Itália comemora produção recorde de

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Itália comemora produção recorde de
Politica
Conferenza conferma
interesse dell’Italia di
avvicinarsi all’America Latina
KART
A volta de Felipe
Massa às pistas
Especial
O início da produção
brasileira de azeite
www.comunitaitaliana.com
R$ 11,90
Para
brindar
Ano XVI – Nº 138
ISSN 1676-3220
Rio de Janeiro, dezembro de 2009
Itália comemora produção recorde de
espumante. Quase 50 milhões de garrafas
estão prontas para celebrar o Ano Novo.
No Brasil, o mercado nacional da bebida
prevê aumento de 30% nas vendas
Exclusivo: Lula assume seu lado torcedor e fala de futebol
22
CAPA
Espumantes italianos batem recorde de produção e desbancam o champagne francês. Em todo
o mundo, 46,5 milhões de garrafas estão prontas para brindar o Ano Novo
Editorial
Comportamento
Cose Nostre
Profilo
Omaggio
Kart
Apito para 2010.............................................................................08
Pizza napolitana ganha selo de Garantia
de Especialidade Tradicional da UE.................................................09
André Urani firma il testo di addio al padre, l’articolista Franco Urani��������������������������������������������������������������� 12
Atualidade
Un calciatore modello per abilità e spirito sportivo,
Leonardo è uno dei simboli del Brasile di oggi..................................50
A volta às pistas do piloto Felipe Massa, cinco meses após acidente....55
Cinema
V Semana Venezia Cinema porta in Brasile la bellezza dell’attrice
Maria Grazia Cucinotta..................................................................57
20
Política
Patrizia D’Addario
Prostituta lança livro em
que conta detalhes dos seus
encontros com o primeiroministro Silvio Berlusconi
6
42
Especial
Azeite
Brasil terá pela primeira
vez seu próprio óleo,
a partir de espécies vindas
diretamente da Itália
ComunitàItaliana
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Literatura
Paolo Giordano
No Brasil, escritor italiano fala
sobre o seu trabalho de estreia,
A solidão dos números primos,
best-seller internacional
Dezembro 2009
Ricardo Stuckert
Roberth Trindade
São Paulo vai brigar com o Rio de Janeiro pela Expo 2020................33
Stati brasiliani cominciano ad adottare leggi antifumo�������������������� 36
52
Esporte
Lula
Presidente brasileiro fala sobre
a escolha do Rio de Janeiro para
a sede das Olimpíadas e de sua
paixão maior, o futebol
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADA EM MARÇO DE 1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
Diretor: Julio Cezar Vanni
Publicação Mensal e Produção:
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O
Tiragem: 40.000 exemplares
Esta edição foi concluída em:
11/12/2009 às 18:30h
Distribuição: Brasil e Itália
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Redação: Daniele Mengacci;
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Projeto Gráfico e Diagramação:
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Capa: ICP Unlimited
Colaboradores: Luana Dangelo; Pietro
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Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda
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Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi;
Fabio Porta; Fernanda Miranda
CorrespondenteS:
Guilherme Aquino (Milão);
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ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente, as
opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
ComunitàItaliana
ano de 2009 não foi brincadeira. Uma roda viva criada pelos mercados financeiros deixou a todos apreensivos quanto ao futuro. No exterior, em especial na Europa, a crise é uma realidade dura que contamina os humores dos seus cidadãos
e isso atinge diretamente aos italianos. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
não se arrependeu ao apostar no otimismo. Através de medidas econômicas de redução
e até eliminação de impostos, fez com que os consumidores continuassem em grande
forma e, consequentemente, girou a roda mais rápido para o campo positivo.
O Brasil chega ao fim de 2009, definitivamente, como uma grande potência. Não só
demonstrou sua liderança e competitividade em diversos setores, como conseguiu trazer
otimismo e um toque de orgulho com a melhor notícia do ano: as Olimpíadas de 2016.
Enquanto isso, na Itália, o premier Silvio Berlusconi parece não ter muito o que
comemorar. Aliás, as acusações de suas “comemorações” em sua residência oficial, o
Palazzo Grazioli, suas festas com prostitutas na Villa Certosa e as recentes denúncias do
mafioso pentito Gaspare Spatuzza que envolvem o primeiro-ministro italiano com a máfia,
fazem deste um ano muito ruim para ele. Apesar disso, continua com a popularidade em
alta e é um dos nomes preferidos da mídia internacional. Um bom banho de sal grosso
na virada do ano lhe cairia bem.
Neste ano, em 27 de novembro, perdemos um grande
colaborador: o amigo Franco Urani. Ele sim, um exemplo de
italiano. Nascido em Turim, em 1930, era um apaixonado
pela natureza e tinha verdadeiro amor pelo Brasil. Aqui, onde
viveu diante da beleza do mar de São Conrado, era conhecido
pelos projetos sociais que ajudavam comunidades carentes.
Visionário, conseguiu instalar em Betim, Minas Gerais, o
império FIAT. Foi ele o primeiro presidente, em 1974, da
montadora no Brasil. Em sua última coluna de novembro,
Franco estranhamente escreveu sobre os extraterrestres. Citou
um fenômeno ocorrido no céu de sua terra natal em exatos 36
anos de sua morte. Estudioso de todas as coisas, deixa grande
Pietro Petraglia
saudade. Seu filho, o amigo economista André Urani, assina
Editor
sua coluna de despedida. Obrigado pela sua existência.
A Franco Urani e sua família, ergo um brinde. Um brinde ao futuro que, com certeza,
nosso incansável e otimista colunista encontraria motivos de sobra para comemorar.
Ergo um brinde também a nossos leitores, colaboradores e anunciantes, fiéis
companheiros de uma jornada que parte para seu 16º aniversário. Ao longo de todo o
ano de 2009, publicamos mensagens de congratulações pelos nossos 15 anos. A todos
que compartilharam conosco desse marco, o meu muito obrigado. A cada mês, as
mensagens de apoio e carinho recebidas foram uma grande recompensa para toda nossa
equipe. Para 2010, ano de Copa do Mundo, entraremos em campo com a determinação
de sempre e o entusiasmo renovado de nossos atletas.
Para ajudar nesses brindes, Comunità oferece a seus leitores o melhor do espumante
italiano e brasileiro. Nossa reportagem de capa da última edição de 2009 mostra como a
bebida dos dois países passa por uma boa fase e chega com todo gás, ou melhor, bolhas,
nas festas de final de ano.
Dentre as boas novas para o futuro, a revista também mostra o início da produção
brasileira de azeite. Ainda sem tradição no setor, o país dá seus primeiros passos para ter um
bom óleo, não por acaso, com a ajuda da Itália que tem um dos melhores produtos do mundo.
O ano que chega é de Copa do Mundo, mas ainda não no Brasil que receberá o
evento em 2014. Mas Copa do Mundo é sempre sinônimo de festa e explosão de paixões.
Comunità antecipa um pouco dessa paixão brasileira por futebol com uma entrevista
com o seu “torcedor número 1”: o presidente Lula. Apaixonado por futebol e esportes em
geral, ele concedeu uma entrevista que girou apenas sobre esses assuntos.
Agora, é correr para o abraço e comemorar.
Feliz Ano Novo!
Boa leitura.
ISSN 1676-3220
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Apito para 2010
editorial
Verace pizza
A
pizza feita de acordo com a tradição napolitana obteve
o reconhecimento da Comunidade Europeia como sendo
um produto STG, ou seja, de especialidade tradicional garantida. Agora, la vera pizza napoletana ficará protegida pela
UE contra imitações e falsificações. A decisão de conceder o
selo STG para a pizza feita em Nápoles foi tomada no início
de dezembro, pelo comitê europeu responsável pelas indicações geográficas e denominações de origem do continente,
que funciona em Bruxelas.
Sex symbols
O
s atores italianos Raoul Bova e Mônica Bellucci foram apontados como o homem e a mulher ideal pelos internautas italianos, em uma
pesquisa realizada pelo site de encontros e relacionamentos Meetic. A
enquete intitulada “Amor e Cinema” foi feita com cerca de 800 pessoas,
entre homens e mulheres dos 18 aos 60 anos. Segundo o site, 43,4% dos
casais declararam ser influenciados pela sétima arte. Os artistas italianos
superaram personalidades hollywoodianas como Brad Pitt, Angelina Jolie,
George Clooney e Scarlett Johansson. Já os filmes de amor mais citados
pelos internautas foram Ghost (1990), E o Vento levou (1939), Casablanca
(1942), Uma Linda Mulher (1990) e Dirty Dancing (1987).
Vitória dupla
Sexo
O
atacante brasileiro Adriano
está rindo à toa. Depois de
conquistar com o Flamengo o título de campeão do Brasileiro de
2009, o jogador celebra a justiça no caso do fotógrafo italiano
acusado de chantageá-lo. Fabrício Corona, proprietário de uma
empresa de fotografia, foi condenado a três anos e oito meses de prisão. Além do caso de
Adriano, Corona foi considerado culpado por tentar extorquir
o motociclista Marco Melandri,
supostamente fotografado em
companhia de uma atriz pornô, e
o jogador Francesco Coco, então
atleta do Milan, clicado em uma
discoteca. Outros jogadores, como os italianos Francesco Totti,
Alberto Gilardino e Christian Vieri, e o francês David Trezeguet,
estão envolvidos em supostos
casos de chantagem.
3 euros
É
“G
S
oterrada por cinzas do vulcão Vesúvio, a cidade de Pompeia
poderá ser visitada virtualmente. O Google colocou a cidade
na sua ferramenta Street View, onde o internauta pode “passear”
entre os restos de antigas construções. Trata-se de uma das mais
bem conservadas cidades da Antiguidade, pois ficou enterrada sob
as cinzas por 1.700 anos. Porém, o que as cinzas conservaram, o
excesso de turistas está colocando em risco. O turismo virtual pode ser a solução para preservar o que sobrou de Pompeia.
o valor que cada italiano com mais de 18
anos gastou por dia, em 2009, apostando na loteria. A informação foi divulgada pela agência Agipronews, com base nos dados
do Instituto Italiano de Estatísticas (Istat) e
da Administração Autônoma dos Monopólios de
Estado (Aams). No total, foram cerca de 45 bilhões euros despendidos por uma população de
quase 50 milhões de pessoas.
Rapidinhas
● De 30 de janeiro a 5 de fevereiro,
a Região Lombardia, em colaboração com a Promos, organiza em
São Paulo e Belo Horizonte encontros de negócios com operadores
locais do setor de agroindústria.
● Com sede no estádio do Morumbi, o restaurante Copa Gas-
Divórcio caro
V
erônica Lario, ex-mulher do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, pediu o
equivalente a 5,3 milhões de dólares mensais
de pensão no processo de divórcio iniciado devido ao suposto relacionamento do líder com
uma jovem de 18 anos. Berlusconi, também um
bilionário empresário de mídia, teria feito contraproposta de 300 mil dólares mensais para a
ex-esposa com quem tem três filhos.
tronomia & Futebol inaugurou a
Confraria do Copa, que oferece
degustações de vinhos e harmonizações especiais.
● Caxias do Sul, no Rio Grande
do Sul, e Pedavena, província de
Belluno, assinaram tratado de
gemellaggio.
● O Vice-Presidente da Fiat América Latina, Valentino Rizziolli,
e o prefeito de Belo Horizonte,
Márcio Lacerda, foram os homenageados da 4ª edição da entrega da Medalha Itália Affari, promovida pela Câmara de Comércio
Italiana de Minas Gerais.
Entretenimento com cultura e informação
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Dezembro 2009
Dezembro 2009
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ostaria de transar
com (Barack) Obama.” Esse é o “desejo secreto” que o ex-deputado transexual Vladimir Luxuria admitiu
ter. A “confissão” foi feita, no
início domes, durante o programa de TV, Cena di Natale
quasi perfetta , apresentado pelo Trio Medusa, no Sky
Uno. Luxuria é um habitual
participante de programas de
televisão. Ele inclusive, foi o
vencedor da versão 2008 de
A ilha dos famosos, o reality
show mais famoso da Itália.
Máfia
O
ex-mafioso Gaspare Spatuzza, que testemunha em
um processo de segunda instância contra o senador Marcello
Dell’Utri, insinuou em depoimento, no início do mês, que o primeiro-ministro da Itália, Silvio
Berlusconi, teria envolvimento
com a Cosa Nostra, a máfia siciliana. Spatuzza afirmou que soube da suposta relação do premier
com a organização criminosa em
uma conversa com o chefe mafioso Giuseppe Graviano, que teria sido mantida nos anos 1990.
O ex-mafioso também citou
Dell’Utri, do partido governista
Povo da Liberdade (PDL), como
suposto envolvido com a máfia
siciliana. O senador já foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão por associação
mafiosa. Spatuzza depôs sob um
forte esquema de segurança. Ele
testemunhou escondido atrás de
um biombo branco, com o rosto
coberto por uma máscara e cercado por agentes da polícia.
ComunitàItaliana
9
opinião
serviço
agenda
frases
Cetus (Rio de Janeiro)
O argentino Alejandro Somaschini apresenta na galeria Progetti, da italiana Paola Colacurcio,
a mostra Cetus. Em sua primeira exposição individual no Brasil, o artista, que exibiu trabalho na recém-terminada Bienal
do Mercosul, ocupará os dois
andares do espaço. Misturando,
como anuncia a descrição de Viviana Usubiaga, “paleontologia,
astrologia e futurologia em seu
“Berlusconi confonde il consenso popolare, che
ovviamente ha e che lo legittima a governare, con
una sorta di immunità nei confronti di qualsiasi altra
autorità di garanzia e di controllo”,
Gianfranco Fini, presidente della Camera dei Deputati italiana
“L’Italia è fortemente e
fermamente convinta che
Battisti sia un terrorista
comune e debba scontare
la pena in Italia. Ma noi
non faremo pressioni sulla
decisione del presidente
brasiliano”,
Fashion Rio (Rio de Janeiro)
Sob o tema Rio, Olímpico e Maravilhoso, o evento acontecerá de 8
a 13 de janeiro de 2010, no Píer
Mauá, e vai falar sobre o esforço
de milhares de pessoas para que
os Jogos de 2016 entrem para a
história, como um exemplo de
organização, de resultados positivos para os nossos atletas e de
transformação do Brasil. Durante
seis dias, grifes brasileiras apresentarão suas coleções Inverno
2010 nos armazéns do Cais do
Franco Frattini, ministro degli
Affari Esteri italiano
Monique Evans, ex-modelo e
apresentadora de televisão
“Le attese su Copenaghen sono state sproporzionate
rispetto alle reali possibilità di accordo. La UE (Unione
Europea) si è sbagliata pensando che il mondo le sarebbe
andato dietro, invece segue in un’altra direzione”,
Corrado Clini, direttore generale
del ministero dell’Ambiente italiano
Paul Krugman, Prêmio Nobel de
Economia de 2008
enquete
Berlusconi é eleito rockstar do ano pela
Rolling Stone. Você concorda?
Adriano está na lista de reforços do
Roma. O brasileiro voltará para a Itália?
Sim – 71,4%
Não – 66,7%
Não – 83,3%
Não – 28,6%
Sim – 33,3%
Sim – 16,7%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 20 a 24 de novembro.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 24 a 27 de novembro.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 1 a 4 de dezembro.
cartas
“S
“A
erá motivo de grande orgulho para nós, ítalo-brasileiros,
ter uma obra do genial Massimiliano Fuksas em São Paulo.
Espero que o projeto saia do papel o mais rápido possível para poder sentir o cheiro de Brasil que ele deixará na nova sede do IIC
graças ao uso de madeiras nativas. Bela matéria.”
o ler a matéria sobre a renúncia do governador do Lazio, fiquei
pensando como a Itália é mesmo um país curioso. Ao mesmo
tempo em que é um lugar assumidamente machista, não param de pipocar casos sobre envolvimento de italianos com travestis. Quando vão
terminar os escândalos sexuais envolvendo governantes do país?”
Neusa Fiori – São Paulo, SP – por e-mail
Lúcia de Mattos – Rio de Janeiro, RJ – por e-mail
10
ComunitàItaliana
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Dezembro 2009
Panificação artesanal (Rimini)
Salão Internacional da Sorveteria, Confeitaria e Panificação Artesanal, a Sigep, é a vitrine europeia para confecção de doces
e consolida seu espaço no setor
Villa-Lobos – O florescimento da música brasileira. Mundialmente conhecido, Heitor Villa-Lobos foi um dos compositores latinoamericanos mais importantes da música erudita de sua época. Apesar de nunca ter se enquadrado em um movimento cultural específico e ter sido desconhecido do público e atacado pela crítica por
muito tempo, o também maestro produziu uma extensa obra que
une, de forma multifacetada, a música brasileira tradicional com
a europeia. Fundiu os sons da mata, dos traços indígenas e africanos da cultura brasileira a características das cantigas, dos choros
e sambas nacionais. O ano de 2009 marca os 50 anos de morte do
músico e a obra de Manuel Negwer não deixa a data passar em branco. O autor o apresenta em toda sua heterogeneidade, além de fazer
um amplo estudo das correntes culturais no Brasil da primeira metade do século 20. Martins Fontes Editora, 320 páginas, 44,90 reais.
Deus abençoe esta bagunça – Imigrantes italianos na cidade do Rio de Janeiro. Professora colaboradora do programa de pós-graduação em Políticas Públicas e Formação
Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Cléia
Schiavo Weyrauch apresenta um retrato colorido e entusiasmado do mundo empresarial, das artes e do trabalho elaborado pelos italianos no Rio de Janeiro, com destaque para a Zona Rural (atual Zona Oeste), os bairros da Gávea, Santa Teresa
e Centro e o atual município de Nova Iguaçu. São lembranças
emocionadas da família da própria pesquisadora combinadas
a documentos inéditos. O livro é resultado do curso de Pósdoutoramento realizado pela professora na Universidade de
Roma II (Tor Begata) sob a orientação do professor Aniello
Angelo Avella. Editora Comunità, 196 páginas, 28 reais.
da panificação artesanal. Na 31º
edição estarão em evidência as
novidades quanto à matéria-prima e produtos de base, equipamento para confecções variadas,
decoração e mobília. São destaques as alas temáticas, concursos, demonstrações, cursos e seminários de atualização. Na edição de 2008, foram registrados
92 mil visitantes e 745 expositores. Dos dias 23 a 27 de janeiro.
Informações: www.riminifiera.it
ou com a Câmara Ítalo-Brasileira
de Comércio e Indústria do Rio
de Janeiro através do e-mail [email protected].
Vivi la Casa 2010 (Verona)
A feira de decoração e design,
que acontece anualmente em Verona, chega a sua 8ª edição. O
evento expõe mobiliário contemporâneo e para empresas, arte e
artesanato, novidades para ambientes externos, moda e serviços para matrimônio. De 21 a 25
de janeiro. Outras informações:
(21) 2262-9141.
na estante
“A história sugere que não é bom ser
a cereja do bolo”,
Olimpíadas: prefeito de Veneza está otimista com
candidatura para 2020. A cidade tem chances?
Porto, sendo que seis delas pisam pela primeira vez na passarela principal da semana de moda. Já o salão de negócios oficial do Fashion Rio, que agora
se chama Rio-à-Porter, vai reunir
cerca de 150 expositores de diferentes estados brasileiros.
click do leitor
Arquivo pessoal
“Penso em me candidatar
a deputada estadual pelo
Partido Humanista da
Solidariedade (PHS), em
2010. Quero falar sem
palavras difíceis. Não
abusarei de decotes e
minissaias. Serei a dona de
casa que luta pelos direitos.
Não quero ser a Cicciolina”,
método”, o artista nos traz perguntas como: O que deduzirão a
partir dos nossos restos? O que
descobrirão sobre nós por meio
da evidência dos nossos esqueletos? Minuciosas, as obras de Somaschini descortinam seus traços naturalistas enquanto emergem de uma descoberta. Até 27
de fevereiro, de terça a sábado,
das 11h às 19h. Galeria Progetti:
Travessa do Comércio, 22, Arco
do Telles. Rio de Janeiro. Informações: (21) 2221-9893
“N
o mês de outubro participei do
curso ‘Orizzonti Circolari - Ambasciatori del Terzo Millennio’ promovido pelo
Parco Nazionale dell’Appennino Tosco-Emiliano. Pude visitar lugares lindos e tocar
com as próprias mãos a História! Esse é o
belíssimo castelo da família Malaspina em
Fosdinovo (Massa), onde se tem a oportunidade de visitar o quarto em que Dante
Alighiere dormiu durante sua estadia no
castelo. Eu os convido a visitar as belas
cidades que fazem parte do Parque.”
Roberta Belletti,
São Paulo - SP - por e-mail
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
11
Opinione
Opinione
André Urani
Ezio Maranesi
[email protected]
Una sentenza
Um uomo che
ha vissuto
C
hi, da quache anno, scriveva in questa pagina era
mio padre, Franco Urani,
che è mancato il 27 di
novembre ultimo a Torino – dove era anche nato, nel 1930. Se
ne è andato in pace, abbracciato a mia madre, mia sorella e a
un amico prete, a cui era molto
attaccato. Io, purtroppo, non ho
fatto in tempo ad arrivare per
dargli un ultimo saluto.
Ha lottato instancabilmente contro un linfoma per più di
nove anni, ma ha lavorato fino
alla fine, con il buon umore e
l’ottimismo che lo hanno sempre
caratterizzato. Ci lascia una scia
“do bem”, ripiena di realizzazioni, semplicità e generosità che ci
incitano a voler fare delle belle
cose in questo mondo.
Amava la natura: dalle Alpi
piemontesi, che erano la sua passione, alla Pedra da Gávea (su cui
è salito almeno una trentina di
volte), passando dalla sua spiaggia di São Conrado (dove camminava tutte le mattine, a piedi
nudi sulla sabbia, quando era qui
a Rio) e a ogni tipo di animale,
in particolare gli insetti. Non per
niente studiò scienze agrarie e
fece una tesi di laurea sulle cavallette (di cui scoprì tre nuove
speci), grazie alla quale è vissuto
durante un anno e mezzo nel Parco Nazionale del Gran Paradiso.
Amava il Brasile, la sua gente,
le sue contraddizioni e le sue sfide.
Amava lo sport: le camminate con mia madre, le gite di scialpinismo, il tennis e la sua Juve.
Amava (da buon piemontese) il suo lavoro: idealizzando e
montando l’impero FIAT in Brasile, appoggiando mia madre e
mia sorella nella vendita dei pizzi Alabianca, dandosi da fare in
tutti i modi possibili e immaginabili per cercare di migliorare la
Franco Urani: 45 anni di Brasile
tra fabbriche e favelas
Messaggio per Franco Urani F
abio
“È
stato un onore per me,
nel corso di questi ultimi due anni, essere “opinionista” di “ComunitàItaliana” accanto ad una persona come Franco
Urani: personaggi come lui sono il miglior esempio di come il
rapporto Italia-Brasile possa far
nascere esperienze straordinarie di integrazione e solidarietà
12
Porta
quando i protagonisti sono uomini dotati di una innata sensibilità e una profonda umanità. Ciao, Franco! I tuoi amici
italiani e brasiliani ti piangono
ma sono felici e riconoscenti per
tutto quello che ci hai lasciato. Un abbraccio alla tua famiglia
e ancora grazie per il dono della
tua lunga e bella esistenza.”
ComunitàItaliana
/
stupida
L’Europa impone all’Italia di staccare il
Crocefisso dalle pareti delle aule scolastiche
Franco, il mio presidente
“V
edeva lontano Franco quando, nei primi
anni ’70, cercava di convincere la FIAT ad investire in Brasile. Quando FIAT decise, nel
1973, la situazione finanziaria del Gruppo non era buona e
l’investimento era ingente. La
costruzione delle fabbriche iniziò in Betim nel 1974. Franco
era il presidente e il responsabile della iniziativa.
Mi accolse, con gli altri direttori inviati da Torino, con
semplicità e spirito fraterno.
Era il suo carattere. La responsabilità era immensa: il cantiere, l’acquisto degli impianti, la
preparazione del personale, il
difficile rapporto con il goverqualità della vita dei suoi vicini
di Vila Canoas, a São Conrado.
Amava aiutare gli altri: la
famiglia (genitori, zii, fratelli,
moglie, figli, nipoti – tutti quanti!), gli amici, i poveracci di ogni
specie, perfino gli insetti che
rimanevano incastrati nella luce
di una lampada. Si divertiva ad
offrire opportunità.
Amava mia madre, con cui
è stato felicemente sposato per
più di 50 anni.
Amava la vita, in tutte le sue
manifestazioni.
Non importava cosa facesse:
dava sempre il meglio di se stesso. Aveva il pallino di realizzare
le cose; si poneva degli obiettivi
chiari e non si dava pace finché
non li portava a termine. Non si
scoraggiava mai, prendeva sempre
Dezembro 2009
Ezio Maranesi
no di Minas. Franco affrontò i
problemi con serenità e professionalità e ci diede sempre
il suo esempio. Vi furono momenti di sconforto quando, nel
’75, l’investimento rallentò; FIAT
aveva problemi di liquidità e si
parlava di cessione alla G. M.
Franco sempre ebbe e ci trasmise fiducia. La Libia entrò nel capitale della FIAT e l’investimento
riprese. Nel ’77 la prima vettura
147 usciva dalla fabbrica.
Ci siamo visti poco negli ultimi tempi. Ma non ho mai dimenticato l’esempio di serenità,
di impegno e di competenza che
Franco, il mio presidente, mi ha
dato in quegli anni. Sono orgoglioso di essergli stato amico.”
il lato positivo delle cose e aveva
un profondo senso di giustizia.
Nelle sue ultime settimane di
vita si è messo a scrivere la sua
storia. L’ha finita quattro giorni
prima di morire. Cercheremo adesso di pubblicarla, perchè merita.
Ha vissuto intensamente e
si è preso tante soddisfazioni.
E riconoscimenti: nei primi anni
‘70 fu nominato Commendatore
della Repubblica (il più giovane, fino a quel momento); nel
2006, cittadino onorario di Rio
de Janeiro. Ma anche tutte le
manifestazioni di stima, rispetto
ed affetto che mia madre, mia
sorella ed io stiamo ricevendo da
quando se ne è andato.
Possiamo piangerlo (eccome!), ma non avere rimpianti.
La saudade è già grande!
A
lla parete bianca alle
spalle della maestra era
appeso, anni fa, ed è appeso ancora oggi, un Crocefisso. E’ sempre sembrato naturale che fosse in quell’ aula.
Ha accompagnato, silenzioso ma
presente, il cammino scolastico
di noi ragazzi cattolici piú o meno devoti e non ha mai turbato le coscienze dei pochi ragazzi
non cattolici. La Corte Europea
dei Diritti dell’Uomo ha deciso,
con sentenza, che il crocefisso
deve essere tolto dalle aule scolastiche italiane. Motivo: il 10%
degli studenti oggi appartiene
ad altre etnie. Questi studenti
sono costretti a subire la presenza sulle loro teste di un simbolo
religioso cattolico.
L’Italia è uno stato laico
quindi, razionalmente, la sentenza sembra avere una sua logica. Si può obbiettare che esiste un Concordato tra la Chiesa
e l’Italia, ma non la metterei sul
piano giuridico. Parliamo invece
di buon senso e pensiamo all’importanza e al significato della
rivoluzione cristiana nella storia del mondo. Gesú Cristo non
è un essere mitologico; la sua
esistenza e la sua crocefissione
sono ampiamente provate. Il
suo insegnamento ha dato origine ad un movimento religioso
che è cresciuto nel tempo e assunto una valenza mondiale. Se
vi sono state pagine non sempre gloriose, l’Inquisizione o il
processo a Galileo per esempio,
o papi non sempre santi, non si
può negare l’influenza che il cristianesimo ha avuto nel divenire
della storia di tanti popoli. Lo
viviamo, senza rendercene conto, anche nelle piccole grandi
cose che accompagnano la nostra vita: il tempo si conta a
partire dalla nascita di Cristo, il
Natale e la Pasqua si festeggiano ovunque, la domenica è festa
perche Dio al settimo giorno riposò. Lungo le nostre strade vi
sono cappelle, altari, Madonne e
Crocefissi, molte città e strade
hanno nomi di santi, la Croce
Rossa e tanti altri enti con il
simbolo della Croce ci assistono
col loro generoso lavoro, nella
bandiera di vari stati campeggia la croce. Storiche chiese,
monasteri, abbazie sono ovunque, i campanili, aguzzi nelle
Alpi, tondeggianti in Padania,
mozzi in Toscana, aggregano le
case dei villaggi, come i pastori
aggregano le loro pecore e risaltano nei paesaggi dell’intera
Europa. Ovunque vi sono monumenti, statue, affreschi che ci
ricordano Gesú. Sulle vette delle
Alpi troviamo sempre una Croce. Noi siamo nati e cresciuti in
questo contesto; questo è il nostro mondo. Metastasio sintetizzò questo sentimento in modo
memorabile: “Ovunque il guardo
io giro, immenso Dio ti vedo .
.”. E la Corte di Strasburgo vuole
togliere il Crocefisso dalle aule
scolastiche. E poi? Vieterà di
suonare le campane? Vieterà le
processioni? Ordinerà di cambiar nome a piazza San Pietro o
a Santa Margherita Ligure? Ordinerà alla Svezia di togliere la
croce gialla dalla sua bandiera?
Suggerirà al governo brasiliano
di sostituire il Cristo Redentore con la statua di Platone, o
di Voltaire, o di un altro campione del razionalismo per non
turbare i sonni dei musulmani
carioca? E gli arabi rifiuteranno i dollari del petrolio perché
sulle banconote c’è scritto “In
God we trust”? Abbiate buon
senso, giudici europei, e invece
di preoccuparvi del Crocefisso
nelle aule scolastiche italiane o,
come talvolta fate, del diametro
dei cetrioli europei, occupatevi
di regolamentare l’immigrazione distribuendo su tutti i paesi
dell’Europa il peso e le responsabilità che oggi gravano soprattutto sull’Italia e sugli altri
paesi mediterranei invasi dagli
sbarchi clandestini.
L’Italia ricorrerà alla sentenza ma, comunque, non accetterà l’imposizione disobbedendo,
se necessario. Non possiamo
accettare che una Corte Europea neghi la presenza nelle aule
scolastiche di un simbolo che,
da sempre, ha accompagnato le nostre vite. Quella parete
bianca non può restare vuota;
già c’è troppo vuoto nei valori
che la cultura dominante oggi
ci propone. Al figlio dell’immigrato musulmano o induista non
nuocerà la presenza di un simbolo che è caro a noi, che siamo i padroni di casa. Il fenomeno della immigrazione è molto
complesso e non si può parlarne liquidandolo in tre righe. Ma
su un punto l’Italia deve essere
ferma: l’immigrato, rispettate
le regole di ingresso nel paese
fissate dal governo, può certamente continuare a pregare Allah, ma è benvenuto solo se è
disposto ad accettare le nostre
leggi e gli usi e costumi che sono la nostra cultura.
Opinione
notizie
Fabio Porta
Jaquet
[email protected]
L’anno che verrà
Perché e quando gli italiani sono passati ad essere il popolo più triste d’Europa e cosa fare
per farli ridiventare quel popolo simpatico e cordiale che tutto il mondo ha conosciuto
L’
Italia è cambiata, non è
più la stessa, non è più
simile a sé stessa o – meglio – non è più simile
all’immagine che tutti nel mondo
abbiamo sempre avuto del Belpaese: l’Italia allegra e spensierata, il Paese del lieto vivere, della
proverbiale cordialità e simpatia
dei suoi abitanti non esiste più.
Una constatazione che sino a
qualche tempo fa veniva fatta di
solito dai nostri emigranti al loro rientro a casa, o al paese dei
loro nonni o bisnonni; dov’era finito quel popolo allegro e ospitale, sempre pronto alla battuta e all’accoglienza sorridente e
disinteressata? Oggi i primi ad
ammettere questo cambiamento,
questa vera e propria trasformazione o metamorfosi della loro
maniera di essere sono gli stessi
italiani. Sconsolatamente e con
una certa rassegnazione.
Perché tutto questo è avvenuto e, soprattutto, quando è
iniziato questo processo che ha
trasformato nel giro di pochi decenni gli italiani dal popolo più
felice a quello più pessimista
d’Europa?
Per trovare una risposta, e
forse anche una data, dobbiamo
fare un salto all’indietro di circa trent’anni. Siamo nella secon-
da metà degli anni’70, quando
esplode in Italia con tutta la sua
virulenza il fenomeno del terrorismo. Attentati, sparatorie, sequestri di persona, sono all’ordine del giorno. Improvvisamente,
in particolare nelle grandi città,
si comincia ad aver paura di uscire la sera, di andare in luoghi affollati, si diventa sospettosi verso il vicino di casa o il collega
da poco seduto nella scrivania
accanto alla nostra.
I miei genitori rinunciarono
all’ultimo momento di trasferirsi
dalla Sicilia a Roma per paura; sì,
la paura di perdere la sicurezza
che una piccola cittadina di provincia poteva offrire ad una famiglia con figli in età scolare.
Sono anche gli anni del cosiddetto “riflusso”. Dopo la grande partecipazione democratica
del dopoguerra, le conquiste sociali dei governi di centrosinistra
e l’euforia collettiva di studenti
e lavoratori del sessantotto/sessantanove, la politica non è più
di moda; entra in scena con irruenza il privato, entrano in crisi
i ‘grandi miti’ collettivi.
In quegli anni Lucio Dalla,
uno dei cantautori italiani più
famosi anche all’estero, scrive
una canzone intitolata “L’anno
che verrà” nella quale descrive
alla sua maniera e con la forza
magica di musiche e parole sapientemente coniugate il clima
di quel periodo. La canzone è
una lettera ad un amico, scritta
a pochi giorni dalla fine di uno
di quegli anni bui e pesanti: “Caro amico ti scrivo – canta Lucio
– così mi distraggo un po’, e siccome sei molto lontano più forte
ti scriverò”.
Dopo poche strofe ecco come il cantautore descrive il clima di quegli anni: “Si esce poco
la sera, compreso quando è festa, e c’è chi ha messo dei sacchi
di sabbia vicino alla finestra (…)
e si sta senza parlare per intere
settimane, e a quelli che hanno
cose da dire di tempo ne rimane”.
In questi trent’anni l’Italia
è cambiata e ancora di più sono cambiati gli italiani; agli anni
del riflusso e del terrorismo sono
seguiti gli anni di “mani pulite”
e dell’ingresso del nostro Paese
nell’Europa della moneta unica,
con il passaggio dalla lira all’euro; un lungo periodo di scarsa
crescita economica, di crescente
disoccupazione e di difficile mantenimento per le famiglie italiane
dei livelli di benessere ottenuti
precedentemente. Fino ad arrivare ai tempi più recenti dominati
dal “berlusconismo” e dal “leghi-
smo”. Il partito di Berlusconi e la
Lega Nord hanno in qualche modo incarnato meglio di qualsiasi
altro movimento questo disagio
e questa difficoltà del Paese ad
uscire dalla spirale perversa nel
quale è entrata negli anni ’80. Lo
hanno fatto, a mio avviso, accentuando gli aspetti e gli effetti negativi di questa crisi, rafforzandone le tentazioni alla chiusura
e all’isolamento del Paese e non
le speranze di apertura e di cambiamento. La grave disattenzione di questi ultimi anni verso gli
italiani nel mondo e le politiche
severe e xenofobe in materia di
immigrazione ne sono uno degli
esempi più lampanti.
Eppure, nonostante questo
scenario certamente non ottimista, come italiano non voglio
perdere la speranza di vedere il
mio popolo recuperare quei valori e quelle caratteristiche che
nel corso dei secoli l’hanno reso simpatico, unico e inimitabile
agli occhi di tutto il mondo. E
voglio credere che questo miracolo si realizzerà anche grazie a
tanti milioni di stranieri in Italia
e di italiani nel mondo.
“L’anno che sta arrivando –
concludeva la canzone di Dalla –
tra un anno finirà; io mi sto preparando, è questa la novità!”
L
Jaquet 1
Comex 1
C
ostruito a Niterói (RJ) il jaquet è una struttura di acciaio
dalla base quadrata che misura 70 metri per 70 con topside che misurano 40 metri per 40, costruita con tubi che pesano
11.300 tonnellate in tutto. Alta 182 metri, dopo l’ancoraggio la
sua topside rimane a 10 metri al di sopra del livello del mare.
Il lancio del jaquet in mare è stato effettuato dal rimorchiatore
italiano Saipem 600. Invece la nave semisommergibile Saipem
7000 posizionerà il jaquet al posto giusto e lo fisserà sul fondo
del mare con tralicci di 116 metri di lunghezza e 400 tonnellate
di peso ognuno.
Previdenza
D
opo tre anni di ricerche e normative gli italiani e discendenti residenti in Brasile ora hanno l’opportunità di partecipare ad un piano di previdenza complementare gestito dalla Petros.
Sarà il primo settore ad usare la Lei 109/2009, che ha ampliato il
campo d’azione del fondo di previdenza complementare della Petros a categorie come associazioni, consigli e sindacati. Chiamato
Previtália, il piano usa come compagnia assicuratrice le Generali
do Brasil. Lanciato a Rio de Janeiro, dove gli italiani sono circa
1,2 milione, il piano dà i primi passi con sei associazioni fondatrici. Secondo il coordinatore del progetto, Odilon de Barros, la
meta è quella di raggiungere, entro 10 anni, 10 milioni di italiani
e discendenti in tutto il Paese.
I
l presidente brasiliano Luiz Inácio Lula da Silva ha autorizzato un investimento di 6 miliardi di reais durante 20 anni per
la costruzione di più di 2mila blindati per riattrezzare l’Esercito.
Secondo il ministro della Difesa, Nelson Jobim, il progetto Veículo Blindado Sobre Rodas ha già un preventivo a sua disposizione.
I nuovi blindati, che saranno chiamati Guarani, saranno costruiti nella fabbrica della Fiat/Iveco a Sete Lagoas (MG). Il ministro ha anche detto che il VBSR sostituirà tutto il sistema mobile
dell’Esercito. Jobim ha dichiarato che i blindati Urutu e Cascavel,
ormai superati e che erano prodotti dalla fallita Engesa (che li
esportava in circa 20 Paesi), saranno ristrutturati per comporre
la flotta della Força.
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2009
L
e relazioni commerciali tra il Brasile e l’Italia potrebbero essere molto più intense se ci fosse più divulgazione sui processi di esportazione ed importazione tra le imprese brasiliane,
specialmente quelle micro e piccole. La conclusione è stata tratta
da esperti che hanno partecipato al seminario “Capacitação em
Comércio Exterior e Relações Bilaterais com a Itália”, promosso
dalla Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Artesanato de Minas Gerais, che ha avuto luogo il mese scorso al Fiemg
Trade Center, a Belo Horizonte. Secondo il direttore della Ventana Serra do Brasil e rappresentante della Câmara Ítalo-Brasileira,
Paolo Casadonte, “bisogna migliorare la cultura dell’internazionalizzazione, specialmente nei comparti come quello della moda e dell’artigianato, che contano ancora su un marketing molto
timido all’estero”. Secondo Casadonte un altro problema riguarda
la mancanza di cooperativismo da parte delle imprese brasiliane,
che lui considera “fondamentale per rafforzare l’internazionalizzazione delle compagnie brasiliane”.
Blindati
14
Comex
a prima tappa dell’installazione della Piattaforma
di Mexilhão (PMXL-1) è stata conclusa il mese scorso. Il
jaquet – struttura di acciaio
che funge da base alla piattaforma e che resterà fissata
sul fondo del mare – è stato
lanciato nel Bacino di Santos.
L’operazione ha avuto luogo a
circa 140 chilometri dalla costa di Caraguatatuba (SP) dove la PMXL-1 entrerà in operazione dal 2010. Quella di Mexilhão
sarà la maggior piattaforma fissa per estrazione di gas del Brasile,
con capacità di produzione di fino a 15 milioni di metri cubici di
gas al giorno – l’equivalente alla metà della capacità del gasdotto Bolivia-Brasile.
S
empre durante l’evento realizzato in Minas il direttore della Fragata Internacional, Públio Júnior, che ha tenuto una
conferenza in cui ha spiegato le fasi dell’iniziazione al commercio estero, ha osservato che ci sono grandi imprese che non si
sono internazionalizzate e piccole imprese che invece già esportano. Secondo lui la prima cosa da fare, da parte di un’impresa
che vuole esportare, è iscriversi alla Receita Federal e al Banco
Central. Per lui il Brasile e l’Italia hanno ancora molto da svolgere nel campo del commercio estero “che andava meglio fino al
2000”. Oggigiorno l’Italia è solo l’ottavo principale partner commerciale del Brasile.
Valorizzazione
L
a banca di investimenti americana Goldman Sachs ha affermato in uno studio che il real è la moneta più supervalorizzata del mondo e che gli sforzi del governo brasiliano per contenere
questo fenomeno possono essere insufficienti dovuto alla “valanga di soldi” che sta entrando nel Paese. Tra le principali monete
del mondo nessuna ha avuto un aumento maggiore del real sul
dollaro, che è stato circa del 30%. Secondo la banca l’aumento
del real ha perso ritmo in rapporto alle altre valute da quando il
governo ha cominciato a far pagare una tassa del 2% sulle applicazioni estere nella Borsa o sul reddito fisso, dal 19 ottobre. Ma,
dice la banca, l’efficacia del provvedimento “non è ancora chiara”
e una nuova valorizzazione potrebbe portare all’adozione di altre
misure di controllo. Secondo la Goldman Sachs le entrate di denaro dall’estero sono una conseguenza del rapido recupero dell’economia brasiliana e dell’aumento crescente della domanda di commodities da parte dei mercati emergenti, come quello cinese.
Blindati 1
I
n aprile il Guarani è stato presentato alla fiera di materiale da
difesa Laad 2009 (Latin America Aerospace & Defence), a Rio.
Il costo di ogni unità è stato stimato in US$ 1,5 milione di dollari. Ciò significa che il governo potrà costruire circa 2.300 blindati. La dichiarazione del ministro è stata rilasciata dopo che il
governo Lula ha riattrezzato la Marinha con sottomarini francesi e
durante la fase finale d’acquisto di nuovi caccia per l’Aeronautica.
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
15
politica
Presidente brasiliano è presenza importante in evento su
sicurezza alimentare a Roma, dove gli viene reso omaggio
Sônia Apolinário*
C
ritiche al sistema finanziario internazionale e
all’atteggiamento dei paesi avanzati in rapporto
ai loro “vergognosi sussidi agricoli” hanno segnato la partecipazione del presidente brasiliano
Luiz Inácio Lula da Silva nel Vertice Mondiale sulla Sicurezza Alimentare il mese scorso a Roma.
Con l’assenza dei leader dei paesi
più ricchi del mondo, Lula è stato
il capo di stato più festeggiato.
E gli è anche stato reso omaggio
dall’organizzazione non governativa ActionAid Internacional “per
i suoi buoni risultati nella lotta
contro la fame in Brasile”.
Presso la sede dell’Organizzazione delle Nazioni Unite
per Agricoltura e Alimentazione
(FAO), Lula non solo ha propa-
Al presidente Lula vengono
regalati guanti che simbolizzano
la lotta contro la fame
16
gandato i suoi principali programmi sociali per l’erradicazione della fame nel Paese, come ha
proposto l’applicazione di quello
principale, il Fome Zero, nei Paesi dell’Africa subsahariana, dicendo che questo progetto ha
dato origine ad importanti risultati in Brasile. Secondo dati del
ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, gli investimenti nel Paese con il Fome
Zero hanno raggiunto più di 700
milioni di reais.
— L’esperienza brasiliana e di
altri paesi dimostra che affrontare
il problema della fame esige, prima di tutto, volontà e determinazione politica. Sono state iniziative politiche a permettere al
Brasile di sradicare 20,4 milioni
di persone dalla povertà e di
ridurre del 62% la denutrizione infantile, rompendo il ciclo perverso che perpetua la
miseria e la mancanza di speranza — ha detto il presidente,
continuando: — Programmi come
il Bolsa Família, principale strumento del Fome Zero, che si prende cura di 50 milioni di brasiliani,
garantiscono che il cibo arrivi effettivamente sulla tavola di coloro che ne hanno bisogno. Inoltre
stimolano la produzione agricola,
promuovono lo sviluppo locale e
contribuiscono a creare un vasto
mercato di consumo popolare.
Secondo dati della FAO 16
milioni di brasiliani soffrivano di
denutrizione nel 1991. Dal 2001
ComunitàItaliana
/
al 2005 questi numeri sono scesi
a 12 milioni e la percentuale di
denutriti è caduta dal 10 al 6%.
In una conferenza stampa,
quando gli è stato chiesto di
parlare dell’assenza dei principali leader mondiali all’evento, Lula
ha risposto che “la verità nuda e
Dezembro 2009
dagli attuali 7,9 miliardi di dollari a 44 miliardi di dollari annui.
— Credo che “a goccia a goccia si scava la pietra”. Il mondo
si sta rendendo conto del fatto
che con meno della metà dei soldi messi a disposizione per salvare il sistema finanziario, nell’ottobre dello scorso anno, potremo
salvare l’umanità da questa bomba di distruzione di massa che
è la fame. I paesi che si preoccupano dell’Iran, dell’Afganistan
o dell’Irak devono cominciare a
preoccuparsi di questa guerra invisibile, che uccide innocenti che
non possono dire a voce alta cosa sia la fame — difende Lula.
Il premier italiano, Silvio
Berlusconi, ha fatto eco alle parola di Lula per ciò che riguarda la messa in pratica dello “accordo di L’Aquila”. Secondo lui è
arrivato il momento di “decidere
le date e le modalità” per investire i soldi promessi. Nella dichiarazione fatta nella cerimonia
di apertura dell’evento “è ora di
passare dalle parole ai fatti”:
— La lotta contro la speculazione dev’essere vista tra le priorità per sradicare la povertà e la
fame. Ciò vale per il petrolio, il
rame e l’acciaio ma, soprattutto,
Sopra, il presidente Lula parla all’apertura del Vertice Mondiale sulla Sicurezza Alimentare. Sotto, Lula saluta il
segretario generale delle Nazioni Unite, Ban-Ki-moon
per il grano, il riso e la soia —
difende Berlusconi.
Il Vertice Mondiale sulla Sicurezza Alimentare ha contato sulla
partecipazione di circa 60 leader
di Stato. Per richiamare l’attenzione sul tema il segretario esecutivo della FAO, Jacques Diouf,
ha fatto un digiuno simbolico di
24 ore in solidarietà “con coloro
per cui questo tipo di realtà non
è opzionale”. Dovuto a questa
iniziativa il comune di Roma ha
Fotos: Ricardo Stuckert
È ora di
entrare
in azione
cruda” è che non ci si aspetta,
in realtà, che i paesi ricchi “vengano alla FAO ad annunciare che
daranno soldi”. Secondo il presidente brasiliano sarebbe stata
più importante la presenza dei
paesi poveri “affinché si potesse
fare esigenze di fatto e di diritto” riguardo all’adempimento di
accordi già siglati.
In luglio, durante il suo incontro annuale realizzato a L’Aquila,
in Italia, il G-8 (gruppo dei paesi
più ricchi) ha promesso di destinare ai paesi in via di sviluppo 20
miliardi di dollari entro tre anni
per dare impulso all’agricoltura
nei paesi in via di sviluppo.
Secondo la FAO il numero di
denutriti nel mondo supera già
la cifra di 1 miliardo, il peggior
livello dagli anni ’70. L’istituzione ha per meta quella di ridurre il numero di denutriti a 420
milioni di persone entro il 2015.
Per risolvere il problema legato
all’aumento della popolazione,
che dagli attuali 7 miliardi viene
stimato a 9 miliardi nel 2050, la
produzione di alimenti in questi
Paesi dovrà aumentare del 70%
in questo periodo. Ciò significa
che gli investimenti in agricoltura alimentare dovranno passare
cancellato il cocktail che sarebbe stato offerto alle delegazioni
dei Paesi che hanno partecipato
al Vertice.
Visto che si trovava in Turchia durante l’evento, il presidente dell’Italia, Giorgio Napolitano, ha inviato al segretario generale della Organizzazione delle
Nazioni Unite (ONU) Ban Ki-moon, e al direttore generale della
FAO, Jacques Diouf, un messaggio in cui gli ha chiesto l’impegno della comunità internazionale per combattere la fame:
— E’ tempo di un rinnovato
impegno da parte della comunità internazionale, specie dei paesi più ricchi, per sconfiggere la
povertà e per porre le basi di uno
sviluppo sostenibile e diffuso.
Nel messaggio Napolitano ha
osservato che il problema della fame nel mondo si è aggravato dovuto alla crisi economica e finanziaria. Secondo lui “le difficoltà
dell’ultimo anno ci hanno insegnato che ricchezza e benessere hanno valore quando sono largamente
e imparzialmente distribuiti”.
Dezembro 2009
/
Battisti
A Roma Lula è stato ricevuto dal
premier italiano, Silvio Berlusconi, con onori militari presso
Palazzo Chigi (sede del governo
italiano) dove ha avuto luogo un
pranzo di lavoro. Durante l’incontro i due capi di governo hanno affrontato temi bilaterali e di
politica internazionale. In Italia
c’era una grande attesa riguardo
al tema del caso Battisti.
Sempre durante la conferenza
stampa Lula ha negato di aver discusso il tema con Berlusconi. Secondo il presidente brasiliano lui
non avrebbe potuto discutere un
tema che è ancora all’analisi della Corte Suprema – all’epoca della
visita di Lula in Italia il Supremo
Tribunal Federal non aveva ancora
ripreso la votazione del caso.
— E’ impossibile venire in
Italia e non discutere la questione di Battisti. Ma sto dicendo
che non posso dire niente perché
il caso si trova nelle mani della
Giustizia — afferma Lula.
*Con agenzie
ComunitàItaliana
17
política
Na cama com
o premier
Prostituta lança livro onde relata com detalhes seus encontros com Silvio Berlusconi
“O
último jornal que fala de mim me foi dado de presente alguns
dias atrás por Ludovico Fontana, um jovem jornalista do Corriere del Mezzogiorno, de
Bari. Chegava do Tibet. É o Himalayan Times, estou na primeira página junto com estranhas notícias
sobre um país que eu não poderia
nem menos encontrar facilmente
no mapa. Faz três meses, falam de
mim os jornais de todo o mundo,
as emissoras de TV de todo o mundo. Fui para a cama com Berlusconi, sou uma grande notícia”.
18
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
É assim que se apresenta a
prostituta Patrizia D’Addario no livro Sirva-se Presidente, toda a verdade da escort mais famosa
do mundo, que escreveu
junto com a vice-diretora
do jornal Corriere del Mezzogiorno, Maddalena Tulanti.
Publicado pela editora Alberti, chegou às livrarias italianas no final do mês passado e
logo virou polêmica.
As primeiras frases abrem
a cortina de um dos maiores
escândalos sexuais da Itália
num momento em que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi ganha a capa da revista
Rolling Stone pelo seu “estilo rock
de ser e estar na vida”. Para a publicação, as performances do premier na cama matariam de inveja
ComunitàItaliana
/
astros como Mick Jagger e Keith
Richards, nos seus áureos tempos.
Patrizia D’Addario é uma testemunha em primeira pessoa, carne, osso e alma, deste capítulo à
parte da política italiana submersa numa rede de intriga, sexo, poder, mentiras e gravadores. E depois de ver a sua história contada
e replicada em todas as línguas e
versões jornalísticas, decidiu ela
própria contar tudo. A base dos
relatos são as lembranças e vozes
gravadas durante a sua estadia no
Palazzo Grazioli, “um dos palácios
mais belos de Roma, e residência
privada do homem mais poderoso da Itália, o chefe do governo,
Silvio Berlusconi”, como escreve
ela, em trecho do livro.
E o conheceu bem, pois esteve
duas vezes no local: uma em 16 de
outubro de 2008 e outra em 4 de
novembro do mesmo ano. Ambas
as visitas foram organizadas pelo
empresário e amigo de Silvio Berlusconi, Gianpaolo Tarantini, processado por corrupção e falcatruas
em licitações em Bari. Na primeira ida à casa de Berlusconi eram
20 mulheres, em meio a rios de
champagne, música e piadas. Na
segunda, o harém diminuiu para
três mulheres, entre elas Patrizia
Dezembro 2009
política
D’Addario, que não tinha passado
despercebida no encontro anterior.
Na cama de Putin – assim batizada por ter sido um presente
do presidente russo - duas lésbicas acariciam os pés do primeiro-ministro enquanto Patrizia e
uma das “odaliscas” recebiam o
convite para ir a um spa: “Vocês
podem vir também? Massagem,
relax, nós juntos, um mundo de
diversão”, garante Berlusconi,
instigado pela lembrança da promessa feita por ele a uma das
mulheres, algum tempo antes.
E de promessas, Patrizia estava farta. Ela conta que pagou uma
promessa de Berlusconi
com favores sexuais. Ela
admite que fez da profissão de escort, “acompanhante de alto nível”,
um caminho para ganhar
dinheiro e vencer a burocracia italiana que travava
a realização do projeto de
família: construir um hotel,
a partir das ruínas de um velho prédio, em Bari. A ela
não interessava o pagamento de cinco a dez mil euros
por cada noite passada com o
primeiro-ministro, pagos do bolso de Gianpaolo Tarantini. Patrizia conta que o que ela queria era
a garantia de que Berlusconi se
ocuparia em retirar os obstáculos
jurídicos para a realização do projeto que já tinha custado a vida
de seu pai – ele se suicidou por
não conseguir fazer frente à dívida contraída junto aos bancos locais para erguer o hotel.
Berlusconi não sabia que estava com uma escort, segundo
alardeia Gianpaolo Tarantino, que
a teria apresentado como uma
amiga. Segundo Patrizia, quando
ele soube do seu problema, prometeu ajuda-la e “foi atencioso
dentro e fora da cama”. “Eu vou
te ajudar, vou enviar duas pessoas de confiança no canteiro de
obras”, foi a frase ouvida e gravada por ela, da boca de Berlusconi. Ninguém, porém, apareceu
para ajudá-la. A tiragem inicial
do livro é de quinze mil cópias.
E se o interesse pelas memórias
de Patrizia for tão grande quanto a repercussão do caso, o título já deverá ser um best-seller e
um dos presentes de Natal mais
disputados, além de candidato a
se transformar em roteiro de filme. Os ingredientes estão todos
lá, nas 274 paginas do livro.
D
ois anos após a prisão de
Cesare Battisti, no Brasil,
sua extradição para a Itália ainda é um suspense.
Depois do italiano receber do ministro da Justiça brasileiro, Tarso
Genro, o status de refugiado político, o caso acabou no Supremo
Tribunal Federal, que votou pela
extradição. Agora, a questão está
nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, até o fechamento desta edição, não tinha
dado o seu veredicto.
O Promotor Público e chefe
do setor anti-terrorismo do Tribunal de Milão, Armando Spataro, aplaude a decisão do STF. Ele
foi um dos promotores do caso
Battisti, na Itália, que levou o
ex-terrorista a ser condenado a
prisão perpétua.
— Eu defendo que Battisti é
um assassino puro — afirma Spataro, em entrevista à Comunità.
ComunitàItaliana - Qual é a sua
avaliação sobre o caso Battisti?
Armando Spataro – Em relação
ao Supremo Tribunal Federal decidir que o presidente Lula tem
a palavra final, lembro que ele
disse aqui na Itália que seguiria a decisão da justiça. Gostaria
de demonstrar o meu alto apreço
pelo STF porque quando em casos
como este, com mortos e um as-
dade é que, no final, conta o direito e o direito triunfou.
CI - O senhor foi procurado por
representantes do governo ou
da magistratura brasileira?
AS - Absolutamente, nunca, nenhum magistrado brasileiro me
procurou. Fui apenas consultado
pelo embaixador italiano no Brasil que queria algumas informações concretas e algumas sobre o
rito do processo.
CI - Existe diferença entre um crime de natureza política e aquele
comum?
AS - Depende, porque a noção de
delito político quando formou-se
nunca previu a cobertura de atos
de terrorismo. Posso dizer que a
finalidade política dos reatos tem
uma razão jurídica de existir. Posso imaginar, por exemplo, reatos
cometidos contra uma ditadura,
mas não falo de homicídio, falo de
ações em defesa da democracia.
O terrorismo é uma coisa completamente diferente, ele não é, absolutamente, um delito político e
isto é importante compreender.
Ponto de união
Sempre em guerra, Magistratura italiana e o primeiro-ministro
Silvio Berlusconi se entendem quando se trata do caso Battisti
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
sassino como Battisti, não é que
se pode falar de felicidade, mas
esta decisão confirma a falsidade de algumas teses da defesa de
Battisti. Também confirma a legalidade dos procedimentos italianos nos nossos anos de chumbo. Esta é uma razão de satisfação porque as palavras do ministro da Justiça do Brasil, Tarso
Genro, me pareciam palavras mal
informadas. Agora vamos esperar, ainda que exista um ponto
interrogativo. Existe uma razoável esperança de ver Battisti, finalmente, numa prisão italiana.
CI – O que o senhor acha que pode ocorrer com Battisti caso seja extraditado?
AS - Ele vai ser tratado como todos
os detentos aos quais a lei italiana
reconhece ainda possibilidades de
resgate e de benefícios penitenciários. Não sei para qual prisão ele
vai ser levado, pois este é um tema
do ministério da Justiça, uma vez
que o processo já terminou. Ele
deve apenas descontar a pena e é
o departamento de administração
penitenciária o órgão responsável.
CI - O senhor acha que a pressão
popular italiana tenha influenciado o voto do Supremo Tribunal Federal?
AS - Francamente não sei se a
pressão popular tenha surtido
efeito na magistratura brasileira. Teria que perguntar isso aos
juízes do STF. Eu tenho a sensação que o direito, a necessidade
de seguir a convenção internacional, ao final, foram mais fortes do que qualquer outra coisa.
Mesmo com a votação sendo de
5 votos a favor e 4 contra, o importante é o resultado final. O
meu respeito vai a todos os integrantes do STF, incluindo os que
votaram contra. Eu acho que os
protestos serviam para apresentar o problema mais ao povo brasileiro do que aos juízes. A ver-
Dezembro 2009
/
Quando alguém diz que é um direito político, não é verdade. Eu
defendo que Battisti é um assassino puro. Battisti cometeu homicídios. Desafio quem quer que seja
a me dizer que o assassinato de
um açougueiro tenha uma finalidade política, que o homicídio de
um cliente de um restaurante, como Torregiani, tenha uma finalidade política e, mais ainda, não se
pode falar de reato político se os
atos de terrorismo são cometidos
numa democracia, ou seja, contra
a democracia. É preciso estar bem
atento em definir atos políticos de
atos de terrorismo.
CI - O senhor acha que o caso
Battisti poderia ser manipulado
pelo governo? Battisti disse que
seria um troféu nas mãos de Silvio Berlusconi.
AS - O caso Battisti seria um dos
poucos no qual o governo e a
magistratura estariam do mesmo lado.
ComunitàItaliana
19
politica
Relazione
Queima de
imprescindibile arquivo?
Conferenza a Milano conferma interessi dell’Italia di avvicinarsi sempre di più all’America Latina
Sílvia Souza*
“L’
20
di origine italiana sparsi nei diversi paesi [latinoamericani] e
una presenza imprenditrice italiana di assoluta importanza, che
porta con sé tecnologia di punta”. Attualmente l’Italia è il terzo paese europeo che più importa merci dall’America Latina, con
una partecipazione dell’11,1%
del totale. Inoltre è responsabile
del 13,5% dei prodotti importati
dalla regione, restando al secondo posto tra le nazioni europee.
Come ha ricordato il presidente della Lombardia, Roberto
Formigoni, il Prodotto Interno
Lordo (PIL) latinoamericano è
aumentato del 5% negli ultimi
cinque anni, mentre gli investimenti esteri nella regione sono
aumentati del 53,6% tra il 2006
e il 2007 e del 14,5% tra il 2007
e il 2008.
Circoscritto il ruolo economico della regione, Frattini ha indicato la creazione del G-20 come elemento che ha sanzionato
definitivamente la funzione che
il continente disimpegna nella
congiuntura mondiale e in tutte le sfide internazionali, con la
crisi economica, il Doha Round,
l’ambiente, il narcotraffico, il
ComunitàItaliana
/
I ministri brasiliani Guido Mantega
(sopra) e Paulo Bernardo hanno
partecipato alla Conferenza
Elza Fiúza/ABr
America Latina è un
socio indispensabile”. La frase del ministro italiano degli
Affari Esteri, Franco Frattini, ha
“dato il la” di incontri e discorsi
della 4ª Conferenza Italia-America Latina e Caraibi, realizzata
all’inizio del mese a Milano. Per
due giorni ministri delle nazioni
che fanno parte del continente,
tra cui Guido Mantega (Fazenda)
e Paulo Bernardo (Planejamento, Orçamento e Gestão) hanno
riconfermato il loro desiderio di
essere partner della nazione del
paese europeo.
Secondo Frattini l’America
Latina è un “interlocutore essenziale” non solo dal punto di vista
economico, ma anche per risolvere i grandi problemi mondiali.
Secondo il ministro l’Italia – che
ora guida il G-8 (gruppo formato dai sette paesi più ricchi del
mondo più la Russia) – ha assistito quest’anno all’emergere di
paesi come il Brasile, l’Argentina
e il Messico sulla scena mondiale, e per questo ora queste nazioni hanno potere decisionale.
— E’ nostro compito consolidare sempre di più questa relazione, ogni giorno. L’Italia punta
sull’America Latina. Una scommessa che, ne sono sicuro, non
ci deluderà. La regione rappresenta un mercato con oltre 500
milioni di persone, con una simpatia naturale per il nostro paese e per il Made in Italy, rafforzata dalla presenza di comunità
di origini italiane perfettamente integrate. Vivono in America
Latina 1,13 milione di cittadini
italiani e decine di milioni di discendenti di italiani — ha detto
il ministro in una dichiarazione
rilasciata alla stampa.
Il ministro ha anche ricordato che ci sono “250 parlamentari
terrorismo e la non proliferazione
delle armi nucleari. Ma bisogna
mettere in risalto che il Brasile
è l’unico paese dell’America Latina a partecipare a questo nuovo
gruppo di leader mondiali.
Il primo ministro italiano, Silvio Berlusconi, ha difeso
“un’alleanza” con l’America Latina per far fronte alla “offensiva economica” delle Tigri Asiatiche – gruppo formato da Taiwan,
Hong Kong, Corea del Sud e Singapore. Il premier non ha nascosto la collaborazione che queste
nazioni in gruppo possono offrire
Dezembro 2009
al ruolo dell’Italia nelle relazioni
internazionali:
— Guardiamo ad un’alleanza con l’America Latina perché
siamo protagonisti nel mondo e
perché portiamo l’occidente, nel
senso più ampio del termine, nel
mondo — dichiara Berlusconi,
mettendo in risalto che l’occidente del pianeta deve mantenere la sua importante posizione.
— Nel mondo ci sono protagonisti che non conosco e che non
applicano quelli che sono i valori
basici dell’occidente.
La 4ª Conferenza Italia-America Latina e Caraibi si è occupata
di temi come quello dell’integrazione economica, culturale e politica, dei Mondiali di Calcio del
2014, dell’Expo 2015 e delle Olimpiadi del 2016. In un messaggio
diretto ai partecipanti della conferenza il presidente della Repubblica italiano, Giorgio Napolitano,
ha messo in risalto che la riunione “permette una comune riflessione sui problemi causati dalla
crisi economica mondiale, che ha
fortemente colpito le nostre economie e ha causato importanti
conseguenze sociali”.
Sempre secondo il presidente “dobbiamo [i paesi riuniti alla
conferenza] non solo condividere le gravi difficoltà, ma anche
accogliere le opportunità che la
crisi offre all’affermazione di un
modello di governance mondiale
giusto, inclusivo e solido”.
— L’Europa unita, forte grazie
alla sua esperienza, alle potenzialità offerte dall’entrata in vigore
del Trattato di Lisbona, potrà sviluppare un ruolo di protagonista
sullo scenario internazionale e
contribuire alla promozione della
stabilità e della prosperità in tutti
i continenti — prevede.
*Con agenzie internazionali
Morre travesti brasileiro envolvido com governador do Lazio
Sônia Apolinário*
P
ivô do escândalo sexual
que provocou a renúncia
do governador do Lazio,
Piero Marrazzo, o travesti brasileiro Brenda foi encontrado carbonizado, mês passado,
em Roma. Segundo laudo da autópsia, a morte foi causada por
asfixia ao inalar fumaça em seu
apartamento, que pegou fogo.
Ainda de acordo com laudo, o
corpo não apresentava sinais de
lesões físicas. O verdadeiro nome
de Brenda seria Wendell Mendes
Paes. Ele teria 31 anos.
Em declarações reproduzidas
pelo jornal Corriere della Sera,
que cita fontes próximas de Marrazzo, o governador teria lamentado a morte do travesti e revelado que se sente culpado.
— É culpa minha, é culpa minha. Depois de terem me destruído, também a fizeram morrer. Não
é possível, não é justo, não devia
ser assim — teria afirmado o político. — Perdoem-me pelo mal que
fiz a todos. Não queria. Eu errei,
cometi muitos erros, mas as coisas
não tinham que terminar assim.
O governador também teria
dito que acredita na hipótese de
que a morte de Brenda seja parte de um complô. No entanto, seu
advogado, Luca Petrucci, assegurou que todas as declarações são
falsas “da primeira à última linha”. Marrazzo renunciou ao cargo
de governador do Lazio dia 27 de
outubro e desde então se mantém afastado em retiro espiritual.
O corpo de Brenda foi encontrado
na madrugada de 21 de novembro.
A morte do travesti está sendo investigada pelo Judiciário de
Roma, que trabalha com a hipótese de homicídio. Outro travesti
que conhecia Brenda, identificado como China, relatou à imprensa italiana que o brasileiro bebia
Brenda: suspeita de fazer parte de
um esquema de chantagem que
levou Piero Marrazzo à renúncia
do cargo de governador do Lazio
No dia 2 de novembro, ao
prestar depoimento, Marrazzo admitiu ter saído duas vezes com
Brenda. Agentes da polícia des-
política
confiam que o travesti brasileiro
poderia fazer parte de um amplo
esquema de chantagem com base em vídeos e fotos comprometedores, do qual Marrazzo teria sido apenas uma das vítimas.
Outro fato que aumenta o mistério
do caso é a morte, ocorrida no dia
12 de setembro, de Gianguarino
Cafasso. Ele é traficante de drogas
e fornecia cocaína a Brenda e demais travestis. Cafasso foi vítima
de overdose de heroína.
O escândalo envolvendo Marrazzo e seu relacionamento com
travestis veio à tona com a prisão de quatro policiais que estariam tentando extorquir o então
governador em 80 mil euros. Tudo
começou quando policiais do Raggruppamento Operativo Speciale (ROS) investigavam tráfico de
drogas pela potente Camorra napolitana. Numa das interceptações
telefônicas realizadas com autorização judicial, colheu-se o relato
de que quatro policiais militares
(carabinieri) estavam chantageando Marrazzo. Para isso, usavam
uma filmagem de encontro sexual
dele com travestis, em um quarto onde havia carreiras de cocaína
em cima de uma mesa. Os carabinieri teriam flagrado o governador
em pleno ato sexual com Natalia,
ao invadir a casa deste também
travesti brasileiro. Já a filmagem
teria sido feita pela própria Brenda, em um aparelho celular.
* Com agências
muito e tomava remédios para
dormir. Para China, a morte não
teria passado de um “incidente”.
Já o travesti brasileiro Bárbara discorda. Para ele, Brenda
foi morta:
— Brenda estava mal psicologicamente e queria voltar para
o Brasil. Agora, precisamos encontrar quem fez isso — declarou
Bárbara, que contou ter se encontrado com Brenda na noite anterior de sua morte, quando beberam
uísque em um estacionamento.
O corpo foi encontrado por
bombeiros, que atenderam a um
chamado de incêndio. O travesti estava seminu. Também foram
achadas duas malas prontas e
uma garrafa de uísque. Um detalhe que chamou a atenção da polícia foi o computador de Brenda,
que teria sido jogado no interior
do vaso sanitário, em uma aparente tentativa de danificá-lo.
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ComunitàItaliana
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capa
N
Saúde!
Salute!
Lisomar Silva
N
Correspondente • Roma
este final de 2009, ao abrir a sua garrafa de
espumante italiano, você vai brindar não
somente os melhores momentos de sua vida
em companhia de parentes e amigos, mas
também o sucesso das bolhinhas que venceram a poderosa concorrência francesa do inigualável champagne no mercado internacional. Ao espocar a rolha, você
vai fazer parte de uma rede de consumidores que estará
desfrutando de cerca de 46,5 milhões de garrafas de espumantes em todo mundo para festejar o Ano Novo. Essa é
a previsão do Fórum do Espumante Italiano, que anunciou
a presença cada vez maior do frisante vinho italiano nos países emergentes, entre eles o Brasil.
Nos últimos doze meses, o volume de exportações do espumante cresceu em 70 países. A Coldiretti, a maior confederação italiana dos empresários no setor agrícola na Europa, indica
que, pela primeira vez na história, a produção de espumantes
superou a do champagne - que sofreu uma redução de garrafas
na ordem de 44% para controlar os efeitos da crise econômica
no setor enológico. Os produtores franceses colocaram à
disposição dos consumidores pouco mais de 262 milhões de garrafas da safra 2009, enquanto o espumante italiano ganhou um aumento de
15% em sua produção – o equivalente
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ComunitàItaliana
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el Capodanno del 2009, quando aprirai una bottiglia di spumante italiano brinderai non solo ai migliori momenti della
tua vita in compagnia di parenti e amici, ma anche al successo delle bollicine che hanno vinto la potente concorrenza
francese dell’impareggiabile champagne nel mercato internazionale.
Allo scoppio del tappo farai parte di una rete di consumatori che staranno sfruttando circa 46,6 milioni di bottiglie di spumante in tutto il
mondo per festeggiare il Capodanno. E’ questa la previsione del Forum
dello Spumante Italiano, che ha reso nota la presenza sempre maggiore del vino italiano frizzante nei paesi emergenti, tra cui il Brasile.
Negli ultimi dodici mesi il volume di esportazioni dello spumante
è aumentato in 70 Paesi. La Coldiretti, maggior confederazione italiana di imprenditori del settore agricolo in Europa, indica che per la
prima volta nella storia la produzione di spumanti ha superato gli effetti della crisi economica nel settore enologico. I produttori francesi
hanno messo a disposizione dei consumatori poco più di 262 milioni
di bottiglie della vendemmia del 2009, mentre lo spumante italiano
ha raggiunto un aumento di produzione del 15% – l’equivalente a
11,5 milioni di bottiglie – per un totale calcolato in 328,485 milioni
di bottiglie, con un fatturato annuale stimato in 2,5 miliardi di euro.
Questo è anche il primo anno di produzione del Prosecco con etichetta Doc (Denominazione di Origine Controllata), e con quella Docg (Denominazione di Origine Controllata e Garantita)
per gli spumanti Conegliano Valdobbiadene Prosecco e Colli
Isotani Prosecco, mantendendo alta la qualità con ottimi prezzi per il mercato interno e internazionale.
Il Prosecco, in tempi di crisi, si presenta come un
prodotto versatile, facilmente riconoscibile e con
prezzi convenienti. Buona parte del Prosecco
Doc e tradizionale (il 18%) viene destinata a
Inghilterra, Scandinavia e America Latina.
Espumantes italianos batem recorde de produção
em 2009 e desbancam o champagne francês
neste final de ano. No Brasil, o mercado nacional
da bebida também comemora diante de uma
perspectiva de crescimento de 30% nas vendas
Spumanti italiani battono record di produzione
nel 2009 e sbancano lo champagne francese
questo Capodanno. Anche in Brasile il mercato
nazionale della bevanda festeggia dovuto ad una
prospettiva di crescita del 30% delle vendite
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capa
a 11,5 milhões de garrafas - para um apetitoso total calculado
em 328,485 milhões de garrafas,
com um faturado anual estimado
em 2,5 bilhões de euros.
Este também é o primeiro
ano de produção do Prosecco
com etiqueta Doc (Denominação
de Origem Controlada), assim
como a Docg (Denominação de
Origem Controlada e Garantida)
para os espumantes Conegliano
Valdobbiadene Prosecco e Colli
Isotani Prosecco, mantendo alta
a qualidade com ótimos preços
para o mercado interno e internacional. O Prosecco, em tempos de crise, se coloca como um
produto versátil, facilmente reconhecível e com preços convenientes. Boa parte do Prosecco
Doc e tradicional (18%) é destinado à Inglaterra, Escandinávia
e América Latina.
Hoje, a categoria dos espumantes Doc e Docg inclui 278
denominações espalhadas em 20
regiões italianas – incluindo 75
províncias e 390 territórios vocados - com 600 casas vinícolas que produzem o equivalente
a 2360 etiquetas, presentes no
mercado nacional e mundial. Uma
das principais zonas de produção
é Valdobbiadene, que reúne 1400
vinícolas que cultivam as uvas
Glera, destinadas à produção do
famoso vinho borbulhante.
As regiões de Lombardia,
Vêneto e Piemonte são as mais
produtivas. A Lombardia lidera a
Valdobbiadene: uma das
principais áreas de produção de
prosecco com 1400 vinícolas
Valdobbiadene: una delle principali
zone di produzione di prosecco
con 1400 aziende vinicole
produção de espumantes obtidos
com o método clássico (presença de anidride carbônica em fermentação natural na garrafa na
fase de vinificação), que caracteriza a alta qualidade dos produtos originários de Franciacorta. A célebre zona é líder - com
a área vinícola de Trento - tanto na venda de seus espumantes
nos restaurantes e nas enotecas quanto como presentes para grandes comemorações. Entretanto, a zona de Asti é rainha incontestável e responde por 80%
da produção destinada a brindes
em todas as festas principais do
ano, acompanhando doces e sobremesas artesanais.
Uma das mais expressivas
descrições sobre o atraente perfil dos espumantes parte do Forum Spumanti d’Italia, realizado
Oggigiorno la categoria degli
spumanti Doc e Docg include 278
denominazioni sparse nelle 20
regioni italiane – includendo 75
provincie e 390 zone vocate – con
600 case vinicole che producono
l’equivalente a 2360 etichette
presenti nel mercato nazionale e
mondiale. Una delle principali zone di produzione è quella di Valdobbiadene, che riunisce 1400 industrie vinicole che coltivano le
uve Glera, destinate alla produzione del famoso vino frizzante.
La Lombardia, il Veneto e il
Piemonte sono le regioni più produttive. La Lombardia guida la
produzione di spumanti ottenuti
Regrinhas básicas
● Evite os copos dourados e coloridos. Use o copo certo, ou seja,
o flute, alto, sóbrio e elegante, feito em cristal liso e transparente.
Lembre-se que o prazer de se beber um espumante começa em ver
a cor do líquido e as bolhinhas que se desprendem, docemente, aos
milhares – e que você vai chamar perlage, como se diz em francês.
● Sirva-o (e beba-o) frio, a uma temperatura entre 6 e 9 graus
centígrados.
● Para chegar à justa temperatura, mergulhe sua garrafa em um
balde com água e gelo durante 30 ou 40 minutos, ou então coloque-a na geladeira pelo menos 24 horas antes de servi-la.
● Evite esfriar demais a bebida, caso contrário, você corre o risco
de anular o efeito das bolhinhas e anestesiar suas papilas gustativas quando bebê-la.
● Evite também erros comuns como colocar a garrafa no congelador, encher o copo com cubos de gelo ou usar diretamente os copos
gelados – com isso, você vai simplesmente estragar seu espumante.
● A elegância e o charme, na abertura da garrafa, estão em evitar
provocar a explosão com a tampa. Desloque-a lentamente, com firmeza, girando docemente a garrafa, inclinando-a em posição quase
horizontal, até que a tampa saia. Verse o maravilhoso líquido fresco
e borbulhante em seu flute e faça muitos brindes durante todo o ano.
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con il metodo classico (presenza
di anidride carbonica in fermentazione naturale nella bottiglia
nella fase di vinificazione), che
caratterizza l’alta qualità dei prodotti provenienti da Franciacorta.
La celebre zona è leader – insieme
all’area vinicola di Trento – tanto
di vendite dei suoi spumanti in ristoranti ed enoteche, come per regalo per grandi commemorazioni.
Ma la zona di Asti è l’indiscutibile
regina e risponde per l’80% della
produzione destinata a brindisi in
tutte le principali feste dell’anno,
come accompagnamento di dolci
industriali o artigianali.
Una delle più eloquenti descrizioni dell’attraente profilo
degli spumanti parte dal Forum
Spumanti d’Italia, realizzato il
mese scorso. Giampiero Comolli, 55 anni, ne è il presidente
dal 2005, anno della sua fondazione. Comolli spiega perché
gli spumanti sono fatti per conquistare un
successo di mercato
sempre maggiore:
— Sono prodotti che rispondono
mês passado. Giampiero Comolli,
55 anos, é o seu presidente desde 2005, ano de sua fundação.
Ele explica porque os espumantes
são feitos para conquistar um sucesso de mercado cada vez maior:
— São produtos que respondem a exigências precisas e diretas do consumidor comum, seja
ele habitual ou ocasional. Ele quer
um produto com teor alcoólico
agradável e que combine em várias ocasiões, seja como aperitivo
ou para acompanhar pratos da cozinha tradicional ou sofisticada. O
espumante também permite que o
consumidor o reconheça facilmente, sem estar vinculado a um conhecimento metódico sobre o que
vai beber. Busca, enfim, um produto moderno e fácil de se combinar aos pratos mais variados, mas
com um custo compatível com suas possibilidades econômicas.
Comolli explica que as vendas
de espumantes nos últimos dias
do ano são decisivas. Elas indicam
o sucesso dos rótulos que se valorizam e passam a ser cobiçados
pelo mercado internacional.
— Atualmente, estamos
empenhados em proteger nossa produção contra imitações e
fraudes, prejudiciais para a imagem do espumante. Ao mesmo
tempo, cultivamos a meta de
transformar o consumo de espumantes em um hábito comum,
pois as pessoas ainda estão
acostumadas a pensar neste vinho somente para ocasiões especiais — explica Comolli.
Ele esteve no Brasil há cerca
de quinze anos. Na época, observou o crescente interesse dos consumidores em conhecer cada vez
melhor os vinhos italianos, principalmente os espumantes. Comolli
lembra que os brasileiros queriam
consumir vinhos de qualidade e
começavam a conhecer claramente as características das produções
vinícolas européias, principalmente a francesa e a italiana. E que,
neste campo, sabiam distinguir e
apreciar as peculiaridades dos espumantes dos dois países.
Agora, observa, o Brasil tem
seus produtos de alta qualidade,
reconhecidos e premiados nos
concursos internacionais. Porém,
segundo Comolli, começa também
a importar cada vez mais espumantes italianos. Dados de 2008
informam que foram adquiridas
2.360.000 garrafas de casas vinícolas italianas que exportaram
também vinhos brancos e tintos
de outras tipologias. Cerca de 1,5
milhão de garrafas levavam a etiqueta “Prosecco”, outras 200 mil
eram de Asti Spumante Doc e o
Giampiero Comolli
ad esigenze precise e dirette del
consumatore comune, tanto abituale come occasionale. Questi
vuole un prodotto dalla gradazione alcolica gradevole e che vada
bene in varie occasioni, sia come
aperitivo, sia per accompagnare
piatti della cucina tradizionale
o sofisticata. Inoltre lo spumante permette che il consumatore
lo riconosca facilmente, senza
essere vincolato ad una qualche
conoscenza metodica su ciò che
berrà. Insomma, cerca un prodotto moderno e facile da combinare con i piatti più svariati,
ma con un gusto compatibile alle
sue possibilità economiche.
Comolli spiega che le vendite di spumanti negli ultimi giorni
dell’anno sono decisive e indicano
il successo delle marche che si va-
lorizzano e passano ad essere desiderate dal mercato internazionale.
— Attualmente siamo impegnati a proteggere la nostra produzione contro imitazioni e frodi, che danneggiano l’immagine
dello spumante. Allo stesso tempo pensiamo alla meta di trasformare il consumo di spumanti in
abitudine comune, visto che la
gente è ancora abituata a pensare a questo vino solo per le occasioni speciali — spiega Comolli.
Lui è venuto in Brasile circa
quindici anni fa. Allora ha osservato il crescente interesse dei
consumatori di conoscere sempre
meglio i vini italiani, specialmente gli spumanti. Comolli ricorda
che i brasiliani volevano bere vini
di qualità e cominciavano a conoscere chiaramente le caratteristiche delle produzioni vinicole europee, specialmente quelle francesi ed italiane. E che, in questo
campo, sapevano distinguere e
apprezzare le particolarità degli
spumanti dei due Paesi.
Ora, osserva, il Brasile ha i
suoi prodotti di alta qualità, riconosciuti e premiati nei concorsi internazionali. Ma, secondo Comolli,
comincia anche ad importare sempre più spumanti italiani. Dati del
2008 dicono che sono stati acquisiti 2 milioni e 360 mila bottiglie
di case vinicole italiane che hanno
esportato anche vini bianchi e rossi di altri tipi. Circa 1,5 milione di
bottiglie usavano l’etichetta “Prosecco”, altre 200 mila erano di Asti
Regolette basiche
● Evita i bicchieri dorati o colorati. Usa il bicchiere giusto, ossia,
il flûte, alto, sobrio e elegante, fatto di cristallo liscio e trasparente. Ricordati che il piacere di bere uno spumante comincia col vedere il colore del liquido e le bollicine che si staccano, dolcemente, a migliaia – e che chiamerai perlage, come si dice in francese.
● Servilo (e bevilo) freddo, a una temperatura tra i 6 e i 9 gradi
centigradi.
● Per arrivare alla temperatura giusta, immergi la tua bottiglia in
un secchietto con acqua e ghiaccio per 30 o 40 minuti, altrimenti
mettila in frigo perlomeno 24 ore prima di servirla.
● Evita di raffreddare troppo la bevanda, altrimenti corri il rischio
di annullare l’effetto delle bollicine e di anestetizzare le tue papille gustative quando la berrai.
● Evita anche errori comuni, come mettere la bottiglia nel freezer,
riempire il bicchiere con cubetti di ghiaccio o usare direttamente
bicchieri gelati – facendo ciò rovinerai il tuo spumante.
● L’eleganza e lo charme, quando si apre la bottiglia, risiedono in evitare di provocare l’esplosione con il tappo. Toglilo lentamente, con
fermezza, girando dolcemente la bottiglia, inclinandola in posizione
quasi orizzontale, fino all’uscita del tappo. Versa il meraviglioso liquido
fresco e frizzante nel tuo flûte e fai molti brindisi durante tutto l’anno.
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capa
restante pertencia a outras categorias de espumantes. Desta vez,
os importadores fizeram e receberam encomendas, sobretudo, de
Asti Spumante e Prosecco.
Comolli chama a atenção para
a “confusão injustificada” que se
faz ao comparar o amplo leque de
vinhos espumantes italianos com
produtos específicos de zonas
produtivas vocadas de outros países como Champagne para a França, o Cava para a zona espanhola
de Penedés, ou o Sekt alemão:
— Não se pode comparar a
diversificada produção italiana
com essas zonas vocadas, que
dão origem a produtos com peculiaridades bem definidas. O patrimônio enológico rico e variado
no mundo dos espumantes merece atenção especial, sobretudo,
em relação às vinícolas com produção pequena, mas de alto nível desta preciosa bebida, como
se fossem jóias criadas em série
limitada e únicas. Este é mais um
motivo para se privilegiar os espumantes no plano qualitativo.
Em países como o Brasil, Argentina, Austrália e Rússia, intensificamos nossos contatos para
incentivar a venda e o consumo
dos espumantes, principalmente,
junto às redes de hotelaria, nos
restaurantes da faixa médio-alta
e no serviço de catering, para depois focalizar o comércio nas redes de supermercados.
In Brasile
No Brasil
Happy hour
Um aperitivo leve, antes e durante o almoço ou o jantar, pode se
tornar ainda mais prazeroso se
você saborear um espumante de
qualidade, que estimula o apetite e se harmoniza bem com uma
gostosa refeição. Com essa idéia,
o Forum Spumanti d’Italia promoveu a bebida e obteve resultados animadores: o consumo dos
vinhos espumantes servidos diretamente em flute vem aumentando rapidamente. A grande moda
do momento na Itália, porém, é
beber também os versáteis espumantes rosados, perfeitos parceiros de um aperitivo com petiscos
picantes ou suaves, ou para uma
refeição com pratos leves à base
de carne, peixe ou frutos do mar.
O consumo dos espumantes
rosados teve início na Inglaterra há dois séculos, expandindose depois na França. Os italianos
descobriram o fascínio das bolhinhas cor-de-rosa nas garrafas de
produção originária da zona de
Oltrepó Pavese, sobretudo nos últimos dez anos. Comolli sublinha:
— O consumidor moderno
quer simplicidade e facilidade para
combinar vinhos aos pratos que é
capaz de fazer até mesmo em casa.
l mercato dei vini spumanti nazionali prevede una crescita delle
vendite del 30%, in paragone allo stesso periodo del 2008, dovuto alle feste di fine d’anno. I moscatelli, vini un po’ più dolciastri degli altri frizzanti, subiranno un incremento ancora maggiore,
circa del 40%. Le proiezioni sono realizzate dall’Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Le vendite di spumanti prodotti nel Rio Grande do Sul, dove ci
sono più del 90% delle aziende vinicole brasiliane, sono aumentate del 14,6% tra gennaio e ottobre del 2009 in paragone allo
stesso periodo dell’anno scorso.
In totale, quest’anno sono stati commercializzati 6,5 milioni
di litri di spumante – contro i 5,7 milioni di litri nello stesso periodo del 2008. Nel caso dei moscatelli, l’aumento commerciale è stato anche maggiore: c’è stata una crescita del 22,6% delle vendite.
Malgrado l’ottimismo del comparto, i produttori nazionali sono
consapevoli del fatto che dovranno accaparrarsi le attenzioni dei
consumatori contro le marche internazionali, che riforniranno il
mercato brasiliano. La “colpa” della “invasione straniera” è il basso valore del dollaro che favorisce le importazioni. Oltre ai premi
e al riconoscimento internazionale che lo spumante brasiliano ha
ricevuto quest’anno, la bevanda nazionale spera di contare su uno
speciale asso nella manica per attrarre i consumatori: prezzi migliori. Si prevede che la partecipazione nel mercato si stabilizzi al
60% per il prodotti nazionale e al 40% per quello estero.
In agosto l’Associação Brasileira de Enologia (ABE) ha realizzato la sesta edizione del Concurso do Espumante Brasileiro. Presso
la Câmara da Indústria e Comércio de Garibaldi (RS), sono stati
giudicati campioni di spumanti prodotti con metodi Champenoise,
Charmat e processo Asti. Sono stati valutati 205 spumanti iscritti
da 66 aziende vinicole, registrando un aumento del 42% sul numero di campioni iscritti in rapporto all’edizione anteriore, nel 2007,
quando 50 aziende hanno iscritto 147 campioni. Del totale degli
iscritti 62 sono stati premiati. Il grande vincitore è stato Do Lugar
Espumante Brut Charmat dell’azienda vinicola Dal Pizzol, che ha
ricevuto la Grande Medalha de Ouro.
mercado de vinhos espumantes nacionais prevê um crescimento de 30% nas vendas, na comparação com o mesmo período de 2008, por conta das festas de final de ano. Os moscatéis,
vinho pouco mais adocicado que os outros frisantes, terão um incremento ainda maior, em torno de 40%. As projeções são realizadas pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
As vendas de espumantes produzidos no Rio Grande do Sul,
onde estão mais de 90% das vinícolas brasileiras, avançaram
14,6% entre janeiro e outubro de 2009 na comparação com o mesmo intervalo do ano passado.
Ao todo, foram comercializados 6,5 milhões de litros de espumantes neste ano – contra 5,7 milhões de litros no mesmo período
de 2008. No caso dos moscatéis, a ampliação comercial foi ainda
maior – crescimento de 22,6% nas vendas.
Apesar do otimismo do setor, os produtores nacionais estão
cientes que terão que brigar pela atenção do consumidor contra
vários rótulos internacionais que vão abastecer o mercado brasileiro. A “culpa” pela “invasão estrangeira” é a baixa do dólar que
favorece a importação. Além dos prêmios e do reconhecimento internacional que o espumante brasileiro colheu ao longo do ano, a
bebida nacional espera contar com um trunfo especial para atrair
o consumidor: melhores preços. A previsão é de que a participação
de mercado fique 60% com produto nacional e 40% com a bebida
produzida no exterior. Em agosto, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) realizou
a sexta edição do Concurso do Espumante Brasileiro. Na Câmara
da Indústria e Comércio de Garibaldi (RS), foram julgadas amostras de espumantes elaborados a partir dos métodos Champenoise,
Charmat e processo Asti. Foram avaliados 205 espumantes inscritos por 66 vinícolas, registrando um aumento de 42% no número
de amostras inscritas em relação à edição anterior, em 2007, quando 50 empresas inscreveram 147 amostras.
Do total de inscritos, 62 foram premiadas. O grande vencedor
foi Do Lugar Espumante Brut Charmat da vinícola Dal Pizzol que
recebeu a Grande Medalha de Ouro.
I
Spumante Doc e il resto faceva
parte di altre categorie di spumanti. Stavolta gli importatoti hanno
fatto e ricevuto ordini soprattutto
di Asti Spumante e Prosecco.
26
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2009
Comolli richiama l’attenzione
sulla “ingiustificata confusione”
che si è fatta paragonando l’ampio ventaglio di vini spumanti
italiani con prodotti specifici di
zone produttive vocate di altri Paesi come Champagne per la Francia, il Cava per la zona spagnola
di Penedés o il Sekt tedesco:
— Non si può paragonare la
svariata produzione italiana con
queste zone vocate, che danno origine a prodotti dalle particolarità ben definite. Il patrimonio enologico ricco e svariato
nel mondo degli spumanti merita speciali attenzioni, soprattutto per ciò che riguarda le industrie vinicole che producono poca di questa preziosa bevanda ma
di grande livello, come se fossero
gioielli creati in serie limitate e
uniche. Questo è un altro dei motivi per privilegiare gli spumanti
sul piano qualitativo. In paesi come Brasile, Argentina, Australia e
Russia, abbiamo intensificato in
O
Os espumantes também dão uma
atmosfera de alegria e emoções
felizes, satisfazendo plenamente
o palato de gulosos e gourmands,
a um preço certamente inferior, se
comparado ao do champagne.
Nascido na região da EmíliaRomanha, Comolli é antes de tudo
um empresário do setor vinícolo
com um percurso rico de experiências interessantes. Trabalhou
em vinícolas da zona lombarda de
Franciacorta e depois na produção
de espumantes na localidade de
Trento, junto ao grupo Ferrari. Em
seguida, a zona toscana de Bolgheri - coração do celebérrimo vinho tinto Sassicaia - atraiu a sua
atenção. Porém, os espumantes o
reconquistaram através da criação
do Fórum, com sede na região veneta de Valdobbiadene:
— O Fórum tem a finalidade
principal de manter viva a rede de
contatos entre os produtores das
diversas tipologias de espumantes em todo o país. Talvez poucos
nostri contatti per incentivare la
vendita e il consumo degli spumanti, specialmente nelle reti alberghiere, nei ristoranti della fascia medio-alta e nel servizio di
catering, per poi focare il commercio nelle reti dei supermercati.
Happy hour
Un aperitivo leggero, prima o dopo il pranzo o la cena, può diventare ancora più piacevole se
vuoi assaporare uno spumante di
qualità che stimoli l’appetito e si
armonizzi bene con un pasto gustoso. Con questa idea il Forum
Spumanti d’Italia ha promosso la
bevanda e ha ottenuto stimolanti
risultati: il consumo dei vini spumanti serviti direttamente in flûte
sta aumentando rapidamente. Ma
la grande moda del momento in
saibam, por exemplo, que existem
espumantes até na Sicília, mesmo
que em quantidade limitada. Uma
de nossas metas é a de difundir
cada vez mais o valor que nosso
patrimônio enológico oferece em
matéria de espumantes, para termos consumidores cada vez mais
preparados e informados. Todos
os anos, o Fórum realiza encontros internacionais com autoridades governamentais do setor agrí-
Dezembro 2009
/
Italia é bere anche i versatili spumanti rosé, perfetti partner di antipasti piccanti o meno, o di un
pasto a base di piatti leggeri di
carne, pesce o frutti di mare.
Il consumo degli spumanti
rosé ha avuto inizio in Inghilterra due secoli fa, allargandosi
poi in Francia. Gli italiani hanno
scoperto il fascino delle bollicine
rosa nelle bottiglie prodotte nella zona dell’Oltrepò Pavese, specialmente negli ultimi dieci anni.
Comolli sottolinea:
— Il consumatore moderno vuole semplicità e facilità per
combinare vini ai piatti che è capace di fare anche a casa. Inoltre
gli spumanti procurano un’atmosfera di allegria e emozioni felici,
soddisfacendo appieno il palato
di golosi e gourmand, ad un prezzo certamente inferiore se paragonato a quello dello champagne.
Nato in Emilia-Romagna, Comolli è prima di tutto un imprenditore del settore vinicolo, con
un percorso pieno di interessanti
esperienze. Ha lavorato in aziende vinicole della zona lombarda
di Franciacorta e dopo nella produzione di spumanti a Trento insieme al gruppo Ferrari. In seguito la zona toscana di Bolgheri – cuore del famosissimo vino
rosso Sassicaia – lo ha colpito.
Ma gli spumanti l’hanno rinconquistato grazie alla creazione del
Forum, con sede nella regione
veneta di Valdobbiadene:
— Il Forum ha per scopo principale quello di mantenere viva
la rete di contatti tra i produttori
delle varie tipologie di spumanti
in tutto il Paese. Forse poca gente sa, per esempio, che ci sono
spumanti perfino in Sicilia, anche
se in quantità limitata. Una delle
nostre mete è quella di diffonde-
ComunitàItaliana
27
capa
cola para que os produtores troquem ideias, avaliem o perfil e as
tendências do mercado. O Fórum
também se encarrega de criar canais de comunicação entre escolas
de agronomia, enologia e as casas vinícolas para a formação de
novos profissionais com alto grau
de especialização. Temos, enfim,
a preocupação de divulgar, junto
aos consumidores, as características e peculiaridades das zonas
produtivas, de modo que possam
conhecer a relação de identidade de um produto e seu
território de origem.
A vinícola Valdo, localizada em Valdobbiadene, é líder
na produção de espumantes, exportando seus produtos Prosecco
Doc também para o Brasil, com
resultados que Paolo Oliviero, diretor de exportação da empresa,
considera promissores. Os espumantes Valdo são colocados nas
redes de restaurantes da faixa
médio-alta. Nos últimos anos, a
empresa conquistou e consolidou
posições apreciáveis no mercado
internacional. Quanto aos países
fora da Europa, Oliviero explica:
Dal Pizzol
J
unto com imigrantes que chegaram ao Rio Grande do Sul por
volta de 1878, estavam os irmãos Martino e Bartolo Dal Pizzol.
Ainda jovens, juntamente com os pais, tios e avós, escolheram a
região da Serra Gaúcha, mais precisamente Bento Gonçalves para
se estabelecer. Vieram de San Pietro di Feletto e Conegliano, na
província de Treviso, Região do Vêneto. Como todos os imigrantes,
dedicaram-se inicialmente à agricultura e iniciaram o plantio de
videiras, cujo vinho se destinava ao próprio consumo.
João Baptista, filho mais velho de Martino e Catharina Titton, ao
constituir família na Linha Paulina, em Bento Gonçalves, consolidouse como produtor de uvas viníferas. O vinho que João Baptista produzia era, já na época, muito apreciado. A arte foi passando de pai para
filho e Atílio, o primogênito, em sua mocidade aprimorou seus conhecimentos com vinhateiros e portugueses que chegaram à região.
Em 1940, Atílio e sua jovem família estabeleceram-se nas terras
recém adquiridas em Faria Lemos, distrito de Bento Gonçalves, onde
vales e encostas eram promissores para o cultivo da videira. Plantaram famosas castas européias e passaram a produzir um melhor vinho.
Até hoje a filosofia da família trazida da Itália por Martino e
seguida por Atílio e seus filhos é de manter uma produção limitada de vinhos elaborados com uvas finas. Em 1974, Atílio reuniu os
filhos e institucionalizou a venda de seus produtos, criando a Vinícola Monte Lemos Ltda., empresa constituída unicamente pelos
membros da família Dal Pizzol. Foi escolhido o nome Monte Lemos
(Faria Lemos), em cujas encostas estão plantados os vinhedos da
família que dão origem aos vinhos de sua adega.
28
ComunitàItaliana
/
re sempre di più il valore offerto
dal nostro patrimonio enologico
in materia di spumanti, per avere consumatori sempre più preparati ed informati. Tutti gli anni il
Forum realizza incontri internazionali con autorità governative
del settore agricolo affinché i produttori scambino idee, valutino il
profilo e le tendenze del mercato.
Il Forum si incarica anche di creare canali di comunicazione tra
scuole di agronomia, enologia e le
industrie vinicole per la formazione di nuovi professionisti dall’alto grado di specializzazione. Infine, ci preoccupiamo di divulgare
ai consumatori le caratteristiche
e particolarità delle zone produttive, cosí che possano conoscere
il rapporto di identità tra un prodotto e il suo territorio di origine.
L’industria vinicola Valdo, situata a Valdobbiadene, è leader
di produzione degli spumanti,
esportando i suoi prodotti Prosecco Doc anche in Brasile, con risultati che Paolo Oliviero, direttore
di esportazione dell’impresa, considera promettenti. Gli spumanti
Valdo vengono inseriti nelle reti di ristoranti di fascia medioalta. Negli ultimi anni l’azienda
ha conquistato e consolidato rilevanti posizioni nel mercato internazionale. Quanto ai paesi al di
fuori dell’Europa, Oliviero spiega:
— Le abitudini alimentari e le
diverse tradizioni gastronomiche
ci hanno obbligati a realizzare uno
sforzo maggiore per conquistare i
consumatori. Ma i risultati raggiunti in paesi come, per esempio,
il Brasile, il Messico e il Giappone,
sono stati molto interessanti.
Do Lugar, espumante premiada
com a Grande Medalha de Ouro
em concurso brasileiro, é um dos
produtos da vinícola Dal Pizzol,
criada por imigrantes italianos
Do Lugar, spumante premiato
con la Grande Medaglia d’Oro in
un concorso brasiliano, è uno dei
prodotti dell’azienda vinicola Dal
Pizzol, fondata da immigranti italiani
Dezembro 2009
Parco tematico
T
re anni fa la Dal Pizzol ha creato un “parco tematico” per impiantare una collezione di varietà
di uve, mostrando i diversi
comportamenti vegetativi e
le caratteristiche genetiche
di ogni tipo. Di recente è
stato inaugurato il Mapa Botânico da Videira, che conta
su informazioni delle varietà
di uva coltivate nel “Vinhedo do Mundo” là esistente.
Disposta su un pannello, la
mappa permette una visione
chiara della vite, specie vegetale presente nei cinque
continenti e che viene coltivata fin dagli inizi della civiltà conosciuta.
In questo momento il vigneto presenta circa 200 varietà originarie da 22 Paesi e
cinque continenti che vengono identificate, elencate
e localizzate sul pannello. Il
materiale vegetativo che ha
dato origine al vigneto è stato ottenuto grazie a vivaisti,
viaggiatori, banche di germoplasma, viticoltori dei rispettivi paesi ed ha contato
sull’appoggio speciale della
Embrapa Uva e Vinho, per
mezzo del ricercatore Humberto de Almeida Camargo.
La pianificazione, impiantazione e lavorazione del vigneto sono state realizzate
dall’ingegnere agronomo della Dal Pizzol, Tiago Postal.
Con una produzione equivalente a 6,5 milioni di bottiglie, la
Valdo sta seguendo una linea innovatrice per i suoi prodotti, mettendo a fuoco il perfezionamento
tanto della tecnica di vinificazione,
quanto del design delle bottiglie e
dei contenitori. Il più nuovo dei
suoi prodotti è il Rosé Valdo, che
sta già raggiungendo un ottimo volume di vendite in 25 paesi.
Ha collaborato Sônia Apolinário
— Os hábitos de alimentação
e as diversas tradições gastronômicas nos colocam na exigência
de realizar um esforço maior para
conquistar o consumidor. Porém,
os resultados alcançados em países como o Brasil, o México e
o Japão, por exemplo, têm sido
muito interessantes.
Com uma produção equivalente a 6,5 milhões de garrafas,
a Valdo tem seguido uma linha
inovadora em seus produtos, focando o aperfeiçoamento tanto
na técnica de vinificação quanto
no elegante design das garrafas e
das embalagens. O mais novo de
seus produtos é o Rosé Valdo, que
já está alcançando ótimo volume
de vendas em 25 países.
Colaborou Sônia Apolinário
Parque temático
H
á três anos, a Dal Pizzol
criou um “parque temático” com o objetivo de implantar uma coleção de variedades
de uvas, mostrando os diferentes
comportamentos vegetativos e
características genéticas de cada
varietal. Recentemente, foi inaugurado o Mapa Botânico da Videira que conta com informações
sobre as variedades de uva cultivadas no “Vinhedo do Mundo”
existente no local. Disposto em
um painel, o mapa proporciona
uma visão clara sobre a videira,
espécie vegetal presente nos cinco continentes e que é cultivada
desde o início da civilização.
Atualmente, o vinhedo conta com cerca de 200 variedades
originárias de 22 países e cinco continentes que estão identificadas, listadas e localizadas
no painel. O material vegetativo que deu origem ao vinhedo
foi obtido através de viveiristas, viajantes, bancos de germoplasma, de viticultores dos respectivos países e contou com o
apoio especial da Embrapa Uva
e Vinho, através do pesquisador
Humberto de Almeida Camargo.
O planejamento, a implantação
e o manejo do vinhedo, são feitos pelo engenheiro agrônomo
da Dal Pizzol, Tiago Postal.
Dal Pizzol
I
nsieme agli immigranti che arrivarono nel Rio Grande do Sul verso
il 1878 c’erano i fratelli Martino e Bartolo Dal Pizzol. Ancora giovani, insieme a genitori, zii e nonni scelsero la regione della Serra
Gaúcha, più precisamente Bento Gonçalves, per mettere radici. Venivano da San Pietro di Feletto e Conigliano, in provincia di Treviso, in
Veneto. Come tutti gli immigranti prima si dedicarono all’agricoltura
e iniziarono a piantare viti, il cui vino era per consumo familiare.
João Baptista, figlio più grande di
Martino e Catharina Titton, mettendo su
famiglia si affermò come produttore di uve
vinifere. Il vino prodotto da João Baptista
era, già all’epoca, molto aprezzato. L’arte
passò da padre in figlio e Atílio, il primogenito, quando era giovane migliorò le
sue conoscenze con vignaioli e portoghesi
che erano arrivati nella regione.
Nel 1940 Atílio e la sua giovane famiglia si stabilirono nelle terre appena comprate a Faria Lemos, distretto di
Bento Gonçalves, dove valli e pendici erano promettenti per la
coltivazione della vite. Vi piantarono famose viti europee e cominciarono a produrre un vino migliore.
Ancora oggi la filosofia della famiglia portata dall’Italia da
Martino e seguita da Atílio e i suoi figli è quella di mantenere una
produzione limitata di vini elaborati con uve di qualità. Nel 1974
Atílio ha riunito i figli ed ha istituzionalizzato la vendita dei suoi
prodotti, creando la Vinícola Monte Lemos Ltda., azienda costituita dai soli membri della famiglia Dal Pizzol. E’ stato scelto il nome
Monte Lemos (Faria Lemos), sulle cui pendici vengono piantati i
vigneti della famiglia che danno origine ai vini della loro cantina.
negócios
cerca de 10 a 15% de sua produção para países da África e da
América do Sul.
Molina informa que a ampliação da capacidade de produção
da empresa não tem como objetivo levar o produto para as
classes A e B, embora, segundo
ele, no fim do ano, “esse público também seja cliente da Cereser”. O gerente industrial conta
que o trabalho mercadológico da
empresa é voltado para estender
a frequência do consumo, já que
as vendas de Sidra se concentram entre setembro e dezembro,
o que significa 90% das vendas
anuais. Até o fim do ano, a Cereser vai produzir uma quantidade
superior a 2,2 milhões de caixas,
o que corresponderá a mais de 26
milhões de garrafas de bebidas.
Popular marca
brasileira de bebidas,
a Cereser amplia
sua produção com
equipamentos italianos
Tradição
turbinada
30
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2009
Nayra Garofle
o conceito de fabricação do espumante
é italiano.
— A compra dos equipamentos para
produção foi feita a partir da concorrência
internacional entre fornecedores de primeira linha. A escolhida foi a italiana Sidel e
todos os equipamentos são de última geração tecnológica. Alguns foram importados
diretamente da Itália e outros foram construídos no Brasil seguindo o projeto italiano desenvolvido na unidade industrial da
Sidel aqui no país — explica o gerente industrial da Cereser, Carlos Molina.
Segundo ele, a Cereser já usa equipamentos italianos há cerca de 30 anos. Atualmente, são 18 máquinas que compõem a
fábrica principal, em Judiai (SP), das quais
cinco foram importadas diretamente da
Itália e o restante construído pela Sidel. A
empresa tem uma segunda fábrica no Complexo Industrial de Suape, em Pernambuco.
— Não podemos divulgar quanto foi o
investimento da empresa, mas posso garantir que foram vários milhões — diz Molina.
O gerente de Marketing, Edgar Galbiatti, acredita que o ritmo de crescimento de 8% ao ano será mantido em
2010. A Cereser também busca novas
parcerias com outras empresas que queiram aproveitar a infra-estrutura para
envase de produtos. A empresa exporta
ICP Unlimited
U
ma das marcas de bebida mais
populares do Brasil ganhou o reforço de tecnologia italiana para
alavancar suas vendas. Trata-se
da Cereser, que acaba de inaugurar a sua
maior linha de produção de espumantes,
não por acaso, às vésperas das tradicionais festas de final de ano.
Com a utilização de equipamentos
e suporte técnico made in Italy,
a empresa, cujo foco são as
classes C, D e E, tem agora capacidade para processar 26
mil garrafas
de 660 ml por
hora ou 36 mil
garrafas das que contém entre 250 e
350 ml de bebida. Isto significa um aumento de 30% na produção da empresa.
No mercado há 83 anos, a fábrica brasileira criada por um italiano está montada em uma nova estrutura de
produção de 2 mil metros quadrados,
apta a suprir a demanda de suas marcas que crescem a uma taxa de 8% ao
ano: a Chuva de Prata (agora também
na versão sem álcool), a tradicional Sidra Cereser, e suas versões nos sabores
Morango, Pêssego e Uva, todas com ou
sem álcool, e a nova Cereser Zero. Todo
Sem crise
O projeto de ampliação das instalações da empresa foi concebido em 2007 e prosseguiu mesmo
no auge da retração econômica
do último ano.
— Nós realizamos a compra
dessa linha em julho de 2008
com seguro cambial, dessa forma, o risco financeiro não foi
nosso, mas do fornecedor. Então,
começamos a rezar porque não
tinha mais volta. Esse negócio
representava 70% do investimento. Aqui na empresa chegamos a
falar que tiramos o “s” da palavra
“crise” e ficamos com “crie”. Tivemos de ser criativos e superamos a crise. Agora estamos muito
contentes — conta Molina.
Assim como todo o complexo da fábrica de Jundiaí, a nova
linha de produção está adequada às normas de segurança alimentar (BPF – Boas Práticas de
Fabricação), segurança do trabalho e meio ambiente. Fluxos de
água provenientes da chuva e
lavagem são conduzidos a Estação de Tratamento de Água e Esgoto para serem reaproveitados.
A fábrica conta com certificação
ISO9001: 2008.
Da Itália para o Brasil
A história da empresa começou
no ano de 1886, quando Santo
Cereser partiu da cidade italiana
de Noventa di Piave (a 28 quilômetros de Veneza), com destino
ao Brasil. Assim como tantos italianos que abandonavam o país
em busca de novas oportunidades, Cereser desembarcou sozi-
nho no porto de Santos, em São
Paulo, deixando na Itália a esposa Maria e seus sete filhos: Carolina, Luzia, Giulia, Humberto Massimiliano, Ema, Antônio e Sofia.
Cereser seguiu para a Fazenda Sete Quedas, na próspera região de
Campinas, onde plantou 500 pés
de uva, que lhe rendiam apenas o
suficiente para não gastar as economias que trouxera da Itália.
Dois anos depois, o italiano
trouxe a família para o Brasil e
depois de pouco tempo mudou-se
para a cidade de Jundiaí. Instalaram-se no chamado “barracão da
Colônia”, mas não demorou muito para adquirir um sítio de dez
alqueires na região do atual bairro do Caxambu. Iniciava, assim,
uma vida nova com a família e 40
pés de uvas que os amigos imigrantes lhe concederam.
Com dificuldades para obter
mais mudas de uva, Santo contatou o administrador da Fazenda Sete Quedas e conseguiu
transferir para suas novas terras
os 500 pés de uva que plantara
quando chegou ao Brasil. Era hora de replantar.
A família Cereser iniciou a
produção de vinhos inicialmente para consumo próprio. O filho,
Humberto Massimiliano, que se
destacava no cultivo da uva, deu
continuidade ao trabalho junto
com a mulher e os filhos: João,
O gerente industrial Carlos Molina.
Em destaque, o filho Humberto,
responsável pela fundação da Viti
Vinícola Cereser
Rosa, Santo e Humberto Venerando. O sítio Cereser chegou a
fornecer uvas para uma das maiores produtoras de vinho do Brasil
na época, a Viti Vinícola Tralde.
Em 1926, João partiu para
São Paulo com duas carroças carregadas com parte da safra. Ao
entregar a matéria-prima, a indústria, que estava em dificuldades financeiras, havia desistido
do negócio. De volta a Caxambu,
a safra recusada foi transformada
em vinho e comercializada.
Nascia, assim, a Indústria de
Vinhos Santa Isabel, que futuramente se transformaria na atual
Viti Vinícola Cereser. Dez anos depois, em 1936, João e seus irmãos
já forneciam bons vinhos para
clientes de todo estado de São
Paulo e outras regiões do Brasil.
João comprou dos irmãos a
parte que lhes cabiam na indústria e prosseguiu com os negócios
junto com os filhos Pedro, Xisto,
Terezinha e Bernadete. Em 1957,
entregou a Cantina da Indústria à
supervisão de Pedro e a direção
comercial aos cuidados de Xisto.
Em 1967, já com uma linha de
produtos diversificados, os vinhos
Cereser haviam alcançado o sul e o
norte do país. Neste mesmo ano, a
empresa lançou a Sidra Cereser, o
produto mais conhecido da empresa e líder no mercado nacional de
espumantes, atualmente detentor
de cerca de 40% de participação.
Dezembro 2009
/
Profissionalização
Na década de 80, a empresa investiu pesado na modernização
de suas instalações e garantiu a
montagem de um complexo de
produção de primeiro mundo. Em
1989, a empresa partiu para uma
reformulação profissional, passando aos acionistas da família o
conselho administrativo e criando
o cargo de superintendente para
gerenciar as ações da empresa,
sempre com o apoio do conselho que protege os interesses dos
acionistas. Em 2000, coube ao
herdeiro Marcelo Cereser, tataraneto de Santo, assumir o processo
de profissionalização da empresa.
Em 1997, a Viti Vinícola Cereser iniciou a política de expansão de mercados promissores
com a aquisição do Sun Home
Indústria de Alimento Ltda., fabricante de sucos e néctares com
sede em Araraquara (interior de
São Paulo), detentora das marcas
Jussy e Frully.
Em 2003, a Sun Home deixou
de existir e suas marcas de sucos
passam a fazer parte do portfólio da Cereser, que no mesmo ano,
instalou na sua sede em Jundiaí,
a planta industrial da divisão de
sucos e néctares. Em suas duas
fábricas, a Cereser possui uma capacidade de produção de 65 mil
litros/hora, e uma capacidade de
armazenagem de até 20 milhões
de litros.
ComunitàItaliana
31
ROMA
Disputa
acirrada
Lisomar Silva
Borghetto Flaminio
L
ocalizado a poucos passos da Piazza del
Popolo, este mercado acontece todos os
fins-de-semana e apresenta bancas com ideias
originais como chapéus antigos, broches feitos com materiais de artesanato, peças, acessórios e roupas do vestuário masculino e feminino. Se você procurar com atenção, pode
encontrar até roupas e objetos grifados como
bolsas, óculos e criações que os artistas de
cinema exibiram uma só vez. Piazzale della
Marina, 32. Aberto sábados e domingos das
9.00 às 20.00. Ingresso: 1,60 euro
São Paulo vai brigar com Rio de Janeiro
para ser escolhida como sede da Expo 2020
E
Luzes, cores e presentes
C
hegou a época das festas sagradas
e profanas, com presentes e brindes para se renovar as esperanças
de mais alegrias para o Novo Ano. As ruas
e vitrines da cidade ganham maior beleza, com enfeites originais e decorações luminosas cheias de cores. Esse é o período
ideal para se saborear os pratos típicos da
cozinha invernal italiana e passear aproveitando o melhor que a capital oferece
em matéria de tradições da cultura popular
100 Presepi
E
ssa manifestação anual foi crescendo rapidamente e superou o número
clássico dos 100 presépios. A atual edição recebeu 160 deles, vindos de todo
mundo, nos mais diferentes cenários dedicados ao nascimento do menino Jesus.
Todos estão reunidos na Basílica Nostra
Signora del Popolo, na Piazza del Popolo.
A representação segundo a tradição napolitana é uma das mais ricas e lembra
que o presépio tornou-se um símbolo das
festas religiosas do Natal a partir do século 17, ganhando grande esplendor no século seguinte. Porém, a cultura do presépio como a maior expressão da Natividade
recebe interpretações extraordinárias, como as dos países africanos e da Ásia Central. Você vai ficar encantado com tanta
beleza! Não deixe de ver também o grande presépio construído em dimensão humana ao lado de uma gigantesca árvore
de Natal no centro da Praça São Pedro,
no Vaticano. O cenário campestre recorda
as terras alemãs da Bavária, onde o papa
Bento 16 nasceu. Mostra Cento Presepi:
aberta todos os dias das 9.30 às 20.00
32
ComunitàItaliana
Porta Portese
É
o maior e mais famoso mercado antigo
de Roma. Recebe milhares de visitantes
italianos e turistas estrangeiros todos os domingos. Os vendedores começam a chegar de
madrugada com móveis antigos e originais objetos de decoração. Os primeiros clientes – colecionadores e vendedores de lojas especializadas em arredamento – selecionam e negociam
suas aquisições desde as primeiras horas da
manhã. Porta Portese: acesso livre todos os
domingos desde a madrugada até as 14 horas.
/
Dezembro 2009
nacional e estrangeira. Os principais bairros de Roma se transformam em verdadeiros centros de atração com seus presépios
e mercadinhos repletos de objetos de antiquário misturados a modernos acessórios
de moda, a preços muito convenientes. A
variedade de propostas é tão grande quanto o embaraço da escolha. Se quiser, você
pode comprar até as peças e esculturas para criar sua árvore de natal e um presépio
com cenários personalizados.
Algodão doce
A
té o dia 6 de janeiro, você pode comer algodão doce e sanduíches preparados sob
encomenda, além de comprar brinquedos e divertidas lembracinhas para seus amigos na Praça Navona que, durante um mês, fica repleta de
barraquinhas para as festas típicas de fim de
ano. Milhares de crianças entregam suas cartinhas ao Papai Noel que se encontra sentado em
sua charrete, pronto para receber e depois entregar as encomendas feitas. Mercadinho aberto das 10.00 às 22.00. Acesso livre.
mpolgado com a escolha
do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de
2016, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, anunciou que
vai entrar na disputa para trazer
para a cidade maravilhosa a Expo
2020. Mais discretamente, porém,
outra cidade brasileira acalenta o
mesmo objetivo: São Paulo.
Será a segunda tentativa dos
paulistas de sediar o evento.
Em 2007, eles fizeram a primeira tentativa já de olho na Expo
2010 que ficou com Xangai. Segundo o secretário de Relações
Internacionais da prefeitura de
São Paulo, Alfredo Cotait, a iniciativa daquela época serviu de
experiência para que a proposta de agora seja formulada com
“mais maturidade”.
Para isso, Cotait espera contar com a preciosa ajuda de Milão, que vai sediar a Expo 2015.
O secretário já entrou em contato com a prefeitura da cidade italiana e sua Câmara de Comércio.
Elida Oliveira
Correspondente • São Paulo
Iquamcommy nim nonse deliquis
Seu objetivo é acompanhar de
perto a preparação da Expo Milano. Ele lembra que existe um
acordo de cooperação entre São
Paulo e Milão, já se tratam de cidades-irmãs.
— O acordo se intensifica
com a identificação das vocações da cidade. Milão está para
a Itália assim como São Paulo
está para o Brasil. São grandes
centros de negócios nas duas nações. Apoiamos Milão para a Expo 2015 e eles têm nos transmitido experiência na proposição
da candidatura e na preparação
para o evento — afirma Cotait.
atualidade
Ele informa que São Paulo tem
até 2011 para se candidatar oficialmente e até 2013 para apresentar seu projeto cujo tema pode
vir a ser Mobilidade Urbana. Já no
ano que vem, a cidade terá seu
próprio estande na Expo Xangai.
Essa é a primeira vez que uma
Expo Universal permite a participação de cidades e não apenas de
países. Elas ocuparão uma área
batizada de Urban Beste Practice Areas (UBPA), que mostrará
soluções para problemas urbanos
comuns. Quando a expo abriu essa possibilidade, 188 cidades se
candidataram e 55 foram aprovadas. São Paulo ficou em quarto
lugar com o projeto “Cidade Limpa”. O estande paulistano terá
400 m² e foi projetado pela cenógrafa Daniela Thomas (do Museu
do Futebol) e Felipe Tassara. Custará 4,5 milhões de reais, entre
construção e manutenção.
— Vamos apresentar o que
temos de melhor em nossas práticas públicas para melhorar a vida
do cidadão — conta o secretário.
Na Expo Xangai, o Rio vai
participar como observador e terá um estande no pavilhão do
Brasil. Somente após essa experiência, a cidade vai começar a
desenvolver seu projeto de candidatura para a Expo 2020. O
evento em Xangai será realizado
de maio a outubro. Deverá contar
com a participação de 200 países
sendo que a expectativa de público é de 70 milhões de pessoas.
Quando perguntado se ter o Rio
de Janeiro como adversária é preocupante, Cotait levanta a polêmica:
— Não se trata de rivalidade,
trata-se de bom senso. Apoiamos o Rio de Janeiro nas Olimpíadas, mas deixem o business para São Paulo.
Ele ressalta, no entanto, que
a candidatura de uma cidade brasileira poderia ser negociada com
o governo federal. Cotait afirma que “se quiserem o Rio para
2020”, São Paulo vai brigar para
sediar o evento em 2025.
— Não vamos perder o foco
só porque o Rio resolveu ser candidata. Esse é um projeto de cidade e de país. Cabe a nós encaminharmos e fazermos com que
São Paulo seja a indicada. É um
sonho que gostaríamos de deixar
encaminhado para outras gerações futuras executarem.
Em 2009, Cotait fez várias
viagens para a Itália a fim de divulgar a cidade e se aproximar
dos organizadores da Expo 2015.
Dentre os eventos que participou
estão a Feira de Milão, em junho,
e o Fórum Econômico Brasil-Itália organizado pela Confindústria, em novembro. Ao longo do
ano, participou de reuniões, tanto em São Paulo quanto na Itália,
com representantes do governo e
de instituições comerciais das regiões da Lombardia e da Toscana.
— O Brasil está em um momento especial. Nunca uma cidade
da América do Sul sediou uma Expo Universal. Acreditamos que São
Paulo possa ser uma forte candidata — diz o secretário.
atualidade
Luta contra
o declínio
População em baixa, maré em alta: Veneza pede socorro
O
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
s moradores de Veneza
fizeram luto de um dia.
O morto ilustre, alvo da
“homenagem” foi a própria cidade. No último dia 14 de
novembro, milhares de venezianos acompanharam o funeral de
Veneza. O cortejo náutico seguiu
pelos canais da cidade um caixão
de cor violeta. O protesto foi desencadeado depois que o contador oficial de venezianos assinalou a quebra de uma barreira psicológica importante: no final de
outubro, o número de residentes
ficou abaixo de 60 mil, mostrando uma tendência que reduziu a
menos da metade a população local nos últimos 40 anos. O contador foi instalado na porta de uma
antiga farmácia localizada entre a
Ponte Rialto e a Praça San Marco.
Com o protesto, os moradores
tentaram mostrar ao mundo a tristeza de ver Veneza perder a identi-
34
dade por causa da falta de empregos e do alto custo de vida imposto, em boa parte, pelo gigantesco
fluxo de turistas. Vinte milhões de
pessoas visitam a cidade, todos os
anos. O implacável mercado, com
as leis capitalistas da oferta e da
procura, condicionou a vida na cidade, voltada para o turismo de
massa. Resultado: os venezianos
vendem os imóveis ou os trans-
ComunitàItaliana
formam em bed&breakfast, as lojinhas típicas se transformam em
vitrines do alto luxo ou em pontos
de venda de lembrancinhas venezianas produzidas na China.
Durante todo o ano, enormes
transatlânticos navegam diante da
orla da cidade como elefantes passeando dentro de uma loja de cristais. E despejam milhares de turistas que mal sabem o que fazer e
aonde ir em Veneza nos dois dias
(ou menos) que costumam ocupar
a cidade em rodízio, como se estivessem em um parque de diversão.
O “enterro” atraiu os venezianos nostálgicos, a imprensa do
mundo inteiro e um grupo de pesquisadores da Worcester Plythecnic
Detalhe do “enterro” de Veneza. Ao lado, o contador oficial da população da cidade
/
Dezembro 2009
Istitute de Massachussets e da National Geographic Society. Eles desembarcaram na cidade para recolher amostras de DNA dos moradores. O objetivo é estudar o fluxo migratório dos venezianos e a
origem das populações da Europa
centro-ocidental. O banco de dados vai permitir ainda saber quando e para onde os venezianos viajaram, abandonando a terra natal,
ou melhor, a água natal.
Quando as coisas melhorarem,
quem sabe, muitos poderiam retornar à Sereníssima. Esta é a esperança dos jovens venezianos. O
presidente da Associação Jovens
Venezianos, Marco Vidal, conta
para Comunità que está recolhendo assinaturas para levar uma série de propostas ao novo prefeito,
a ser eleito no próximo ano:
— Queremos a transformação
de zonas abandonadas da cidade
em áreas habitacionais com preços justos. Queremos atrair empresas para o nosso território e
assim fomentar novas vagas no
mercado do trabalho.
Enquanto a população baixa, a água sobe. Ela emerge dos
bueiros, dando vazão à pressão
da força da maré alta do Adriático
que, em poucas horas, pode alagar tudo diante da impotência do
homem contra este fenômeno da
natureza. O declínio populacional
por um lado, e a erosão marinha
por outro, colocam em xeque o
futuro de Veneza.
O problema da maré alta pode
estar com os dias contados, graças a uma monumental obra de
contenção do avanço do mar. O
chamado projeto MOSE promete
aposentar as passarelas de madeira usadas pelos venezianos para
caminhar sobre as águas quando
elas invadem a cidade.
— Pensamos num projeto que
não deturpasse o paisagismo de
Veneza. Assim, chegamos na criação de defesas que saíssem do fundo do mar quando fosse necessário
— afirma o magistrado das águas
de Veneza, Patrizio Cioccoletta.
Gigantescas barreiras submersas estão sendo construídas
pelo governo italiano para impedir a entrada de água do mar
Adriático na lagoa através dos
três canais de acesso. Para isso
foram criados canteiros de obras
flutuantes e ilhas artificiais para
realizar o projeto com previsão
de ser inaugurado em 2014. O
princípio de Arquimedes norteia
o MOSE. Placas de concreto, com
o interior cheio de água, ficam
deitadas no fundo do mar. Elas
recebem uma injeção de ar comprimido para expelir o líquido e,
desta forma, levitar, em caso de
maré alta. Na superfície, as barreiras funcionam como escudos
flutuantes para impedir o fluxo
de marés altas de até 3 metros.
Os técnicos acreditam que
com este projeto Veneza estará
protegida até mesmo contra a elevação do nível do mar de até 60
centímetros. Não é pouco sabendo
que a cidade afundou 23 cm no último século porque o solo cedeu e
o mar subiu - dois fenômenos naturais contemporâneos e que podem selar o futuro da cidade. Porém, eles são apenas uma das partes visíveis do drama veneziano. A
outra é justamente a ausência, em
carne e osso, dos venezianos.
Vetraio
Um dos sonhos dos venezianos
é despertar nos jovens da cidade
o amor e o respeito pelos antigos ofícios tradicionais. Como os
artesãos do vidro. Uma profissão
passada de geração em geração,
que corre o risco de extinção devido à falta de trabalho. Muitas
fundições, assediadas pela especulação imobiliária e pela falta
de mão-de-obra especializada,
ameaçam fechar suas portas. O
problema ocorre na ilha de Murano, distante 20 minutos de navegação de Veneza.
Desde os áureos tempos da
Sereníssima, ali se concentram os
homens que sopram o vidro e realizam fantásticas esculturas, únicas no mundo e um dos símbolos
do Made in Italy. Na época do “doge”, esta nobre arte era segredo
de estado. O risco de incêndio em
Veneza, quando as construções,
na sua maioria de madeira, levou
à transferência dos trabalhos para
a vizinha Murano, onde estão até
hoje. E ao desembarcar na ilha é
fácil ver que se trata de um lugar
suspenso no tempo e no espaço.
As jardineiras das casas são de
flores de vidro e estão sempre reluzentes e brilhantes. Os lugares
públicos viram ateliês ao ar livre,
com tantas esculturas modernas
de vidro que contrastam com as
torres das igrejas seculares.
Murano é uma ilha da fantasia, literalmente. Aqui, os artesãos do vidro transformam em realidade as criações dos designers
e artistas. Em quarenta minutos
eles trabalham o vidro em estado semi-fluido, em fornos a 1.300
graus centígrados. Tudo é feito
com as mãos - no malabarismo
com o vidro incandescente, fazendo com que a gravidade e a trajetória desenhada no espaço deem a forma justa para a peça - ou
com o fôlego, no momento de soprar o vidro para preencher de ar
as cavidades de vasos e garrafas.
Com o advento do plástico no
pós-guerra, os artesãos aprenderam e desenvolveram novas técnicas para fazer frente aos modelos de objetos industrializados. E
de artesãos viraram artistas plásticos, escultores, ainda que todos
prefiram ser chamados de vetraio.
— Infelizmente, hoje, os jovens possuem outros interesses.
Eu aprendi este trabalho com o
meu pai, quando era adolescente. Já se passaram trinta anos e o
entusiasmo de fazer uma peça exclusiva é o mesmo. E meu maior
desafio é fazer sempre coisas novas — afirma o vetraio Massimo
Seno da empresa Formia.
As autoridades de Veneza até
que estão sensíveis aos problemas.
Entretanto, ainda há mais uma
questão jogando contra a cidade:
a rigidez dos vínculos paisagísticos
e as leis de urbanismo que não se
atualizaram e tornam ainda mais
complicado qualquer projeto de
modernização do território.
— Esta é uma tarefa muito difícil. Temos que respeitar
o contexto arquitetônico, histórico e artístico. As leis de hoje
não são suficientes. Mas vemos
um grande interesse do setor privado em se unir ao público para
relançar Veneza — diz o assessor
para o Turismo da prefeitura de
Veneza, Augusto Salvadori.
Para uma das personalidades
mais influentes da cidade, Francesca Bortolotto Possati, dona do
hotel de luxo Bauer, diante do canal Grande, “Veneza tem que preservar o passado se quiser ter um
futuro”. Ela acha que os venezianos devem ter um papel ativo, de
protagonista “neste novo final que
todos querem para a cidade” e não
aquele projetado pela atual erosão
demográfica e marinha.
Murano (abaixo) sofre com a falta de
mão-de-obra para a atividade que é
sinônimo da própria ilha: o artesanato
de vidro feito pelos vetraio
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
35
attualità
Per Sampaio questa
mobilizzazione contro le
sigarette fa parte di una strategia del ministério da Saúde, appoggiata da qualche stato e comune, che vuole applicare una politica di tolleranza zero contro le malattie causate dalle sigarette.
— E’ una strategia destinata
all’insuccesso. Sarebbe più logico investire in informazione sui
mali causati dalle sigarette sui
banchi scolastici fin dalla più tenera età — crede.
In Brasile
La Lei antifumo è in vigore a São
Paulo da agosto. Un rilevamento
Numero di fumatori diminuisce
Secondo lo studio Saúde Brasil 2008, reso noto in novembre
Stati brasiliani cominciano ad adottare
leggi antifumo che vietano le sigarette
in luoghi al chiuso. In Italia una legge
simile esiste già da quattro anni
D
Nayra Garofle
opo la Lei Seca, la Lei
Antifumo. In Brasile il
divieto alle sigarette in
luoghi collettivi, che agli
inizi era cominciato a São Paulo, è arrivato in altri stati come
quello di Rio de Janeiro e del Paraná. Nella città meravigliosa i
proprietari di bar e ristoranti si
sentono danneggiati e quindi ricorrono alla giustizia per ottenere il diritto di, perlomeno, lasciare un’area riservata per i fumatori nei loro locali.
A Rio de Janeiro, la Lei
5.517/09 è stata sanzionata dal
governatore Sérgio Cabral in agosto ed è entrata in vigore in novembre. Cabral dice che all’indomani dell’inizio dei controlli perché
fosse osservata la Lei Antifumo ha
deciso di smettere di fumare.
— Fumare in luoghi al chiuso dimostra mancanza di rispetto
verso la salute pubblica. Quando
ero un fumatore mi preoccupavo
già di questo — dice.
Secondo il presidente del Sindicato de Bares e Restaurantes di
Rio de Janeiro, Alexandre Sampaio, è stato fatto un sondaggio
informale con gli associati. La
prima settimana la frequenza dei
clienti è diminuita del 15%.
— La legge non permette il
diritto di scelta dei nostri clienti. Preservato il diritto dei non fumatori, permettendo che le verande potessero ricevere fumatori,
avremmo risolto il problema del
fumo passivo. Avremmo accettato che fumare in ambienti interni fosse vietato, anche se questo
sarebbe entrato in contraddizione
36
con la legislazione federale del
1996, che permette ‘fumodromi’,
per esempio — osserva.
Il giorno prima dell’inizio
dei controlli il SindRio ha ottenuto un’ingiunzione preliminare
che impediva l’applicazione della
legge di stato antifumo. Secondo
l’ente circa duemila alberghi, bar
e ristoranti della capitale fluminense potrebbero non applicare
la legge statale e seguire la legge federale del 1996. Prima che
la legge municipale entrasse in
vigore ci sono stati blitz educativi durati circa tre settimane a Rio
ma, dal 18 novembre, chi insiste
a fumare in luoghi non autorizzati è soggetto a multa, che va
da 3mila a 30mila reais, secondo
la nuova legge. Come a São Paulo, la nuova norma responsabilizza, e punisce chi non la segue, i
proprietari o responsabili dei locali commerciali o mezzi pubblici
dove il consumo di sigarette continui ad essere praticato.
ComunitàItaliana
Alexandre Sampaio
/
Il giudice Luiz Henrique Marques, della 1ª Vara de
Fazenda Pública, che ha
concesso l’ingiunzione preliminare al SindRio, ha dichiarato
che è di competenza della União
regolare la questione, visto che
è in vigore dal 1996 una legge
federale che vieta il fumo in luoghi pubblici o privati al chiuso.
Ma la Procuradoria Geral do Estado ha presentato un ricorso e lo
stesso giudice ha annullato l’ingiunzione preliminare. La Procuradoria ha usato l’argomento secondo il quale la 1ª Vara da Fazenda Pública non avrebbe potuto concedere l’ingiunzione preliminare visto che la 4ª Vara aveva
già giudicato una richiesta anteriore del sindacato e gliel’aveva
negata. Sampaio dice che il Sin-
Dezembro 2009
dRio ha già presentato
un ricorso.
La legge federale 9.496, del
1996, vieta di fumare “in luoghi
collettivi, privati o pubblici” ma
prevede la creazione di spazi destinati esclusivamente al fumo,
isolati e con circolazione d’aria
(i chiamati ‘fumodromi’). Ecco
quindi la breccia trovata dal SindRio per giustificare, per esempio, la creazione dei ‘fumodromi’:
una legge statale non può prevalere su una federale.
Secondo la legge statale è
vietato fumare in ambienti totalmente o parzialmente chiusi in
uno qualsiasi dei loro lati da pareti, séparé, soffitti o tetti, anche se provvisori, ove rimangano
o passino persone. Nei luoghi in
cui il fumo è vietato dev’essere affisso un avviso, con telefoni
e indirizzi degli organi responsabili della vigilanza sanitaria
e della difesa dei consumatori.
Dezembro 2009
/
dal ministério da Saúde, la percentuale di adulti fumatori è diminuita la metà negli ultimi due
decenni. Nel 1989 fumavano regolarmente nientedimeno che il
31% dei brasiliani. Oggigiorno si
è arrivati al 16,3%. La diminuzione viene attribuita alle campagne di consapevolizzazione e
alle leggi antifumo.
—La diminuzione del tabagismo è da festeggiare specialmente perché ha già cominciato a riflettersi sulla diminuzione di decessi per malattie cardiovascolari
— afferma la coordinatrice generale di Doenças e Agravos Nãotransmissíveis del ministério da
Saúde, Deborah Malta.
In Italia
Gli italiani hanno da quattro anni una legge antifumo simile a
quella brasiliana. E’ stata creata
per proteggere i non fumatori e
vieta il fumo in luoghi pubblici
al chiuso, cosí come in luoghi
di lavoro.
Quando la Legge Sirchia è entrata in vigore c’è stata una riduzione del 6% del consumo di
sigarette, ma il numero di fumatori è rimasto stabile. La legge
italiana che proibisce le sigarette in ambienti al chiuso è servita
da modello ad altri Paesi europei, come l’Inghilterra, la Francia
e la Germania. Prima dell’Italia
solo l’Irlanda e Malta avevano regolato il consumo di sigarette in
luoghi pubblici.
In generale gli italiani si
erano dimostrati favorevoli, in
un primo momento, alla legge.
Ma ci sono molte critiche sul poco o inesistente controllo perché sia seguita.
— Basicamente la legge ha
fatto quello che doveva fare ma,
senza controlli, non è andata
avanti e il numero di fumatori non è diminuito — afferma
Piergiorgio Zuccaro, direttore
dell’Istituto Superiore di Sanità.
Ma la legge cosa dovrebbe
fare? Ridurre il numero di malattie causate dal fumo passivo
o indiretto. Uno studio realizzato l’anno scorso in quattro regioni italiane (Piemonte, Friuli
Venezia Giulia, Lazio e Campania) mostra una diminuzione di
più del 7% dei ricoveri dovuto
ad infarto acuto del miocardio, situazione confermata da
uno studio simile realizzato per
il Piemonte.
ComunitàItaliana
37
ICP Unlimited
Meno
fumo
fatto dalla secretaria de Estado
da Saúde rivela che nei primi tre
mesi di vigenza sono stati realizzate circa 110 mila azioni di controllo in tutto lo Stato, risultate in 405 multe, il che dimostra
che il 99,6% dei locali seguono
la legge. Gli agenti di controllo
mettono in atto più di 1.200 visite di controllo al giorno.
Nel Paraná la legge è stata
sanzionata dal governatore Roberto Requião in settembre. La
nuova legislazione ha cominciato a valere il 28 novembre
e vieta la creazione di ‘fumodromi’. Nello stato paranaense la multa per i locali in cui viene permesso
il consumo di qualsiasi tipo di fumo nel suo
interno è di 5,8 mila
reais. I controlli sono
nelle mani della Vigilância Sanitária e degli organi di difesa dei
consumatori.
Un bilancio preliminare della secretaria de Saúde del Paraná rivela che circa
500 équipe sono state
coinvolte nella mobilizzazione e hanno visitato, solo il primo giorno di
controlli, circa 2 mila locali. Nella maggior parte dei
comuni dove ha avuto luogo
la mobilizzazione la proposta
è stata accettata positivamente
nei locali.
— La gente è piú consapevole e potremo contare sulla collaborazione di utenti e
proprietari di locali affinché
la proposta sia seguita correttamente — afferma il direttore della 17ª Regional de Saúde
di Londrina, Adilson de Castro.
La città che adotterà la Lei Antifumo dal 2010 sarà Florianópolis. Il sindaco Gean Loureiro ha
sanzionato la legge municipale 8.042 che vieta di fumare in
qualsiasi spazio collettivo, pubblico o privato, al chiuso o parzialmente al chiuso della capitale
catarinense. La multa per i recidivi sarà di 300 reais e raddoppia
ad ogni recidività. Alla quinta, il
locale sará chiuso per 30 giorni
e, alla sesta, gli verrà annullata
la licenza di funzionamento.
bem faz mal
Na era da beleza magra, uma nova doença espreita
quem tem obsessão por comidas saudáveis
V
Nayra Garofle
ocê tem o hábito de verificar as calorias das comidas que consome? Costuma sempre dar uma olhadinha na composição dos alimentos, na porcentagem de gordura e
açúcares e, em hipótese alguma,
se dá ao prazer de degustar uma
pizza ou um hambúrguer? Preste bem atenção, porque você pode estar sofrendo de ortorexia.
Trata-se de um novo transtorno
alimentar que ainda não tem um
diagnóstico oficial, mas surge
quando a pessoa se torna obsessiva em relação aos padrões daquilo que come.
Quem faz o alerta é Mauro
Scharf, endocrinologista da Dasa (maior empresa de medicina
diagnóstica da América Latina
com representação em vários estados do Brasil). O médico paranaense explica que ao contrário
da anorexia ou bulimia, a pessoa
come, mas fica tão obcecada com
a alimentação saudável que chega a ter desnutrição. Calorias, vitaminas e nutrientes tornam-se o
ponto focal da comida e qualquer
alimento considerado não saudável não é consumido.
— As pessoas que têm esta
doença demonstram desordens
de alimentação ligadas a uma
obsessão compulsiva por só comer coisas saudáveis. Elas não se
permitem, em circunstância alguma, um desvio do seu programa de tipos de alimentos autorizados — conta.
O transtorno foi descrito pela
primeira vez em 1997 pelo médico
norte-americano Steven Bratman
e é, frequentemente, associado
às dietas vegetarianas ou de alimentos crus. Segundo Scharf, os
sintomas mais comuns são, além
da obsessão por comidas saudáveis, o isolamento social, a perda
de peso e, por vezes, distúrbios
vitamínicos, fraquezas e astenia,
termo empregado pela medicina
para designar uma fraqueza orgânica, porém sem perda real da capacidade muscular.
— O paciente deixa de ir a
restaurantes e festas, por exemplo, por não ter certeza de que no
preparo das comidas foi utilizado
somente ingredientes saudáveis
— diz o médico.
Scharf explica que a pessoa
pode começar a se isolar e se tornar distante à medida que vai se
fixando cada vez mais nas suas
regras dietéticas. Para alguns, a
capacidade de desempenhar trabalhos ou de estudar pode começar a declinar.
—A preocupação compulsiva
chega a um ponto que, por exemplo, pensar em quantas vezes se
deve mastigar, acaba deixando
pouco espaço para outros pensamentos, fazendo com que a concentração e a motivação acabem
por ficar em segundo plano.
O diagnóstico da doença é
clínico, baseado nas observações
do comportamento diário do pa-
ICP Unlimited
Quando comer
ciente. A perda de peso é o primeiro sinal de alerta. Já o tratamento é nutricional e psiquiátrico. Algumas vezes é necessário a
utilização de drogas antidepressivas e anti-psicóticas. Apesar de
ser mais comum entre as mulheres, Scharf afirma que, diferente
da anorexia, a ortorexia acomete
em maior frequência os homens.
É possível observar casos da doença em todas as faixas etárias,
porém, da adolescência até os 25
anos a incidência é maior.
De acordo com o endocrinologista a causa da doença está
na pressão social sobre um corpo
bonito e saudável. Os padrões de
estética atuais contribuem para
o desenvolvimento da ortorexia:
— A sobrecarga de informações veiculadas a respeito
de alimentação saudável, muito
comum hoje na mídia em geral,
essa busca dos produtos e empresas em vincular suas vendas
a produtos saudáveis, são fatores que certamente estão contribuindo para a doença.
ICP Unlimited
aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut
Elixir
Nem tão vilã assim
A
maionese, pelo menos na versão industrializada, não é uma bomba calórica cheia de colesterol como se imagina. É composta principalmente por água
e óleo, que se misturam na presença do
ovo, o terceiro componente. Ainda na sua
fórmula está o suco de limão, sal, açúcar e mostarda. O óleo utilizado é o vegetal, que contém as gorduras consideradas boas para nosso organismo e que
não aumentam o LDL, o mau colesterol.
Sem falar que o tipo monoinsaturado ainda ajuda a aumentar o HDL, a faceta boa
do colesterol. A famosa gordura trans não
está presente nos óleos vegetais e, assim, não consta da receita da maionese. No molho ainda encontramos lipídios
interessantes: os ácidos graxos ômega-3
e ômega-6, gorduras essenciais para o
nosso corpo e que não produzimos.
Como muitos transtornos alimentares, a ajuda de um profissional de saúde é importante. Embora a doença não seja tão conhecida como outros tipos de transtorno alimentar, pode ter o potencial de ser igualmente séria para a
saúde, assim como qualquer outro
transtorno alimentar.
● Examinar cada detalhe nutricional de cada alimento;
● Só se permitir alimentos saudáveis;
● Ter dificuldades em comer uma refeição preparada por outra pessoa;
● Observar e comentar a maneira como outras pessoas preparam
a comida;
● Analisar diariamente o conteúdo nutricional do que comeu, esquecendo o prazer em comer;
● Perder muito peso sem seguir conscientemente uma dieta;
● Isolar-se socialmente por causa da dieta saudável.
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2009
C
aminhar faz bem e todo mundo sabe disso.
Emagrece, tonifica os músculos, aumenta
a eficiência do sistema imunológico e diminui
o estresse. Para ganhar este pacote de vantagens, pessoas de todas as idades e com diferentes graus de condicionamento físico precisam
apenas calçar um tênis e colocar as pernas para
trabalhar. O exercício precisa ser praticado três
vezes por semana, durante 30 minutos, no mínimo. Um estudo realizado na Universidade de
San Diego, (EUA) revela que, para manter a saúde do coração em dia, é preciso conseguir uma
média de 100 passos por minuto.
U
Obesidade
S
Café
U
m recente estudo do Instituto Nacional
do Câncer dos Estados Unidos revela uma
relação entre o fígado e o café. Os cientistas
avaliaram 766 pacientes que tiveram hepatite
C. Entre os que bebiam mais de três xícaras
de cafezinho por dia houve uma desaceleração
no desenvolvimento da doença.
sono foi definido como o elixir da
longa vida, no último congresso
mundial de estudiosos sobre o assunto,
o Sleep, realizado nos Estados Unidos.
Um de seus efeitos protetores foi revelado por um estudo que acompanhou 5 mil
americanos durante oito anos. Os indivíduos que prezaram por um bom descanso
noturno tornaram-se menos vulneráveis
a todo tipo de doença. “As pessoas que
dormem menos de seis ou mais de nove
horas correm mais riscos”, conta a líder
da pesquisa, Alison Laffan, da Escola de
Saúde Pública Johns Hopkins. Quantidade
de horas de sono não significa qualidade.
Ficar tempo demais debaixo das cobertas
pode ser o resultado de uma noite conturbada e não reparadora. “Esta condição
aumenta a pressão arterial, favorecendo
males cardiovasculares”, diz a cientista.
Maçã contra a gripe
O endocrinologista Mauro Scharf
alerta para a nova doença
Fique atento aos sintomas
38
Caminhada
O
egundo um estudo inédito da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo, realizado pelo hospital Dante Pazzanese, mulheres obesas e hipertensas têm risco dez vezes maior de
sofrerem um ataque do coração, como infarto, do que homens na mesma condição.
A comparação estatística apontou também que os pacientes obesos, homens
e mulheres, possuem nove vezes mais
chances de terem um evento cardiovascular do que os pré-obesos. Os resultados
apontaram que 98% das mulheres avaliadas tinham circunferência abdominal
muito elevada (acima de 88 cm), contra
82,7% dos homens. Para o sexo masculino a circunferência abdominal é considerada elevada a partir de 102 cm.
Dezembro 2009
m trabalho da Universidade da Carolina
do Sul, nos Estados Unidos, afirma que a
quercetina, substância que aparece aos montes na maçã, pode afastar a gripe. Os estudiosos avaliaram a boa atuação em um grupo
de ratos que foram separados dos demais e
submetidos à atividade física. Depois, os cientistas botaram os animais em contato com o
vírus causador da doença. Entre aqueles que
receberam a substância houve maior proteção, porque a quercetina tem ação antioxidante e preserva as células do
sistema imune.
/
ComunitàItaliana
39
Calendario
P
er la seconda volta il Brasile è servito da scenario per la produzione del calendario cult della Pirelli. L’edizione 2010 è
stata fotografata a Trancoso, nella Bahia. Nel 2005 era stata scelta Rio de Janeiro. Nel nuovo lavoro le foto sono state scattate
da Terry Richardson, conosciuto per il suo approccio provocante e scandaloso. Il calendario è composto da 30 immagini
e ha contato sulla partecipazione di 11 modelle: Catherine
McNeil, Abbey Lee Kershaw e
Miranda Kerr (Australia), Eniko Mihalik (Ungheria), Marloes
Horst (Olanda), Lily Cole, Daisy
Lowe, e Rosie Huntingdon (Gran
Bretagna), Georgina Stojilijtoric
(Servia) e le brasiliane Gracie
Carvalho e Ana Beatriz Barros.
Pasta
R
io de Janeiro sarà sede del IV Congresso Mondiale della Pasta,
che avrà luogo nell’ottobre 2010. Ogni 5 anni l’evento riunisce
produttori, fornitori, ricercatori e formatori di opinione che analizzano tendenze di mercato, materie prime, tecnologia, nutrizione e
azioni promozionali delle paste alimentari nel mercato mondiale. Il
primo congresso era stato realizzato a Roma nel 1995. La terza edizione, realizzata a Barcellona, ha contato sulla partecipazione di 36
Paesi. In questo evento è stata fondata la IPO - International Pasta
Organization per richiamare le attenzioni dei media e dei consumatori sul valore nutritivo del prodotto. Il Brasile si è fatto presente in
tutti i congressi e partecipa alla IPO fin dalla sua creazione.
Oscar
I
l film Salve geral, di Sérgio Rezende, è stato scelto dal ministério
da Cultura come rappresentante del Brasile nella selezione per
l’Oscar di miglior film straniero. Il lungo racconta la storia di una
delle maggiori bande armate del paese che, nel 2006, ha paralizzato São Paulo con una serie di attacchi sferrati nelle strade. Con Andréa Beltrão come protagonista, il film è stato lanciato il 2 ottobre
in Brasile. In gennaio l’accademia del cinema statunitense sceglie i
lunghi che concorreranno a questa categoria dell’Oscar.
Religione
I
l Candomblé e l’Umbanda sono i più recenti patrimoni immateriali dello stato di Rio de Janeiro. La decisione è stata presa
come maniera di lottare contro le intolleranze. Secondo l’antropologa Yvonne Maggi, il proteggerli è una forma di dare leggitimità
alle religioni, oltre a conservare i loro aspetti culturali. Il Candomblé è una delle religioni afro-brasiliane praticate in Brasile.
Si è sviluppato a partire dalle conoscenze dei sacerdoti africani
che sono stati fatti schiavi e portati dall’Africa in Brasile. Invece
l’Umbanda sincretizza vari elementi, tra cui quelli di altre religioni come il cattolicesimo, lo spiritismo e le religioni afro-brasiliane. Non si sa di sicuro il numero di membri di queste religioni a
Rio de Janeiro, ma le stime indicano che le cifre abbiano già sorpassato quelle dei cattolici praticanti.
Troféu ComunitàItaliana
A ComunitàItaliana instituiu neste ano o TROFÉU COMUNITÀITALIANA. Criado por nossos Conselhos Executivo e
Editorial, o troféu tem a chancela e o apoio do Ministério do Desenvolvimento italiano, da Embaixada italiana e do
Instituto Italiano para o Comércio Exterior e constitui nossa maior homenagem a quem nos apóia e ajuda a oferecer
um serviço digno de informação e entretenimento à sociedade ítalo-brasileira.
Os primeiros agraciados foram:
Ministro dello Sviluppo Economico,
Illustrissimo Dott. CLAUDIO SCAJOLA.
Conferito il 9 Novembre 2009 a Rio de Janeiro,
presso il Copacabana Palace in occasione di
visita ufficiale
Riconoscimento alla Promozione e all’Incentivo
dei Rapporti tra Italia e Brasile
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Conferito all’Illustrissimo Sig. Governatore
SÉRGIO CABRAL
Presidente dell’ Istituto Nazionale per il
Commercio Estero, Illustrissimo Ambasciatore
UMBERTO VATTANI. Conferito il 9 Novembre
2009 a Rio de Janeiro, presso il Copacabana
Palace in occasione di visita ufficiale
Receberão o troféu ao longo de 2010:
Direttore Generale in Brasile dell’Istituto
Nazionale per il Commercio Estero,
Illustrissimo Sig. Dott. GIOVANNI SACCHI
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro
realizzato in Brasile da TIM CELULAR S.A.
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. LUCA LUCIANI
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro realizzato in
Brasile da CIA VALE DO RIO DOCE
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. ROGER AGNELLI
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro
realizzato in Brasile da PETROBRAS
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro realizzato in
Brasile da PANDURATA ALIMENTOS S.A.
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. LUIGI BAUDUCCO
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro
realizzato in Brasile da INDUSTRIA DE
PRODUTOS ALIMENTICIOS PIRAQUE S.A.
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. CELSO COLOMBO
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro realizzato in
Brasile da INDÚSTRIAS GRANFINO S.A.
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. SYLVIO COELHO
Riconoscimento all’Eccellenza nel lavoro
realizzato in Brasile da GRUPO FIAT
Conferito all’Illustrissimo Sig. Dott. VALENTINO RIZZIOLI
especial
Brasileiro
com toque
italiano
— Será o primeiro azeite
brasileiro, mas já constatamos a
possibilidade de produzir dez tipos do óleo com características
como acidez e cores nos níveis
dos produtos que importamos —
avisa Oliveira.
A partir de espécies vindas diretamente da Itália, Brasil terá, pela
primeira vez, seu próprio azeite. Minas Gerais e Rio Grande do Sul
sediam projetos que contam com a participação da região da Úmbria
R
Sílvia Souza
esponsável pelo consumo
de 60 mil toneladas de
azeitonas e 35 mil toneladas de azeite de oliva
produzidas no mundo, segundo
dados da Associação Brasileira
de Produtores, Importadores e
Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), o Brasil se prepara
para dar fim a essa dependência
estrangeira dos produtos. Depois
de testes, assinaturas de acordos
e estudos, sairá de Maria da Fé,
cidade do sul de Minas Gerais, a
primeira produção nacional de
azeite extra-virgem, prevista para começar a ser comercializada
no primeiro semestre de 2010.
Além disso, o país comemora a
chegada de mudas de oliveira
vindas da Úmbria que serão plantadas em Bagé, sudoeste do Rio
Grande do Sul, em março do próximo ano.
42
— Estamos muito empolgados com esse feito histórico dos
italianos no Brasil. Depois de
plantarem a uva e o trigo, um terceiro sonho está sendo realizado,
no país — descreve o empresário
Sandro Benedetti Isidori, responsável pelo desk Úmbria no Brasil.
Em Minas Gerais, o projeto é
executado pela Empresa de Pes-
ComunitàItaliana
/
quisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Na Fazenda Experimental de Maria da Fé, são mil
em fase adulta, que têm acima
de 4 anos, e cinco mil em formação – que têm entre 2 e 3 anos.
Além disso, são produzidas cerca
de 20 mil mudas por ano. A cidade foi escolhida como sede do
novo nicho econômico por con-
Dezembro 2009
ta de características como uma
temperatura média anual de 18ºC
e o fato de estar situada a 1.300
metros de altitude.
O clima, segundo o diretor da
Epamig Nilton Caetano de Oliveira, é favorável à perfeita floração das plantas. Estas características também podem ser observadas, com algumas variações
na região de influência da Serra
da Mantiqueira, onde juntos, 18
municípios somam 100 hectares
destinados ao plantio das árvores. Porém, o título de cidade das
Oliveiras pertence a Maria da Fé,
que sozinha tem os mesmos 100
hectares. Até então, entretanto,
toda a produção era apenas de
azeitonas e não são todas que
podem virar azeite.
— A Epamig tem 15 hectares com oliveiras e, em relação
a produção de mudas, com ampliação da infra-estrutura de viveiro, a capacidade anual a partir
de 2010 será de 50 mil mudas.
Para a produção de azeite, nossa
expectativa é colher 50 toneladas de azeitonas que renderiam
10 mil litros do óleo — calcula
o diretor.
Para tanto, já está na Fazenda a máquina extratora de azeite. Importada da Itália, o instrumento será de grande valia para os pequenos produtores e tem
capacidade para processar 100
quilos de azeitonas em uma hora – o que equivale a 20 litros
de azeite.
Segundo Oliveira, a Fazenda
abriga mais de 150 variedades de
culturas. O impulso para as pesquisas na área do azeite foi dado
em 2005, a partir de conversas
com empresários italianos do setor. De lá para cá, a Epamig di-
versificou os ensaios com os tipos de azeitonas, conhecendo
suas particularidades e melhorando seu tratamento. Apesar de
produzir duas espécies genuinamente brasileiras, a JB e Maria
da Fé, em homenagem à cidade,
vieram da Itália as duas espécies
que pretendem tirar o Brasil da
condição de importador de azeite e azeitonas.
A variedade Ascolana tem frutos grandes, mas com baixa concentração de óleo, sendo a mais
recomendada para preparo e consumo como azeitona de mesa. Já
a variedade Grapollo, que apresenta frutos de tamanho médio,
com maior concentração de óleo,
é considerada ideal tanto para o
consumo em mesa como para a
indústria de extração de azeite.
Briga pelo título?
Se a Epamig pretende comercializar os primeiros rótulos de azeite
brasileiro em 2010, no Rio Grande do Sul a experiência está prevista para ocorrer em 2014. Em
novembro, os olivicultores de
Bagé receberam as primeiras mudas de oliveira importadas da
Úmbria. As plantas, que chegaram no meio do ano ao Brasil,
passam por um período de quarentena na Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pelotas.
A produção, que está sendo
desenvolvida em parceria direta
com empresários da Úmbria, tem
tudo para ser a nova matriz econômica na região a partir da implantação de um Centro de Excelência em Olivicultura. Segundo
um estudo realizado pela Embra-
pa, o município gaúcho está entre as melhores áreas para o desenvolvimento da cultura no país,
sendo até mesmo comparado às
condições de Portugal, país que
mais exporta azeite para o Brasil.
A parceria, iniciada em 2007,
envolve a Prefeitura de Bagé, a
Universidade da Região da Campanha (Urcamp, através do Instituto Tecnológico de Reprodução
Vegetal), os produtores, a Associação de Desenvolvimento do
Território da Campanha.
Uma das primeiras atividades
relativas ao projeto foi o envio
de duas mil mudas de oliveiras
pela empresa Umbra Flor. Na ocasião, foram recebidas espécies
Frantoio, Moraiolo e Pentolino
(polinizador) para a implantação
de um viveiro. A iniciativa previu
para o ano de 2008 a geração de
30 a 40 mil mudas para início de
desenvolvimento da olivicultura.
— A nossa intenção é também de transferir os conhecimentos desta empresa com mais
de 35 anos de experiência e fornecer toda a assistência técnica
necessária a esse cultivo — explica o diretor da empresa, Moreno Moraldi.
Benefícios do azeite de oliva
● No aparelho digestivo, diminui a secreção de ácido gástrico,
diminui a atividade secretora do pâncreas, melhora o esvaziamento da vesícula biliar – o que favorece a não formação de cálculos
biliares -, melhora a absorção intestinal de diversos nutrientes.
● No aparelho cardiovascular diminui o colesterol plasmático total, diminui o colesterol LDL (o colesterol ruim), não modifica os
níveis do colesterol HDL (o chamado colesterol bom) e diminui a
pressão arterial.
● Com relação ao Diabetes, melhora o perfil lipídico do diabético,
diminui a glucemia e diminui as doses diárias de insulina utilizadas pelo diabético.
● O azeite ainda impede de maneira sistemática a oxidação celular, resultando na prevenção de muitas enfermidades inclusive o
envelhecimento precoce.
Dezembro 2009
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ComunitàItaliana
43
especial
azeitonas, ainda frescas, são levadas ao lagar (lugar próprio para extração do azeite) e são lavadas e moídas. A partir dessa
moagem obtém-se, então, uma
pasta que é prensada. O produto deste processo, exclusivamente mecânico, é o azeite virgem,
que após filtragem está pronto para consumo imediato.
Colheita de azeitonas em pé da Fazenda Experimental de Maria da Fé, ao lado, em foto aérea de 2007
Já Isidori, do Desk Úmbria
no Brasil, comemora o fato de
a sua região ter encontrado um
lugar de clima propício para essa parceria. As mudas importadas da Itália, após a quarentena,
chegarão às mãos dos agricultores de Bagé em março ou abril de
2010. Enquanto isso, já no próximo mês, serão realizados cursos
de formação para plantio, poda e
tratamento em geral das plantas.
A ideia é que representantes dos
produtores viajem à Úmbria também neste período.
— Podemos dizer que teremos um azeite italiano produzido no Brasil, pois além do clima temperado, que encontramos
aqui, trouxemos as mesmas espécies de plantas e mesmo sistema
de cultivo. Dentro de quatro anos
faremos o mesmo sistema de colheita com sistema de produção
também, o que garantirá a fixação do aroma e cores no azeite
— afirma Isidori.
Produtos da Epamig
estão prontos para
ganhar o mercado
Economia
Um estudo técnico da Epamig,
publicado em agosto, mostra que
o Brasil ocupa o sétimo lugar no
mundo em importação. Desse total, somente de azeitonas processadas para mesa são importadas
perto de 50 mil toneladas por ano
para o mercado varejista a um
custo de 250 milhões de reais.
Mais barata, a produção interna,
segundo o relatório, ainda eliminaria um desperdício comum. Isto
porque transportadas para as indústrias alimentícias brasileiras
em bombonas de 220 litros, com
78 quilos de frutos, as azeitonas
sofrem um descarte nas operações
de manuseio, padronização e embalagem de varejo. O montante
inutilizado chega a 50 mil quilos
de azeitonas. Sem contar, ainda,
o descarte de frutos macerados,
com manchas ou pequenas deformações que, segundo a Epamig,
poderiam ser usados no processamento para extração do azeite
de oliva.
O rendimento nestes casos
pode alcançar de 15% a 17%,
o que, considerando o descarte
anual, significaria oito mil quilos
de azeite de oliva.
— As pesquisas que fazemos
buscam respostas para questões
como quais as melhores variedades para cada região, espaçamentos de plantios, tratos culturais e
também sobre o pós-colheita. Porém, para tudo isso ainda é preciso despertar interesse de outras
instituições de pesquisa de outros
Estados e investir recursos financeiros — analisa o pesquisador
Adelson Francisco de Oliveira.
Oliveira
De acordo com a Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite
de Oliveira (Oliva), o período de
maturidade e plena produção da
oliveira situa-se entre os 35 e os
150 anos, conhecendo-se espécimes com 2000 anos. Em média, uma oliveira dá 20 quilos de
azeitonas, sendo necessárias cerca de 5 a 6 quilos para produzir 1
litro de azeite.
A produção tem início com a
colheita das azeitonas nos olivais
(plantação de oliveiras) onde as
Mercado
brasileiro é foco
Enquanto a produção do
azeite brasileiro não começa, o país recebe a visita
de empresários e consórcios
de olho no consumidor.
Foi assim na Expoazeite, que ocorreu
em setembro no
Rio de Janeiro e
em São Paulo. A
feira, voltada a
um público composto por donos
de restaurantes,
hotéis, supermercados, distribuidores e chefs,
atraiu a Cooperativa Colline Del
Matese ao Brasil.
— O óleo que os
brasileiros consomem
tem qualidade média,
mas nos últimos anos,
vem sendo introduzido
o paladar para o produto. Viemos em busca de
representação aqui, por
saber que neste país
não há produção —
salienta o engenheiro
agrônomo Giovanni
Curtopasso, um dos
representantes da
empresa.
L’extavergine
P
roduto de prestígio na Itália, o azeite é tema de um tradicional guia,
na Itália, cuja nona edição foi lançada este ano. L’extavergine, da editora Cucina e Vini, se define como um manual que permite ao leitor conhecer de forma aprofundada todo
o processo de produção do óleo, da diferença entre
as espécies, as tecnologias de extração. São mais de
800 páginas – cerca de 350 delas dedicadas à Itália -,
que visitam 37 países, destacando a história de produção, condições climáticas, números e entre outros
elementos que contribuem com a produção. O guia é
assinado pelo critico enogastronômico Marco Oreggia
e por Laura Marinelli, membro da associação Italiana de Tecnicos e Experts em Azeite Virgem e Extravirgem de Oliva.
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ComunitàItaliana
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Mestre do azeite
O
interesse brasileiro em aprender tudo sobre azeite vem aumentando cada vez mais. Em novembro, o Rio de Janeiro trouxe,
por intermédio do Senac Rio, o especialista Mauro Martelossi, diretor da Congregação dos Mestres em Azeite, na Itália, para participar do I Seminário Internacional sobre Azeites de Oliva e
Dieta Mediterrânea. Martelossi, que chega
a provar 200 tipos deste óleo vegetal por
dia, teve a oportunidade de conduzir, pela primeira vez no Brasil, um curso de
sommelier internacional de azeite de oliva e workshops sobre harmonização com
pratos mediterrâneos e pizzas.
Sobre a primeira produção nacional de
azeite extra-virgem, prevista para começar a ser comercializada no primeiro semestre de 2010, em Minas Gerais, Martelossi afirma
que seria necessário realizar mais estudos com relação a influência da temperatura no local. Porém, a cidade de Maria
da Fé foi justamente escolhida como sede por conta de características como uma temperatura média anual de 18ºC e o fato
de estar situada a 1.300 metros de altitude.
Além dos cuidados com a temperatura, produzir azeite “é a coisa mais cara que existe”, de acordo com o especialista. Martelossi
explica que é necessário um investimento muito alto na plantação.
— E a partir do momento em que se planta, é preciso esperar, pelo menos, cinco anos para ver o resultado — conta o
italiano de 51 anos e que trabalha na área há 20.
Martelossi também faz uma comparação entre a apreciação brasileira e italiana pelo azeite. Para ele, “é natural o
italiano consumir mais e isso se deve ao contexto cultural”.
— Para os italianos, o azeite de oliva é produzido praticamente em casa, já os brasileiros precisam comprar. É
aí que nasce, fundamentalmente, o primeiro motivo. Depois, o segundo motivo nasce pelo fato de que os azeites
Com uma produção anual estimada
entre 100 e 150 mil litros por ano, a cooperativa fica no Parco Regionale de Matese (província de Caserta, na Campânia) e antes do Brasil, só
possuía representação na
Suíça e na Alemanha:
— O Brasil é a porta
de entrada para quem
deseja comercializar na
América Latina. Porém, o azeite italiano, em geral, perde
para o português
por causa do preço. Por isso, vendemos a tradição
e a qualidade. Estamos trabalhando com a Câmara
Ítalo-Brasileira de
Comércio a realização, nos próximos
meses, de um curso
de degustação, para melhor divulgar as características de nosso produto.
Segundo Curtopasso, com o
efeito da crise econômica sobre
o setor ainda não mesurado, os
produtores italianos comemoraram a decisão da União Europeia
que regulamenta a denominação
de origem comprovada nos rótu-
de oliva que se encontram no mercado brasileiro, muitas vezes, não
apresentam variedades — diz.
Afirmar que existe um país que produz o melhor azeite de oliva
do mundo é uma questão bastante complicada para o especialista.
Para ele, não há como comparar “uma vez que da mesma forma que
a Espanha vem produzindo um bom azeite, a Itália também produz”.
Porém, Martelossi afirma que isso não significa que o azeite italiano
seja melhor do que o espanhol:
— O Chile tem um azeite excepcional, mas não posso dizer que
é o melhor. Na verdade, digo que todos os países fazem um azeite
bom. Os franceses são os últimos do mundo a produzir azeite, porém,
lá se faz um azeite excepcional também.
Os rumores de que utilizar o azeite aquecido faz mal à saúde foram descartados pelo especialista. O italiano informa apenas que o
que, de fato, acontece é a perda do aroma volátil, mas as características e as propriedades não são perdidas.
— Se isso fosse verdade estaríamos todos mortos porque usamos o azeite para cozinhar — alega.
Ele ensina que, ao contrário do vinho, o azeite é para ser consumido
quando fresco, uma vez que com o tempo ele perde o aroma e o sabor.
E a melhor forma de conservação é manter o produto dentro de um vidro
escuro. Martelossi alerta que os maiores inimigos do azeite são a luz, o
ar e a alta temperatura do ambiente.
Questionado sobre os tipos de azeite que devem ser utilizados
em pratos à base de bacalhau — como o brasileiro costuma preparar
nas festas de fim de ano — Martelossi explica que isso varia de acordo com a forma como a comida é preparada. E é preciso estar atento
às características básicas que definem um azeite de boa qualidade.
— Devemos entender que o azeite de oliva é o único alimento
que as normas internacionais prevêem duas análises. É preciso que
haja características químicas previstas pelas normas e sensações
gustativas de amargo e picante no contexto de qualidade — esclarece o especialista, em sua 10ª visita ao Brasil, mas pela primeira
vez no Rio de Janeiro — Infelizmente, só trabalhei e não conheci
nada do Rio — conta o italiano.
los. Em vigor desde julho, segundo o ministro italiano para as Políticas Agrícolas, Luca Zaia, a medida “permite combater fraudes e
é um passo importante na defesa
da qualidade e da transparência”.
Importância mundial
Nos últimos anos, o cultivo de
oliveira adquiriu especial rele-
Palavra de especialista
● O azeite bom deve ser picante e levemente amargo;
● São três os grandes inimigos do azeite
de oliva: a luz, o ar e o calor. Por este
motivo deve ser conservado em garrafas
de vidro escuro, sempre fechadas e em lugares frescos;
● Azeite bom é azeite fresco. Portanto,
fique de olho no prazo de validade.
Martelossi recomenda fugir no supermercado de produtos que tenham sido
fabricados há mais de dezoito meses.
vância em todo o mundo, por
ser o azeite de oliva benéfico à
saúde humana e pela sua comprovada eficácia na proteção de
enfermidades cardiovasculares.
É na região mediterrânea, em
países da Comunidade Econômica Europeia, que são produzidos
82% do azeite de oliva de todo o mundo, segundo dados da
Epamig utilizados no estudo publicado em agosto.
Apesar do Brasil ser o sétimo
importador de azeite do mundo, a
taxa de crescimento de mercado é
estimada em mais de 6% ao ano.
Entretanto, ainda há um grande
potencial de crescimento para o
azeite de oliva em nosso país,
pois o nosso consumo per capita
ainda é considerado muito baixo
(170 gramas/ano) se comparado
ao dos gregos, que consomem 25
kg/ano, os italianos e espanhóis,
com 12 kg/ano.
Colaborou Nayra Garofle
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ComunitàItaliana
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Milão
livro
Guilherme Aquino
Concorrência desleal
U
Fotos: Roberth Trindade
ma empresa em cada três é chinesa, na
região da Lombardia, segundo dados da
Câmera do Comércio, no setor do vestuário,
principalmente. No ramo do couro, da indústria têxtil, confecção e dos calçados, os chineses são os responsáveis por 35,3 % das empresas em Brescia; 33,5% em Milão; 19,3%
em Bergamo. Um grande avanço que, por outro lado, provoca um aumento de trabalhadores clandestinos. Segundo a Cgil, trabalhadores informais chegam a ficar 15 horas por dia
no batente. Nos primeiros seis meses deste
ano, a direção do Trabalho da Lombardia, encontrou irregularidades em 66% das empresas vistoriadas. Algumas eram italianas, mas
a maioria era de estrangeiros.
Lentidão
M
ais de cem caracóis invadiram o
centro de Milão. Eles são enormes, violetas. E viraram atração
para moradores e visitantes. Na correria
do dia-a-dia, não existe quem não diminua o passo para admirar e, talvez, tentar
entender o motivo desta exposição ao ar
livre. Não é difícil. Símbolo da lentidão para os italianos, como a tartaruga é para os
Esquis nas alturas
Muro
A
proximidade do inverno marca o começo
da estação dos esquis. E a preocupação
com a segurança. No ano passado, as pistas
brancas de neve mancharam-se de sangue em
muitos dos 30 mil acidentes registrados, alguns graves e fatais. Do total de acidentes,
12% foram de choques frontais entre esquiadores. Dos três milhões e meio de esquiadores
e snowboarders que se preparam para invadir
as pistas, apenas 10% sabem como realizar a
manobra correta de ultrapassagem. O capacete é obrigatório para os menores de 14 anos,
mas apenas 30% dos adultos usam este item
de segurança. Para os esquiadores de primeira
viagem valem a atenção redobrada, a velocidade moderada e acesso à pista nas faixas de horário mais tranquilo, ou seja, de manhã cedo.
U
ma escultura de Paolo Conti chama
a atenção dos passantes na praça
do Duomo: uma flecha abate um muro.
A mostra faz parte das homenagens de
Milão aos 20 anos da queda do muro de
Berlim. Uma série de trabalhos de grandes dimensões representa o abatimento
de barreiras, a queda de fronteiras, enfim, a liberdade do ser humano de ir e
vir. A solidariedade italiana às vitimas do
muro de Berlim também não foi esquecida. Afinal, muitas vidas foram sacrificadas e, ao final, cada uma delas contribuiu para a derrocada final da separação
e a vitória da união das duas Alemanhas.
46
ComunitàItaliana
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brasileiros, o caracol chega para lembrar o
quanto é importante regular o ritmo da vida, ultimamente, muito acelerada. Criados
pelo Grupo coletivo Cracking Art, eles fazem parte dos eventos previstos pela Expo
2015 e, por tabela, até “justificam” o grande atraso na concretização dos planos originais. No ano que vem, o exército de caracóis vai ser levado para Chicago e Telaviv.
La Scala
E
m dezembro, o teatro La Scala apresenta a ópera Carmen, de Georges Bizet, e
inaugura a temporada de 2010. A direção de
orquestra é do maestro argentino Daniel Barenboim e a direção da obra ficou a cargo de
Emma Dante. Como todos os anos, a estreia
é cercada de grande expectativa: já se pode
prever a via Manzzoni fechada ao publico, seguranças armados até os dentes, desfile de
personalidades do mundo da política e do espetáculo diante de uma multidão de curiosos.
Na primeira noite, o custo por uma poltrona
da galeria ao palco nobre varia de 50 a dois
mil euros. Já nas outras sessões o valor oscila
entre 12 e 187 euros. Melhor esperar, dependendo da disponibilidade do bolso.
Para se
deliciar
Bíblia da gastronomia italiana é editada em português
O
s amantes da culinária
italiana podem comemorar. O livro considerado
a bíblia gastronômica da
Itália acaba de ser lançado em
português. A ciência na cozinha
e a arte de comer bem, de Pellegrino Artusi, traz 790 receitas
ao longo de suas 428 páginas.
Os pratos são de todas as regiões italianas, reunidos ao longo
de 20 anos.
A versão em português é fruto da iniciativa do presidente da
Associação Emiliano-Romagnola
Bandeirante Salto/Itu, Amauri
Nayra Garofle
Arfelli, que junto à presidente
da Associazione Culturale EmiliaRomagna do Rio de Janeiro, Vania Roncoli Marcondes, lançou o
livro em São Paulo e na cidade
maravilhosa.
— Apresentei um projeto ao
Conselho dos emiliano-romagnoli no mundo no qual vislumbrava
a publicação do livro em português, pois já tinha a tradução em
espanhol. A presidente do Conselho aceitou de imediato — explica Arfelli.
Vania comemora o lançamento no Brasil e ressalta a importân-
cia de uma obra como a de Artusi
ser traduzida para o português:
— Ele era extremamente detalhista nas receitas e este livro
possibilitará aos descendentes que
não lêem muito bem em italiano,
cozinhar lendo em português.
A primeira edição do livro
data de 1891, com uma tiragem
de mil exemplares, custeada pelo
próprio autor. A obra se tornou
um best-seller e já foi traduzida
para o alemão, holandês e inglês. No Brasil, segundo Arfelli,
a tiragem inicial será de três mil
exemplares. O preço deve girar
em torno de 60 reais.
Artusi escreveu o livro num
momento em que a Itália passava
por um processo de unificação.
Antes da escolha do dialeto toscano como língua oficial italiana,
cada região do país utilizava um
dialeto próprio. Com isso, a obra
contribuiu para a consolidação
do idioma italiano. O livro tem
uma linguagem bem informal,
quase como uma conversa entre Artusi e os leitores. Na época
de seu lançamento, era presente
certo para noivas. Ao longo dos
capítulos, o autor expõe reflexões, faz anedotas e comenta o
poder nutritivo dos alimentos.
No Rio, o livro foi lançado
no Ristorante Artigiano, especializado na cozinha da região da
Emilia-Romagna. A proprietária e
neta de uma emiliana, Ana Lúcia
Aleixo, ofereceu um jantar com
direito a um cardápio com receitas variadas do livro de Artusi.
Durante 10 dias o restaurante se
tornou palco de um festival em
homenagem ao escritor. O menu
comemorativo foi composto por
14 pratos, como fatias de vitela
ao molho de atum e alcaparras,
pappardelle com ragu de coelho
e ossobuco de vitela guarnecido
de risoto de açafrão.
Pellegrino Artusi nasceu em
4 de agosto de 1820, em Forlim-
Amauri Arfelli e Vania Marcondes
no lançamento do livro
Dezembro 2009
/
popoli, uma pequena cidade no
interior da região da Emilia-Romagna. Lá, desde 2007, funciona a Casa Artusi, um centro de
cultura dedicado à comida caseira. O escritor frequentou a Faculdade de Filosofia e Letras da
Universidade de Bologna e, em
1852, mudou-se com a família
para Florença onde, aos 32 anos,
iniciou uma próspera atividade
comercial. Foi nesta cidade que
morreu em 1911. Em 1870, Artusi passou a se dedicar em tempo integral à literatura. Escreveu
a biografia Vita di Ugo Foscolo e
depois Osservazioni in appendice
a 30 lettere del Giusti, ambos publicados com recursos próprios e
sem grande sucesso. A obra que
o consagrou foi o tratado de gastronomia La scienza in cucina e
l’arte di mangiar bene.
Cordeiro
com ervilhas
à moda da
Romanha
P
egue um quarto de cordeiro, da parte traseira, e
tempere-o com dois dentes de
alho cortados em tiras e um
ramo de alecrim. Digo ramo e
não folhas porque o primeiro pode ser retirado, se quiser, quando o cordeiro estiver
cozido. Pegue um pedaço de
toucinho ou uma fatia de panceta e pique-o bem fino. Coloque o cordeiro no fogo, em
uma frigideira com este tempero e um pouco de azeite;
tempere-o com sal e pimentado-reino e faça-o corar. Quando estiver corado, acrescente
um pouco de manteiga, molho
ou conserva de tomate dissolvida no caldo ou em água e
deixe-o cozinhar completamente. Retire por um momento o cordeiro, coloque no molho as ervilhas e, quando estas estiverem fervidas, recoloque o cordeiro, cozinhando-as
um pouco mais e servindo-as
como acompanhamento. Pode-se cozinhar da mesma maneira o lombo ou a alcatra de
vitela de leite. Na Toscana,
estes pratos se fazem da mesma maneira, porém, usandose somente o azeite.
ComunitàItaliana
47
literatura
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ComunitàItaliana
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Dezembro 2009
talmente mágico. Tem muita dor.
Eu, por exemplo, odiava esqui.
Esse é o esporte que Alice é obrigada a praticar. Acho o esqui um
esporte violento, praticado em
lugares glaciais, com roupas pesadas, que te oprimem.
CI - E o que tem de você em Mattia?
PG – Ele é fruto de um medo meu
infantil. Minha mãe trabalhava
com crianças especiais. Eu ficava assustado com essas crianças,
de uma maneira irracional. Minha
mãe dizia que eu não tinha motivos para temê-las, então, eu vivia
nessa contradição de ter um medo que não deveria ter. Isso me
deixava com sentimento de culpa.
A festa que Mattia vai é à fantasia. Eu odiava estas festas, odiava
as competições de fantasia. Uma
vez, me vesti para uma festa dessas como um bonequinho fofinho.
CI – Como explica o sucesso
mundial do seu livro?
PG - Todos dizem que é uma história triste. Eu não acho. Porém, é um
livro sobre dor. Eu costumo gostar
de livros que falam sobre dor, que
explicam o que causa a dor. Então,
acho que é uma história universal,
que fala sobre dores que todos podem compartilhar ou entender.
CI – Há uma “moral da história”?
PG – O livro fala de bulismo, anorexia, problemas juvenis. Se tivesse o objetivo de moralizar uma ge-
Divulgação
C
omunitàItaliana - De onde vem o seu interesse
por Física?
Paolo Giordano - A Itália tem tradição nessa área. Para
mim, a Física é a forma mais interessante para investigar a realidade, é uma maneira de deixar a realidade clara. Tudo começa com o
fascínio de se olhar o céu à noite.
Depois, o motor é a curiosidade.
CI – O que o levou a escrever o
romance em plena faculdade?
PG – Acho que o motivo principal
foi mesmo o tédio. Na faculdade,
me senti um pouco frustrado com
o ambiente extremamente competitivo. Parecia que, se não fosse um gênio, de nada adiantaria.
Assim, mudei o foco da investigação. Ao invés de olhar para fora, olhei para dentro.
CI – O que tem de autobiográfico
no livro?
PG – O livro fala da falta de comunicação entre pais e filhos. Os
pais geralmente são ambiciosos
em relação aos filhos, cuidam deles, mas às vezes não os vêem.
Meus pais cuidavam de mim (seu
pai é médico ginecologista e a
mãe, professora de Inglês), mas
a infância não é um tempo to-
Roberth Trindade
Números primos. Na matemática, são os números divisíveis por 1
e por ele mesmo, apenas. Definição simples para números complexos que os matemáticos não conseguem explicar e, muito menos,
prever ou criar. São números sem par, deslocados, quase penetras
em uma festa. Dois deles, porém, foram batizados: Alice e Mattia.
Eles são os principais personagens do romance A solidão dos
números primos, do escritor italiano Paolo Giordano. Trata-se do
primeiro livro dele, lançado ano passado na Itália, e que agora chega
ao Brasil pela editora Rocco, com tradução de Y. A. Figueiredo.
Na história, Alice é uma menina que fora forçada pelo pai
a ser uma brilhante atleta. Em um dia de treino, sofre uma
queda que a deixará marcada para sempre. Mattia tem uma
irmã gêmea deficiente mental da qual se envergonha. Um dia,
a caminho de uma festinha de aniversário, deixa a irmã sozinha
num banco de praça. Quando volta para buscá-la, ela não está
mais lá e nunca mais será encontrada.
Giordano cursava Física na Universidade de Turim, sua cidade
natal, quando lançou o livro, aos 25 anos. Até então, só tinha
arriscado escrever alguns contos. A solidão dos números primos recebeu o prêmio Stregga, o mais importantes da Itália. Já foi
lido por mais de um milhão de pessoas e traduzido em 20 países.
E como tem acontecido com a maioria dos best-selleres, o romance vai virar filme, com lançamento previsto já para o próximo ano.
O longa-metragem será dirigido por Saverio Costanzo, que adaptou
o roteiro junto com o próprio Giordano. A atriz Alba Rohrwacher foi
escalada para viver Alice e o ator Riccardo Scarmarcio, Mattia.
Se ele se formou em Física? Por conta de seu trabalho de
conclusão de curso, eleito um dos melhores do ano, ganhou uma
bolsa de doutorado em Física de Partículas. Atualmente Giordano vive em San Mauro, uma cidade de 20 mil habitantes, na
província de Turim, e trabalha em um projeto co-financiado pelo
Instituto Nacional de Física Nuclear.
No mês passado, ele esteve no Brasil para o lançamento do
seu livro. Fez uma passagem relâmpago por Porto Alegre e Rio
de Janeiro. No Rio, Giordano participou de um bate-papo com
leitores na sede do Instituto Italiano de Cultura. Antes de encarar a platéia, o aparentemente tímido escritor falou com exclusividade para Comunità.
— Dois dias no Rio de Janeiro, definitivamente, não é suficiente. A cidade é muito especial. É como se fosse o feriado e a
vida normal vivendo juntos. Penso em voltar e, um dia, escrever
algo sobre a cidade — afirma Giordano.
Sônia Apolinário
para descrições, como acontece
na escola americana de literatura.
Não consigo chegar tão perto da
dor. Acho que não tenho as palavras suficientes para ela. Quando
era criança, sentia excessiva empatia por qualquer história. Não
conseguia colocar o filtro de tristeza para que o mal não me arrastasse. Eu era incapaz de não me
deixar submergir. Isso ficou em
mim, embora tenha um certo cinismo que é uma forma de defesa.
Escrever é um exercício confortador. É um espaço em que posso
dominar e não apenas sofrer.
CI – Você ficou dois dias no Rio.
Deu para conhecer a cidade?
PG – Dois dias no Rio, definitivamente, não são suficientes.
Fui ao Pão de Açúcar e no Jardim Botânico. Andei pelo Leblon, que é muito elegante, e
pelo Centro, que é vibrante. A
cidade é especial. É como se fosse o feriado e a vida normal vivendo juntos. As praias com as
montanhas são lindas. Penso em
voltar e escrever algo sobre a cidade. Não que esteja planejando
escrever algo agora. Quando se
tem uma intensa emoção de um
lugar, essa emoção pode vir a ser
usada de alguma forma.
CI – Você conhece alguma coisa
da literatura brasileira?
PG - Os escritores brasileiros não
são muito traduzidos. Não conheço muita coisa. Li Jorge Amado quando era adolescente.
CI – Você vai ter tempo para se
dedicar à Física, Literatura e Cinema, ao mesmo tempo?
PG – Ainda estou terminando a
tese de doutorado. Está sendo difícil me dedicar a isso por conta das viagens para promoção do
livro e a distração que tudo isso acarreta. Mas acho que tenho
muito tempo para preencher. Espaço vazio é um risco para a depressão. O importante é que uma
atividade predomine e, nesse momento, é a literatura.
Roberth Trindade
História de
desencontros
ração, acho que eu não teria chegado nas pessoas. Nunca excitaria
ninguém para a crise dos valores.
CI – Com o livro, acha que se livrou da psicanálise?
PG – A psicanálise é uma tentação desde sempre, para mim, mas
não encaro escrever como uma
forma de fazer psicanálise. Estou
ciente que teria uma grande necessidade de me dedicar à psicanálise. É mais um trabalho que
um dia devo encarar.
CI – Foi fácil escrever o livro?
PG – Tive que ser muito disciplinado para escrevê-lo. Eu me obrigava
a escrever todos os dias, à noite,
e nos finais de semana, porque estava fazendo também a faculdade.
A literatura é uma linguagem que
estou aprendendo a lidar. Me sinto um autodidata. No meio, percebi um defeito meu: a história era
dividida em blocos. Tinha uma cena da qual eu partia e a esgotava.
Isso tornou tudo um pouco pesado
porque não tenho técnica. Talvez
possa aprendê-la. De qualquer forma, é muito trabalhoso o momento
da escrita. Condensar pensamentos
em palavras dá muito trabalho.
CI – O que o fez acreditar que estava escrevendo algo bom e seguir com o trabalho?
PG – Perco a lucidez quando escrevo. Então, preciso de dois olhos estranhos para me dar um retorno.
Quem fez isso foi minha editora,
Rafaela Lopes. Nos conhecemos
em um curso. Eu queria aprender
a escrever e ela, que tinha uma livraria, queria ser editora. Eu tinha
escrito alguns contos e ela achou
que eu tinha condições de continuar. No livro, esse formato de contos
são preparações para a tragédia.
Também usei meus conhecimentos científicos no livro. Mattia é
um gênio da matemática. Ele vê o
mundo por teoremas matemáticos.
CI – Como descreveria o seu estilo literário?
PG - Uso uma linguagem cirúrgica,
limpa. Eu me sinto inadequado
O editor Paulo Rocco acompanhou Paolo Giordano no IIC-RJ
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
49
perfil
Lo stile fatta
persona
Un calciatore modello per abilità e spirito sportivo, un dirigente subito ammiratissimo, allenatore
emergente e capace di uscire subito dal fuoco delle critiche per incrociare la strada della correttezza,
della qualità, della perfezione. Leonardo è uno dei simboli del Brasile di oggi, paese in forte
ascesa. Un professionista capace di piacere ovunque, Brasile e Italia, Francia e Giappone. Non ne
parla male nessuno. Sa trattare tutti con rispetto e da tutti ottiene sincera stima. Comunità ha
incontrato Leonardo alla vigilia di Napoli-Milan, sfida classica tra grandi del calcio italiano.
C
on la Nazionale brasiliana ha vinto il Mondiale 1994, nel quale, acconsentendo alla
richiesta del CT Parreira, si è adattato a ricoprire
l’insolito ruolo di terzino sinistro, ma il cartellino rosso rimediato per una gomitata a Tab Ramos nelle ottave di finale contro gli Stati Uniti
gli ha impedito di scendere in campo nelle restanti partite della competizione.
Giocando da mezzapunta ha conquistato la
Copa América e la Confederations Cup nel 1997,
manifestazioni in cui Zagallo gli ha affidato la
prestigiosa maglia numero 10. L’anno successivo, schierato come interno sinistro, è stato finalista al Mondiale 1998.
Nel 1999 ha lasciato la Nazionale, salvo poi
tornare nel 2001 per disputare due gare di qualificazione al Mondiale 2002. In Nazionale vanta
60 presenze e 8 reti.
Gianfranco Coppola*
ComunitàItaliana
L - Una gioia immensa per un
brasiliano come me. Spesso
l’oleografia mi costringe a
spiegare che il Brasile
non è solo favelas,
pallottole vaganti,
carnevale, spiagge e perizoma, ma
una classe media
che non è più cuscinetto tra poveri e ricchi. I dati economici,
il PIL, e anche la “felicità interna lorda”, sono
in aumento. Mondiali ed
Olimpiade sono due strepitose, irripetibili occasioni per far decollare il Paese
che mi auguro sappia gestire
opportunità e risorse nel miglior modo possibile.
CI - Il futuro è tutto da coniugare,
ma un domani la panchina della
nazionale verdeoro è il classico
sogno nel cassetto del professorino di Niterói?
L - Nella mia vita un ponte, quello che unisce – appunto – o separa,
questione di punti di vista, Niterói
da Rio de Janeiro ha sempre significato che c’è una strada da percorrere con
umiltà e determinazione. Una strada lunga. Per ora mi sento con le gambe forti per
percorrere quanto serve. Certo, il Brasile è la
mia patria. E per il Brasile darei quel classico cuore oltre l’ostacolo. Ma il mio presente
è il Milan, e solo grazie al Milan posso conoscere altre soddisfazioni. Grazie.
*Gianfranco Coppola è giornalista
della Rai e Vice Presidente Nazionale
dell’Unione Stampa Sportiva Italiana.
/
Dezembro 2009
Dirigente Voto 10
M
olto attivo nel campo delle iniziative umanitarie, nel 1999 in Brasile ha
dato vita alla Fundação Gol de Letra. È rimasto legato all’ambiente milanista, tanto
da essere stato direttore della Fondazione
Milan fino al maggio 2006.
Nella sua carriera è stato anche un consulente di calciomercato, Direttore Operazioni Area Tecnica del club rossonero nonché
emissario per la società in Sudamerica, tanto
che ha contribuito a portare in Italia Kaká,
Pato e Thiago Silva. Parla un italiano praticamente perfetto, che quasi cela le sue origini brasiliane, oltre a conoscere portoghese,
inglese, spagnolo, francese e - come da lui
stesso dichiarato - “un po’ di giapponese”.
Chi e’
L
eonardo Nascimento de Araújo, meglio
noto solo come Leonardo (Niterói, 5 settembre 1969), è un ex calciatore e allenatore di calcio brasiliano di ruolo centrocampista
offensivo o attaccante, campione del mondo
con la Nazionale brasiliana nel 1994. Attualmente è alla guida del Milan. Cittadino italiano dal 2008, nella sua carriera di calciatore ha
vestito, tra le altre, le maglie di Valencia, Milan, São Paulo e Paris Saint-Germain.
Allenatore emergente
I
l 31 maggio 2009 Adriano Galliani ha annunciato in
diretta televisiva all’ultima puntata stagionale di Stadio Sprint del 31 maggio che Leonardo sarebbe stato il
nuovo allenatore del Milan per due anni a partire dalla
stagione 2009-2010, ereditando così la panchina da Carlo Ancelotti. E’ stato presentato in conferenza stampa il
1º giugno 2009 alle ore 12. Il suo debutto ufficiale sulla panchina rossonera è avvenuto la sera del 22 agosto
2009 durante l’anticipo della prima giornata del campionato di Serie A 2009-2010 Siena-Milan, terminata 1-2.
Dopo alcuni risultati deludenti, il 21 ottobre 2009, sotto
la sua guida, i rossoneri hanno battuto il Real Madrid al
Bernabéu (3-2) per la prima volta nella loro storia.
La carriera da calciatore
T
requartista molto dotato dal punto di vista tecnico, specialista dei calci da fermo, in carriera si distinse anche per la
sua straordinaria duttilità tattica. In Italia fu grande protagonista
dello scudetto vinto dal Milan nel 1999, giocando in quella stagione come punta esterna.
Leonardo è cresciuto nel Flamengo, con cui ha esordito nel
campionato brasiliano a 18 anni nel 1987. Non aveva ancora compiuto 17 anni quando ha avuto l’opportunità di giocare con l’idolo
Zico e giocatori di fama come Leandro, Bebeto e Renato Gaúcho, a
fianco dei quali ha vinto il suo primo campionato. Dal 1990 al 1991
ha giocato nel São Paulo facendo parte della squadra allenata da
Telê Santana e capace di aggiudicarsi il titolo brasiliano nel 1991.
Nello stesso anno è passato al Valencia, nella Primera División
spagnola. Nel 1993 è ritornato al São Paulo, con cui ha vinto la
Copa Libertadores e la Coppa Intercontinentale battendo il Milan
a Tokyo. Dopo il Campionato del Mondo 1994 si è trasferito ai
Kashima Antlers, squadra della neonata J. League, nelle cui file
militava anche l’amico e idolo Zico.
Nel 1996 è stato acquistato dal Paris Saint-Germain, squadra
della Ligue 1 con cui ha raggiunto la finale della Coppa delle Coppe.
Le sue ottime prestazioni hanno attirato l’attenzione del Milan,
che lo ha ingaggiato nell’estate del 1997, con cui, fino al 2001,
ha giocato 96 partite di campionato segnando 22 gol e vincendo
lo scudetto 1998-1999 da protagonista con 27 presenze e 12 reti.
I frequenti infortuni nelle ultime due stagioni non gli hanno permesso di mantenere un rendimento costante, così alla fine
della stagione 2000-2001 ha deciso di fare ritorno in patria, dove
ha giocato prima nel Flamengo e poi nel São Paulo.
Nonostante i ripetuti annunci di ritiro dall’attività agonistica, ha deciso a sorpresa di ritornare al calcio giocato nell’ottobre
2002, venendo integrato nella rosa del Milan. La nuova esperienza rossonera, tuttavia, è stata brevissima: è rimasto fino al marzo
2003, quando si è ritirato definitivamente dopo aver disputato 4
partite in Coppa Italia (con 2 gol) e una in Serie A.
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
51
Ivo Gonzalez - Agência O Globo
C
omunitàItaliana - Leo, è stata dura
all’inizio.
Leonardo - Non posso dire che me
lo sarei aspettato, ma di certo il
Milan a me affidato – e non smetterò mai
di ringraziare il grande presidente Berlusconi e quindi l’amministratore dottor
Galliani per la fiducia accordatami – era
stato ampiamente rinnovato ed io ero al
debutto come tecnico. Non potevo che
pagare pedaggio ad una serie di fattori
concomitanti. Ma sono sempre stato fiducioso, mai un solo attimo la mia fiducia
nel mio lavoro e soprattutto nella qualità
umana e professionale dello staff tecnico,
sanitario, del gruppo nel suo complesso,
ha vacillato. So che nel calcio contano i
risultati ma a volte di più la chiarezza delle idee. E se il Milan da vent’anni in qua è
una società-capolavoro lo si deve alla programmazione senza sbavature.
CI - L’Inter con la vela e il vento in poppa,
poi le altre. Va così da un bel po’ in Italia.
Come mai?
L - L’Inter è un grande club che ha trovato
la felice realizzazione dei progetti tecnici anche per una serie di eventi. Penso a
società come la Juve declassate, costrette
a riavviare la storia e a ripartire; altre come il Napoli confinate in categorie inferiori; altre come la Roma meno brillanti dal
punto di vista societario e dunque meno…
arrembanti in sede di calcio mercato, insomma tutto questo ha sposato la super
Inter che ha vinto a tavolino e sul campo.
Ma direi che ci avviamo verso un riallineamento della pole position, per usare un
termine automobilistico.
CI - Al Brasile i Mondiali di Calcio del 2014,
le Olimpiadi del 2016. Cosa significano
queste vittorie non solo parlando in termini di sport?
50
Nella Nazionale verdeoro
esporte
O 12º
jogador
Como a maioria dos brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva é apaixonado por futebol. Tanto que, como
Presidente, levou as “peladas” para o Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Mas calma. “Pelada”
é a forma carinhosa que o brasileiro chama um joguinho de futebol entre amigos. E hoje ele nem joga
mais com medo de se machucar. A emoção de Lula com a escolha do Rio de Janeiro como sede das
Olimpíadas de 2016 comoveu o mundo. O presidente da República vestiu a camisa da cidade desde o
primeiro segundo da disputa. A Olimpíada é nossa, assim como a Copa do Mundo de 2014. Valendose da empolgação de Lula, pensamos na possibilidade de entrevistar o Presidente, mas para que ele
falasse apenas de esporte. Ele topou. Eis a entrevista feita por e-mail do presidente e torcedor Luiz Inácio
Lula da Silva. Uma pequena parte foi publicada também pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport
C
Maurício Cannone
omunitàItaliana – O que
ajudou o Rio de Janeiro a
ganhar a Olimpíada?
Luiz Inácio Lula da Silva
- Vitórias como a do Brasil em
Copenhague, ainda mais diante
da grande expectativa da mídia
internacional de que haveria disputa muito apertada, costumam
gerar grande curiosidade sobre
trunfos secretos ou detalhes de
bastidores. Não houve trunfos
secretos, mas trabalho duro de
todos os envolvidos, no Comitê
Olímpico Brasileiro, no Governo do Rio, na Prefeitura do Rio
e no Governo Federal. Construímos uma candidatura competente em um período de dois anos
até a decisão em Copenhague.
Tenho muito orgulho de ter dado
minha contribuição a esse trabalho de equipe, de união. O que
fizemos em Copenhague foi trabalhar muito. Eu cheguei à cidade na tarde do dia 30 de setembro e devo ter conversado com
cerca de 30 votantes no dia 1º,
data que antecedia a votação.
Com muitos deles, não era a primeira vez que conversava, já que
em minhas viagens pelo mundo
nos últimos meses tive contato
com muitos integrantes da família olímpica. Era muito impor-
52
tante também a apresentação da
candidatura e cada um de nós
fez o melhor que podia em termos de preparação para aquele
momento no Bella Center. Ali, na
minha opinião, qualquer dúvida
que ainda pudesse existir sobre a
nossa vontade e a nossa competência para organizar os Jogos de
2016 foi afastada.
CI - Quando teve certeza de que
o Rio ganharia a eleição para a
Olimpíada? LILS - Certeza mesmo, só quando o
presidente do COI, Jacques Rogge, abriu aquele envelope e anunciou o nome do Rio de Janeiro.
Antes disso, no intervalo entre a
segunda rodada e o anúncio, havia muita expectativa. A repercussão da nossa apresentação foi
bastante positiva, mas não era
possível ter certeza alguma. Tanto
que a pressão do governador Sérgio Cabral chegou a 16/10 logo
depois que soubemos que Rio e
Madri haviam ficado para a última
rodada. A decisão de ir aconteceu
nesse quadro de incerteza. Alguns assessores me disseram que
os companheiros que estavam no
Bella Center durante a votação
tinham sensação boa quanto às
nossas chances, mas nenhuma informação concreta sobre o resul-
ComunitàItaliana
/
tado. Como teríamos que esperar
no hotel - onde acompanhamos
as duas primeiras rodadas, pela TV
- uma hora até o início da cerimônia, achei melhor acompanhar ao
vivo. Era um risco, mas achei que
era também a melhor forma de
driblar a ansiedade e de compartilhar o momento com todos os que
se empenharam tanto pela candidatura do Rio. Quando a atleta
dinamarquesa levou o envelope
naquela bandeja para o presidente Rogge, a ansiedade chegou ao
limite e, felizmente, explodiu em
alegria momentos depois. Vivi no
Bella Center um dos momentos
mais felizes e mais emocionantes
da minha vida.
Dezembro 2009
CI - O Presidente se candidataria
em 2014 para um terceiro mandato não consecutivo, sonhando
em abrir a Olimpíada de 2016? LILS - A mesma pergunta me foi
feita durante a entrevista coletiva da cidade vencedora, em Copenhague, e repetirei a resposta: na minha idade, a gente não
pensa assim tão longe, projeta o
futuro no máximo até o ano seguinte. E todas as minhas energias estão voltadas para que, até
a conclusão do meu mandato, no
final de 2010, o país continue
avançando em matéria de desenvolvimento econômico e social e
na superação das desigualdades,
com a continuidade de um processo que já tirou 30 milhões de
brasileiros da pobreza e que incorporou 21 milhões deles à nova classe média. Quanto ao futuro distante, minha ambição é
a de chegar com saúde a 2014 e
a 2016. Quero aproveitar ao máximo, como torcedor, a Copa do
Mundo e as Olimpíadas no Brasil.
CI - O Brasil veria com simpatia uma candidatura italiana à
organização da Olimpíada de
2020? Já existem disputas internas, Roma, Veneza ...
Acima, Presidente Lula presenteia
o Primeiro-Ministro da Itália, Silvio
Berlusconi, com camisa de futebol
da seleção brasileira. Abaixo, Lula
durante comemoração da escolha
do Rio de Janeiro como cidadesede das Olímpiadas de 2016
LILS - Qualquer pleito italiano é
visto com simpatia no Brasil, à
exceção do desejo de ser campeão mundial de futebol, já que
disputamos historicamente com
a Itália o privilégio de levantar a
taça da Fifa a cada quatro anos.
Ainda é difícil falar sobre 2020.
Estamos vivendo a alegria da vitória do Rio e, além disso, o quadro de candidaturas ainda demorará vários meses para ficar claro.
Se o processo de disputa interna for bem conduzido, não vejo
maiores dificuldades. A união foi
absolutamente essencial para a
nossa vitória.
CI - Fazer o Mundial em 2014 e a
Olimpíada em 2016 é carga muito grande para o Brasil?
LILS - Essa preocupação surgiu
na reta final da campanha e foi
respondida de forma adequada e
convincente pela história – México, Alemanha e EUA já haviam organizado os dois eventos no mesmo intervalo – e, principalmente,
pelas dimensões e pela vitalidade da economia brasileira. A resposta é clara: o que você chama
de carga não é muito grande para o Brasil. Na verdade, ela ajuda, abre oportunidades de investimentos públicos e privados que
são muito importantes para o futuro e que servirão aos dois eventos. As obras de infra-estrutura
no Rio e de reforma do Maracanã, bem como os investimentos
privados em áreas como a de hotelaria e de serviços, já previstos
para a Copa de 2014, serão muito
bem aproveitadas dois anos depois, por ocasião dos Jogos.
O Brasil tem economia suficientemente grande e sólida para
investir na organização dos dois
eventos e no seu legado, que será fundamental para o Rio de Janeiro, sem prejudicar outras áreas prioritárias para a população.
Muitas das obras previstas na cidade já faziam parte do conjunto
de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
que investirá em todo o país 240
bilhões de dólares nos próximos
anos. Além disso, no caso do Rio,
os investimentos em transportes,
em revitalização de áreas públicas e em segurança acabarão
tendo impacto muito positivo na
qualidade de vida dos moradores
da cidade.
CI - O Brasil tem condições de
tornar-se potência olímpica até
2016?
LILS - Já começamos a trabalhar
na massificação esportiva e vamos traçar programas e metas
claras para os próximos sete anos.
Tornar-se potência olímpica é um
grande desafio que se abre com
os Jogos de 2016 no Rio. Avançamos nos últimos anos, mas
acredito que temos condições de
melhorar muito nosso desempenho esportivo, com base em trabalho de planejamento sério para buscar e desenvolver talentos.
Afinal, um dos pontos fortes de
sediar os Jogos Olímpicos, em
termos de transformação social,
é o de motivar a juventude a praticar esportes.
CI - Nas vezes em que se encontrou com o primeiro-ministro
italiano, Silvio Berlusconi, conversaram também sobre futebol,
Milan e os brasileiros que jogam
pelo clube?
LILS - Berlusconi sabe que sou fanático por futebol, como ele, e
me fez enorme gentileza quando
da minha visita bilateral à Itália,
em novembro de 2008: convidou
os jogadores brasileiros do Milan
e o Leonardo, que era dirigente
e agora é o técnico, para me receberem antes do encontro que
mantivemos em Roma. Lembro
com muita alegria daquele momento, foi um bonito gesto de
Berlusconi.
CI - O que acha dos jogadores
brasileiros que estão no futebol
italiano?
LILS - O calcio tem o privilégio de
contar com alguns dos melhores
brasileiros na atualidade, e tem
sido assim ao longo das últimas
Dezembro 2009
/
ComunitàItaliana
53
décadas. Infelizmente, nossos jogadores deixam o Brasil cada vez
mais jovens e isso me preocupa,
mas boa parte do que há de melhor no futebol brasileiro está na
Itália. Dos atuais titulares da seleção brasileira, quatro dos cinco
defensores jogam no calcio (Julio
César, Maicon, Lúcio e Juan), sem
falar no Felipe Melo e no Kaká,
que acaba de se transferir para a
Espanha, além de outros convocados, como Doni e Julio Baptista. E ainda temos o Diego, que
está jogando muito bem na Juventus, e o Ronaldinho Gaúcho,
que ainda pode ser grande arma
para o Mundial de 2010.
CI - Ronaldinho Gaúcho recupera seu futebol a tempo de disputar a Copa de 2010?
LILS - Eu e os brasileiros torcemos muito por isso. O começo de
temporada dele e do Milan não
foram bons, mas ainda há tempo até a África do Sul. Se ele se
esforçar e estiver disposto a sacrificar-se por esse objetivo, ainda acredito que o Dunga terá à
sua disposição a melhor versão
do Ronaldinho Gaúcho. Mas, para isso, ele tem que querer muito
voltar ao nível de antes. A magia
do futebol não o abandonou e
torço muito por esse reencontro.
CI - Acha que o Ronaldo vai jogar
a Copa na África do Sul?
LILS - Ronaldão joga no meu time, o Corinthians, é natural que
tenha muito carinho por ele.
Mas, para mim, o caso dele é o
mesmo que o do Ronaldinho Gaúcho: para ir à África do Sul, precisa estar em forma.
CI - O senhor vê o campeonato
italiano pela TV?
LILS - Meus finais de semana livres são dedicados à família, à
pescaria e ao futebol pela TV, já
que há pouco tempo deixei de
praticá-lo, para não correr o risco de lesões que atrapalhassem
minha atividade como presidente da República. E, em matéria
de futebol pela TV, o Campeonato Italiano está sempre entre as
principais atrações do fim de semana. É claro que minha prioridade é o Campeonato Brasileiro e
o Corinthians, mas como os jogos
na Itália são transmitidos de manhã ou no início da tarde daqui,
é possível conciliar os horários.
CI - O que acha do futebol do Pato?
LILS - Pato surgiu como grande promessa no Internacional de
Porto Alegre e, pela sua idade, já
54
kart
demonstrou no Milan que pode
estar à altura das expectativas e
esperanças criadas em torno dele. É rápido, talentoso, sabe finalizar. Mas essa fase na vida do
atleta, da transição entre jovem
promessa e realidade, tem muitos perigos. A fama repentina, por
exemplo, pode ser muito traiçoeira. Como ele ainda é muito jovem,
é preciso ter paciência, mas também exigir muito dele, para evitar
outro perigo, o da acomodação.
CI - O senhor é torcedor de algum
clube na Itália? Aqui no Brasil o
Corinthians é seu primeiro time,
mas em outros estados há também preferência pelo Vasco, no
Rio; Cruzeiro, em Minas; Sport
Recife, em Pernambuco, certo?
Algum mais?
LILS - Em Pernambuco, sou torcedor do Náutico. Também torço
pelo Internacional, no Rio Grande do Sul. Na Itália, meu favorito
é o Milan. Mas paixão mesmo é
pelo Corinthians.
CI - Quando vibrou mais com
uma conquista esportiva? LILS - Acho que vibrei mais em
Copenhague, com a decisão sobre os Jogos Olímpicos, porque
era como se eu mesmo estivesse
dentro de campo, com a camisa
amarela do Brasil. Mas tenho outras lindas lembranças, como as
Copas do Mundo vencidas pelo
Brasil, as conquistas olímpicas
do voleibol e as muitas alegrias
que o Corinthians me dá. Na minha infância e adolescência era
difícil, porque o Santos de Pelé
dominava o futebol brasileiro,
mas em 1977 soltamos o grito de
campeão, quando o Corinthians
quebrou um jejum de 22 anos
sem ganhar títulos e, de lá para
cá, não posso me queixar. Este
ano, por exemplo, fomos campeões paulistas e da Copa do Brasil. CI - Quem é o melhor jogador brasileiro de futebol da atualidade?
LILS - Kaká.
CI - E o melhor do mundo hoje?
LILS - Lionel Messi.
CI - E o melhor atleta brasileiro
de todos os outros esportes hoje em dia?
LILS - César Cielo, uma das sensações do recente Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma.
CI - Quem foi o melhor jogador de
futebol de todos os tempos?
LILS - Pelé, o Rei.
CI - O senhor vai viajar para ver a
Copa do Mundo na África do Sul
em 2010?
ComunitàItaliana
/
Acima, Lula durante encontro
com o jogador de futebol Kaká
na Granja do Torto. Abaixo,
Lula cumprimenta o jogador
Ronaldinho Gaúcho, antes do jogo
amistoso entre Brasil e Inglaterra
LILS - Na época do Mundial, é
provável que eu esteja em viagem à África, quem sabe...
CI - Quem são os favoritos para a
Copa 2010? A Itália tem chance?
LILS - Os favoritos são os de sempre, as equipes tradicionais no
futebol mundial, como Brasil,
Argentina, Itália, Alemanha, Inglaterra, e ainda a Espanha, que
joga muito bem, tem equipe jovem e resgatou a autoconfiança depois da conquista da última Eurocopa. A Itália não teve
bom desempenho na última Copa das Confederações, terá que
passar nos próximos anos por
um processo de renovação, mas
tem grandes jogadores, sabe jogar como poucas um Mundial e é
sempre candidata ao título.
CI - O que acha do trabalho de
Dunga na Seleção Brasileira?
LILS - Dunga faz um ótimo trabalho,
não apenas pelos resultados, mas
porque conseguiu resgatar o compromisso dos jogadores com a seleção brasileira, a vontade de jogar
pelo Brasil. A seleção da Copa de
2006 não teve esse compromisso,
infelizmente, e provou que somente com técnica e com talentos individuais nada se conquista no futebol atual. Ele tem atitude coerente
com seu passado de jogador dedi-
Dezembro 2009
cado, altamente profissional, que
deixava a alma no campo em favor
da equipe. Mostrou que entende
de futebol, tanto nas convocações
quanto na preparação e nas substituições que faz durante os jogos. Além disso, é respeitado pelo
exemplo, conta na sua equipe com
outro ex-jogador muito respeitado,
Jorginho, e teve o mérito e a felicidade de conseguir bons resultados.
CI - O senhor poderia escalar o
seu time ideal para a Seleção
Brasileira?
LILS - Acho que a equipe do Dunga reúne o que temos de melhor
no momento. A base do time, para mim, deve ser a que jogou e
venceu a última Copa das Confederações, na África do Sul, ainda
que nos meses que faltam até o
Mundial possa surgir algum novo
talento, alguém em ótima fase ou
que alguma contusão obrigue o
Dunga a fazer mudanças. Cada um
de nós brasileiros acha que é treinador e sempre tem algum palpite
ou algum jogador favorito. Também sou assim, mas como Presidente minhas opiniões podem
gerar desconforto. Além disso,
sempre me lembro de um episódio na época da preparação para
a Copa de 1970, quando vivíamos
na ditadura militar e o então Presidente insistiu pela imprensa no
nome de um jogador para o time
titular. O então treinador, João
Saldanha, homem de esquerda e
de grande coragem pessoal, respondeu que não se intrometia na
composição do Ministério do Presidente militar e que, portanto,
não aceitava palpites na escalação do time dele. Saldanha não
chegou à Copa, mas eu costumo
lembrar o episódio quando tenho muita vontade de opinar sobre futebol, que para mim é uma
paixão. Por isso, muitas vezes me
contenho, nem sempre consigo,
mas eu tento. Por isso, guardo
meu time para as conversas com
os amigos, e confio no trabalho
do Dunga, do Jorginho e dos jogadores convocados. Agora, se
você quiser uma seleção com os
melhores de todos os tempos,
com as camisetas de números 1
a 11 e um esquema tático ofensivo, como os que se adotavam
antigamente, posso montar o seguinte time: 1- Julio César, 2Carlos Alberto, 3- Lúcio, 4- Piazza, 5- Falcão, 6- Nilton Santos,
7- Garrincha, 8- Didi, 9- Ronaldo,
10- Pelé, 11- Rivelino.
Ele está
de volta
Felipe Massa retorna, de kart, às pistas
S
eguro, feliz e aparentemente recuperado. Assim
o piloto de Formula-1 Felipe Massa voltou às pistas depois de 124 dias longe de
disputas. Seu retorno foi para
participar do Desafio Internacional das Estrelas, uma das principais corridas de kart do mundo,
realizada em Florianópolis entre
os dias 27 e 29 de novembro.
Correndo com astros como
Michael Schumacher, Rubens
Barrichello, Christian Fittipaldi e
Nelsinho Piquet, Massa conquistou o lugar mais alto do pódio na
segunda bateria do evento. Com
isso, deixou para trás o ex-companheiro na Ferrari, Schumacher.
E na classificação geral, Massa terminou em segundo lugar,
6 pontos atrás do alemão, heptcampeão da F-1. Sem competir
desde o dia 25 de julho, quando
se acidentou no Grande Prêmio
da Hungria, Massa comemorou
muito seu resultado no evento.
— Não comecei muito bem,
perdi posições na largada, mas
Sarah Castro
Correspondente • Florianópolis
consegui recuperar e fazer várias ultrapassagens. No final, tive
de me defender do Michael, que
estava um pouco mais rápido do
que eu. Foi sensacional. Estou em
êxtase. Minha volta às pistas não
podia ser melhor. Me sinto cem
por cento. Além de tudo, ainda
corri com a ansiedade de esperar o nascimento do meu filho —
conta ele sobre o pequeno Felipe, que acabou por nascer um dia
após o encerramento do Desafio.
Orgulhoso pela volta de Felipe às pistas também estava o
seu pai, Luiz Antonio Massa, que
acompanhou todos os momentos
da recuperação de seu filho. Segundo ele, a fase mais difícil foi
a espera pela resposta dos médicos “para saber se ele iria voltar
a correr e se haveriam sequelas”.
O bom desempenho de Massa
deveu-se aos treinos de kart que
ele vinha fazendo semanalmente,
no último mês, conforme liberação
dos médicos - até porque, pelas
regras da Formula-1, ele não pode treinar nos carros da categoria
principal. Além de pilotar, Massa
também era um dos organizadores
do Desafio das Estrelas juntamente com seu pai, seu irmão Eduardo
e o empresário Carlos Romagnolli.
— Este evento não foi fácil.
Tentei estar presente na organização o máximo de tempo possível, durante as minhas férias forçadas. Tudo isso aqui já faz parte
da minha vida e do meu trabalho.
Estava ansioso para que desse
tudo certo e deu. A coisa aconteceu melhor do que tudo que eu
imaginava. Mostramos ao mundo inteiro o que somos capazes
de fazer e estou super orgulhoso
disso — disse o piloto exultante
por ter contado com a participação de 25 pilotos de várias categorias automobilísticas e mais de
12 mil espectadores no evento.
Massa falou com a imprensa, ao final do evento, ao lado
de vários pilotos, inclusive, Rubens Barrichello. Foi do carro do
também piloto brasileiro que se
desprendeu a mola que acertou
o seu capacete e provocou o seu
acidente. Massa fez questão de
deixar claro que os rumores sobre desavenças entre ele e Rubinho eram falsos e que nada havia
abalado a amizade entre os dois.
Felipe Massa e Michael Schumacher
Dezembro 2009
/
— O Rubens não teve culpa
de nada. Foi um acidente, como
todos nós sabemos. Eu já estou
me sentindo completamente seguro e saudável para voltar às
corridas e não se preocupem que
eu vou usar meu capacete —
brincou Massa.
Já Rubinho, vencedor da edição de 2008 da prova, não quis
saber de brincadeiras a respeito
do acidente. Na coletiva, ele se limitou a elogiar a infra-estrutura e
a organização da competição. Segundo ele, o Desafio “é um evento muito mais amigável do que a
Fórmula-1 porque, além da competição, “tem diversão também”.
Ele não poupou elogios ao novo
kartódromo, desenhado por Massa
e pelo piloto Lucas di Grassi:
— A pista é ótima, desafiadora e exige muita concentração
— afirmou Barrichello que, este
ano, terminou em quinto lugar.
Campeão 2009 do Desafio,
Schumacher agradeceu ter sido
convidado por Massa para participar do evento e prometeu voltar.
— Tenho três participações e
duas vitórias. É uma boa estatística. Se for convidado novamente, volto em 2010 — disse ele,
lembrando que os treinamentos
para a próxima temporada começam a partir de fevereiro.
O piloto Vitantonio Liuzzi
foi o único italiano dentre os 25
participantes do evento. Ele terminou em quarto lugar, atrás do
brasileiro Vitor Meira (DF). Bia
Figueiredo (SP), a única mulher
na pista, terminou em 15º lugar.
Tony Kanaan (BA) e Lucas di Grassi (SP) ocuparam, respectivamente, o sexto e o sétimo lugares.
ComunitàItaliana
55
Fotos: Miguel Costa Jr/VIPCOMM
esporte
Firenze
cinema
Portus Pisanus
F
ino al 31 dicembre 2009 sarà possibile
visitare la mostra archeologica dei materiali ritrovati nell’antico Portus Pisanus posto
nell’area a nord della città di Livorno. L’esposizione, allestita nella suggestiva cornice della Sala del Mare del Museo di Storia Naturale
del Mediterraneo, propone non solo reperti
provenienti dai relitti del mare livornese e in
generale di quello toscano, ma anche la ricostruzione di paesaggi, insediamenti, attività
produttive e della vita quotidiana del popolo livornese all’epoca in cui il Portus Pisanus
rientrava tra i più importanti porti del Mar
Mediterraneo. Dalle 9 alle 13. Lunedì chiuso.
Ingresso gratuito.
Jazz Club
P
er una serata all’insegna di un aperitivo diverso pieno di spuntini e
un assortimento invidiabile di vini
e cocktail, il Jazz Club propone fino alle
ore piccole della notte (madrugada italiana) l’ottima musica Blues (ogni martedì) e
Jazz (ogni mercoledì). Per entrare bisogna
essere soci, ma la tessera per diventarlo
costa solo 5 euro e vale fino al 31 dicembre: cinque serate di musica dal vivo ogni
settimana ad un prezzo imbattibile. Il Jazz
Club è un locale di nuova ristrutturazione e
riporta ad una cantina rustica, luogo tipico
e ideale per l’ascolto della musica calda del
blues e del jazz. Via Nuova de’ Caccini, 3 –
Firenze. Apertura dalle ore 21.00.
Varart
P
resso la piccola ma estremamente
accogliente galleria di Varart, nel
pieno centro storico fiorentino, Domenico Lo Russo presenta le sue opere divise
per categorie: dalle immagini di corpi,
dove è forte la volontà di unione tra la
creazione artistica e la chirurgia estetica fino agli autoritratti in cui il corpo
dell’artista sembra deformato in cui appare la relatività della percezione e della
conoscenza. Lo Russo, classe ’36, è un
famoso chirurgo plastico di origini calabresi ma vive a Firenze dal 1959 e da
molti anni realizza mostre sia personali
che collettive di grande importanza. Fino al 31 dicembre presso la Galleria Varart di Via dell’Oriuolo, 47 con orario 1012.30 e 16-19.30. Ingresso libero.
56
ComunitàItaliana
/
After Utopia
L
a scena creativa brasiliana sarà al centro
del programma del Museo di Arte Contemporanea di Prato (FI) fino al 14 febbraio
2010. Un viaggio espositivo di ben 27 artisti brasiliani le cui opere ruotano intorno alla realizzazione della città di Brasilia: centro
attuale del potere reale è il fulcro in cui si
è ricercato il punto di contatto tra il Brasile
arcaico e quello contemporaneo. Alcune delle
opere sono firmate Helio Oiticica, Waltercio
Caldas, Cildo Meireles fino a Ernesto Neto e
molti altri. Orario 10.00-19.00. Ingresso: 5
euro, 4 euro ridotto.
Dezembro 2009
Minerali dal mondo
I
n quella che è stata considerata per certi
versi la più bella mostra di minerali al mondo si potrà ammirare una collezione di oltre
500 esemplari tra cristalli e zolfi provenienti
da diverse parte del mondo, come la cuprite
di Onganja dalla Namibia, la grande elbaite
di Paprok dall’Afghanistan o quella di Coronel
Murta dal Brasile. La mostra è un omaggio al
grande giramondo e ricercatore Alberto Giazotto, che nell’arco della sua vita ha raccolto centinaia di reperti di materiale minerale.
La mostra resterà aperta addirittura fino al 30
giugno 2012 presso il Museo della Specola di
Firenze. Orario 9.30-16.30. Biglietto 6 euro
a visita è stata rapida come il passaggio di una stella cadente. E cosí come il
corpo celeste incanta tutti
quelli che la vedono, la venuta
dell’attrice e produttrice italiana
Maria Grazia Cucinotta in Brasile
è stata festeggiata dagli ammiratori. Madrina della 66ª edizione
del Festival di Venezia , è venuta
in Brasile a partecipare alla mostra che proietta i film di maggior
successo al Festival. Grazie all’appoggio dell’Ambasciata d’Italia in
Brasile, i lungometraggi sono stati visti a Brasília, São Paulo e Rio
de Janeiro. In queste due ultime
città con la partecipazione speciale della diva, anche se a lei
non piace questo attributo.
— Non mi considero una diva. Sono una persona comune a
cui piace essere lí, a interpretare, a fare il mio lavoro e ad impersonare personaggi svariati. Il
cinema ci fa vivere il glamour,
ma avere successo significa fare
qualcosa che ti fa felice, che ti
dà piacere. Sarebbe una stupidaggine credere che sono speciale — analizza l’attrice 40enne,
che è tornata a Venezia 15 anni
dopo aver debuttato con il famoso “Il postino”, che ha ottenuto
cinque nomination all’Oscar.
A Rio la Cucinotta ha smontato l’immagine del mito quando, già pronta per la proiezione
di “Baaria”, di Giuseppe Tornatore, ha risposto positivamente alle
richieste dei fotografi sdraiandosi su un materassino o rimanendo
qualche minuto sotto un sole di
33° senza qualsiasi tipo di riparo.
— E’ la seconda volta che
vengo a Rio. Adoro questa città e
la vita di qui. Le persone sorridono sempre. Malgrado i problemi i
carioca sanno trasformare la loro realtà. A Roma non c’è questo
clima, ma in Sicilia, dove sono
nata, è molto simile grazie alle
spiagge. Quando mi hanno invitato a venire ho accettato subito
perché Rio è meglio di Venezia.
Mi piacerebbe girare [un film]
qui. In giugno ritornerò per divertirmi, fare quello che non ho
potuto fare ora — commenta lei,
mentre ammira il panorama sul
mare dal terrazzo dell’albergo dove ha soggiornato, ad Ipanema.
La Cucinotta è rimasta in città meno di 24 ore. E’ arrivata subito dopo aver partecipato, a São
Paulo, alla proiezione del film
“Viola di Mare”, prodotto da lei
Fotos: Roberth Trindade
L
Giordano Iapalucci
La stella
che è un
amore
V Semana Venezia Cinema porta in Brasile la
bellezza e la semplicità dell’attrice italiana Maria
Grazia Cucinotta e il regista Giuseppe Tornatore
Sílvia Souza
quest’anno. Ambientata in una
Sicilia della seconda metà del XIX
secolo, la storia racconta la vita
di due amiche d’infanzia che si
innamorano; una di loro riesce a
cambiare il suo nome d’anagrafe,
diventando cosí un uomo, e affronta la collera del padre.
— Il film è, prima di tutto,
una storia d’amore. E’ un adattamento del libro “Minchia di Re”,
di Giacomo Pilati. In un certo senso produrre ti dà il vantaggio di
proteggere la storia in cui tu credi. Si tratta di una storia d’amore,
una storia reale, plausibile, tanto
è che la gente fa il tifo per loro. Io
sono una persona romantica e mi
piace raccontare storie d’amore.
L’amore ci mantiene vivi, è l’unico
sentimento per il quale facciamo
qualsiasi cosa — difende.
A São Paulo
Con la nomination italiana per
l’Oscar di Miglior Film Straniero nel 2010, “Baaria” è stato la
grande attrattiva tra i film del Festival di Venezia proiettati in Brasile. Il regista, Giuseppe Torna-
Dezembro 2009
/
tore (Cinema Paradiso) si è recato a São Paulo per promuovere il
lungo in compagnia di Margareth
Madé, attrice al primo film scelta
nel catalogo di un’agenzia. Tornatore, che viene considerato uno
dei più importanti registi italiano del momento, ha partecipato
a dibattiti con allievi di cinema e
a interviste. Senza nascondere un
certo malumore, il suo commento
al film è stato breve:
— E’ la storia di una famiglia, di passione e sogno.
Il film, costato 25 milioni di
euro, è stato girato in 122 luoghi, con 210 personaggi e 2,8
mila costumi. Racconta la storia
di una famiglia che attraversa tre
generazioni, con un forte sfondo
legato alla storia del Paese. Appassionato di cinema italiano, la
scelta di Madé come personaggio
principale non è stato un caso: la
sua somiglianza fisica con Sophia
Loren è impressionante. Anche se
agli inizi di carriera, Madé è stata bravissima.
— La mia agenzia ha mandato foto e dopo sono venuti i
test. Per preparare il personaggio
ho tratto ispirazione dalle donne
siciliane e, specialmente, da mia
nonna — commenta il regista.
La scelta ha meritato elogi da
parte della madrina del Festival.
Secondo la Cucinotta il regista è
riuscito a tirar fuori dall’attrice iniziante una forte interpretazione.
— Conosco Tornatore e lo stimo moltissimo. E’ l’unico a rappresentare la nostra isola [Sicilia] in modo positivo in tutto il
mondo. Puoi vedere la naturalità
di Madé. Sta vivendo le situazioni. Durante il mio primo film, che
considero il migliore di tutti, è
successa la stessa cosa. Il regista riesce a trasformarci e dopo
studiamo e perdiamo un po’ della nostra spontaneità — afferma.
Anche se nega che l’industria
cinematografica italiana sia una
fase di ripresa, paragonando il
periodo con gli ultimi anni di cinematografia Tornatore riconosce
che per molto tempo l’Italia ha
smesso di girare grandi film perché
il cinema ha affrontato grandi problemi per ottenere finanziamenti:
— Il cinema italiano non è
morto. Abbiamo avuto un primo
periodo di forza ed espansione,
dopo abbiamo affrontato difficoltà, come tutti gli altri Paesi.
Ha collaborato Elida Oliveira
ComunitàItaliana
57
il lettore racconta
De Castel di Sangro a
Heliópolis, aos 101 an
os,
nonna é um exem
plo de vida
em família, como
nos conta o
jornalista Paulo
Cezar Pereira
em relato à repórt
er Sílvia Souza
É
verdade: Maria Domenica Gasbarro D’Amico
é, há 101 anos (é isso mesmo: 101 anos!), a
melhor invenção depois de Papai
Noel, conforme destaca, pendurada na parede da casa dela, a frase de uma lembrancinha recebida
de Giovanni, um dos dez netos. Porém, engana-se quem pensa que a
nonna de Heliópolis, em Belford
Roxo (RJ), já perdeu a memória.
Tanto que, informada sobre a homenagem que lhe prestaríamos na ComunitàItaliana, esbanjou carinho e
bom humor comentando sua sempre
festejada longevidade. Anos vividos
intensamente na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil, onde chegou
em outubro de 1952.
Filha mais velha entre três
irmãs camponesas, ela nasceu em
Castel di Sangro, na província de
Áquila, região de Abruzzo, em 30
de novembro de 1908. Hoje, fala e
entende o português, o italiano e o
dialeto castellano e, ainda é capaz
de entender e responder a algumas frases em inglês. Aliás, mais
que isso: com memória privilegiada,
58
ComunitàItaliana
/
cita datas importantes e histórias
com riqueza e precisão de detalhes.
A Nonna é o centro das atenções da família que vive na Baixada
Fluminense. Colomba, 78 anos, filha
dedicada, é quem cuida dela. Mas
Cláudia, uma das netas, está sempre por perto com carinho e disposição para servir, e Cosmo, o filho
que veio com ela da Itália ainda
menino, não deixa de visitá-la nos
Dezembro 2009
finais de semana. Certamente por
causa dela, a casa de número 996
da avenida Heliópolis está sempre
movimentada. Ora recebe um neto,
ora uma neta, um bisneto (a), as sobrinhas Giovanna e Idea, as noras
Leni e Marli e, de dois anos para
cá, Isabela, a segunda tataraneta,
novo xodó do clã. São, portanto, cinco gerações no Brasil que têm nesta
nonna seu bem precioso.
Sua história começa na Itália.
Seus pais, Gaetano Gasbarro e Cristina
Mancini, migraram para os Estados
Unidos quando ela tinha cinco anos
de idade. Durante os oito anos em que
morou em Scottdale - cidadezinha
americana que abrigava os migrantes
italianos no estado da Pensilvânia viveu em três casas diferentes com as
irmãs Sandrina e Genoveva, nascidas
na terra do Tio Sam e já falecidas.
Maria só falava italiano fora de casa
com um pastor protestante.
Quando completou o ensino fundamental numa escola pública da
Pensilvânia, sua mãe, alegando que não
havia se adaptado ao novo país, pediu ao
marido para retornar à Itália. Adolescente, Maria viajou 15 dias a bordo de um navio que, de Nova Jersey
(EUA), partira rumo a Nápoles.
15 dias de viagem.
Quando desembarquei no Rio, na
Praça Mauá, em
português, eu só
sabia dizer bom
dia, boa tarde e
boa noite. Foram
anos difíceis, mas
acabamos nos adaptando a uma nova
vida, a um novo país — relembra a
nonna, que ajudava Elia, o filho mais
velho (já falecido) numa tipografia
em Heliópolis.
Em 57 anos no Brasil, nonna diz que sentiu muita falta da
Itália. Voltou a Castel di Sangro
somente uma vez, em 1972, a passeio. Ficou três meses por lá. Tarcísio e Vicenzo, dois sobrinhos, são as
únicas referências hoje da família
na cidade. Mas há anos ela nunca
deixa de olhar um quadro pintado
à mão, copiado por Leni, a nora,
de um cartão-postal que decora uma
das paredes da sala de sua casa com
destaque. Aos domingos, cedinho, ela
ora e recebe a comunhão trazida
por jovens ministros extraordinários da paróquia de São Judas Tadeu.
Não é à toa que, emocionada,
ela afirma que entre as fortes lembranças de sua terra natal estão a
rua Rei Vitório Emanuele e a igreja de Nossa Senhora da Assunção. Em
1985, nonna ficou viúva, mas nem a
morte de Francesco afastou dela a
presença de pilar da família.
— Com ternura no olhar, firmeza
em suas atitudes e clareza em suas palavras, esta matriarca gerou e consia
r
a
tituiu uma família forte, harmônica
M
nna
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o
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e unida, deixando em todos nós a
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marca de sua sabedoria. Exemplo
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rada e respeitada por todos —
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com a aprovação de todos.
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italiana do que nunca.
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refo referir u em l rtado a pela fa asa, co m não
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Filhos, netos, bisnetos
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(se bacalh u já co ilizado o em c ara qu proni
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coz istência apet i
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s
con as. Bo
o
pess
— Quando cheguei a Castel di
Sangro, todo mundo ria de mim
porque eu falava mais inglês do que
o dialeto castellano — lembra.
Já casada com o soldado Francesco, Maria viu seu marido partir
para a guerra. Ele lutou na África, no Quênia e na Etiópia, e depois de preso pelo exército inglês,
sofreu o maior revés ao retornar à
Itália e se deparar com uma Castel
di Sangro, encravada nas montanhas, em ruínas. Nada sobrara dos
bombardeios do exército alemão. Não
havia trabalho, casa, futuro.
Foi aí que, em 1950, Francesco
e outros imigrantes, recrutados na
Itália por empresas que compraram
terras no Rio de Janeiro, vislumbraram a possibilidade de transformar
as vidas de suas famílias. Era o início do processo de urbanização de
cidades da periferia e ao desembarcar no Rio, Francesco se desligou de um grupo de imigrantes
italianos e franceses e foi pedir
emprego, ainda na Praça Mauá,
a uma firma que fazia a urbanização do loteamento de Heliópolis, na
Baixada Fluminense. Encontrara, finalmente, um porto seguro. Dois anos
depois, acompanhada dos filhos Elia e
Cosmo, Maria estava no porto de Gênova, a espera do embarque
para a terra prometida.
— Era um navio de
bandeira francesa. Foram
Dezembro 2009
dedo, o panetone, o chester, o vinho
e, claro, o sangne cici, que é um
prato delicioso. Em italiano, escreve-se ceci, mas como a família da
nonna segue o dialeto castellano, todos nós só nos referimos ao talharim
com grão-de-bico e lascas de bacalhau
como signe cici. Esta iguaria, que
tem a aparência de uma sopa cremosa, é uma tradição da ceia de Natal,
assim como a ida à Missa do Galo na
Igreja de São Judas Tadeu.
Atualmente, a nonna também
assiste à missa celebrada pelo Papa através da RAI. Quando chega o
almoço de Natal não há hora para
terminar. Ele sempre é servido ao
ar livre e a nonna não esquece de
ninguém neste dia, o que inclui
telefonemas a Castel di Sagro para
desejar um Feliz Natal ao pedacinho da família que ainda mora na
Itália. A emoção toma conta de todos
neste momento e ainda ouve-se pela casa a tarantella. Já estamos nos
preparando para a celebração deste
ano. Pena que, agora, à mesa, não estão mais o nonno Inocenzzo, marido da filha Colomba, e Elia, o filho
da nonna, falecidos. Quando eram
vivos, eles dançavam a tarantella e
cantavam outras músicas italianas.
Era uma festança imperdível.
— A nonna sempre foi o nosso porto seguro. Com quem vivemos
momentos maravilhosos no Natal.
Mais do que uma festa, é uma noite
de reflexão, um mergulho na nossa
cristandade. Nonna é tanto nossa
referência e exemplo de família
que, no meu casamento, foi ela quem
levou as minhas alianças até o altar
da igreja. Quero que a família que
estou construindo seja tão forte como a família que ela criou — destaca
Paula Guidone, uma das bisnetas.
Paulo Cezar Pereira é casado
com Ana Maria Guidone Pereira, a
primeira neta da nonna – Rio de
Janeiro, RJ.
Mande sua história com material fotográfico para:
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ComunitàItaliana
59
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ento Gonçalves - Se a sua intenção é se sentir na Itália, há
um lugarzinho no Vale dos Vinhedos, mais precisamente em
Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, capaz de satisfazer
a sua vontade. Basta imaginar uma típica casa italiana em
uma vinícola e pronto: ela existe dentro da Vinícola Torcello. Através
de suas janelas, é possível ver o interior de uma cantina, com seus
tanques de aço inox e aquele aroma característico de vinho, principalmente em época de colheita de uva. E como se não bastasse tudo
isso, ainda tem uma outra atração. O escritor Remy Valduga, de 69
nos, pai do diretor da Vinícola, encanta os visitantes contando histórias sobre imigrantes.
O espaço, chamado Sala Santa Fosca, recebe visitas de grupos préagendados oferecendo um cardápio variado com pratos italianos, além
do tradicional churrasco gaúcho.
— Muitos italianos visitam a Vinícola e dizem que se sentem em
casa — afirma o proprietário Rogério Valduga, de 43 anos.
Neto de italianos do Trento, Remy Valduga, é autor de cinco livros,
dentre eles Sonho de imigrante, traduzido para o italiano e publicado
na cidade de Rovereto, em 2007. A obra resgata episódios históricos
que enaltecem a imigração italiana, contando fatos ocorridos no Vale
dos Vinhedos.
— Na verdade, ele é a principal atração da casa — conta, com
orgulho, o filho.
A vinícola, cuja primeira safra foi em 2000, tem uma pequena produção anual de 10 mil garrafas de vinho tinto, o que permite um processo de elaboração totalmente artesanal. A escolha do nome Torcello
relembra uma pequena ilha italiana próxima a Veneza. Está envolvida
em fatos importantes da história mundial, como a conquista de territórios europeus por Átila, o rei dos hunos. A localidade é um centro
cultural grandioso, considerado patrimônio histórico da humanidade.
Símbolo de Veneza, o Leão Alado de São Marcos é o guardião da lei,
símbolo de poder e mensageiro divino. Sua lenda conta a história de
pescadores que ouviram de São Marcos a profecia de que naquela ilha
surgiria uma cidade maravilhosa e que este havia visto um guardião a sua
porta, um leão alado.
Assim, o símbolo remete à proteção do Leão
Alado, que guardará a
beleza, a identidade e
a cultura do Vale dos
Vinhedos e dos imigrantes que vieram da
região italiana do Vêneto, origem dos símbolos utilizados.
Logo na entrada
Remy Valduga encanta com suas
histórias sobre imigrantes
da vinícola, o visitan-
Risoto Reveillon
Chef Itacir Pilan
Ingredientes: 1 cebola média (picada ou ralada); 2 colheres de
óleo de arroz; 2 xícaras de arroz arbório; 1 pitada de mix de pimentas; 4 colheres de parmesão ralado; 1 tablete de caldo de
carne; 1 tablete de caldo de galinha; 3 taças de Espumante Brut
Torcello; 5 xícaras de água; Morango picado a gosto. Se necessário, 1 pitada de sal.
Modo de preparo: Dilua o caldo de carne e o caldo de galinha em
água quente (5 xícaras). Reserve.
Em outra panela, murche a cebola no azeite. Coloque o arroz e dê
uma leve fritada. Acrescente aos poucos 3 taças de Espumante Brut
Torcello. Acrescente aos poucos, mexendo sempre, o caldo reservado. Cozinhe até ficar al dente. Coloque a pitada de pimenta e o
queijo ralado. Misture bem, desligue o fogo e tampe a panela. Sirva
com morangos picados e harmonize com Espumante Brut Torcello.
te é conduzido a um passeio guiado que contempla a cantina, a Cave
de San Marcos e o varejo, onde é possível degustar os espumantes
(Brut e Moscatel), vinhos (Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat) e o
suco de uva Torcello (integral).
Durante o período da colheita, a vinícola também presenteia seus
visitantes com um passeio pelos vinhedos que ficam atrás do prédio
onde está instalada a cantina. No parreiral, os turistas podem degustar as uvas tendo na prática a experiência de um dia de colheita.
Para a Comunità, o chef da Sala Santa Fosca preparou um Risoto
Reveillon, em homenagem às festas de fim de ano. Para acompanhar,
Rogério Valduga indica um Filé a Bacco com vinho Torcello Tannat.
Já imaginou se deliciar com esta maravilha e ainda escutar histórias
sobre a imigração? Mais italiano do que isso, só mesmo na Itália.
Dezembro 2009
Serviço: RS 444 - Km 16 - Vale dos Vinhedos
Bento Gonçalves – RS – Tel: (54) 3459-1164
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ComunitàItaliana
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La gente,
il posto
Claudia Monteiro de Castro
U
Galleria Borghese
m dos museus mais importantes de
Roma, a Galleria Borghese, fica dentro
de um parque, a Villa Borghese, o coração verde da cidade. É recheado de obras-primas. Só pela coleção de esculturas de Bernini,
um dos maiores artistas do século 17, já vale
a pena a visita. As mais impressionantes são a
escultura de Apollo e Dafne, do mito de Ovídio
e o Rapto de Prosérpina, que retrata Plutão, o
rei dos inferno, ao raptar Prosérpina. Parece de
carne e osso. Outra escultura importante do
acervo, realizada por Canova, é a que retrata Paolina Borghese, a belísima irmã de Napoleão, esposa do príncipe Camillo Borghese.
Além das esculturas, há também várias
pinturas imperdíveis. Entre elas encontram-se Amor Sacro e Amor Profano, quadro de grandes dimensões, realizado por
Tiziano quando tinha somente 25 anos,
Danae, obra-prima de Correggio e Ragazzo
col canestro di frutta, de Caravaggio. Não
é à toa que é considerada a galeria mais
bela do mundo.
Não esqueça de reservar. É um dos poucos museus de Roma onde reservas são obrigatórias. Pelo menos assim, o ingresso de
visitantes é limitado e dá para apreciar
tudo com tranquilidade.
Relaxando na Villa Borghese
M
inha avó materna deixou a Itália aos 14 anos, quando sua
família decidiu se instalar para sempre no Brasil, terra prometida. Ela nunca mais voltou ao seu país natal, mas falava com amor e nostalgia, principalmente de Roma, onde ela morou
muitos anos. Um dos lugares que ela mais mencionava era a Villa Borghese. Minha avó morava no Viale Liegi, em Parioli, portanto, passava
sempre os finais de semana no parque, que ficava bem perto. Os parques têm esse “quê” de lugar bucólico, um lugar onde se pode respirar ar puro, escapar da confusão da cidade. Um lugar para caminhar,
passear, refletir sobre a vida, sentar na grama ou num banco, ler um
livro, se inspirar para escrever uma poesia. Então, num certo domingo,
decidi ir à Villa Borghese para relaxar e achar meu cantinho de paz.
Andando pelo parque, levei
meia hora para achar o banco
de madeira ideal para mim. Sem
ninguém, escondidinho, discreto. Sento e abro meu caderno,
com caneta em punho, pronta
para ser invadida por um ataque
de inspiração. Ela não vem, mas
fecho os olhos e deixo o sol acariciar o meu rosto - no fundo estou sempre esperando pela bendita inspiração. Como num transe, começo a rabiscar palavras
sem nexo, otimista que talvez
elas se transformem numa obra-prima. Percebo, então, que o banco de
frente ao meu, de repente, é ocupado por um senhor barbudo. Abaixo
a cabeca para evitar qualquer contato inconveniente. Mesmo se não
tenho a menor idéia do que escrever, finjo que estou escrevendo, que
estou num momento de grande inspiração e não quero ser incomodada.
Não adianta. O barbudo não aguenta e puxa papo:
“Posso te desenhar? Sou um pintor e venho sempre ao parque para
pegar ideias para meus quadros,” ele diz, enquanto eu noto um grande
caderno apoiado em seu colo.
Olho para ele, perplexa, e não consigo dizer nada. Ele insiste:
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“Não te peço nada de mais. Finja que eu não estou aqui. Continue
a fazer o que você estava fazendo. Eu só queria a tua permissão para
fazer um desenho.” “Tudo bem,” digo, sem saber como reagir. Paciência, se ele quer desenhar, desenhe.
Continuo a escrever minha pseudo obra-prima e com o canto dos
olhos vejo que ele desenha como um louco, sem um segundo de pausa
para respirar. De novo, ouço sua voz:
“Desculpa, quero te pedir um último favor.”
Só me faltava essa.
“Está vendo aquele tronco? Você poderia, por favor, se sentar lá
por alguns minutos? Tive uma ideia ótima para um quadro.”
Mas porque, raios, essas coisas têm que acontecer justo comigo,
que queria simplesmente um dia de
relax no parque, de isolamento total? Quero dizer não, mas não consigo, que embaraço! O barbudo percebe minha reticência e insiste.
Acabo aceitando, me sento no
tronco e continuo escrevendo no
meu caderno, baboseiras, pois hoje a inspiração realmente foi pras
cucuias. Ele continua com grandes
movimentos artísticos, desenhando
pra lá e pra cá, mas começo a me
preocupar quando vejo que ele está
de novo para abrir a boca:
“Posso te pedir mais uma coisa? Você pode virar meio de lado,
apoiando a mão no tronco e fazendo uma pose?”
Eu fico ainda mais perplexa, sem palavras, e percebo que meu rosto
está ficando vermelho de irritação.
“Você está nervosa? Relaxe!”
Pronto. Ele foi longe demais. Minha paciência se esgotou. Sou um
pouco tonta, mas realmente isso é demais. Eu me levanto e deixo o
barbudo a ver navios. Não consegui escrever meu poema, não consegui relaxar em paz. Deixo o parque de Villa Borghese convencida de
que os parques romanos, atualmente, de bucólico, não têm nada.
Dezembro 2009