Pesquisa revela que italianos casam menos e

Transcript

Pesquisa revela que italianos casam menos e
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c o m u n i d a d e
í t a l o - b r a s i l e i r a
www.comunitaitaliana.com
Ano XIII – Nº 102
ISSN 1676-3220
R$ 7,90
Rio de Janeiro, dezembro de 2006
Felicidade?
Pesquisa revela que italianos casam
menos e número de divórcios aumenta
enquanto no Brasil população idosa cresce
Cassino da Urca será reformado por italianos
Royalty-Free/Corbis
34
CAPA A hora do “não”
Istat divulga dados que reafirmam
tendência italiana de “fugir” do casamento
Economia
Missione impreditoriale:
È conclusa la tappa italiana a Roma e a Milano..............................16
Editorial
Balanço..........................................................................................06
Cose Nostre
Faturamento da moda feita na Itália
deve crescer pelo menos 18 por cento............................................07
Opinione
Perfil
Valentino Rizzioli assume presidência do
GEI e fala sobre expansão dos negócios entre Brasil e Itália............20
Notizie
QUAMDIU? Per quanto tempo?......................................................08
Itália è in distacco alla
Fiera della Providenza 2006............................................................27
Entrevista
Atualidade
Turismo
Sui sentieri di Sissi
I giardini di Castel
Trauttmandsdorff a Merano sono
la meta preferita per le gite
Música
Batuque italiano
Músico Maurizio Belli conta
sobre a arte de tocar pandeiros
50
Fotografia
Eterna diva
Atriz Sophia Loren posa para
calendário Pirelli 2007
Dezembro 2006
/
Roberth Trindade
Numero di immigrati regolari in Italia ha
quase raggiunto quello degli emigrati italiani nel mondo..................36
Divulgação
48
Divulgação
40
Ana Paula Torres
Atriz e diretora brasileira Florinda Bulkan
fala sobre seu sucesso na Itália.......................................................14
54
Gastronomia
Ceia de Natal
Prato à base de bacalhau é a
dica de uma autêntica italiana
para a ceia de Natal
ComunitàItaliana
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADO EM MARÇO DE 1994
Diretor:
Julio Cezar Vanni
É
inevitável. O fim do ano se aproxima e começamos a fazer contas: o que pagamos, o que temos a pagar e o que vem para o ano que se inicia. Mas o balanço não
é apenas financeiro. É também sinônimo de organização espiritual. E haja espírito
para o dia-a-dia que enfrentamos com o aumento da violência, do desemprego, o descaso com a coisa pública, dentre tantos outros obstáculos.
Nós, da Redação de Comunità, se tivéssemos que escolher uma palavra para resumir este ano que termina, certamente, optaríamos por “inovação”. É a nossa meta através
da prática de um jornalismo moderno e das inúmeras formas que implantamos para chegar até o ponto de encontro com nossos leitores. Buscamos objetivos ousados e alcançamos um público que faz opinião e a diferença na sociedade brasileira. Para 2007, continuaremos comprometidos com um serviço de informação e entretenimento, mirando o
prazer na leitura de ComunitàItaliana.
VICE-DIRETOR EXECUTIVO:
Adroaldo Garani
Publicação Mensal e Produção:
Editora Comunità Ltda.
Tiragem:
30.000 exemplares
Esta edição foi concluída em:
14/12/2006 às 12:30h
Distribuição:
Brasil e Itália
Redação e Administração:
Rua Marquês de Caxias, 31
CEP: 24030-050
Tel/Fax: (21) 2722-0181 /
(21) 2719-1468
O
governo Prodi começou há poucos meses, mas já bateu um recorde: somente 31
por cento da população italiana está satisfeita com as ações realizadas pela centro-esquerda no poder. E a resposta negativa dos cidadãos chegou tão cedo que a direita italiana ou não teve tempo ou não quis se organizar para uma oposição construtiva.
Berlusconi vem demonstrando força para protestar. Mesmo
não tendo cumprido as promessas de diminuição de taxa e
da liberalização da economia durante os cinco anos em que
governou a bota.
Acusado de populista, por fazer uma oposição capaz de
levar mais de 200 mil pessoas para praças públicas [aliás, se
fossem os da esquerda chamariam isso de democracia sadia],
o ex-premier ainda pede a recontagem dos votos dos italianos
no exterior que garantiram uma maioria de apenas um representante no Senado italiano para o atual governo. Preocupado
em acertar a tão polêmica “finanziaria” italiana, Prodi parece
não se importar com as críticas e atribui todo o período de criPietro Petraglia
se atual ao governo anterior.
Editor
Em setembro, os “velhinhos”, pensionistas italianos no
exterior, se surpreenderam com a deliberação governamental de que teriam suas aposentadorias revistas e, portanto, a partir de então não mais receberiam seus devidos estipêndios. Mas o espírito natalino parece ter pesado e após dois meses sem “uma lira” de
depósito, a decisão foi revista e tudo voltou ao normal.
Ora bolas, será que Lula tinha razão quando afirmou recentemente que ao atingirmos uma certa idade, seguimos os rumos mais à direita?
e-mail:
[email protected]
SUBEDIÇÃO
Rosangela Comunale
[email protected]
Redação:
Nayra Garofle
e Sílvia Souza (estagiária)
REVISÃO / TRADUÇÃO
Ana Paula Torres
Cristiana Cocco
Projeto Gráfico e Diagramação:
Alberto Carvalho
CAPA:
Royalty-Free/Corbis
Colaboradores:
Braz Maiolino – Pietro Polizzo – Venceslao
Soligo – Marco Lucchesi – Domenico De
Masi – Franco Urani – Fernanda Maranesi
– Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele
CorrespondenteS:
Guilherme Aquino (Milão)
Ana Paula Torres (Roma)
Giordano Iapalucci (Florença)
Marcos Petti (São Paulo)
U
ma fotografia da sociedade italiana atual mostra uma tendência que se verifica também no Brasil. O número de casamentos vem diminuindo e a população idosa está
em aumento. Matéria de capa desta edição, o tema é discutido por especialistas e você
poderá acompanhar os reflexos deste estudo.
Uma boa notícia anima os cariocas. O belíssimo prédio do extinto Cassino da Urca
será reformado para abrigar a sede do Instituto Europeu de Design. Criado em 1966, em
Milão, o órgão é referência internacional em arquitetura e trará ao Rio de Janeiro especialistas com técnicas para o aproveitamento da “criatividade natural” da cidade. O acordo
[que foi assinado graças ao empenho da Prefeitura do Rio e dos órgãos diplomáticos italianos] prevê cotas de aulas para jovens carentes.
ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente, as
opiniões e conceitos da Revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
C
ISSN 1676-3220
Boa Leitura!
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
ComunitàItaliana
editorial
om esta última edição de 2006, desejamos a todos os leitores comemorações com
paz, saúde e alegria.
Fontana de Trevi
Tem gôndola no Brasil
R
epresentantes do governo veneziano entregaram no início de novembro uma gôndola veneziana para a população de Nova Veneza, em Santa Catarina. A embarcação genuinamente italiana é de madeira e era utilizada para transporte de pessoas nos canais de Venezia,
principalmente de turistas. Esta é a terceira gôndola original que é doada pela província para outro país. São Petersburgo [Rússia] e Toronto
[Canadá] possuem uma embarcação cada. A do Brasil tem a cor preta,
10,75 metros de comprimento, 1,75 de largura e pesa 600 quilos.
U
ma organização católica fez um acordo com a prefeitura
de Roma, na Itália, para que o dinheiro arrecadado diariamente na famosa fonte italiana Fontana di Trevi sirva para abrir
um supermercado. A idéia é distribuir alimentos gratuitamente
à população pobre. Os turistas costumam jogar moedas no local
porque, segundo a tradição, quem coloca dinheiro na fonte volta a Roma. A Fontana di Trevi recebe, diariamente, 3 mil euros,
somando mais de 1 milhão anuais. O montante será recolhido no
fim de cada dia por funcionários autorizados.
Nova ópera
para Bocelli
Privada
patriota
O
italiano Andrea Bocelli cantará pela primeira vez, em
abril de 2007, no teatro Bellini
da Catania, com o papel principal
de “Andréa Chéneir”, de Umberto Giordano. A apresentação será
transformada em uma edição de
DVD-CD duplo pela gravadora inglesa Decca. Junto com Bocelli,
cantarão a soprano Martina Serafin e o barítono Alberto Gazale
dirigidos por Alun Francis, atual
diretor da Sinfônica de Berlim,
com “regia” de Federico Tiezzi.
Muito
visitado
O
s Museus Vaticanos
bateram recorde de visitação e atingiram um público de mais de quatro milhões de visitantes. No ano
em que se completam cinco
séculos desde sua fundação,
os museus ocupam boa parte das 1.400 salas dos Palácios Vaticanos, abrigam a
maior coleção de arte antiga do mundo, além da Capela Sistina pintada por Michelangelo. Em 2005, foram
computados 3.822.234 visitantes. Bento 16 definiu os
Museus Vaticanos como uma
“teologia de imagens” e um
“santuário de arte e fé” que
representam uma grande
responsabilidade “do ponto
de vista da mensagem cristã”. O complexo é o mais visitado da Itália e o quarto
no mundo após o Louvre de
Paris, o Metropolitano de
Nova York e o Britânico de
Londres.
U
Ansa
Balanço
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
E
m clima de Natal, o presidente da república da Itália, Giorgio Napolitano, observa o presépio doado pelos meninos de
uma instituição para menores em Nisida. A iniciativa aconteceu
durante o encontro, na fundação Città della Scienza, em Napoli,
com estudantes comprometidos com o trabalho voluntário contra
a Camorra, facção mafiosa que age ao redor da cidade no tráfico de
drogas, cigarros e jogo clandestino. “Nunca perdi a confiança em
Nápoles”, disse o presidente referindo-se à sua cidade de origem.
Made in Italy cresce
O
faturamento da moda feita na Itália deve crescer pelo menos
menos 18 por cento no final de 2006, segundo estimativas da
consultoria de negócios Merrill Lynch. As avaliações foram divulgadas por Paola Durante, chefe departamental corporativa da consultora, na Milano Fashion Global Summit 2006, uma reunião que compreende diversas experiências de pessoas que atuam no setor.
Fafá em Roma
F
afá de Belém cantou Chico Buarque e emocionou romanos. A
cantora brasileira apresentou 14 músicas escritas por Chico entre 1966 e 1980 e que compõem o CD “Tanto Mar”. Elogiado pela crítica internacional, a grande novidade deste álbum é que contém duas músicas cantadas em italiano, com adaptação de Sergio Bardotti,
que é lembrado como um apreciado tradutor de Vinicius de Moraes,
Tom Jobim e do próprio Chico Buarque. Trata-se de “Occhi negli occhi” [Olho nos olhos], escrita por Chico em 1976, e “Fatta apposta”
[Sob Medida], escrita em 1979 para a trilha sonora de um filme.
Entretenimento com cultura e informação
/
Dezembro 2006
Dezembro 2006
/
ma privada com uma
descarga que funcionava ao ritmo do hino nacional italiano foi confiscada pela polícia no norte da
Itália, gerando um grande
debate nacional sobre patriotismo. O vaso sanitário
era a criação de dois artistas locais e estava em exposição no Museu de Arte
Moderna de Bolzano. Os
promotores dizem que o
hino Fratelli d’Italia é um
símbolo nacional a ser protegido e nunca deveria ser
alvo de ridicularização. Os
advogados de defesa do
museu argumentaram que,
apesar de o hino ter um valor patriótico e sentimental, ele não é um símbolo
nacional.
Relíquias
italianas
T
ropas italianas da Força
Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) descobriram no sul do país artefatos
da era romano-bizantina. Oficiais encontraram jóias, vasos
e esqueletos datados dos séculos 3 e 4 d.C. enquanto faziam
escavações na região de Shama, ao sul de Tiro, para construir uma nova base italiana
no país. Os objetos foram entregues à Direção Arqueológica de Tebnin, na presença do
vice-ministro italiano das Relações Exteriores, Ugo Intini,
que visitava o Líbano acompanhado pelo embaixador Gabriele Checchia.
ComunitàItaliana
opinião
serviço
Parliamone
“Estou muito feliz.
É um sonho que
sempre busquei em
toda a minha vida,
principalmente
porque é algo
muito difícil
para um
zagueiro”
[email protected]
QUAMDIU? Per quanto tempo?
Sofia Loren, attrice, rispondendo ai
giornalisti sul segreto per l´eterna
gioventù presentata nelle pagine del
nuovo calendário Pirelli 2007.
“É a única realidade multiétnica que
eu conheço. Há mais de cem anos os
brasileiros vivem numa sociedade
aberta, sabem viver juntos. É
por isso que esse país tem
uma disposição natural
para a arquitetura”
Massimiliano
Fuksas,
arquiteto
italiano, que
em visita ao
Brasil palestrou
sobre arte em São
Paulo e defende a ética
no lugar da estética.
enquete
Empresas italianas descontam
do salário o tempo que
os empregados usam para
fumar. Você acha justo?
55,6% - Sim. O empregado deixa de
produzir para prejudicar a saúde.
44,4% - Não. As empresas devem
respeitar a escolha do empregado.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 24 e 27 de novembro.
/
E
cco qualche cosa sul famoso decreto del
Ministro Bersani, convertito nella legge
248 del 4 agosto con cui venivano cancellati i benefici fiscali ai pensionati residenti all’estero appartenenti alla cosiddetta “no tax
area”, ossia, i non tassati.
Allora, nessuno se n’è accorto e nessuno
è stato avvertito. Chissà poi perché il Ministro Bersani ha pensato di usare il decreto
legge, strumento che presupporrebbe l’urgenza di disciplinare qualche cosa che non
va bene, o affrontare una emergenza.
Cosí, essendo il decreto legge di efficacia immediata, i disciplinati e solerti burocrati dell’INPS, hanno preso carta, scartafacci, faldoni, penna e calamaio e hanno rifatto, a tambur battente, tutti i calcoli, al
centesimo, e la già magra pensione, ad ottobre è arrivata purgata, con perdita di liquidi
anche dell´80%., ai circa centomila pensionati sparsi, smarriti e
smagriti nel mondo.
È vero che un altro velocissimo decreto ha rimesso le cose a
posto: cari pensionati, c’è stato
un malinteso, non vi preoccupate, entro la fine dell’anno vi restituiremo tutto.
Non è stata colpa di nessuno: troppe carte, troppe circolari, troppo questo e quello e poi,
capite, abbiamo anche il sistema
informatico che non capisce a volo le disposizioni, non si adatta,
non si adegua. Appunto: colpa del sistema.
- Senhor, não podemos fazer nada, o sistema não aceita. Mais alguma coisa? Não
podemos, senhor, o sistema está fora do ar.
O estorno do desconto injustificado? Noventa dias úteis, senhor. O INPS agradece.
Questa parte mi viene meglio in portoghese, e voi la capite, perché sicuramente vi
è capitato di sentire certe voci fredde, meccaniche, monotone, indifferenti, irritanti,
e voi... impotenti e verdi di rabbia.
Novanta giorni per restituire lo scippo.
Staremo a vedere. Restituiranno i soldi sottratti velocemente, nudi e crudi, senza uno
straccetto di interesse, visto che sono rimasti nei loro forzieri? Il pensarlo è pura follia.
Figuriamoci. Anzi, vuoi vedere che tasseranno anche le restituzioni?
Parlando di tasse e di soldi, ho sentito
dire che i nostri connazionali residenti na
Bota sono sempre più ridenti, ridono cosí
tanto, a denti stretti, che gli si è infiamma-
Dezembro 2006
ta la mascella. Noi a Rio diciamo: inflamação
buco-maxilo-facial.
La stessa infiammazione sembra abbia
colpito el senador argentino Pallaro Luigi, il
quale ha spalancato troppo la bocca quando
gli hanno detto che gli italiani residenti all’estero l’anno prossimo riceveranno 14 milioni di Euro, e poi tanti altri, e di piú, nel
2008, e via passando il tempo...
Roma locuta est: il Ministero degli Esteri
ha già i soldi per pagare le bollette dei Consolati, comprare il materiale di cancelleria,
erogare i sussidi, snellire, sburocratizzare e,
soprattutto, bandire anche un megaconcorso locale per l’assunzione di personale capace di evadere le pratiche della cittadinanza.
Insomma: preagendamento, agendamento,
la chiamata. Oggi? Figuriamoci: stiamo chiamando quelli del 2003...
Reprodução
“Macché dieta! Io sono di Napoli, e
a Napoli abbiamo sempre fame. Io
credo che il merito sia del dna di
mia madre, che era ancora una donna
bellissima quando se n’é andata. E
poi sono fotogenica”
ComunitàItaliana
Exposição:
“Tazio Secchiaroli
O cinema no olhar”
con l’Avvocato Giuseppe Fusco
Fabio
Cannavaro,
jogador do Real Madrid, ao receber de
uma revista francesa o prêmio “Bola de
Ouro” como o melhor jogador da Europa.
agenda cultural
Cincischiamo, cari amici, per non piangere, perché, parliamo seriamente, le cose in
Europa e nel mondo non vanno tanto bene.
L’Europa ha paura di cambiare, affronta una grande e grave crisi di identità, cosí
decide di non decidere, in perenne guerra
ideologica tra false destre, false sinistre e
centri squilibrati, una mediocrità frutto di
una concezione burocratica, economicista e
impositiva del sogno unificatore.
E questo mentre la polveriera libanese
sta per esplodere di nuovo, Israele si sente
minacciata sempre di più, il Medio Oriente
è in fiamme, e negli Stati Uniti la vittoria
democratica ha fatto rinascere idee isolazioniste e nazionaliste. E se veramente gli USA
dovessero dire: Mondo, ci odi ? Allora, arrangiati. Non succederà.
Tuttavia, come diceva Cicerone, “nulla
acies humani ingenii tanta est quae penetrare in coelum, terram intrare possit”
Sicuramente il latinorum lo sapete.
A mostra revisita 30 anos de carreira do italiano que era o paparazzo de Fellini. Inédita, a coletânea apresenta 60 fotografias
originais de Secchiaroli, falecido em 1998,
aos 73 anos. As imagens pertencem ao “Archivio Tazio Secchiaroli”, dirigido pelo filho
do artista. Imortalizado no filme “La Dolce Vita”, Tazio Secchiaroli tem histórias que
Ava Gardner, Claudia Cardinale, Brigitte Bardot, entre outros. Outro destaque é a sessão
especial dedicada aos atores Sophia Loren e
Marcello Mastroianni, de quem Secchiaroli
foi fotógrafo pessoal e de confiança.
De 9 de dezembro a 11 de fevereiro de
2007, de segunda a sábado, das 10h às 21h
e aos domingos das 12h às 21h.
Local: Caixa Cultural, Galeria da Paulista,
Avenida Paulista, 2083. Entrada Gratuita.
Informações: (11) 3321-4400
E-mail: [email protected]
inspiraram a produção. E são as imagens
desta fase, do fim da
década de 1950, que
podem ser vistas na
mostra. Além de diretores como o próprio
Fellini, a exposição
traz astros e estrelas
que filmaram nos estúdios de Cinecittá,
em Roma, tais como
na estante
click do leitor
Adria, Cidade dos Sonhos, de
Vicente de Paulo Clemente e
Maria das Graças Clemente. É o
relato de uma viagem sonhada à
Ádria, cidade do norte da Itália.
Quase um guia de viagem de tão
pormenorizadas as passagens, o
livro é um encontro do casal
com o local de onde vieram os
ascendentes de Maria das Graças, os Casellato. As fotografias
em preto e branco descrevem
com nostalgia os lugares visitados. Editar Editora Associada,
244 págs. Venda pelo telefone
(32) 3217-7671 ou pelo e-mail
[email protected].
Meridiano Celeste & Bestiário,
de Marco Lucchesi. O novo livro
de poemas do autor traz quase 70
textos, entre os quais um com seu
próprio nome. Há citações dos filósofos Farias Brito e Spinoza numa obra que pode ser definida como um livro que repele sínteses,
até por parecer, de modo um tanto
enganador, também uma síntese.
O poeta vive um movimento em
expansão que parece caracterizar
a experiência que ele chama para
si através de uma variedade vertiginosa de outras tantas vivências
do presente e do passado. Editora
Record, 128 págs., R$27,90.
cartas
“U
ma das partes que mais gosto na
revista é a de serviços. Eu, leitor
fiel, costumo consultar as dicas dadas pela
revista. Por isso, acho que devem vir mais
indicações de livros, festas e por que não
de filmes também? Acho muito interessante e uma página é pouco.”
Antonio Amato,
Santa Catarina, FL,
por e-mail
Arquivo pessoal
frases
E
m outubro último, fiz uma viagem por toda a Itália. Conheci lugares incríveis e tirei várias fotos. Esta é uma das que eu gosto
muito. É o Rio Tevere, com sua beleza ímpar, que corre suas águas
verdes e tranqüilas em direção a Igreja de São Pedro, no Vaticano.
Jairo Favario — Niterói, Rio de Janeiro
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
“É
interessante ter na revista os colunistas
de Firenze, Milão e Roma. É mais uma
forma de estarmos ligados com o dia-a-dia italiano e as novidades de lá. Quanto ao ‘Il Lettore
Racconta’ achei o máximo! Que maneira emocionante de contar a história da família, isso me
envolve como leitora de um jeito comovente!”
“D
epois da edição 100 percebi que
algumas coisas mudaram na revista e a criação do ‘Italian Style’ foi o
maior barato. Achei ótimo os papéis higiênicos estampados! Um bom presente pra
quem tem humor e gosta de se divertir
com os amigos.”
Mariângela Borgo,
Vitória – ES,
por e-mail
Dezembro 2006
Gabriella Fontanini,
Rio de Janeiro – RJ,
por e-mail
/
ComunitàItaliana
articolo
opinione
raddoppia
Reprodução
il suo canale
Approvato referendum che autorizza la costituzione
di una terza via di comunicazione parallela
I
Franco Urani
n un articolo del giugno
scorso avevo sottolineato
l’eccezionale sviluppo dei
grandi paesi asiatici Cina ed
India che, sia pure con impostazioni assai diverse, avevano imboccato un cammino di crescita
costante ed elevata, con prospettive grandiose di progresso
economico [e purtroppo anche di
problemi ambientali].
La Cina in particolare, con la
sua popolazione di 1,3 miliardi,
un mercato interno potenzialmente enorme, la laboriosità
della popolazione, disciplina,
bassi salari/costi sociali/tasso
cambiale, eccezionale vocazione al risparmio e quindi agli
investimenti interni ed esteri,
10
aumenta ogni anno la sua propensione a relazionarsi con il
mondo, e cioè sia con i paesi
ricchi (Nord America e Europa).
Questi paesi le offrono know-how
e grandi sbocchi esportativi, sia
con quelli in via di sviluppo e
poveri da dove può ricevere la
materia prima di cui è carente e
sviluppare massicce esportazioni a prezzi popolarissimi.
Crediamo che la pragmatica
politica cinese nei paesi poveri,
specie africani, basata su cospicui
investimenti diretti e massimizzazione degli scambi commerciali,
potrà rivelarsi assai più efficace
rispetto a quella europea di questi decenni basata su interventi
frammentari, coinvolgimenti con
ComunitàItaliana
/
I nuovi grandi traffici tra
Estremo Oriente/Nord America lato Atlantico avvengono
quindi in parte su navi di oltre
100.000 ton. e su rotte assai
lunghe ed onerose che passano generalmente dall’Oceano
Indiano, canale di Suez, Mediterraneo e traversata dell’Atlan-
dei panamensi un referendum
proposto dalla PANAMA CANAL
AUTHORITY che autorizza la
costruzione di una terza via di
comunicazione parallela, oltre
alle due esistenti, che consentirà - dal 2014 - il passaggio
attraverso l’istmo di mega-navi
di stazza fino a 120.000 ton.,
con investimento previsto di
oltre 5 miliardi di dollari, impiego diretto di 35.000 addetti,
possibilità di transito annuo di
un 200.000 milioni di ton., in
aggiunta all’attuale, totale del
complesso dei 3 canali di Panama 450/500 milioni di Ton. di
merci, contro 300.000 milioni
di ton. del canale di Suez. Le
opere dovrebbero venire in gran
parte spesate da USA, Cina,
Giappone, principali utilizzatori del Canale ed i benefici per
l’economia di Panama sarebbero
certamente cospicui.
E già si sta pensando a nuovi e più importanti passi, considerando che il nuovo complesso
Panama sarebbe ben presto insufficiente. Sta infatti prendendo
corpo l’antico progetto del vicino
Nicaragua per realizzare un canale concorrente capace di sfruttare il Lago Cocibolca – il secondo dell’America Latina – in cui
potrebbero transitare navi con
stazza fino a 250.000 ton., contro le 120.000 ton. futuramente
previste per Panama, prevedendosi peraltro un investimento
che supererebbe i 20 miliardi di
dollari che comporterà quindi un
rigoroso studio di fattibilità e
tempi certo lunghi per l’eventuale realizzazione.
In questo contesto, il canale di Suez si ridurrebbe gradualmente al solo utilizzo delle
rotte marittime mediterranee
ed europee e quindi, anche nel
“E già si sta pensando a nuovi e più
importanti passi, considerando che
il nuovo complesso sarebbe ben
presto insufficiente”
tico, mentre dal Canale di Panama – ormai ingolfato - si passa
in appena due giorni tra Atlantico e Pacifico.
Fatto importante e recentissimo è che, dopo anni di studi,
è stato ora approvato dall’80%
Dezembro 2006
lungo termine, non dovrebbe
avere necessità di essere ampliato, compensandosi l’incremento specifico dei traffici con
l’eliminazione di quelli attualmente diretti o provenienti dal
Nord America.
Il regalo di Natale
“Un giorno fantastico nel senso letterario
dal termine come mai ve ne erano stati”
S
i capì subito che non era
un giorno come gli altri.
Sembrava primavera. Il
telegiornale del mattino
mostrava il sorriso giovanile, a
quarantadue denti, di Romano
Prodi, che annunciava ad un folto pubblico giubilante di contribuenti del ceto medio la riduzione del 50% di tutte le imposte
e tasse italiane. Sullo sfondo, un
coro di bambini del Teatro alla
Scala cantava l’Inno alla Gioia,
dalla Nona di Beethoven. Tra il
pubblico, nell’ultima fila, quasi
a sottolineare che i V.I.P. sono
uguali a tutti gli altri, Berlusconi reggeva una enorme stella cometa, splendente, che al termine del discorso avrebbe portato
al capo del governo. Gli sedevano accanto Fini, Casini e i vari
capi-corrente, vestiti da Re Magi, che su un vassoio esibivano
l’oro, l’incenso e la mirra di cui
più tardi avrebbero fatto dono
a Prodi. Bossi e Calderoli, in un
angolo, non condividevano il tripudio generale, non esultavano,
ma qualcosa aveva sciolto le loro
fredde anime padane; infatti nascondevano, con un certo pudore, cartelli su cui campeggiavano
le scritte “Ave Roma caput mundi” e “W la Calabria”.
A Bagdad neanche un ferito; sciiti e sunniti intonavano,
in verità un po’ stonati, arie da
“Jesus Christ Superstar”, mentre in Piazza San Pietro alcuni
cardinali recitavano versetti del
Corano a migliaia di cattolici
prostrati, viso alla Mecca e sedere al vento.
Le cronache locali mostravano a Napoli gli assoldati della
camorra che spazzavano le strade dei quartieri spagnoli e gli addetti alla raccolta dei rifiuti che
portavano via gli ultimi sacchi
di immondizie della Pasqua scorsa. Tutti i motociclisti portavano
il casco e il sindaco Rosa Russo
Iervolino ringraziava il popolo,
voce alla Callas, in piazza del
Plebiscito.
Ezio Maranesi
Persino le rubriche di gossip,
normalmente tanto idiote quanto noiose, apparivano pregnanti di simbologia positiva: si è
visto Vittorio Sgarbi all’uscita
di un night stringendo teneramente la Mussolini, Victoria
Beckham, vestita fino ai denti,
che faceva la calza, i principi
Savoia che decoravano l’albero
di Natale con luci e palle gialle, aiutati da leggiadre fanciulle
in larghe sottane [naturalmente il principe era sotto, a tenere
la scala], il cuoco Vissani con
la barba fatta che, condannato
a escogitare piatti inutilmente
sofisticati, finalmente si poteva
concedere il lusso di un panino
col salame di Cremona.
In seconda serata, in una
divertentissima puntata di Porta a Porta, un simpatico Fassino allietava il pubblico con battute e barzellette allegre. Era
molto ingrassato, tipo Giuliano
Ferrara e, anziché sulla poltrona, se ne stava sdraiato su un
triclinio come Trimalcione, ben
a suo agio, fumando un narghi-
lé con aria un po’ lasciva. Sulle
poltrone, i rappresentanti della
sinistra moderata, dell’estrema
sinistra e quelli dei partiti dell’opposizione, si tenevano per
mano. Nessuno interrompeva; al
contrario quando qualcuno parlava tutti indistintamente sorridevano e davano segnali di
assenso mostrando di condividere le garbate, per niente polemiche affermazioni dell’oratore. Bruno Vespa, vestito da
cardinale [non aveva osato vestirsi da Papa o da Gesù, come
avrebbe desiderato], impartiva
benedizioni ai suoi ospiti, tra
i quali, come lui ama mostrare,
non mancavano alcune “bbone”
superdotate [solo fisicamente,
s’intende]. Al termine della trasmissione, tutti in coro cantarono il “Va’ pensiero”. Avevano
infatti raggiunto gioiosamente
un compromesso: c’era infatti
chi voleva cantare “Bella ciao”
e chi “Bianco Natale”.
Fu un giorno fantastico, nel
senso letterario del termine, come mai ve ne erano stati. Alla
sera eravamo stanchi, ma felici:
avremmo voluto che le ore non
avessero mai fine.
Ci svegliammo incazzati, e
tonti, la mattina dopo. Era ancora buio alle otto e c’era molta nebbia su tutta l’Italia,
a Pizzighettone, a Fiesole e persino a
Trapani. Freddo
umido, smog; minacciava neve.
Sembrava ci fosse un problema
di black out, e infatti la luce andava e veniva. Nei momenti “in”
sapemmo che c’erano stati 300
morti a Bagdad, 200 in una alluvione in Guatemala, la signora Totti aspettava un altro figlio
e Bobo Vieri aveva rotto il flirt
con l’ultima “velina”. I politici
abbaiavano, ringhiavano e qualcuno mordeva pure. Prodi annunciava una nuova tassa sui gatti,
sui pappagalli e sulle suocere.
Perché i criceti no? Francesca Alderisi continuava a forare i timpani commentando estasiata la
cartolina illustrata della signora
Giuseppa da San Diego. Un giorno tragicamente uguale a tutti
gli altri.
Permaneva, vago, il ricordo
di ieri. Ciò che era accaduto era
talmente inconsueto che la gente era certa di aver sognato, non
capiva. Il Governo, la RAI, le redazioni dei giornali furono inondate da e-mail; la gente voleva
sapere se era stato un miraggio.
Ci fu una interpellanza al Ministero dell’Interno; furono i valligiani della Val di Susa, i “No
Tav”, piemontesi tosti e disubbidienti testardi che, come al solito, volevano vederci chiaro. C’era
molto nervosismo nelle piazze e
i soliti estremisti approfittavano
dello sconcerto per rompere qualche vetrina. Verso mezzogiorno ci
fu una schiarita; apparve persino
uno scampo di arcobaleno. Sulla
sua coda stava seduto un gigantesco Babbo Natale. Ghignava
sornione e beffardo. Aveva posto
la mano sinistra sull’avambraccio destro, all’altezza del gomito, mano destra chiusa a pugno.
Volgare quanto inequivocabile.
Era il 26 dicembre.
Reprodução
Panama
poteri locali incapaci e corrotti,
mancanza di programmi.
Un ruolo di sempre maggiore
importanza verrà pure assunto
dagli scambi tra il Nord America lato Atlantico e Cina-Giappone, il cui incremento è frenato
dall’insufficienza del Canale di
Panama, in funzione da inizio
1914, dove transitano annualmente - su 2 vie di comunicazione parallele - 14.000 navi fino a
75.000 ton. con 275.000 milioni
di ton. di merci.
Dezembro 2006
/
ComunitàItaliana
11
marco lucchesi / articolo
As razões de Ibsen
A
D’Annunzio, Hauptmann e Strindberg. Apesar disso, continua solitário.
Como nos quadros de Kaspar Friedrich. Festejado aos setenta anos na
Noruega, com uma estátua, junto ao Teatro de Christiania, Ibsen faleceu
em maio de 1906, reconhecido, afinal – após inúmeras diatribes – como
um dos fundadores do teatro contemporâneo.
E, de fato, sua obra parece arraigada em nosso horizonte, com as
nuvens de incerteza, que prometem inesperadas redenções. O Sol do
futuro. De uma verdade que busca seus raios. O centro. Não mais que o
centro. A descoberta de um princípio. E de toda uma vida que se volta
para a identidade. Cessa o destino coletivo. O sistema (de Kant, Hegel,
ou Marx), no qual o indivíduo parece fadado a desaparecer, em meio a
não sei quantos motores e ideologias. A Humanidade. A Razão. A Luta
de Classes. Paris e as multidões. Contra essa tendência em larga escala,
a voz solitária e poderosa de Kirkegaard, defende o superlugar do indivíduo. Indiviso. Munido de destino. De síntese. Irrevogável. Irredutível...
Era o pensamento de Kirkegaard fazendo vibrar as cordas de Ibsen.
Tinha início a busca da verdade. De pedras. E de espinhos. Mas
como não lutar, beirando a crueldade, para atingir uma idéia do que
somos, perdida nas formas pergrinas de ser e estar? Pai ou filho (e
aqui, Turgueniev). Marido ou mulher (em Strindberg, Puppenheim),
sujeito ou cidadão, como em Il fu Mattia Pascal (de Pirandello), cujo
protagonista vive depois da morte civil. Conhecer algo da verdade, eis
a tarefa. Opção que decide colher a verdade, por mais volátil, mediante uma abordagem, a revelar a teia de ilusões que corroem Rubreks e
Heddas, Osvalds e Alvings. E não se trata de uma diminuição do humano. De uma parcela de bufões. Tal como nos Saltimbancos, de Aleksandr Blok, todos estão presos por um tênue fio de adesão e medo. É
o que vemos, às raias de uma atitude glacial em Casa de bonecas. Diz
Nora: “Existe outra tarefa de que tenho de me desembaraçar primeiro.
Preciso tentar educar a mim mesma. E você não é o homem que pode
me ajudar. Tenho de fazê-lo sozinha. E é por isso que agora eu vou
deixá-lo”. Depois dessas palavras, a audiência permanece desconcertada. Muitos aplaudem; outros, indignados, deixam
o teatro. Mas Nora decidiu abandonar seu mundo
damente, encontramo-nos num ponto do qual não podemos voltar ou
seguir adiante”. É bem essa a intensidade de tamanha inflexão. A paralisia. O medo. Mas Ibsen avança para uma espécie de libertação, seja
de que modo for. Na de Hedda Gabler, a morte voluntária:
“É um alívio saber que existe, apesar de tudo, algo de independente e corajoso neste mundo, algo que ilumina um raio de
bondade absoluta...Sei que Loevborg teve a coragem de adequar a vida à sua idéia. Ele fez algo exemplar, onde se espraia
um reflexo de beleza. Ele teve força e vontade de deixar mais
cedo o banquete da vida”.
O mesmo que Hedda estava disposta a deixar. Seu apetite de vida
era intenso. Não havia como não buscar a morte. A vida clama pela
morte. Outra saída seria impensável. A moîra de Hedda era-lhe anterior. E quem semeia o nada, colhe abismos.
Outra saída – involuntária – é a de quem sonha a Ressurreição.
O artista, que não amou, porque temia perder a própria arte. E que
passou pela vida em transe. Perdido. Uma vida sem vida. E no limite.
Junto ao precipício, entre as montanhas. Até quando decide perscrutar a própria identidade:
“Rubeck: - Estamos livres. Há ainda muita vida para nós.
Irene - O desejo de vida está morto dentro de mim. Agora ressurgi, e te procuro com o olhar: e te encontro. E vejo que tu,
e a Vida... sois cadáveres, tal como eu fui...”
Rubeck “- Pois bem, nós dois, mortos, queremos de uma só vez
beber a vida até a última gota, antes de voltarmos à tumba”.
O branco da neve. O perigo das montanhas. E nessa Ressurreição,
uma avalanche leva Irene e Rubeck para o Gorgo. Eis o que parece
marcante no teatro de Ibsen. O possível no impossível. Essa alta-voltagem dramática.
E, hoje, mais do que nunca, marcados por uma crise de representação e de verdade, de queda em queda, e de altitude em
altitude, buscamos esse árduo princípio, como quem espera um céu claro depois da tempestade.
Joanna Andrzejewska
Noruega – de céus puros, e fiordes, e paisagens de gelo – deixara
de ser, desde 1814, província da Dinamarca. E começara a buscar
suas raízes, a recolher as sagas, a repensar a história e a geografia, valorizando a própria língua. A construção do futuro marcava a nova geração, que sonhava com um país soberano e fraternidade
escandinava. A Noruega e o Mundo. E Henrik Ibsen cresceu sob a égide
desses ideais. Nascido em 1828, em Skien, pequena cidade próxima de
Christiania, corria em suas veias o sangue de marinheiros escoceses e
alemães. Filho de abastado comerciante, viu o pai dissipar o patrimônio, e foi obrigado, aos dezesseis anos, a ganhar a vida como ajudante
de farmácia, em Grimstad. Corria o ano de 1848 e com ele a Revolução,
na Alemanha, França, Itália e Hungria. Vemos um Ibsen engajado. Obras
como Norma, Catilinia. Colabora num jornal operário. Mas é o teatro que
o reclama. Um teatro romântico, de grandes façanhas, como Os heróis
de Heligoland, ou Os pretendentes da coroa. E como a História desfizesse a ilusão de um mundo panescandinavo – com a ausência da Noruega no conflito entre a Dinamarca e a Prússia –, Ibsen impõe-se um
auto-exílio na Itália, onde redige seus dramas realistas: Peer
Gynt, Casa de bonecas, Brand. Já se tornara um
leitor assíduo de Sören Kirkegaard. Já
lhe absorvera a idéia de liberdade.
E correra meio-mundo. Egito
e Alemanha. Ibsen retorna à Noruega, famoso
em toda a Europa,
e lido por Bernard Shaw,
de bonecas, a casa, o marido e os filhos, por ter descoberto que sua
vida era uma não-vida. Que não passava – como Mattia Pascal – de um
ser morto, em vida. Que era preciso buscar as forças que haviam de
levá-la a si mesma, longe do papel que lhe fora outorgado, primeiro
pelo pai, depois pelo marido. Diz Nora: “Tenho sido sua boneca-mulher, como fui a filha-boneca de meu pai. E agora os nossos filhos têm
sido as minhas bonecas. Eu me divertia muito quando você brincava
comigo, da mesma forma pela qual eles se divertiam muito quando eu
brincava com eles. É isso que tem sido nosso casamento”. E agora.
A coragem de ser. Contra tudo. E todos. Uma reeducação que cumpria
ultimar, libertando-se da genealogia de bonecas semivivas, e demais
automatismos, propostos pelo egoísmo de Thorwald, que pôs a lume
a relação, ou a quase-relação conjugal, de que Nora não passava de
um satélite.
Aos que condenaram Ibsen por “tanta crueldade” (o abandono do
lar e dos filhos), a resposta veio, firme, com Os fantasmas. O convívio
ganha contornos sinistros. Se Nora – por hipótese – não houvesse
partido, as conseqüências teriam sido terríveis... Como quem passa
da condição de pseudo-vida, como a das bonecas, para a de não-vida,
dos fantasmas, da pura maldição. E temos na lembrança as figuras
dostievskianas, arrasadas por um mal secreto, torturando Gávrilas,
Rogójins e Míchkins, a seguir, pelas trevas, da culpa à expiação. Em
Ibsen, a urgência e a liberdade varrem dos céus as nuvens – luteranas – do pecado. Seus personagens são mais kirkegaardianos. Mesmo
quando aparentemente harmoniosos. Não ter desespero é uma forma
de desespero... Ibsen despreza a culpa. E persegue a verdade. Além
da cena – quando a peça atinge uma pétrea inflexão. E tudo começando e terminando – insiste Kirkegaard – pelo casamento: uma espécie de maldição dos átridas, passando de geração em geração, como a sífilis, em Os fantasmas, ou o suicídio, em Hedda Gabler.
Mesmo assim – dentro do fluxo hereditário – como são fortes seus
personagens femininios!... Como distam dos de Victorien Sardou, levados à ópera por Giacomo Puccini, como a Tosca, a ponto de morrer
por seu amor. Em Puccini-Sardou, o sacrifício de si. Em Ibsen, a descoberta. Terror e beleza andam inseparáveis. Como aquela atmosfera
de A cidade morta, de D’Annunzio, em meio à escavação das ruínas
gregas, no combate entre natureza e cultura. A verdade, acima de
tudo. Por mais volátil, subjetiva e perigosa. Não há outra... Para Ulfheim, caçador ibseniano de Quando nós, os mortos, acordamos: “A princípio nada
é perigoso. Mas, inespera-
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ComunitàItaliana
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Novembro 2006
Dezembro 2006
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ComunitàItaliana
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entrevista
Fotos: Agência Foto 30
O brilho
de uma
“Eu apostei
na educação.
Então eu quis
aprender
línguas
porque eu
sabia que
o mundo é
vasto. Não é
só o Ceará”
estrela
Nascida em Uruburetama, em 1941, a cearense Florinda Bulcão, ou Bolkan, como foi
batizada no exterior, radicou-se na Itália e visita o Brasil todos os anos, mais precisamente o Rio
de Janeiro onde mora a família. Na ocasião da 30ª Mostra Internacional de Cinema, em São
Paulo, Florinda participou da coletiva do júri, que iria trazer os indicados ao prêmio. O destaque
nesta edição do evento ficou para a exibição de filmes do cenário político italiano dos anos 60 e 70
nos quais Florinda foi uma das musas dos diretores. “Eu acho que o cinema italiano na época
em que eu estava lá alcançou o ápice, o que tinha de mais criativo”, analisa Bolkan.
C
Marcos Petti
omunitàItaliana - Que diferenças você vê entre a
Florinda atriz e a diretora?
Florinda Bolkan - Bom, como
atriz eu fiz 50 filmes ou, talvez,
até mais e, como diretora, fiz um
até agora. Eu acho que foi um
crescimento, um grito de liberdade. Uma coisa é você atuar e outra é julgar a atuação de outras
pessoas e dar a direção de como
representar. Então, foi um passo
a mais, eu subi um degrau.
CI- Como você começou a sua
carreira no Brasil e com quais
diretores trabalhou?
Florinda Bolkan - Infelizmente eu
tenho que lhe dizer que nunca trabalhei aqui. Eu fui para Paris. Eu
era bastante jovem. Foram umas
férias que depois viraram o turning point da minha vida. De Paris
fui para Roma. Ao me despedir da
Europa para voltar, encontrei um
grupo que era naturalmente o mais
hot que tinha, o do Visconti. Ele
fez um teste, o provino, como eles
chamam na Itália e, a partir desse
teste, eu comecei a trabalhar.
CI- Então foi o Luchino Visconti
que a lançou...
14
Florinda Bolkan - Foi ele o responsável (risos).
CI- Quando você nasceu seu pai tinha 60 anos e se casou com uma
jovem de 18 anos. É verdade?
Florinda Bolkan - Minha mãe
era muito jovem e meu pai era
um senhor. Meu pai a conheceu
quando tinha 12 anos e disse:
“Eu vou casar com essa menina”.
Ninguém acreditou. E depois ele
se casou com ela. É uma história
muito linda.
CI- Mas você chegou a ter contato com seu pai? Como foi sua relação com ele?
Florinda Bolkan - Meu pai morreu
quando eu era muito pequena.
Lembro-me pouco dele. Só sei que
ele existiu. Eu tenho uma idéia
dele através da biblioteca que ele
tinha. Meu pai era um poeta, foi
deputado duas vezes e um intelectual. Ele tinha a melhor biblioteca
do Ceará, que acabou sendo doada para o Instituto Cearense de
Letras. Foi nela que eu comecei a
ler e a sonhar com a Europa.
CI- Aqui no Brasil você trabalhou
com o Fábio Barreto?
Florinda Bolkan - Eu trabalhei
com o Fábio em “Bela Donna”
ComunitàItaliana
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(1998). Fiz uma mulher de pescadores. Foi uma experiência muito
gratificante embora eu não tivesse que mostrar nenhuma beleza,
nenhuma sofisticação. Eu voltei
às minhas raízes de cearense.
CI- Foi uma homenagem a você?
Florinda Bolkan - Não, não. A
atriz principal era uma americana. Era uma história que se passava no Ceará e a ‘bela donna’ era
essa menina americana que tinha
vindo com o marido. Eu era a mãe
do rapaz que se apaixona por ela.
É uma história muito, muito interessante. Principalmente pra
mim foi interessante. Às vezes,
é difícil você parecer feia, mais
velha e paupérrima. Gostei muito
de fazer esse papel.
CI - A mídia fez uma crítica negativa do “Eu Não Conhecia Tururu”
(2002), que foi o seu primeiro filme como diretora. Como você recebeu essa crítica?
Florinda Bolkan - Eu aprendi, principalmente não morando no Brasil, durante minha carreira, que a
crítica era sempre muito negativa
comigo. Mas lembro do que dizia
Giuletta Masina, mulher do Fellini. Um dia eu estava triste por-
Dezembro 2006
que a crítica não tinha sido exatamente como eu pensava e ela me
disse: “Florinda, não se preocupe
porque em Napoli, os jornais saem, os napolitanos lêem, depois
eles jogam no lixo e os pobres se
limpam” (risos). A gente esquece. O importante é que você continue, persevere, melhore. Aquele
filme foi o possível que eu fiz. Foi
minha alma. Ele ganhou dois prêmios. Você não pode dizer que um
filme é horroroso quando tem duas atrizes que ganharam um prêmio em Gramado. Então, calei a
boca. Vou fazer um próximo brevemente, espero. E continuo com
minha coragem e a consciência de
que estou fazendo alguma coisa
boa. Pra mim, pelo menos.
CI - Há quanto tempo você está
na Itália? Como vê a trajetória
do cinema italiano do final dos
anos 90?
Florinda Bolkan - Eu estou na Itália
desde 1967. Eu acho que o cinema italiano, na época em que eu
estava lá, alcançou o ápice, o que
tinha de mais criativo, embora o
Visconti já fosse um senhor, como
também Patroni Griffi, Dino Risi, e
todos os grandes diretores daque-
les anos. Eles já tinham uma certa
idade, não eram mais os jovens dos
primeiros filmes. Tanto que eu já
cheguei pensando que tudo tivesse
acabado. Mas estava explodindo. O
mais jovem era Elio Petri que fez
o filme mais extraordinário do momento. Um filme italiano que ganha o Oscar tem o seu mérito.
CI - Qual foi esse filme do Petri?
Florinda Bolkan - “Indagine su
un Cittadino al di Sopra di ogni
Sospetto” (1970), que é o filme
pelo qual eles (a Mostra) estão
fazendo uma homenagem àquele
período. Foi o filme que ganhou
o Oscar, foi um momento que a
cinematografia italiana deu um
impulso muito importante.
CI - E depois...
Florinda Bolkan - Depois eu acho
que arrefeceu. Ficou menos político e mais humano. Entrou mais nos
problemas familiares, problemas
humanos de amor. O próprio Nanni Moretti fez o “Caro Diario”. É um
filme leve, Conta sobre uma passagem humana dentro de problemas
que são normais na vida, mas que
afetaram ele numa cidade como
Roma. Eu acho que tem várias leituras do cinema italiano. O cinema,
neste momento, atravessa um período [e espero que eu não esteja errada] de crescimento. Tem muitas
pessoas fazendo cinema e que isso
seja um “empurrão”. Não se pode
negar que o cinema italiano tenha
ainda grandes representantes.
CI - Então o cinema hoje está nas
mãos de uma nova geração?
Florinda Bolkan - Totalmente. Os
mais velhos pararam um pouco
de fazer e está mais nas mãos
dos jovens. Tem um sangue novo
que, talvez, possa trazer grandes
novidades.
CI - Você certamente acompanha as notícias daqui. Como foi
para você a atuação do governo
atual e o que tem a dizer para o
futuro presidente?
Florinda Bolkan - Eu acho que é
sempre muito positivo apostar na
novidade, em uma coisa que nós
não conhecemos. Porque o que
nós conhecemos já sabemos. O
presidente Lula foi uma grande esperança, todo mundo apostou e,
sinceramente, foi um pouco frustrante o ocorrido durante esses
quatro anos. Acho que chocou
um pouco a alma de todo mundo.
E posso dizer que, pra mim mes-
ma, foi um golpe forte porque nós
estávamos esperando e apostando
numa coisa linda. Isso não quer dizer que não melhore. Nós só podemos esperar que seja melhor.
CI - Como é para você o Brasil
visto de longe? Em que precisaria mudar?
Florinda Bolkan - Eu acho que o
Brasil visto de fora é mais bonito do que visto de dentro. Existe
uma propaganda muito positiva lá
fora. O país deveria se preocupar
com áreas que são totalmente, na
minha opinião, esquecidas. Como
a social, incluindo a pobreza, e a
educação. Não sei se apostei na
educação porque eu tive um pai
poeta e vim do Ceará. Então, eu
quis aprender línguas porque eu
sabia que o mundo é vasto. Não é
só o Ceará. O fato de serem negados o ensino, a saúde e a assistência a uma criança já pequenina é,
para mim, o maior delito que um
governo pode cometer. As crianças
são o espelho do nosso futuro. Se
nós não dermos a elas alimento,
educação e saúde, crescerão com
ódio, com rancor e paupérrimas
pois não têm nem onde se apegarem para que criem o próprio futuro. Pra mim, o Brasil tem se negado realmente a ver essa situação
que é muito problemática aqui e
no Ceará. Hoje, eu saí e vi pessoas dormindo na rua. Não deveria
ser assim. Quando você lê as cifras
que eles admitem serem gastas
nisso e naquilo, vê a inverdade.
Eu estou num país em que a vida
melhorou sim, mas melhorou para
uma elite. Pra mim seria prioridade
melhorar o nível de vida. Os países do primeiro mundo, como nós
chamamos, apostam um pouquinho aqui e ali. Na Itália, o médico
della mutua te dá o remédio. Eu
fiquei fascinada com o que
aconteceu há quatro
anos. Como é que nós
somos roubados com
o que está acontecendo? Mas quem
esquece? Eu não
esqueço. Temos
que ser conscientes de que
Dezembro 2006
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alguma coisa não está funcionando. Deveria funcionar...
CI - E a sua vida pessoal hoje?
Florinda Bolkan - Eu estou muito contente. Vivo na Itália. Tenho uma criação de cavalos, que
é uma coisa de infância, vem lá do
Ceará. Gosto muito da Campagna,
vivo a 50 km de Roma, em Bracciano. Tenho uma vida muito tranqüila, não tenho uma vida de star.
Sou muito amada e respeitada na
Itália. Vivo muitíssimo bem com
a minha estrutura psíquica e física. Tomo muito cuidado com o físico porque acho que a idade vai
passando. Agora... o tempo passa.
Não é que eu sou mais aquela. Eu
sou uma outra mulher. Eu tenho
uma ong, a Florinda Bolkan, que
começou no Ceará e pretendo expandir em outras áreas, aos poucos. Ah, é hora de ir.
CI - Só para concluir: uma recordação que você tem da Itália e
do Brasil.
Florinda Bolkan - Bom, eu posso
dizer que devo meu nascimento
ao Brasil e sou ligadíssima a
este país. Porque eu
sou como uma árvore: nasceu naquele lugar e
pertence àquele lugar. Mas eu
fui dar frutos
em outro lugar
e o meu coração
está lá. Eu amo
a Itália. Amo. É
um lugar onde
devo tudo, devo tudo o que
possuo.
ComunitàItaliana
15
economia
È tempo di affari
Si scaldano i rapporti tra Brasile e Italia.
Conclusa tappa italiana della missione
imprenditoriale. Arrivederci ad aprile in Brasile
I
Ana Paula Torres e Guilherme Aquino
in Italia per partecipare al Forum
“Destinazione Brasile” e per invitare personalmente gli imprenditori italiani ad investire in Brasile.
Quella era soltanto la prima di una
serie di iniziative che sarebbero
state organizzate per cercare di
intensificare gli scambi economici tra il Belpaese e il Gigante sudamericano. Nel marzo scorso, un
gruppo di oltre 200 imprenditori
italiani si è recato in Brasile per
conoscere da vicino la realtà del
paese e stabilire dei contatti di
collaborazione con gli imprenditori locali. Durante quella programmazione, sono stati realizzati circa
2mila incontri bilaterali.
Dal 20 al 27 ottobre scorsi si
è svolta invece la seconda parte della missione imprenditoriale
positivamente produttiva la cooperazione tra Italia e Brasile. “Un
grande pilota brasiliano – afferma – su una straordinaria macchina italiana: è il miglior esempio di collaborazione”.
Montezemolo ha poi sottolineato che il mercato brasiliano
rappresenta un’opportunità che
le imprese italiane, soprattutto le
piccole e medie, devono cogliere,
non solo per le potenzialità di un
paese che cresce e che sta attuando forti riforme strutturali, ma anche perché il Brasile può diventare
una piattaforma per gli altri mercati del Sudamerica. “Il nostro obiettivo – ha detto Montezemolo – è
quello di spingere, come Confindustria, le piccole e medie imprese ad
incontri faccia a faccia con potenziali patner’’. Inoltre il presidente
degli industriali ha sottolineato
anche le intenzioni dell’Italia nei
confronti del Brasile. ‘’Il nostro
Fotos: Ana Paula Torres
rapporti commerciali tra Brasile e Italia possono e devono intensificarsi per il bene
dei due paesi. E’ così che la
pensano i rappresentanti di governo e imprenditori che hanno
partecipato alla missione imprenditoriale Brasile-Italia svoltasi a Roma, Milano, Vicenza e
Parma. Buoni i primi risultati che
indicano un aumento degli scambi commerciali nel 2006. Dopo
questo incontro autunnale in
Italia, il prossimo appuntamento sarà per l’aprile 2007, quando un’altra missione imprenditoriale, questa volta comandata
dal ministro Emma Bonino, si recherà in Brasile per proseguire
con le attività di avvicinamento
commerciale tra le due nazioni.
Nell’ottobre 2005, il presidente
Luiz Inácio Lula da Silva arrivava
con la visita degli imprenditori
brasiliani in Italia. Roma è stata
la prima tappa del viaggio, dove
ai partecipanti della missione è
stato offerto un raffinato cocktail di benvenuto presso le sale
di Palazzo Pamphilj, sede dell’Ambasciata del Brasile.
Il forum “Italia e Brasile”,
prima attività programmata, è
stato realizzato presso la sede
della Confindustria. Ad iniziare
i lavori, Luca Cordero di Montezemolo, presidente della Confindustria, nonché della Fiat, una
delle aziende italiane più note in Brasile, e presidente della
Ferrari, che il giorno precedente
aveva sì perso il campionato con
Michael Schumacher, ma vinto la
gara del Gran Premio del Brasile
con Felipe Massa, la nuova speranza brasiliana. Questo fatto a
Montezemolo non è per niente
sfuggito ed è servito per fare un
esempio di quanto possa essere
16
ComunitàItaliana
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Dezembro 2006
Il proprietario della Mix Brasil, Eduardo Arietti
obiettivo – ha proseguito – vuole essere anche quello di una porta per l’Europa per gli imprenditori
brasiliani’’. Montezemolo ha poi ricordato: “La Fiat è leader di mercato in Brasile e puntiamo al Brasile
per una forte ricerca di carburante
alternativo’’. Per il leader di Confindustria ‘’la presenza di aziende in
Brasile come Fiat e Pirelli è di vecchia data e ha permesso, sulla scia
di queste aziende, l’ingresso di più
di 40 aziende fornitrici nel paese
sudamericano’’.
Secondo Paulo Skaf, presidente della Fiesp (Federazione delle
industrie dello stato di San Paolo), le iniziative organizzate lungo quest’anno hanno già cominciato a dare risultati positivi. Le
stime per il 2006 sono di un aumento del 20% del flusso commerciale tra Brasile e Italia, circa il 40% in più di quello degli
ultimi quattro anni. Mantenendo
questo ritmo, la meta è quella di
arrivare al 2008 con un flusso di
10 milioni di dollari, cifra ancora
modesta se considerati i potenziali di entrambi i paesi, ma sicuramente più consistente dei 4 milioni di dollari degli ultimi anni.
Per Emma Bonino, ministro
per le politiche europee e commercio internazionale, intervenuta anche lei al forum, il Brasile
rappresenta una grande opportunità per la imprese, soprattutto
per le piccole e medie, che compongono la maggior parte del
tessuto industriale italiano. “Con
il Brasile – ha affermato - abbiamo un rapporto soddisfacente, in
aumento e in crescita. La nostra
ferma convinzione è che questo
rapporto positivo e soddisfacente può e deve dare molto di più.
Le modalità della crescita eco-
nomica – ha aggiunto - possono
consentire l’incremento dei nostri rapporti economici’’. Per lei,
l’obiettivo della missione degli
imprenditori brasiliani in Italia e
anche quello dell’aprile 2007 degli italiani in Brasile deve essere
di portare dei risultati per rafforzare la reciprocità delle imprese.
Per quanto riguarda invece
il Wto (Organizzazione mondiale per il commercio), Bonino ha
comunicato: “con il mio omologo
Luiz Fernando Furlan abbiamo ribadito l’interesse ad una ripresa
e ad un rilancio dei negoziati il
più presto possibile. La crescita
dei nostri rapporti politici, culturali, economici con il Brasile – ha
aggiunto – spero che siano il volo per accelerare anche il dossier
Unione Europea-Mercosur’’.
In seguito al forum, si sono
svolti gli incontri bilaterali tra le
imprese brasiliane e italiane. L’iniziativa ha portato alla conclusione di accordi di collaborazione tra
aziende che avevano partecipato anche all’incontro di marzo in
Brasile. Altre, invece, hanno avuto
modo di fare un primo contatto,
com’è il caso di due imprese del
settore di calzature femminili della città di Jaú, nello stato di San
Paolo. Per i loro proprietari partecipare a questa missione è stata una prima esperienza per sentire più da vicino come funziona
il mercato italiano e approfittare
per dare un’occhiata alle vetrine e
capire quali saranno le tendenze
della prossima stagione.
– È la prima volta che partecipo ad un evento di questo genere. – spiega Eduardo Arietti, proprietario della Mix Brasil, azienda
produttrice di calzature femminili – Sono venuto per presentare il
nostro prodotto e per avvicinarmi
alla realtà italiana. Non credo sarà
possibile realizzare qualche accordo di collaborazione così subito –
aggiunge – ma l’importante è fare
dei contatti e pensare al futuro.
Arietti ha inoltre sottolineato che un viaggio in Italia era già
in programma per l’anno prossimo, per conoscere la terra di origine della sua famiglia. Partecipare alla missione è stata allora
un’ottima scusa per anticipare
l’arrivo in Italia.
– E poi, voglio anche approfittare per vedere le tendenze
della moda per la prossima stagione – confessa.
Robson Braga de Andrade, presidente della Fiemg (Federazione
delle industrie dello stato di Minas Gerais) racconta che durante
l’incontro di marzo in Brasile, nel
solo stato di Minas Gerais, perciò
escluse le tappe di San Paolo e Rio
Grande do Sul della missione imprenditoriale, sono stati realizzati
oltre 700 incontri bilaterali tra le
imprese locali e quelle italiane. In
molti casi c’è stata una successiva
concretizzazione delle collaborazioni nell’ambito dell’importazione ed esportazione. Andrade ha
poi dichiarato che le istituzioni
di Minas Gerais sono in trattativa
per riuscire a portare nello stato
delle aziende italiane presenti nel
settore dell’ingegneria e apparecchiature meccaniche.
– Viviamo un momento molto opportuno per l’ingegneria
che pare sarà di lunga durata,
cosa che potrebbe contribuire agli investimenti nel settore
meccanico, soprattutto per la
produzione di macchinari da essere utilizzati in diversi segmenti dell’industria brasiliana.
Per Andrade, il Brasile significa poi una piattaforma di esportazione per tutta l’America Latina
estremamente importante per le
imprese europee.
– Il Brasile – afferma – è il
paese migliore per arrivare su
tutto il mercato latinoamericano.
Il presidente della Fiemg
considera di grande importanza gli incontri bilaterali che si
svolgono durante le attività delle
missioni imprenditoriali, ma sottolinea: “A volte sono un po’ frustranti perché le persone credono che faranno gli affari in breve
tempo e non è così.”
Per Carlos Eduardo Abijaodi,
manager del Centro Internacional de Negócios dello stato di
Minas Gerais, la globalizzazione
ha portato allo stesso tempo un
vantaggio e uno svantaggio agli
imprenditori. “Oggi – spiega – è
necessario approfondire le conoscenze e capire cosa l’altro può
“Le stime per
il 2006 sono di
un aumento del
20% del flusso
commerciale tra
Brasile e Italia,
circa il 40% in
più di quello
degli ultimi
quattro anni.”
Paulo Skaf
Il ministro per le politiche europee e comercio internazionale, Emma Bonino
Dezembro 2006
/
ComunitàItaliana
17
Roma
economia
Ana Paula Torres
1) Il presidente dell’ICE, Umberto Vattani e l’ambasciatore del
Brasile, Adhemar Bahadian. 2) Il manager del Centro Internacional de
Negócios dello stato di Minas Gerais Carlos Eduardo Abijaodi
3) Il presidente della Fiemg, Robson de Andrade
offrire per complementare il tuo
lavoro. In passato non avevamo
questa preoccupazione, esisteva
solo una conoscenza molto superficiale dell’altro. Oggi – continua – è necessario diventare
forti attraverso le alleanze strategiche.” Per Abijaodi, un punto favorevole è la somiglianza tra
l’economia brasiliana e italiana.
“L’economia italiana vive al 90%
delle piccole e medie imprese.
In Brasile, – dichiara – abbiamo
oggi un potenziale da sviluppare
con piccole e medie imprese. Perché il Brasile non sarà mai una
Cina di grandi produzioni. Il nostro prodotto – aggiunge – sarà
sempre differenziato, con valore
aggregato. Il Brasile è innovativo, il nome Brasile è carismatico.
E noi sappiamo lavorare bene.”
A Roma sono stati realizzati anche dei seminari tecnici
che hanno affrontato i seguenti temi: l’internazionalizzazione
delle piccole e medie industrie,
l’infrastruttura e l’edilizia, l’ambiente, etanolo ed altre fonti
18
energetiche alternative, e cooperazione finanziaria.
Durante il suo soggiorno romano, il ministro per lo Sviluppo, industria e commercio estero
del Brasile, Luiz Fernando Furlan, ha avuto modo di incontrarsi con Giampiero Benedetti, un
rappresentante del gruppo Danieli-Ceará Steel, che è responsabile per la siderurgica del Ceará
e ha già investito circa 100 milioni di dollari nella produzione
di acciaio in questa regione del
Brasile. Durante l’incontro, l’imprenditore ha comunicato che
l’azienda investirà altri 400 milioni nello stato, durante i prossimi quattro anni.
Il ministro brasiliano si è riunito, inoltre, con il vice-ministro
per il commercio internazionale
italiano Gianfranco Caprioli. Durante il colloquio, è stata individuata la possibilità che entrambi
i governi firmino accordi nei settori della biotecnologia e nanotecnologia, nonché in altri campi
di interesse reciproco.
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2006
Mercadinho de Natal
E
stá de volta o tradicional mercadinho
de Natal da praça Navona, no centro de
Roma. Composto por 111 barracas que exibem e vendem artigos natalícios, o complexo está de cara nova. Agora os estandes
devem seguir um modelo padrão tanto no
tamanho como na cor, que deve ser o verde. Além de objetos e artesanato, o mercadinho também oferece opções de lazer para
as crianças e muitas guloseimas. As atividades se encerram em janeiro, com a festa da
Befana, no dia 6.
Reprodução
Divulgação
3
peso, ha riunito più di cento
imprenditori brasiliani e italiani
che vogliono abbattere frontiere
e attraversare l’oceano Atlantico
alla ricerca di nuove opportunità. Non è un caso che il dibattito
si è avuto al Museo della Scienza
e Tecnologia, a Milano.
Il Brasile è uno dei principali obiettivi internazionali per la
‘esportazione’ del modello italiano
della piccola e media impresa. Da
qui il passo seguente della comitiva brasiliana: conoscere da vicino le realtà dei distretti industriali di Parma e Vicenza, conosciuti
per la loro eccellenza nel settore
della piccola e media impresa. E le
partnership hanno tutte le carte in
regola per avere successo. La base produttiva di ambedue i paesi è
simile (considerando i distretti industriali e i sistemi economici locali a un inestimabile patrimonio
culturale e di fiducia, le cui basi
sono state lanciate dall’immigrazione italiana, molto forte in Brasile. Inoltre, i due paesi condividono le stesse opinioni e rispetto
alle regole del commercio mondiale e stanno lottando contro un
mercato globalizzato che minaccia
la tradizionale industria di basso livello tecnologicol. Insieme,
Italia e Brasile, unendo le forze,
possono comobattere la minaccia
che viene dalla Cina e dagli altri
produttori asiatici. E questo senza tenere conto che il Brasile ha
immense ricchezze minerali capaci di trasformarsi in un importante
serbatoio/riservatorio mondiale di
materie prime di prima necessità.
— Stiamo ritornando qui con
centinaia di imprenditori. Tra l’altro, la Fiesp con la presidenza del
Consiglio dei Ministri sta già programmando la visita del presidente della Repubblica del Brasile,
nel marzo del prossimo anno. Qui,
in Italia, noto una certa preoccupazione, forse, con il nostro basso indice di crescita. Il Brasile
era un paese che sarebbe potuto
crescere dal 5 al 6%, ma si trova
ben al di sotto di questo numero, e per ragioni già abbastanza
conosciute. Noi, della Fiesp, speriamo che all’inizio del prossimo
governo ci sia un’evoluzione, uno
choc di gestione per sciogliere le
corde, che permetta al paese un
ritorno alla crescita per creare
gli impieghi che sono necessari
in Brasile – afferma a Comunità
uno dei rappresentanti della Fiesp, Thomaz Zannotto.
Ansa
2
Milano: maggiore
esportatrice per il Brasile
Milano è la capitale degli affari
italiani. E, come non poteva non
essere, palco dei principali incontri tra imprenditori brasiliani
e italiani. Dopo la visita a Roma, la missione imprenditoriale
del Brasile è passata per il capoluogo lombardo e per i distretti
commerciali nelle città di Parma
e Vicenza. È la provincia che più
esporta per il Brasile (nel 2006
sono stati più di 192 milioni di
euro, il 17,3% del totale nazionale). Dopo viene Torino, con 156
milioni in esportazioni e, al terzo
posto, la città di Trieste. Milano
è anche il primo comune con imprese carioca. Sono 407, circa il
14.2% del totale, davanti a Verona, con 355 (il 12,4% del totale) e Mantova, con 243 (l’8,5%
del totale). Ossia, il nord Italia è
concentrato in verde e giallo.
Il primo passo è stato quello di stabilire le regole del gioco.
Per incrementare il commercio tra
i due paesi, è necessario conoscere a fondo gli strumenti finanziari e i servizi innovativi per viabilizzare le azioni concrete degli
imprenditori brasiliani e italiani.
Ed è stato giustamente questo
il tema del primo incontro della
missione in terra lombarda, con
l’approvazione di una nuova linea
di credito per favorire lo sviluppo e stringere i legami economici. Si è creato un finanziamento a
media e lunga scadenza per l’acquisizione di beni come macchinari per l’industria. SACE, SPIMI,
BID-RIAL, Promos, BNDES, Banco
do Brasil, APEX hanno sviluppato una linea di azione comune.
Il Joint Credit Facility ha come
principali partner importanti istituzioni finanziarie brasiliane e
italiane. L’accordo prevede ancora
la costituzione di un fondo di investimenti bilaterale per favorire
lo sviluppo di collaborazioni industriali e commerciali tra le imprese brasiliane ed italiane.
— Il Brasile è uno degli orizzonti nel futuro mercato globale.
E tutto questo rappresenta un significativo progresso del dialogo
istituzionale con il paese – dichiara il presidente della Promos,
Bruno Ermolli.
Il seminario, promosso dalla
Assolombarda, Camera di Commercio di Milano/Promos, Interamerica Development Bank e
Regione Lombardia, partner di
Casamento à italiana
para Tom e Kate
O
casamento mais esperado do ano
aconteceu no dia 18 de novembro em Bracciano, cidade de 13
mil habitantes, nos arredores da capital
italiana. As estrelas hollywoodianas Tom
Cruise e Katie Holmes provocaram o maior
alvoroço em Roma, onde ficaram hospedados no luxuoso hotel Hassler, localizado
no coração da cidade, em frente à praça
de Espanha.
O casal escolheu um cenário de contos
de fadas para selar a união. A celebração,
seguindo o rito da seita de cientologia, da
qual Tom e Katie fazem parte, aconteceu no castelo Odescalchi, construído no século 12 e definido como um
dos mais luxuosos da Europa. A prefeitura da cidade presenteou os noivos com uma réplica do castelo.
Os preparativos também mantiveram toda a pompa. O casal não
quis economizar em nada [estima-se
que a comemoração custou ao todo
US$ 1 milhão] e, entre um dos itens
do casamento, o que mais chamou
a atenção foi o bolo. Com cinco andares, o doce foi todo recheado com
Brasil cantado
I
ntitulado “Onda tropicale”, o mais
recente trabalho da famosa cantora
romana Fiorella Mannoia é totalmente
dedicado à música brasileira.“Este disco
chega como conclusão de um caminho
muito longo durante o qual amadureci
o desejo de contar a história de um povo, de uma terra extraordinária, de uma
atmosfera única e mágica, afirma a artista. Neste cd, ela canta seis faixas em
português e outras em italiano, formando duetos com grandes nomes da MPB,
como Milton Nascimento, Gilberto Gil,
Chico César, Djavan e Carlinhos Brown.
mousse de chocolate e decorado com rosas
feitas de marzipan.
Um dos momentos mais bonitos da festa foi quando Katie e Tom desceram de uma
rampa de pedra ao som de tambores e com
bandeiras medievais. Todo o local estava decorado com flores brancas. Poucos foram os
convidados italianos. Estavam presentes o
prefeito de Roma Walter Veltroni, amigo de
longa data de Tom; o estilista Giorgio Armani
responsável pela organização do evento e trajes dos noivos; e o cantor Andrea Bocelli, que
fez uma apresentação durante a recepção.
Bom apetite!
E
Ansa
Fotos: Ana Paula Torres
1
Dezembro 2006
m meio à natureza, a poucos quilômetros de Roma, o tradicional restaurante
“La cuccagna” é uma ótima opção para um
almoço ou jantar em companhia da família
e ou amigos. Os pratos servidos são preparados com produtos locais e respeitando
receitas antigas. Pela sua localização, próxima aos estúdios de Saxa Rubra, é bastante frequentado por personalidades do meio
artístico ligados à televisão italiana RAI. O
estabelecimento fica na Via Flaminia 1612,
km 16.400.
/
ComunitàItaliana
19
perfil
Horizonte
promissor
V
Marcos Petti
alentino Rizzioli acaba de
assumir a presidência do
Gruppo Esponenti Italiani (GEI), entidade que representa a atividade empresarial
italiana em atuação no Brasil, e
complementa a função das ações
desenvolvidas pela Embaixada,
consulados, do Instituto Italiano de Comércio Exterior (ICE) e
do Instituto Italiano de Cultura
(IIC). Ele ocupa o lugar do empresário Giuseppe Farini, da SipcamAgro, de São Paulo, por um período de dois anos. No Brasil, o GEI
surgiu em maio de 2000. Trata-se
do terceiro escritório no mundo,
depois de Nova York e Londres.
Nas reuniões mensais, na sede em
São Paulo, o quadro se compõe de
associados italianos e ítalo-brasileiros de destaque.
— A finalidade é promover
a integração, as idéias e as propostas de expansão dos negócios
— diz Rizzioli.
Os encontros permitem aproximar também personalidades
do mundo político, empresarial
e cultural. Entre os que já foram
convidados para as reuniões, estão o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, o ex-prefeito da capital
paulista e atual governador eleito do estado, José Serra, o atual
ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega,
e os ex-ministros brasileiros Luiz
Felipe Lampreia, Pedro Malan,
Pratini de Moraes, Guido Mantega e Luiz Dulci. Entre os italianos, o ex-ministro Adolfo Urso
e o atual vice-premiê e ministro
das Relações Exteriores, Massimo
D’Alema. Rizzioli é formado em
20
Engenharia pela Academia Aeronáutica Militar de Pozzuoli e
também fez cursos de especialização em administração de empresas e finanças.
O GEI brasileiro criou na gestão anterior o Prêmio Américo
Vespúcio [homenagem ao navegador florentino] oferecido a
personalidades italianas e brasileiras em decorrência da contribuição dada para a aproximação
econômica, cultural e social entre Brasil e Itália.
— Já foram premiados o governador de Minas Gerais, Aécio
Neves, o ex-presidente italiano
da Câmara de Deputados, Pier
Ferdinando Casini, o ministro
oriundi Luiz Fernando Furlan, entre outros — afirma.
Valentino Rizzioli acumula
ainda a função de presidente da
Case New Holland (CNH), holding
do grupo Fiat e líder mundial
em máquinas agrícolas e equipamentos de construção civil, e
de vice-presidente executivo da
Fiat do Brasil. De todo o grupo,
destacam-se setores produtivos
como o de automóveis (Fiat automóveis), o de produção de máquinas agrícolas e de construção
(CNH) e o de veículos industriais
(Iveco). Em 2005, a CNH teve um
faturamento de cerca de R$ 1,9
bilhão de reais, resultado que
apresentou queda em relação ao
ano de 2004, com aproximadamente R$ 2,8 bilhões de reais.
Segundo a empresa, a crise do setor agrícola foi o fator
que causou o declínio nos números. A desvalorização do dólar e
a queda das cotações internacio-
ComunitàItaliana
/
nais de commodities causaram a
retração no mercado de agribusiness em 2005. Nesse mesmo ano,
o mercado brasileiro de tratores
apresentou recuo de 38,4% e, o
de colheitadeiras, 72,6%. Apesar
do resultado, a empresa, de um
total de US$ 200 milhões, irá investir US$ 100 milhões no lançamento de novas máquinas agrícolas, nas unidades de Curitiba
(PR) e Piracicaba (SP).
Outros 80 milhões serão aplicados para gerar um aumento entre
10% e 15% na capacidade de produção de máquinas para a construção civil, em Contagem (MG), assumindo a participação de 36% no
mercado. E 20 milhões de dólares
serão usados para a modernização
no sistema administrativo, que
envolve os processos de pós-venda
das duas principais marcas da CNH,
a Case e a New Holland. Segundo
Rizzioli, a decisão deste aporte de
capital vem da matriz italiana. Na
América Latina, o faturamento representa 8% da CNH Mundial, que
foi de US$ 11,8 bilhões em 2005.
O Brasil retém 50% das vendas totais na América Latina.
Embora 2005 tenha sido um
ano difícil para o mercado de caminhões no país, a Iveco, com
sede em Sete Lagoas (MG), conseguiu aumentar suas vendas
em 8,2%, com 4.363 caminhões
vendidos e seu market share subiu de 4,6% para 5,2%. Na Fenatran do ano passado, apresentou
oito novos produtos.
Em relação às expectativas
para o segundo mandato do presidente Lula, Rizzioli espera que
o governo “mantenha suas boas
realizações, como a responsabilidade na condução da economia,
sem colocar em risco a estabilidade, promovendo um maior
crescimento econômico”.
— O Brasil precisa crescer.
Parece que o presidente Lula te-
Dezembro 2006
Rizzioli: integração, idéias e
propostas de expansão dos negócios
Divulgação
Valentino Rizzioli assume presidência do
Gruppo Esponenti Italiani (GEI) e fala
da atuação do grupo Fiat no Brasil
rá o Congresso como seu aliado
e, por isso, poderia aproveitar o
seu segundo mandato para aprofundar as reformas que não foram
possíveis no primeiro, mas que
são essenciais para o futuro do
Brasil, como a reforma política,
fiscal e a previdenciária, o que é
muito trabalho para apenas quatro anos — avalia.
Nascido em Calto, na província de Rovigo (RO), Valentino Rizzioli vive no Brasil desde 1969.
Sobre a economia brasileira, ele
analisa os prós e os contras.
— Atualmente, o Brasil vive
uma democracia consolidada na
qual o conceito de responsabilidade fiscal foi finalmente compreendido. E isso dá um enorme
passo para a discussão econômica. Mas o país precisa crescer. O
problema a ser resolvido é: como avançar sem ameaçar a estabilidade? É o desafio do governo
atual — declara.
Mercado Internacional
Rizzioli falou também à ComunitàItaliana sobre as taxas de importação brasileiras com a entrada de produtos italianos.
— O Brasil é um país muito fechado ao mercado internacional. Deveria ser mais aberto.
O país melhorou muito na sua
competitividade. Deveria pensar
na abertura de modo programático. Estabelecer uma data racional, definir as regras e cumprir o
quanto prometeu. Seria uma tarefa importante que requereria
grande empenho de todos. Mas,
em compensação, todos teríamos
muito a ganhar — ressalta.
Sobre o panorama das empresas italianas no Brasil, Rizzioli
diz que houve uma “gradual, mas
continua diminuição da presença
empresarial italiana no Brasil”:
— Nos últimos anos, importantes empresas italianas deixaram o país. Além disso, empresas
de outras nações, como as espanholas, foram mais agressivas
que as italianas por aqui. Entre
as quinhentas maiores empresas
brasileiras, somente treze são italianas, contra 61 americanas, 17
alemãs, 16 francesas e 15 espanholas, segundo a revista “Melhores e Maiores” da Exame. Considerando a proximidade cultural
entre os dois povos e a enorme
população de origem italiana no
Brasil, estes números são muito
baixos. Estou no Brasil há mais
Dezembro 2006
/
de 30 anos. Apesar das oscilações
da economia brasileira, não nos
arrependemos nunca de ter acreditado e investido neste país. A
perspectiva, a longo prazo, é fundamental para os empresários italianos que estejam pensando hoje
em expandir os seus negócios.
“O Brasil vive
uma democracia
consolidada na
qual o conceito de
responsabilidade
fiscal foi
finalmente
compreendido”
No ano passado, o faturamento líquido das empresas do
grupo foi de pouco mais de R$
16 bilhões, o que corresponde a
cerca de 10% do faturamento da
Fiat Mundial. Estima-se que no
biênio 2006-2008 o grupo Fiat
investirá no país cerca de R$ 3
bilhões. Das empresas privadas,
o quadro de funcionários do grupo fechou o ano de 2005 com 28
mil empregados. Entre os indiretos, calcula-se que as atividades
das empresas já tenham gerado
mais de 100 mil.
Das 15 empresas que o grupo Fiat detém, a iniciativa de se
investir também na área cultural
demonstra comprometimento, o
que faz a diferença nas grandes
corporações. É o que acontece
com a Fundação Torino, de Belo
Horizonte, fruto de uma parceria
entre a Fiat e o governo italiano.
A instituição oferece ensino bilíngüe desde a escola maternal até o
ensino médio. Na mesma direção,
a Fundação mantém um Centro de
Línguas que promove o ensino da
cultura e língua italianas. E mais
recentemente, em fevereiro deste
ano, foi criada a Casa Fiat de Cultura, também na capital mineira,
que agrupa duas galerias a fim
de hospedar exposições e eventos culturais de grande porte. Para o início de 2007, está prevista
a exposição “Velocità” que dará
abordagem ao desenvolvimento
do design nas áreas de aviação e
automobilística.
ComunitàItaliana
21
arquitetura
Presente de
Natal italiano
Instituto Europeu de Design e Prefeitura restauram Cassino
da Urca e transformam o local em centro de pesquisa e
ensino de design, moda, artes visuais e comunicação
22
Desta forma nasce sob o signo visionário e futurista que sempre
marcou a instituição. O próprio
nome Instituto Europeu de Design
era inovador em 1966, quando foi
criado em Milão. Naquela época
ainda não tínhamos o conceito de
União Européia que temos hoje. O
IED Rio será um laboratório onde
buscaremos soluções simples para problemas complexos, em profunda integração com as vocações
criativas da cidade — conta.
Segundo Paschina, todos os
custos com o restauro do patrimônio cultural serão arcados pelo Instituto, assim como toda a
instalação da sede, incluindo o
mobiliário e os equipamentos.
Em março do ano que vem, serão
apresentados o projeto arquitetô-
ComunitàItaliana
nico com a maquete e os detalhes
referentes aos custos e à obra.
Mas de acordo com a Prefeitura
do Rio, o IED investirá cerca de
R$ 15 milhões na restauração.
Em coletiva à imprensa o
Prefeito Cesar Maia destaca a
importância da parceria público-privada:
— O fato mais importante
desta parceria é a sua finalidade:
intensificar a vocação natural da
cidade, que é a criatividade e o
entretenimento. O Instituto potencializará talentos, o que vai
gerar um impacto na economia,
através da qualificação de profissionais capazes de criar, inventar
e produzir — ressalta.
Sobre a recuperação do patrimônio cultural da cidade, Ce-
Fotos: DIvulgação
istória é o que não falta
na cidade do Rio. São prédios tombados, esquinas
com “vida própria”, calçadas famosas transformadas em
pontos de encontros de poetas e
músicos. Frutos de uma época em
que bastavam um barzinho, um
violão, um teatro para representar, um palco para cantar e um
cassino para jogar. Décadas e décadas se passaram desde a inauguração do prédio, construído
em 1922, que abrigou o lendário
Cassino da Urca e o Hotel Balneário. O edifício, que também foi
sede da primeira emissora de TV
brasileira, a extinta Tupi [1953 a
1980], ficou por mais de 20 anos
em estado de pleno abandono.
Mas um acordo assinado entre a
Prefeitura da cidade e o Instituto
Europeu de Design (IED) que visa a restauração do imóvel trouxe
ares de renovação ao espaço dando ao Rio um verdadeiro presente de Natal com validade de um
quarto de século. Isso porque a
parceria prevê o uso do local por
exatos 25 anos e o contrato ainda
é renovável por mais 25, em troca
de revitalização. O motivo disso
tudo? O imóvel será transformado
na sede carioca do IED.
O diretor-geral do Instituto,
Stefano Paschina, diz que a vontade de realizar o projeto é antiga e
que, apesar de já existir uma sede
em São Paulo, o desejo se intensificou depois de oito visitas à cidade maravilhosa. A escolha do local, inclusive, foi devido à história
de produção cultural do prédio.
— O IED está completando 40
anos e decidimos marcar esta data
com a instalação da sede no Rio.
O prédio, que abrigou o Hotel Balneário,
o Cassino da Urca e a TV Tupi, estava
desativado há quase 30 anos. Abaixo, o
imóvel em estado de deterioração
Reprodução
H
Nayra Garofle
/
Dezembro 2006
sar Maia afirma que a restauração
devolverá à população e ao bairro da Urca toda a sua beleza.
— Um fato interessante é que
durante a obra estão sendo encontradas peças de valor relativo,
mas que resgatam os elementos
de memória do Cassino, fato importante para as futuras gerações.
As peças servirão para decorar a
sede do Instituto — informa.
As obras já começaram, mas
o término integral da restauração do antigo cassino tem previsão para 2010. Porém, em 2008
os cariocas já terão, como parte
cultural da cidade, o IED de portas abertas para os alunos.
— Há dois prédios, um próximo à areia da praia e o segundo
do outro lado da rua. Iniciaremos
o restauro pelo que é próximo à
praia recuperando a fachada original, descaracterizada pela ocupação da TV Tupi. Paralelamente, vamos reforçar a estrutura de
todo o complexo construído e o
muro que o recobre. Em fevereiro
de 2008, inauguraremos a sede
do IED no prédio instalado perto da praia e começaremos o ano
letivo. Até 2010 esperamos estar
como todo o projeto terminado
— declara o diretor-geral.
Paschina diz ainda que os interessados no IED Rio podem esperar uma escola com uma forte
vocação internacional, com um
enfoque de atenção sobre temáticas contemporâneas da sociedade e do ambiente. Isso vai
oferecer atividades didáticas experimentais e inovadoras. Para o
diretor-geral, a sede carioca será
um centro que vai motivar e estimular os estudantes com atividades transversais em diferentes
áreas, com projetos desenvolvidos em parcerias com empresas.
— Teremos um corpo docente de profissionais de alto nível,
inseridos no mercado. O IED tem
uma forte vocação de intercâmbio
e 70% dos professores serão buscados no mercado local. O restante virá da Europa. Os alunos terão
ainda a possibilidade de começar
o curso no Rio e continuar em
Barcelona ou Milão — afirma.
Sobre o comitê científico do IED Rio, Paschina é categórico e assegura que o Instituto
já formou 55 mil profissionais de 85 países em seus 40 anos de
existência. Sendo as-
Dezembro 2006
/
“O IED Rio será
um laboratório
onde buscaremos
soluções simples
para problemas
complexos,
em profunda
integração com as
vocações criativas
da cidade”
Stefano Paschina,
diretor-geral do IED
sim, de acordo com ele, há muitos brasileiros que foram alunos
e professores da instituição. Eles
agora ajudam na identificação
desses profissionais.
A filial carioca contará com
cursos de comunicação, artes visuais, design e moda. Além disso, o IED colocará à disposição
da Prefeitura, bolsas de estudo em quantidade equivalente
a 10% do total das matrículas,
abrindo vagas para estudantes
de baixa renda.
Em março de 2007, outro instituto será inaugurado, desta vez
em Veneza. Segundo um dos diretores do IED, o centro estará voltado para a valorização dos bens
culturais, desenhos de embarcação e produção audiovisual.
— Assim como a filial do Rio,
a de Veneza será dedicada a cursos de formação superior e pósgraduação, seguindo a temática
da cidade — conta.
IED: uma trajetória de 40 anos
Tudo começou em 1966, em Milão. Por 40 anos, o IED tem estabelecido parcerias com empre-
ComunitàItaliana
23
arquitetura
moda
Glamour de exportação
2
Fotos: DIvulgação
1
1) Fachada do prédio
descaracterizada pela TV Tupi;
2) Um dos muitos espetáculos
realizados no Hotel Balneário;
3) Vista aérea do antigo
Cassino da Urca
sas, estratégia fundamental do
seu sistema educacional, tanto
durante o processo de formação,
como nos eventos realizados no
fim dos anos acadêmicos.
Depois de Milão, foi a vez de
Roma [1973], Turim [1989], Madri [1994], Barcelona [2002] e
São Paulo [2005]. Atualmente, o
Instituto é uma organização internacional que ministra cursos
superiores de três anos, de atualização, avançados e pós-graduação Máster.
Em toda a sua história, o
Instituto Europeu de Design
formou estudantes de 85 países diferentes e a ligação entre o Knowing e Knowing how
to do [saber e saber fazer] é a
premissa dorsal do desenvolvimento de habilidades e compe-
24
tências culturais, criativas e críticas que representam o segredo
de seu sucesso.
O IED pertence a organizações
e associações acadêmicas como
Cumulus [sob a seção Erasmus do
Programa Sócrates, programa de
educação transnacional da União
Européia], ELIA [Liga Européia de
Institutos de Artes] e IAA [Associação Internacional de Publicidade],
que formam uma rede de parceiros
para trocas de programas culturais
e educacionais e, entre outras coisas, possibilitam organizar mostras
importantes como “Made in Italy”
e “Italian Design”, realizadas na
Itália e em outros países.
Cassino da Urca: um lugar cheio
de histórias para contar
Nos anos 20 foi construído um
edifício, localizado no bairro da
Urca, com a finalidade de atrair
turistas. Antes de se transformar em Cassino da Urca, o Hotel Balneário,
com seus 34 aposentos
foi uma das contrapartidas exigidas
pela Prefeitura
no contrato de
concessão para a urbaniza-
ComunitàItaliana
/
ção do bairro. Desta forma, também foram lançados, nas praias
do Russel e do Flamengo, os hotéis Glória e Central e, na “princesinha do mar”, o Copacabana
Palace. Logo depois, na década
de 30, o Hotel Balneário da Urca
literalmente “abriu o jogo” seguindo a tendência da época.
No teatro pertencente ao espaço, reinavam artistas como
Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Marlen, Dick Farney, Grande
Otelo, Virginia Lane, Manuel Pêra
e Paulo Silvino. Foi ali também
Disney com um show especial
para o convidado, com Russo do
Pandeiro e Linda Batista.
Relembrando um pouco mais
de história, o governo de Getúlio
Vargas, conhecido como o Estado
Novo, havia terminado há menos
de um ano quando o jogo de azar
foi proibido, em 1946. Os espetáculos e as boates poderiam continuar funcionando, mas o bacará [jogo de azar com cartas] foi
interrompido e as roletas tiveram
que parar de rodar. Assim, sem as
suas principais atrações, em pouco tempo o prédio do cassino estava abandonado.
TV Tupi: marco da TV Brasileira
O grande empresário da época,
Assis Chateaubriand, presidente
da empresa de comunicação Diários Associados, abriu seus estú-
Q
ual a mulher que não
gostaria de poder usar ao
menos uma vez na vida
um vestido longo preto e
azul em dupla face assinado por
Gianni Versace? Ou um vestido
de coquetel curto em seda bordado de Giorgio Armani? Roupas
que só são confeccionadas para
a elite. Esses são apenas alguns
modelos de peças únicas e originais criadas pelas mãos dos mais
conceituados estilistas italianos
do século 20. Elas fazem parte
de uma coleção vinda do Museo
della Moda e Fundação Cultural
Sartirana Arte, de Pavia, na Lombardia. Ao total são 40 trajes de
noite que o público pode ver de
perto até o dia 17 de dezembro
na Fundação Armando Álvares
Penteado (FAAP), em São Paulo. A mostra Abiti Gran Sera, que
abrange trajes usados entre os
anos de 1950 e 1990, é uma realização do Instituto Italiano de
Cultura de São Paulo (IIC-SP), do
Consulado Geral da Itália, da Em-
“O Instituto potencializará talentos,
o que vai gerar um impacto na
economia, através da qualificação
de profissionais capazes de criar,
inventar e produzir”
Cesar Maia, prefeito do Rio
que Carmen Miranda vestiu sua
primeira baiana estilizada dando
início à sua carreira.
— É um lugar cheio de história — afirma, emocionado, Stefano Paschina.
Toda a produção artística
que envolvia o Cassino da Urca
se tornou uma usina de criatividade. Tanto que nos anos 30 foi
criada uma agência de publicidade dentro do local para promover
e divulgar os eventos. Em 1941,
a casa recebeu a visita de Walt
Dezembro 2006
dios, em 1953, na Urca. A TV Tupi,
canal 6, do Rio de Janeiro, transmitia programas de auditório do
mesmo prédio onde um dia havia
sido o Hotel Balneário e o Cassino.
A partir daí, a TV Tupi passou a
veicular peças teatrais e novelas,
antes transmitidas pelas rádios.
No entanto, por ordem do governo federal, em 1980, a TV Tupi
foi tirada do ar e teve sua concessão cassada. Desde então, o
prédio do Cassino está fechado e
em deterioração.
Fotos: DIvulgação
3
Modelos exclusivos de Valentino, Versace e outros, que também vestiram musas do cinema,
do teatro e da aristocracia são expostos na FAAP, em São Paulo
Marcos Petti
baixada da Itália e do Museu de
Arte Brasileira (MAB-FAAP).
Personalidades italianas e internacionais do cinema, teatro e,
da aristocracia, já tiveram o privilégio de um dia usarem modelos exclusivos. Audrey Hepburn,
no filme “A Princesa e o Plebeu”
[1970], usou um vestido longo
de cetim marfim, idealizado por
Irene Galitzine, russa de nascimento, mas radicada na Itália e
que já vestiu Sophia Loren.
Quem não se lembra da lendária estrela do cinema, Ava Gardner, casada com Frank Sinatra,
que fez, entre muitos, “A Hora Final” [1959], “A Sentinela dos Malditos” [1977] e, bem antes disso,
vestiu em “A Condessa Descalça”
[1954] um vestido longo em voile
verde-água com corpete bordado,
de Fernanda Gattinoni.
Opiniões do público é o que
não faltaram nesta exposição. Para os que viveram a “geração coca-cola” ou os “anos
rebeldes” foi um momento de relembrar cenas de atrizes consagradas
usando determinados vestidos.
Apesar de toda
a história existente por trás
das vestimentas, o evento
também teve
um quê de
novidade. Os
mais novos
que passaram
pela mostra
puderam conhecer um pouco de história,
arte e estilo.
— Eu estou
achando fantástica. Vi esses modelos nos filmes
— conta a comerciária Maria
Luiza Lucchesi,
de 46 anos.
O que chamou a atenção
também do seu marido, Victor
Piccoli, 46, foi o vestido vermelho usado por Kelly Le Brock, em
A Dama de Vermelho (The Woman
in Red, 1984), mas, segundo ele,
a cena visualizada do filme daria
mais destaque.
— Seria interessante uma
foto ao lado para associar o filme a quem não lembra e para os
mais jovens que não conhecem
— opina.
— Os modelos são atuais. A
moda não mudou, mas as tendências estão voltando — observa a coordenadora psicopedagógica Emília Souza Aranha, 53.
A diretora do IIC, Fiorella Piras, explica que a intenção foi
mostrar a passagem, através do
tempo, do uso de trajes do século passado para os da atualidade,
estes últimos expostos na sala
seguinte e produzidos pelas alunas de pós-graduação da FAAP.
— É uma casa que está para
ser fechada, onde os trajes estão
dispostos em baús para partirem,
para se mudarem. É o encerramento de uma época de hábitos
— esclarece.
Quem foi à exposição também pôde conferir o trabalho de
Valentino. Ele já elaborou roupas para Nancy Reagan, mulher
do ex-presidente Ronald Reagan,
como uma saia curta de veludo e
casaco bordado, expostos no caixote. Quem já viu o clássico do
cinema italiano “La Dolce Vita”,
de Fellini, não esquece o vestido curto preto em crepe com laço
na frente desenhado por Sorelle
Fontana e usado por Anita Ekberg e que está na exposição.
Antecipando a abertura da
mostra, a Câmara de Comércio organizou um encontro com especialistas em moda e história, onde foi possível discutir sobre as
tendências do mercado das grifes
italianas no Brasil e, claro, sobre
a alta moda made in Italy.
— O berço da moda contemporânea se inicia em Florença
Dezembro 2006
/
após a Segunda Guerra Mundial
— explica o professor de História
da Moda na FAAP, João Braga.
Paola Paduan, responsável pela importação de marcas famosas
como Ermenegildo Zegna, D&G
e Giorgio Armani, em entrevista
ao site www.textilia.net fala um
pouco de cada estilo de marca.
— Armani é clássico, coerente. Faz ternos e peças impecáveis
para o dia-a-dia e, por isso, consegue atingir um público amplo.
Gucci é mais para quem gosta de
ostentar. Já a Prada é mais discreta, tem uma linha ampla, especialmente com os acessórios, e atinge
um público vasto — detalha.
Em relação à moda brasileira, Paduan pondera:
— Não quero menosprezar
a moda brasileira. Quando vejo
o trabalho de Lino Villaventura,
acho fantástico. Carlos Miéle e
Alexandre Herchcovitch também
são interessantes. Acho
que a moda brasileira
tem futuro mas, às vezes, ainda faltam matérias-primas mais
cuidadosas como zíperes e outros
aviamentos.
São partes
importantes
que precisam ser aprimorados.
— Precisamos só
aprimorar nosso know-how,
pois
temos
muita criatividade — complementa
Braga.
ComunitàItaliana
25
weekend
notizie
L´Unione si riunisce a BH
U
na trentina di persone dell’Associazione degli Amici dell’Unione
di Minas Gerais si sono riunite a Belo Horizonte [capitale dello
stato] per discutere di congiuntura politica italiana e brasiliana. Alla
fine della giornata è stato approvato un documento finale che riporta
i tratti principali della discussione ed indica le linee programmatiche
dell’attività dell’Associazione per il 2007. In particolare, saranno avviati contatti coi partiti del centro-sinistra mineiro, sarà ampliato e reso
disponibile ad altre associazioni il website dell’Unione di Minas Gerais
e intensificato il lavoro di sensibilizzazione politica con gli elettori italiani del collegio.
Solo un’italiana
C’
è solo una top manager italiana tre le prime 50 donne più influenti nel mondo aziendale a livello globale: è Frida Giannini
della Gucci. La graduatoria del Wall Street Journal Europe è guidata da
Melinda Gates, moglie del co-fondatore della Microsoft, scelta per la sua
attività nella filantropia, e vede Silvana Armani (moda) e Laura Ferro
(farmaceutica) entrare nella classifica delle dieci donne più influenti
d’Europa.
Sfida italiana
D
opo aver vinto la sfida in tv, le fatine Winx, le più amate dalle ragazzine (sono le terze bambole più vendute al mondo e fatturano oltre
1 miliardo di euro con tutti i prodotti derivati), tentano ora l’avventura
cinematografica. Il film in 3D è già in preparazione negli studi romani della neonata Rainbow CGI, una struttura per la produzione in computer 3D,
figlia della Rainbow Spa, la società del giovane vulcanico Iginio Straffi
diventata in 11 anni leader nell’animazione con ‘Tommy & Oscar’, ‘Winx’ e
‘Monster Allergy’.
Il successo delle Winx è ormai planetario: la serie è in onda in 130
paesi, trasmessa con successo ovunque, compresi gli Stati Uniti e persino il Giappone, dove sarà il primo cartoon di produzione indipendente ad
essere trasmesso in free television. Aver sfidato sullo stesso terreno dell’animazione giapponesi e americani è motivo di grande orgoglio per la
Rainbow, una società nata nella campagna marchigiana (la sede è in un
grande campo di girasoli), affollata di talenti tutti giovanissimi, e anche
per Rai Fiction.
Immobili: settore in crescita
I
l mercato immobiliare italiano nel 2006 continua a crescere (+1,2%),
ma non come negli anni precedenti. Lo rileva il Centro Ricerche Economiche Sociali di Mercato per l’Edilizia e il Territorio (Cresme). Dopo
il boom degli ultimi anni (+5,7% nel 2004, +3,7% nel 2005) il mercato
risente della debolezza dell’economia. Le compravendite si spostano dai
nuclei urbani alla periferia e ai comuni più esterni. Particolarmente rallentata la crescita nella provincia di Roma (+0,7%). Sul fronte dei prezzi
delle abitazioni l’incremento è del 3,8% rispetto al 2005.
PFM: nuovo progetto
P
er celebrare il 35° anno di attività la Premiata Forneria Marconi pubblica il progetto di musica e immagini ‘Stati di immaginazione’. Un
progetto strumentale in otto brani nato da un’idea di Iaia De Capitani,
manager della Pfm che ha pensato di fornire alla band l’ispirazione attraverso otto lavori visivi di una durata che va da poco meno di quattro a
nove minuti e che dura, complessivamente, 52 minuti.
ACIB: corsi
saranno mantenuti
D
opo aver reso noto un comunicato ai suoi associati, in cui si
annunciava l’intenzione di cancellare l’apertura di nuovi gruppi di allievi per il 2007, il presidente dell’ Associação Cultural Ítalo-Brasileira (ACIB),
il medico Aldo Chianello, ha garantito
che non ci sarà interruzione delle attività relative all’insegnamento della
lingua italiana nello stato. L’ACIB protesta dicendo che il governo italiano
non ripassa da due anni i sussidi per la
manutenzione dell’entità, il che risulterebbe in un deficit di circa 300 mila
euro nel preventivo annuo.
— Siamo riusciti a regolarizzare i
bilanci del 2002, 2003 e 2004. E il governo si è dimostrato disponibile alla
risoluzione di questa situazione, quindi
prima della fine dell’anno avremo una
risposta quanto al saldo di 2005 e 2006
– ha spiegato Chianello.
L’istituzione finora si è mantenuta
con l’aiuto del console a Rio, Massimo
Bellelli, che si è sforzato nei negoziati
fatti con il governo.
Pollini e Moschino
I
l gruppo Aeffe, presieduto da Massimo Ferretti, ha nominato due
nuovi amministratori delegati alla guida di Pollini e Moschino. I due
amministratori sono Antonella Tomasetti, che sarà a capo del gruppo
Pollini e Thierry Andretta, alla guida di Moschino. Il gruppo Pollini è
stato acquistato dal gruppo Aeffe nel
2001 con un fatturato di 65 mln di
euro (+11%). Da Moschino, invece,
Andretta eredita una società con un
fatturato di 70 mln di euro e un giro
d’affari di 200 mln di euro.
Le pratiche e l’ efficienza
di 100 anni di ufficio stampa nel mondo
A San Paolo una conferenza per riunire
le esperienze internazionali degli uffici stampa
U
na Conferenza Internazionale per festeggiare il 100º anniversario degli Uffici
Stampa si è svolta a San Paolo il 10 novembre. Una pratica iniziata nel 1906 dal
giornalista Ivy Lee, quando aprì il suo primo ufficio di comunicazione per svolgere le
attività di assessorato presso il barone John Rockefeller. Dopo cent’anni, l’avanzo della tecnologia e delle pratiche moderne sono alleate dei professionisti di quest’area
della comunicazione. Idealizzata dal Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado
de São Paulo e promossa dalla Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), la giornata
ha contato sulla partecipazione di noti giornalisti brasiliani ed anche internazionali,
che hanno aggregato all’incontro le esperienze dei loro paesi. All’apertura il professor
dottor Gaudêncio Torquato, della Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) ha parlato
della comunicazione imprenditoriale. Il presidente dell’Ordine dei Giornalisti Italiani
(ODG), Lorenzo Del Boca, ha parlato della legge 150 regolamentata nel 07/06/2000,
che disciplina l’esercizio delle attività di informazione e comunicazione nelle pubbliche
amministrazioni. (M.P.)
Italia: distacco alla Fiera della Provvidenza
S
olidarietà. È stata questa la parola che ha riunito 44 paesi e 15 stati brasiliani, distribuiti su 500 mila metri quadrati nel Riocentro, a Rio de Janeiro. E la partecipazione italiana alla 46ª edizione della Fiera della Provvidenza, realizzata dal 6 al 10 dicembre, ancora
una volta è stata uno dei punti forti dell’evento. Questo perché, comandato dalla signora
Matilde Bellelli, consorte del console, lo spazio destinato al paese è stato uno di quelli che
ha richiamato più visite fin dalla prima ora di apertura. Pasta, pentole e vini attraevano l’attenzione dei visitatori, spinti specialmente dalla possibilità di preparare liste per il cenone
natalizio e per i regali di fine anno.
Oltre al console Massimo Bellelli, erano presenti il direttore generale della TIM Brasil,
Francesco Luccati, e gli imprenditori Diego Tomassini e Rolando Monzani. Questi ultimi,
inoltre, hanno accompagnato il lancio dello champagne Berlucchi, che arriva sulle gondole dei supermercati brasiliani verso la metà di gennaio, ed è stato offerto in degustazione
ai clienti dello stand italiano. La bevanda farà parte della cena preparata dallo chef di
cucina Francesco Carli, del ristorante Cipriani, nel Copacabana Palace.
Gli introiti della Fiera sono destinati al Banco della Provvidenza, che presta assistenza a
più di tre milioni di persone. Prodotti importati erano venduti con perfino il 50% di sconto
e tra le novità dello stand erano in offerta occhiali, borse e profumi italiani. L’intenzione di
battere il record di vendite e di essere il paese che avesse contribuito di più con la banca era
la meta italiana, che è saltata dal 9° posto del ranking, nel 2004, al 2°, nel 2005. In quell’occasione, il 16% del totale ottenuto con l’evento proveniva dallo Stivale. (S.S.)
Ligabue
E
sce domani nei negozi il dvd ‘Ligabue-Nome e Cognome Tour/2006’,
box set con 5 dvd che include 4 concerti più contenuti speciali. Un anno,
un unico tour, ma produzioni, scalette e musicisti diversi: tutto è stato
documentato in modo fedele grazie
alle registrazioni integrali di quattro
concerti. Ad illustrare il ‘prima’ ed il
‘dopo’ di ogni show il rockumentario
‘Giorno per giorno’, diario della tournee realizzato con interviste e riprese
di backstage.
Dezembro 2006
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ComunitàItaliana
27
aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut
Vem chegando o verão
Avanço na cura
S
Pratique
exercícios com
maior segurança
e efetividade
Consulte seu médico: Qualquer dúvida ou
desconforto, procure orientação profissional. Realizar uma avaliação física para
elaboração de um programa de treinamento será uma atitude de grande utilidade
prática. Não se deixe levar por propagandas muitas vezes enganosas prometendo
resultados milagrosos com outros recursos
recomendados para substituir os benefícios do exercício ativo.
Usar roupas adequadas: A função da roupa
durante o exercício é proporcionar proteção
e conforto térmico. Agasalhos que provocam aumento excessivo da sudorese devem
ser evitados porque provocam desconforto e desidratação, não exercendo nenhum
efeito positivo sobre a perda de peso.
Hidratar-se: Deve-se ingerir líquidos antes, durante e depois de exercícios. A
perda excessiva de líquidos e a desidratação constituem a principal causa de
mal-estar durante o exercício.
Sentir bem-estar: Escolha a modalidade
e, sobretudo, a intensidade de exercício
que traga prazer e boa tolerância. Ao fazer
exercícios prolongados, ajuste a intensidade que permita sua comunicação verbal
sem que a respiração ofegante prejudique
sua fala. Esta é uma forma prática de ajustar uma intensidade adequada
28
ComunitàItaliana
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Dezembro 2006
ar livre. É aí que as academias se esforçam
para atrair mais adeptos.
— Competir com uma praia, um parque ou
uma Lagoa Rodrigo de Freitas é muito difícil e
por isso as academias buscam novos programas e modalidades para aumentar o número
de clientes. Mas, mesmo quem deseja realizar
apenas sua caminhada diária, deve procurar
orientação, pois o exercício mal feito e orientado causa o mesmo grau de problema, seja
ele feito ao ar livre ou dentro de uma academia. O que muda, às vezes, é o mecanismo de
lesão, como o impacto causado nas articulações no asfalto ou corridas feitas na areia da
praia — salienta o médico.
Ainda segundo o cardiologista, em se tratando do já batido tema “Ditadura da Beleza”,
além das pessoas que correm para ter o corpo
perfeito e não medem sacrifícios, há os que
sempre pensam que não estão fortes o suficiente e continuam malhando para aumentar
o tamanho de seus músculos [dismorfia].
— Tanto homens como mulheres são atingidos, mas os jovens normalmente são os mais
acometidos por esses distúrbios — analisa.
Luc Sesselle
Reprodução
quando as atividades são feitas em busca de
um resultado em curto prazo.
De acordo com o coordenador do departamento médico de futebol amador do Fluminense Futebol Clube e diretor do Centro de
Avaliação, Reabilitação e Treinamento (Cart)
do Hospital Procórdis, em Niterói, o cardiologista Gustavo Campos, o ideal para quem
quer “fazer bonito” no verão é a prática regular de exercícios.
— Nesta época, ocorre um aumento dos
pacientes que buscam especificamente o corpo ideal em pouco tempo e por isso acabam
se lesionando. Qualquer pessoa que inicie um
exercício físico deve procurar um médico especialista para ser avaliada e orientada. Isso
minimiza malefícios causados pelos exercícios quando realizados por pessoas com algum tipo de limitação física ou alteração clínica — explica Campos.
Não dá para fazer milagres, mas é possível
saber o melhor tipo de exercício e minimizar
o risco de buscar um corpo ideal em apenas
30 ou 60 dias. Para tanto, é feita a anamnese [história médica do paciente]. Trata-se de
um exame físico completo, direcionado para
a parte cardiovascular e mioarticular. Dependendo da idade do paciente, da história familiar e de seu histórico médico podem ser
solicitados exames complementares antes de
iniciar qualquer sessão de exercícios.
Quem não segue às orientações aumenta
de duas a três vezes o risco de se lesionar. No
caso dos problemas com o coração, o mais
freqüente é a dor muscular conhecida como
mialgia. Mas em muitos casos há as lesões
musculares, como alerta o fisioterapeuta e
acupunturista Marcus Tercio Caloiero.
— As mais comuns são as tendíneo-musculares, como lesões musculares e tendinites,
e algias de coluna, que podem ser causadas
até mesmo por hérnia de disco. As partes mais
atingidas são, portanto, ombros, cotovelos, joelhos e coluna. Como “punições”, os pacientes
são submetidos a tratamentos fisioterápicos e
com acupuntura, a repousos e, dependendo da
lesão, podem também ser submetidos à intervenção cirúrgica — descreve.
Para quem pensa que a questão
resume-se aos “loucos por academias”, Gustavo Campos salienta que 2% da população da cidade
do Rio de Janeiro,
por exemplo, pratica exercício ao
Dupla imbatível
O
s brasileiros têm mais um motivo
para festejar na hora das refeições.
É que a combinação de arroz com feijão,
tradição na culinária brasileira, é capaz
de gerar boa parte dos nutrientes necessários para o organismo diariamente. O
arroz é rico em amido e proporciona uma
boa fonte de energia para o organismo.
Além disso, é rico em ferro, proteínas e
vitaminas do complexo B.
O feijão, por sua vez, também contém ferro, outros sais minerais e é um
dos vegetais mais ricos em proteína, absorvida e processada através da ajuda do
amido encontrado no arroz.
Reprodução
S
ol, mar, água fresca e férias. A expectativa por um verão arrasador é grande
e tem levado centenas de pessoas a se
prepararem para a estação de olho no
corpo. A contar pela primavera [estação que
só termina no dia 20 de dezembro com médias
entre 22 e 30 graus], a temporada de exibição
de corpos sarados em clubes, piscinas e praias
parece já ter começado. Nesta época do ano,
estima-se o aumento em cerca de 33% na busca por academias. Mas especialistas alertam:
a prática de exercícios sem a orientação ou
avaliação médica pode acabar em prejuízos
à saúde e lesões graves. Os riscos aumentam
Reprodução
Sílvia Souza
Polêmico mas eficaz
V
ários são os tabus contra o abacate.
Uns dizem que provoca os famosos
“quilinhos a mais”. Já para outros, o consumo não é recomendado aos portadores
de hipertensão arterial e outras patologias
ligadas à ingestão excessiva de gordura.
Mas, nos últimos tempos, estudos comprovaram que o fruto também tem qualidades a serem apreciadas. Pesquisas feitas a
partir da década de 90 demonstraram que
o consumo moderado do abacate contribui para reduzir os triglicerídeos, o colesterol LDL e o colesterol total. Outras experiências feitas com diabéticos revelaram
que, após um mês de consumo regulado do
abacate, os pacientes apresentaram diminuição do índice glicêmico no sangue.
A TV que alivia
Reprodução
Rumo à estação mais quente do ano, cresce a procura pela malhação em academias.
Mas médicos alertam para a freqüência e o tipo dos exercícios
ão encorajadores os resultados de um estudo piloto feito em nove pacientes com
câncer colo-retal submetidos a uma imunoterapia. Os seis meses de tratamento aconteceram
no Istituto dei Tumori di Milano. Durante o processo não houve a progressão da doença e não
foi verificada a metástase. “É apenas o primeiro
passo mas estamos chegando perto do momento da vacina que cura esses tumores”, informou
um dos oncologistas da instituição.
Fora gordura!
O
hábito de comer nozes depois das
refeições pode auxiliar no combate
aos danos de gordura nas artérias. Um
estudo, realizado pelo Hospital Clínico
da Universidade de Barcelona e publicado na revista da Universidade Americana de Cardiologia, mostrou que tanto o
azeite como as nozes ajudam a reduzir
a repentina inflamação e oxidação das
artérias decorrente de uma refeição rica
em gorduras saturadas. Para obter um
bom resultado, os pesquisadores recomendam uma dose diária de 28 gramas
de nozes.
U
ma equipe de pesquisadores italianos da Università degli Studi di
Siena produziu um artigo científico sobre o efeito analgésico de ver televisão
durante a retirada de sangue, publicado
na revista médica “Archives of Disease
in Childhood. O experimento foi feito
com 69 crianças entre sete e 12 anos de
idade, acompanhadas pelos pais. “Nossos resultados sustentam o benefício de
introduzir um ambiente de distração durante procedimentos menores em crianças: o nível mais alto de dor relatado
por elas durante os esforços das mães
em distraí-las mostra a dificuldade que
têm de interagir positivamente em um
momento difícil”, concluíram os pesquisadores italianos.
A dança do coração
A
lém de proporcionar momentos de
prazer, bailar ao som da boa e velha valsa também pode fazer bem à batida e funcionalidade cardíacas. E mais do
que qualquer outro exercício aeróbico.
Pelo menos é isso que revela o estudo
conduzido pela Azienda Ospedaliera Cardiológica G.M Lancisi di Ancona e apresentado em encontro da American Heart
Association. O benefício que o ritmo traz
se concentra no fato de que os fãs da
valsa geralmente dão seguimento à prática da dança e, com isso, aumentam a
realização de exercícios físicos.
“Remédio” refrescante
E
la hidrata e é ideal para ser consumida em dias de calor. Rica em
açúcar, vitaminas do complexo B e sais minerais, a melancia
ainda possui apenas 33 calorias para cada 100 gramas. Mas os
benefícios não param por aí. O fruto possui ainda excelentes
propriedades diuréticas e, por isso, é recomendada aos que
têm problemas renais, pressão alta e reumatismo. Além
disso, o suco de melancia provoca a eliminação de
ácido úrico. A eficácia desse verdadeiro “refresco”
é também comprovada no tratamento da acidez
estomacal, obesidade, bronquites crônicas,
problemas de boca e garganta. Na hora de
comprar, dê preferência para a melancia
que tem casca firme, lustrosa e sem
manchas escuras. Para quem não sabe,
a melancia é originária da Índia.
Dezembro 2006
/
ComunitàItaliana
Sa
nja
29
Gj
en
er
o
Milão
notizie
Guilherme Aquino
Buoni risultati
T
Tânia Rossari
re mesi dopo l’inaugurazione ufficiale
della sua fabbrica a Rio de Janeiro, la
Falmec, marca italiana di attrezzature per
cucina, già festeggia le vendite della sua
linea nazionale. Attualmente, nella fabbrica a Bangu vengono prodotte 80 cappe al
giorno, numero che dovrebbe arrivare a
120 già agli inizi del 2007. L’aspettativa
iniziale della marca era che le vendite della linea nazionale corrispondessero al 30%
delle vendite nel paese, ma questo numero
ha già raggiunto la quota del 50%.
La linea nazionale della Falmec è composta da otto modelli di cappa, che sono
offerti al mercato a prezzi fino al 30% inferiori di quelli della linea importata dall’Italia. Questa riduzione del prezzo finale
al consumatore si deve tanto all’uso di
manodopera e materie prime nazionali,
e anche dovuto al risparmio fatto con le
tasse d’importazione.
Questi risultati faranno che la marca concluda il 2006 con un giro di affari
15% superiore a quello del 2005, anno
in cui l’operazione brasiliana ha fatturato R$ 15 milioni.
Memória e Evolução
A
U
na visione storica tra l’Italia e il Brasile di fine XIX secolo e inizi del XX
è stata oggetto del “4º Corso Immigrazione Italiana nello Stato di San Paolo: dati
storici e ricerca genealogica”, organizzato
dalla Filef e dal Circolo Toscano, con l’appoggio del Memorial do Imigrante di San
Paolo. Nel corso di quattro sabati, i partecipanti hanno avuto un’idea degli aspetti geografici e storici dei periodi dei due
paesi e quindi come si è svolto il processo
d’immigrazione degli italiani verso il Brasile. Condotto dal professore di storia e
ricercatore di immigrazione italiana Virginio Mantesso Neto, il corso ha segnalato agli alunni come comporre dei dati per
fare l’albero genealogico dei loro antenati trovando le informazioni necessarie su
diversi siti web. Inoltre, ogni fine settimana un invitato speciale ha parlato di
un tema legato allo scopo principale. Per
conoscere meglio la storia di coloro che
hanno fatto “la ‘Merica” sono state realizzate alcune visite guidate al Memorial do
Imigrante e in fattorie nell’entroterra di
San Paolo. (M.P.)
Divulgação
Immigrazione italiana a San Paolo
Itália, saída de joelhos, pobre e arrasada, da Segunda Guerra Mundial, renasceu
das cinzas e dos escombros da destruição. A
indústria bélica deu lugar a de bens de consumo. O italiano, primeiro sobre as rodas de uma
Vespa e depois enfiado dentro de uma Cinquecento da Fiat, começou a se destacar no campo
do design, da indústria de ponta, aplicando na
vida cotidiana do pós-guerra toda a genialidade da sua milenar cultura. Os resultados deste
arco do tempo e de suas conquistas até os dias
de hoje estão nas 350 fotografias expostas no
Museu de História Contemporânea, em Milão.
Elas retratam todas as mudanças da Itália ao
longo do último meio século de existência.
Expectativa milanesa
A
contagem regressiva para o Salão
Internacional do Móvel, em abril,
já começou. Pelo menos para encontrar vagas em hotéis e elaborar um pacote terrestre bacana pela Lombardia. Há
empresas de turismo que estão organizando pacotes especiais destinados aos interessados em participar do maior encontro
de designers do mundo. Depois, claro, para
quem tiver tempo, vale a pena conferir outros lugares perto de Milão. Afinal, o Salão
acontece na primavera, com dias mais luminosos e floridos. E com os Alpes numa
esquina e a Riviera Italiana na outra, vale
a pena dar uma “saidinha” de Milão para
respirar outros ares.
Divulgação
Natal musical
Il nuovo ufficio di Obiettivo Lavoro
A
desso tocca a San Paolo ospitare il
nuovo ufficio di Obiettivo Lavoro dopo
un anno stabilito a Rio de Janeiro. In una
mattinata al CIEE l’agenzia di gestione di risorse umane italiana ha presentato i suoi
progetti di collaborazione che intende iniziare nel capoluogo paulistano, mercato potenziale per trovare la mano d’opera interessata. «È una fase sperimentale, un momento
di [sic] conoscerci. Siamo in Brasile per restarci», dice il direttore dello sviluppo, Maurizio Mirri. Come ha fatto a Rio, l’Obiettivo
Lavoro cerca professionisti infermieri. L’area
30
ComunitàItaliana
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di automazione industriale e programmatori
per l’informatica sono inoltre ricercate. La
Camera di Commercio di San Paolo ha sottoscritto un accordo con l’agenzia per disponibilizzare dei servizi, come corsi formativi di
lingua. Per il ministro console di San Paolo,
Marco Marsilli, «È un lavoro tra i due partner
che ci arricchisce e ci mostra le potenzialità dei due mercati. Come Consolato manterremo un’attenzione al progetto e faremo
secondo la nostra legislazione», conclude.
Per ulteriori informazioni potete scrivere a
[email protected]. (M.P.)
Novo restaurante
T
rata-se do “Pane e Acqua”, fruto de
dois jovens apaixonados por culinária, os Teruzzi, e de uma designer veterana e famosa no mundo inteiro, Rossana
Orlandi. Até aí nada demais. A questão é
que você, além de comer muito bem, pode levar para casa a mobília do local. Claro, neste caso a conta fica um pouco mais
salgada. A mesa da foto custa E 3.800
mas o menu tem preços muito mais em
conta. Com E 20, 30 se “come” uma cozinha refinada e de muito bom gosto. O
Pane e Acqua, tem apenas 35 mesas e fica
na rua Matteo Bandello, 4, bem perto da
estação Conciliazione, do metrô.
cantor Sting vai
dar o ar de sua
graça aos milaneses
nas festas natalinas.
O cantor e compositor inglês, já quase um
italiano por adoção [e
apaixonado pela Toscana, onde ele possui uma
villa] está voltando ao
mercado com um disco novo. Nele, o ex-líder do
The Police, grupo que marcou o mundo pop nos
anos 80, volta no tempo, mas muito mais atrás.
Ele embarcou numa aventura musical da idade
medieval. O roqueiro vai se apresentar, no dia
13, na solene igreja de Santa Maria delle Grazie,
perto do centro de Milão, a mesma onde está o
afresco a Última Ceia, de Leonardo da Vinci. Se
alguém duvida que a arte seja divina, aí está
uma boa chance para confrontar a idéia. Para
quem ficar de fora, está prevista a montagem de
um telão na praça em frente. O mesmo espaço
já tinha sido palco de leituras da obra de Dante
Alighieri . Assim, podemos dizer que, a esta altura, todos estão “acostumados” com momentos solenes “profanos”. A igreja fica em Corso
Magenta, na esquina com a Via Caradosso.
Divulgação
Guilherme Aquino
CIEE
O
Dezembro 2006
Em breve no Brasil
J
á está chegando em terras brasileiras um dos melhores vinhos italianos
da última safra. O “Supertuscan”, produzido pela Tenuta Sette Ponti, foi considerado, pela segunda vez, o primeiro
vinho italiano entre os dez melhores do
mundo, segundo a Wine Spectator, prestigiosa revista especializada. O feito deve ser comemorado e anunciado. O autor
da façanha é o empresário Antonio Moretti. Ele trouxe para o campo das uvas
a paixão pessoal pela bebida de Baco. O
resultado foi o mesmo já alcançado pelo
grupo do qual é o líder no setor do luxo
e da alta moda. Da confecção de sapatos artesanais e sob medida para a cultura do vinho foi um passo. De Maremma
e da Sicilia, Moretti extrai as uvas para
ganhar o mundo.
/
ComunitàItaliana
31
meio ambiente
italian style
Discussão sobre uso de energia renovável chega ao
Brasil impulsionada por sucesso na Itália
o momento em que se discutem questões como o
Tratado de Kyoto, a emissão cada vez maior de poluentes como o monóxido de carbono e a diminuição da camada
de ozônio, que o Bioenergy World
desembarcou no Brasil, mais precisamente em Salvador, dos dias
29 de novembro a 3 de dezembro.
Sucesso na Europa, o evento, que
apresenta profissionais discutindo tópicos sobre Bioenergia, desponta na América numa promoção
da Consultoria Empresarial Brasil
Itália (Cebi) e tenta mostrar um
potencial pouco difundido: a bioenergia. Com origem na terra [da
agropecuária (plantações e animais), das florestas e da gerência
de resíduos], é o tipo de energia
armazenada durante a vida das
plantas, originalmente capturada
através do processo da fotossíntese e que é classificada nas fases
líquida, sólida e gasosa.
A idéia de trazer o debate para as Américas surgiu quando a
Cebi foi convidada para expor um
painel em Verona, onde ocorreu o
encontro europeu sobre o tema,
em fevereiro. A intenção é que
o evento seja realizado bienal ou
anualmente.
— Acontece que o Brasil, principalmente no nordeste, desperdi-
32
ça produtos que podem se transformar em energia. Queríamos
associar a Bionergy a um grande
evento de agropecuária, pois a
produção de energias renováveis
está ligada a esse setor. Precisamos sensibilizar os produtores sobre o destino final dos materiais
gerados. Escolhemos Salvador para
fugir do eixo Rio-São Paulo, onde
o mercado está em vias de saturação — explica um dos diretores da
Cebi, Massimo Ferrarese.
Para tanto, além de nomes
italianos e brasileiros, profissionais argentinos, austríacos, dinamarqueses e suecos apresentaram
experiências e resultados do uso
de biocombustíveis líquidos, tais
Fotos: Divulgação
N
Sílvia Souza
como o biodiesel e bioetanol; de
biogás, que é feito a partir de resíduos agrícolas e animais; dos ecopellets [“comprimidos” de madeira
triturada ou prensada utilizados no
aquecimento de residências], além
de outras fontes. A oportunidade ocorreu na Fenagro [uma das
maiores exposições agropecuárias
do país] que teve mais de 1.100
expositores e 300.000 visitantes.
A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro também apoiou o evento.
— Enviamos um delegado e
distribuimos material informativo
sobre as oportunidades e ofertas
no setor na Itália. E o governo
italiano se fez presente enviando representante do Ministério
do Meio Ambiente para a abertura da feira — conta o diretor da
Câmara, Basílio Catrini.
Especialistas afirmam que a
bioenergia representa uma direção
Pier Luigi Sarze Amadé, presidente da Fieragrícola de Verona prestigia o evento
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2006
“O uso da
bionergia
é rentável
e sentimos
que esse é o
momento do
Brasil. A compra
de pellets é uma
área que deve
crescer.”
Massimo Ferrarese
são a sensação na Europa. Calculase que, em cinco anos, a demanda
pelo produto triplique e o continente trabalhe com um limite de
produção, enquanto a serragem no
Brasil é jogada fora. Salientamos
na Bioenergy World Américas que
estamos no ponto para a exportação — analisa Ferrarese.
Como a biomassa compreende
todo tipo de vegetação do planeta, estimativas apontam a existência de cerca de 220 bilhões
de toneladas secas, que poderiam
equivaler à energia. Isso sem falar na quantidade que a fotossíntese é capaz de regenerar. Por isso, organizações de estudos sobre
a bioenergia acreditam que em
2050, as fontes renováveis possam gerar entre 30 e 50% da energia consumida no planeta.
Coração
apaixonado
Para beber
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A força da terra
para colaborar na solução dos desafios para produção de energia,
conservação do meio ambiente,
suportando o crescimento e oferecendo uma maior segurança energética. Ao considerarmos o contexto atual de aumento dos preços
de petróleo e efeitos crescentes
das mudanças do clima, a atividade tem atraído a atenção dos políticos, das instituições multilaterais, da agricultura, do mundo dos
negócios, da gestão florestal, dos
investidores e naturalmente, das
populações ao redor do mundo.
— O uso da bionergia é rentável e sentimos que esse é o momento do Brasil. A compra de pellets é
uma área que deve crescer. Devido à facilidade de uso, o fato de
ser mais barato que o óleo e, ainda menos poluente, essas cápsulas
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Dezembro 2006
Os produtos acima
mencionados estão disponíveis
apenas no mercado italiano.
/
ComunitàItaliana
33
capa
Estudos recentes fazem radiografia da população
italiana e o número de casamentos diminui em 32,4%
Sílvia Souza
Royalty-Free/Corbis
C
rise nos casamentos, filhos que não
querem deixar a boa vida que é morar com os pais, gente não interessada em assumir responsabilidade sobre outra pessoa e a tarefa de congregar a
maior população idosa da Europa. Esse é o
retrato da sociedade italiana atual, segundo
o Instituto Italiano de Pesquisas Econômicas
e Sociais e o Instituto Nacional de Estatísticas (Istat). Os dois divulgaram no mês de novembro estudos que refletem as preferências
e atitudes características da população economicamente ativa da bota. O resultado pode
não parecer novo, mas tem muitos pontos em
comum com a realidade brasileira.
No país onde se tem a sede do catolicismo, a idéia de casamento não tem sido seguida à risca nem pelos mais jovens nem pelos mais adultos. Um relatório, que não era
feito desde 1975, mostra que, em 30 anos,
o número de enlaces sofreu uma redução de
32,4%, ou seja, de 373.784 bodas ocorridas
(1975) se passou para 250.974 no ano passado. Dos casamentos celebrados pela Igreja
Católica, que unia 91,6% de casais, em 2005
a percentagem chegou a 67,6%.
Ainda segundo o documento intitulado “Até
que a morte nos separe: Características e evolução dos casamentos na Itália”, nos últimos
dez anos, o número de divórcios aumentou em
66%. A maioria das separações ocorreu entre o
terceiro e o quinto ano de casamento. Somente
em 2004 foram registradas 352 sentenças por
dia, ou seja, uma a cada quatro minutos.
A idade também parece ser um fator importante na hora da decisão pelo matrimônio.
Entre os homens, o “sim” é dito em média aos
33,7 anos [em 1975, a união era feita aos 26
anos]. Já as mulheres arremessam seus buquês aos 30,6 anos, o
que na década de 70, acontecia aos 25. Outro dado importante
é percebido como planejamento em caso de crise. Ao se casar,
54,3% das moças e rapazes optam pela separação de bens.
A maioria dos casamentos hoje ocorre no sul do país, sobretudo na região de Campania, com um índice de 5,3 por
cada mil habitantes; enquanto em Emilia Romagna, no
norte, o registro é de 3,5 casamentos por cada
mil pessoas.
Em solo brasileiro, o número de casamentos é mais que três vezes maior do
que o apresentado na Itália. Em 2004,
foram 806.968 uniões. Outra diferença
está na média de idade para o enlace.
No Brasil, tanto os homens quanto as
mulheres “juntam as escovas” mais
cedo. Eles, em média aos 30,4 anos.
Elas, com 27.
O ítalo-brasileiro Marcello Cappucci parece estar na média das estatísticas para Itália e Brasil. Aos 36 anos, o
professor universitário revela que deseja
casar, porém, é indiferente à formalização da união. Segundo ele, não existe
idade ideal para o casamento, mas sim,
maturidade. Sendo que lhe falta o principal: encontrar a pessoa certa.
— Acho que essa questão de casar
e a melhor idade para isso não são tão
proeminentes para o homem. Não temos tanta pressa. Me preocupo em
encontrar alguém disposto a construir. Acho que os homens deixam
as coisas acontecerem mais naturalmente — pondera Cappucci.
Economista e advogado, Marcello também considera que a estabilidade financeira é um fator
que conta
na hora de
dizer “sim”
ou “não”, e coCasamentos na Itália (em 2005) 250.974
menta que em
Casamentos no Brasil (em 2004) 806.968
seu círculo de amizades esse pensaMédia de idade para o casamento (mulher italiana) 30,6 anos
mento é um consenso.
Média de idade para o casamento (mulher brasileira) 27 anos
— Conheço muita
Média de idade para o casamento (homem italiano) 33,7 anos
gente solteira na minha
Média de idade para o casamento (homem brasileiro) 30,4 anos
faixa etária. Os amigos que
Acompanhe os números
34
ComunitàItaliana
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Dezembro 2006
Arquivo pessoal
O futuro a
quem pertence?
casaram e separaram ou não tinham maturidade suficiente, ou
tinham objetivos incomuns, ou se uniram por conveniência,
ou ainda, conseqüência de uma gravidez inesperada. Eu quero
construir e isso inclui filhos, mas no máximo dois — avisa.
Por conta dessa tendência, pesquisadores comentam que
apesar dos cenários diferentes, Itália e Brasil acompanham
um processo evolutivo. O sociólogo José Henrique Organista
explica que, ao se ponderar sobre o futuro das duas populações, há que se considerar efeitos como histórico de formação, industrialização e investimentos sociais.
— A despeito de ambos os países se constituírem antes
como Estado e somente mais tarde como Nação, a Itália obteve
Marcello Cappucci: padrinho de casamento
maior êxito em sua industrialização tardia e na distribuição de
com a amiga Sandra Schumacher
benefícios não-mercantis, tais como: educação, previdência,
seguro desemprego, etc., construindo um Estado de Bem Estar penso que a população tenderá a envelhecer
Social ativo. O Brasil, apesar de obter um crescimento eco- mais do que se renovar. Eles inclusive já “imnômico sustentável por longas décadas, se caracterizou pela portam” nossos “mulatinhos” — comenta.
No dia 31 de dezembro de 2005, o percenconcentração de renda, trabalho e produção. Somente a partir
da Constituição de 1988 a lei universaliza os benefícios não- tual de idosos (relação entre a população de
mais de 65 anos de idade e
mercantis. Infelizmente, essa universalização
a de menos de 15) registrou
tem demorado a se tornar ativo, sendo, por
um aumento, que chegou a
enquanto, lei morta — analisa.
140,4% contra 137,8% de
Sabendo que o brasileiro consegue dar
2005. As pessoas com mais
um jeitinho para tudo, os números podem
de 80 anos, ou seja, a parcela
não refletir a sociedade como um todo, conchamada de “grandes idosos”,
forme explica a antropóloga Jacqueline Majá representam 5% do total da
rins. Ela conta que apesar de o casamento
população, segundo o Anuáainda ser significativo, principalmente para
rio Estatístico 2006 do Istat.
as mulheres, ao viver junto com alguém,
Mas o fenômeno de envelhepor um período de tempo comprovado, já
cimento não é estranho.
se obtém os mesmos direitos reservados
— A modernidade trouxe
aos casais firmados “no papel”.
muito para quem investiu ne— Agora, se a procura por casamenla. Nações como a Itália alcanto caiu no catolicismo, também caiu em
Marcelo Cappucci,
çaram um patamar de “civilioutras crenças, pois a variável, nesse
professor universitário
dade”, de conhecimento, em
caso, em jogo, é a descrença ou
que viver se tornou mais fácil
algo parecido na instituição. E
sendo assim, vale também no civil. No último em todos os sentidos, principalmente, naquilo
censo aumentou no Brasil, mais significati- que ainda nos é tão caro, a saber: o respeito e
vamente, o número de pessoas que se dizem a importância a noção de cidadania. Acho que
sem religião e não os que têm religião — re- essa é a principal diferença entre o Brasil e os
países “desenvolvidos”, no sentido econômico
corda Jacqueline.
e geográfico — salienta Jacqueline.
No Brasil, dados do último Censo alertam
Idosos: uma população silenciosa
Se casar tem sido uma opção pouco pro- que essa parcela da população tem crescido
vável para os italianos, não é de ho- recentemente. Na virada do século, eram mais
je que governo e entidades da ‘bota’ 14 milhões pessoas com 60 anos ou mais. Rio
se preocupam com o envelhecimento de Janeiro e Porto Alegre apareciam como as
da população. No final de 2005, ha- capitais com maior proporção de idosos: eram
via 58.751.711 pessoas no país. O 12,8% e 11,8% de suas populações, respectinúmero foi aumentado em relação à vamente. Com a ascensão da população ido2004 em quase 300 mil habitantes, sa, a chamada Terceira Idade cada vez mais
principalmente por causa da presen- busca seu espaço na sociedade, provando que
ça de mais estrangeiros. Enquanto a vida não termina na aposentadoria. Em desisso, a fecundidade diminuiu para taque no modelo de organização da família
1,32 filho por mulher, sendo que brasileira, 62,4% dos idosos se apresentaram
no relatório anterior era de 1,33. como responsáveis pelos domicílios.
— Estamos passando por mudanças signiJacqueline Marins avalia que o
grau de instrução das mulheres é ficativas em nossa sociedade, assim como os
um dos definidores deste baixo ín- italianos. Não se pode afirmar se essas mudanças são boas ou ruins. Depende do pondice de fecundidade.
— Aqui as mulheres que se casam to de vista, como todo antropólogo diz, do
mais tarde são as mais instruídas e não observador. A sensação é de que elas estão
tem filhos ou quando os tem, não passam acontecendo de uma forma muito rápida mas,
de 2. Ou seja, a instrução determina o nú- na verdade, elas já caminham a um bom temmero de filhos, mais do que a pobreza. Na Itá- po e nós é que não nos demos conta — finalia, como o grau de instrução feminino é maior, liza Jacqueline.
“Essa questão de
casar e a melhor
idade para isso
não são tão
proeminentes
para o homem.
Dezembro 2006
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ComunitàItaliana
35
Verso un’Italia
multietnica
Oggi: uno immigrato ogni 19 abitanti,
tra dieci anni, incidenza raddoppiata
Ana Paula Torres
D
Corrispondente • Roma
Brasile si trova al 21° posto in
classifica, con 30.691 cittadini
residenti in Italia, il che rappresenta l’1,4% della popolazione
straniera presente nel territorio.
Cittadini questi che garantiscono
uno dei più grandi volumi di rimesse in denaro inviate dall’Italia
all’estero ogni anno.
“Oggi – ha detto il Presidente
del Consiglio Romano Prodi, durante la presentazione – l’immigrazione è un fenomeno strutturale profondo e alla luce di tale
sviluppo va affrontata la questione della cittadinanza, che è una
conseguenza di questo sviluppo,
uno sbocco necessario e non una
questione a sé stante. Si sta andando verso un inserimento in
profondità, - continua – come è
avvenuto per i nostri italiani in
Belgio”. In un altro momento del
suo discorso Prodi fa riferimento
Ana Paula Torres
al Dossier Statistico Immigrazione Caritas/Migrantes 2006, presentato
di recente a Roma, risulta
che il numero degli immigrati regolari in Italia ha quasi raggiunto
quello degli emigrati italiani nel
mondo. L’Italia si colloca, così,
accanto ai grandi paesi europei di
immigrazione, come la Germania,
Spagna, Francia e Gran Bretagna.
Ogni 10 stranieri, 5 sono europei,
2 africani, 2 asiatici e 1 americano. I brasiliani non si trovano tra
le etnie di maggior presenza in
Italia, come accade con i romeni, gli albanesi, i marocchini, gli
ucraini o i cinesi, ma allo stesso
tempo, compongono una comunità di certa espressività, inserita in vari settori della società,
incluso quello dell’imprenditoria.
Secondo dati del Dossier statistico, tra un totale di 150 paesi, il
al profilo del lavoratore immigrato: “E’ il caso di attirare in Italia
altresì l’immigrazione qualificata,
anche al fine di non dare l’impressione che da noi l’immigrazione è
qualcosa di residuale.” Un altro
punto problematico è la concessione della cittadinanza, che viene vista in questo modo dal primo
ministro: “In materia di cittadinanza si tratta, congiuntamente,
di semplificare le procedure e di
ridurre i tempi di attesa: il numero degli anni è una determinazione importante, ma ancora più
importante è presentare questo
passaggio come un diritto”.
In Italia i soggiornanti dei
paesi dell’Est Europa sono circa
un milione: i principali gruppi sono, tra gli extracomunitari, quello
albanese e ucraino; tra i comunitari, quello polacco; tra gli stati
che stanno per entrare nell’Unione Europea, quello romeno, che è
il più numeroso in assoluto. Tra
i continenti, per l’Africa il primo
gruppo è quello marocchino, per
l’Asia il cinese e il filippino, per
l’America il peruviano e lo statunitense. Dall’America Latina, in
particolare dall’Uruguay e dall’Ar-
gentina, vi è un flusso di oriundi
italiani che entrano in Italia come
turisti per completare la pratica
relativa all’acquisizione della cittadinanza italiana, e poi, si spostano in Spagna dove gli italiani
sono 56 mila, per lo più originari
del Sudamerica.
L’incidenza degli immigrati sulla popolazione è del 5,2%,
con 1 immigrato ogni 19 residenti. Tra dieci anni, l’incidenza sarà
raddoppiata e verranno superati i valori che oggi si riscontrano in Germania e in Austria. Le
province con il più alto tasso di
incidenza della popolazione straniera sono: Prato (12,6%), Brescia (10,2%), Roma (9,5%), Pordenone (9,4%), Reggio Emilia
(9,3%), Treviso (8,9%), Firenze
(8,7%), Modena (8,6%), Macerata e Trieste (8,1%).
In Italia, l’immigrazione diventerà sempre più l’unico fattore di crescita demografica in
grado di porre rimedio alla prevalenza dei decessi sulle nascite.
Gli ultrasessantacinquenni diventeranno nel 2.050 più di un terzo
dei residenti e, rispetto alla popolazione in età lavorativa che si
ridurrà notevolmente, incideranno per il 66%. Gli immigrati in
Italia sono una popolazione giovane, concentrata per il 70% nella fascia d’età tra i 15 e 44 anni,
mentre solo il 47,5% degli italiani si colloca in quella fascia.
Secondo le previsioni Eurostat/
Istat, i giovani lavoratori italiani
diminuiranno di 1.350.000 unità
nel 2.010 e di 3.209.000 unità
nel 2.020.
36
ComunitàItaliana
/
Dezembro 2006
Per quanto riguarda la presenza brasiliana in Italia, nonostante non vi sia una grande comunità come quelle della
Romania o Albania, è possibile
dire che i brasiliani occupano
una posizione interessante. Nel
2005, l’Italia ha rilasciato 2.175
visti per inserimento al Brasile,
pari all’1% del totale. Di questi,
450 unità si riferivano al lavoro subordinato, 833 allo studio e
265 per motivi religiosi.
L’immigrazione dal continente americano in Italia è pari al
10,6% del totale degli stranieri. L’87% proviene dall’America
centro-meridionale, essendo le
principali collettività quelle del
Perù, 2,2% del totale di stranieri, dell’Ecuador, 2,1% e del
Brasile, 1,4%. L’immigrazione
americana continua ad essere in
prevalenza composta da donne,
circa il 67% ed il Brasile, insieme al Perù ed Ecuador si afferma come paese di maggior provenienza. Inoltre, secondo dati
forniti dal dossier, risulta che il
62% degli immigrati americani
abbia tra i 19 ed i 40 anni di
età, oltre ad essere nella maggior parte celibi o nubili.
Lavoratori immigrati in Italia
Le assunzioni effettuate nel 2005
confermano la tendenza degli
anni precedenti. Oltre il 50% dei
lavoratori stranieri presenti in
Italia proviene dall’Europa, soprattutto dalla Romania e Albania. Ci sono poi dei gruppi di im-
Reprodução
attualità
Oltre il 50% dei lavoratori stranieri proviene dall’Europa
Per quanto riguarda il caso specifico del Brasile, ci sono state 13.142 assunzioni nel
2005, pari all’1,7% del totale
delle assunzioni. Le cessazioni
sono state invece 12.246, pari
all’1,6%, essendo così il saldo
positivo per i lavoratori brasiliani di 896 unità, pari al 6,8% del
totale generale.
L’imprenditoria sudamericana, invece, è gestita essenzialmente da peruviani, brasiliani e
ecuadoriani, con una quota di titolari di impresa intorno all’1%
per ciascuna collettività. I brasiliani e peruviani, insieme agli
egiziani, hanno grande presenza
nel settore di servizi professionali, come servizi alle imprese suddivisi in società di pulizie, attività immobiliari, noleggio, servizi
di assistenza informatica.
“L’immigrazione dal continente
americano in Italia è pari al
10,6% del totale degli stranieri.
L’87% proviene dall’America
centro-meridionale”
migrati che hanno aumentato la
propria presenza in proporzione
all’inizio del 2005, com’è il caso
dei brasiliani, che hanno avuto
un incremento del 6,8%.
I lavoratori provenienti dall’America Centro Meridionale arrivano in Italia soprattutto per
svolgere delle mansioni umili,
spesso nel settore domestico. In
questo caso, le donne rappresentano quasi il 61% dei lavoratori
assunti nel 2005.
Il Brasile occupa il 15° posto nella classifica dei titolari di
impresa con cittadinanza estera
per principale settore di attività
economica, mentre nel caso dell’imprenditoria al femminile, la
posizione brasiliana scende dal
15° all’8° posto.
L’invio di rimesse
ai paesi di origine
Le rimesse proveniente dall’Italia hanno subito nel 2005 un
incremento del 15,8% rispetto
all’anno precedente, confermando le tendenze mondiali.
Secondo le stime della Banca
Mondiale, le rimesse internazionali verso i paesi in via di
sviluppo sono passate da 96,5
a circa 167 miliardi di dollari
dal 2001 al 2005. I primi dieci
beneficiati per volume di denaro ricevuto nel 2005 sono stati:
India (21,7 miliardi di dollari),
Cina (21,3 miliardi), Messico
(18,9 miliardi), Filippine (13,4
miliardi), Marocco (4,7 miliardi), Serbia e Montenegro (4,6
miliardi), Pakistan (4,1 miliardi), Bangladesh (3,8 miliardi),
Colombia (3,7 miliardi) e Brasile (3,6 miliardi).
Nel caso brasiliano, dei 3,6
miliardi di dollari ricevuti nel
2005, 63 milioni di euro sono
stati inviati dall’Italia, secondo dati della Banca d’Italia. In
questo modo, il Brasile si colloca all’8° posto nelle graduatorie delle rimesse che partono
dall’Italia, dietro rispettivamente a Cina, Romania, Filippine, Marocco, Senegal, Colombia
e Albania.
Italiani x immigrati
Nel 2005 sono stati segnalati all’Ufficio Nazionale Antidiscriminazioni Razziali 867 casi
di discriminazione, concentrati
specialmente nel Centro-Nord. Le
denunce sono venute per lo più
dagli africani, causate soprattutto dal colore della pelle. Le
discriminazioni riguardano vari
aspetti della vita quotidiana, dal
lavoro agli alloggi.
Il 40% degli italiani ritiene che gli immigrati siano maggiormente coinvolti nelle atti-
Dezembro 2006
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vità criminali. Tra le 550 mila
denunce del 2004, quelle contro cittadini stranieri sono state
in media del 21,3%, con valori
molto elevati in città del Nord
come Bologna, Verona, Firenze e
Padova. I reati più ricorrenti sono quelli contro il patrimonio e
quelli contro la persona. Per alcune nazionalità le denunce sono in diminuzione, albanesi, per
esempio, per altre come romeni,
in aumento.
I motivi dei flussi migratori
Dei 6 miliardi e mezzo di abitanti
del pianeta, soltanto 960 milioni abitano nei paesi a sviluppo
avanzato, mentre ben un miliardo e 400 milioni di persone vivono con meno di due dollari al
giorno e 192 milioni sono i disoccupati. Nonostante non sia
l’unico, i flussi migratori sono un
regolatore di queste differenze
socioeconomiche.
L’Unione Europea si presenta come un’area ad alta concentrazione di immigrati, la
cui presenza costituisce una
necessità demografica, perché
il Vecchio continente, anche
se è prevista un’immigrazione
netta di 40 milioni di persone,
nel 2050 vedrà diminuire di 7
milioni di unità la popolazione
nel suo complesso e di 52 milioni di unità la popolazione in
età lavorativa.
Dai dati contenuti nel dossier, risulta che quasi la metà
della popolazione mondiale vive
al di sotto della soglia di povertà. Secondo le Nazioni Unite, più cresce la distanza tra i
più ricchi e i più poveri, più aumentano i flussi migratori. E’ da
sottolineare, però, che la causa della mobilità umana non risiede nella povertà assoluta o
nella disoccupazione, ma nell’attrazione esercitata dagli stipendi più alti e dalle migliori
condizioni sociali dei paesi di
arrivo. L’esempio più attuale è
proprio quello del Brasile, dove
la stabilità economica raggiunta dopo decenni di incertezze è
stata accompagnata da almeno
500 mila partenze.
I flussi migratori contribuiscono allo sviluppo dei paesi di
origine attraverso l’invio di rimesse, l’apporto delle competenze acquisite nel caso di chi rientra, e degli investimenti da parte
delle comunità all’estero.
ComunitàItaliana
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atualidade
atualidade
le era italiano, mas aprendeu a se apaixonar pelo Brasil. Um dos maiores
sanfoneiros do país morreu em novembro deixando um
legado de composições inesquecíveis. Mario João Zandomeneghi, conhecido como Mario Zan,
nasceu em Veneza e aos quatro
anos de idade foi trazido pelos
pais à terra do carnaval. O homem que compôs o hino dos 400
anos da capital paulista, autor
da música “Nova Flor” [muitas
vezes chamada de “Os homens
não devem chorar”] sofreu uma
insuficiência respiratória no
Hospital Central Sorocabana e,
aos 86 anos, não resistiu.
Mas o sentimento de perda
para italianos e brasileiros não
parou por aí. Enquanto o Brasil
perdia o instrumentista italiano, a Itália também se despedia do “rei da canção napolitana”, o cantor Mario Merola, de
72 anos, considerado o último
representante de Nápoles depois
de Totó.
Merola, que estava internado no hospital San Leonardo, de
Castellammare di Stabia, e morreu por complicações cardíacas,
levou a música popular napo-
mais de 50 CDs, além ter superado a marca de cem canções compostas. Sua estréia foi no rádio.
Numa entrevista ao jornal Folha
Zan: o maior
sanfonista do Brasil
Agência O Globo
E
Nayra Garofle
litana pela primeira vez a Milão, em 1976. Algumas de suas
canções marcaram a história da
música popular como “Lacrime
napulitane” e “I figli so piezz è
core”.
A morte do napolitano, que
ocorreu depois de quatro paradas cardíacas, abalou toda a
Itália. O presidente da região
da Campania, Antonio Bassolino
também lembrou, com carinho,
o cantor.
— Era um extraordinário intérprete da alma popular de Nápoles — lamenta.
Mario Merola recebeu o título de “rei da canção popular napolitana” depois de ter dado a
seu trabalho um caráter de espetáculo regional e, ao mesmo
tempo, uma dimensão nacional.
Resultado: provocou um sucesso
nunca visto antes para a chamada “sceneggiata” [canção popular napolitana].
Zan começou sua carreira
profissional aos 13 anos, gravou
200 músicas e lançou 300 discos de 78 rotações, 110 LPs e
Merola: “o rei da
canção napolitana”
Divulgação
Brasil e Itália ficam
de luto depois da
morte de Mario Zan
e Mario Merola
de São Paulo, em 2004, o sanfoneiro declarou que entrou na
Record para pedir que tocassem
suas músicas.
— Saí de lá 33 anos depois.
E esse tempo todo empregado
com carteira assinada — contou
ao repórter.
Na mesma época, um locutor, ao ouvir o som de Zan, ficou
encantado e disse em seu programa de rádio no Rio de Janeiro: “Enquanto nós, cariocas, ficamos babando para os gringos
ouvindo música estrangeira e
imitando, existe um sanfoneiro
em São Paulo que faz verdadeira
música brasileira”. Era o próprio
compositor Ary Barroso, consagrado mundialmente, o dono da
bronca e do elogio.
O veneziano tornou-se tão
brasileiro que, ao ler um livro
sobre a vida da marquesa de
Santos, resolveu visitar o túmulo no cemitério da Consolação, em São Paulo. Ele considerava injusto que ela fosse
lembrada na história, apenas,
como “amante de Dom Pedro
I”. Zan se baseava no fato de
que a própria, antes de morrer,
doou toda a riqueza dividindo
os bens entre seus escravos e a
cidade de São Paulo. Ao chegar
ao local do sepultamento da
marquesa, o artista constatou
a sujeira e o descaso. Mandou
limpar tudo e, depois de muito procurar, conseguiu comprar
um túmulo em frente ao da marquesa onde foi enterrado como
desejava.
M
Quem te viu e
quem te vê!
Consulado do Brasil em Milão ganha novas
instalações e agiliza atendimento
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
empregados se revezam nas atividades diminuindo a alienação ao
trabalho] os documentos, que antes levavam semanas e até meses
para ficar prontos, são emitidos
no mesmo dia.
Basta a pessoa chegar ao guichê com todos os pré-requisitos
necessários que pode ser informada pelo sistema telefônico ou pela
internet. O Consulado presta serviços como os de um moderno cartório. A personalização do atendimento evita erros primários.
— O brasileiro gosta do contato visual, se cria mais confiança e se transmite melhor e mais
claro as regras do jogo. Um erro
no preenchimento do formulário
pode ser explicado e corrigido
ali, na hora, na frente da pessoa
— destaca Moscardo.
A inauguração acontece, agora, em dezembro, antes das férias. Em dias de pico, o consulado chegava a atender cerca de
450 pessoas. A média diária gira
em torno de 200 visitantes. Mas o
que se anuncia é um atendimento
de primeiro mundo.
Nas novas instalações do
Consulado foi prevista até mesmo uma “salinha” para a troca de
roupas de bebês e crianças pequenas. O serviço é rápido. Atrás
teza de sair com a papelada assinada e carimbada embaixo do
braço. Esta foi a saída encontrada
pelo corpo consular para honrar a
promessa de imprimir uma gestão
eficiente e profissional.
E como ali dentro ninguém
é bancário, mas deve receber os
pagamentos dos emolumentos,
o Consulado decidiu terceirizar
esta parte. Nenhum funcionário
pega em dinheiro. Para isso, foi
aberta, dentro do salão de atendimento, uma filial do Banco do
Brasil com um caixa para receber
cada euro gasto a fim de cobrir
os custos dos pedidos de documentos. Os guichês do Consulado
funcionam para a entrada e a saída de documentos. E só.
Uma outra medida adotada
pelo Consulado foi a interrupção
de serviços e informações passadas por telefone através de um
operador. Tudo é eletrônico. Isso
libera o funcionário para trabalhar junto ao público e evita que
uma mensagem seja mal compreendida ou transmitida. Qualquer
pessoa pode acessar pelo telefone todas as informações necessárias para a utilização de um dos
Fotos: Guilherme Aquino
E agora fica a saudade
odelo exportação. A
partir de agora, os brasileiros que passarem
pelo Consulado de Milão terão uma grata surpresa.
Atendimento eficiente, informações na ponta da língua do recepcionista, instalações modernas e
confortáveis, serviços de emissão
de documentos funcionando a toda velocidade e, o principal, sendo despachados no mesmo dia. A
mudança se nota logo na entrada.
Literalmente, o corpo diplomático se aproximou mais do brasileiro na cidade ao descer os serviços
ao público do quinto para o primeiro andar. — Tínhamos constatado, já há 18 meses, que as
instalações não eram adequadas
ao atendimento ao público devido à precariedade da estrutura.
A comunidade brasileira aumentou muito nos últimos anos, quase cem mil brasileiros — conta
à ComunitàItaliana, o secretário
Claudio Moscardo.
Não foi fácil iniciar a reforma,
a começar pelos recursos escassos, pela burocracia. Mas devagarzinho, o Ministério das Relações
Exteriores, em Brasília, foi se sensibilizando com o problema e o financiamento para a obra saiu para a alegria e felicidade geral dos
brasileiros do norte da Itália.
— Foi a coroação física da
melhoria dos métodos de trabalho — define Moscardo.
Ou seja, não foi apenas uma
reforma estrutural, houve também e, principalmente, uma mudança de comportamento dos
funcionários diante dos novos
desafios, a começar pelo aprendizado das modernas técnicas de
work flow, fluxo do trabalho.
— Identificamos a crise, realizamos um diagnóstico. Percebemos que era necessário motivá-los e dar a eles treinamento e
isso foi feito. Hoje todos sabem
fazer o serviço de todos e o índice de produtividade aumentou
bastante — diz o secretário.
Faz parte de um passado, não
tão remoto assim, um setor ficar
prejudicado por causa da falta de
um funcionário. O nervosismo e a
sobrecarga de trabalho em cima
dos dependentes do Consulado ficaram para trás. O corpo diplomático e de apoio parou com os
deveres de casa e os prazos longos para entregá-los. Como uma
cadeia de montagem de uma indústria [com a vantagem que os
dos guichês estão os funcionários
locais concursados e/ou terceirizados, e os vices-cônsules com
poder de decisão. As carteiras de
passaporte também são emitidas
no mesmo local graças a um programa de computador que estava
em teste provisório mas acabou
sendo “aprovado” por ser muito
funcional.
Para dar maior continuidade
e garantia de que o pedido será
atendido no mesmo dia, o horário
de abertura foi modificado. O Consulado abre das 8 às 12h30min,
duas horas a menos em comparação ao antigo expediente. Mas
quem estiver lá dentro tem a cer-
Dezembro 2006
/
31 serviços disponíveis pelo Consulado: da adoção de filhos ao
divórcio, passando pela emissão
de passaportes, de certificados
de serviço militar, de procuração,
dentre outras operações.
O Consulado de Milão atende
aos moradores de todas as regiões Norte e Nordeste da Itália:
Valle D’Aosta, Lombardia, Veneto, Trentino Alto-Agide, Friuli,
Venezia-Giulia, Liguria, Emilia
Romagna e parte da Toscana.
O endereço é Corso Europa, 12,
no centro da cidade. O telefone 3357278117 funciona 24 horas por dia. A página na rede é
http://consbramilao.it
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turismo
Sui sentieri
di Sissi
In passato, luogo di soggiorno
dell’imperatrice d’ Austria. Oggi, meta
preferita del turismo in Alto Adige
Ana Paula Torres
I
Corrispondente • Roma
la sua rinomata ospitalità. Un
soggiorno di cura a Merano è
particolarmente consigliato in
presenza di patologie delle vie
respiratorie e cardiache, reumatismi e arteriosclerosi, ma soprattutto durante la convalescenza
di malattie gravi.
Irene Schullian, pubbliche
relazioni dei Giardini di Castel
Trauttmansdorff, racconta che
la fama di Merano arriva quando
l’imperatrice Elisabetta d’Austria,
soprannominata Sissi, trascorre insieme alle figlie, l’inverno
del 1870-1871 presso il Castel
Trauttmansdorff. Grazie alla guarigione della figlia Marie Valerie,
Il castello e i suoi giardini
L’area su cui si estendono oggi
i Giardini di Castel Trauttmansdorff viene menzionata per la
prima volta in un documento attorno al 1300, quando aveva la
caratteristica di una fortezza.
Verso la metà del XVI secolo la
nobile famiglia Trauttmansdorff
acquistò il complesso per abitarlo. Quando la stirpe si estinse,
la fortezza fu lasciata andare in
rovina finché un parente, il conte Joseph von Trauttmansdorff la
comprò e al suo posto fece costruire un castello. Attorno al
1900 la proprietà passò alle mani
del barone tedesco von Deuster,
ma il fascismo portò successivamente all’esproprio del nobile,
determinando così la fine repen-
tina del periodo aureo del signorile palazzo.
Il complesso decadde a vista
d’occhio e nel 1977, grazie allo
statuto di autonomia, la proprietà delle mura abbandonate passò
alla Provincia Autonoma di Bolzano. Verso la fine degli anni ’80
fu adottata la delibera per costruire un giardino botanico sul
terreno circostante il castello. In
un secondo momento, si decise
di risanare il castello e di farne
la sede del Touriseum, un museo
che racconta 200 anni di storia
del turismo nel Tirolo.
Nel giugno 2001, dopo sette
anni di lavori, sono stati aperti i
giardini, mentre il museo è stato
inaugurato nel 2003. Dal punto
di vista botanico, ma anche della composizione paesaggistica,
i giardini offrono un’immagine
in mutazione continua. Le varie
fioriture si susseguono nel corso
dell’anno, regalando ai visitatori una varietà di colori e profumi
intensi. Circa 150 mila tulipani e
narcisi annunciano l’arrivo della primavera, seguiti da ciliegi
giapponesi, rododendri, peonie,
rose e dai riflessi della lavanda.
In estate sbocciano le ninfee e
i fiori di loto, mentre migliaia di
girasoli riflettono la loro luce nell’Oliveto. Chiudono la ridda cromatica del mare di fiori gli aster,
le dalie e le camelie autunnali.
Fotos: Ana Paula Torres
Giardini di Castel Trauttmansdorff situati nella città di Merano, sono la meta preferita
per le gite in Alto Adige. Grazie alla loro unicità ed al sensibile spirito innovativo, nel 2005, a
soli quattro anni dalla loro creazione, sono stati eletti “Il Parco
più bello d’Italia”. Ma la notorietà
di questo luogo è legata soprattutto ai ricordi dei soggiorni dell’imperatrice Elisabetta d’Austria.
Il fascino della città nasce
dal suo clima mite e sano, dal
paradisiaco paesaggio che fonde
la bellezza della natura a quella
dei castelli, fortezze e sontuosi
palazzi nobiliari, ma anche dal-
la città conquista notorietà come
città di cura.
– “Siccome Merano ha un clima particolarmente mite d’inverno e a quei tempi faceva ancora
parte dell’Impero Austroungarico, – spiega Schullian – lei veniva qua per le cure. Questo fu il
momento più importante per Merano, quando venne riconosciuta come città di cura. Sissi fu la
prima testimonial importante di
questa caratteristica della città.
Da quel momento, cominciarono
ad arrivare persone da tutta l’Europa per fare le cure”.
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ComunitàItaliana
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Dezembro 2006
Le condizioni climatiche favorevoli di Merano consentono di
presentare nei Giardini di Castel
Trauttmansdorff la variopinta
molteplicità di più di 80 mondi
paesaggistici, con 5.400 specie e
varietà di piante in un totale di
500 mila piante diverse tra di loro ma sistemate in modo naturale
e armonico. Lo spettro spazia dal
tipico paesaggio altoatesino ai
campi di riso giapponesi, fino ai
raggruppamenti di piante del bacino del Mediterraneo. Comprende inoltre, paesaggi naturali dell’Europa, America e Asia. Quattro
sono le grandi aree in cui si suddividono i giardini: i boschi del
mondo, i giardini del sole, il paesaggio dell’Alto Adige e i giardini
acquatici e terrazzati.
Un’altra particolarità è che
il visitatore ha la possibilità di
ammirare non solo l’arte prodotta dalla natura, ma anche quella nata dalle mani degli uomini.
Lungo il percorso ci sono undici padiglioni che ospitano delle
opere le quali interpretano i processi della natura, illustrando nei
dettagli i fenomeni del mondo
vegetale, sia sul piano artistico
che didattico. I padiglioni sono
stati realizzati da artisti locali,
nazionali ed internazionali secondo determinati temi e sono
stati concepiti come attrattiva
particolare dei giardini botanici.
Tra le strutture più interessanti è
da sottolineare l’“Organo dei profumi”, un indovinello dei profumi che i visitatori riscoprono nei
frutti e negli arbusti dei Giardini di Castel Trauttmansdorff. Un
muro di calcestruzzo divide la
piattaforma in due locali. Il cortile coperto funge da spazio di
esposizione e sosta protetta dal
maltempo. Le immagini nella vetrina sul retro del muro svelano
le risposte al gioco olfattivo. Anche lo spazio dedicato alle piante acquatiche è da non perdere.
Con l’aiuto di cuscinetti d’aria, le
piante acquatiche fanno galleggiare le loro foglie sopra l’acqua,
dove respirano come le piante
terrestri. Il padiglione invita ad
una passeggiata sul fondo del laghetto. Le sue colonne pendolari che raffigurano gambi stilizzati di ninfee, fanno da supporto
a elementi di copertura che dispensano ombra. Nella loro forma
somigliano a foglie galleggianti
e con un po’ di fantasia si possono vedere anche scafi di barche i
cui corpi hanno uno scheletro in
compensato.
Ma non finisce qui. Oltre alle
piante ed ai padiglioni, tutto il
complesso di Castel Trauttmansdorff offre ancora delle attrattive ai suoi visitatori. Il “Mosaico
geologico”, per esempio, rappresenta graficamente i mondi delle
pietre del Tirolo, dell’Alto Adige
e del Trentino. Fungono da punti
di orientamento le città più importanti e le cime più alte delle
Alpi. Fasci di piccole tessere di
mosaico blu riproducono i fiumi
mentre le pietre massicce simboleggiano i tipi di pietre che formano le montagne della regione.
La “Grotta” invece, è caratterizzata da un frastuono assordante che accompagna la genesi della terra. Lo presentazione
multimediale nella Grotta ha la
durata di dodici minuti e riporta
ai primordi dell’esistenza organica sulla terra.
C’è poi la “Passeggiata di Sissi”, un sentiero attraverso il bosco di roverella che l’imperatrice fece realizzare durante i suoi
soggiorni in quelle terre. Niente
però è più originale del “Binocolo di Matteo Thun”. Attraversando il bosco di roverella, lungo la
passeggiata di Sissi, vi si arriva
ad una nuova piattaforma panoramica spettacolare. In questo
punto del parco, ad altezze vertiginose, si aprono delle prospettive suggestive sulla Valle dell’Adige e sulla corona di montagne
che racchiude la città di Merano. Nel 2005, l’architetto Matteo
Thun ha realizzato la struttura a
forma di binocolo che accentua
la veduta sulla bellezza dei giardini e dei paesaggi circostanti.
La piattaforma trasmette la sensazione di essere sospesi liberamente nell’aria.
I giardini ed il castello possono essere visitati da marzo a
novembre durante tutta la settimana. Per i visitatori diversamente abili la struttura mette a
disposizione gratuitamente delle
sedie a rotelle con motore elettrico. Tutte le mattine sono in
corso delle visite guidate sia in
lingua italiana che tedesca, oppure il visitatore può scegliere
di utilizzare una delle audioguide, disponibili in italiano, tedesco, inglese e francese. La durata consigliabile della visita va da
almeno tre ore a mezza giornata.
All’interno della struttura i turisti possono usufruire dei servizi
di un ristorante con capacità per
300 persone e di un piccolo ma
accogliente caffè presso il Laghetto delle ninfee.
Nelle tiepide serate estive i
Giardini di Castel Trauttmansdorff
offrono ai loro visitatori un ulteriore intrattenimento. Si tratta
delle “Notti d’incanto”, esibizioni
di gruppi musicali da tutto il mondo che, grazie alla disposizione
ad anfiteatro dei giardini, possono contare su una qualità acustica invidiabile, oltre all’atmosfera
estremamente suggestiva.
Il Touriseum
All’interno del castello si trova il
Touriseum, il primo museo dell’arco alpino dedicato esclusivamente al turismo nei suoi vari aspetti,
illustrando tanto il punto di vista
della popolazione locale quanto
quello dei vacanzieri. Fa vedere
come il turismo è nato nel Tirolo
e come ha trasformato il territorio
e i suoi abitanti. Il linguaggio dei
testi esplicativi è piacevole, divertente e spiritoso con l’obiettivo di
incuriosire e stupire il visitatore.
Nell’esposizione permanente
è illustrata, in ordine cronologi-
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/
“Sissi fu la prima
testimonial
importante
di questa
caratteristica
della città. Da
quel momento,
cominciarono ad
arrivare persone
da tutta l’Europa
per fare le cure.”
Irene Schullian
co e in tre lingue (tedesco, italiano e inglese), la storia del turismo nel Tirolo (prima del 1919)
e in Alto Adige (dopo il 1919).
La visita è animata da una scenografia fatta di pareti rocciose,
modellini, teatri meccanici, figure intagliate nel legno (di cui 15
in grandezza naturale), suoni e
filmati. Le postazioni multimediali forniscono informazioni aggiuntive, mentre il gioco dell’Adige offre momenti di evasione. Lo
spazio riservato ai bambini aggiunge un elemento ludico e la
torretta delle vignette turistiche
guarnisce il tutto con un tocco di
umorismo. Le stanze storiche del
castello custodiscono la raccolta
di studio sul turismo, attualmente composta da 7 mila oggetti.
Visitatori soddisfatti
Dal 15 marzo al 15 novembre
2005 hanno visitato i Giardini e il
Touriseum circa 300 mila persone,
con una media di 1.300 ingressi
al giorno. Trauttmansdorff si conferma così l’attrazione turistica
più visitata di tutto l’Alto Adige.
Dall’inaugurazione dei Giardini di Castel Trauttmansdorff,
avvenuta nel 2001, sono stati
intervistati circa 22 mila visitatori. Oltre il 90% giudica ottima la struttura e i servizi offerti, mentre il 53% dichiara di aver
trascorso tra le 4 e 6 ore in visita all’intero parco. Dall’indagine risulta anche che i turisti più
assidui sono i tedeschi, 68,2%,
seguiti dagli italiani, 14,9%,
svizzeri, 7%, austriaci, 6,4% e
da altri paesi, 3,5%.
ComunitàItaliana
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cinema
Il film è il sessantacinquesimo
del direttore
nia di Giancarlo Fusco, racconta
la storia di una sezione sanitaria dell’esercito italiano che si
accampa nell’estate del 1940 a
Sorman, una sperduta oasi nel
deserto della Libia. In quel luogo, la guerra appare molto lontana e il maggiore comandante
passa il tempo a scrivere appassionate lettere d’amore alla sua
giovane moglie. Nel campo c’è
un’aria rilassata finché un frate
italiano che vive sul posto non
coinvolge i militari nel soccorso della popolazione locale che
ha molto bisogno di cure mediche. Si sparge ben presto la voce
della loro capacità e disponibilità per cui la spedizione militare
sembra trasformarsi in una missione umanitaria. La situazione
della guerra nell’Africa settentrionale però a un certo punto cambia bruscamente. La corsa vittoriosa verso l’Egitto delle
truppe comandate dal generale
Graziani viene arrestata dagli inglesi e si trasforma in una fuga
precipitosa. Il campo di Sorman
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A 91 anni, il grande regista presenta
Le Rose del Deserto
Ana Paula Torres
Corrispondente • Roma
viene invaso prima dai soldati
in fuga, poi dai feriti. Quando
le sorti degli italiani stanno per
precipitare arrivano in soccorso i
tedeschi, ma poi tutto precipita
di nuovo.
Da subito si capisce chi è che
firma la regia de Le Rose del Deserto. Ironia, cinismo, leggerezza e rimandi neanche troppo velati all’attualità appaiono come
un marchio dello stile del maestro. Il Monicelli vero, palpitante, la nervatura gagliarda della
sua arte sta tutta nei personaggi, nell’interpretazione di Michele Placido, un frate Simeone poco
attento alla dottrina ma concreto nel suo aiuto umanitario; in
quella garbata e intensa del Maggiore Alessandro Haber, poeta irreale in mezzo alla barbarie della
guerra; nella levità del tenentino
Giorgio Pasotti con le sue pulsioni carnali sempre mitigate dal
zelante lavoro sul fronte. È così
che quel punto infinitesimale nel
deserto libico durante la seconda
guerra mondiale, quell’oasi arida di palme rinsecchite dove la
Trentunesima Sezione Sanità ha
ComunitàItaliana
dislocato il suo campo, diventa
territorio fertile, vivo per la commedia umana di Monicelli che
raggiunge picchi di intensa poesia in alcune sequenze. Su tutte
quella del matrimonio per procura officiato in mezzo al deserto
davanti alla sepoltura in pietra
del neosposo che è già diventato
un caduto per la patria.
Il più recente dei film di Monicelli si inserisce perfettamente nella filmografia del regista,
come lui stesso ha confermato durante la conferenza stampa: – “Lo stile di questo film è
il mio, – afferma Monicelli – lo
stesso della Grande guerra, dei
Soliti ignoti, di Amici miei, di
Speriamo che sia femmina. Una
commedia ironica, a tratti amara,
e in certi casi perfino drammatica, tragica. Del resto, – aggiunge
– la commedia all’italiana è proprio questa”.
Però, questa volta il regista ha girato delle scene che in
passato visse in prima persona,
perché anche lui fece la guerra
in Libia. – “Se faccio film sulla guerra è perché penso sia da
Favola contemporanea
Divulgação
Il ritorno di
Monicelli
rifiutare – spiega – ma io non
sono un pacifista. Nel 1939, ad
esempio, non vedevo l’ora che
la guerra iniziasse, perché avevo
capito che era l’unico modo per
liberarci del fascismo e nazismo.
E così è stato. E dunque – continua – non sono per la pace a
qualsiasi costo”.
Ma Monicelli affronta anche altri temi. Rivendicando, ad
esempio, la bontà del modo di
essere all’italiana: – “Negli anni quaranta come adesso, in fondo siamo rimasti gli stessi. Siamo generosi, – prosegue – non
ci perdiamo mai d’animo. Non
vogliamo essere eroi, ma poi, se
dobbiamo morire, non la facciamo tanto lunga”.
Però, il regista coglie l’occasione per esprimere la sua opinione e dire che adesso queste
virtù stanno per scomparire: –
“Se stiamo cambiando, è in peggio. – osserva – chi ci governa
vuole che siamo non più uomini, ma uomini economici. Vogliono dirci come comportarci, cosa
comprare. Ormai la nostra vita è
regolata dall’economia. La cosa più orrenda che ci possa essere, si valutano le persone solo
in base al rendimento, altrimenti si viene eliminati. L’Apocalisse, per me, è regolarci secondo
criteri solo economici” – conclude. Parole forti, le sue. Che fanno
il paio con quelle pronunciate a
proposito dell’atteggiamento dei
soldati del film verso le donne,
col loro modo di parlarne come
degli oggetti: – “È così anche
adesso – attacca – quel maschilismo fascista si è mantenuto fino
ad oggi”.
La storia di Emanuele Spera, da cuoco a
co-protagonista nel film di Monicelli
E
Fotos: Divulgação
M
ario Monicelli torna sul
set a 91 anni d’età per
girare Le Rose del Deserto, film ambientato in Libia, durante il Secondo
conflitto mondiale. Di guerra, il
grande regista se n’era già occupato quasi cinquant’anno fa in
La grande guerra, premiato con il
Leone d’oro alla Mostra di Cinema di Venezia.
Le Rose del Deserto è stato
presentato ai giornalisti lo scorso 22 novembre a Roma e dal 1°
dicembre è in esibizione in oltre duecento sale cinematografiche italiane. Il sessantacinquesimo film del maestro Monicelli,
liberamente tratto dal romanzo
Il deserto della Libia di Mario
Tobino, e dalla Guerra di Alba-
cinema
/
Dezembro 2006
manuele Spera, uno dei
co-protagonisti del film di
Mario Monicelli – nel quale interpreta un ragazzo di
origine sarda a cui non interessa
assolutamente niente della guerra, ma soltanto tornare in Sardegna e riabbracciare la moglie
rimasta incinta – racconta a Comunità la magia del primo incontro con il grande regista.
– “Monicelli mi ha visto la
prima volta mentre lavoravo a
Roma. In quel periodo, – spiega l’attore – consegnavo il pane, e mentre lui camminava in
zona via dei Serpenti gli ho tagliato la strada, passando di corsa. Ho visto che questo signore
pensieroso mi guardava ma non
diceva una sola parola. Ho provato a chiedergli se c’era qualcosa che non andava, ma non
mi ha risposto. Per lui intorno
non c’era nulla oltre a me. Praticamente mi ha fatto una lastra
con gli occhi. A questo punto,
– ricorda – ho chiamato il mio
capo e gli ho spiegato la situazione. Lui mi ha detto che quel
signore era Mario Monicelli, il
più grande regista italiano anco-
Ana Paula Torres
Corrispondente • Roma
ra vivente. Questa informazione
mi ha stupito e mi sono subito
domandato cosa voleva da me un
regista. Il mio datore di lavoro si
è fatto avanti e Monicelli gli ha
chiesto chi ero io. Gli ha risposto che ero un suo dipendente e
Monicelli se n’è andato. Il giorno
dopo – racconta Emanuele Spera – Monicelli è tornato a cercarmi e abbiamo fissato un appuntamento. Ci siamo visti in un
locale e in questa occasione lui
mi ha parlato di questo film. Era
verso aprile 2004, mi ha spiegato che doveva fare questo film
sulla guerra e che era alla ricerca dei personaggi. Mi ha chiesto di andare a fare dei provini e gli ho risposto subito che
non ero un attore, ma che facevo il cuoco di professione. Non
ha cambiato idea e ha insistito
nel convincermi ad andare a fare i provini. Sono andato diverse
volte a fare dei provini finché il
23 marzo di quest’anno, esattamente due giorni prima del mio
compleanno, ricevo la notizia di
essere stato scelto da Mario. Mi
hanno portato la sceneggiatura
e un mese dopo, il 22 aprile, sia-
mo partiti per iniziare le riprese
in Tunisia”.
Emanuele spiega che Mario
Monicelli era alla ricerca di ragazzi che raffigurassero l’Italia
durante la Seconda guerra mondiale. Contrariamente ai fisici
snelli, palestrati e alle facce ben
curate dei ragazzi di oggi. – “Gli
servivano brutti come me, bassi
e tarchiati. Anzi, – aggiunge –
anche con il culo basso, come ha
proprio detto Mario.”
L’attore ricorda con affetto
i momenti trascorsi insieme a
Monicelli: – “Come persona è un
signore adorabile, un vecchietto
schietto, diretto, sincero. Con
lui – afferma – è piacevole parlare di qualsiasi cosa. Sul set,
invece, si trasforma e diventa
una bestia. Dai suoi 90 anni si
trasforma in un arrabbiatissimo
ragazzo di 30. Lui mette a silenzio una troupe di 250 persone.
In Tunisia, – ricorda – a 50°C
all’ombra, in cui noi giovani eravamo stremati dal caldo,
distrutti dal camminare con la
sabbia, dalle riprese fatte sia di
giorno che di notte, lui invece,
era fermo, impassibile accanto
alla macchina da presa con il
suo cappelletto, con la sua seggiola che si portava sempre dietro, impassibile a strillare e a
prendersela con tutti, nessuno
escluso E sottolinea – Era il primo ad entrare sul set e l’ultimo
Dezembro 2006
/
ad uscire. Le riprese sono durate da metà aprile a metà giugno”.
Come succede spesso in Italia, il film è stato doppiato ed
Emanuele spiega il motivo: – “In
questo caso era un film di guerra e venivano rispecchiate tante zone d’Italia. Di conseguenza
– dichiara – la mia faccia, il mio
fisico, non sembravano di un ragazzo romano, ma assomigliavano molto ad un ragazzo sardo di
20 anni. Quindi, l’unico problema era la mia parlata, che Monicelli ha dovuto per forza modificare con il doppiaggio. A tutti
gli altri, invece, provenienti da
tutte le zone d’Italia, ha chiesto
di recitare nel proprio dialetto
di origine”.
Emanuele Spera dice di non
aver mai pensato di diventare
attore e non si illude riguardo il
futuro. “Mi sto preparando, studio dizione e recitazione. Piano
piano sto entrando in questo
mondo che è bellissimo ma allo
stesso tempo difficilissimo. Comunque sia, – aggiunge – questa sarà sempre un’esperienza
indimenticabile.”
La sua vera passione, invece, sono gli alcolici, motivo per
il quale ha studiato per diventare
barman. – “Questa mia grande
passione mi ha portato a girare
il mondo. Sono stato due anni in
Australia e, sempre per lavoro,
sono andato anche in Indonesia
e Polinesia. In Australia ero andato per fare dei cocktail, per lavorare come barman, ma in quel
luogo e con quella cultura, ero
un disoccupato. Allora – confessa – ho avuto la necessità, per
non tornare a casa, di inventare
un lavoro, e la strada più semplice è stata quella di andare a lavorare in un ristorante italiano.
La passione per il mare e per
la scoperta di nuove culture un
giorno sicuramente porterà Emanuele in Brasile, come si capisce
anche dalle parole che dedica al
popolo brasiliano. – “Nonostante
la grande diversità tra classi sociali, alla fine i brasiliani riescono ad avere sempre il sorriso in
faccia. Questa per me è una cosa
fantastica, che apprezzo molto in
questa gente.”
ComunitàItaliana
43
teatro
Como se fosse
em Veneza
Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro sediam mostra de filmes
italianos recentemente exibidos na terra de Marco Polo
Rosangela Comunale
U
m pouco do talento do cinema italiano exibido na 63ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza, que aconteceu em setembro, foi
também conferido em terras brasileiras. Composto por sete filmes, seis deles inéditos, o
festival Venezia Cinema Italiano II, passou
por São Paulo e Brasília e também pelo Cinema Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
As expectativas do festival ficaram por
conta de “La Stella che non c´è” [2006], de
44
ComunitàItaliana
/
Gianni Amelio, vencedor do Leão de Prata como filme revelação, e Nuovomondo [2006], de
Emanuele Crialese, candidato ao Oscar 2007.
Além deles, foram exibidos Lettere dal Sahara
[2004], Quijote [2006], Non prendere impegni questa sera [2006], Come l´ombra [2006] e
Il feroce saladino [1937].
De acordo com a Embaixada da Itália no
Brasil, idealizadora do evento, mais de oito
mil pessoas prestigiaram a mostra dos filmes
nas três cidades. Para o embaixador Michele
Dezembro 2006
Valensise, o tema comum entre as obras exibidas pode explicar o porquê de ter despertado o interesse do grande público.
— Todos os filmes têm o mesmo fio condutor e falam sobre o intercâmbio de culturas.
Muitos se identificam com os temas porque
narram histórias de muitas famílias italianas
daqui ou de seus ancestrais. A iniciativa do
evento é de caráter cultural e se encaixa bem
nos relacionamentos entre a Itália e o Brasil.
Este ano, trouxemos a mostra ao Rio pela primeira vez — destaca Valensise.
Em visita à capital fluminense, durante o
festival, o ator protagonista de “Nuovomondo”,
o siciliano Vincenzo Amato, falou um pouco sobre a “nova safra” do cinema italiano e também
a respeito da indicação ao Oscar de 2007.
—Não podemos viver ainda da época dourada. Não temos mais Fellini, De Sica ou Rossellini. O que aconteceu foi a acomodação do cinema
italiano, com um sistema rígido, meio “soviético”, digamos assim. Antes havia uma estrutura
já pronta com os grandes diretores. Agora acho
que isso está acabando. Sabemos que fazer cinema é caro. Mas com a revolução digital, é possível fazer um bom filme com um custo bem menor. Adorei o projeto deste filme. Finalmente a o
cinema italiano está despontando para o público e para a imprensa — analisa Amato.
Ainda no Rio de Janeiro, o embaixador
Valensise ressaltou a importância da realização do festival que não custou nada aos
cofres públicos. O segredo, segundo ele, foi
contar com parcerias com empresas como a
TIM, as prefeituras das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, o governo do Distrito
Federal, a Bolsa de Marcadorias e Futuros, o
Grupo Estação, o Cinema Odeon e os Institutos Italianos de Cultura.
— Recolhemos recursos sem tocar nos
cofres públicos. Fizemos tudo apenas com as
parcerias e o evento foi gratuito — reforça o
embaixador.
Para o prefeito do Rio, Cesar Maia, a idéia
de divulgar o cinema italiano vai de encontro
à iniciativa de trabalho nos planos de intervenção da cidade.
— Estamos com um grupo de arquitetos e
historiadores trabalhando em alguns projetos.
O Rio de Janeiro, no século 19, era basicamente uma cidade européia com influências arquitetônicas, nas artes, dentre outras áreas. Pedi
a eles que tentem identificar de que forma essa influência foi sendo modificada pela norteamericana. Temos que resgatar essas questões.
O cinema italiano torna a população de periferia personagem principal. O humor é de forma direta e isso traz popularidade. Precisamos
dessa sinergia dos europeus e não da cultura
enlatada dos americanos — reflete.
Além do prefeito, o diretor do Instituto
Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Rubens
Piovano, também aprovou a iniciativa.
— Estamos satisfeitos em poder ter essa
grande ocasião de aproveitar o que a Embaixada organizou junto com a Bienal de Veneza
— diz.
E
le gosta do clima mais intimista, de platéias pequenas e estimula a proximidade entre ator e espectador.
Não é preciso dizer que este cidadão vem da Itália, mais precisamente do Sul, conhecido pela
hospitalidade e simplicidade de
sua gente. Pois é assim que Eugenio Barba, aos 70 anos, ainda
mantém a proposta com a qual
criou a antropologia teatral e,
assim, fundou o grupo europeu
Odin Teatret, na Dinamarca.
Em recente passagem pelo
Brasil, ele se instalou no Rio de
Janeiro com o objetivo de promover uma série de eventos no
Centro Cultural Banco do Brasil
(CCBB). A programação contou
com cinco espetáculos de teatro,
seis demonstrações de trabalho,
dois workshops e onze mostras de
vídeo, além de uma conferência.
O Odin Teatret existe há 42
anos e, segundo seu fundador, a
idéia é não restringir as apresentações às salas de espetáculos.
Além disso, há a necessidade de
que o pensamento seja estimula-
Quanto
mais perto,
melhor
O italiano Eugenio Barba visita o Rio de Janeiro e expande
a filosofia de seu grupo teatral que tem como um dos
fundamentos a aproximação com o público
Rosangela Comunale
Fotos: Divulgação
Divulgação
cinema
Roberta Carrieri: 32 anos de
dedicação ao Odin
do política e socialmente através
das peças, ou seja, não pode se
optar apenas pelo puro entretenimento.
— A antropologia teatral não
busca princípios universais, mas
indicações úteis. Ela não tem a
humildade de uma ciência, mas
uma ambição em relevar conhecimento que possa ser útil para
o trabalho do ator bailarino. Ela
não se preocupa em descobrir
leis, mas em estudar regras de
comportamento — explica.
Em sua conferência no Rio,
Barba falou sobre a origem da
companhia e expandiu-se para
temas cruciais do teatro contemporâneo como a importância do
texto, a relação binomial “verdade cênica” versus “organicidade”
e a participação do corpo como
elemento primordial na construção da expressividade da cena
[princípio da ação orgânica].
Sobre os primórdios da
companhia, fundada em 1964,
apenas com atores amadores,
que tiravam dinheiro do próprio bolso para montar seus espetáculos, Barba tenta esclarecer o que o moveu a criar o
Odin Teatret.
— O teatro era uma necessidade nossa. Uma maneira de
encontrar um sentido na vida. O
mais importante era não desistir. Um típico reflexo infantil. A
origem foi isso. Uma energia preta. O desejo de não querer absorver o que os outros pensavam
de nós. De querer ter orgulho de
ser diferente, de ser estrangeiro
— afirma.
Uma de suas atrizes, Roberta Carrieri, é italiana e participa
do grupo há 32 anos. Ela ainda guarda lembranças de quando
seu trabalho começou no Odin
Teatret.
— Dez anos depois de seu
surgimento, a companhia começou a trabalhar em ruas, praças. Não era mais o espectador
que buscava o ator, mas o ator
que buscava o espectador em seu
bairro — fala a atriz.
Dezembro 2006
/
Superação de obstáculos
Como diz o ditado, nem tudo é
um mar de rosas em início de
carreira. E com Barba não foi diferente. Nascido em Galípoli, um
povoado no Sul da Itália, aos 17
anos, ele foi para a Noruega e
trabalhou como soldador e marinheiro. Graduou-se, em seguida, em Literatura Francesa e Norueguesa e História da Religião
na Universidade de Oslo. Depois
de passar pela Polônia e pela Índia, Barba voltou à capital norueguesa em 1964 mas, por ser
estrangeiro, não conseguiu encontrar trabalho no teatro profissional. Obteve, portanto, a lista de candidatos reprovados na
Escola Estadual de Teatro de Os-
“O mais
importante era
não desistir. Um
típico reflexo
infantil. A origem
foi isso. Uma
energia preta.
O desejo de não
querer absorver
o que os outros
pensavam de
nós. De querer
ter orgulho de
ser diferente, de
ser estrangeiro”
lo e, com alguns dos aspirantes
a atores, fundou o Odin Teatret.
Em 1966, o grupo se estabeleceu
na pequena cidade de Holstebro,
no noroeste da Dinamarca, onde
permanece até hoje.
Atualmente, o grupo ocupa
um lugar de relevância não só pela sua produção teatral, mas também pelos métodos de trabalho,
fundamentos da International
School of Theatre Anthropology
(ISTA), também criado por ele e
que estrutura seu método teatral
e difunde a cultura do grupo em
vários lugares do mundo.
ComunitàItaliana
45
Fotos: Pierpaolo Ferrari
música
Esce “lo canto”
Nuovo album di Laura Pausini rende omaggio alla musica italiana
“I
Ana Paula Torres
Corrispondente • Roma
o canto” è il titolo del
nuovo album di Laura Pausini, presentato
lo scorso 10 novembre
contemporaneamente in ben 47
paesi. Pubblicato dall’Atlantic–
Warner Music, questo disco è un
omaggio della cantante alla canzone italiana, nel quale Laura interpreta “Io canto”, di Riccardo
Cocciante, “Due”, di Raf, “Scrivimi”, di Nino Buonocore, “Il mio
canto libero”, di Lucio Battisti,
“Destinazione paradiso”, di Gianluca Grignani, “Stella gemella”,
di Eros Ramazzotti, “Come il sole
all’improvviso”, di Zucchero, “Cinque giorni”, di Michele Zarrillo,
“La mia banda suona il rock”, di
Ivano Fossati, “Spaccacuore”, di
Samuele Bersani, “Anima fragile”,
di Vasco Rossi, “Non me lo so spiegare”, di Tiziano Ferro, “Nei giardini che nessuno sa”, di Renato
Zero, “In una stanza quasi rosa”,
di Biagio Antonacci, “Quando”, di
46
Pino Daniele, e “Strada facendo”,
di Claudio Baglioni.
– Fare un disco di cover, e
quindi – spiega Laura Pausini –
trovarsi a dover scegliere quelle
canzoni che hanno accompagnato, accompagnano e accompagneranno ogni giorno della mia
vita, non è stata cosa semplice.
Avrei dovuto pubblicarne dieci
di questi album, – afferma – per
pensare di poter raccogliere l’essenza di tutto ciò che amo. C’è la
musica che ascolto nei momenti
più tristi come in quelli speciali, le canzoni che da ragazzina
cantavo nei piano bar, quelle che
mi hanno insegnato, su tutto, ad
emozionarmi e ad amare la musica. A prescindere dai generi e
dagli stili. E poi – aggiunge – c’è
una piccola parte di tutte quelle
canzoni che avrei voluto scrivere,
che sono parte del meraviglioso
talento e dell’arte che questi cantautori ci hanno regalato.
ComunitàItaliana
/
E dalla parte dei cantautori coinvolti in questo progetto,
arrivano parole di apprezzamento per il lavoro della Pausini. Riccardo Cocciante, autore
del brano che dà il nome al cd,
ha così parlato di Laura Pausini: – Io canto, tu canti, e tutti
canteranno, spero con la stessa energia che si sente nella tua
interpretazione.
– Talvolta le belle canzoni e
i grandi interpreti si cercano reciprocamente, si fanno la corte,
ammiccano, si accarezzano e infine si amano – ha invece dichiarato Nino Buonocore – Ed ecco
che le parole e le note di “Scrivimi”, grazie alla limpida voce e all’inimitabile personalità di Laura,
brillano di un rinnovato splendore che a molti risulterà assolutamente inedito e speciale.
Michele Zarrillo, a sua volta,
afferma di aver sempre pensato
che il canto sia l’espressione del-
Dezembro 2006
l’anima, uno dei modi più istintivi per farsi riconoscere.
– Ascoltando “Cinque giorni”
cantata da Laura Pausini – ricorda – ho provato una fortissima
emozione ed ho avuto la conferma che una canzone, come altre
forme d’arte, anche attraverso il
tempo non subisce mutamenti,
ma acquisisce naturalmente più
forza, specialmente se ad interpretarla è un’artista del talento
e della passione di Laura. Le sarò infinitamente grato per avermi
reso parte delle sue emozioni.
Ivano Fossati, invece, dice di
aspettarsi dalla Pausini una versione travolgente della sua canzone.
Per Samuele Bersani, è scontato
dire che sia contento di far parte
di questo nuovo progetto di Laura, quanto è scontato parlare della grande stima che nutre nei suoi
confronti. La canzone “Spaccacuore” ha più di dieci anni e, secondo
Bersani, con la versione di Laura è
come se il brano riprendesse vita.
Tiziano Ferro, il giovane e
bravo cantautore di Latina, nel
Lazio, si lascia andare ed esprime
in modo chiaro cosa ne pensa.
– Conosco Laura da cinque
anni e mi è sempre piaciuta perché è una donna capace di assumersi le proprie responsabilità.
Questo disco ne è la dimostrazione. Con il curriculum ed il talen-
to del quale è dotata – continua
–, Laura avrebbe facilmente potuto selezionare e confrontarsi con brani storici della cultura
classica e sempreverde, con standard o pietre miliari della musica
di ogni tempo e paese. Laura ha
scelto col cuore – spiega –. Laura ha scelto le canzoni alle quali
vuole bene, ha deciso di essere
circondata da amici e soprattutto
ha capito e dimostrato che è solo
con la vera passione che si muovono passi nuovi e si effettuano
scelte importanti come quella
della produzione di un “Tribute album”. La ammiro – dichiara
– perché ha dato prova del fatto
che l’istinto è il padre di ogni vera convinzione, che è a sua volta
vero sintomo di talento indiscusso. Solo con la stessa spontaneità che contraddistingue Laura si
può risultare sempre credibili,
onesti ed in grado di sostenere
ogni nuovo progetto.
Anche Renato Zero, un altro
importante rappresentante della
musica italiana, esprime la sua
opinione:
– Le mie composizioni mi sono sempre rimaste incollate addosso – sottolinea – E non che io
non le abbia spronate a far visita
a qualche altro illustre interprete.
Macché! Da qui, le bambine non si
sono mai mosse. È colpa mia. Forse
me le sono coccolate troppo! Ma a
noi cantautori, si sa, piace il taglio sartoriale. E mentre sembrava
ormai tutto scontato, – continua
– ecco che arriva la Pausini! Si
prende per mano una mia canzone per farle girare un po’ il mondo.
Che dire? Sono davvero orgoglioso.
Tanto più che Laura ed io abbiamo
molti brividi in comune… e questo
sarà uno di quelli che restano!
– Una canzone che sento più
che mia, se non fosse lei a cantarla la gelosia mi devasterebbe.
– ha invece dichiarato Biagio Antonacci.
Dalle parole di Claudio Baglioni, è invece possibile constatare l’umiltà di Laura:
– Qualche anno fa, – ricorda
il cantautore romano – durante
una manifestazione musicale con
artisti internazionali, stavo firmando autografi quando comparve alla fine della fila Laura, già
famosa in mezzo mondo a chiedermene uno per lei. Era seria
e non mi prendeva in giro. Così
– aggiunge – scrissi il mio nome, ringraziandola in cuor mio di
quel gran regalo che mi faceva.
Oggi me ne fa un altro, ancora
più grande, prendendo una mia
canzone e benedicendola con
quell’incredibile prodigio del suo
canto. E questa volta voglio ringraziarla a voce. Ciao Laura. La
tua generosità è commovente e
sincera. E piena di vita e di arte.
“Io canto” si preannuncia come un altro grande successo per
la Pausini, dato il grande numero
di prenotazioni effettuate presso i siti internet di vendita online ancora prima di essere messo
sul mercato. Ottime notizie per
la cantante italiana attualmente più famosa al mondo, che così chiude alla grande forse l’anno
più speciale della sua vita. Per
Laura, il 2006 si è aperto con il
trionfo al Grammy di Los Angeles, diventando la prima artista
italiana a vincere questo importante premio dopo Domenico Modugno nel 1958. Mesi dopo, l’allora Presidente della Repubblica
Carlo Azeglio Ciampi, le ha conferito il titolo di Commendatore.
In realtà, il successo di Laura Pausini dura ininterrottamen-
I primi passi
Laura Pausini nasce a Solarolo,
provincia di Ravenna, nella regione dell’Emilia Romagna il 16
maggio 1974. Nel 1993 partecipa al Festival di Sanremo, nella
sezione “Nuove proposte” con
il brano “La solitudine” e vince.
Nello stesso anno, pubblica l’album “Laura Pausini” (Warner Music), che rimane in classifica nelle prime dieci posizioni lungo un
intero anno in Italia.
L’anno successivo, partecipa
nuovamente al Festival di Sanremo e arriva terza in classifica con
Pausini – World Wide Tour ‘97”.
Nello stesso anno, si esibisce al
Concerto di Natale alla presenza
di Papa Giovanni Paolo II. Negli
anni successivi vengono pubblicati altri suoi album e partono
altri tour, mentre nel 2000 Laura
presenta il disco “Tra te e il mare”, che contiene il brano “Per vivere”, canzone dedicata ai bambini abbandonati in strada che la
Pausini ha adottato in Brasile, e
che ora vivono nell’educandario
Romão de Mattos Duarte, a Rio
de Janeiro.
Nel 2003 duetta con Céline
Dion, Mariah Carey, Gloria Estefan, Ricky Martin, Alejandro Sanz
e Shakera in “Todo para ti”, canzone scritta e interpretata da Michael Jackson per le famiglie delle vittime dell’attentato dell’11
settembre a New York. Aderisce
ad altre iniziative e riceve una
lettera di ringraziamento da Kofi
Annan per aver contribuito alle
cause benefiche riconosciute dalle Nazioni Unite. Infatti, l’amore
per il canto e per la solidarietà
sembrano avere lo stesso livello
di importanza nella vita di Laura
il brano “Strani amori”. Pubblica
due dischi: “Laura” e “Laura Pausini” (versione in spagnolo), entrambi con la Warner Music. Grandi soddisfazioni ha invece nel
1995, quando riceve ben tre premi internazionali: Migliore artista internazionale al Festivalbar,
“World music award” a Montecarlo, come “Best selling italian
artist”, e “Lo Nuestro” a Miami,
come “Cantante rivelazione di
lingua latina sul mercato americano”. Laura è ormai un’artista di
fama internazionale ed altri premi continuano ad arrivare.
Nel 1997 parte il suo primo
tour mondiale intitolato “Laura
Pausini. Tra le tante iniziative a
cui prende parte, sono da sottolineare quelle del 2004, quando
è stata testimonial della campagna televisiva di beneficenza per
l’adozione a distanza a favore
di NPH Italia “Nuestros pequenos hermanos”, con la canzone
“Il mondo che vorrei”. Sostiene,
come testimone, la raccolta fondi per la lotta contro l’Aids promossa dalla Legga italiana per la
lotta contro l’Aids, aderisce alla
campagna di Amnesty International contro la violenza sulle
donne e si impegna a favore della campagna sociale per il test
Hpv delle donne europee.
me ad artisti come Diana Ross,
George Michael e Mary J Blige.
In quello stesso periodo, è stato pubblicato il cd e dvd “Live in
Paris ‘05” con il concerto a Le Zenith, Parigi. In seguito, ha dettato con Michael Bublé nell’interpretazione di “You’ll never find
another love like mine”. Alla fine
del 2005, Laura è stata premiata
con il Grammy Latino nella categoria “Migliore album pop femminile” per “Escucha”, la versione in
spagnolo di “Resta in ascolto”.
“Avrei dovuto
pubblicarne
dieci di questi
album, per
pensare di poter
raccogliere
l’essenza di tutto
ciò che amo.”
Laura Pausini
te dalla fine del 2004, occasione
in cui è uscito in tutto il mondo
l’album “Resta in ascolto”, ancora oggi tra i primi in classifica
in molti paesi. Dopo è avvenuto il tour mondiale con 60 date
tra Europa, Stati Uniti e America
Latina, toccando città come Roma, Parigi, Londra, Los Angeles,
Mexico City e San Paolo, ed arrivando ad un totale di oltre mezzo milione di spettatori.
Nel luglio 2005, invece, Laura
ha partecipato al Live 8 al Circo
Massimo di Roma. Durante l’autunno dello stesso anno, ha interpretato il singolo dell’album
postumo di Ray Charles insie-
Dezembro 2006
/
ComunitàItaliana
47
música
48
O italiano Maurizio Belli mostra virtuosidade em
instrumento de repique, consagrado no Brasil
Elisa Silva
Especial para Comunità
lianos. Daí, eu comecei a tocar
pandeiro no estilo brasileiro. Depois, comecei a estudar a tradição do tamburello em meu país
e segui para Nápoles onde esta
tradição é mais forte.
CI – Tenho certeza de que a maioria das pessoas acredita que o
pandeiro surgiu na África.
Belli – Não, existem, sim, pandeiros na África, bem como no
mundo inteiro. O pandeiro é um
instrumento muito antigo. Surgiu
com as civilizações sumerianas
onde, hoje, é o atual Iraque. Na
Itália, a tradição do pandeiro se
deu por influências árabes, do império otomano e dos mouros. Em
um período mais remoto, a Itália
recebeu dos gregos esta influên-
ComunitàItaliana
/
cia. O pandeiro historicamente
sempre foi um instrumento tipicamente feminino. O nome dele era
Tympanon, um instrumento muito importante para o coro da tragédia grega, tocado por mulheres
juntos com outros instrumentos
de percussão e de sopro. No sul
da Itália, mais especificamente na
Puglia, temos na dança popular
da pizzica pizzica, as lembranças
dos rituais dionisíacos para celebrar a colheita da uva.
CI – Tecnicamente falando, como
é que o brasileiro toca pandeiro?
Belli – O Brasil é o único país no
mundo em que o pandeiro é tocado na horizontal. Talvez na África
alguns países toquem o pandeiro
também nesta posição.
Dezembro 2006
CI – Então, o Brasil toca na horizontal por influência africana, talvez?
Belli – Não poderia afirmar. Na verdade, na cidade de Paraty e na região Nordeste, onde existe a tradição do cavalo-marinho, sejam
talvez os dois únicos lugares no
Brasil onde o pandeiro é tocado na
vertical, devido à tradição portuguesa. No mundo inteiro, o pandeiro é tocado na maneira que podemos chamar de oriental, que é
o pandeiro tocado na vertical. No
Brasil, o pandeiro é tocado na maneira que podemos chamar de européia, como é tocado na orquestra
clássica, na posição horizontal.
CI – São muitas as técnicas para
se tocar pandeiro?
Belli – Sim, existem inúmeras técnicas. Podemos afirmar que cada
pandeirista tem uma técnica pessoal. Acho que o pandeiro é um
instrumento onde a criatividade
pode, realmente, ter seu livre desenvolvimento. Podemos aplicar
todas as técnicas tradicionais
juntas no mesmo instrumento:
tocar o pandeiro na horizontal,
na vertical, de cabeça pra baixo,
apoiando-o numa perna ou entre
elas, com uma baqueta fina ou
uma vassourinha, tocar dois pandeiros ao mesmo tempo, enfim,
não tem limite.
CI – Quais os planos do músico
Maurizio Belli para 2007?
Belli – Estou organizando um festival internacional de pandeiros
em Angra dos Reis. O objetivo
é apresentar os vários tipos de
pandeiros que existem no mundo
e as técnicas para tocá-los.
Eu também gostaria de montar no Rio de Janeiro, junto com
meus amigos pandeiristas, um trio
ou quarteto, tipo o quinteto VillaLobos, que é só de sopro. A proposta deste conjunto nasceu da
idéia de juntar diferentes pandeiros que falam línguas diferentes,
produzem timbres e ritmos diferentes e também representam culturas
totalmente diferentes. O objetivo
é mostrar que, através dos ritmos
antigos e do poder dos pandeiros
e conseqüentemente da música, as
pessoas podem se falar apesar das
diferenças de raça ou de religião e,
assim, caminhar para a paz mundial. Aliás, acabei de formar um duo
com Bernardo Aguiar, um pandeirista da jovem guarda muito bom,
que agora toca com Carlos Malta no
Pife Muderno. Eu já conhecia ele,
foi um reencontro maravilhoso depois de muito tempo.
La consacrazione
del balletto italiano
U
n viaggio metafisico. Così
si definisce lo spettacolo
Canto Branco em um Momento de Horizonte Vertical [Canto bianco in un momento di orizzonte verticale, n.d.t.],
che il Balletto Teatro di Torino
(BTT) ha portato il mese scorso
al Theatro São Pedro, a San Paolo, in unica presentazione. Dopo l’anteprima a Buenos Aires, la
venuta della Compagnia alla capitale paolista apre la stagione
mondiale di première in America
Latina. In seguito, il BTT è andato a Montevideo, in Uruguai e
poi percorrerà altri palcoscenici
fino a maggio dell’anno prossimo,
quando termina questa stagione. Lo spettacolo è stato creato
specialmente per l’apertura della
Biennale di Venezia-Danza 2006,
a giugno di quest’anno, al Teatro
Piccolo Arsenale di Venezia.
Promosso dall’Istituto Italiano di Cultura (IIC) di San Paolo,
insieme alla regione Piemonte, al
Consolato Generale d’Italia, alla
Secretaria Estadual da Cultura di
San Paolo e con lo sponsor della
Bauducco, lo spettacolo è firmato
da Matteo Levaggi, ballerino e uno
dei più giovani coreografi degli ultimi anni nella compagnia. Così
come nella Biennale 2006, la coreografia è stata divisa in tre parti.
— Ho suddiviso la danza in
tre momenti: attesa, realizzazione
e chiusura, creando un disegno interno ai ballerini, fatto di piccoli dettagli in opposizione al suono São Pedro e allo spazio bianco,
enorme, cercando di tracciare le linee di sviluppo interiore, mutante
e dinamico – risalta Levaggi.
La notte della prima, dietro
le quinte del piccolo Theatro São
Pedro la direttrice del balletto,
Loredana Furno, era tranquilla
pochi minuti prima dell’inizio
dello spettacolo e ha detto:
—Spero che il nostro lavoro piaccia. Il pubblico di qui è
molto caloroso. Abbiamo ballerini di varie nazionalità. C’è un russo, un olandese, uno spagnolo,
un giapponese e un argentino.
Compagnia di Torino fa tournée in America
Latina e inizia spettacolo in terra paolista
Marcos Petti
Fotos: Divulgação
ComunitàItaliana – Como surgiu
o fascínio p ela percussão?
Maurizio Belli – Eu comecei estudando flauta transversa no conservatório Civica Scuola di Musica de Milão. Depois me apaixonei
pelos instrumentos de percussão.
Desde o início, o instrumento que
mais me fascinou foi o pandeiro
(ou tamburello em italiano).
CI – Dentre os instrumentos de percussão, o pandeiro é o mais fácil?
Belli – Pelo contrário, o pandeiro é um dos instrumentos de percussão mais difíceis.
A percussão é a forma mais
criativa de se fazer música que é
uma expressão vital. Ela sempre
esteve ligada à vida do ser humano. Qualquer coisa que encontramos na rua pode ser transformada
em um instrumento de percussão: um simples buraco cavado
no chão do tamanho da palma da
sua mão, por exemplo. Se batermos a mão em cima deste buraco, será emitido um som. Qualquer coisa que provocar um som
pode ser um instrumento de percussão. O pandeiro, por exemplo,
é um instrumento que nasceu da
peneira, instrumento de trabalho
transformado em ferramenta musical. Ele sempre foi considerado
um instrumento pobre mas, aqui
no Brasil, no chorinho e no samba de roda, ele é líder.
CI – Este fascínio já dura quanto
tempo?
Belli – A minha pesquisa começou
há vinte anos. Em Milão, conheci
um músico brasileiro: Gilson Silveira, excelente percussionista e
pandeirista da melhor qualidade
que teve a idéia de criar uma escola para ensinar samba aos ita-
“Esquentai
vossos
pandeiros!”
Divulgação
A
paixonado por música,
entrevistar Maurizio Belli
é um perigo. Numa livraria, no coração do bairro
carioca, de Ipanema, surge uma
conversa despretensiosa. Desnecessário falar que o objetivo não
era a elaboração da entrevista que
segue. Mas Belli surpreende com
projetos como o anúncio do festival internacional de pandeiro
que será realizado ano que vem,
em Angra dos Reis, e outras metas, por que não dizer, um tanto
quanto inusitadas para um italiano. Prova disso é o que ele revela
mais adiante. “Gostaria de montar no Rio de Janeiro, juntamente
com meus amigos pandeiristas um
trio ou um quarteto”, diz ele.
dança
Alla fine, il pubblico paolista ha
lasciato il teatro con una buona impressione della performance del balletto, anche gli esperti in danza.
— La qualità tecnica dei ballerini è al di sopra di quella dei
contemporanei brasiliani – spiega la ballerina e insegnante di
danza Renata Sanches, 29.
Ma le qualità dello spettacolo
non si limitano soltanto agli attributi tecnici. Molti meriti hanno rapito l’attenzione del pubblico. C’è stato perfino chi trovava
una particolarità nella parte musicale dello spettacolo.
— È stata interessante la
modernità della presentazione
– considera l’avvocato Leandro
Chiarottino, 33.
Secondo la traduttrice Marli
Luise, 54, ciò che l’ha colpita di
più è stato lo sfondo musicale.
—La scelta della musica è
stata fantastica. Che musica era?
La qualità tecnica è molto buona. Si sente che dietro a tutto
questo c’è un lavoro incredibile
– dichiara.
La compagnia si è formata
negli anni ’70 a Torino, in Piemonte, con l’obiettivo di proporre un repertorio alternativo in
confronto agli spettacoli di danza di quegli anni, oltre ad offrire un discorso che comprendesse
altre discipline dello spettacolo.
Nel primo decennio di attività,
la Compagnia ha tracciato come
meta la presentazione della danza in tutti i luoghi, avendo come
panno di sfondo l’espressività e
la tecnica di intepretazione, modificandosi grazie ad altri generi
di spettacolo, tra cui la prosa al
primo posto.
Dezembro 2006
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Nel decennio seguente, dando contintuità alla ricerca del
nuovo, la Compagnia ha aperto
un ampio spazio alle creazioni
contemporanee incorporando
[nuovi, ndt] coreografi, tra cui
Job Sanders, Roberto Castello,
Bertrand d’At, Charles Vodoz,
Jozsef Tari e ha ottenuto dalla
fondazione José Limon, di New
York, l’autorizzazione ad inserire nel suo repertorio “There is
a time”, una delle opere fondamentali del coreografo americano.
Nelle sue ultime stagioni, il Balletto Teatro di Torino
si è occupato di danza contemporanea, con coreografie di Luca
Veggetti, Loris Petrillo, Gigi Caciuleanu e la famosa americana
Karole Armitage.
Lungo gli anni, la Compagnia ha realizzato oltre a 60 allestimenti ed ha portato i suoi
spettacoli in importanti tournée
all’estero: Mosca e San Pietroburgo [1991], Messico [1993],
Cuba [1994 e 1999], Taiwan
[1995], Cina [1995 – 2001],
Egitto [1995], Grecia [1997 e
2000], Turchia [1997 e 1999],
Germania [Stoccolma – 1998,
Bremerhaven e Colonia – 1999],
Corea [Seul – 1999], Tunisia [1999], USA [Miami 2000
– 2002], Spagna [Madrid, Merida, Lãs Palmas, 2002], Malta
[2004], Francia [Cannes al Palais des Festivals per “Les Étoiles de Ballet 2000” e Parigi, al
Théâtre des Champs-Élysées per
la solennità “Lês Étoiles du XXI
siècle”, 2005], Zagreb [Biennale
della Musica – Aprile 2005].
Per il 2007, la direttrice
dell’IIC, Fiorella Piras, anticipa le
attrazioni che l’istituzione porterà
a San Paolo. Una di queste sarà la
venuta del Balletto dell’Esperia,
ancora senza data definita. Dello
spettacolo del Balletto Teatro di
Torino, dice:
— Sono orgogliosa per la
scelta della qualità. È uno stimolo. Stiamo avanzando su questa
strada – ha concluso.
ComunitàItaliana
49
fotografia
comportamento
Exposição em São Paulo mostra o que o calendário Pirelli já produziu em
quatro décadas e a diva italiana Sophia Loren posa para a edição 2007
R
Marcos Petti
ivelato. Esse é o nome que
marcou a abertura para a
imprensa no shopping
Iguatemi, em São Paulo, da exposição fotográfica do
calendário mais cultuado da Pirelli dos últimos 42 anos. Como
a palavra em italiano, sugere, a
retrospectiva “revela” aos olhos
do espectador a sensualidade feminina capturada pelas lentes
dos mais prestigiados fotógrafos
da arte e da moda, em diferentes décadas e lugares. A novidade para os cliques de 2007 é
a participação da atriz napolitana Sophia Loren que, aos 72
anos, ainda esbanja exuberância
e sensualidade.
A exposição fotográfica já
percorreu o circuito cultural da
Europa, passando pelo Museu de
Berlim, na Alemanha, e o MoMa, em Nova York. Além disso, a
Pirelli trouxe ao Brasil pela primeira vez o backstage de 40 fotos selecionadas num trabalho
de criação contínua produzido
até hoje. A primeira edição saiu
em 1964 e percorreu várias décadas até chegar à sua última
edição, de 2006. Segundo a Pi-
50
relli, só não foram produzidas as
edições entre os anos de 1975 e
1983, quando estourou a crise
do petróleo. Ao todo, foram 33
edições e incontáveis fotos clicadas por profissionais, entre eles,
a participação de três mulheres: Sarah Moon [1972], Joyce
Tennyson [1989] e Annie Leibovitz [2000], que já colaborou para revistas consagradas de moda,
como a Vanity Fair e a Vogue. Para o diretor de marketing, Nicola
Tommasini, o calendário traduz o
espírito da Pirelli e expressa os
atributos da marca: inovação,
emoção e estilo.
— Há mais de 40 anos ele
surpreende a cada nova edição,
ultrapassa limites, renova conceitos e revela idéias — conta.
Em meio a celebridades como o ator John Herbert e a modelo Cláudia Liz, o presidente do
conselho da Pirelli na América
Latina, Giancarlo Rocco Di Torrepadula, antecipou à ComunitàItaliana os eventos para os
próximos anos.
— O Calendário 2007 percorrerá a cidade de Shangai, na China. Faremos também um concurso
ComunitàItaliana
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de modelos brasileiras em 2008,
na Bahia. Elas são as mais bonitas
do mundo — opina.
Assim como Vênus, imortalizada na obra de Botticelli pela sua beleza, muitas beldades
conhecidas do público não poderiam deixar de ser ‘flertadas’.
No calendário de 2005, o fotógrafo francês Patrick Demarchelier escolheu o cenário do Rio de
Janeiro para clicar 13 modelos,
entre elas, as tops mundiais Naomi Campbell, Michelle Buswell
Dezembro 2006
A atriz espanhola Penelope Cruz também foi clicada
Do mundo
para Turim
tado. Ele é plantado e colhido no
interior do estado do Piauí.
— É um feijão do nosso semi-árido, se adaptou muito bem,
ótimas características organoléticas, as propriedades que estimulam os sentidos do ser humano. O
canapu é muito resistente à falta de água. Tentamos resgatar o
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
A Bella Donna
e Diana Dondoe. Das brasileiras,
foram convidadas Adriana Lima,
Liliane Ferrarezi, Isabeli Fontana. A edição do mesmo ano marca os 75 anos de atuação da Pirelli no Brasil.
Na edição de 2006 aparecem Jennifer Lopez e Gisele
Bündchen, esta última quase irreconhecível por seu bronzeado.
Elas foram fotografadas pela dupla Mert Alas e Marcus Piggot e
Cindy Crawford (1994) por Herb
Ritts. A top model Naomi Campbell foi revelada em 1995, pela segunda vez, pelas lentes do
americano Richard Avedon, falecido em 2004 depois de sofrer
uma hemorragia cerebral. Foram
também retratadas algumas personalidades masculinas na única edição de 1998, com John
Malkovich, Bono Vox e BB King,
o consagrado “rei do Blues”.
Sob o tema “Un Letto e Cinque Storie”, o calendário de
2007 foi apresentado à imprensa, colecionadores e convidados o mês passado, em Londres,
no Battersea Evolution Park. Na
ocasião, aos 72 anos, a atriz italiana Sophia Loren fez o lançamento do material e não perdeu
a oportunidade de dizer que ficou surpresa com o convite para
ser clicada.
— Quando me chamaram,
pensei: o que será que eles pretendem fazer comigo? Mas logo
decidi aceitar. O resultado ficou
ótimo — avalia.
Além da diva italiana, a esperada edição do próximo ano revela
em 26 fotos a beleza de grandes
nomes do cinema hollywoodiano, como a norte-americana Hilary Swank, a espanhola Penélope
Cruz, a inglesa Naomi Watts e a
francesa Lou Doillon.
Alimentos exóticos, receitas da vovozinha
e culturas em extinção ganham espaço e
força com o Salone del Gusto
“A
ntes eu abria, comia
e só. Agora, além de
comê-lo, faço doces,
sucos, vinagre e geléia que duram todo o ano lá em
Canudos, no sertão baiano” conta
à ComunitàItaliana a produtora
de umbu, a brasileira Judite Maria
de Santana durante o Slow Food
e Terra Madre - Salone del Gusto.
O encontro anual reúne cerca de
cinco mil lavradores, camponeses,
pescadores e pequenos criadores
de todo o mundo preocupados em
preservar as qualidades originais
dos alimentos em risco de extinção. A colheita do umbu faz parte de um dos “presidi” do movimento do “Slow Food” no Brasil.
Antes da chegada da iniciativa,
50 famílias viviam do umbu.
— Hoje já são 200 famílias
em três municípios que produzem
e comercializam a fruta como suco. Doces que vão parar nas merendas escolares distribuídas pelo
governo — conta José Milton, um
Guilherme Aquino
Corrispondente • Milão
dos responsáveis pela cooperativa
que reúne os pequenos produtores
e que já exporta para a Europa.
O Salone del Gusto de Turim também abriu as portas para outros produtos brasileiros já
presentes no mercado europeu
graças ao comércio solidário. É
o caso do guaraná, fruto amazônico transformado na famosa
bebida de mesmo nome, recolhido por famílias dos índios Sateré
Mawé, um grupo étnico com oito mil pessoas espalhadas por 80
vilarejos no interior da reserva
indígena, no coração da floresta.
Mas é o feijão, velho guerreiro da cesta básica do brasileiro, que mais chama a atenção. O
feijão Canapu é vermelho e a sua
origem é Africana. Ele foi trazido pelos escravos no século 16
e se ‘enraizou” no solo do NorteNordeste do país. O seu grão é
tão grande quando o de milho e,
uma vez preparado, revela notas
de sabor de noz, feno e mato cor-
cultivo desta cultura que é de ciclo longo e estava perdendo terreno para as culturas de ciclo curto. Repassamos também técnicas
de convívio de uma cultura com
outra, implantamos o conceito
de desenvolvimento sustentável
com respeito ao meio ambiente,
sem o uso de agrotóxicos ou de
quaisquer produtos químicos. A
vinda do Slow Food nos ajudou
a conscientizar os agricultores
familiares da importância deste
produto para a economia local —
comenta o engenheiro agrônomo
e responsável pelo projeto, José
Antonio de Souza.
Os brasileiros, juntos com representantes de todo o planeta,
trocaram informações sobre técnicas de cultivo e de distribuição. Ao lado de africanos, asiáticos, americanos, aborígenes
e europeus, os produtos do país disputavam as curiosidades
de visitantes italianos e estrangeiros, além de jornalistas especializados dos quatro cantos do
globo. Durante quatro dias, eles
se reuniram em assembléias com
um objetivo. Valorizar e preservar a cultura da alimentação saudável e fiel às suas raízes.
Slow Food
O movimento Slow Food é a salvação da lavoura, da pesca, das
criações. Turim reuniu a maior e
principal feira de idéias, experiências de técnicas agro-alimentares
de produtos tradicionais históricos em todo o mundo. A inciativa
segue o lema “Diga-me o que comes que te direi quem és”.
Uma revolução silenciosa está
ganhando corpo nas plantações e
nas criações espalhadas por todo o planeta, com importância
igual, quer nos vales dos Alpes
italianos ou nas margens do rio
Amazonas. O povo persistente
e lento do Slow Food conquista
terreno nos cinco continentes.
O consumidor do século 21 está
mais atento à qualidade do alimento sem o uso de agrotóxicos.
Ele apóia o resgate de antigas
técnicas de cultivo das plantas
e de pastoreio dos animais em
busca do sabor e do perfume de
iguarias perdidos no tempo.
A vida moderna impôs, goela abaixo do homem, organismos
geneticamente modificados e cadeias de fast-food. Há vinte anos,
um pequeno exército de Brancaleone, liderado pelo italiano Carlo Petrini, começou a dar vida ao
movimento de resistência e de luta
pela reeducacão do paladar.
Camponeses de todo o mundo participaram do evento
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ComunitàItaliana
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comunidade
comunidade
O Procurador Geral do Estado do Rio, Francesco Conte, nascido na
Basilicata, fala sobre imigração, carreira e conta como se tornou
presidente de honra de uma escola de samba fluminense
D
Rosangela Comunale
a Itália, passando pelos
gabinetes da Procuradoria Geral do Estado do Rio
de Janeiro para o mundo do samba. Por si só a trajetória é inusitada e se torna mais
surpreendente já que se trata de
Francesco Conte. Esse italiano de
nascimento, de 49 anos, da cidade de Casteluccio Superiore,
na Basilicata, é mais um exemplo daquelas histórias de famílias
que desembarcaram em terras
brasileiras e que deram certo. Ao
apagar das luzes de 2006, Conte faz um balanço dos trabalhos
desenvolvidos junto ao governo
fluminense e se descobre um verdadeiro admirador do carnaval
carioca. E mais: apaixonado por
Direito, ele ainda encontra tempo para participar de projetos de
incentivo à cultura italiana no
Rio de Janeiro.
Segundo ele, a definição de
novos mercados, tecnologias,
oportunidades comerciais e intercâmbio científico são conseqüências práticas do processo de
propagação cultural e lingüístico. A partir deste ponto de vista, surgiu a idéia de criação de
um curso de idioma italiano ministrado por professores do Instituto Italiano de Cultura (IIC) do
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Rio de Janeiro para os Procuradores do Estado e servidores do
quadro de apoio da Procuradoria
Geral do Estado (PGE).
— A difusão da cultura e do
idioma italiano sempre me pareceu
um projeto estratégico tanto para
a Itália quanto para o Brasil. Realizamos inúmeros seminários de
cultura italiana, nas áreas da literatura, arquitetura e pintura. Além
disso, tivemos a satisfação de realizar duas edições do seminário
Rio Roma Americana, em conjunto
com o Comune di Roma e a ASLA
[Associazione di Studi Sociali Latino-Americani]. Criamos, na PGE,
um curso de Direito Romano, em
cuja área nossa biblioteca é uma
das melhores. É inegável que o
combustível para tais realizações
e parcerias é o meu sentimento de
italianidade — explica.
Sobre a continuidade dos trabalhos para 2007, Conte garante que, mesmo com sua saída em
tempos de mudança de governo,
há perspectivas de que a idéia
seja levada adiante.
— Os projetos são institucionais e não pessoais. Exemplificamos: o curso de idioma italiano
agregou valor à PGE, a par de descortinar a possibilidade de vários
Procuradores do Estado fazerem
ComunitàItaliana
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pós-graduação no Brasil e na Itália.
É possível que um ou outro projeto
possa ser redimensionado. Porém,
a hipótese de ruptura total não está em nosso horizonte — destaca, acrescentando que, no ano que
vem, abrirá um escritório de advocacia e escreverá um livro jurídico
no campo do processo civil.
Mas a história de Conte no
mundo acadêmico e jurídico data de 1976, quando começou a
estudar na faculdade de Direito
da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (Uerj), concluindo o
curso quatro anos depois. Dessa
caminhada, um de seus maiores
orgulhos é ter chefiado, por duas
vezes consecutivas, a PGE.
— Em 1985, após árduo concurso público de provas e títulos,
fui nomeado e tomei posse no
cargo de Procurador do Estado.
Ocupei vários cargos de chefia e
de direção no âmbito da Procuradoria Geral do Estado. Em 1º de
janeiro de 1999 – aliás data do
meu aniversário – fui nomeado,
pela primeira vez, Procurador-geral do Estado pelo então Governador Anthony Garotinho. Em 2003,
fui nomeado Secretário de Estado
Chefe do Gabinete Civil, pela Governadora Rosinha Garotinho. Em
2004, fui nomeado, pela segunda
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vez, Procurador-geral do Estado,
cargo que exerço até o presente
momento. Chefiar a PGE, por duas
vezes, é uma honra — declara.
Como todo italiano, Conte revela a satisfação de confiar a seus
pais, Giovanni e Soccorsa Conte,
a história de êxito de sua vida e
carreira. De acordo com o procurador, eles ajudaram a transformar o sonho da imigração numa
realidade bem sucedida.
— Os meus pais imigraram para o Brasil quando eu tinha 2 anos
de idade. Infelizmente, 3 anos
após, minha mãe faleceu. É uma
perda irreparável em minha vida.
Como disse o poeta, é um espinho
cheirando a flor. Meu pai sorveteiro, trabalhava de domingo a domingo. Ensinou-me os valores fundamentais da minha vida como a
decência, honestidade, dignidade
e o respeito ao meu semelhante. À
memória de meus pais dedico esta reportagem. Naquele momento
de dor conheci meu pai “d’alma”,
professor Giuseppe D’Angelo e meu
pai afetivo, o conceituado hematologista Dr. Braz Maiolino. Tais lembranças me convidam a lágrimas
de incomensurável orgulho destes
notáveis italianos — revela.
Sobre o fato de participar da
diretoria da Virando Esperança,
escola de samba mirim da Unidos
do Viradouro, Conte não esconde
a alegria de ter sido convidado a
ser o presidente de honra:
— Há certas coisas que não
têm uma explicação lógica. A minha residência é no município do
Rio de Janeiro e as correntezas
da vida me trouxeram para a Viradouro, uma das maiores instituições de Niterói. Eu não tenho
uma visão racional para isso. É
um trabalho que me deixa feliz,
dá sentido à vida, aprimora a minha experiência pessoal e recicla
as minhas energias.
Segundo ele, importantes
ações estão sendo atualmente
desenvolvidas na Viradouro pelo
presidente Marco Lira nas áreas
de qualificação profissional, desportiva e de saúde.
— O desafio é ampliá-las
através da participação e do
compromisso social de empresas
em seus respectivos segmentos
de atuação — conclui
Motivos para
comemorar
A cidade paulista de São Carlos celebra padroeiro
e é reconhecida na tecnologia e educação, uma
vocação iniciada com uma “ajudinha” bem italiana
C
onsiderada a capital da
Tecnologia devido às universidades e instituições
de pesquisa [tradição e investimentos iniciados no romper do
século 20, quando se destacavam
as sociedades culturais italianas
Vittorio Emanuele, de 1900, e Dante Alighieri, de 1902], a cidade de
São Carlos, no interior de São Paulo, celebrou 149 anos de emancipação político-administrativa. O
município, que recebeu milhares
de italianos para o trabalho nas
lavouras de café, mantém a ligação com a bota, reafirmada a cada
4 de novembro, mesmo dia de São
Carlos Borromeu, seu padroeiro. E
às vésperas de completar seu sesquicentenário, uma série de atividades e eventos dão conta das
transformações e inovações, marcas registradas da cidade.
De procissão à nova iluminação na Catedral, cujo projeto
custou R$ 50 mil e significa a
instalação de 275 holofotes distribuídos pelo jardim, vitrais e
cúpula da igreja, passando pela
inauguração de um relógio regressivo e shows comemorativos,
os festejos desta comunidade
parecem não ter fim. A programação teve início com a alvorada festiva, fogos de artifícios
Sílvia Souza
e repique dos sinos nas igrejas.
À tarde, a imagem de São Carlos
partiu da sede da Prefeitura seguindo em procissão até a Catedral para missa solene.
Mas foi à meia-noite que um
público estimado em mais de
cinco mil pessoas acompanhou
a inauguração do relógio que
marca a quantidade de dias, horas, minutos e segundos restantes para 4 de novembro de 2007,
quando a cidade fará 150 anos. A
solenidade contou com a presença do prefeito Newton Lima e da
primeira dama Ana Lima.
— Estamos trabalhando para
que São Carlos tenha um ano de
comemorações que possam marcar sua história. Ao lado desses
eventos culturais, educacionais
e do conhecimento também estamos realizando obras como a
Estação de Tratamento de Esgoto
de São Carlos, que, pela primeira vez, irá tratar 100% do esgoto
— explica o prefeito.
À exemplo dessas iniciativas,
a ligação com a Itália se manifesta na forma de investimentos.
Da parceria com as regiões italianas de Marche, Toscana, Úmbria e
Emilia Romagna, firmada com outras quatro cidades paulistas, resultou, em abril de 2005, a cria-
ção do Consórcio Intermunicipal
Central Paulista Brasil-Itália.
— Já houve duas visitas de
técnicos italianos à nossa região
e a aprovação do projeto “Percurso de Colaboração para a Implementação de Políticas de Desenvolvimento Local Integrado
entre Regiões”, que possui quatro
subprojetos cuja verba total gira
em torno de R$ 1,5 milhão. Além
desses recursos, também constam
cerca de R$ 400 mil para aquisição de computadores, contratação
de pessoal e material de consumo
para as prefeituras envolvidas —
detalha Newton Lima.
Influência italiana
Em sua fundação, o povoado tinha pequenas casas ao redor da
capela e seus moradores eram,
em sua maior parte, herdeiros dos
primeiros proprietários de terras
da Sesmaria do Pinhal. Neste período, as fazendas de café pioneiras estavam consolidadas e
São Carlos recebeu gente trazida
pelo Conde do Pinhal em 1876.
A grande maioria deles era originária das regiões setentrionais
da Itália. Os imigrantes vinham
para trabalhar nas lavouras e,
graças às suas habilidades, atuavam também na manufatura e
no comércio. Foi daí que a influ-
O Santo
São Carlos, cujo nome significa
“homem prudente”, foi um italiano
que nasceu em Arona, atual província de Novara, no Piemonte, em
1538. Considerado um dos santos
mais ativos a favor da Igreja e do
povo, São Carlos Borromeo morreu
em 4 de novembro de 1584, aos 46
anos. Costumava dizer que um bispo muito cuidadoso de sua saúde
não consegue chegar a ser santo
e que a todo sacerdote e a todo
apóstolo devem lhe sobrar trabalhos para fazer em vez de ter tempo de sobra para perder.
São Carlos fundou 740 escolas de catecismo com três mil catequistas e 40 mil alunos. Fundou
também seminários para formar
sacerdotes, e redigiu para esses
institutos regulamentos. Foi amigo de São Pio V, São Francisco da
Borja, São Felipe Neri, São Félix
de Cantalicio e São André Avelino. Em Arona, sua cidade natal,
existe uma imensa estátua em
sua devoção.
Fotos: Secretaria de Comunicação de São Carlos
Roberth Trindade
Na cadência do Direito
ência cultural européia resultou
na atuação de sociedades educacionais tais como a Vittorio Emanuele e a Dante Alighieri, que se
empenhavam no desenvolvimento social da cidade.
A presença dos italianos era
tão grande que durante as primeiras décadas do século 20, o
governo italiano manteve um vice-consulado em São Carlos. Com
a crise cafeeira de 1929, os imigrantes deixaram a atividade rural, passando a trabalhar no centro urbano como operários nas
oficinas, no comércio, na prestação de serviços, na fábrica de
artefatos de madeira e de cerâmica e na construção civil. Era o
passo final para a materialização
da indústria como principal fonte
econômica no município.
Empresários italianos visitam estabelecimentos em São Carlos
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ComunitàItaliana
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Sapori d’Italia
Nayra Garofle
Bacalhau
no Natal?
Iguaria típica da gastronomia lusitana
é “prato cheio” também na Itália
Dona Concettina: o prazer de
cozinhar estampado no rosto
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ComunitàItaliana
Fotos: Roberth Trindade
Q
uem disse que bacalhau é prato de português está muito enganado. Na Itália, o peixe é bastante consumido e, apesar de
o país ser conhecido pela variedade de massas, os italianos
sabem direitinho como combinar um bom macarrão com um
molho à base de frutos do mar. Em época de Natal, se prepara muito
pernil, cabritos e doces. Entretanto, no dia 24 de dezembro, véspera
do dia mais festejado do ano, os italianos têm costume de preparar um
bom “Linguine al Bacccalà”. Ou seja, uma combinação de massa com
bacalhau para nenhum português pôr defeitos.
Concettina D’Amico Cava, de 61 anos, é uma italiana bastante alegre e que adora recepcionar as pessoas em casa. Esta calabresa, de
Fuscaldo, aprimorou a arte de cozinhar em vários cursos realizados na
Itália. Casada com Luciano Cava, de Basilicata, os dois se conheceram
no Brasil e já estão juntos há 43 anos. Desta união nasceram os gêmeos Antônio Carlos e Francisco Luciano, de 41.
Dona Concettina, que já foi proprietária do restaurante Temperarte,
em Ipanema, hoje, gosta mesmo é de cozinhar para os amigos ou de ajudar nas confraternizações da Associação Calabresa do Rio de Janeiro.
Com o sotaque aflorado, apesar de tanto tempo morando no Brasil,
a italiana recebeu a equipe de Comunità e deu uma verdadeira aula
de culinária para a repotagem ao contar segredos que muitos brasileiros não sabem. Não é novidade, mas todo italiano cozinha o macarrão
apenas com água e sal, não lava a massa e despeja bastante azeite
para que fique bem solta. O molho, segundo ela, é à base de tomate
cozido e peneirado, extraindo só a polpa.
Depois das aulas em sua cozinha contando sobre como devemos
manter o espírito natalino, Dona Concettina serviu o “Linguine al Baccalà” ali mesmo, em seu “ambiente de trabalho”.
— Sou muito simples porque vim lá de baixo. Ensinei aos meus filhos que é preciso valorizar as pessoas pelo o que elas são e não pelo
o que elas têm — afirma.
Após tanta fartura [porque calabrês come muito bem, obrigado],
Dona Concettina abriu mão de sua receita que, agora, pode ser conferida aqui na revista. Bom apetite!
Linguine al Baccalà
Ingredientes
500 gr. de macarrão tipo linguine ou espaguete de boa qualidade;
500 gr. de bacalhau demolhados e sem espinhas separados em
lascas grandes;
2 kg de tomate sem pele e sem semente;
5 colheres de azeite extra-virgem;
1 cebola média bem picada;
1 dente de alho bem amassado;
pimenta-do-reino;
Uma pitada de açúcar;
1 colher de sopa salsinha picada
Modo de preparo
Refogue numa panela funda o azeite, a cebola e o alho. Junte os tomates passados no liquidificador. Jogue no refogado.
Acrescente a pitada de açúcar e leve ao fogo brando por uma
hora mexendo de vez em quando. Por último, junte o bacalhau e
deixe cozinhar por mais 10 minutos. À parte, cozinhe o macarrão numa panela funda com bastante água. Salgue o suficiente.
Escorra bem ao dente. Ponha no prato individual ou, se preferir,
numa bela travessa e tempere com este molho, decorando com
as lascas de bacalhau por cima, a pimenta e a salsinha. Sirva
bem quente.
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