, mediante incentivi per le future esportazioni previste soprattutto in USA, Canada, Messico, Inghilterra, Paesi del Mercosud. L’iniziativa italiana
viene infatti considerata rivoluzionaria nella sua
concezione distrettuale ed un complemento rilevante all’agrobusiness brasiliano che ha avuto in
questi ultimi anni grosso successo;
• Lo Stato del Minas Gerais garantisce poi all’iniziativa tutti i possibili incentivi in termini di
ICMS, sia per l’importazione (macchinari, materie
prime, componenti se non fabbricati nello Stato),
sia come differimento di pagamento ai fini della
costituzione del necessario capitale di giro;
• Il Municipio di Uberlandia già ha investito 5 milioni di Reais nell’acquisto della prima parte del Di22
Credo che da questa cooperazione Italia/
Brasile che nasce sotto i migliori auspici, potranno scaturire fatti dinamici e positivi di interesse reciproco, quali espansione dei mercati,
aumento dell’export di entrambi i paesi mediante il complemento dei prodotti nelle reti, razionalizzazione dei sistemi di produzione sulla base
della validissima esperienza distrettuale italiana, ancora maggiore approssimazione tra paesi
già tra loro congeniali, contributo alla conoscenza nell’UNIONE EUROPEA della formidabile
potenzialità economica brasiliana.
esteri
Luigi Filippo si
congeda dall’ACIB
Pasquale Terracciano
nuovo capo del servizio
stampa della farnesina
R
OMA - Il ministro degli Affari Esteri, Franco Frattini, ha nominato oggi, 14 ottobre, Pasquale Terracciano, attualmente vicecapo del suo Gabinetto, a capo del Servizio
Stampa e Informazione e portavoce del Ministro degli Esteri. Terracciano, che subentra
Michele Valensise, destinato all’Ambasciata
in Brasile, assumerà l’incarico a partire dal
mese di novembre 2004.
Nato a Napoli nel 1956, laureato in giurisprudenza nel 1978, avvocato, Terracciano entra in carriera diplomatica nel 1981.
Svolge i primi incarichi alla Direzione Generale del Personale (ufficio giuridico, capo
segreteria del direttore generale) è console
a Rio nel 1985 e primo segretario alla NATO
in Bruxelles nel 1989. Rientrato a Roma nel
1993, lavora al Coordinamento comunitario
della D.G. Affari Economici ed è successivamente nominato consigliere del Gabinetto
del ministro Susanna Agnelli. Dal 1996 al
2000 è primo consigliere dell’Ambasciata
d’Italia a Londra, nonché direttore aggiunto
per l’Italia nella Banca Europea per la Ricostruzione e lo Sviluppo. Nel 2000 torna alla
Rappresentanza alla NATO come primo consigliere e dal 2001 è vicecapo di Gabinetto
del Ministero degli Esteri. (aise)
COMUNITÀ ITALIANA
/
NOVEMBRO 2004
In intervista a Comunità, il professore
racconta come ha superato i problemi
finanziari dell’Associação e critica
l’Ambasciata italiana per la mancanza
d’iniziativa quando si tratta della diffusione
della lingua italiana in Brasile
Andressa Camargo
D
opo sette anni di mandato, molti problemi e qualche conquista,
il professore di matematica Luigi
Filippo lascia la presidenza dell’
Associação Cultural Ítalo-Brasileira di Rio de Janeiro (ACIB), orgoglioso del lavoro d’amministrazione che la sua
equipe è riuscita a portare avanti in questi anni. Nell’intervista rilasciata a Comunità afferma che usando delle regolette di contenzione
di spese ispirate all’economia domestica è riuscito ad equilibrare i conti dell’Associação – che
offre corsi di lingua italiana, sussidiati dal governo italiano a modici prezzi, nello Stato di
Rio de Janeiro – e anche a lasciare in cassa una
somma tale da garantire l’inizio del 2005: “Dobbiamo essere preparati se per caso i contributi
del Ministero Affari Esteri dovessero ritardare,
NOVEMBRO 2004
/
cosa che ultimamente sta accadendo con una
certa frequenza”.
Nato a Paola, in Calabria, Filippo è arrivato
a Rio de Janeiro il 10 dicembre 1933 con la madre. Il padre era già venuto due anni prima per
trovare un impiego e mettere su casa. Filippo
ha frequentato la scuola elementare presso la
scuola italiana Principe di Piemonte, che aveva
sede presso la Casa d’Italia e quando – durante
la guerra – la scuola è stata chiusa, si è iscritto
ad una scuola pubblica brasiliana. “Mio padre
non mi ha mai potuto pagare gli studi” ha detto lui che, all’inizio degli anni Cinquanta, ha
lottato per conseguire una borsa per la Facoltà
di Matematica. “Sono stato molto felice con la
mia professiore.”
Quando, alla fine del 1997, ha accettato
la presidenza dell’ACIB, il professore era già
COMUNITÀ ITALIANA
in pensione e si è imbattuto in una serie di
difficoltà: lo stipendio dei professori non veniva pagato da ben quattro mesi, cosí come
gli affitti e le tasse condominiali delle aule.
La situazione, causata dai ritardi dei depositi
dei contributi ministeriali, era stata riferita al
presidente della Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro (SIBMS), Giambattista
De Giuseppe, che ha subito indicato Filippo per
l’incarico, giacché il mandato del suo antecessore stava per scadere. “Credo di essere stato
scelto dovuto ad una serie di motivi: il lavoro
qui è volontario, ma esige dedicazione, quindi
doveva essere scelto qualcuno con disponibilità di tempo e che appartenesse alla comunità”,
ha spiegato Filippo.
Secondo il professore, i problemi di contabilità sono stati risolti grazie a semplici regole
di contenzione: “Si può spendere soltanto ciò
che si trova in cassa, senza contrarre debiti a
scadenza. Tutti gli anni, quando i soldi arrivano, calcolo le nostre spese fisse e metto da parte il valore corrispondente. Se avanza qualcosa,
possiamo pensare a comprare equipaggiamento
o a contrattare un’altra persona”, dice. Grazie a
tanta dedicazione, il professore avrebbe potuto
tentare una nuova rielezione – ha già concluso
due mandati e gli hanno anche chiesto altri 15
mesi di proroga – ma dice di essere stanco e di
doversi occuparsi di problemi di salute che ha
in famiglia.
Oltre agli aiuti del Ministero, per funzionare l’ACIB può contare sui soldi delle iscrizioni
degli studenti e sugli accordi con scuole comunali. In tutto sono circa 3500 studenti: 800
adolescenti e adulti che pagano i corsi, 2700
bambini dalla prima all’ottava serie (N.T.: dalla
prima elementare alla terza media), alunni della
scuola pubblica brasiliana. “Qualche volta viene firmato un contratto con ditte che vogliono
offrire lezioni di portoghese ad italiani appena
arrivati. Ma si tratta di situazioni sporadiche,
non ci possiamo contare”, dice Filippo.
Quando gli si chiede di dire qualcosa sulla
politica di diffusione della cultura italiana
in Brasile, il professore critica la mancanza
d’iniziative dell’Ambasciata presso il Ministério da Educação brasiliano. Lui crede che
l’insegnamento della lingua italiana dovrebbe
essere regolarizzato come materia optativa nelle scuole pubbliche, cosí come lo spagnolo e il
francese. “Non dovremmo dipendere dalla simpatia dei direttori delle scuole. A New York, già
dall’anno prossimo le lezioni di italiano verranno offerte gratuitamente nelle scuole statali”.
Chi dovesse essere interessato ad iscriversi ai corsi dell’ACIB deve recarsi presso il terzo
piano della Casa D’Italia do Rio de Janeiro. Indirizzo: Avenida Presidente Antônio Carlos, 40
– Centro. Le iscrizioni saranno aperte a partire dal gennaio 2005 e i prezzi sono diversi: R$
100,00 a semestre per discendenti di italiani e
R$ 150,00 a semestre per brasiliani – che saranno accettati soltanto in classi incomplete.
23
m foco
1
Schienze
2
Região vinícola
da Toscana
ameaçada
O
Beleza brasileira no
calendário Pirelli 2005
3
4
O
mercado brasileiro está recebendo
atenção especial da Pirelli neste fim de
ano. A empresa italiana, conhecida mundialmente pela fabricação de pneus e cabos de telecomunicação, escolheu o Rio de
Janeiro como cenário para a versão 2005
de seu famoso e sensual calendário, produzido há 41 anos.
Para que as fotos ficassem ainda mais
atraentes, a Pirelli contratou belas modelos brasileiras: Liliane Ferrarezi (abaixo)
posou no Alto da Boa Vista, e Adriana Lima (acima), na praia de Ipanema. O calendário foi lançado no dia 18 de novembro, em festa realizada no Forte de Copacabana, na qual estava presente o embaixador italiano Michele Valensise.
Mas não é só isso. A empresa, que tem
investido também na área de moda, decidiu trazer sua grife, a Pzero, para Brasil. A
marca ainda é pouco conhecida por aqui,
mas, na Itália, onde nasceu há cerca de
dois anos, concorre com nomes como Prada e Gucci.
5
1 - O diretor do Istituto Italiano di Cultura, Franco Vicenzotti, recebeu do deputado estadual Edino Fonseca, a Comenda máxima da Assembléia
Legislativa. Fizeram parte da mesa, entre outros,
o cônsul Massimo Sassi e o procurador-geral do Estado Francesco Conte; 2 - Marco Lucchesi e Pietro
Petraglia em solenidade na Academia Brasileira de
Letras que marcou a entrega dos títulos de “Poeta do Ano” e “Personalidade Cultural”, respectivamente. Os títulos foram entregues pela União
Brasileira de Escritores. O diretor do IIC-RJ Franco
Vicenzotti (à esq.) prestigiou a entrega; 3 - A escola
de samba Mocidade Independente de Padre Miguel
se apresenta com o grupo folclórico da Sociedade
Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro. Na foto,
a graça das dançarinas, que se apresentaram para
especial da TV Globo; 4 - O cônsul da República de
San Marino Giuseppe Lantermo di Montelupo com
Jean Todt, da Ferrari, Aluizio Rebello e Regina Lucena da Fundação Criança, em SP; 5 - Max Tommasi, Toni Bellotto, Malu Mader, Sergio Pappalettera
e Patrizia Pappalettera na inauguração da Mostra
Tropitalia realizada pela Editora Comunità no Centro Cultural da Justiça Federal do Rio de Janeiro. O
evento faz parte do calendário de comemorações
de 10 anos de ComunitàItaliana.
24
SOPHIA LOREN: SETENTONA E BELA
N
o dia 21 de outubro, Roma festejou os 70
anos de Sofia Loren, o último sex symbol de
uma fantástica geração de grandes personalidades do cinema mundial. Ainda em atividade, a
atriz acaba de participar da filmagem de Piperoni ripiene e pesci in faccia, que será lançado pela
TV italiana no próximo ano.
COMUNITÀ ITALIANA
/
NOVEMBRO 2004
sabor do vinho Chianti,
um dos mais prestigiados
da Toscana, está ameaçado
pelo aumento da temperatura global. Foi o que revelou
um estudo da Southern Oregon University, nos EUA, coordenado pelo climatologista
Gregory Jones.
Ao todo, 27 regiões produtoras de vinho, localizadas em diferentes países, serviram de objeto para a
pesquisa, que se divide em duas partes. Na primeira, o
professor e sua equipe analisaram cadastros referentes
à qualidade das colheitas nos últimos 50 anos para, em
seguida, comparar os dados obtidos com as médias de
temperatura nas épocas de crescimento das plantações.
“Entre 1950 e 1999, houve, em média, um aumento de
1,26ºC sobre as mais importantes regiões vinicultoras
do mundo”, afirma o professor. “Esses índices de aquecimento parecem ter sido benéficos para a expansão dos
plantios, mas a situação irá mudar”, prenuncia.
A segunda parte do estudo estabelece previsões para
as futuras cinco décadas. A temperatura continuará aumentando, e alguns vinhedos bastante férteis hoje em dia
- como os da Toscana -, por já se encontrarem em lugares
quentes, devem sofrer com o amadurecimento excessivo
das safras e a ocorrência de pestes. Em alguns casos, os
problemas econômicos poderão ser evitados: “Além de utilizar aparatos tecnológicos para moderar esses impactos, o
produtor talvez precise escolher outros tipos de uva para
semear”, explica Jones. “De qualquer modo, as transformações terão como conseqüência a perda da identidade cultural de várias comunidades”, conclui.
Em contrapartida, regiões produtoras um pouco mais
frias, como o Vale Rhine, na Alemanha, conseguirão, daqui para frente, safras mais consistentes e proveitosas.
Por fim, o aquecimento global pode vir a propiciar o aparecimento de novas localidades vinicultoras e, logo, de
novas variedades de vinho. (Andressa Camargo)
Per amore della genomica
C
– “La genomica è come un telescopio. Puntato
dritto verso un cielo stellato di cui ancora non si
conoscono i confini. Nè i nomi delle innumerevoli stelle che
lo popolano”. A Sebastiano Cavallaro, ricercatore dell’’Istituto
di scienze neurologiche (Isn) del Cnr e responsabile del Centro
di genomica funzionale di Catania, di certo non manca “il
senso della frase”. E nemmeno l’’arte oratoria. Intesa nella sua
migliore accezione, quella cioè di arte finalizzata a trasmettere passione per la
ricerca e amore per la scienza. “Soprattutto ai giovani, puntualizza, che muovono
i loro primi passi in un mondo dove l’’entusiasmo è la prima vera carta vincente”.
Ed è stata proprio la sua implacabile curiosità, che, insieme alla tenacia e allo
studio, lo ha condotto a individuare, insieme a un gruppo di ricercatori da lui
coordinati, i geni che regolano l’’apoptosi neuronale, un processo di morte che ha
un ruolo fondamentale nell’’insorgenza di gravi malattie neurodegenerative come
l’’Alzheimer e il Parkinson. “Il progetto di studio - racconta - è partito nel 1999,
ed è stato il coronamento di anni trascorsi in Italia e all’’estero, in America, a fare
ricerca nel settore della genomica. Aver individuato i meccanismi che sovrintendono
la morte cellulare, fisiologica o patologica, è di enorme importanza e potrebbe
costituire un grande passo in avanti nella cura delle malattie neurodegenerative”.
La sua avventura comincia a Catania, quando fresco di laurea in medicina decide di
abbandonare la strada della specializzazione ospedaliera per intraprendere quella
della formazione accademica. Oggi Sebastiano Cavallaro è responsabile di un
nuovo centro di Genomica funzionale, con sede a Catania. (aise)
ATANIA
Alla scoperta dei problemi
psichici dei bambini brasiliani
“S
ofrimento Psicológico e Baixa Estatura na Infância” è il titolo della nuova
ricerca condotta dalla psicólogas dell’Universidade Federal de São Paulo Vanda
Mafra Falcone, brasiliana di origine italiana e la sua collega Vânia Vieira Costa.
La tesi principale portata avanti dalla Falcone è che ci possono essere problemi
psicologici alla base di una bassa statura: sono quelli insorti nel corso della vita
intrauterina del feto, connessi con eventuali interruzioni o ritardi nella crescita.
Lo studio che offre spunti di riflessione rivela passaggi della vita di un feto che
spesso, secondo l’autrice, “non vengono percepiti da pazienti e pediatri”.
E’ stata in particolare la Falcone a indagare sulla psicologia di 342 bambini della
scuola pubblica della zona sud di San Paolo durante il 2000: obiettivo era quello di
cercare i turbamenti che possano aver interferito con la crescita della statura; la sua
collega invece ha proseguito nell’indagine conseguenze. (News ITALIA PRESS)
Sapori d’Italia
Alessa Migani
Ezio Maranesi
Pomodori
Da feira à festa
H
R
odrigo Martins non é certamente un nome italiano, ma
il suo ristorante “POMODORI” é tra i piú italiani di San
Paolo. Giovanissimo, 28 anni, e figlio d’arte, il padre
gestiva un ristorante in Paraná, ha da sempre la passione
della buona cucina. Frequentó la scuola del SENAC di Aguas de
San Pedro e si perfezionó con Laurent. La sua formazione é
pertanto francese. Una breve parentesi con Gualtiero Marchesi,
una certa simpatia per l’Italia ma principalmente una indagine
ragionata lo portarono a scegliere la cucina italiana il giorno
in cui decise di aprire, all’inizio del 2001, insieme al socio chef
Jefferson Roueda, il suo “piccolo grande ristorante” in Itaim,
bairro “in” di San Paolo. Nei piatti di Rodrigo si sente talvolta
qualche influsso francese o brasiliano ma, nella sostanza, essi
sono italianissimi. Italiana é l’unica acqua minerale che ti é
offerta, italiani sono gli olii d’oliva che provengono da differenti
regioni d’Italia, italiana é l’intera ricca lista dei vini, ben scelta
tra quanto di meglio l’Italia offre (unica eccezione gli champagne
rigorosamente francesi), italiani i 12 vini da dessert e le 14
grappe. Il menu offre anche i formaggi, cosa rara in Brasile
ma bene in sintonia con la cultura gastronomica italica. La
scelta dello stile italiano gli ha dato ragione: é difficile trovare
posto nel ristorante POMODORI, ed é praticamente necessario
prenotare. E cosí é giusto che sia; San Paolo é la maggior cittá
italiana del mondo ed ha un grandissimo numero di ristoranti
ispirati all’Italia, ma quelli veramente “italiani” sono ben pochi.
Le “cantine”, ristoranti dell’etá dell’emigrazione, di italiano
hanno solo i mandolini; gli altri hanno spesso subito la forte
influenza dei gusti e della cultura locali, perdendo quindi le
caratteristiche dei ristoranti dell’Italia di oggi. La recente
rivista Veja passa in rassegna il panorama della ristorazione
a San Paolo e nella sezione “ristoranti italiani alta cucina”
descrive solo sette locali. POMODORI é uno di questi, e due
critici su dodici lo hanno segnalato come il migliore. Onore e
complimenti quindi a Rodrigo che, cosí giovane, ha dimostrato,
con talento e determinazione nelle scelte, che a San Paolo
c’é voglia di buona cucina italiana. Se desiderate visitarlo,
ricordatevi di prenotare.
POMODORI
RUA DR. RENATO PAES DE BARROS, 534
04530-000 SÃO PAULO
TEL. 31683123 - [email protected]
Os chefs Rodrigo
Martins e
Jefferson Roueda,
sócios do
Pomodori
Gisele Maia
á dois anos a designer e publicitária Alessandra Migani decidiu investir em sua carreira como estilista.
Desde então, ganhou projeção em
publicações internacionais, como a
revista italiana Collezione e o periódico inglês The Observer, que dedicou quatro
páginas à esta carioca de 32 anos e à “Casa da
Alessa”, seu lar-atelier em Ipanema. Durante um
mês, teve uma vitrine exclusiva para o lançamento de sua marca na maior loja de departamentos
de Londres, a Selfriedges. Suas criações caíram no
gosto do público, como as calcinhas com dizeres
bem-humorados, hoje copiadas até por camelôs, e
a volta do tecido de chita em grande estilo.
A influência da Itália não se restringe a Milão: filha de um romano que veio para o Brasil
como representante da Ferrari e da Alpha Romeu,
foi criada no universo do design sofisticado dos
carros e sapatos italianos do pai. Ele, protagonista de uma das mais curiosas histórias da família,
nasceu na sétima coluna de San Pietro, em1937,
quando uma enchente alagou o Vaticano, onde
morava com os pais, e tornou impossível a chegada até o hospital. Foi através dele que Alessa, há
um ano, tomou conhecimento do diploma de ‘Sarto del Papa’ (Alfaiate do Papa) de seu bisavô. “Incrível como a minha vida toda eu não soube desse
veio!”, conta.
Em seu primeiro desfile, em
junho deste ano,
inovou ao levar
para a passarela vestidos de
toalha plástica
de mesa e pano
de prato, colares de garfos de
batedeira e um
chapéu de palha
de aço. Foi a própria Alessa quem
abriu o evento,
com a leitura de
um
manifesto
“Pela liberdade
de ser maravi-
Bolsa de regador, modelos
de chita e as famosas
calcinhas by Alessa.
Na Casa da Alessa: Rua
Nascimento Silva, 399,
Ipanema. Tel.: 2287-9939.
www.alessa.com.br
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COMUNITÀ ITALIANA
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NOVEMBRO 2004
NOVEMBRO 2004
Moda
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lhosa, ainda que cotidiana”, e também encerrou, usando um
vestido de noiva de Perfex, chapéu de coador e buquê de espanador – criação que chamou de “Amélia Perfeita”. Seu tema
“Sindicato das Donas de Casa”, fez chiar feministas como Rose
Marie Muraro. Sobretudo porque, na mesma época, Domenico
Dolce e Stefano Gabbana colocaram suas modelos para desfilar
em cima de máquinas de lavar. As coincidências não ficaram
por aí: na semana seguinte, uma revista americana publicou
beldades também de avental e espanador.
Graduada em Desenho Industrial na UERJ, em 1997 foi
para Londres cursar o mestrado em Graphic Design da Central
San Martins College of Arts & Design. Antes, morou três meses em Milão, onde pesquisou cursos, conheceu a Domus, fez
estágio na Kartel e trabalhou com propaganda, para a Young
& Rubicam. “Quando retornei, voltei para a Young & Rubicam
no Rio. Desde então nunca mais deixei a propaganda. O design ousada”, diz. E, bem-humorada,
tem muito conceito estético, formal, mas não tem o humor e completa: “O mais incrível é ver no
o imediatismo da propaganda. Há dois anos esse misto mudou camelô. Aí é sinal de muito sucesmais ainda com a interferência da moda”. Com uma atuação so! Uso uma linguagem universal,
tão ampla, não é a toa que
que vai da feira à festa”.
foi convidada pelo diretor do
Alessa, que não tem
Instituto Europeu de Design
peças verde-amarelas (as
na Itália para dar aulas na
cores do verão romano
futura filial de São Paulo.
deste ano), sente prazer
Desde criança visita a
em ver nossa bandeira
Itália com freqüência. Ainda
propagada no exterior.
assim, teve uma grande surNo exterior, apesar do
presa em 2002, quando ficou
passaporte italiano, semdez dias em Milão e viu que
pre se apresenta como
muitas das coisas que fazia
brasileira. Além disso,
por aqui podiam ser enconnão nega um outro lado,
tradas nas ruas mais sofistique muitos classificam
cadas da capital italiana da
como pejorativo: “Para
moda. Ela, então, compromim a bunda também é
vou o que vários clientes
uma bandeira. Não tenho
italianos já diziam. “Muitos
problema algum de faficavam impressionados, dilar da estética do Brasil
ziam que eu tinha ido lá
através da mulher, do fue copiado! Foi incrível ver
tebol, do Carnaval. Não é
coisas que crio em vitrines
preciso esconder isso. Ou
caríssimas da Via della Spiga
será que a beleza não é
e da Monte Napoleoni. Isso
importante?”, questiona.
Alessa “Amélia Perfeita”
me deu muita confiança”.
Recém chegada do
Sobre a possibilidade de ser copiada, Alessa diz não ser raro México, onde foi jurada na Bienal
ver peças iguais às suas em revistas italianas um ano após terem de Design, ela adianta à Comunisido lançadas por ela. E fala com tranqüilidade e segurança que tà que a próxima coleção trará a
não acredita ter sido por acaso que recebeu a visita de Gianfran- América Latina como tema e diz
co Ferré. “Eu ainda não tinha nenhuma matéria internacional ter sido inspirador o contato com
publicada. Ele veio aqui e comprou pe- os profissionais latinos. “A gente
ças que criei. Tenho certeza que era pes- tem muito o que celebrar, não só
quisa para coleção dele”, afirma Alessa.
o Brasil, mas quem está em volta
Mas tudo isso não chega a ser uma também. A moda tem que ter um
preocupação para ela. “Toda essa sofis- recado. O meu desfile, com o “Sinticação do popular, por exemplo, não dicato”, veio para deixar uma menexistia há dois anos, quando eu come- sagem de que o cotidiano precisa
cei. Tanto que as pessoas vinham me ser repensado, com diversão e hucumprimentar, me achavam corajosa, mor. Aguardem o próximo!”.
COMUNITÀ ITALIANA
Alessa se
diverte criando
e tem no
humor sua
matéria-prima
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