Confindustria fortalece relação comercial com o

Transcript

Confindustria fortalece relação comercial com o
A
M A I O R
M Í D I A
D A
C O M U N I D A D E
Í T A L O - B R A S I L E I R A
www.comunitaitaliana.com.br
Ano XIII – Nº 95
Esquerda
festiva
ISSN 1676-3220
R$ 7,50
Rio de Janeiro, abril de 2006
Prodi derrota Berlusconi
Resultado mostra Itália dividida
Voto no exterior decide eleição
Confindustria fortalece relação comercial com o Brasil
Witek Burkiewicz
Abril de 2006
4
5
8
7Parliamone
Editorial
Hermanos, legislai por nós
22Notizie
Cose Nostre
Filme sobre Berlusconi é
indicado para prêmio
24Saúde
38Decoração
Marco Lucchesi
Blok e Khliébnikov
12
46Sapori d’Italia
Entrevista
Gabriel Bahadian
Reprodução
Novo embaixador do Brasil
na Itália, intensifica a cultura
nacional na ‘bota’
Montezemolo leva 250 empresários
ao Brasil e quer fazer do país a ponte
italiana na América do Sul
Kenia Hernandes
CAPA
Prodi é eleito na Itália
Berlusconi esperneia, exige
recontagem de votos, mas
esquerda retorna ao poder
Setur / Porto Seguro
Porto Seguro
Reprodução
34
26
Cidade baiana é paraíso dos italianos. Há
cerca de mil deles que vivem na cidade
Sem Wojtila
Um ano depois da morte de João Paulo II,
católicos ainda o reverenciam em todo mundo
Reprodução
43
Ópera
Festival do Amazonas completa
10 anos e homenageia a Itália
40
Ana Paula Torres
14
Confindustria
COSE NOSTRE
Julio Vanni
‘AMOR’ CANINO
DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
DIRETOR:
Julio Cezar Vanni
VICE-DIRETOR EXECUTIVO:
Adroaldo Garani
PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:
Editora Comunità Ltda.
TIRAGEM:
30.000 exemplares
ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:
17/04/2006 às 17:30h
DISTRIBUIÇÃO:
Brasil e Itália
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SUBEDIÇÃO
Luciana Bezerra dos Santos
[email protected]
REDAÇÃO:
Giordano Iapalucci
(repórter especial),
Nayra Garofle
e Rosangela Comunale
REVISÃO / TRADUÇÃO
Cristiana Cocco
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Alberto Carvalho
FOTO DE CAPA
Ricardo Stuckert / Arquivo Planalto
COLABORADORES:
Franco Vicenzotti – Braz Maiolino
– Lan – Pietro Polizzo – Venceslao
Soligo – Marco Lucchesi – Domenico
De Masi – Franco Urani – Giovanni
Meo Zilio – Fernanda Maranesi
– Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele
CORRESPONDENTES:
Guilherme Aquino (Milão)
Ana Paula Torres (Roma)
Renata Gonçalez (São Paulo)
Comunità Italiana está aberto às
contribuições e pesquisas de estudiosos
brasileiros, italianos e estrangeiros.
Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente,
as opiniões e conceitos da Revista.
La rivista Comunità Italiana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed
esperti brasiliani, italiani e estranieri. I
collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non
riflettono necessariamente il pensiero
della direzione.
ISSN 1676-3220
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
4
U
Hermanos,
legislai por nós
ma constatação podemos tirar das
eleições italianas deste ano: a Itália foi
promovida em todo o mundo. O principal marqueteiro desta campanha global foi,
sem dúvida, o atual ex-premier Silvio Berlusconi. Desde o início da disputa eleitoral, com
suas declarações de efeito e com a expectativa
em torno dos debates entre ele e seu adversário vitorioso, fez deste o pleito mais assistido dos últimos
tempos. A margem apertadíssima com que a esquerda do professor de economia Romano Prodi venceu
serviu para codimentar ainda mais a bella pasta italiana. Nunca, na história, ouve tanta mobilização em
torno de uma eleição que teve como decisivo o recém criado voto dos italianos no exterior.
A esse propósito, segundo a imprensa italiana, o cavaliere havia ainda disparado a ofensiva: “questo
Tremaglia è un coglione”. Visto que o atual ministro para os Italianos no Mundo foi o “criador” da lei
que deu o direito aos cidadãos no exterior de votarem e perdeu para a esquerda a maioria no Senado.
Dos 60 milhões de italianos e descendentes espalhados pelos continentes, somente 3 milhões tiveram a oportunidade de influenciar no rumo da história política da bota. Apesar dos 25 milhões de
ítalo-brasileiros e da potência econômica e social que representa São Paulo, que chegou a ter metade
da sua população de origem italiana no início do século passado, o país não conseguiu eleger nenhum
representante.
O resultado, que beneficiou a Argentina com dois senadores e dois deputados eleitos, surpreendeu até mesmo os mais céticos. A definição do cônsul Marco Marsilli de que “restiamo con l’amaro
in bocca” é o sentimento de muitos que lutaram durante anos para defender
os direitos dos ítalo-brasileiros. Perder para os argentinos é ainda pior. Diante disso, se procurarmos um culpado acharemos única e exclusivamente o
Governo italiano. Durante décadas a política italiana só enxergou o país do
tango na América Latina. Seus representantes quando aportavam por aqui
confundiam o nome de nossa capital com Buenos Aires. O trabalho desenvolvido por lá é notório. Basta dizer que tinham o dobro de eleitores, devido
ao maior número de consulados agilizarem o burocrático reconhecimento
da cidadania. Nós passamos por diversas crises econômicas e nunca fomos
lembrados. Lá, na crise que aportou há quatro anos, mais de 450 mil italianos compraram títulos públicos para ajudar o país a se reerguer. Também se
arrependeram, pois tomaram calote.
O que podemos esperar agora é que los hermanos legislem não só para o
Pietro Petraglia
seu eleitorado, mas para todo o continente.
Editor
M
as não precisamos ficar tão tristes. Pelo menos temos um brasileiro eleito na Itália e pelos italianos de lá! Ele se chama José Luís Del Roio, tem 63 anos, nasceu em Bragança Paulista e milita
desde os 17 pelo Partido Comunista. Dirigente do PCB desde 1960, ele se afastou do partido após o
golpe militar. Fundou, junto de Marighella, a Aliança de Libertação Nacional (ALN), onde lutou com
armas como forma de resistência. Se exilou no Chile e, depois do golpe de Pinochet, foi para a Argélia
e em seguida foi para Moscou. Em 1975 voltou ao Brasil e juntou-se a Luís Carlos Prestes. Depois de
um pedido de Prestes para levar farto material que documenta a história do PCB através da Fundação
Giangiacomo Feltrinelli, em Milão, Del Roio nunca mais deixou a região da Lombardia, que o elegeu.
Lá ele se casou e tem uma filha. Sua principal atividade, depois do mérito de ter sido durante anos o
organizador do Archivio Storico del Movimento Operaio Brasiliano, é a de dirigente do Fórum Mundial
das Alternativas, principal organização do Fórum Social Mundial. Sua rotina agora vai mudar porque,
como ele mesmo afirma: “Temos uma maioria muito estreita no Parlamento. Meu voto pode ser decisivo
em questões polêmicas”.
A
pesar de tanta vergonha política, o brasileiro tem motivos para se orgulhar. Com investigações
profundas e capacidade de punir os responsáveis pela corrupção, o país vem demonstrando sua
maturidade para o mundo. As instituições democráticas no país são sólidas e isso é observado quando,
mesmo com meses de tensões, não se cogitam golpes ou ataques contra o Congresso. Nosso ministro
da Fazenda Palocci cai e a economia se mantém em equilíbrio com o outro ítalo-brasileiro Mantega em
seu lugar. Na América Latina é motivo de orgulho.
Boa Leitura!
EDITORIAL
Entretenimento com cultura e informação
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
O
milionário austríaco, Herbert Handler, de 50
anos, ficou desesperado com o seqüestro de sua
cadelinha Grimaldi, em pleno centro de Viena, no inicio de abril. Segundo Handler, Grimaldi, que não tem
uma só pulga, traz na orelha esquerda um reluzente
diamante italiano Bulgari de três quilates, no valor
de 60 mil euros (ou 73 mil dólares). A recompensa
para o sortudo que achar o animal é a bagatela de
80 mil euros (aproximadamente 97,4 mil dólares),
além da jóia.
SOBREMESA COM CAFÉ
EM NOME DO
A
SANTO
Gelateria Parmalat e a Café Terra
Brasil, empresa focada na produção e venda de cafés com blend’s especiais, firmaram parceria. A empresa
vai desenvolver receitas exclusivas de
sobremesas a base de café para o outono e o inverno nas lojas. Ao todo
serão sete diferentes opções que poderão ser degustadas nas gelaterias a
partir de maio.
O
clube italiano de Niterói realizou no
último dia 02, festa em homenagem a
São Francisco de Paula, protetor dos jornaleiros, na Barra da Tijuca, zona oeste
do Rio. Carlos Henrique Segurase de Almeida, diretor de Assuntos Jurídicos da
Instituição, e o jornaleiro Francesco Panaro foram homenageados.
OBRIGADO, DOUTOR
PINTURAS ITALIANAS
A
A
partir de agora o serviço médico do Consulado Italiano no
Rio de Janeiro será diário. As terças e sextas-feiras o atendimento
acontece das 9h30 às 12h30. Nas
segundas, quartas e quintas-feiras,
o horário é das 14h às 16. Atualmente o serviço médico do Consulado atende cerca de 800 pessoas.
Camargo & Balbino (Divulgação)
FUNDADO EM MARÇO DE 1994
‘JACARÉ’ PARA
BERLUSCONI
O
filme sobre Silvio Berlusconi,
do diretor Nanni Moretti, recebeu 13 indicações para o prêmio
David di Donatello, edição 2006,
da Academia Italiana de Cinema.
“Il Caimano” (O Jacaré), apelido
que setores da esquerda, inclusive a imprensa, deram ao primeiroministro da Itália. O longa retrata
as tradições do cinema italiano
de compromisso com a cidadania. A intenção de Moretti não é
fazer com que as pessoas, e especialmente os eleitores, mudem
de idéia em relação a Berlusconi,
nem para assegurar ao público de
esquerda as suas próprias certezas.
Ele espera que o filme apenas suscite dúvidas. O fato é que mais do
que dúvidas, a produção, que não
deixa de ser bem-humorada, está
causando polêmica, especialmente
nesse período eleitoral.
ITÁLIA EM JUNDIAÍ
A
19ª edição da Festa Italiana de
Jundiaí acontece de 20 de maio
até 11 de junho, no bairro da Colônia, naquele município paulista. A
festa é realizada pela comunidade
italiana e pela paróquia do bairro
desde 1987.
ABRIL 2006
/
A
beldade acima é a oriundi Rafaela Zanella, de 19 anos,
eleita a mulher mais linda do país, no concurso de Miss
Brasil, realizado no último dia 08, no Rio de Janeiro. Além da
coroa, a candidata gaúcha, que fala fluentemente a língua de
seus antepassados, vai participar do concurso Miss Universo
2006 e pretende ser cirurgiã plástica.
BRIGA DE VIZINHO I
E
m Nápoles, no sul da Itália, estão os vizinhos mais divergentes do país. Lá foi registrado o maior índice de pendências judiciais entre vizinhos, segundo a Associação Italiana dos
Administradores Condominiais e Imobiliários. Os episódios de
brigas entre condôminos estão cada vez mais freqüentes, mas a
maioria dos litígios se resolve antes mesmo de chegar aos tribunais. Nos últimos cinco anos, o número de divergências entre
condôminos cresceu muito, mas 73% se resolvem durante as
reuniões de condomínio, outras 16% chegam a um acordo logo depois do início do processo judicial, enquanto apenas 11%
chegam diante dos juízes.
BRIGA DE VIZINHO II
D
urante o ano de 2003, 650 recursos envolvendo bate-boca
entre vizinhos chegaram aos tribunais. Na média das capitais,
como Roma e Milão, este índice não passou de 125. Os principais motivos das discussões são a utilização dos espaços comuns
(24,6%), o excesso de barulho do vizinho (21,1%), as intervenções de manutenção extraordinárias (17,4%), os animais domésticos (16,4%), os orçamentos (10,6%) e a presença de animais de
rua nos espaços dos condomínios (9,9%). Os casos que normalmente chegam aos tribunais são as divergências em relação à utilização dos espaços comuns (26%) e os orçamentos (22%).
COMUNITÀ ITALIANA
exposição Luz e Sombra na Pintura Italiana — Entre o Renascimento e o Barroco, que reúne 65
pinturas de artistas como Tiziano,
Lorenzo Lotto, Tintoretto, Veronese, Guido Reni, Luca Giordano e
Guercino, vai ficar até 30 de abril na
Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A mostra inclui também obras de
diversos artistas de outras regiões
da Europa que viveram na Itália. A
curadoria do evento ficou por conta
de Vittorio Sgarbi, historiador e crítico de arte italiano. Pinacoteca do
Estado. Mais informações pelo telefone (11) 3229-9844.
COMO EM 1960...
A
Itália quer sediar os Jogos
Olímpicos de 2016 e escolherá entre Roma e Milão como cidade sede. Segundo o presidente do
Comitê Olímpico Italiano, Gianni
Petrucci, a Itália é forte esportivamente e os recentes Jogos de
Inverno em Turim, no nível organizacional, foram os melhores da
história, segundo o site do jornal
Gazzetta dello Sport. A próxima
Olimpíada será realizada em Pequim, em 2008, enquanto os Jogos
de 2012 serão em Londres. Roma,
capital italiana, recebeu a Olimpíada de 1960 e concorreu pelos Jogos
de 2004, que foram em Atenas.
NOITE ITALIANA
D
ia 3 de maio, o Bistrô Itália,
na Lagoa Rodrigo de Freitas, no
Rio, fará uma noite italiana com o
Trio Agosto. Aliás, a casa vem promovendo todas as quartas-feiras
música instrumental de primeiríssima qualidade. Imperdível.
5
con l’Avvocato Giuseppe Fusco
[email protected]
LA SOSPIRATA VIA MATERNA
arliamone, ma senza molta polemica. Ci atteniamo ai fatti, alle leggi
e alle sentenze.
Cominciamo così, tanto per riagganciarci ad un precedente commento, dicendo cose tutto sommate già note.
Partiamo da vicino per andare lontano.
Con la Legge 21/04/1983, art. 5, è stato stabilito che è cittadino
italiano il figlio di padre e madre cittadini con l’obbligo di opzione nell’ipotesi di doppia cittadinanza espressa dall’art. 26, comma 2º, della
Legge 91/92.
La stessa legge, all’art. 1, lettera a) dice che è cittadino italiano
per nascita il figlio di padre e madre cittadini. Tuttavia, all’art. 20, si
escludono gli effetti retroattivi.
Pertanto, per i nati prima del fatidico 1 gennaio 1948, la fattispecie è disciplinata purtroppo dall’abrogato art.1, comma primo n.1 della
arcinota legge n.555/1912 nel testo risultante dalla sentenza di illegittimità costituzionale n. 30 del 1983.
Il problema è il seguente: la sentenza della Corte Costituzionale
produce effetti nelle ipotesi
in cui l’escluso dal riconoscimento della cittadinanza
sia nato in epoca anteriore
all’entrata in vigore della
Costituzione repubblicana e
se invece deve essere considerato cittadino italiano
fino dalla nascita, oppure, a
partire dal 1/1/1948.
La risposta non è semplice, tuttavia si può senza
dubbio affermare che esiste
un chiaro contrasto tra la
legge e la Costituzione della
Repubblica.
Parliamone meglio: la
legge 555 del 13/06/1912,
all’art. 1 stabiliva l’acquisto
della cittadinanza per forza
del rapporto di filiazione di
padre cittadino.
Abbiamo già detto che
la sentenza della Corte Costituzionale, la n.30 del 9/
2/83, dichiarò incostituzionale l’art. 1 della citata legge nella parte
in cui escludeva la linea materna per conflitto con l’art. 3, comma 1º e
con l’art. 29, comma 2º della Costituzione.
Perché? Perché ferisce il principio dell’uguaglianza davanti alle legge senza distinzioni di sesso, razza, religione, opinioni politiche, condizioni personali e sociali.
Ma anche perché è obbligo dello Stato rimuovere ostacoli di ordine
economico e sociale che, limitando di fatto le libertà e l’uguaglianza
dei cittadini, impediscono il pieno sviluppo della persona umana e la
effettiva partecipazione di tutti i lavoratori all’organizzazione politica,
economica e sociale del Paese.
Inoltre, art.29, comma 2º: uguaglianza morale e giuridica dei coniugi, i diritti della famiglia come società naturale fondata sul matrimonio, ordinato sull’uguaglianza morale e giuridica dei coniugi e dell’unità familiare.
Un altro interessante problema giuridico risulta essere il seguente:
i limiti della retroattività delle dichiarazioni di incostituzionalità.
Detti limiti sono regolati dall’art. 136, comma primo della Costituzione, e dall’art. 30, comma terzo della Legge n. 87 del 1953 che dice:
6
la dichiarazione di incostituzionalità fa venire meno l’efficacia della norma dal giorno successivo alla pubblicazione della decisione.
L’art. 136 della Costituzione afferma infatti che quando la Corte
dichiara l’illegittimità costituzionale di una norma di legge o di altra
avente forza di legge, la norma cessa di aver efficacia dal giorno successivo alla pubblicazione della decisione.
Pertanto non ci sono dubbi che dal giorno della sentenza (17/02/
1983) tutti i nati da madre italiana dovevano aver acquisito ex lege la
cittadinanza italiana iure sanguinis per discendenza materna.
Tuttavia, una certa giurisprudenza ha stranamente limitato tali effetti ai soli nati dopo l’entrata in vigore della Costituzione della Repubblica.
In questo senso, Cassazione n.1707/1963; Cassazione-Sezioni Unite n.2702/1963 e n.3226/63; Cassazione n.1959/1969; Cassazione
n.2222/71; Cassazione n.903/1978
Esiste, poi, la Circolare n. K 60.1 del Ministero degli Interni, che interpreta la legge 05.02. 1992 n. 91) alla luce del parere n.105, Sezione
V, del Consiglio di Stato emesso il 15.04.1983.
Nella Circolare si stabilisce che è possibile attribuire
la cittadinanza solo alle persone nate dopo il 01.01.1948
da donna cittadina.
Perché? Ecco come il burocrate del Ministero lo spiega: in quanto l’efficacia del
giudicato costituzionale non
può retroagire oltre il momento in cui si è verificato il contrasto tra la norma di legge e
il principio costituzionale.
Il principio costituzionale
stabilito in epoca successiva
alla norma (legge 555/1912),
che appunto contrasta con esso, è entrato in vigore in data
1/1/1948: da tale considerazione si è voluto far derivare
che prima di questa data non
esisteva alcun contrasto con il
dettato costituzionale.
Insomma, un’interpretazione puramente amministrativa che contrasta totalmente con l’essenza della questione: la cittadinanza deve essere riconosciuta perché il diritto di sangue non può
essere annullato da leggi limitative e da interpretazioni ‘autentiche’ di
carattere meramente tecnico/burocratico.
Il sangue italiano scorre o non scorre nelle vene.
Tutto il resto ferisce il principio di contraddizione: una cosa non
può essere allo stesso tempo giusta o sbagliata considerata dallo stesso
punto di vista.
Comunque, per chi vuole saperne di più, ecco qualche suggerimento positivo:
— Sentenza della Corte di Cassazione 1, 10 luglio 1996, n.6297:
‘Status di cittadino italiano iure sanguinis al figlio legittimo di madre
cittadina nata prima del 1/1/1948’. Effetto della sentenza 9/02/83 n.30
della Corte Costituzionale.
Fulcro: retroattività delle sentenza della C.C.
— Sentenza della Cassazione n.10086 del 19/11/1996
— Sentenza del Tribunale di Torino del 12/04/1999
— Sentenza Cassazione, Sezione Prima, 22/11/2000 n.15062
— Decisione Corte Costituzionale n.87/75.
Acervo Memorial do Imigrante
P
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Quando se pensa em Itália,
as referências são as melhores.
Quando você anuncia na ComunitàItaliana a
referência passa a ser a sua empresa.
ComunitàItaliana
12 anos
Para falar com nossos representantes, ligue (21) 2722-0181
ou escreva para [email protected]
...
Alberto Carvalho
PARLIAMONE
Marco Lucchesi - Articolo
Blok e Khliébnikov
L
a Dama e il Mondo
Il Simbolismo in Russia realizza con Aleksandr Blok il suo più
elevato destino. Per Marina Tzvietáieva, Blok non era appena il
poeta, ma l’incarnazione della Poesia, la più completa vocazione
dopo Pushkin. Un destino luminoso... E come le notti bianche di Pietroburgo, dove nacque, e la trasparente Montsalvat che sognò, la sua opera
coincide, in trasparenza e grandezza, con un delicato principio musicale.
Da questo principio dipende il suo appello, di fronte ad un’inattingibile
Beatrice — la bellissima Dama, prekrasnoia Dama —, la cui ombra non
si traduce volendo neanche nel salto dantesco, fra dimensione ontica e
meta-ontica, dal Paradiso all’Empireo. La Dama di Blok abita la distanza
allo stato puro, e si traduce con parusia o mimesis neoplatonica, dove
il reale si allontana infinitamente dal Modello, dall’Idea o dalla Verità.
Un neoplatonismo vivo, soggiogato dalla nostalgia della luce (svietlaia
radost’), accennando verso una remota possibilità di ritorno (epistrophé)
al Principio dei principi.
La Dama è festeggiata nella liturgia della vita, e i suoi vestigi devono
essere cercati, ad ogni gesto e la mattina presto, nel desiderio insoddisfatto e nel dramma dell’aspettativa.
No templo de naves escuras,
celebro um rito singelo.
Aguardo a Dama Formosura
à luz dos velários vermelhos.
À sombra das colunas altas,
vacilo aos portais que se abrem.
E me contempla iluminada
Ela, seu sonho, sua imagem.
All’ombra delle alte colonne
Vacillo ai portali che si aprono
E illuminata mi contempla
Lei, il suo sogno, la sua immagine
Sono affabili i ceri, o Sacra!
Dolce il tuo viso splendente!
Non sento suono o parola,
Ma so, Diletta — sei qui presente.]
(trad. de Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)
C’è il vestigio di un’assenza. E, comunque, un viso, allo stesso tempo
fisico e metafisico, prossimo e distante. Era, questa, la dialettica di Soloviev — le cui idee fanno parte dell’universo mentale di Blok. Ma a tutto
questo si aggiunge un diapason teosofico-simbolista, que ripercosse sulla
ricezione dello stesso Blok, della sua lettura personale (lichnost’) e della
sua opera, nei termini di una visione pluralistica e universale, retta da
motivi segreti, attingibili appena attraverso la latenza del simbolo. Come
disse il filosofo e critico Volynsky, il fenomeno a cui aderisce il simbolismo
possiede una logica propria, idealista, nel quale
“o visível e o invisível, o finito e o infinito, o real sensível e o
místico apresentam-se reunidos numa indissolúvel unidade, como signos
inalienáveis de dois mundos que se ligam um ao outro”.
[il visibile e l’invisibile, il finito e l’infinito, il reale sensibile e il mistico
si presentano riuniti in una indissolubile unità, come segni inalienabili
di due mondi che si legano l’uno all’altro]
La Dama vive nell’alto dei cieli e nelle profondità della terra, in valli
e montagne, invisibile, indiretta, raggiungibile appena da specchi e enigmi. Principio-creatore nella Natura, la Dama regge l’armonia del Cosmo
e domanda chiavi e interpretazioni per lasciarsi comprendere, in termini
apofatici, negativi. Per Blok, dobbiamo risaltare
E il poeta non è altro che colui che scrive in versi, “aquele que estabelece uma harmonia entre o som e a palavra” [colui che stabilisce un’armonia
fra suono e parola] , il mare e la montagna, la voragine e gli elementi.
Ma tutto questo, in Blok, in una lingua depurata, che si appoggia in un
gioco dalle ampie vocalizzazioni, dagli accenti contrari, consonanti aspre
e dolci, nell’uso dislocato del dativo e del genitivo. Altre novità riposano
nel ritmo e nelle rime, nell’uso degli enjambements (che aumentano o riducono il flusso delle idee), così come nelle delicate assonanze, di quello
che i futuristi russi — in un’altro contesto — chiameranno nebbia della
parola, e che per Blok costituiva il tentativo simbolista di associare principi equivalenti, formando vasti paesaggi (e vertiginosi) in un solo verso,
per raggiungere una ragione pitagorico-musicale, già oscura e nascosta, e
rivelata adesso, stranamente, in una specie di nebbia numinosa.
Ancora non è il momento del “buco nel cielo di carta”, che Pirandello
identificò come la differenza fra la tragedia antica e la tragedia moderna.
La prospettiva di Blok era tutt’altra. Cosa che non impedisce un parallelo:
Khliébnikov usa sempre lo stesso piano. Come il Pagliaccio di Rouault.
Lascia lo scenario al contrario. È un altro il suo infinito. Abbiamo adesso
galassie di segni e costellazioni di numeri che formano la spina dorsale
dell’Universo. Non esistendo niente oltre questo. La scrittura giammai trascende la dimensione del crittogramma, della metonimia, delle complesse
analogie e degli osati paralleli. È caduta la quarta parete. Khliébnikov non
oggettiva l’Arlecchino. Lo assorbe strutturalmente, in quanto maschera
sonora. Interessante l’osservazione di Angelo Ripellino: “os vertiginosos
confrontos e a repetição de nomes-guias instauram na dispersiva desordem
uma álgebra de correspondências, uma densidade de correlatos, a soberba de um sistema” [i vertiginosi confronti e la ripetizione di nomi-guida
instaurano nel dispersivo disordine un’algebra di corrispondenze, una
densità di correlati, la superbia di un sistema]. Vediamo in Khliébnikov
un esempio marcante:
Dostoievismo de nuvem fugaz!
[Dostoievismo di nuvola fugace!
Pushkínotas de um lento meio-dia! Pushkinote di um lento mezzogiorno
A noite tiucheviza sempre mais,
La notte tiuchevisa sempre più
cobrindo de infinito as cercanias.
Coprendo le vicinanze d’infinito.]
Un paesaggio d’ombre. Derivato e remissivo. Un paesaggio surreale,
che corrisponde alle ricorrenti nomenclature e ai più svariati nomi-guida
di Khliébnikov. Come sappiamo, la struttura assume un posto di distacco
tra formalisti e futuristi. Nella pittura, è la fine del trompe l’oeil. Braque
non credeva alle cose, ma alle relazioni mantenute tra loro. Kandinski
guarda dieci volte la tela, una la tavolozza, e mezza la natura. Così in
Mosca vista dalla finestra. Stravinsky riconosce il valore delle note nel
loro insieme, nella loro ottava, nell’intervallo da loro occupato. Compara la musica alla matematica.
Khliébnikov — nel suo linguaggio transrazionale
(Zaúmny iaýk) — rielabora il tutto anche lui. Andando in direzione della “notte etimologica”, dei
sottostrati dimenticati delle parole, declinandole
internamente, si dedica ad ognuna di esse come un archeologo innamorato, e cerca la legge
immanente dei segni. L’anello mancante tra
suono, concetto e immagine. La parola assumendo il primo piano della letteralità,
della literatúrnost. La poesia come vero
eroe della poesia. Verbo del Verbo. Terre inesplorate di Parolaria.
(testo originale in portoghese di Marco Lucchesi
tradotto da Anna Palma)
Abituatomi a questa casula
Della maestosa Sposa Eterna
Per le cornici fuggono
Deliri, sorrisi e leggende.
Witek Burkiewicz
Acostumei-me a esta casula
da majestosa Esposa Eterna.
Pelas cornijas vão em fuga
delírios, sorrisos e lendas.
[Nel tempio dalle scure navate
Celebro un rito semplice
Aspetto la Bellissima Dama
Alla luce dei rossi velari.
São meigos os círios, Sagrada!
Doce o teu rosto resplendente!
Não ouço nem som, nem palavra,
mas sei, Dileta — estás presente.
“a harmonia das forças cósmicas. A ordem é o Cosmos, em oposição
à desordem, ao Caos. Do Caos nasce o Cosmos, o Mundo, como ensinavam os antigos. O Cosmos é parente do Caos, como as altas ondas do
mar são parentes das montanhas...”
[l’armonia delle forze cosmiche. L’ordine è il Cosmo, in opposizione al
disordine, al Caos. Dal Caos nasce il Cosmo, il Mondo, come insegnavano
gli antichi. Il Cosmo è parente del Caos, come le onde alte del mare sono
parenti delle montagne...]
8
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
9
Opinione
Articolo
Franco Urani
10
sue profonde carenze di gestione della pubblica amministrazione.
Nel caso del petrolio, l’estrazione brasiliana
ha presentato difficoltà enormi. La Petrobras era
stata costituita quando gli unici giacimenti conosciuti erano quelli assai modesti del Reconcavo bahiano. Inutili e costose ricerche furono
effettuate in terra ferma, specie a S. Paulo ed in
Amazzonia ed il successo cominciò a profilarsi
mondiali per le ricerche e estrazioni sottomarine. Alla riduzione dei costi di produzione corrispose – sia pure con grandi oscillazioni – un
notevole aumento dei prezzi internazionali,
con conseguenti risultati di gestione altamente positivi che consentono di investire somme
ingenti in piattaforme marittime, petroliere,
oleodotti, metanodotti, in tecnologie sempre
più avanzate di sonde (che raggiungono ormai
il fondo marittimo anche a 2.000 m. di
profondità e ne estraggono il petrolio che
spesso dista altri 2.000 m. dal fondale),
in ricerca di nuovi campi petroliferi.
A questo riguardo, assai favorevoli
paiono le potenzialità delle piattaforme
marittime continentali dello Stato di Espirito Santo e di Santos che potrebbero sommare al doppio di quelle di Campos.
Altro settore nel quale la Petrobras ha
mantenuto il monopolio e che si sta sviluppando a ritmo sostenuto è la raffinazione
del petrolio. Le attuali 11 raffinerie erano
state predisposte per la lavorazione preminente del petrolio leggero importato, mentre quello estratto a Campos è perlopiù di
tipo pesante. Da qui, la necessità di scambi
onerosi di petrolio pesante con leggero di
altri Paesi. E’ di questi giorni la notizia che
una grande raffineria per il petrolio pesante verrà realizzata dalla Petrobras ad Itaboraì, Stato di Rio de Janeiro, con previsione
di assorbimento di migliaia di impiegati,
parallela costituzione di industrie petrochimiche e servizi.
Altro aspetto favorevole della produzione petrolifera, di cui finora ha soprattutto usufruito lo Stato di Rio de Janeiro
ed i Municipi più prossimi ai locali estrattivi, è il pagamento delle royalties, che
hanno trasformato il Municipio di Macaè
e consentito varie azioni sociali al Governo di Stato.
Gravi e assai preoccupanti per l’umanità sono i rischi ambientali connessi all’estrazione,
trasporto e raffinazione del petrolio, nonché alla
combustione dei suoi derivati.
Anche in relazione all’entità eccezionale degli utili della Petrobras (il suo costo di estrazione deve superare di poco i US$ 20 al barile, contro US$ 70 del prezzo di vendita internazionale
al quale essa si attiene anche per sostenere i
grandi investimenti a cui si è sopra accennato),
è doveroso pretendere che essa affronti — per
quanto di sua competenza — con priorità e rigore tutti i complessi problemi connessi alla
preservazione dell’ambiente in cui opera, che è
di speciale bellezza e ricchezza biologica.
Reprodução
N
el 1953 il Presidente brasiliano Getulio
Vargas costituiva la Petrobras, azienda
di stato preposta alla ricerca, estrazione
e raffinazione del petrolio.
Chi mai avrebbe potuto prevedere gli ingenti incrementi avvenuti da allora della popolazione brasiliana (da 50 a 190 milioni di
abitanti), dei mezzi motorizzati (oggi oltre 30
milioni di auto, camion, moto, trattori, oltre a
motori marittimi e stazionari), la costituzione ed espansione dell’industria petrolchimica, che hanno più che decuplicato
nel cinquantennio trascorso il fabbisogno
brasiliano di petrolio?
I consumi di petrolio hanno raggiunto
ora gli 1,8 milioni di barili al giorno, quindi 650 milioni di barili all’anno per un valore equivalente a 45 miliardi di dollari al
prezzo internazionale attuale di US$ 70 al
barile, ormai completamente coperti dalla
produzione nazionale. E, per il 2010, si prevede una produzione di 2,3 milioni di barili al giorno con necessità nazionale di 2 e
possibilità di esportare l’eccedenza valutabile a circa 7 miliardi di dollari all’anno.
I consumi di petrolio potrebbero essere
ancora maggiori se i governi brasiliani, dal
1950 in poi, non avessero parallelamente
predisposto un vasto piano di costruzione
di impianti idroelettrici che sopperiscono
a quasi il 90% delle necessità energetiche
abitative, urbane ed industriali del Paese,
il piano di produzione dell’alcol combustibile oggi impiegato per circa la terza parte del fabbisogno di carburante automobilistico, se da qualche anno non si fosse
scoperta la grande potenzialità e ridotto
inquinamento del metano. Esso veniva prima bruciato nell’estrazione del petrolio ed
oggi è totalmente utilizzato e portato ai
locali di utilizzo mediante una rete in continua espansione di gasdotti con provenienza anche da Bolivia ed Argentina e in futuro
Venezuela. Analogamente, grandi prospettive
si possono prevedere per il recentissimo programma bio-diesel che prevede la miscelazione con il diesel derivato dal petrolio dell’olio
di ricino, di soja e forse anche di varie palme
dell’Amazzonia che potrebbero essere razionalmente piantate lungo i fiumi della regione, con
trasporto dei cocchi su chiatte ed industrializzazione alla foce.
Nessuna paese del pianeta presenta possibilità di produzione di energia idrica e vegetale comparabili al Brasile, e si tratta indubbiamente di uno dei motivi che inducono ad avere
fiducia in questo grande Paese, nonostante le
dagli anni ’80, con la scoperta dei giacimenti
della piattaforma sottomarina continentale di
Campos, Stato di Rio de Janeiro. Nel periodo
1985/95 la produzione stazionò sui 600.000
barili al giorno (1/3 dell’attuale), in quanto la
Petrobras aveva il monopolio del settore, mancando così gli stimoli a progredire, ed i risultati
finanziari della gestione non erano tali da incoraggiare pesanti investimenti.
E’ con il Governo F.H. Cardoso che ha avuto
inizio la svolta, con la cessione Petrobras di
parte dei presunti campi petroliferi sottomarini a multinazionali del settore e, per competere con esse, fu costretta a razionalizzare
gradualmente la sua gestione, assurgendo ormai come una delle più qualificate industrie
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Ora i nostri problemi saranno risolti
Ezio Maranesi
A
lcuni hanno vinto, altri speravano di
vincere e sono stati delusi, altri ancora correvano per il gusto di farlo e
si sono divertiti. Ma non è il caso di
parlare dei corridori, vincitori o vinti. È ovvio che tutti loro avrebbero meritato i circa
20.000 euro mensili (stipendio e prebende varie) che noi contribuenti pagheremo ai vincitori. È più interessante capire le motivazioni
per le quali i candidati correvano. Oltre, naturalmente, al senso della patria, all’ambizione
e allo stipendio.
Ricorrente, nelle piattaforme elettorali
presentate, la dichiarazione di impegno a
migliorare i servizi consolari. Si vuole che
i consolati siano più attenti ai bisogni del
cittadino italiano. Si vuole anche che i
consolati siano in grado di evadere, subito, le migliaia di richieste di nuove cittadinanze. La performance dei consolati
è migliorata parecchio negli ultimi anni;
merito delle nuove leve di consoli. Si può
fare sempre meglio ma, obiettivamente, i
mezzi sono scarsi. Avrei dato il mio voto
al candidato che avesse detto: mi batterò
affinché la legge che concede la cittadinanza sia cambiata. Che chi la richiede sia
soggetto ad un esame di lingua italiana,
di geografia dell’Italia e – perché no? – di
fede italiana. Che la cittadinanza sia tolta
a chi non la merita. Che sia data la cittadinanza al marocchino che lavora onestamente
in Italia e paga le tasse, e non al pronipote
dell’emigrato che cerca solo di facilitare il suo
viaggio a Orlando. Quante persone conosciamo, oriundi di terza o quarta generazione, che
hanno o potrebbero avere a termini di legge
la cittadinanza italiana, ma non hanno l’Italia
nel cuore? Sono italiani i famosi 25 milioni
di oriundi che vivono in Brasile o i 60 milioni che popolano il mondo? La retorica rituale
vieta di dire con semplicità le cose come stanno. Suscita ben altre emozioni dire luoghi comuni in forma enfatica, roboante, patriottica
e immaginare il tricolore sventolato da 60 milioni di persone nei cinque continenti.
L’altro punto forte della piattaforma elettorale suona cosí: gli italiani all’estero devono
avere gli stessi diritti degli italiani d’Italia. Cosa
sacrosanta, in linea di principio. Quando si tratta di italiani DOC, e non di quelli che lo sono
diventati per convenienza. Eroe è stato il trisnonno, che ha varcato l’oceano nel 1890 perché
in Italia non c’era polenta per tutti. A lui l’Italia
dovrebbe molto, se vivesse ancora. Al pronipote
l’Italia non deve nulla.
Ansa
Il Brasile raggiunge l’autosufficienza
nella produzione petrolifera
È vero: ci sono italiani indigenti che vanno
aiutati, ma sarebbe stato meglio dare ai patronati parte del costo che stiamo sostenendo per
mandare a Roma 18 parlamentari.
Si è parlato poco, nelle piattaforme elettorali, di misure a favore dei giovani. L’italiano di
seconda generazione, il figlio dell’emigrato, potrà anche avere la cittadinanza italiana ma diverrà straniero se non sarà attratto culturalmente e sentimentalmente nel nostro giardino.
Abbiamo quindi votato non tanto i programmi elettorali, che hanno poco fondamento, bensí la simpatia verso un candidato o l’idea politica che ciascuno di noi coltiva.
Si ha la sensazione, e siamo in tanti ad
averla, che si voglia dare alla presenza italiana nel mondo una dimensione surreale che
non ha. Ci sono 3,5 milioni di cittadini italiani nel mondo, ma quando si parla di “altra
Italia” ci riferiamo ai 60 milioni di oriundi.
Essi possono anche avere simpatia e propensione per tutto ciò che è italiano, ma italiani
non sono.
Si parla sempre dei nostri “problemi” e
io mi chiedo quale siano veramente questi
problemi. Vediamo. Gli emigrati recenti vivono fuori dall’Italia per lavoro o per
convenienza; potrebbero tornare e non
lo fanno. Essi non sono un problema. I
pronipoti di terza o quarta generazione
sono ormai inseriti nelle comunità dove
sono cresciuti; cosa dovrebbe fare l’Italia
per loro? La seconda generazione, cioè i
figli dei recenti emigrati, meriterebbero
maggiore attenzione. Ma di essi, come ho
appena detto, le varie piattaforme hanno
parlato poco Sarebbe interessante conoscere, ed è un dato che non ho trovato,
quanti sono, tra i 3,5 milioni di cittadini
italiani, quelli di prima, seconda e successive generazioni. La conoscenza di
questi dati ridimensionerebbe notevolmente il nostro problema.
C’è molta retorica attorno a questo argomento e si ha l’impressione che esso sia un
grande orto nel quale tanti vogliano raccogliere qualcosa; i politici o gli amministratori italiani che vengono in missione, tipo vacanza,
ed i nostri attivisti locali, che ora si improvvisano politici allargando le fratture già esistenti nella nostra comunità già disunita.
Avremmo preferito solo liste indipendenti,
di cittadini conosciuti, stimati e poco ingaggiati nella politica. Era sacrosanto il nostro
diritto di votare senza dover andare in Italia.
Non era invece necessario eleggere 18 parlamentari che andranno a Roma a difendere cause che solo la retorica ha costruito.
Entrevista
Saudável
invasão
italiana
Missão de empresários da Bota veio ao
Brasil disposta a revigorar as relações
bilaterais em vários setores
Ana Paula Torres
Correspondente • ROMA
A
Fotos: Reprodução
dhemar Gabriel Bahadian, novo embaixador do Brasil na
Itália, assumiu o seu novo cargo no início de janeiro. Após
cerca de três meses, já é possível notar grandes mudanças na
prestigiosa sede romana de Palazzo Pamphilj, que em 2005 foi
comandada pelo ex-presidente Itamar Franco. Nascido em 22 de outubro de 1940, no Rio de Janeiro, Bahadian possui uma rica carreira
diplomática, o que o torna figura fundamental para trabalhar na reaproximação de Brasil e Itália. Entre suas funções mais recentes, destacam-se a representação junto à Organização Mundial do Comércio e
o cargo de Cônsul em Buenos Aires. Durante entrevista à Comunità, o
Embaixador contou da colaboração na missão empresarial italiana e da
programação cultural oferecida gratuitamente pela Embaixada ao público em geral. Também falou de política e da emoção de voltar à terra
de sua avó como representante do Brasil.
12
Comunità Italiana — Com a sua nomeação, o Brasil volta a ter um
embaixador com uma importante carreira diplomática em seu currículo. Quais teriam sido as intenções do presidente Lula ao propor
seu nome para a sede de Roma?
Adhemar Gabriel Bahadian — Estou certo de que minha designação
pelo presidente Lula, por indicação do ministro Celso Amorim, tem por
objetivo aprofundar os laços de amizade e intercâmbio entre o Brasil e a
Itália, dando continuidade ao trabalho de meus ilustres antecessores.
CI — Que impressões possui da Itália?
Bahadian — Conheço a Itália e quero conhecê-la melhor ainda. Tenho
profundo respeito por sua importância na formação de nossa cultura
em seu sentido mais amplo. Estou a ela ligado por laços inclusive familiares. Minha avó materna foi uma imigrante italiana. Tenho especial
orgulho de voltar à terra dela como representante de um país que a
acolheu como a milhares de outros italianos.
CI — Então esse cargo possui um valor especial?
Bahadian — Sim. Ser embaixador do Brasil na Itália é a consagração
de uma carreira profissional. É uma designação que muito me honra.
CI — Como é que o senhor vê a delicada situação da política atualmente no Brasil?
Bahadian — Em toda democracia a transparência do debate público
tende a revigorar o compromisso do estado com o desenvolvimento
social e econômico do país.
CI — Acha possível a reeleição de Lula este ano?
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Bahadian — Acho que ainda é cedo para se
antecipar o debate eleitoral. Lembremo-nos do
saudoso Ulysses Guimarães quando nos ensinava
que a política é como as nuvens que mudam a
cada momento.
CI — Com sua experiência em assuntos comerciais e relações internacionais, como é
que o senhor avalia a viagem dos empresários
italianos ao Brasil, que ocorreu de 27 a 31
de março?
Bahadian — Espero que tenha sido o início de
uma retomada de investimentos italianos no
Brasil, de encontros proveitosos entre empresários de pequenas e médias empresas e de jointventures satisfatórias para ambos os lados, utilizando-se inclusive os mecanismos das parcerias
público-privadas, recentemente aprovados pelo
Congresso brasileiro.
CI — Qual foi o número de empresários que
participaram dessa missão?
Bahadian — A missão conta com cerca de duzentos empresários. Foi a primeira tentativa da
Itália de retomar a marca "Itália" no Brasil. A
Itália perdeu posição de investimentos no Brasil
nos últimos anos, se comparada a Espanha e
Portugal. Do lado brasileiro, quem organizou a
viagem foi a Fiesp, e no lado italiano, a Confindustria. Nós, tanto governo brasileiro, como
italiano, manifestamos apoio a essa iniciativa.
CI — De que modo a Embaixada do Brasil
colaborou?
Bahadian — O apoio institucional que a Embaixada do Brasil pôde dar à missão empresarial foi o
de trabalhar na facilitação da concessão de vistos
permanentes para investidores. Desde que eu
cheguei na Itália, no início de janeiro, procurei
trabalhar junto às autoridades da Farnesina para
ver se nós conseguíamos dar ao investidor que
vai para o Brasil, sobretudo o pequeno e médio,
facilidade para que ele possa ter um visto de residência, que o permita trabalhar como se brasileiro fosse. Esse é um problema que os investidores
em geral possuem, porque, sem
este visto, eles são obrigados a ter
um sócio brasileiro, o que às vezes
complica um pouco. Nós fizemos um
acordo com as autoridades italianas
e quando houver um investimento
de no mínimo 50 mil dólares no
Brasil, o investidor poderá receber
o visto ainda na Itália.
CI — Mas 50 mil dólares não é
pouco?
Bahadian — É que nós estamos
procurando estimular exatamente
as médias e pequenas empresas.
As grandes empresas como Fiat, Pirelli, não
precisam desse tipo de coisa. Nós queremos
estimular o pequeno empresário, porque a
estrutura da Itália é basicamente esta. A intenção é de facilitar a vida do pequeno investidor,
também visando que ele se associe ao pequeno
empresário brasileiro. Outro ponto fundamental, é a questão do risco-Brasil, que atualmente
é classificado em claro descompasso com a
realidade econômico-financeira do País. Hoje
em dia, a classificação do risco brasileiro pelo
Banco Central italiano faz com que os bancos
italianos sejam obrigados a reter 15% do valor
emprestado para investimentos no Brasil, em
ABRIL 2006
/
Gabriel Bahadian, em seu escritório, no Palazzo Pamphili, sede da embaixada do Brasil em Roma
depósito não-remunerado, encarecendo demais
os custos de financiamento.
CI — Quais seriam os setores de maior interesse?
Bahadian — A Confederação empresarial italiana está procurando combinar setores tradicionais no intercâmbio comercial entre o Brasil
e a Itália, como máquinas, madeira, móveis de
madeira, auto-peças e alimentos, com setores
novos, que apresentam alta tecnologia, como
aeronáutica, aeroespacial e eletrônica.
CI — Passando agora à Embaixada do Brasil
em Roma, quais iniciativas estão sendo organizadas para o público em geral?
Bahadian — Em março demos início a "Música
brasileira na sala Palestrina", uma programação
com concertos mensais, sob a orientação do maestro Sílvio Barbato, diretor musical e regente
titular da Orquestra sinfônica do Teatro Munici-
Bahadian — O primeiro concerto foi realizado
pelo pianista Sérgio Monteiro, jovem radicado em
Milão que tem se destacado no cenário musical
brasileiro, sul-americano e europeu. Ele foi selecionado para integrar a Academia internacional de
piano, no lago de Como, aqui na Itália. Para abril
teremos a apresentação da soprano Andrea Ferreira, que vai interpretar obras de renomados compositores brasileiros, como Carlos Gomes e Villa
Lobos, ao lado de nomes clássicos como Rossini
e Mozart. Essa soprano paulistana, formada em
Canto e Piano pela Universidade Estadual Paulista,
é um dos nomes mais promissores no cenário da
ópera brasileira e já coleciona alguns prêmios importantes como o "Prêmio Eldorado de Música" e a
vitória no "III Concorso di Canto Maria Callas".
CI — Existem outros projetos em andamento?
Bahadian — Outra iniciativa que está tendo
bastante sucesso é "Cinema Brasileiro na Piazza
Navona". Trata-se de uma série de
projeções gratuitas de filmes, documentários e shows de artistas brasileiros em dvd, realizadas no Centro
de Estudos Brasileiros, da Embaixada do Brasil. Dentro da programação
de março, tivemos a primeira mostra
"Cine Mulher", organizada em parceria com a Associazione Culturale
Nuovi Orizzonti Latini.
CI — E para abril, qual será a
programação?
Bahadian — Para abril continuaremos com as projeções de shows
como "Musicalmente", show histórico de Vinicius
de Moraes, Toquinho, Tom Jobim e Miúcha, "Vai
Passar", de Chico Buarque, "Maricotinha ao vivo",
de Maria Bethânia, Ney Matogrosso interpretando
Cartola, além de obras raras como o especial de
Elis Regina, gravado em 1973, e o show "Danado
de Bom", do rei do Baião, Luiz Gonzaga, de 1984.
Também teremos a exibição de filmes como "O
homem que copiava", de Jorge Furtado, "Bicho
de sete cabeças", de Laís Bodanzky, "Narradores
de Javé", de Eliana Caffé, e "Deus é brasileiro",
de Cacá Diegues. Como você vê, nossa intenção
é de divulgar a cultura brasileira em seus mais
variados aspectos.
‘Espero que seja
o início de uma
retomada de
investimentos
italianos no Brasil’
pal do Rio de Janeiro. As apresentações acontecem no prestigioso cenário da Sala Palestrina,
no interior do Palácio Pamphilj, sede da nossa
Embaixada, aqui em Roma. Nossa proposta é de
divulgar músicos eruditos brasileiros na Europa,
além de valorizar um dos mais tradicionais
espaços musicais de Roma. A Sala Palestrina
homenageia o célebre compositor Pier Luigi da
Palestrina. A história desse espaço se confunde
com a própria história da música erudita aqui na
capital, pois este palácio, no passado, foi sede
da Academia Filarmônica Romana.
CI — O senhor poderia falar um pouco dos
músicos escolhidos para esta programação?
COMUNITÀ ITALIANA
13
Fotos: Kenia Hernandes
Economia
A missão de
Montezemolo
Grupo de 250 empresários italianos visita Belo Horizonte, São
Paulo e Porto Alegre com um único objetivo: marcar o Brasil como a
principal extensão dos negócios da Itália na América Latina
Ana Paula Torres
R
Correspondente • ROMA
— “Estou muito contente por este
encontro". Estas são as primeiras palavras de Luca Cordero di Montezemolo
ao encontrar os jornalistas brasileiros
em Roma, poucos dias antes de embarcar para
o Brasil. "Fui ao Brasil pela primeira vez quando
tinha 18 anos, hoje tenho 58". E, assim, o presidente da Confindustria começa a falar da sua
ligação com o país. "Quando terminei o segundo grau e fiz o exame de estado, recebi como
prêmio uma viagem para Argentina e Brasil. Era
na década de 60, fiquei apaixonado pelo Brasil. Lembro-me de tantas coisas, de Ouro Preto,
Bahia, Rio e São Paulo. Depois, comecei a ter
contato com o Brasil por uma casualidade. Eu me
14
OMA
tornei diretor esportivo da Ferrari e ia a Interlagos e Rio", continua, explicando como o Brasil sempre esteve presente na sua vida. "Depois,
passei para a Fiat e trabalhei para o nascimento
da filial em Minas Gerais, por isso agora vou ao
Brasil para festejar os 30 anos de Fiat lá, onde
somos líderes de mercado. Naquele período tive uma namorada brasileira, de Campinas". Uma
época em que Montezemolo foi administrador da
Cinzano e dos conseqüentes contatos no Brasil,
das suas amizades com Pelé e João Havelange,
do cargo de presidente da Ferrari e os contatos
com Rubens Barrichello e Felipe Massa.
A história de Montezemolo com o Brasil vai
além da amizade com celebridades. Ele lidera
um grupo de empresários que buscam no Brasil
o melhor porto para negócios bilaterais com a
Itália. Consolidar a presença das empresas italianas no mais importante mercado da América
Latina foi o principal objetivo da missão empresarial, organizada pela Confindustria (Confederação das Indústrias Italianas), ABI (Associação Bancária Italiana), ICE (Instituto para o
Comércio Exterior), com o apoio do Ministério
das Atividades Produtivas e em colaboração
com as associações empresariais e industrias
brasileiras, como a Federação das Indústrias
do estado de São Paulo (Fiesp) e Federação das
Indústrias do estado de Minas Gerais (Fiemg).
De 27 a 31 de março, os 250 empresários italianos sob a guarda de Montezemolo visitaram
Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre para
conhecer as oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro e realidade das áreas produtivas e dos setores de maior desenvolvimento da
economia local.
Além de Montezemolo, participaram da delegação ministro das Atividades Produtivas, Claudio Scajola, o vice-ministro, Adolfo Urso, e dos
presidentes do ICE, Umberto Vattani e da ABI,
Maurizio Sella.
A missão teve como objetivo incrementar os
fluxos recíprocos de investimento e as relações
comerciais, com uma atenção especial no suporte
às pequenas e médias empresas. A viagem ao Brasil ocorreu após o convite que o presidente Luís
Inácio Lula da Silva fez aos empresários italianos,
por ocasião de sua visita a Roma, em outubro do
ano passado, durante o fórum econômico "Destino Brasil: novas oportunidades para as empresas
italianas". Naquela ocasião, Lula citou os dados das relações comerciais entre Itália e Brasil
e anunciou o desejo de aumentar as iniciativas
entre os dois países. Lula também declarou que o
Brasil tem "muito que aprender" com as empresas italianas, mas é capaz de oferecer produtos
de qualidade e mão-de-obra qualificada. Falou do
crescimento brasileiro, do controle da inflação,
do desenvolvimento sustentável, das reformas
das leis tributárias para facilitar as relações comerciais e concluiu convidando os empresários
italianos a investir sempre mais no Brasil.
Pouco antes de seu pronunciamento, Montezemolo, na recepção à Lula, no ano passado, o
presidente da Fiat tinha declarado grande satisfação pela visita do presidente brasileiro:
— Estamos felizes por poder acolher um homem político que possui conhecimento direto,
profundo e verdadeiro da indústria. Isso porque
o senhor se formou e viveu por muitos anos em
uma fábrica, uma fábrica automobilística, infelizmente a Volkswagen e não a Fiat, mas conhece perfeitamente os mecanismos que levam à
criação do valor em uma cadeia produtiva — declarou o presidente da Confindustria. — Saudamos principalmente o símbolo de uma mudança
rápida nas hierarquias entre países, mercados,
classes sociais que a nossa geração tem a sorte
de se ver realizar — concluiu.
Naquele mesmo encontro 2005, Paulo Skaf,
presidente da Fiesp, assinou, em companhia de
Luca di Montezemolo, um acordo que visava o
apoio às pequenas e médias empresas dos dois
países e a realização de iniciativas destinadas
ao incentivo recíproco de fluxos de investi-
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
O primeiro fala em “mudança nas hierarquias entre países, mercados, classes sociais"; o segundo, em "relação afetiva com o Brasil".
Acordos bilaterais amadurecidos têm tudo para dar certo
mento em áreas de interesse prioritário, como
infra-estruturas, agroindústria, eletrônica, eletrotécnica, moda, design e turismo. Além desses
setores, as indústrias italianas têm interesse na
construção civil, portos, logística e transportes.
O interesse manifestado pelas empresas italianas colocou o Brasil como prioridade estratégica no quadro das iniciativas internacionais da
Confindustria. Para Montezemolo, o Brasil possui
as vantagens de ter uma cultura muito próxima
à italiana, crescimento econômico e importantes tradições de relações entre italianos e brasileiros, "desde a época de Matarazzo". Sobre o
problema nos mercados, provocado por fenômenos como a China, o presidente da Confindustria
disse que se fará "uma grande aliança" entre as
empresas italianas e brasileiras a favor de uma
"concorrência leal" nos mercados, com "regras
claras" de comportamento.
MINAS E SÃO PAULO, ‘ALMA ECONÔMICA’
Os empresários italianos possuem uma visão
bastante otimista do Brasil, considerando-o um
"terceiro ocidente", ao lado da União Européia
e dos Estados Unidos. Investiram 4 bilhões de
dólares no Brasil nos últimos anos. Porém trata-se de resultados muito insatisfatórios, já
que a Itália é somente o oitavo parceiro comercial do Brasil, com apenas 5 bilhões de dólares
de intercâmbio.
A delegação italiana visitou as cidades de
Belo Horizonte e São Paulo, duas áreas que, segundo a Confindustria, representam bem o tecido
econômico e industrial do país. A capital mineira
foi a primeira etapa por apresentar potencialidades para novos investimentos. Os italianos consideram que se trata de uma área com indústrias
desenvolvidas, boa infra-estrutura, mão-de-obra
qualificada, administração pública eficiente e
disposta a incentivar a chegada de novos investidores estrangeiros. Em Minas Gerais, já estão instaladas há anos várias empresas italianas, como:
Fiat, Telecom Italia, Segafredo Zanetti, Ferrero e
o distrito da madeira de Uberlândia.
Em Belo Horizonte, foi realizado um seminário dedicado às oportunidades de investimento
no estado, organizado em colaboração com a
ABRIL 2006
/
Fiemg, que contou com a presença do governador Aécio Neves. O encontro forneceu um quadro
completo sobre os planos de incentivos fiscais
oferecidos pelo governo estadual e as possibilidades de se realizar uma colaboração entre o
setor público e o privado. Também foram ressaltados os setores que atualmente oferecem maiores perspectivas, que seriam: agroindústria, produção de móveis, eletrônica e eletrotécnica, logística e infra-estruturas, autopeças e mecânica
instrumental, química, principalmente no campo
de fertilizantes, e produção de jóias.
‘O interesse em
intensificar os
contatos com o
Brasil continuará
independentemente
de quem será eleito
presidente’
Na segunda etapa da viagem, na capital paulista, o fórum econômico Ítalo-brasileiro, organizado em parceria com a Fiesp, contou com a
presença de várias autoridades, entre as quais,
o presidente Lula. A mais articulada atividade
missão italiana em território brasileiro. Foi o
momento do lançamento oficial de uma forte e
renovada mensagem de interesse das empresas
italianas em se tornarem parceiras de referência para o Brasil, com o objetivo principal de
promover um salto de qualidade nas relações
econômicas entre os dois países. Relações que
deverão ser ativadas não somente do ponto de
vista comercial, mas através do incremento dos
investimentos italianos e da realização de partnerships e joint ventures.
Além do fórum, em São Paulo também foram
realizados workshops, com a intenção de favo-
COMUNITÀ ITALIANA
recer um confronto mirado entre interlocutores
italianos e brasileiros, além de definir projetos
específicos de colaboração. Os setores técnicos
tratados foram: infra-estrutura, agroindústria,
moda e design, colaboração financeira, construção civil, ambiente, e o modelo italiano de sustento às pequenas e médias empresas.
A delegação institucional encontrou tanto
o atual presidente do Brasil, como o candidato do PSDB [partido do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso] às próximas eleições: Geraldo
Alckmin. Vários membros da missão afirmaram
que o interesse em intensificar os contatos com
o Brasil continuará independentemente de quem
será eleito presidente.
Além de Belo Horizonte e São Paulo, uma
parte da delegação demonstrou interesse em visitar Porto Alegre e conhecer as oportunidades
oferecidas pelo Rio Grande do Sul. Federexport,
Assindustria Vicenza, Assindustria Verona e Piccola Industria di Confindustria organizaram a
etapa a pedido do consórcio export, em colaboração com a Federação das Indústrias do estado
do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Nas três capitais visitadas, foram organizados encontros bilaterais entre as empresas italianas e brasileiras, tratando-se do verdadeiro
momento de negócios da missão, onde empresários italianos puderam conhecer empresários
brasileiros e ativar contatos e propostas de
colaboração.
Entre as inúmeras empresas italianas que
participaram da missão, estavam presentes sociedades como Anas S.p.a, a maior em gestão
de rodovias na Itália, Cassina S.p.a, produtora
de Poltrona Frau, um dos maiores nomes em design de móveis de luxo, Danieli & C., que está
instalando uma siderúrgica no Ceará com investimentos de 300 milhões de dólares, Ferrovie
dello Stato, implantação de trens de alta velocidade, com uma primeira linha entre Brasília
e Belo Horizonte, e projeto para o trecho São
Paulo-Guarulhos, Snaidero Engineering & Trading S.p.a., uma das mais renomadas marcas de
móveis, especialmente cozinhas, já está com
uma fábrica em Uberlândia, produzindo para o
mercado americano.
15
Economia
Economia
Fotos: Kenia Hernandes
Em ‘Sampa’, otimismo e sem ‘paura’
Missão italiana ignora crise política no Brasil, mostra confiança no país e
firma vários acordos durante encontros com empresários, em São Paulo
Renata Gonçalez
S
Especial para Comunità
ÃO
PAULO — O otimismo de duas nações
que, ao menos na economia, resolveram
olhar para o mesmo horizonte foi a tônica
da segunda etapa do Fórum Brasil-Itália,
ocorrida no auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital
paulista, nos dias 29 e 30 de março. O evento
serviu de oportunidade para que cerca de 650
pequenos e médios empresários, entre os quais
250 italianos e 400 brasileiros, realizassem um
amplo intercâmbio comercial, sobretudo nos
campos da construção civil, indústria têxtil, design e arquitetura, entre outros.
Mais de 1.600 encontros foram agendados
pela organização do Fórum. Ao longo dos dois
dias, algumas parcerias públicas e privadas foram firmadas entre empresas de grande porte
dos dois países. Os investidores italianos estão confiantes na economia brasileira e vêem na
baixa cotação do risco-país (que tem se mantido
abaixo dos 300 pontos) um fator de garantia para bons negócios.
Uma das principais parcerias foi assinada
pelo grupo Maire Tecnimont, cuja sede fica em
Roma, com as brasileiras Odebrecht e a Petroquímica Paulínia. O acordo vai viabilizar a nova unidade de produção de polipropileno em Paulínia,
interior de São Paulo, e que deverá entrar em fase de pré-operação até o final de 2007. O investimento previsto é de 240 milhões de dólares.
Outros empresários italianos aproveitaram a
oportunidade para manifestar o desejo de realizar
futuras parcerias com o Brasil. É o caso da Anas
16
(Associação Nacional de Auto-Estradas) e da Ferrovia dello Stato, que participaram de workshop
com o secretário de Economia e Planejamento do
Estado de São Paulo, Martus Tavares.
A Anas, por meio do presidente Vincenzo Pozzi, revelou interesse durante o encontro
em investir em território brasileiro nas áreas de
construção e gestão de estradas, modernização
da rede rodoviária e assistência técnica. Já a
Ferrovia dello Stato, por meio de seu porta-voz
Giovanni Rocca, responsável pelas atividades
internacionais da estatal italiana, mostrou ter
os olhos voltados para projetos de transporte
ferroviário, entre eles o metrô de São Paulo e
um expresso que interligaria o Centro da capital
paulista ao Aeroporto de Guarulhos.
Brasil, principal parceiro da Itália em 2006.
Pelo menos é assim que a Confederação das Indústrias Italianas (Confindustria) elegeu o Brasil, segundo seu presidente, Luca Cordero Mon-
tezemolo, que também preside a Fiat e a Ferrari.
Ele se pronunciou logo após a exibição de um
documentário sobre a indústria brasileira, qualificada no vídeo como “l´industria più diversificata dell´America Latina”.
— Brasil é o melhor investimento — enfatizou Montezemolo, que lembrou de empreendimentos italianos mais do que bem-sucedidos
no Brasil, como os gigantes Fiat, Pirelli e a Tim
— É quase um mercado doméstico. Temos em
comum casos excepcionais de acordos bilaterais, a indústria, a cultura, o futebol e a Fórmula Um — emendou, em tom de brincadeira,
sugerindo a união das bandeiras italiana e brasileira no domingo seguinte ao encontro, quando seria disputado o Grande Prêmio da Austrália, em Melbourne.
Para o ministro das Atividades Produtivas da
Itália, Claudio Scajola, Brasil e Itália possuem
mercados que podem competir no exterior “sem
comprometimento de qualidade”. Ele destacou a
vinda da Simest, sociedade financeira da Itália
que atua na promoção e desenvolvimento das
empresas italianas no exterior e que tem como
sócio majoritário o ministério comandado por
Scajola, como importante fator que irá favorecer
o “Made in Italy”.
A fusão entre matéria-prima brasileira e
mão-de-obra especializada vinda da Itália foi
também citada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil,
Luiz Fernando Furlan, que em seu discurso fez
questão de mencionar ser um político brasileiro de origem italiana. São os casos das pedras
preciosas brasileiras que, segundo o ministro,
fariam excelente parceria com os designers de
jóia italianos.
— Poucos sabem, mas a bresaola [tipo de
carne embutida italiana] é feita com carne importada do Brasil — exemplificou.
DE PORTAS ABERTAS
Convidados otimistas, anfitrião mais otimista
ainda. O presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, discursou de modo expansivo e à
vontade, demonstrando que a tumultuada substituição no Ministério da Fazenda — ocorrida às
vésperas da etapa paulista do Fórum Brasil-Itália — em nada havia abalado seu entusiasmo em
receber a delegação italiana.
— Vocês acreditam no Brasil? Então vocês
precisam aportar definitivamente no Brasil! —
DESEMPENHO BRASIL X ITÁLIA
O saldo comercial entre Brasil e Itália praticamente dobrou nos últimos três anos.
Em 2003, foi registrado superávit de US$ 476 milhões, contra US$ 855 milhões em 2004 e US$
948 milhões em 2005.
Entre 2003 e 2005, a taxa média anual de crescimento das exportações do Brasil para a Itália foi
de 21,1%, enquanto que as importações cresceram em média 9%.
Itália ocupou a 9ª posição das exportações brasileiras nos dois primeiros meses de 2006, somando
US$ 553 milhões, com crescimento de 15,1% em relação ao mesmo período de 2005.
As importações obtiveram pequeno acréscimo de 1,1% no primeiro bimestre de 2006 em relação ao
mesmo período do ano anterior, montante que equivale a US$ 342 milhões em compras.
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Costruttori di macchine agricole
puntano al mercato internazionale
N
Maurizio Sella, presidente da ABI
disse Lula no auditório da Fiesp, recebendo em
seguida muitos aplausos.
Mediante possíveis críticas sobre a abertura
comercial do Brasil aos empresários italianos, o
presidente relembrou outras políticas de comércio exterior que foram inicialmente mal vistas,
mas que depois obtiveram bons resultados.
— Foi assim quando fiz minha primeira viagem à Espanha, quando visitei os países árabes
e quando reconheci a China como uma grande
economia de mercado. Ou quando disse que a
China e a Índia são dois gigantes que têm de ser
olhados com seriedade — disse.
A obtenção do visto de entrada permanente
no território brasileiro por parte dos investidores italianos que trouxerem recursos produtivos
‘Vocês acreditam no
Brasil? Então vocês
precisam aportar
definitivamente
no Brasil!’
LULA, EM DISCURSO NA FIESP
ao Brasil foi a mais concreta medida anunciada
por Lula durante o evento. Segundo o presidente, qualquer investidor que trouxer no mínimo 50
mil dólares poderá requerer o visto de residência
permanente no país diretamente da Itália.
O fim da retenção de 15% dos recursos aplicados no Brasil, provisão que era prevista por
parte do credor por conta do risco de se investir
no país, é mais uma vitória comemorada por investidores italianos.
— Conseguimos reduzir esta taxa a zero
graças ao rumo que a economia vem seguindo
— afirmou o presidente da Associação Bancária
Italiana (ABI), Maurizio Sella. — Brasil já não
assusta — finalizou.
Quanto às denúncias de corrupção que
acompanham o governo Lula, Montezemolo foi
enfático:
— Prefiro não fazer nenhum comentário sobre esse assunto.
ABRIL 2006
/
oi rappresentiamo i costruttori di macchine
agricole e siamo una voce importante nel
campo meccanico italiano. Siamo secondi solo
agli USA in quanto volume, ma siamo certamente i primi in diversificazione di produzione — ha
dichiarato Massimo Goldoni.
In seguito ha spiegato che buona parte della
produzione è esportata verso i paesi europei, le
Americhe e l’Asia.
— Siamo presenti in 30 paesi come esportatori, perché abbiamo una grossa flessibilità nel
sistema produttivo, con circa 3 mila aziende in
Italia, responsabili della produzione di macchinario che varia dai trattori, alle attrezzature, dalle
macchine per giardinaggio, a quelle per il movi-
mento terra e per costruzioni — spiega Goldoni.
— La nostra produzione, a partire dal dopoguerra ha seguito il passo dell’agricoltura molto diversificata, portando molto sviluppo all’irrigazione, alla fertilità dei terreni difficili, come in
Africa — e continua — questa produzione la
vediamo integrata nel settore primario, perché
l’agricoltura in tutti i paesi, come in Brasile, è
un po’ la prima fase dell’economia, da lì si dà
origine a tutto il resto delle catene produttive e
distributive. Goldoni conclude dicendo:
— Noi ci sentiamo molto vicini, per vari motivi, a quella che è la mentalità del settore agroalimentare del Brasile e con il quale abbiamo
grandi affinità culturali e mentali.
Legami di amicizia facilitano affari
I
l presidente dell’Ice, Umberto Vattani, parla
della missione imprenditoriale e della collettività italiana in Brasile.
CI — Cosa c’è di nuovo in questa missione?
Vattani — Una caratteristica di questa missione
è che da una lato abbiamo il settore pubblico e
dall’altro il privato. Abbiamo anche l’ABI, che
comprende tutti gli istituti di credito. Questa
missione è importante perché mette insieme la
competitività, la capacità, la conoscenza dei
problemi che tutti insieme sono in grado di presentare e di tentare di risolvere. La parte pubblica ha la responsabilità di favorire sempre più la
presenza di imprese italiane all’estero e gli investimenti dall’estero in Italia, perché oggi non
si tratta solo di esportare, ma di creare alleanze
e partnership.
CI — Come Lei vede il problema dell’assenza
di banche italiane in Brasile?
Vattani — Il sistema creditizio italiano ha sentito
il bisogno, anni fa, di ristrutturarsi, di ripensare il
suo modo di impegnarsi sui mercati internaziona-
li, e questa attività ha portato anche ad una diversa distribuzione delle loro sedi per il mondo.
CI — L’immagine dell’Italia in Brasile contribuisce al Vostro lavoro?
Vattani — Qui in Brasile l’immagine reale dell’Italia corrisponde perfettamente alla straordinaria
struttura nel campo della ricerca scientifica, dei
beni strumentali e nei prodotti di consumo. Non
c’è un settore in cui il prodotto italiano non si affermi, per qualità e per contenuto tecnologico.
CI — Merito anche della collettività italiana
presente in Brasile?
Vattani — Sì, credo che tutto questo non sarebbe possibile se non ci fosse questa grande
collettività italiana, che ha fatto sì che questa
immagine fosse così positiva. Con il Brasile condividiamo valori, aspettative, il culto dell’amicizia, della cordialità, ci vogliamo gustare la pace,
piuttosto che alimentare conflitti. C’è un po’ la
gioia di stare insieme e questo credo che sia il
sentimento più forte, il cemento di questa grande amicizia italo-brasiliana.
Crescita per l’agroindustria in Brasile
U
go Calzoni, direttore generale dell’Ice, ha
aperto la sessione dedicata all’agroindustria sottolineando che il Brasile può guardare
alla filiera italiana con grande fiducia. Il settore
è caratterizzato dalla tecnologia, ricerca, qualità
dei prodotti, e da piccole e medie imprese con
grande capacità imprenditoriale.
Pietro Castelli invece ha detto:
— Il Brasile rappresenta sicuramente una
grande opportunità, che oggi però è un’ipotesi,
non una realtà, perché i dati sono poco lusinghieri — e continua — salvo qualche eccezione
non c’è presenza di prodotti dell’industria alimentare italiana qualificata, come c’è in tanti
altri paesi.
— Il Brasile rappresenta una scelta strategica non solo in quanto paese, ma anche come
un punto di riferimento di maggiore possibilità
all’interno del continente per raggiungere poi
tutti i paesi limitrofi — afferma ancora Castelli.
IMPORT-EXPORT ENTRE BRASIL E ITÁLIA
Principais produtos exportados para a Itália - café, couro, minério de ferro, grãos de soja,
celulose, carne bovina, borracha, pelas e equipamentos dos setores metalúrgico e aeronáutica.
Principais produtos importados da Itália - óleo diesel, motores diesel e semidiesel, máquinas e
aparelhos mecânicos e automobilísticos, produtos químicos e medicamentos.
COMUNITÀ ITALIANA
17
Economia
Confindustria
in Brasile
Alla fine del mese di marzo, esattamente dal 27 al 31 marzo, si è svolto
in tre città brasiliane il Forum imprenditoriale tra Italia e Brasile. Un
incontro che ha portato ad un salto qualitativo nei rapporti economici
bilaterali, che in questi ultimi anni si erano allentati
Giordano Iapalucci
I
circa 250 imprenditori accompagnati dal
presidente della Confindustria, Luca Cordero di Montezemolo, dal ministro delle
Attività Produttive, Claudio Scajola, dal
vicepresidente per la piccola industria Giuseppe Morandini, dal presidente dell’Associazione
Bancari Italiani (ABI), Maurizio Sella e dal
presidente dell’Ice (Istituto per il commercio
estero), Umberto Vattani, tra i tanti, hanno
partecipato ad una due-giorni a Belo Horizonte, la prima città toccata da questo tour,
per poi prendere parte agli oltre 1700 incontri organizzati a San Paolo dal 29 al 30 marzo
e terminare il 31 nella capitale dello stato di
Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Si è discusso
18
soprattutto di agroindustria, desing, edilizia,
ambiente e elettronica.
La stuttura economica italiana è fatta di piccole e medie imprese. Esistono sì, grandi multinazionali, ma la spina dorsale, come l’ha definita il
ministro Scajola, si basa su imprenditori che decidono di investire e di scommettere su di loro senza
appoggiarsi a grandi colossi industriali o commerciali. La missione italiana in Brasile punta proprio
sul sostegno internazionale a queste realtà aziendali che spesso fanno più fatica delle grandi aziende nell’imporsi al di fuori dei confini italiani.
Il mercato italiano, come per certi versi quello europeo se escludiamo quello dell’est, è saturo. L’espansione, sia per motivi geografici, sia per
motivi demografici, arriva ad un punto in cui cresce ma con tassi non certo altissimi. Tesi questa
confermata dal presidente di Confindustria.
— Noi sappiamo che la partita non si gioca in
Europa ma si gioca al di fuori di questa. Noi italiani abbiamo molta voglia di crescere qui in Brasile e
nonostante sia per noi un mercato geograficamen-
‘Abbiamo fissato
un calendario
di incontri che
partirà a ottobre
con la delegazione
imprenditoriale
brasiliana a Roma’
UMBERTO VATTANI
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
L’Italia vede nel Brasile un grande mercato
d’investimenti fino ad ora poco sfruttato. Attualmente l’Italia occupa un poco incoraggiante
10º posto in termini di investimenti diretti esteri
in Brasile. Un numero che non corrisponde certo
alle grandi opportunità offerte dalla solidità dell’economia brasiliana, dalla straordinaria ricchezza italiana e dal positivo clima di lavoro che qui
trovano tutti gli imprenditori italiani.
— Il commercio tra Brasile e Italia corrisponde a circa 5 miliardi e mezzo di dollari. Il numero
può sembrare non grandissimo ma dobbiamo riconoscere il potenziale che può nascere tra i due
paesi vista la grande integrazione culturale — ha
fatto notare il presidente della Fiesp, Paulo Skaf.
Non è poi mancata la presenza dei grandi
gruppi imprenditoriali come la Fiat, la Tim e la
Pirelli. Quest’ultima sta dimostrando una grande voglia di continuare ad investire nel paese
sudamericano.
— Il Brasile si è dimostrato capace di mantenere la stabilità economica e questo ha portato all’inaugurazione a metà marzo di un nuovo
polo produttivo a Gravataí, nello Stato di Rio
Grande do Sul, per pneumatici camion e bus con
500 dipendenti la cui capacità sarà di 12 mila
tonnellate l’anno, che si sommeranno alle 64 già
esistenti — ha voluto mettere in risalto il presidente della Pirelli, Giorgio della Seta.
Ma la stagione della cooperazione tra i due
paesi non si è certo conclusa nella “cinque giorni” brasiliana. Dopo la visita del presidente
brasiliano Lula nell’ottobre scorso, questo appuntamento non è stato
altro che un altro passo
per rilanciare i rapporti
tra i due paesi che, come
ha definito Montezemolo,
si erano un po’ affievoliti
in questi ultimi anni. Sono
infatti già previsti nuovi e
importanti appuntamenti
per il prossimo autunno
(europeo) in Italia.
— Abbiamo fissato
un calendario di incontri e approfondimenti che
te lontano, per tantissimi alpartirà a ottobre con la
tri aspetti è quasi un mercadelegazione imprenditoto domestico vista la storia,
riale brasiliana a Roma,
le tradizioni e la cultura che
successivamente si svolgeci accomunano — ha comranno incontri alla Fiera di
mentato Montezemolo.
Milano a febbraio (‘07) e
Il Forum Italia-Brasile
a marzo (’07) alla Fiera di
rientra nella strategia itaSan Paolo in Brasile — ha
liana dell’appoggio pubPirelli, il presidente Giorgio della Seta
illustrato il presidente delblico alla internazionalizannuncia nuovi investimenti in Brasile.
l’Ice, Umberto Vattani.
zazione delle imprese nel
In alto, il presidente di Confindustria,
Il governo italiano, inprocesso di espansione del
Luca Cordero di Montezemolo
tanto, ha comunicato che
sistema territorialmente integrato e complementare nei prodotti e servizi nei prossimi mesi saranno prese importanti deprestati come è quello tipicamente italiano dei cisioni per incentivare gli investimenti italiani
“distretti industriali”, che nel corso degli anni in Brasile. Il ministro delle Attività Produttive
italiano ha fatto sapere che è già stato previsto
ha dimostrato di essere assai efficiente.
— Il sostegno pubblico rappresenta un vero e uno stanziamento di circa 10 milioni di euro dal
proprio valore aggiunto per un paese come il no- Comitato Interministeriale per la programmaziostro, in cui ci sono in grande maggioranza piccole ne economica (Cipe), organo ufficiale che stabie medie imprese che quando si affacciano sui mer- lisce le linee generali di politica economico-ficati esteri si trovano a fronteggiare nuove oppor- nanziaria italiane. La stessa Simest (la finanziatunità ma anche molte difficoltà — ha dichiarato il ria pubblico-privata per l’internazionalizzazione
delle imprese italiane) ha firmato un’intesa con
ministro alle Attività Produttive, Claudio Scajola.
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
flashes
NÃO DERAM BOLA PARA PALOCCI
E
mbora ocupe o sexto lugar entre os
parceiros comerciais do Brasil e o décimo entre os países investidores, a Itália
aparentemente deu pouca relevância à saída do ministro da Fazenda do Brasil, Antônio Palocci, um ítalo-brasileiro, cuja família possui cidadania italiana. Os principais
jornais e agências noticiosas da Península
fizeram apenas pequenas menções em suas edições eletrônicas. Na Itália, a família
com o sobrenome Palocci está concentrada
especialmente na região do Lazio. Também
há pequenos núcleos em Marche, Emilia Romagna e Friuli Venezia Giulia.
ALIÁS...
A
Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e
Indústria de São Paulo aponta que o
giro comercial entre Brasil e Itália, nos últimos anos, movimentou cerca de 5 bilhões
de dólares. O fluxo das relações comerciais
não somente das grandes empresas italianas
já presentes no país, como também das pequenas e médias empresas, aumentou 20%
nos últimos três anos. Entre os principais
produtos que o Brasil exporta estão: a borracha, produtos alimentícios, couro, peças
e equipamentos dos setores metalúrgico e
aeronáutico. Já entre os importados, estão
produtos químicos, medicamentos e equipamentos dos setores eletro-eletrônicos, metal-mecânico e automobilístico.
la Banca nazionale per lo sviluppo (BNDES) per
facilitare l’utilizzo di linee di credito a medio
termine a tasso agevolato da parte degli investitori italiani.
— Per favorire la crescita degli investimenti,
se il Brasile manterrà i significativi miglioramenti degli indicatori economico-finanziari e di debito, come è prevedibile, già dal prossimo giugno la Banca d’Italia ridurrà gli accantonamenti
richiesti alle banche dal 15 allo 0 per cento —
ha dichiarato il ministro Claudio Scajola.
Anche le autorità brasiliane si sono pronunciate in merito ad alcune misure per agevolare
gli investimenti nel proprio paese. Chi per esempio, investirà in Brasile un minimo di 50 mila
dollari potrà richiedere direttamente in Italia il
visto di permanenza.
A chiusura del Forum, il presidente brasiliano Luiz Inácio Lula da Silva ha incoraggiato gli
imprenditori italiani a credere nel Brasile come
il paese ideale per gli investimenti.
— A voi italiani che siete venuti numerosi
all’inizio del secolo XX, mi sento di dirvi: credete
in noi e investite qui. Quando siete arrivati avevate poco, ma siete riusciti e ci avete aiutato a
montare un grande commercio e una grande industria. Vedrete che i vostri affari saranno ottimi
come lo sono stati quelli dei vostri connazionali
che vi hanno preceduto. Sarete sempre ben accolti — ha concluso Lula.
19
Economia
Relazione produttiva
tra Brasile e Italia
Intervista al ministro delle Attività Produttive, Claudio Scajola
Dalla Redazione
N
ato ad Imperia il 15 gennaio del 1948 e
laureato in giurisprudenza, l’attuale ministro della Attività Produttive italiano,
Claudio Scajola, ha rappresentato il governo italiano nell’importante Forum imprenditoriale Italia-Brasile di fine marzo a cui era presente anche il presidente della Confindustria e
della Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo. Ha,
inoltre incontrato personalmente il presidente
Lula e il ministro dello Sviluppo, Industria e
Commercio Estero, Fernando Furlan per discutere
dell’avvicinamento delle relazioni commerciali e
di collaborazione industriale tra i due paesi. Dopo un incontro con il presidente della Petrobrás,
José Sergio Gabrielli, in cui ha discusso una collaborazione nella politica energetica, Comunità
ha intervistato il ministro Scajola sotto la pergola della piscina del Copacabana Palace.
ComunitàItaliana — È la prima volta che viene in Brasile?
Claudio Scajola — Si, è la prima volta. Siamo
molto vicini alle elezioni, gli impegni di governo
sono pressanti ma era utilissimo essere presenti
a questo incontro combinato in occasione della
visita di stato di Lula a Roma a ottobre. Avevamo preso l’impegno che in pochi mesi avremmo
messo insieme la nostra Confindustria, la Fiesp
20
e gli imprenditori italo-brasiliani per scambiare
iniziative di commercio e industria. Quindi un
viaggio molto veloce, di soli due giorni. Siamo
però riusciti ad essere presenti a Belo Horizonte per i festeggiamenti del 30esimo anniversario
della nascita della Fiat do Brasil; a San Paolo per
il convegno sull’internazionalizzazione e sugli
investimenti dell’Italia in Brasile e poi qui a Rio
con Petrobras per parlare di politica energetica
e di possibili investimenti comuni: in Brasile
sulle esplorazioni a grande profondità nel mare
per il petrolio dove la Saipem ha una tecnologia di avanguardia e di primordine nel mondo e
poi sui nuovi gasdotti con interesse per le nostre
aziende in questo settore. Poi ci siamo soffermati con particolare attenzione sui bio-carburanti:
biodiesel e bioetanolo, dove il Brasile è leader al
mondo con un’esperienza ultratrentennale e dove
l’Italia, nella diversificazione energetica, è interessata ad aprire questo percorso. Gli studi brasiliani sostengono che il costo dei biocarburanti è
inferiore di 1/3 al costo del petrolio ed è su costi
simili a quelli del gas. Quindi è una fonte interessante, rinnovabile e quindi inesauribile.
CI — Come considera la politica commerciale
tra i due paesi?
Scajola — I rapporti si sono intensificati, crescenti e sono significativi per entrambe le parti.
Vediamo aziende italiane come la Pirelli e la Fiat
che sono un po’ le motrici di questo processo.
Deve crescere ulteriormente . Abbiamo annunciato ieri a San Paolo, con grande soddisfazione del
presidente Lula, che l’Italia da giugno farà passare il rischio Brasile dalla categoria 2 a categoria
0. Questo significherà che le aziende italiane che
intendono investire qui non dovranno più subire
l’accantonamento bancario del 15%, che passerà
a zero. Dopo questo annuncio la platea ha interrotto il discorso con un fragoroso applauso.
CI — Il ministro Fulan ha citato la mancanza di
voli diretti per l’Italia vista la quantità di italiani. Pensate di intervenire su questo aspetto?
Scajola — Nell’incontro bilaterale che abbiamo
avuto non sono stati evidenziati questi aspetti.
Nel suo intervento ha detto riguardo all’ulteriore
possibilità di incremento che ci deve essere tra
i due paesi. Sono molto soddisfatto dell’accoglienza che loro riservano all’Italia, questo significa che gli italiani qui si sono fatti molto
ben volere, significa che i 25 milioni di italiani
che sono venuti in cento anni hanno prodotto
un grande consenso nei confronti dell’Italia. Lula e Furlan hanno poi apprezzato l’opera di internazionalizzazione e di aiuto.
CI — Come è nato questo incontro?
Scajola — Lula è venuto in Italia ad ottobre. In
realtà abbiamo avuto poco tempo per organizzare questo Forum ma il Sistema Italia in Brasile
ha risposto bene. I risultati sono stati positivi.
Più di 1700 incontri tra imprenditori sono avvenuti in due giorni.
CI — Come valuta la politica di questo governo per gli italiani all’estero e di questo voto
all’estero?
Scajola — Questo è il governo che ha dato il
voto all’estero. Ci ha lavorato Tremaglia, si sono
impegnati i parlamentari della Repubblica. Siamo riusciti a fare questo perché c’è il momento
favorevole. Ovvero una buona considerazione
dell’Italia nel mondo che valutiamo da un dato: l’export. Nella zona extra-UE è cresciuto del
7,6%. Se voi andate per le strade di New York
come quelle di San Paolo, di Bucarest, le vetrine e i ristoranti sono pieni dei prodotti italiani.
Si inserisce molto bene il voto degli italiani all’estero. C’è stato chi ha detto una cosa molto
azzeccata: gli italiani nel mondo sono 120 milioni, 60 giocano in casa e gli altri fuori. Questi’ultimi hanno svolto un ruolo ottimo all’immagine dell’Italia nel mondo.
‘Una rivista importante per il Sistema Italia’
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Assolan compra Etti por R$ 90 milhões
Com o novo investimento, a receita da empresa para 2006 deve crescer em torno de R$ 200 milhões
Christiane Bôa Viagem
S
Especial para Comunità
ÃO
PAULO (SP) — Um dos negócios
que marcou este último período o
mercado brasileiro foi a aquisição dos
ativos da Etti pela Assolan Industrial,
empresa da holding Monte Cristalina. A venda
da Etti, divisão de atomatados e vegetais em
conservas pertencente a Parmalat Alimentos
S/A, fazia parte das estratégias da Parmalat
de se reerguer do processo judicial pelo qual
passa. A efetivação desta compra está prevista para este mês de março com a homologação
do juiz responsável pela 1ª Vara de Falências
e sua publicação no Diário Oficial, um trâmite de acordo com a Lei de Falências. O acordo
para a compra da Etti passou primeiramente
pela aprovação do Conselho de Administração
da Parmalat, dos credores da empresa e da administração judicial.
Dentre as marcas pertencentes a Parmalat,
segundo a sua direção, a Etti foi a opção mais
interessante para a venda, pois é uma marca
forte, com 50 anos no mercado, e possui maior
liquidez. Este negócio foi considerado um passo importante para dar continuidade ao plano
de recuperação da Parmalat.
Para a Assolan, segundo o seu presidente,
Nelson Mello, a holding Monte Cristalina estava interessada em buscar um projeto na área
de alimentos que agregasse faturamento ao
que já é obtido pela Assolan.
— Com a oportunidade criada com a oferta do ativo Etti pela Parmalat, buscou-se um
diagnóstico rápido que resultou na nossa proposta — afirma Mello.
Com a conclusão do processo
de compra, a Assolan assumirá
a fábrica de atomatados da Etti, localizada em Araçatuba,
interior de São Paulo, que
possui cerca de 500 funcionários, os quais, segundo a
direção da Etti, serão mantidos pelos novos administradores. A aquisição inclui também todas
as linhas de produtos como os molhos prontos
(Salsaretti), catchup, condimentos, doces, geléias, legumes em conserva, extratos, polpas e
purê. Este negócio representa também um retorno do grupo acionista, a holding Monte Cristalina, ao segmento de alimentos.
— E acelera nosso crescimento [business
Assolan], acrescentando algo em torno de R$
200 milhões ao faturamento anual — completa Mello.
RAÍZES
Holding Monte Cristalina, pertencente ao Grupo Alves de Queiroz — antigos proprietários
da Arisco — forma uma nova empresa chamada Assolan Industrial Ltda.
A Etti foi fundada na década de 50 por
Carmelo Pauletti, como uma modesta fábrica
de processamento de azeitonas, em Várzea
Paulista. Em 1974 foi transferida para Araçatuba e, em 1979, adquirida pelo Grupo Fenícia, que controlava também as lojas Arapuã.
A Parmalat adquiriu
o controle da
unidade em
1998.
Foi na década de 1930 que a família Pardelli
iniciou as primeiras importações de esponjas
de aço para o Brasil. Na década de 1950, com
a aquisição de uma máquina vinda da Itália, começou a produção local voltada para o mercado
de produtos de limpeza doméstica. As primeiras
esponjas de aço com marca Assolan surgiram no
ano de 1958, nome criado a partir das palavras
lã e aço. Em 1996, a
empresa Pardelli foi
adquirida pelo Grupo
Arisco, passando por
outras fusões até o
final de 2001, quando a
Divulgação
Fotos: Ernane D. Assumpção
Reprodução
Economia
Ansa
Reprodução
Reuters
Notizie
TRENI SEMPRE IN RITARDO
PRESO IL BOSS BERNARDO PROVENZANO
D
opo 43 anni di latitanza, gli agenti della squadra mobile di Palermo
sono riusciti a prendere il capo dei capi della mafia. Bernardo Provenzano si nascondeva in un casolare vicino a Corleone, sua terra natale. Il
boss è stato trovato grazie ad un’azione di intelligence durata mesi e condotta con i metodi più tradizionali, cioè: pedinamenti e intercettazioni. A
stupire un po’ tutti sono state le prime immagini diffuse del più famoso
latitante del mondo. Oggi, con settantatre anni, è un vecchietto curvo dal
volto quasi dolce. Alla Polizia di Stato e al ministro dell’Interno, Giuseppe
Pisanu, sono giunti i complimenti di tutti gli schieramenti e le congratulazioni del Presidente della Repubblica, Carlo Azeglio Ciampi.
S
econdo un monitoraggio di Altroconsumo, 8 treni su 10 arrivano in ritardo a
destinazione, mentre il 42% si fa attendere
per oltre mezz’ora. Al Sud la situazione è
ancora più critica, con treni che ritardano
anche di sette ore, mentre il ritardo medio è
di 42 minuti. Un’attenzione speciale devono avere i pendolari, che tutti i giorni subiscono i disagi delle Ferrovie. Altroconsumo
chiede a Trenitalia di rivedere il sistema dei
rimborsi, intensificando l’orario e risarcendo
chi arriva tardi sul posto di lavoro, e che per
questo subisce un danno economico.
CESTINO A PRANZO
MISSIONARIO SPEZZINO
UCCISO IN BRASILE
C
E’
giallo sulla morte di mons. Bruno Baldacci, sacerdote spezzino da
anni missionario in Brasile che, secondo quanto riferisce la famiglia che vive alla Spezia, sarebbe stato assassinato questa mattina nella
sua abitazione di Vitoria da Conquista nello stato di Bahia. La morte sembra risalire alla notte precedente: in serata il sacerdote aveva coordinato
una riunione parrocchiale al termine della quale si era intrattenuto con
una o più persone nell’appartamento attiguo alla parrocchia. Cosa sia accaudto in quei concitati momenti non è dato sapere, fatto sta che questa
mattina la segretaria ha rinvenuto il corpo del sacerdote riverso a terra,
in sala, ormai privo di vita, molto probabilmente ucciso a bastonate.
Si ignorano i motivi alla base del delitto anche se l’ipotesi più probabile è quella di una aggressione a scopo di rapina. Don Bruno, 63 anni,
era in Brasile da 42 anni — riferisce la famiglia — e nel 1968 era stato
ordinato sacerdote dal cardinale Eugenio de Araujo Salles, attuale arcivescovo di San Salvador di Bahia. Alla Spezia vivono tre sorelle e un
fratello che hanno appreso la notizia della morte dalla polizia locale che
indaga sull’episodio.
on l’euro il prezzo della pizza raddoppia. Rispetto al 2001, rialzi del 109%
e i bar e ristoranti diventano locali d’oro.
Per chi deve mangiare fuori casa, torna la
moda forzata del cestino. Una grande percentuale dei lavoratori mangia attualmente
in ufficio, presso la propria scrivania, o insieme ai colleghi. Ma al contrario di quanto
si pensa, non è il panino il cibo prediletto,
ma sì paste, riso, minestroni e cibi precotti
da riscaldare al microonde. In pranzo in ufficio, però, comporta qualche inconveniente,
come la mancanza di spazi adatti e la mancanza di privacy.
CESTINO A PRANZO
C
on l’euro il prezzo della pizza raddoppia. Rispetto al 2001, rialzi del 109% e i bar e ristoranti diventano locali d’oro. Per chi deve mangiare
fuori casa, torna la moda forzata del cestino. Una
grande percentuale dei lavoratori mangia attualmente in ufficio, presso la propria scrivania, o insieme ai colleghi. Ma al contrario di quanto si pensa, non è il panino il cibo prediletto, ma sì paste, riso, minestroni
e cibi precotti da
riscaldare al microonde. In pranzo in
ufficio, però, comporta qualche inconveniente, come
la mancanza di spazi adatti e la mancanza di privacy.
PROROGA LEGGE TRENTINI
I
l Parlamento Italiano ha prorogato di 5
anni il termine per il riconoscimento della cittadinanza italiana ad emigrati dai territori austroungarici sancito dalla legge n.
379 del 14.12.2000.
DICHIARAZIONE DEI REDDITI
I
l Consolato Generale d’Italia di Rio de Janeiro comunica che i Modelli 730 e Unico
2005, eventualmente necessari per i contribuenti residenti in questa Circoscrizione consolare, potranno essere prelevati direttamente dal sito internet del Ministero dell’Economia e delle Finanze: www.agenziaentrate.it
22
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
23
Saúde
Saúde
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
Diabetes e
um futuro
que preocupa
D
Reprodução
OMA
24
Marchitelli: Doença pode ser hereditária e afeta crianças e jovens. Exercicio físico ajuda a combater o diabetes
sede, necessidade de urinar freqüentemente, fome excessiva e emagrecimento repentino. Uma
regra que vale para qualquer pessoa é a ingestão
de todo tipo de alimento, dando preferência a
verduras, frutas e carnes magras, evitando, principalmente, pão, massas e doces em grandes
quantidades. Praticar algum esporte, ou pelo
menos fazer uma caminhada diária de 30 minutos, é um outro hábito importante para evitar o
aparecimento da doença — alerta a médica.
Outro fator que pode gerar alteração do valor
da glicemia no sangue vem da combinação de
alguma pré-disposição genética somada à utili-
zação de remédios por um longo período, como
no caso de terapias com cortisona. As mulheres
em menopausa e em sobrepeso precisam ter uma
atenção especial, porque possuem uma pré-disposição maior ao diabetes. No caso de gestantes, a doença pode ocasionar parto prematuro,
aborto repetitivo e a criança pode ter crise hipoglicêmica no momento de seu nascimento,
podendo a entrar em coma.
Para o futuro, Marchitelli acredita que os
diabéticos vão encontrar no mercado um spray
nasal que substitua a injeção de insulina e o
transplante de células tronco. (A.P.T)
oses altas de suplementos vitamínicos podem aumentar o risco de préeclâmpsia durante a gravidez, diz um estudo feito pela organização beneficente
britânica Tommy.
Mulheres grávidas em todo o mundo
são afetadas pela condição, que provoca
um aumento na pressão sangüínea da mãe,
colocando em risco a sua vida e a do bebê.
A doença é hipertensiva e tem sido associada a produção de moléculas altamente
tóxicas, conhecidas como radicais livres,
pela placenta. Cerca de 2,4 mil mulheres
grávidas com pressão alta, problemas nos
rins, diabetes e dificuldades de coagulação
ingeriram vitaminas ou um placebo. Os pesquisadores descobriram também que a préeclâmpsia apareceu uma semana antes nas
mulheres que tomaram vitaminas. O índice
de nascimentos de bebês com peso abaixo
da média também foi 15% mais alto entre
essas mulheres.
Há quatro variações de TPM:
Tipo A: o sintoma principal é a ansiedade. Porém podem aparecer a agressividade, irritabilidade, tensão nervosa e aquela sensação de estar “no limite”;
Tipo H: prepondera à retenção hídrica. Neste tipo, são comuns alterações físicas, como o inchaço, volume no abdômen, dores mamárias e ganho de peso;
Tipo C: a cefaléia (dor de cabeça) destaca-se entre os demais sintomas. Pode também apresentar a fadiga e o aumento de apetite (principalmente os doces).
Tipo D: a depressão é o principal sintoma. Está associada à insônia, ao choro fácil, ao desânimo e ao esquecimento.
PESQUISA COM TESTÍCULOS
C
ientistas alemães disseram que o testículo
humano pode ser usado como fonte para
pesquisas de células-tronco. Esse tipo de célula vem sendo apontado como a grande promessa
para tratamentos de várias doenças devido a sua
capacidade de se transformar em diferentes tipos
de tecidos. As pesquisas vêm sendo cercadas de
polêmica, já que, até agora, a forma mais flexível de célula-tronco foi encontrada em embriões
humanos. De acordo com o estudo publicado na
revista científica Nature, as células de testículos
podem oferecer uma alternativa aos pacientes.
SEM ASAS
Reprodução
As estimativas mostram que existe uma predominância de mulheres com diabetes. Cerca de
10% a mais do que os homens.
A obesidade é considerada o principal fator de risco. Mais de 1,1 bilhão de pessoas tem sobrepeso e 320 milhões são obesas.
A doença cardiovascular é o maior problema de saúde pública e o maior causador de mortes
em países industrializados.
Os custos anuais diretos com os cuidados com as pessoas com diabetes, entre 20 e 70 anos,
são de aproximadamente 153 bilhões de dólares.
(Fonte : International Diabetes Federation IDF)
BEBÊ ESTRESSADO
TRANSPLANTE DE TÓRAX
BEBER SOCIALMENTE
D
R
P
ietas ricas em proteína e com pouco carboidrato devem ser evitadas durante a gravidez porque podem deixar o bebê estressado,
de acordo com uma pesquisa realizada no Reino
Unido. Cientistas acompanharam um grupo de
86 crianças nascidas em 1967 e 1968 de mães
que receberam instruções para comer quase
500 gramas de carne por dia para evitar complicações na gravidez. O estudo realizado pelas
Universidades de Edimburgo e de Southampton
descobriu que quanto mais carne a mãe comia,
mais alto o nível do hormônio cortisol, ligado
ao estresse, foi encontrado na criança.
ealizada em Nápoles a primeira cirurgia do mundo de reconstrução da caixa
torácica, com o transplante de osso retirado de um cadáver. O experimento foi feito
por especialistas italianos, no professor de
letras, Luigi Gentilella, de 64 anos. Gentilella, que tinha um tumor na parede anterior
do tórax, já havia perdido a esperança de
sobrevivência. Hoje, o transplantado não vê
a hora de voltar à vida normal, mas ainda é
preciso esperar três meses para ter certeza
do sucesso da cirurgia. O risco de infecção
continua alto.
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
esquisadores ingleses verificaram que
de 34 pacientes portadores de cirrose
hepática causada pelo álcool apenas 9%
tinham dependência severa da bebida. Segundo os especialistas, muitos pacientes
que apresentaram a doença do fígado mantinham relacionamentos estáveis, estavam
empregados e bebia apenas socialmente.
Apenas na Inglaterra, onde foi feita a pesquisa, as mortes relacionadas ao álcool aumentaram oito vezes desde os anos de 70.
A informação foi publicada na edição online
da revista British Medical Journal.
ABRIL 2006
/
Reprodução
R
— Dados da International Diabetes Federation (IDF) são incisivos e
preocupam: em 2025 vão existir cerca
de 243 milhões de pessoas com diabetes no
mundo. Atualmente, 122 milhões de indivíduos
sofrem com a doença, com uma incidência mas
acentuada nas áreas urbanas. A especialista em
patologia clínica de Roma, Daniela Marchitelli,
afirma que o diabetes — uma doença metabólica ligada à glucose — provoca muitos danos ao
organismo, como insuficiência renal, perda da
visão, distúrbios na circulação, problemas cardíacos, além da probabilidade de infecções de
naturezas variadas.
A doença pode ser hereditária (diabetes tipo
I), afetando até mesmo crianças e jovens, e necessita de tratamento com insulina. Há também
o diabetes causado pela alimentação (diabetes
tipo II), que é mais fácil de se tratar, através de
uma dieta alimentar e de medicação hipoglicemizante. Este último pode estar associado a fatores de risco como a obesidade, o fumo, a vida
sedentária, a menopausa e a idade avançada.
Segundo Marchitelli, é fácil de se diagnosticar
o diabetes.
— Aconselho um exame de sangue anual
para saber o valor da glicemia. Mas o paciente
também pode apresentar sintomas como muita
ECLÂMPSIA
ados apontam que a famosa Tensão Pré-Menstrual
(TPM) atinge mais de 18,5 milhões de brasileiras
de 10 a 49 anos. Nada menos do que 80% das mulheres em fase reprodutiva apresentam sintomas típicos,
como irritabilidade, depressão, aumento de apetite
e dores de cabeça. As mulheres mais sujeitas a este
problema são aquelas que sofrem de algum episódio
depressivo ou possuem algum parente com problemas
de humor, assim como aquelas que tiveram depressão
pós-parto. Outras causas médicas apontadas como
agravantes da TPM são anemia, distúrbio autoimune,
hipotireoidismo, diabetes, epilepsia, endometriose,
síndrome da fadiga crônica e doenças do colágeno.
Reprodução
Mulheres em menopausa e
acima do peso e gestantes
precisam de atenção especial
D
Reprodução
Reprodução
Miguel Ugalde
TPM ‘A BRASILEIRA’
BATATA FRITA, A ‘VILÃ’
B
atatas fritas são praticamente uma unanimidade. Afinal, ninguém resiste àqueles
palitinhos ou às porções redondinhas, amarelas
e crocantes. O problema é que as benditas têm
muitas calorias e gordura. E, se abusar, vai engordar. Além de ver as taxas de colesterol dispararem. Acompanhar as calorias ingeridas e
controlar a tentação das batatas é fundamental.
Uma grande porção tem, em média, 440 calorias.
Vai encarar?
COMUNITÀ ITALIANA
A
s pessoas que misturam álcool com
bebidas energéticas se sentem menos
bêbadas do que realmente estão, sugere um
estudo realizado no Brasil. Uma equipe de
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comparou as reações em 26 homens, que ingeriram, durante três sessões,
álcool, energético ou uma combinação de
ambos. Quando foi bebida a mistura, eles
se sentiram menos debilitados, mas testes
físicos indicaram o contrário. Segundo os
especialistas responsáveis pelo experimento, no Brasil, assim como em outros países,
as pessoas acreditam que as demais bebidas
energéticas evitam a sonolência causada
pelo álcool e aumentam a capacidade de
energia do corpo.
25
Capa
Vittoria sofferta di Prodi
Unione vince alla Camera mentre al Senato è
decisivo il voto degli italiani all’estero
Ana Paula Torres
L
e votazioni del 9 e 10 aprile sono state
caratterizzate dal ritorno del proporzionale, dopo un decennio di maggioritario.
Il sistema proporzionale con premio di
maggioranza e soglie di sbarramento non permette di scegliere preferenze. L’elettore ha dovuto
esprimere il suo voto tracciando con la matita un
solo segno nel riquadro che conteneva il simbolo
della lista prescelta. Per l'elezione della Camera
hanno votato l’83,6% dei maggiorenni aventi diritto, i cui voti hanno eletto 618 deputati. Mentre
per l'elezione del Senato hanno votato l’83,5% di
coloro che, alla data di domenica 9 aprile, avevano compiuto 25 anni di età, ed hanno eletto
309 senatori. Per la prima volta nella storia della
Repubblica Italiana hanno votato gli elettori italiani appartenenti alla circoscrizione estero, suddivisa in 4 zone: Europa; Asia, Africa, Oceania,
Antartide; America Settentrionale e Centrale e
America Meridionale. Questi cittadini hanno eletto 12 deputati e 6 senatori.
Saranno ricordate come le elezioni più sofferte della storia della Repubblica Italiana. Il premio di maggioranza previsto dalla riforma della
legge elettorale ha mandato in tilt le previsioni.
Per la Camera, gli exit poll della Nexus davano
26
Correspondente • ROMA
all’Unione di Romano Prodi una percentuale tra
il 50 e 54%, contro il 45 e 49% della Casa delle
Libertà (Cdl) di Silvio Berlusconi. Ma la realtà è
stata molto diversa, con una vittoria dell’Unione
definita da un pugno di voti, circa 25 mila in più
della Cdl. Il vantaggio dell'Unione si è così ridotto
allo 0,1%. Alle 2:30 del mattino dell’11 aprile, dal
Viminale è finalmente arrivato il risultato finale.
Il centrosinistra ha toccato quota 49,8%, mentre
il centrodestra si è fermato al 49,7%. Con questo
risultato, all’Unione sono stati assegnati 348 seggi e alla Casa delle Libertà 281 seggi.
In un paese spaccato
in due, quello che
preoccupa di più
è il futuro politico
e il rischio di
governabilità
Anche nel caso del Senato, le previsioni degli
exit poll non sono state affidabili, visto che davano al centrosinistra un certo vantaggio, mentre dai veri risultati si è vista una situazione del
tutto rovesciata con la vittoria per un solo seggio da parte del centrodestra. Ma non era ancora
finita. Mancava aggiungere i voti degli italiani
all’estero, che sono stati decisivi per l’elezione
del Senato, ribaltando nuovamente il quadro e
portando alla vittoria l’Unione di Prodi.
Il risultato iniziale era dell'attribuzione di
155 senatori alla Casa delle Libertà e 154 all'Unione. Con il voto degli italiani all’estero, il
quadro è cambiato nel seguente modo: 158 senatori all’Unione contro 156 per la Casa delle
Libertà. In questo modo, l’Unione ha avuto la
maggioranza non solo alla Camera, ma anche
al Senato. Quattro dei sei senatori eletti dagli
italiani all'estero sono stati scelti a larga maggioranza dalle liste dell'Unione, uno è andato a
Forza Italia, e il sesto alla lista indipendente
"Associazione Italiani in Sudamerica". Da quanto emerge, l’Unione potrebbe avere l’appoggio
del senatore eletto tramite la lista indipendente. Infatti, Luigi Pallaro, eletto in Argentina,
ha già annunciato che darà il suo sostegno alla
maggioranza. Però, 158 seggi non costituiscono
la maggioranza assoluta per il Senato, che è di
162 voti. Ciò vuole dire che l'Unione dovrà assicurarsi il voto di almeno quattro senatori a vita,
che attualmente sono: Giulio Andreotti, Emilio
Colombo, Francesco Cossiga, Rita Levi Montalcini, Giorgio Napolitano, Sergio Pininfarina, Oscar
Luigi Scalfaro.
Il primo a dire "Abbiamo vinto" è stato Piero Fassino, leader dei Ds. Subito dopo, nel cuore della notte romana, Prodi è andato a salutare
le migliaia di militanti che si trovavano a piazza
Santi Apostoli: "Abbiamo vinto, da oggi si volta
pagina". Ma poco dopo, Paolo Bonaiuti, portavoce di Silvio Berlusconi ha rilasciato una dichiarazione: "La Cdl contesta che il centrosinistra abbia
vinto politicamente le elezioni, perché la Cdl ha
vinto al Senato con oltre il 50% e 350 mila voti di
differenza – e continua dicendo che la Cdl - chiederà una verifica dei conteggi e dei verbali". Ma
l'Unione continua a festeggiare, e Prodi annuncia:
"Governeremo 5 anni uniti dopo questa vittoria
bella, sofferta e incontestabile – e aggiunge – E'
stata una vittoria molto sofferta, ma dicevamo
che bastava un voto, ne abbiamo avuti un po' più
di uno e quindi è una vittoria bella e incontestabile. E' stata come una maratona – e a Bonaiuti
ha risposto – Si rivolga al Viminale".
Anche Massimo D’Alema ha espresso la sua
opinione dopo la vittoria del centrosinistra annunciata dal Ministero dell’Interno: "L'importante è aver vinto. Ora dobbiamo unire il Paese che
queste elezioni hanno dimostrato essere diviso in
modo preoccupante". E l’Ulivo ha risposto così
alle dichiarazioni della Casa delle Libertà: "Perdere fa male e rende ancora più inutile chiedere per
l'ennesima volta il rispetto delle regole anche nel
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
SENATO: 315 seggi
Partiti Seggi
Democratici sinistra — 62
DL. La Margherita — 39
Rifondazione Comunita — 27
Insieme con l’Unione — 11
Di Pietro Italia dei Valori — 4
Udeur Popolari — 3
L’Unione — SVP — 3
Svp — 2
Lista Consumatori — 1
L’Ulivo — 1
Autonomie Liberté Democratie — 1
Voto italiani residenti all’estero — 4
TOTALE UNIONE — ROMANO PRODI — 158
Forza Italia — 78
Alleanza Nazionale — 41
Udc — 21
Lega Nord — 13
Casa delle Libertà — 2
Voto italiani residenti all’estero — 1
TOTALE CDL — SILVIO BERLUSCONI — 156
Voto italiani residenti all’estero (lista
indipendente) — 1
CAMERA: 630 seggi
Partiti Seggi
L’Ulivo — 220
Rifondazione Comunista — 41
La Rosa nel Pugno — 18
Comunisti Italiani — 16
Di Pietro Italia dei Valori — 16
Verdi — 15
Udeur Popolari — 10
Svp — 4
Antonomie Liberté Democratie — 1
TOTALE UNIONE — ROMANO PRODI — 348
Forza Italia — 137
Alleanza Nazionale — 71
Udc — 39
Lega Nord — 26
Dc—Nuovo Psi — 4
TOTALE CDL — SILVIO BERLUSCONI — 281
Italiani residenti all’estero (lista
indipendente) — 1
conteggio dei voti. La Cdl, dopo aver svolto una
campagna elettorale al limite della decenza e nella piena violazione della par condicio, questa volta non vuole nemmeno ammettere l'esito elettorale e il voto democratico di milioni di italiani".
In un Paese spaccato in due, quello che
preoccupa di più è il futuro politico e il rischio
di governabilità. Da Berlusconi arriva l’idea di
un governo comune: "Con il Paese diviso in
due, 50%-50%, occorre sedersi a un tavolo e
fare come in Germania". Il premier dice di non
avere "ambizioni personali" lasciando capire di
essere disponibile a fare un passo indietro, ma
di pensare "al bene del Paese" e si dice pronto
a incontrare Prodi "quando ci sarà la certezza
ABRIL 2006
/
dei numeri". Insomma, una proposta chiara di
grande coalizione, perché "è interesse di tutti i
cittadini, un governo che coinvolga tutte le forze. Sarebbe da irresponsabile escludere dal gioco
democratico la metà del Paese". Ma Berlusconi
mette in dubbio anche la legittimità del voto all’estero: "sul voto degli italiani all'estero ci sono
molte irregolarità ed il voto potrebbe non essere
valido". Mentre dal centrosinistra sono arrivati i
primi commenti: "E' grave insinuare che l'esito
elettorale sia stato falsato, alterato o manipolato e ciò dimostra la volontà di sovvertire l'ordine
reale dei fatti: la vittoria indiscutibile del centrosinistra. Berlusconi accetti la legge elettorale
imposta dal centrodestra: oggi, con un solo voto
in più si vince". E Prodi risponde alla proposta di
Berlusconi: "Riguardo alla grande coalizione, ci
siamo presentati alle elezioni con una coalizione precisa e la legge elettorale ha assegnato un
numero di parlamentari alla Camera e al Senato
che ci permette di governare".
Anche per Piero Fassino sarà possibile governare con questo risultato: "Abbiamo una
maggioranza solida con cui si può governare bene sia alla Camera sia al Senato – e sottolinea
– Una maggioranza solida perché c'è un grado di
coesione forte di una coalizione che si identifica in un leader forte come Romano Prodi". Per
il capogruppo di Forza Italia al Senato, Renato
Schifani è invece difficile che Prodi possa governare: "Dubito fortemente che Prodi avrà una
forte capacità governativa con questi numeri. La
metà del paese ha votato Berlusconi, Prodi ha
sostenuto in passato che lo avrebbe cacciato
dall'Italia e invece non è stato così".
Fatto è che il Presidente del Consiglio non
ammette di aver perso e dice ancora: "Riconosceremo la vittoria dell'Unione, solo dopo la verifica
del voto. Oggi nessuno può dire di avere vinto.
In un comune della Sicilia abbiamo preso 1096
voti e ce ne hanno riconosciuti solo 96. Al Senato abbiamo la maggioranza assoluta dei voti.
Alla Camera l'Unione ha una risicata maggioranza relativa – e continua – I dati elettorali presentano molti, troppi lati oscuri".
Riguardo il comportamento del premier, il
leader della Margherita, Francesco Rutelli, commenta: "Da chiunque ha perduto
le elezioni, pur avendo condotto una
battaglia estremamente forte, mi attendo il riconoscimento della sconfitta che è
di misura ma inequivocabile – e continua
– sarebbe un gesto di grande responsabilità e serietà dar atto a Prodi di aver
vinto, come avviene in tutte
le democrazie".
Nell’esprimere
la
sua opinione a proposito delle elezioni,
il sindaco di Roma,
Walter Veltroni ha
detto: "Ho apprezzato le parole di Prodi
che ha detto
che si propone
di governare
rispettando le
opinioni anche
di chi non lo
COMUNITÀ ITALIANA
ha votato. Bisogna ritrovare lo spirito nazionale
cui a più riprese ci ha richiamato il Presidente
della Repubblica".
E, come se non bastassero le polemiche collegate alle elezioni due giorni dopo la chiusura
dei seggi, alcune centinaia di schede elettorali
timbrate e votate regolarmente sono state trovate dentro scatoloni abbandonati, vicino ad un
cassonetto della spazzatura nel quartiere Tuscolano della capitale. La Procura di Roma ha aperto un'inchiesta, ma sembra che le schede erano
state già conteggiate nei verbali consegnati alla
Prefettura, dato che in questo seggio era attivo
il servizio di scrutinio elettronico.
Da adesso in poi sarà necessario lasciare da
parte le polemiche e pensare ai primi appuntamenti. E’ stata fissata per il 28 aprile la prima
riunione della Camera, quando si inizierà la procedura per designare i vertici di Camera e Senato, mentre il 18 maggio scade il mandato del
Presidente Carlo Azeglio Ciampi, quando dovrà
essere presentato il nuovo capo dello Stato. Per
il 28 e 29 maggio, l’appuntamento invece sarà
con le elezioni amministrative.
Tra le varie congratulazioni ricevute da Prodi
per la vittoria, sarà sicuramente arrivata anche
quella del Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. I
due leaders si sono incontrati in Italia, nell’ottobre dell’anno scorso, presso la sede
dell’Ambasciata del Brasile a
Roma. Era proprio il giorno
delle primarie dell’Unione
in cui Prodi veniva eletto
candidato del centrosinistra per le elezioni ora concluse. Chissà se Lula avrà la
stessa sorte del collega italiano
il prossimo ottobre?
27
Capa
Deu tango!
Brasil perde para a Argentina, que terá quatro
representantes no Parlamento Italiano
R
Rosangela Comunale e Renata Gonçalez
SÃO PAULO — Nenhum candidato
do Brasil ganhou a eleição que dispôs
três cadeiras para o Congresso e duas
para o Senado italiano. Nossos vizinhos
portenhos levaram a melhor. A bancada da circunscrição sul-americana no Parlamento da Itália será formada basicamente por representantes
vindos da Argentina, que é o maior colégio eleitoral da América Latina.
Foi também deste mesmo país que foi eleito
o senador com maior número de votos no exterior: Luigi Pallaro, da lista independente Associazioni Italiani in Sud America (Aisa), preferido
por quase 50 mil eleitores. Acompanhado dele
no Senado, estará Mirella Giai (Unione), também
da Argentina.
Para o Congresso, o país de Eva Perón, também figurará como maioria, já que terá Ricardo
IO E
Merlo (Aisa) e Giuseppe Angeli (Per l’Italia nel
Mondo con Tremaglia). Com eles, estará a representante da Venezuela, Marisa Bafile (Unione).
Alguns dados numéricos podem explicar a
vitória dos candidatos da Argentina. Dos cerca
de 3.5 milhões de cidadãos italianos no exterior
[circoscrizione estero], 52% são da América do
Sul. Só para se ter uma idéia, a Argentina possui
um total de 379 mil eleitores, sendo que na capital Buenos Aires existem quase 144 mil. Pouco
menos que o Brasil inteiro com seus 173.380
votantes.
Segundo o membro do Comitato degli Italiani all´Estero (COMITES) e do Consiglio Generali
degli Italiani all´Estero (CGIE), Claudio Pieroni,
a maioria argentina da bancada pode enfraquecer a política relacional com outros países da
América do Sul.
— Quanto ao Brasil, realmente me sinto envergonhado pelos resultados. Que preço iremos
pagar com o fato de não termos um parlamentar
nosso? Isso já ficou evidente na primeira entrevista concedida pela senador Pallaro à agência Ansa.
E nós, dos outros países da América do Sul, como
ficamos? Ou a América do Sul é só a Argentina?
— lembra Pieroni, referindo-se ao discurso feito
pelo ítalo-argentino no dia 11 de abril, quando
deixou claro que irá a Roma para defender um
novo tipo de relação entre Argentina e Itália.
No entanto, há quem acredite em terras brasileiras [com 17 candidatos em oito listas], que
o processo eleitoral deva também ser aprimorado. Principalmente depois de terem sido constatados fatores que atrapalham o mecanismo da
votação. Dentre eles, estão a falta de conhecimento sobre os candidatos e o curto tempo de
campanha política.
Mesmo assim, os números podem até ser considerados expressivos: pouco mais de 75 mil cidadãos italianos residentes no Brasil participaram
das eleições. O Consulado de São Paulo enviou
a maior quantidade de envelopes de votação, alcançando o retorno de 44, 72% dos que foram enviados. Em termos de proporção, ficaria na frente
o de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que chegou
a receber 52,94% do total expedido.
O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de
Comércio e Indústria, Edoardo Pollastri, que
também foi candidato ao Senado pela Unione,
lamentou os resultados:
— Os italianos residentes no Brasil perderam
uma grande oportunidade. Considero de extrema
importância que tivéssemos um representante
influente lá. Isso é, a comunidade italiana do
Brasil foi infelizmente privada de ter pelo menos
um parlamentar na Itália — salienta.
No Rio de Janeiro, quase oito mil eleitores votaram na eleição que escolheu o bolognese Romano
Prodi como primeiro-ministro. Segundo o cônsul
geral da Itália, Massimo Bellelli, houve alguns
transtornos no mecanismo de envio das cédulas
e, conseqüentemente, mais de dois mil envelopes
foram devolvidos sem chegarem a seus destinos.
— Atualizamos mais de dez mil endereços no
fim de 2005. Só que os municípios italianos tiveram dificuldades em fazer as modificações em
tempo hábil. Mas, sem dúvida, um dos maiores
problemas que tivemos foi a falta de conhecimento e de informação dos eleitores sobre estas
eleições — diz o cônsul.
Ainda segundo Bellelli, uma atenção especial deve ser dada em relação aos votantes do
exterior, principalmente devido às diferenças
nas dimensões territoriais.
— Devemos levar em consideração a realidade do exterior, principalmente um país grande
como o Brasil. Nós, por exemplo, recebemos a
autorização para o andamento da campanha em
Pouco mais de
75 mil cidadãos
italianos no Brasil
participaram
das eleições
meados de março, ou seja, poucos dias antes do
término do prazo de envio dos envelopes, que
foi em 07 de abril. E ainda, os candidatos só tiveram suas candidaturas reconhecidas em 12 de
março. Muitos envelopes chegaram até depois
do tempo estabelecido — comenta.
Nem mesmo os transtornos gerados pelo vai-evem dos envelopes eleitorais conseguiram abalar
o contentamento do ministro per gli Italiani nel
Mondo, Mirko Tremaglia. Ele foi pessoalmente ao
aeroporto de Fiumicino presenciar a chegada das
315 mil cédulas que vinham da América do Sul.
— Foi um esforço político e uma organização excepcionais para este acontecimento
histórico. Tivemos certamente alguns problemas
que foram superados. Mas o sucesso é inegável e
o mérito vai para todos os nossos compatriotas
espalhados pelo mundo — revela.
Presença de parlamentares italianos no mundo
Ripartizione Europa
Camera
Franco Narducci Unione 28.839
Arnold Cassola Unione 19.192
Gianni Farina Unione 18.403
Massimo Romagnoli Forza Italia 8.323
Guglielmo Picchi Forza Italia 5.286
Antonio Razzi Italia dei valori 1.865
Senato
Claudio Micheloni Unione 47.891
Antonella Rebuzzi Forza Italia 13.449
Ripartizione Centro e Nord America
Camera
Gino Bucchino Unione 10.332
Salvatore Ferrigno Forza Italia 10.093
Senato
Renato Turano Unione 11.634
Ciscoscrizione estero in numeri: In totale, gli elettori
italiani residenti all’estero sono 2.623.382 (per la Camera) e 2.358.521 per il Senato. L’Europa è la circoscrizione con il più alto numero di elettori (1.549.718 alla
Camera e 1.383.262 al Senato). L’America meridionale
ne ha 653.628 (584.815 Senato), l’America Settentrionale e Centrale 274.039 (257.646). Asia, Africa, Oceania e Antartide hanno 145.997 aventi diritto per la
Camera e 132.798 per il Senato.
Ripartizione Sud America
Camera
Ricardo Merlo Aisa 43.057
Marisa Bafile Unione 17.763
Giuseppe Angeli Lista Tremaglia 11.443
Senato
Luigi Pallaro Aisa 49.903
Mirella Giai Unione 18.506
Ripartizione Asia Africa e Oceania
Camera
Marco Fedi Unione 11.494
Senato
Nino Randazzo Unione 11.329
Confira
númerodedevotos
votospor
por
candidato
Brasil:
Confira oonúmero
candidato
no no
Brasil:
SENADO
Walter A. Petruzziello (Aisa) 12.158
Niccolò Mazzola (Tremaglia) 2.793
Corrado Bosco (Usei) 3.280
Antonio A. Chianello (Forza Italia) 8.064
Edoardo Pollastri (Unione) 18.376
CONGRESSO
Natalina Berto (Unione) 11.658
Fabio Porta (Unione) 14.693
Arduino Monti (Unione) 2.387
Diego Tomassini (Forza Italia) 6.624
Antonio Laspro (Tremaglia) 4.080
Piero S. Ruzzenenti (Tremaglia) 1.397
Adriano Bonaspetti (Aisa) 21.425
Luigi Barindelli (Tremaglia) 4.776
Gianni Boscolo (Aisa) 10.436
Sandro Pollastrini (Forza Italia) 1.373
Claudio Pezzilli (Udeur) 430
Marzio Arcari (Lega Nord) 742
Mas para um dos candidatos brasileiros a
senador pela lista Unione Sudamericana Emigrati
Italiani (Usei), Corrado Bosco, a votação por correspondência é questionável. Segundo ele, fatores
operacionais dificultaram a votação no Brasil.
— Cerca de dois milhões de eleitores não
estão na lista do Ministério das Relações Exteriores. Daí, diz-se que os comuni também não
estão atualizados. A burocracia é tanta que mais
de 40% dos cidadãos não conseguem votar. Muitos nem souberam da campanha. Afinal de contas, nem todos têm TV a cabo para acompanhar
as notícias da Itália — questiona Bosco, sugerindo que os eleitores poderiam ser contactados
através das “anágrafes” [cadastros] consulares.
Para Adriano Bonaspetti (Aisa), o candidato
a deputado mais votado no Brasil, o sistema
do voto por correspondência também deve ser
aperfeiçoado já que, segundo ele, até cidadãos
falecidos constavam nas listas de votantes.
— Faltou atualização dos dados. Até pessoas
já falecidas constavam na lista. Tiveram cinco
anos para pôr os dados em ordem, já que a lei
459 [que rege as normas para o voto do exterior]
foi criada em 2001. Mesmo assim, tenho que comemorar. Fui o mais votado com quase 22 mi
votos — declara.
DECISÃO QUE VEIO DE FORA
Numa apuração que durou quase 28 horas em
meio a uma disputa acirrada entre Silvio Berlusconi e Romano Prodi, o Senado acabou mesmo ficando por conta da decisão dos cittadini
all’estero.
— Os votos dos italianos no exterior demonstrou que realmente podemos decidir o
futuro do nosso país. Ninguém imaginava que o
resultado seria definido por nossa conta — afirma Bellelli.
Dos 900 mil eleitores que votaram, 40% optaram pela coalizão Unione e 21% preferiram a
Casa das Liberdades (CDL) de Berlusconi.
Ao fim, a coalizão de Prodi foi a vencedora nas
eleições legislativas conseguindo 158 cadeiras das
315 no Senado e 342 vagas das 630 da Câmara de
Deputados, onde a vitória aconteceu por apenas
25.224 votos — menos de 0,1 ponto percentual.
De acordo com o historiador João Fábio Bertonha, o fato não surpreende historicamente. E
mais: segundo ele, a situação política italiana
não deverá mudar muito.
—- É natural que a decisão ficasse por conta
do exterior já que os italianos de lá estão confusos. A verdade é que a Itália está dividida com
uma metade para a centro-esquerda e a outra
para a centro-direita, o que gerará instabilidade. Antes também era assim porque tínhamos
a Democracia Cristã e o Partido Comunista. Nos
últimos 20 anos, a margem de diferença na vitória sempre foi pequena — analisa.
O historiador vai além e tece uma previsão
sobre o governo de Prodi. Segundo ele, o novo
primeiro-ministro enfrentará desafios.
— Agora acontecerá o inverso com a oposição no poder depois desses resultados apertados. O Prodi enfrentará quase a metade do
Parlamento. Já o Berlusconi, como primeiro-ministro, tinha a maioria com ele, o que era bem
mais confortável. Governar a Itália será difícil
— prevê Bertonha.
29
Capa
Capa
Quem não
se comunica...
Sem informações mais amplas sobre os candidatos do Brasil ao
Parlamento italiano, houve até quem votasse em representantes
políticos com plataformas pouco conhecidas
F
alta de esclarecimentos e, mais ainda, de
tempo. Os dois fatores, segundo alguns
eleitores, representaram uma espécie de
fórmula fatal para que o Brasil não contribuísse de forma mais significativa durante o
processo de eleição para o Parlamento italiano.
Em meio aos quase 174 mil eleitores espalhados
pelos estados brasileiros, houve até quem votasse em candidatos com plataformas de governo
insuficientemente conhecidas.
Assim aconteceu com o estudante Gustavo
Carrilho Santoro, de 24 anos, do Rio de Janeiro. Ele recebeu o envelope com as cédulas de
votação poucos dias antes do prazo de envio
ao consulado.
— Eu não conhecia os candidatos e acabei
decidindo em quem votar em cima da hora. Não
Rosangela Comunale
tive tempo hábil para buscar mais informações,
até mesmo porque o envelope chegou à minha
casa cerca de quatro dias antes do prazo para o
envio — lembra o estudante.
Mas os obstáculos não pararam por aí para a
família Santoro, residente no bairro do Leblon. A
mãe de Gustavo, a advogada Maria Lúcia Carrilho
Santoro, 59 anos, não recebeu o envelope com
as cédulas de votação.
— Nem sabíamos que podíamos votar no
próprio consulado [no Rio de Janeiro, ao contrário da maioria dos estados brasileiros, uma
caixa de correspondência foi instalada em um
dos departamentos consulares para dar agilidade à votação] . Fomos realmente pegos
de surpresa e despreparados para a votação
— analisa.
Um pouco mais ao Sul do país, a situação
também se repetiu. Para o gerente administrativo Juarez César Frasseto, 53 anos, residente
em Florianópolis, Santa Catarina, esta seria a
primeira eleição na qual participaria. No entanto, as cédulas para a votação não foram por
ele recebidas.
— Procurei contatar o vice-consulado da minha região mas não obtive êxito. Ligava e ninguém atendia. Achei que pudesse participar desta eleição para o Parlamento. Mas, infelizmente,
não consegui — lamenta Frasseto.
Segundo o publicitário Sérgio Ricardo Guizzardi, 44 anos, um dos representantes ativos
da comunidade italiana em Vitória, no Espírito
Santo, os eleitores estavam muito confusos para a votação. Segundo o eleitor, eles buscavam
informações mas o curto período de tempo de
campanha — dois meses — não permitiu a concretização de um voto mais consciente.
— Eu recebi pelo menos umas 20 ligações
por dia. Eram amigos que queriam esclarecimentos sobre os candidatos pois estavam confusos.
Esta campanha deveria ser feita com mais antecedência para que o eleitor pudesse melhor conhecer os candidatos e suas tendências políticas
— reflete Guizzardi.
Em São Paulo, a jornalista Luciele Velluto,
23 anos, moradora de São Bernardo do Campo, apreciou a simplicidade no mecanismo
da votação, mesmo admitindo um certo desconhecimento em relação às plataformas dos
candidatos.
— Não achei nem um pouco difícil votar, aliás, o procedimento é bem simples. O mais complicado foi escolher o candidato. Tive que pedir
ajuda para uma tia que estava mais por dentro
— revela a jornalista.
De acordo com o Ministero degli Affari Esteri, os eleitores que não haviam recebido o
envelope até a data de 26 de março último,
deveriam dirigir-se ao próprio Consulado para verificar a sua situação eleitoral e solicitar
uma segunda via.
Mesmo com todos os percalços ocorridos no
Brasil, de acordo com dados da Farnesina [chancelaria italiana], a América Latina registrou o
maior número de participação eleitoral com
44,37%, seguida pelo grupo África-Ásia-Oceania
(42,04%), Europa (35,42%) e América do Norte
(33,94%).
Expectativa frustrada
Renata Gonçalez
S
Especial para Comunità
PAULO — O favorecimento das relações comerciais, sociais e culturais da
Itália com o mundo, bem como a atualização da imagem do italiano moderno,
será foco das próximas medidas políticas voltadas para os italianos residentes no exterior. A
afirmação é do cônsul geral de São Paulo, Marco Marsilli, que assumiu o cargo há menos de
dois meses.
— Além de levar para Roma as reivindicações das comunidades a que pertencem, os
eleitos têm agora a missão de trazer de volta a
imagem da Itália moderna, o que irá favorecêla em diversos aspectos — afirmou o cônsul em
entrevista à Comunità.
ÃO
Comunità Italiana — De modo geral, como
o senhor avalia o resultado das eleições italianas?
Marco Marsilli — Não tenho muito a dizer sobre como o resultado das eleições irá refletir na
Itália, apenas que, a partir de agora, temos uma
situação na qual a oposição de ontem é a vencedora. Com relação à forma como as eleições
se desenvolveram no Brasil, creio que podemos
ficar satisfeitos com a boa representação nas urnas, que ficou em torno de 44% do eleitorado
italiano aqui residente.
CI — O senhor achou satisfatória a participação de quase metade do eleitorado ítalobrasileiro?
Marsilli — Sim, achei os 44% um ótimo resultado pelos mesmos motivos que acabei de mencionar [distância territorial e culturas diferentes].
Esse percentual superou inclusive as expectativas dos candidatos, que em reuniões feitas antecipadamente afirmaram que, se 40% do eleitorado participassem das eleições, já seria um
resultado ótimo.
CI — O que a comunidade residente no Brasil
perde ao não conseguir eleger nenhum representante do país?
Marsilli — Creio que ainda seja um pouco cedo
para avaliarmos se essa situação será desfavorável ou não a nossa comunidade. Mas é claro
que, o resultado sem nenhum eleito do Brasil,
nos deixa com um certo amargo na boca, porque
gostaríamos de ter alguém daqui sediado em Roma para nos representar, independentemente do
partido político, mas que pudesse representar os
interesses da comunidade daqui.
CI — Quais foram os erros cometidos pelas
candidaturas lançadas aqui no Brasil?
Marsilli — Em relação a isso tenho uma opinião
pessoal, que ao mesmo tempo é uma constatação óbvia. O alto número de cidadãos que se
candidataram no Brasil e a qualidade deles, todos de grande porte e importância para a comunidade italiana daqui, são fatores que trouxeram
algum desperdício [sic] de votos, além do fato
de estarem representados por diferentes partidos. Enfim, não houve um candidato único, e is-
ABRIL 2006
/
so, acredito, acabou por impedir que tivéssemos
um candidato brasileiro eleito.
CI — A comunidade ítalo-brasileira teme
que, por ser composta majoritariamente por
argentinos, a repartição da América do Sul se
transforme em uma “repartição argentina”. O
que o senhor acha disso?
Marsilli — Não é fácil de responder essa pergunta porque o voto no exterior é uma coisa
totalmente nova para a Itália. Mas acho que,
apesar da origem dos candidatos eleitos sugerir
‘O Brasil, segunda
maior comunidade
em termos
numéricos, não
pode ser esquecido’
uma representação mais forte do país de origem
deles, creio que essas pessoas quando chegarem
a Roma terão a responsabilidade de representar
além do país de residência, mas muito mais o
continente de proveniência, esse é o papel deles. Não são somente representantes da Argentina ou da Venezuela, mas sobretudo da América
do Sul. E sendo o Brasil a segunda maior comunidade em termos numéricos, não pode ser es-
COMUNITÀ ITALIANA
quecido, não pode ter suas aspirações e pedidos
não levados em conta.
CI — E como os italianos residentes em toda
a América do Sul podem cobrar essa postura
imparcial dos representantes eleitos?
Marsilli — É necessário que sejam estudadas
formas de ligação entre os deputados eleitos
com o continente de origem deles. Existem organismos como o CGIE (Consiglio Generale degli
Italiani ll´Estero) e os Comites (Comitato degli
Italiani all´Estero), que são unidades representativas das comunidades fora da Itália e que serão responsáveis pelo relacionamento com Roma
para troca de experiências, sugestões, reivindicações, enfim, esses organismos serão um importante elo de ligação.
CI — As longas filas de espera nos consulados
da Itália no Brasil para obtenção da cidadania italiana podem ter prejudicado a vitória
de um representante daqui para a Câmara e
o Senado?
Marsilli — Eu concordo, em parte, com isso. É
verdade que as pessoas regularmente cadastradas nos consulados representam somente uma
parte do eleitorado italiano do Brasil, mas o
mesmo acontece em países como Argentina, Venezuela e Chile. Também nestes países somente uma parte do eleitorado pôde participar das
eleições, esse é um problema geral do continente sul-americano.
CI — O senhor prevê alguma medida que possa melhorar e agilizar o serviço consular?
Marsilli — Esse problema da fila de espera para
a obtenção da cidadania italiana é um problema
de longo prazo. A nossa estrutura é muito limitada e, ainda que tenhamos equipes bastante
articuladas, não poderá ser grande para satisfazer todo mundo. Creio que teremos possibilidade
de estudar sistemas mais ágeis de atendimento, mas é claro que não podemos regularizar em
pouco tempo o que não foi feito em séculos. É
um problema que tem de ser enfrentado, mas
seria ilusório pensar numa solução rápida, porém é claro que podemos avaliar a possibilidade
a longo prazo.
CI — Na sua opinião, o que se pode esperar
a partir de agora em relação a políticas voltadas para o italiano residente no exterior?
Marsilli — O processo eleitoral em si foi de extrema importância, o exercício eleitoral despertou
um grande interesse da comunidade, o que é muito positivo. Sem dúvida, a presença de 18 pessoas eleitas no exterior irá despertar de uma forma
geral a atenção para os problemas dos italianos
fora da Itália. Ao mesmo tempo, essas 18 cadeiras
não representam muito no Parlamento, mas temos de considerar que é melhor do que nenhuma.
Portanto os pedidos e reivindicações terão uma
atenção maior do que no passado, porque essas
18 pessoas estarão lá trabalhando todos os dias e
a simples presença deles será motivo de considerar a Itália que mora fora da Itália.
31
Notizie
Politiche 2006
BERLUSCONI:
“NO ALL’ITALIA MULTIETNICA”
“N
MARISA BAFILE:
DAGLI EDITORIALI AI
PROGETTI DI LEGGE
Dagli editoriali ai progetti
di legge. Cambia così la vita di Marisa Bafile, giornalista
professionista italo-venezuelana, eletta alla Camera dei deputati con 17.763 voti nella ripartizione Sud America con la lista dell’Unione. Marisa
Bafile lavora dal 1982 nel quotidiano “Voce d’Italia”, unico giornale in lingua italiana dell’America Latina, fondato nel 1950. E’ stata per due
anni presidente del Patronato INCA in Venezuela,
e durante questo periodo ha partecipato a numerosi incontri continentali sui diritti degli italiani all’estero. Per la sua esperienza nel mondo
dell’emigrazione, la Bafile ha partecipato a Congressi Mondiali degli italiani all’estero. Da molto
tempo si occupa della problematica delle donne
emigranti ed è presidente dello spazio “Sportello Donna” creato dalla Camera di Commercio Venezuelano-Italiana.
“Come parlamentare degli italiani dell’America Latina”, sostiene Marisa, “sarà mio impegno
innanzi tutto lottare per il riscatto della valigia
di cartone, valigia dalla quale oggi è scaturita
una generazione di persone che appartengono
ai due mondi, che hanno un’ottima preparazione
accademica e possono rappresentare per l’Italia
un valore aggiunto di grande valore.
RICARDO MERLO BISSA
IL SUCCESSO DEL 2004
Il buon risultato della lista Associazioni Italiane
Sud America ha assicurato l’ingresso nel Parlamento
italiano al suo capolista alla Camera Ricardo Merlo, unico parlamentare “indipendente” ad assicurarsi un seggio.
Laureato in Scienze Politiche all’Università di
El Salvador, Ricardo Merlo è nato a Buenos Aires,
32
GIUSEPPE ANGELI:
ROSARIO GLI DEVE
UNA SCUOLA
Giuseppe Angeli, eletto alla Camera dei Deputati, con
10.443 voti, nella ripartizione
Sud America con la Lista Tremaglia, è nato il 5 aprile 1931 ad Orsogna, in provincia di Chieti. A 19 anni ha lasciato il paese natale, distrutto nei duri combattimenti della seconda
guerra mondiale.
Angeli si ì dedicato all’attività dell’imprenditoria edile fino 1963. Nel ‘64 ha fondato l’agenzia di turismo Transatlantica, oggi una delle più
importanti agenzie a livello nazionale. Tra i meriti indiscussi che gli vanno ascritti quello di
essere, dal 1986, membro fondatore della Scuola
Bilingue Edmondo de Amicis, che conta oggi circa 1000 alunni. Dal 1986 è presidente del COEMIT (COMITES) Comitato degli italiani all’Estero
e dal 1991 al 2004 é stato membro del C.G.I.E.
“Essere un italiano all’estero”, ha affermato Angeli, “significa essere sempre informati su
quello che accade in Italia ed anche essere consapevole di quello che succede nella terra che
abbiamo scelto per vivere. Io non rappresenterò
un partito politico, rappresenterò le ideologie e
il sentire di tutti gli elettori italiani dell’America
Meridionale. Il mio obiettivo prioritario è quello
di tutelare la lingua e l’identità culturale italiana, potenziando e favorendo interscambi tra la
collettività italiana in Argentina e l’Italia.”
MIRELLA GIAI ELETTA
SENATRICE AL
PARLAMENTO ITALIANO:
“UNA DONNA SEMPLICE
E TENACE”
Si chiama Mirella Giai la candidata de L’unione Ripartizione Sud
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
L
e presenze in Italia sono raddoppiate in tre anni, arrivando oggi ai 3 milioni e 300 mila stranieri, compresi
i 540 mila irregolari. Secondo la fondazione Ismu, gli stranieri rappresentano il 5,4% della popolazione, ma quasi il
32% di quella carceraria. Arrivano principalmente dall’Est
europeo, sono giovani e lavoratori. Gli albanesi sono i più
numerosi, seguiti dai romeni e dai marocchini. Poi ci sono
gli ucraini, i cinesi e i filippini. Se i flussi migratori dovessero continuare con lo stesso ritmo, l’Istat calcola che nel
2050 gli stranieri sarebbero più degli italiani.
DVD E LIBRO SULL’ERA BERLUSCONI
LUIGI PALLARO,
IMPRENDITORE ITALIANO
IMPEGNATO NELLA
COMUNITÀ
Tra le nuove entrate al Senato d’Italia una delle più attese
era quella di Luigi Pallaro, imprenditore
italiano di Buenos Aires. La sua lista, Associazioni Italiane Sud America, ha fatto incetta di
voti in Argentina ed è andata bene in tutto il
Sud America.
Luigi Pallaro è nato a San Giorgio in Bosco
(PD) il 27 Giugno 1926, sposato, padre di due
figlie, è attualmente presidente del COMITES di
Buenos Aires, consigliere eletto con il maggior
numero di preferenze nelle elezioni di marzo
2004 e riveste la carica di vice segretario generale del CGIE.
Presidente della Camera di Commercio Italiana nella Repubblica Argentina, consigliere di Assocamerestero, consigliere della Fondazione Culturale Coliseum, consigliere dell’Ospedale Italiano di Buenos Aires sono gli altri incarichi che
vedono il neo senatore impegnato a 360 gradi
nella comunità italiana.
Nel 1974, Pallaro ha fondato l’Associazione
Padovani nel mondo di cui diventa Presidente fino al 1989 e poi fino ad oggi presidente onorario;
nel 1976 è consultore della Consulta Regionale
del Veneto per l’Emigrazione, nel ‘77 consultore
Nazionale per l’emigrazione Italiana, a Roma.
Nel 2003 partecipa, quale presidente del Comites Buenos Aires, alla Commissione Continentale
Latino-americana del CGIE, tenuta a Montevideo,
Uruguay, dal 8 al 10 Maggio. Nel 2004 è stato
eletto al CGIE e successivamente eletto vice segretario generale per l’America Latina.
PIÙ DI 3 MILIONI GLI IMMIGRATI
S
i chiama “Quando c’era Silvio – Storia del periodo berlusconiano” un film documentario dei giornalisti Beppe Cremagnani ed Enrico Deaglio, regia di
Ruben Oliva. In vendita da marzo al prezzo di 17 euro, insieme al libro “Berlusconeide”, fa già discutere.
L’idea è stata quella di raccontare l’era Berlusconi e i
suoi miracolismi ormai arrivati alla fine. Si potrà scoprire un po’ di più del premier, come ad esempio, la
tomba che si fece costruire in casa, una sorta di mausoleo alla Tutankhamon, in
cui ci sono dei posti specifici non solo per lui, ma una stanza dedicata ai suoi
fedelissimi collaboratori.
MANCANO SACERDOTI IN ITALIA
A
Roma, il 10% delle parrocchie è retto da stranieri.
Con la crisi di vocazioni sacerdotali, il numero di
preti italiani di nuova ordinazione non riesce a coprire i
pensionamenti. Da anni i fedeli romani si stanno familiarizzando con volti e pronunce linguistiche straniere.
Il Lazio è la regione con il maggior numero di sacerdoti
stranieri, tra i quali, soprattutto polacchi, spagnoli, sudamericani e africani.
GIOVANI TRENTENNI
DIMENTICATI
L
a generazione dei trentenni italiani
si trova fuori dai posti di comando,
ai margini dei processi decisionali del
paese ed esclusa da incarichi dirigenzionali prestigiosi. L’età media della classe
dirigente italiana è superiore ai 65 anni,
quella in cui quasi tutti gli altri sono in
pensione. Secondo la ricerca, solo il 5%
dei leader italiani ha tra i 31 e i 40 anni,
e meno dell’1% meno di 30 anni. Mentre all’università i docenti ultracinquantenni sono
il 42%, contro il 27% di Spagna e Germania. Quelli con più di 60 anni sono il 22,5% a
differenza di Francia (13,3%) e Regno Unito (8%). I docenti italiani "under 35" sono
invece solo il 4,6% contro il 16% del Regno Unito e l’11,6% della Francia.
TRA GLI ITALIANI CRESCE LA
PASSIONE PER I PIATTI PRONTI
P
er 6 italiani su 10, a tavola ci si deve stare velocemente. Vanno di moda i risotti in busta,
pronti in soli due minuti, i primi piatti surgelati
come i bucatini all’amatriciana, le barrette di cereali, insomma, tutto ciò che sia gustoso e di facile preparazione. Tra le bevande più apprezzate,
si trovano le acque prive o povere di sodio e gli
energy drink, bevande che contribuiscono anche a
ridurre il consumo di alcol nelle discoteche.
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
Ana Paula Torres
Senato
America che con 18.506 voti è stata eletta al
Senato italiano. La Giai è nata in provincia di
Vercelli, ma residente a Rosario, in Argentina, dal
1951, dove si è trasferita con tutta la famiglia.
Sensibile ai temi dello sradicamento, della solidarietà e del servizio, ha lavorato nel Patronato
Inca di Rosario, ricoprendo nei vari anni il ruolo
di presidentessa per tutta l’Argentina. Attualmente la senatrice presiede la Famiglia Piemontese
ed è membro del Forum delle Donne Piemontesi
dell’Argentina. La Giai presiede il partito dei Democratici di Sinistra e L’Unione della Seconda Circoscrizione Consolare e nel 1984 è stata onorata
del titolo di “Cavaliere della Repubblica italiana”.
Una donna semplice e tenace che ha vissuto e sofferto il cammino dell’emigrazione, che considera
“prioritario lottare per la tutela dei diritti sociali,
giuridici ed economici che la Costituzione italiana
garantisce a tutti i suoi cittadini, siano essi dove
siano”: così si definisce la neoeletta senatrice.
Reprodução
Camara
44 anni fa. Fin da giovane si è dedicato alla comunità italiana. È stato consigliere nel CGIE. Oggi è
presidente del Comites di Buenos Aires, ed è stato, nelle elezioni per i Comites del marzo 2004, il
secondo candidato più votato al mondo con 7.450
voti per la “Lista Associativa e Federativa”.
In Argentina Merlo è anche presidente dell’Associazione Trevisani nel Mondo, presidente
onorario “Gioventù Veneta Argentina” e presidente dell’Utrim (Unione Triveneti nel Mondo).
Di professione imprenditore immobiliare, Merlo
si è anche specializzato in Italia nel ’90 in diritto, economia e politica della Comunità Europea.
È anche giornalista, direttore dei periodici “Titulares” e “L’aria veneta”.
Reprodução
R
— Dieci seggi all’Unione, quattro a
Forza Italia, due all’Aisa, uno alla Lista
Tremaglia e all’Italia dei valori. Questa
la distribuzione dei 18 seggi assegnati
alla circoscrizione estero in occasione del primo, storico e determinante voto degli italiani
all’estero. Molti i risultati attesi, poche le sorprese altrettante le delusioni.
Reprodução
oi non vogliamo un’Italia che diventi pluriculturale, plurietnica. Siamo fieri della nostra
cultura e delle nostre tradizioni", ha detto il primo ministro Silvio Berlusconi in una trasmissione di Radio
Anch’io, rispondendo a una domanda sull’immigrazione.
Favorevole all’accoglienza degli immigrati, ma contrario a una società multietnica, ha aggiunto: "Mi sono
venuti i brividi quando, parlando dell’insegnamento del
Corano a scuola, Diliberto ha detto che non c’è nessun
problema perché tra cinquant’anni avremo metà studenti cattolici e metà musulmani".
Circoscrizione Estero: L’Unione fa il pieno ma è Pallaro (Aisa) il più votato
Un solo seggio alla lista Tremaglia
OMA
Reprodução
Capa
Turismo
Aconchego
P
SEGURO (BA) — Os portugueses
podem até ter descoberto o Brasil há
500 anos. Mas hoje são os italianos que
desfrutam das belezas da cidade de Porto
Seguro, na Bahia, onde os lusitanos pisaram pela
primeira vez em pindorama. Ao andar pela cidade baiana o idioma italiano pode ser ouvido em
todos os cantos. A sensação é de que se está em
alguma região da costa da Sicília, porém com um
leve tempero baiano. Porto Seguro é mesmo única. É difícil descrever as belezas naturais encontradas naquele paraíso. Que o diga a cantora paraibana Elba Ramalho, ao interpretar a canção de
Dominguinhos e Nando Cordel, “De volta pro meu
aconchego”. Na música, Elba fala de saudade. E, a
propósito, ela escolheu Trancoso, um distrito de
Porto Seguro, para viver com a família. Se a cantora sente saudades da bela cidade, imagine os
milhares de turistas que transitam por lá?
A cidade de 140 mil habitantes, tão velha
quanto o Brasil, não esconde em suas fachadas
a arquitetura rústica de sua história. Diariamente turistas do mundo inteiro chegam para conhecê-la. A temporada do verão 2005/2006 na
Bahia atraiu cerca de 2 milhões de turistas, um
número recorde em relação aos anos anteriores,
e 6% maior que no último verão. Muitos deles,
com certeza, aportaram em Porto Seguro. A Secretaria estadual de Cultura e Turismo aponta
que US$ 340 milhões foram movimentados pelo
turismo, um crescimento de 8% em comparação
ao ano anterior. Porto Seguro recebeu em 2005
cerca de 1,2 milhões turistas. Desse número, 1,2
mil eram italianos.
ORTO
para
italiano
Porto Seguro recebeu em 2005 cerca de 1,2 milhões de turistas.
Desse número, 1,2 mil vieram da Itália. Alguns deles chegam e
não vão mais embora
Fotos: Setur / Porto Seguro
Luciana Bezerra dos Santos
34
Localizada no sul da Bahia, a 730 quilômetros de Salvador, Porto Seguro ainda preserva
paisagens intocadas, com praias tranquilas e belíssimas. São 90 quilômetros de litoral protegidos por recifes de corais, além de enseadas, rios
e riachos, coqueirais e a exuberante Mata Atlântica. O Parque municipal Marinho do Recife de
Fora, criado por lei municipal em 1997, é um espetáculo permanente de preservação. São 17,5
quilômetros quadrados de extensão, com profundidade média de seis metros. Segundo o guia
receptivo da CVC na região, Eduardo Murtinho, o
local que faz parte da vida porto-segurense desde tempos imemoriais é considerado a terceira
maior plataforma de corais do Brasil.
— Em Recife de Fora são encontrados 16 das
18 espécies de corais existentes no mundo, co-
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
mo o octoral, coral-cérebro, coral-de-fogo e peixes tais como paru, peixe-frade, moréia, arraia,
budião-papagaio, além de moluscos e quelônios
(tartaruga-verde e a tartaruga-de-pente). Dessa
forma, o Parque constitui-se em uma das maiores
biodiversidades do planeta — avalia Murtinho.
A região conta ainda com 40 mil leitos catalogados, cerca de 900 restaurantes e pontos
históricos de peso como o Centro Histórico e
Acima, o Marco do Descobrimento,
o Paço Municipal [a cadeia mais
antiga do Brasil, de 1772] e a Igreja
Nossa Senhora da Pena, de 1535. Ao
lado, a Passarela do Álcool, palco das
grandes festas populares da cidade
a Passarela do Álcool, com lojas, restaurantes
e barracas abertos a partir das 15h. Noventa e
cinco por cento da economia do município vêm
do turismo. Os 5% restantes estão também em
atividades atreladas indiretamente a este setor.
Segundo o secretário de Turismo de Porto Seguro, Anderson Guilherme, a expectativa é de que
para 2006 o número de turistas cresça significativamente em relação ao do ano anterior.
— Os vôos vindos da Itália começaram a
operar em dezembro do ano passado. Este ano
esperamos receber, até dezembro, 2,8 mil italianos. Isso em virtude dos vôos charter que a cidade receberá a partir de julho. A principio é um
vôo por semana, a partir de janeiro de 2007 serão dois vôos semanais — adianta o secretário.
A novidade para o segundo semestre, assinala Guilherme, é a implantação de um programa
de visitação do Centro Histórico — uma parceria
entre Governo Federal, Secretarias de Infra-Estrutura Urbana e de Turismo do município e o
Sebrae Nacional — cujo objetivo é apresentar
aos visitantes os principais pontos turísticos do
lugar. O programa inclui nove atividades entre
as quais visitas guiadas a igrejas e museus e um
espetáculo cultural encenado por artistas locais.
Para manutenção da região, o projeto prevê ainda uma taxa que ainda está sendo discutida pelos parceiros envolvidos.
Pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo em 2004 apontou Porto Seguro como o terceiro pólo turístico mais visitado do Nordeste do
Brasil, perdendo apenas para Salvador e Fortaleza. Os números da operadora turística CVC também elegem Porto Seguro como o destino mais
procurado entre os brasileiros durante o ano
inteiro. Na semana em que a reportagem esteve na cidade, cerca de quatro mil turistas entre
brasileiros e estrangeiros visitavam a região, como o grupo de 16 turistas italianos, oriundos de
diversas regiões da Itália. Atentos à explicação
do guia, pareciam estupefatos com as belezas da
cidade e do Centro Histórico.
ABRIL 2006
/
O milanês Maurizio Gaggianese, acostumado
a passar férias por aqui, garante que já conhece
mais o Brasil do que muitos brasileiros.
— Sempre que posso venho ao Brasil. Já
conheço Recife, Salvador e a Paraíba. E, agora,
Porto Seguro. Meus próximos destinos serão o
Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e a Amazônia,
programados para setembro — assinala Gaggianese.
‘Este ano esperamos
receber, até
dezembro, 2,8 mil
italianos’
ANDERSON GUILHERME,
SECRETÁRIO DE TURISMO DE
PORTO SEGURO
CIDADE PROTEGIDA
Conforme afirmou a chefe regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), a arquiteta Cássia Maria Boaventura,
o tombamento do Centro Historico aconteceu
em 1968. E desde 1973 o Iphan vem aplicando
normas para manter as características naturais
e culturais do lugar. Entre monumentos históricos como museus e igrejas centenárias está
uma vila com cerca de 60 casas, a maioria habitada por pessoas que nasceram e cresceram
junto com a região. Mas italianos também passaram e vivem por lá. O primeiro foi o médico
oriundi Antônio Ricaldi, que construiu no local
em 1885. Hoje o imóvel é ocupado por um fazendeiro da região e está calculado em R$ 500
mil. Ricaldi era bastante querido no povoado
devido ao seu trabalho voluntário. Ulisse Bagi,
COMUNITÀ ITALIANA
cônsul honorário da Itália em Porto Seguro, é
outro que mora no sítio histórico da Cidade Alta. Segundo a arquiteta, a reduzida equipe do
órgão acaba dificultando uma inspeção mais
rigorosa do patrimônio histórico.
— A presença constante do Iphan na região ajuda a coibir certos abusos que degradam
e descaracterizam o lugar. Infelizmente nossa
equipe é bastante reduzida. Apenas três pessoas, para vistoriar os municípios de Porto Seguro,
Caraíva, Arraial D’Ajuda, Trancoso, Vale Verde e
Cabrália — enfatiza a arquiteta.
Cássia Maria frisa também que o projeto de
visitação proposto pelo Sebrae Nacional e parceiros será importante para a preservação do lugar. Já que os recursos arrecadados com a taxa
de manutenção serão revestidos na conscientização e promoção da cidade histórica. Sobre a
comunidade de italianos na região a chefe do
Iphan, é incisiva.
— O Brasil está de portas abertas para receber pessoas do mundo todo. Agora, assim como
em seus países de origem, o Brasil também tem
restrições. Até o momento os italianos se adaptaram a região e não fizeram nenhuma mudança
— pondera Cássia.
LENDAS
Morador do Centro Histórico desde o nascimento, Giovani Souza Silva, 33 anos, há 15 como
guia voluntário, conhece o lugar como a palma
de sua mão. Segundo ele, lendas centenárias são
passadas de geração a geração. Uma delas é a da
Igreja da Misericórdia, que hoje abriga o museu
de arte sacra, datada de 1526.
— A Igreja da Misericórdia, também conhecida como Igreja do Senhor dos Passos, apresenta estilo primitivo em seu interior, onde estão
guardadas imagens em estilo barroco, destacando-se a do Senhor dos Passos e um Cristo crucificado — assinala Silva.
Outra relíquia desse sitio histórico é a Igreja Nossa Senhora da Pena, construída em 1535,
pelo donatário da capitania, Pero de Campos
Tourinho. Onde estão guardadas imagens sacras dos séculos XVI e VXII, entre elas a de São
Francisco de Assis — primeira imagem sacra
trazida para o Brasil — e a de Nossa Senhora da Pena, padroeira da cidade, que tem seus
festejos no dia 8 de setembro.
35
Turismo
Turismo
Luciana Bezerra dos Santos
Ela encontrou um porto seguro
P
Luciana Bezerra dos Santos
SEGURO (BA) — O sambista Silas de Oliveira foi preciso na letra de “Aquarela brasileira”: o Brasil é mesmo “um
episódio relicário” com belezas indescritíveis. Porto Seguro, onde tudo começou, ou seja, essa saudável mistureba chamada Brasil, é “maravilha de
cenário” (olhe o Silas aí de novo!). Na
Bahia, como no Rio, se respira samba e... praia. Após algumas entrevistas para esta reportagem, me permiti
um dia de folga (ninguém é de ferro).
No mapa, diversas praias me deixavam
indecisa por sua exuberância. Resolvi
conhecer a de Coroa Vermelha, a cerca
de 19 quilômetros do Centro de Porto Seguro. Minha escolha não poderia
ter sido melhor. Refestelada na cadeira
sob um sol amainado por uma suave
brisa uma voz ao longe atraiu a minha
atenção. O sotaque, uma mistura de
português e italiano, me fez levantar.
De repente a voz estava ao meu lado
perguntando: “Quer comprar óleo de
coco?”. Percebi que estava diante da
personagem principal da reportagem:
A italiana de 32 anos Silia Vercesi, dona de uma história singular.
Há quatro anos formou-se em pedagogia na Itália. Lá, como aqui, no Brasil, empregar-se é uma sina. Não pensou duas vezes.
Pendurou a mochila nas costas e partiu rumo
a América do Sul. Queria por em prática um
projeto de graduação, trabalhar com crianças
subnutridas. Tarefa que no Brasil, infelizmente,
encontrou com facilidade. Ao chegar a Porto Seguro a primeira pessoa com a qual se deparou
foi o paulista Paulo Rossi, que trabalhava como
guia turístico na região. “O amor veio em dose
dupla”, afirmou Vercesi.
— Me apaixonei primeiro por Rossi, hoje
meu marido, e em seguida por Porto Seguro
— relembra a pedagoga.
Em 2002, o que ela tanto sonhou
aconteceu, foi trabalhar com crianças
subnutridas numa casa de apoio em
Arraial D’Ajuda a cinco quilômetros de
Porto Seguro. Permaneceu na função
solidária até o nascimento da sua filha.
Depois disso, admite que não conseguiu
“segurar o peso da morte”.
— O Brasil me trouxe muitas alegrias dentre elas o prazer de por em
prática meu sonho: trabalhar com
crianças subnutridas. Mas infelizmente
a gravidez me deixou fraca. Não conseguia mais ver aquelas crianças morrendo todos os dias, chegar em casa e
olhar minha filhinha saudável. Era uma
tortura para mim. Acho que não sou
fria a esse ponto — garantiu Vercesi,
que, ao contrário da maioria dos italianos que vive na cidade, é a única que
não trabalha no ramo da gastronomia,
hotelaria ou comércio. Seu negócio é
ORTO
Acima, Roberto Salvatore e Ricardo trocaram a
Itália pelo calor da Bahia. Ao lado, o acarajé mais
concorrido do Centro Histórico da cidade
Mão na massa... na
lagosta e no camarão!
Italianos deixam sua terra natal em busca de novos desafios em solo
brasileiro e misturam delícias da bota com temperos baianos
Fotos: Luciana Bezerra dos Santos
36
Divulgação Setur / Porto Seguro
A solidária Silia Vercesi largou tudo na Itália para cuidar de crianças carentes no Brasil.
Casou, tem uma filha e se sustenta com a venda de óleo de coco no litoral baiano
Luciana Bezerra dos Santos
A italiana Silia Vercesi têm como local de
trabalho uma das vistas mais exuberantes
de Porto Seguro. Abaixo, o capoeirista
literalmente o rebolado do baiano
‘Quando me
perguntam o que faz
uma italiana no Brasil
[risos], eu respondo:
‘Che cosa fa un
italiano in Italia?’’
o artesanato. Dentre os produtos que
vende, a receita de um deles é segredo
passado pelos nativos da região: o óleo de coco, cujos frascos são enviados via correio para
a Itália.
Da terra natal guarda apenas lembranças e
muitas saudades de seus familiares. E sempre
que pode dá uma volta por lá. Mas a paixão
dessa italiana de olhos claros e dourada pelo
sol da Bahia é mesmo o Brasil. Conta que não
consegue descrever o amor que sente por essa terra que encantou os portugueses quando
desembarcaram aqui há 500 anos. Àquela altura da entrevista sua voz fica embargada e os
olhos marejados.
— Agora meu lugar é aqui, no Brasil. Quando cheguei em Porto Seguro
pela primeira vez, chorei de emoção.
Nunca tinha me deparado com um lugar
tão lindo como este. Na Itália, já foi
tudo destruído. Para se ter uma idéia,
até para sentar na praia e observar o
mar as pessoas têm de pagar. Isso é um
absurdo. Outra coisa que encanta o europeu quando ele chega aqui é a alegria
e a gentileza do povo brasileiro. Totalmente diferente dos italianos, que estão sempre de mau humor. Hoje quando
me perguntam o que faz uma italiana
no Brasil [risos], eu respondo: ‘Che cosa fa un italiano in Italia?’
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
P
ORTO
SEGURO (BA) — Nem Pedro Álvares
Cabral poderia imaginar que, depois de 500
anos, o marco do descobrimento do Brasil
se transformaria num dos mais importantes pólos turísticos do País. Mesmo diante de todo esse impasse político vivido nos últimos anos,
a economia brasileira não caiu da corda bamba e
continua atraindo capital estrangeiro. Porto Seguro é um exemplo disso, desde o início da década
de 1980 a cidade vem atraindo cada vez mais os
europeus, mas precisamente os italianos.
Quando pisou em terras brasileiras pela primeira vez, o italiano Salvatore Cicale pressentiu
que um dia moraria no País. Prevaleceu a intuição. Em 2003 vendeu o restaurante de Turim e
rumou ao Brasil. Em Porto Seguro, juntamente
com o antiquário Roberto Marola, investiu cerca
de R$ 20 mil em uma cabana, na praia do Mutá,
orla norte da região, e hoje atende cerca de 100
pessoas por dia na alta temporada e 60, na baixa.
A vista, uma bela praia, muito verde e tranqüilidade, cenário em que Cicale nem imaginaria viver
na Itália. Segundo ele, a escolha pelo Brasil foi
motivada pela qualidade de vida dos brasileiros.
— No Brasil, as pessoas vivem melhor, independentemente de condições financeiras. Na
Itália, por exemplo, se trabalha muito, vive-se
estressado e, no final do mês, o que se ganha
não compensa. Aqui, misturo minhas receitas
com os temperos da região e o resultado não
poderia ser melhor — avalia Cicale.
Há 18 anos no ramo da gastronomia, o chef
começa a colher os frutos do capital investido no
Brasil. Em parceria com Marola e o músico romano
Roberto Zenobi, inaugurou em dezembro de 2005
ABRIL 2006
/
o restaurante e pizzaria Mediterrâneo, em Taperapuã. No cardápio, massas, vinhos e a verdadeira
pizza italiana. Tudo preparado com irreverência
pelos “incríveis”, como são conhecidos em Porto
Seguro. Enquanto Cicale prepara a massa, Marola
atende aos clientes e Zonobi toca vários instrumentos ao mesmo tempo. A alegria contagia até
a pessoa mais tímida que passar por lá.
Para o futuro, Cicale pretende implantar na
cidade uma pequena associação italiana. Segundo ele, apesar de pequena, cerca de mil pessoas,
a comunidade ainda está dispersa.
— Na Itália eu fazia parte da associação dos
gourmet. Era bacana porque a cada mês havia
uma reunião com palestras sobre vários temas,
mas sempre voltados à gastronomia. A associação italiana daqui poderia ter, além das reuniões
mensais, cursos de qualificação para a população
local. Coisa escassa na região — sugere o chef.
SORVETE DOS DEUSES
Outro ponto de parada obrigatório na cidade é a
sorveteria Coelhinho. Mesmo quem não conhece
o local, enxerga de longe um despreocupado coelhinho de macacão pedalando, tomando o seu
sorvete e olhando para uma vista, digamos, espetacular. Como a maioria das sorveterias artesanais italianas, a casa fabrica há dez anos um
dos mais gostosos sorvetes da região. Bruno Maremmani e Giancarlo Cagnola, donos da Coelhinho, nem imaginariam que o lugar fizesse tanto
sucesso. São 24 sabores que misturam cremes
italianos com frutas regionais. Segredo que Maremmani guarda a sete chaves. Entre os preferidos estão os de chocolate com laranja, nutella e
COMUNITÀ ITALIANA
cookies, mas há quem prefira os de frutas, como
limão, graviola e coco.
— Todos os dias venho experimentar um sabor. E foi o melhor sorvete que já provei na cidade — afirma a contadora carioca Marly Maia, que
gozava as férias em Porto Seguro.
Maremmani, que faturou em 2005 cerca de
R$ 180 mil com a sorveteria, criticou o governo
municipal e as instituições bancárias do País.
— A burocracia exigida pelos bancos no
país atrapalha qualquer investidor. Outro fator
também é que Porto Seguro precisa de quatro
grandes obras emergenciais. A primeira é a revitalização da Passarela do Álcool; depois a do aeroporto internacional; em terceiro a duplicação
da orla norte até o município de Coroa Vermelha
e por último um píer de navios para receber os
turistas que chegam pelo mar. Antes de a Secretaria de Turismo buscar turistas para a cidade,
ela, primeiro, deve arrumar a casa. Vivemos num
paraíso, mas tem alguém querendo matá-lo. A
arrecadação do município não é voltada para a
cidade. Aqui, não tem um cinema, teatro ou outro tipo de entretenimento para o próprio morador. Sinceramente, torcemos para que a cidade
cresça, mas ordenadamente. Viemos para cá com
um propósito: construir um negócio numa região, e nosso intuito é ver a região se desenvolvendo e não estagnada — assinala Maremmani.
Os italianos não comandam apenas restaurantes, pizzarias ou sorveteria. Nicola Milani, 34
anos, que trabalhava na Itália no segmento de
cosméticos, está no Brasil há 10 anos. Trocou a
rica e industrializada Verona pelo Brasil. O motivo
de mudança tão brusca? Crise econômica, falta de
opção de investimento e muita concorrência.
— Estava com capital para investir na Itália,
mas a crise me fez mudar os planos. Foi por isso que decidi me transferir definitivamente para
o Brasil. Claro que ninguém vai deixar a Itália
para ganhar um salário mínimo aqui. No início
cheguei com 100 mil euros. Comprei um lote de
mil metros quadrados, onde já existiam quatro
blocos de apartamentos. Comecei a alugar para
os turistas da minha cidade e o negócio foi crescendo tanto que há três anos sou sócio da imobiliária Casa Própria, além de uma construtora. A
empresa hoje está construindo mais 12 apartamentos que deverão ficar prontos até dezembro
de 2006. Os imóveis são vendidos ou alugados.
Isso depende do que o mercado vai nos oferecer
em troca — pondera Milani.
37
Decoração
M
— Um gigantesco sofá ocupa
parte da calçada diante do Arco da
Paz. Uma cadeira enorme enfeita a
via Moscova, no centro da cidade.
Por quase todas as ruas e esquinas, instalações artísticas enchem os olhos dos visitantes
e servem de aperitivo para o prato principal: a
produção italiana de móveis e objetos de decoração. Mesas, porta-copos e lâmpadas voam pelas janelas das fachadas dos prédios históricos
através de projeções de vídeo. Um espetáculo
cenográfico que toma conta das praças, como a
do teatro La Scala. As projeções colorem o cinza
das estatuas e dos monumentos.
Na noite de abertura do 45º Salão Internacional do Móvel, uma pequena multidão sentou
no chão de cimento da praça Scala, entre o Palacio Marino, sede do “comune” e o famoso teatro lírico, para ouvir uma banda de jazz. Alguns
quarteirões atrás um coquetel gratuito era servido ao público, que não pensou duas vezes em
sair de casa para aproveitar o aumento da temperatura e os dias mais “longos” com a chegada
da primavera.
O Salão Internacional do Móvel acontece na
nova feira de Milão, em Rho. Uma prova de fogo
para o arrojado e moderno projeto de Massimiliano Fuksas. Uma obra ousada com a estrutura
em vidro e aço. Vista de longe, recorta o horizonte como a vela de um barco. De perto, é
uma resposta concreta ao futuro da arquitetura.
A feira por si só já vale a visita. Com os seus
220 mil metros quadrados, ela se transformou
numa mansão planetária com designers de todo
o mundo, ainda que grande parte do “show” esteja nas mãos dos italianos, tradicionais líderes
no setor e, por isso mesmo, copiados a exaustão.
Juntos, somam nada menos que 2.549 expositores. Todos estão apresentando, segundo seus
pontos de vista, a casa do amanhã.
Ir a Roh vale o sacrifício. Com o que tem
dentro, o bilhete já está pago — entenda-se, o
de metrô, pois a última estação da linha vermelha fica exatamente no subsolo do prédio. Mesmo assim, as 200 mil pessoas que vieram visitar
o salão enfrentaram atrasos longos por causa da
falta de capacidade operacional do transporte
subterrâneo, surpreendido com uma demanda
sem igual. Mas valeu a pena, ainda mais levando
em conta que se podia sentar, deitar, tocar em
móveis e objetos, que normalmente são apenas
vistos nas revistas especializadas.
ILÃO
Sofás e armários
em cada esquina
Salão de móveis de Milão reúne principais fabricantes e designers do mundo
Guilherme Aquino
Correspondente • MILÃO
Uma atmosfera surreal dentro da casa do novo milênio. Cores fazem a diferença do moderno sofá e um mosaico neutro equilibram o ambiente
relação ao ano de 2004. Por isso, mais do que
nunca, o salão é uma gigantesca vitrine para
o setor que se ressente da perda de competitividade do país. Não apenas o preço da matéria-prima subiu como o câmbio foi desfavorável
para exportação. E com um crescimento muito
reduzido do comércio entre os maiores clientes europeus, Alemanha, Reino Unido, Franca e
Espanha, o setor aponta para novos mercados
como China, Índia e Brasil. Números a parte,
o que se viu foi um mosaico de produtos novos
ou aperfeiçoados de qualidade ímpar. E deste
seleto grupo de criações estão os “monstros”
dos irmãos Campana para Edra:
— Buscamos inspiração no crocodilo da fauna do pantanal, um gigantesco pufe, um entrelaçado de rabos de répteis — muito confortável
— que atrai e, ao mesmo tempo, instiga e atemoriza a pessoa — enfatizou Humberto.
— O Brasil ficou muito tempo sem ver a luz
da liberdade política de expressão. Estamos neste
momento resgatando esse valor e isso se reflete
na produção cultural do país quer no cinema ou
no design, por exemplo — arremata Fernando.
O espaço para jovens desenhistas industriais com os seus protótipos maravilhosos
também não fez feio. Representantes de 34
países dos cinco continentes, eleitos por uma
comissão de especialistas, trouxeram uma releitura e uma reinterpretarão audaz de mesas,
cadeiras, ventiladores e outros tantos objetos
nossos de cada dia. Ao todo são cerca de 520
profissionais e pelo menos a metade já tinha
participado do salão do ano passado ou ainda
do ano precedente. Pelo regulamento, um profissional pode apenas estar presentes três vezes
no Salão Sattelite. O Brasil estava representado
pela Escola Superior de Desenho Industrial da
UFRJ — única entre 22 escolas internacionais
— com estudos de produtos de fibras naturais,
e por Wagner e Gisela Archella com porta-jóias
super-moderno em acrílico e lâmpada-escultura. Uma torre de Babel para troca de experiências entre os participantes. Liberdade de
criação é o mote desta turma antenada com
o futuro.
Além do Salão Internacional do Móvel, em
Rho, outros 350 eventos faziam parte de “Fuore
Salone”. Muitas exposições foram montadas em
locais próprios. O estilista Giorgio Armani “vestiu” uma cozinha no seu teatro. O lançamento
deste ambiente dentro da coleção Casa Armani
foi um dos principais eventos. O rei da moda
encaixou num closet o espaço dedicado a culinária. Ao entrar no ambiente, todo revestido por
madeira nobre, se nota que é uma cozinha apenas porque existe uma torneira da pia e fogão
digitalizados. O resto está escamoteado, atrás
de divisórias, basculantes e portas pantográficas
que abrem e fecham como num passe de mágica.
Já no setor “banheiros”, a italiana Teuco, apresentou uma banheira de hidromassagem silenciosa. Os técnicos encontraram um isolamento
acústico perfeito e aquele barulho do motor não
se escuta mais. Apenas o som das águas inunda
a “sala de banho”.
A zona Tortona, uma espécie de Fuori Salone
oficial, e a Triennale se transformam em palcos
de exibições, performances, mostras e retrospectivas que atraem artistas dos mais diferentes
matizes e origens. A Triennale também foi ponto
de encontro da juventude desenhista que aproveitou as festas noturnas nos jardins para abraçar a lua entre bancos e cadeiras projetadas por
grandes mestres do design, como Gaetano Pesce,
para quem a estética, a beleza e a funcionalidade devem ser a santíssima trindade da alma de
um produto.
Fotos: Guilherme Aquino
CORRENDO ATRÁS DO PREJUÍZO
38
Como acontece em todos os anos, o salão é dividido por áreas: design, moderno e clássico. O
tripé de sempre, mais as exposições de cozinhas
e banheiros. De uma longa visita a todos esses
cômodos se pode ter uma idéia da casa do amanhã, já disponível para quem pode e quer tê-la
hoje. Naturalmente, o setor mais visitado foi o
de design. Numa união perfeita entre a criatividade e a tecnologia o made in Italy segue respeitado por realizar um produto único, feito a
mão, que não esquece as tradições e que transporta o estilo italiano para o resto do mundo.
Ainda assim o ano que passou não rendeu os frutos esperados pelos empresários do ramo.
O faturamento total de 2005, de 37 bilhões
de euros, representou uma queda de 2,9% em
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
A clássica poltrona criada pelo finlandês Aluar Sauto. A peça parece laqueada de preto. Detalhe da queda d’água da cozinha contemporânea
ABRIL 2006
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COMUNITÀ ITALIANA
39
Religione
Fedeli rendono omaggio
a Giovanni Paolo II
Un anno fa il mondo piangeva commosso la sua morte
Ana Paula Torres
“V
do prova immensa gratitudine e affetto. Molti
sentono la sua mancanza, tanti altri affermano
di sentirlo ancora più vicino dopo la sua morte.
Quest’anno, il 2 aprile, percorrendo le vie che
circondano il Vaticano si poteva respirare la stessa atmosfera di un anno fa. E’ come se la sua morte risalisse a l’altro ieri, data l’intensità dei sentimenti, delle emozioni. In piazza si vedeva una
colonna umana già dall’alba, silente, ordinata, in
attesa dell’orario di apertura delle Grotte Vaticane, dov’è sepolto Giovanni Paolo II insieme agli
altri papi. C’è chi ha portato un biglietto scritto
a mano, c’è chi ha preferito un fiore. I bambini
invece hanno offerto alla memoria del Papa i loro
disegni. La coda attraversava la piazza come se
abbracciasse tutto il colonnato del Bernini e si
snodava lungo via della Conciliazione.
Il primo a rendere omaggio a Karol Wojtyla
è stato in mattinata il Presidente Carlo Azeglio
Ciampi che, in compagnia della moglie Franca, ha sostato per qualche minuto nelle Grotte Vaticane, deponendo un fiore ai piedi del
sepolcro di marmo. Tanti i pellegrini, arrivati
da tutto il mondo, numerosa la rappresentanza polacca: tutti in fila per poter
dire una preghiera sulla tomba
di Giovanni Paolo II, anche a
costo di sottoporsi a lunghe
attese e ai controlli dei metal detector.
ne di Gesù risorto, speranza nel
mondo", ha detto l’arcivescovo
di Milano, Dionigi Tettamanzi. Sentiamo Wojtyla ancora
nostro compagno di viaggio
— conclude.
Lunedì, 3 aprile, è stata celebrata sul Sagrato della Basilica
Vaticana una messa in memoria
del Santo Padre. Presieduta dal
suo successore, nonché amico
Papa Benedetto XVI, ha contato con la presenza di autorità
religiose, del governo italiano e
membri delle ambasciate presso
la Santa Sede. La stessa folla di
pellegrini del giorno precedente ha riempito Piazza San Pietro.
LE CELEBRAZIONI
La sera, con la veglia di preghiera, sono state ufficialmente aperte le commemorazioni. In Piazza
San Pietro, centinaia di migliaia di persone si sono radunate con la stessa calma, pazienza e, soprattutto, rispetto dell’anno scorso. Erano più di
100 mila fedeli, in particolare giovani, riuniti per
ricordare con la preghiera il momento del trapasso di Giovanni Paolo II, alle ore 21:37 di un anno
fa. Una serie di canti che risuonavano per tutta la
piazza, insieme ai lumi delle migliaia di candele,
componendo un’atmosfera medievale e di intensa
emozione. Dalla finestra del suo studio Benedetto XVI si è affacciato esattamente alle 21,37, ora
della morte di Giovanni Paolo II, per pregare insieme alla gente. Poi, ha ricordato Wojtyla:
— La sua memoria continua ad essere quanto mai viva, e lui è presente nella nostra mente
e nel nostro cuore, continua a comunicarci il suo
amore per Dio e il suo amore per l’uomo, continua a suscitare in tutti, specie nei giovani, l’entusiasmo del bene e il coraggio di seguire Gesù
e i suoi insegnamenti.
La veglia, organizzata dalla Diocesi di Roma, ha visto la partecipazione di fedeli da tutto
il mondo, e soprattutto dalla Polonia, da dove
treni speciali sono arrivati già dai giorni scorsi.
Tutti "già lo sentono Santo, cioè, vero testimo-
40
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Da sinistra: Pellegrini salutano Papa Benedetto
XVI. Signora prega per Papa Giovanni Paolo II. Due
copertine del quotidiano l’Osservatore Romano
ROMA E LE GRANDI CIFRE
Fotos: Ana Paula Torres
egliate, perché non sapete in quale
giorno il Signore vostro verrà (Mt
24,42) — queste parole mi ricordano l’ultima chiamata, che avverrà nel momento in cui il Signore vorrà. Desidero
seguirLo e desidero che tutto ciò che fa parte della mia vita terrena mi prepari a questo momento.
Non so quando esso verrà, ma come tutto, anche
questo momento depongo nelle mani della Madre
del mio Maestro: Totus Tuus. Nelle stesse mani
materne lascio tutto e tutti coloro con i quali mi
ha collegato la mia vita e la mia vocazione. In
queste Mani lascio soprattutto la Chiesa, e anche
la mia Nazione e tutta l’umanità. Ringrazio tutti.
A tutti chiedo perdono. Chiedo anche la preghiera, affinché la Misericordia di Dio si mostri più
grande della mia debolezza e indegnità." Così inizia il testamento del Santo Padre Giovanni Paolo
II, pubblicato dopo la sua morte dal quotidiano
l’Osservatore Romano. Le preghiere richieste dal
Papa sono state realizzate da tutti quelli che
l’hanno conosciuto, ammirato e amato, come lo
dimostra il fiume di gente che da un anno continua ad arrivare a Roma per rendergli omaggio.
Un anno fa, il mondo piangeva commosso la
morte di Giovanni Paolo II, il primo Papa slavo
della Storia, eletto il 16 ottobre 1978 all’età di
58 anni. Impossibile dimenticare il suo sorriso,
il suo carisma, la sua attenzione, soprattutto,
verso i giovani. E’ stato il Papa che ha saputo
comunicare con tutti e per il quale tutto il mon-
Correspondente • ROMA
A mezzogiorno, durante l’Angelus, Papa Benedetto XVI ha ricordato le ultime ore del suo
predecessore:
— L’amato Papa Giovanni Paolo II il 2 aprile
dell’anno scorso stava vivendo in queste stesse
ore, qui in questa stessa stanza, l’ultima fase del
suo pellegrinaggio terreno — e in seguito ha
parlato dell’eredità lasciata e dell’ultima benedizione di Wojtyla quando ormai non riusciva più a
parlare — egli ha impresso un segno nella storia
della Chiesa e dell’umanità. Non dimenticheremo
mai questa benedizione. E’ stata la più sofferta
e commovente che ci ha lasciato come estrema
testimonianza della sua volontà di compiere il
ministero fino alla fine.
mi. Invece il personale impegnato nell’assistenza
Roma, un’altra volta, ha saputo accogliere nei mi- è stato di 36 mila persone, tra volontari, addetti
gliori dei modi il lungo pellegrinaggio per il primo alla sicurezza, vigili urbani, autisti, ferrovieri, soldati e vigili del fuoco.
anniversario della morte di Giovanni Paolo II.
— La macchina organizzativa è stata perfetta — ha detto il prefetto Achille Serra. Rin- IL LEGAME CON IL BRASILE
grazio tutti per la collaborazione e per il lavoro Giovanni Paolo II è stato il primo pasvolto. Il piano messo a punto non ha trascurato pa a visitare il Brasile e lo ha fatto per
nessun dettaglio. Dall’accoglienza alla viabilità, ben tre volte. La prima e più completa
passando per la sicurezza e i controlli, tutto ha delle sue visite si diede nel 1980, due
funzionato a dovere. Un ruolo molto importante anni dopo la sua elezione. Le altre inl’hanno svolto i circa 1.500 volontari, che hanno vece, nel 1991 e 1997, arrivando ad
accudito i pellegrini dal loro arrivo, guidandoli un totale di 20 giorni di soggiorno.
Questo Grande Papa ha dato al Braal meglio sino a Piazza San Pietro.
— Si sono prodigati con la generosità di sile la sua prima santa il 19 maggio
sempre – ha affermato il sindaco Walter Veltroni. 2002, celebrando in Piazza San Pietro,
Il mio ringraziamento va a loro, come alle forze a Roma, la canonizzazione della beata
dell’ordine e a tutti coloro che hanno contribuito italobrasiliana Amabile Lucia Visintaia rendere sereno un giorno tanto importante. Ro- ner. Nata il 16 dicembre 1865 a Vigolo
ma ha dimostrato ancora una volta un incredibile Vattaro, in provincia di Trento, emigrò
spirito di solidarietà. Una testimonianza di cui in Brasile con la sua famiglia all’età
di dieci anni nello Stato di Santa Catarina, dove
possiamo andar fieri — conclude Veltroni.
L’anno scorso la Città Eterna ha vissuto dei oggi esiste il comune di Nova Trento. Il 18 ottomomenti mai visti prima nella sua storia. E sono bre 1991, in occasione della sua seconda visita al
paese, Wojtyla beatifiproprio i numeri a far
cò a Florianópolis Mapercepire le dimensioni
dre Paolina, che undidelle giornate romane
ci anni più tardi saprima e dopo la morte
rebbe diventata santa
di Giovanni Paolo II.
Paolina del Cuore agoOltre 3 milioni di pellenizzante di Gesù.
grini sono arrivati nella
Il Papa da subito
capitale dal 2 all’8 apriha sentito una grande
le 2005. Alla celebrasimpatia per il Brasizione delle esequie erale, come dimostrò duno presenti sul Sagrato
rante il suo saluto in
della Basilica di San
conclusione del primo
Pietro 169 delegazioni
viaggio:
straniere, composte da
HA DETTO BENEDETTO XVI
— Porto con me,
sovrani e capi di stato.
negli occhi e nel cuoSecondo dati della Prore, tante immagini di
tezione civile italiana,
nei giorni precedenti ai funerali, 21 mila persone vita e bellezza che mi hanno impressionato in
sono entrate ogni ora nella Basilica, mentre 13 ore questo dinamico paese pieno di promesse. E le
era il tempo di attesa medio e 24 ore quello di at- ultime e più impressionanti saranno le prodigiotesa massimo per l’ingresso a San Pietro. C’era una se immagini di questi fiumi e di queste foreste
fila lunga 5 km che riempiva le vie limitrofe fino dell’Amazzonia. Però, ancora più che le immaad attraversare il ponte sul fiume Tevere. Nel gior- gini delle innumerevoli meraviglie — opera sia
no dei funerali 500 mila persone hanno seguito le della natura che dell’uomo — è l’immagine di
celebrazioni presso Piazza San Pietro, mentre cen- questo uomo brasiliano che porto con me. Deltinaia di migliaia di pellegrini si sono riuniti nelle l’uomo concreto e storico che in questo momenvarie zone della città attrezzate con maxischer- to è il protagonista di un’ora importante per il
‘La sua memoria
continua ad essere
quanto mai viva, e
lui è presente nella
nostra mente e nel
nostro cuore’
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
paese — disse l’11 luglio 1980, prima di partire
per l’Italia.
SANTO
Per prendere in esame la candidatura alla beatificazione la Chiesa esige dei segni postumi alla
morte di una figura in onore di santità. L’apertura
della Causa di Beatificazione e Canonizzazione del
Servo di Dio Giovanni Paolo II, è stata possibile
grazie al miracolo compiuto ad ottobre del 2005:
la guarigione di una suora francese dello stesso
male che afflisse il papa: il Parkinson. E proprio
nei giorni del primo anniversario della morte di
Giovanni Paolo II, a Cracovia, il neocardinale
Dziwisz ha realizzato le celebrazioni conclusive
della fase polacca della causa di beatificazione.
Però, data la quantità di documentazione che deve essere esaminata, i tempi di questo processo
si preannunciano piuttosto lunghi. Nel frattempo,
ogni giorno arrivano da tutto il mondo presso la
sede del Vicariato di Roma centinaia di segnalazioni di grazie ricevute. Per chi fosse interessato,
esiste anche una pubblicazione mensile ufficiale,
Totus Tuus, in varie lingue tra cui anche il portoghese, che permette di seguire gli aggiornamenti
legati alla causa di Giovanni Paolo II. Chi invece
ha dimestichezza con internet può visitare la sezione del sito del Vicariato di Roma dedicata alla
postulazione:
http://www.vicariatusurbis.org/
beatificazione/.
41
Cultura
L’Italia ha la peggiore
gioventù d’Europa
Gli adolescenti bevono, fumano e si drogano di più dei
loro coetanei europei
Ana Paula Torres
Correspondente • ROMA
E’
stata presentata a Firenze la ricerca
dell’Oms (Organizzazione Mondiale della Sanità) e dell’Hbsc (Health
behaviour in school-aged children)
dal titolo "I determinanti sociali che influenzano le abitudini alimentari e l'attività fisica degli
adolescenti". Per la ricerca italiana sono stati
intervistati 4386 ragazzi e ragazze di 11, 13 e
15 anni. Dai risultati emerge che l’Italia ha la
peggiore gioventù d’Europa, con ragazzi che bevono più dei loro coetanei europei, fumano e sono pigri nella pratica sportiva. La colpa sarebbe
in gran parte dei genitori, che sono molto rigidi
con i figli piccoli, ma fin troppo lassisti quando i
ragazzi da 12 anni in poi diventano più autonomi e ribelli alle regole.
Secondo quanto presentano i dati dell’indagine, gli adolescenti italiani bevono, fumano e
fanno uso di sostanze stupefacenti molto di più
rispetto ai loro coetanei europei. Per quanto riguarda il fumo si sapeva già che gli adolescenti
italiani cominciano a fumare presto. Infatti, tra i
quindicenni, 16% fanno uso quotidiano di sigarette, mentre gli undicenni e i tredicenni fumatori
sono pochissimi. Spesso il fumo viene accompagnato dal consumo di alcolici. Il 12% degli undicenni beve almeno una volta alla settimana e la
percentuale sale al 37% per i quindicenni. Questi
ultimi sono precoci anche dal punto di vista sessuale, un quinto di loro ha già avuto rapporti.
Ma l’allarme più grave è quello sull’utilizzo
di sostanze stupefacenti. A dichiarare di averne
fatto uso almeno una volta sono il 27% dei ra-
42
gazzi ed il 18% delle ragazze all’età di soli 15
anni. Il 2% ha provato droghe pesanti, il 2,6%
la cocaina.
Anche nel loro comportamento generale, nelle relazioni interpersonali, gli adolescenti italiani si fanno vedere ammalati. I rapporti con la famiglia sono peggiorati, in particolare quello con
i genitori, soprattutto nel caso del padre. A scuola ci si va in molti casi solo per obbligo, infatti
soltanto il 9% dei ragazzi dichiara di frequentarla con piacere. E nelle aule cresce il bullismo, il
35% degli undicenni dice di esserne stato vittima. Si tratta di una modalità relazionale basata
su atteggiamenti di prevaricazione e di violenza
che coinvolge gli adolescenti nel contesto scolastico. Il fenomeno può essere manifestato in
vari modi: colpendo un collega fisicamente con
pugni o calci, sottraendo o rovinando oggetti di
sua proprietà. Esiste anche l’attacco di carattere
verbale con insulti, prese in giro, sottolineamenti di aspetti razziali. Spesso non gli si dà molta
importanza perché lo si confonde con i normali conflitti fra coetanei, invece è una cosa seria
che provoca un danno all'autostima della vittima
e induce la persona ad un considerevole disinteresse per la scuola, oltre alla possibilità che diventino a loro volta aggressori.
Per completare negativamente il quadro, vi si
deve aggiungere la cattiva alimentazione da parte dei nostri giovani che mangiano spesso ai fast
food e iniziano precocemente con aperitivi e happy hour, con salatini, stuzzichini e primi superalcolici. Tra le ragazze c’è anche la moda di saltare
con una certa regolarità i pasti, mentre cresce a
dismisura il consumo di bevande gasate.
Cattiva alimentazione e niente sport fanno
in modo che la gioventù italiana abbia il primato
anche della pigrizia, se paragonati ai ragazzi dei
paesi vicini che praticano almeno 60 minuti di attività fisica 5 giorni la settimana. Solo il 37% degli undicenni considerano di avere un’ottima salute, mentre i quindicenni sono ancora più critici, il
24%. Le ragazze di quindici anni sono insoddisfatte del proprio corpo più dei maschi. E’ da sottolineare che a 11 anni il 25,6% dei maschi e il 13,5%
delle femmine sono in sovrappeso, e il 5,5% dei
maschi e l'1,5% delle femmine sono obesi.
Invece da un’altra ricerca realizzata dal Cnr
(Consiglio Nazionale delle Ricerche) risulta che un
adolescente su tre passa tre ore al giorno con i videogame. Sono dati della ricerca "Minori in videogioco" del Centro Minori e Media, alla quale hanno
partecipato 2037 studenti di scuola media e superiore di 18 città del nord, centro e sud Italia.
L’altra compagna inseparabile è la televisione, e non riguarda solo gli adolescenti. Molte
volte la tivù diventa la tata di tanti bambini che
trascorrono periodi della giornata a casa in compagnia di uno dei genitori, che però è impegna-
“L’allarme più grave
è quello sull’utilizzo
di sostanze
stupefacenti”
to in varie faccende domestiche, oppure si trova
a casa con la collaboratrice familiare. Tanto piccoli come grandi, i ragazzi italiani perdono ore
preziose della giornata guardando i programmi
televisivi, mentre potrebbero approfittare questo tempo per dedicarsi adeguatamente ai compiti scolastici, oppure per praticare un’attività
fisica. Tra i programmi più seguiti c’è "Uomini e
Donne", in onda da lunedì a venerdì pomeriggio
su Canale 5, con la conduzione di Maria De Filippi, ed è dedicato alla ricerca dell’anima gemella,
con tanto di corteggiatori, corteggiati e pubblico opinionista.
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
Sopranos e tenores na floresta
Festival de ópera do Amazonas completa dez anos e reverencia a ópera italiana
Jony Clay Borges
Especial para Comunità
M
ANAUS (AM) – Situada à beira da
confluência entre os rios Negro e Solimões, no coração da Floresta Amazônica, a cidade de Manaus entre os
meses de abril e maio dá um descanso às belas
toadas do boi de Parintins e incorpora o que há
de mais lírico e clássico em música. Falamos do
famoso Festival Amazonas de Ópera (FAO), que
todos os anos promove na capital amazonense
espetáculos da rica tradição musical surgida
na Europa Ocidental, no século XVII. Este ano
o evento completa dez anos e, como presente,
os organizadores homenageiam à ópera italiana.
Aliás, foram os compositores italianos que escreveram as primeiras óperas barrocas e seu estilo predominou a ópera em todo esse período.
Na programação, cinco óperas italianas,
entre elas duas versões de “Otello”, de Gioacchino Rossini (1792-1868) e de Giuseppe Verdi
(1813-1901). O “Otello” de Rossini, nunca fora
apresentado integralmente no Brasil. Mesmo no
cenário operístico internacional, a obra caiu um
tanto no esquecimento, o que confere à nova
montagem do evento amazonense um caráter de
resgate musical.
— Fazer o “Otello” de Rossini é um momento
histórico, não só para nós, mas para o Brasil. É
uma honra poder participar dessa ópera — afirma
a soprano Gabriella Pace, que interpreta a Desdemona no espetáculo. Sua participação, aliás, é
um ponto positivo para o festival, pois Gabriella
tem Itália e ópera no sangue: filha de músicos
criada no Brasil, ela nasceu em meio a uma apresentação de ópera no Teatro Massimo, em Palermo. Interpretar obras italianas, para ela, é participar de uma experiência vívida e presente.
— É como se eu cantasse em português.
Compreendo o universo de que trata a ópera
— enfatiza.
Outras pérolas na programação são “Fosca”,
de Antonio Carlos Gomes (1836-1905), “La Gioconda”, de Amilcare Ponchielli (1834-1886), e
“Gianni Schicchi”, única ópera cômica de Giacomo Puccini (1858-1924). As quatro primeiras
serão apresentadas no Teatro Amazonas, com três
récitas cada, enquanto “Gianni Schicchi” será encenada em duas récitas em praça aberta, no Largo
de São Sebastião, em frente ao mesmo teatro.
— Em conjunto, todas elas apresentam um
grande panorama da ópera italiana, mostram o
movimento de mudanças na criação operística
da Itália. É interessante acompanhar essa progressão — atesta o maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor do FAO e responsável pela regência do “Otello”, de Verdi, e de “La Gioconda”.
Malheiro destaca também que todos os principais títulos do festival deste ano guardam
uma quase insuspeita ligação entre si. Entre
os “Otello” de Verdi e Rossini, a relação é óbvia: ambos são baseados no clássico de William
ABRIL 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
Fotos: Reprodução
Fotos: Ana Paula Torres
Comportamento
Shakespeare. Ainda assim, a diferença de mais
de 80 anos entre as duas óperas resulta em visões bastante diversas da obra original do dramaturgo inglês.
— São duas linguagens completamente diferentes. Rossini compôs uma ópera em estilo
belcantista, tradicional do início do século XIX.
Já Verdi lançou seu “Otello” em 1897, e era uma
ópera moderna para a época — afirma o regente.
O maestro Marcelo de Jesus, diretor-adjunto
do FAO é fã confesso da ópera italiana, e de Rossini em especial. Não por acaso, ele vai conduzir
a montagem do “Otello” rossiniano, e ainda a
de “Gianni Schicchi” em praça aberta. Para além
das diferenças estéticas, ele também aponta semelhanças entre as duas versões de “Otello”.
— As duas têm uma grande cena de Desdemona, que é a despedida de Emilia (a criada), e
outra em que Desdemona se prepara para dormir
e canta uma oração. No Rossini, ela canta uma
preghiera (prece), e em Verdi, uma Ave Maria inteira — conta o maestro.
Conhecendo o universo operístico italiano,
é possível descobrir a ligação entre os “Otello”
e as demais óperas do FAO 2006. Veja só: o libreto do “La Gioconda” de Ponchielli foi escrito
pelo compositor Arrigo Boito (1842-1918), integrante do movimento literário e artístico Scapigliatura (Descabelados), que denegria o tradicionalismo da ópera italiana e, em especial, de
Giuseppe Verdi. Contra tudo isso, ambos acabaram trabalhando juntos para compor a segunda
versão de “Otello”. O resultado, surpreendentemente, foi extraordinário.
— Apesar das diferenças entre os dois, eles
fizeram uma obra muito melhor. É uma ópera
mais moderna, e até hoje uma das melhores de
todos os tempos — afirma Malheiro.
Em resumo: na história das ligações “perigosas” entre os “Otello”, “La Gioconda” e “Fosca”,
há rivalidade, amor, ódio, inveja, reviravoltas,
decepção. Qual a surpresa? É exatamente disso
que as óperas são feitas.
PROGRAMAÇÃO DO 10º FESTIVAL
AMAZONAS DE ÓPERA
De 21 de abril a 30 de maio
“Otello”, de Gioacchino Rossini
Dias: 25 e 28 de abril e 1º de maio
“Otello”, de Giuseppe Verdi
Dias: 23, 26 e 30 de abril
“Gianni Schicchi”, de Giacomo Puccini
Dias: 13 e 14 de maio
“Fosca”, de Antonio Carlos Gomes
Dias: 23, 26 e 28 de maio
“La Gioconda”, de Amilcare Ponchielli
Dias: 25, 27 e 30 de maio
43
Moda
Artista plástica gaúcha transforma preservativos em
peças e acessórios de moda
Nayra Garofle
Fotos: Rodrigo Cibantos
A
44
o olhar as fotos, rapidamente, é possível ver vestidos e trajes coloridos que
nem de longe nos fazem imaginar de
que são feitos. Mas aos poucos, detalhe
por detalhe, surge como uma luz no escuro e o
que antes não era possível, agora é visível ao
olho nu. É uma mistura de colagem e pigmentação que transforma, muitas vezes, milhares
de camisinhas em vestidos glamourosos e qualquer outra coisa que esteja na mente criativa de
Adriana Bertini, 34 anos. Bisneta de italianos
de Padova, filha de um sociólogo voluntário da
Anistia Internacional e de uma mãe envolvida
com projetos indigenistas, Adriana descobriu
que podia fazer inusitados artefatos de moda
quando foi voluntária do Grupo de Prevenção a
AIDS (Gapa). Desde 1996 milita na conscientização e combate à doença.
Mas engana-se quem pensa que seus trabalhos sejam conhecidos apenas no Brasil. Suas
peças já desfilaram em países como Portugal, Espanha, Holanda, França e Tailândia. Atualmente
a ativista — e estilista autodidata — prepara
nova turnê. No roteiro, Suécia, Nova Iorque,
Guianas e África.
Tudo começou quando recebeu de presente
uma caixa com 144 preservativos fora do prazo de
validade. Em vez de reclamar, começou a pesquisar sobre a matéria-prima: o látex. Partiu para o
tingimento, recorte e colagem dos produtos. Uma
arte — defende a estilista — que visa educar, informar e despertar no público novas reflexões sobre moda, comportamento, estética e saúde.
— Eu dava aulas para crianças soropositivos
quando ganhei uma caixa de camisinhas e comecei
a fazer arte. O mais bacana do trabalho é a parte
educacional porque envolve a discussão de um tema rompendo todas as barreiras que o assunto tem
— conta Adriana, que nasceu em Porto Alegre.
Apesar do sucesso, suas peças não têm valor comercial para as galerias e lojas porque as
camisinhas se deterioram em dois ou três anos.
Seu trabalho é exposto em sedes de Ongs e de
entidades comunitárias.
Apesar da ascendência italiana, nunca expôs
na terra dos bisavós. Um sonho que a artista espera concretizar.
— Nunca fui à Itália, mas tenho uma enorme
vontade de expor por lá. Minhas origens estão
em Padova e seria maravilhoso poder mostrar
meu trabalho por lá — assinala Adriana.
A propensão à moda originou-se da forma
mais inusitada. Adriana, durante o segundo
grau, chegou aos extremos da disparidade: fez
curso de cenografia e de... criação de prótese
odontológica. Da segunda carreira presume-se
que ter herdado da mãe, dentista. Já a primeira, nasceu mesmo com a estilista, já que o pai é
sociólogo. Adriana se “encontrou” nas artes.
Estudou
Artes
Cênicas na Casa
de Artes de Laranjeiras (CAL),
no Rio de Janeiro, em 1989. Em
1991 mudou-se
para São Paulo e
começou a fazer
desenvolvimento de acessórios
para grifes conAdriana Bertini: desde
sagradas, entre
1996 levanta a bandeira
contra doença
as quais: Fórum,
Opera Rock e Carmin.
Expôs pela primeira vez em 1997, em São
Paulo. Empolgou-se passou a produzir mais. A
falta de patrocínio atrapalhou, porém, as pretensões mais ousadas da artista. Por um ano
interrompeu as exposições e passou a engordar
o orçamento com a criação de cenários para
anúncios de televisão. Célebres campanhas publicitárias como a dos bichinhos da Parmalat,
McLanche Feliz, Fraldas Pampers, Amaciantes
MonBijou... tudo isso teve o dedo artístico de
Adriana. Mas o que mais a gratifica e motiva
sua carreira são mesmo as camisinhas. Até a
apresentadora de TV Babi, na época em que esteve no programa Erótica MTV, já rolou em uma
cama de seu cenário cuja colcha foi confeccionada com preservativos. Inusitado, realmente
inovador o trabalho de Adriana.
AIDS NO MUNDO
Quase 40 milhões de pessoas têm o vírus da
Aids hoje. Cerca de 60% dos casos estão concentrados na África. O último Boletim Epidemiológico da Aids, divulgado pelo Ministério
da Saúde em 2004, revela que a doença se
alastra no Brasil, principalmente entre a população negra e parda de baixa escolaridade e
renda. O estudo mostra que, em 2000, quando
foram coletados dados por raça pela primeira
vez, 13,2% das mulheres e 11,2% dos homens
infectados naquele ano eram negros. No primeiro semestre de 2004, essa proporção subiu para 14,3% e 11,8%, respectivamente.
Até 30 de junho do ano passado, foram
notificados 13.844 novos casos da doença no
país. Os outros 41.249 casos incluídos na estatística dizem respeito a contaminações em
anos anteriores. Dos quase 363 mil doentes,
cerca de 160 mil (44%) já morreram.
COMUNITÀ ITALIANA
/
ABRIL 2006
O Código
Da Vinci
Milão
Guilherme Aquino
T
odas as estradas levam ao castelo Sforszesco de Milão. São elas
que desvendam o verdadeiro código de Leonardo Da Vinci. Uma
série de painéis ilustra os desenhos e os projetos do gênio italiano ao longo da via Mercanti, que vai da igreja do Duomo às muralhas do
castelo. Retornando a capital da Lombardia, após 500 anos o criador do
afresco Santa Ceia e pintor da Monalisa tem os seus segredos descobertos
por estudiosos e pesquisadores na cidade onde viveu entre 1506 e 1513. E
o principal: são decifrados para o visitante comum, admirador de Leonardo Da Vinci. Está em exposição o Codice Atlantico e o famoso Codice Trivulziano, mais conhecido como o Codice di Leonardo da Vinci. Ele contém
notas e desenhos do artista realizados
entre os anos de 1487 e 1490. Além
deste precioso e raro documento, estudos para a construção do Duomo e de
armas militares podem ser observados
bem de perto. E, com um pouco mais
de imaginação, se pode até pensar que
o mestre está ali, na sala ao lado. A
mostra fica em cartaz até 21 de maio,
no castelo Sforszesco.
Fotos: Guilherme Aquino
Fashion contra a Aids
DO MAR AO MUSEU
ARTE
BANHO TURCO
S
O
A
e Milão não vai ao mar, o mar vem a Milão.
Fechado desde 2003 para reformas, o Aquário
Cívico reabriu ao público bem mais moderno. O
velho palácio estilo “liberty” abriga no interior
as “piscinas” panorâmicas projetadas para que
os habitantes do mar se sintam em casa. A água
que circula dentro do Aquário de Milão não serve
apenas para exibir a fauna marinha, mas também
mostra ao visitante todos os ciclos vitais para a
existência da vida sobre a Terra. Do vapor a chuva, do rio ao mar, a água cumpre o seu papel em
diferentes ambientes, desde um lago pré-alpino
a um canal artificial para transporte de pessoas
e mercadorias. O Aquário também ganhou uma
biblioteca cientifica, livraria, laboratórios, salas
para pesquisa e um bar. Loca: via Gadio 2.
TEATRO
A
té sete de maio a obra-prima “Deixe o monte Morgan”, com Andréa Giordana e Benedetta Bucellato, estará em cartaz no tradicional
Teatro Milano Manozoni. Dirigido por Sergio Fantoni, o espetáculo conta a história de um bígamo muito hábil em negociar, inclusive os assuntos do coração. No Milano Manozoni, significa
assinalar sobretudo teatro de prosa, uma grade
tradição de espetáculos, companhias, autores e
diretores iniciada em 1850. Naquele ano, sete
italianos milaneses fundaram a sociedade anônima Teatro Social de Milão com a intenção de
renovar na Itália o grande teatro de prosa.
ABRIL 2006
/
s Jogos Olímpicos de Inverno de Turim transformaram a cidade. O metrô — ainda com
apenas sete quilômetros de extensão e o único do
mundo a funcionar com piloto automático — virou
atração local. Um grande plano de reurbanização
melhorou as ruas e as calçadas da primeira capital
do reino de Itália. Mas no rastro deixado pelos esquis e patins de gelo está uma infinidade de mostras culturais espalhadas pelos principais palácios
públicos e privados da cidade. Uma delas, em cartaz até 30 de julho, no Castelo de Rivoli, reúne uma
série de instalações artísticas dedicadas aos anos
60 e 70 nos Estados Unidos. Vale a pena conferir. Museo D’Arte Contemporanea Castello Di Rivoli
— Piazza Mafalda di Savoia, 10098 Rivoli (Torino).
Funciona de segunda a domingo, das 10h às 17.
Ingresso a 6,50 euros.
vida em Milão é mesmo acelerada. Para
aliviar o estresse do dia-a-dia na cidade
existem alguns oasis onde o tempo não passa a custo de alguns bons euros, claro. São
os banhos turcos, os famosos “hamman”. Tepidarium, calidarium e frigidarium garantem
um relax para ninguém por defeito. Os turcos otomanos sabiam se cuidar. Os romanos
aprenderam e adotaram a prática do banho
turco. Os locais modernos não esquecem as
velhas tradições e a arquitetura deles não
deixa a desejar aos originais na margem do
estreito do Bosforo. Moresko Hamman Café
e Hamman della Rosa são os dois principais
points dos amantes destes centros de prazer
das Arábias. O primeiro, fica na rua Rubens
19, e o segundo, em viale Abruzzi 15.
HAPPY HOUR
O
must de Milão é passar no Corso Como 10, um
local com dois ambientes para recarregar as energias depois de bater pernas pela cidade. Sofisticados
canapés, drinks criativos, além de uma cozinha para
comensal nenhum colocar defeito, garantem um “happy and after the hours” para lá de chique. De verduras
a sushis, passando por espaguetes e carnes, o cardápio
é tão variado quanto a freqüência do restaurante/bar.
A casa é ponto de encontro de modelos e gente muito
descolada. Fica na via Como, número 10, bem ao lado
da estação do Metro de Porta Garibaldi, onde vai nascer
o novo centro da moda de Milão este ano.
COMUNITÀ ITALIANA
45
Sapori d’Italia
Nayra Garofle
Fotos: João Carnavos
Lombardia
escondida
no Leme
Iguaria originária da região italiana,
ossobuco de vitela conquista fãs cariocas
P
ara acolher gente de todo o mundo, é preciso prender o
turista não apenas pelas belezas naturais que o Rio ostenta. A boca também é uma saudável armadilha para seduzir
os estrangeiros que, uma vez e... outra também, se encantam com a terra cantada por Vinicius de Moraes em prosa, verso
e bossa. Muita bossa. E como os italianos fazem da cidade a extensão de suas casas na Bota, não é de se espantar com a quantidade deles que circula por Copacabana. Mas é no bairro vizinho a
“Princesinha do mar”, o Leme, que há 15 anos a família Brambini
e Estelio Vegetti resolveram investir. Aposta precisa. Ao falar de
comida italiana, no Rio, lembra-se logo do “Da Brambini”, um dos
mais tradicionais da zona sul carioca.
Os almoços e jantares diários têm um quórum singular. Nos
fins de semana, cento e vinte pessoas aparecem no restaurante,
algumas delas clientes de carteirinha dos 38 lugares disponíveis
na casa, cujo bar é todo em madeira. Rusticidade ímpar. Fotos antigas da Itália também reforçam a nostalgia que o lugar inspira.
Mas vamos deixar as delongas para depois. A seção da revista
fala mesmo é da boa comida. E o ossobuco de vitela com polenta
grelhada do chef “Bigode” — brasileiríssimo, por sinal — , que
aprendeu o segredo da receita com seus patrões, é o que ajudou a
construir a fama de ótimo restaurante do “Da Brambini”.
A iguaria é originária da Lombardia e um dos destaques do
cardápio, onde também fazem sucesso entre os clientes o prosciutto crudo e a polenta ao funhi porcini freschi. Segundo o
restauranter Gilberto Brambini, as tradições da casa são de forma irrevogável mantidas de geração a geração, no melhor estilo
“vecchia famiglia”.
— Tudo começou quando minha família inaugurou o primeiro
“Da Brambini”, há 80 anos, em Crema, província de Cremona, na
região de Lombardia. Como vim morar no Brasil, resolvi instalar
uma filial do restaurante aqui — recorda Gilberto, que hoje conduz o negócio com Umberto Vegetti, filho de Estelio Vegetti, que
atualmente está aposentado e regressou a Itália.
— Nossa relação com os clientes é tão boa que participamos
da vida deles. É como se fôssemos uma grande família — diz Umberto Vegetti, feliz da vida porque vive no Rio e é casado com uma
brasileira. — Eu me encontrei aqui — conclui.
Ossobuco de vitela com polenta grelhada
Rendimento: para 4 pessoas
Ingrdientes: 1 kg de ossobuco de vitelo – cortado pequeno;
1⁄2 cebola roxa média; 2 cenouras médias; 3⁄4 folhas de louro;
1 pé de aipo; 1 pé de alho poró; 2 colheres de extrato de tomate; 1 copo de vinho branco seco; 1 litro de caldo de carne;
2 colheres de azeite extra virgem
Modo de preparo: Em uma panela grande, deixar aquecer o
azeite e adicionar a cebola, a cenoura, o aipo e o alho poró
bem picadinhos. Quando os legumes estiverem dourados, juntar o ossobuco e as folhas de louro e deixar dourar por cerca
de 10 minutos em fogo alto, sempre mexendo. Terminada essa fase, juntar o vinho branco e o extrato de tomate. Depois
de ter evaporado o vinho, juntar aos poucos o caldo de carne.
Cozinhar por mais ou menos 50 minutos em fogo baixo. Sal
e pimenta a gosto.
Dica: Se quiser, no final do cozimento, ralar a casca de 1⁄2 limão no composto e misturar.
Polenta Grelhada: Deixar a Polenta já pronta esfriar em um tabuleiro raso. Cortar ela em retângulos de mais ou menos 10x15
centímetros e, uns 15 minutos antes de servir o prato, grelhálos em grelha bem quente, sempre virando dos dois lados.
Aconchegante e de frente para o mar, o Da Brambini
oferece pratos típicos do norte da Itália
46
SERVIÇO: AV. ATLÂNTICA, 514-B, LEME
TEL.: (21) 2275-4346
COMUNITÀ ITALIANA
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