Sem emprego ou com salários baixos jovens
Transcript
Sem emprego ou com salários baixos jovens
A m a i o r m í d i a d a c o m u n i d a d e í t a l o - b r a s i l e i r a www.comunitaitaliana.com Ano XIV – Nº 113 Sem emprego ou com salários baixos jovens esticam o tempo na casa dos pais ISSN 1676-3220 R$ 10,90 Rio de Janeiro, novembro de 2007 Geração mammone Em edição bilíngüe Cacciola: foragido levava uma ‘dolce vita’ em Roma Grupo Keystone 32 CAPA Na barra da saia Problemas sócio-econômicos, que tendem a alongar a finalização dos estudos, dificuldades para encontrar emprego e aluguel nada acessível são alguns dos fatores que justificam a tendência cada vez mais acentuada dos mammoni, os filhos que se negam a amadurecer e abandonar a barra da saia da mamma. Atualidade Apesar da alta qualidade das águas de suas fontes públicas, italianos são os maiores consumidores do produto engarrafado.........24 Editorial Mudar para o bem e para o mal.....................................................06 Cose Nostre Educação Cidade italiana usa burro para recolhimento de lixo ecológico.........07 O registro de atos de sadismo em câmeras de celulares para divulgá-las na internet torna-se moda nas salas de aula..................38 Opinione Entrevista Atualidade Saúde “Tavolo Brasile”, che si riunisce a novembre a Rio conferma la ripresa di una nuova politica.......................................12 Homens em busca do peso ideal. Anorexia masculina é a vilã silenciosa da sociedade moderna..........................................44 Arquivo pessoal Mesmo considerada uma comunidade com grande poder econômico, muitos italianos vivem na pobreza à espera de medidas do governo.....14 Secretário de Educação do Estado do Rio, Nélson Maculan fala da importância de um ensino médio que garanta profissionalização.........42 48 Tecnologia Marketing de bolso Empresas italianas atentas ao mercado de mobile marketing como ferramenta de propaganda para brasileiros 4 52 Moda Nos bastidores Brasileira se destaca como maquiadora na última Semana da Moda de Milão ComunitàItaliana / 53 Turismo Absurdamente bela Erguida sobre um bloco de rocha vulcânica, a beleza da paisagem de Pitigliano soma-se ao legado histórico e religioso Novembro 2007 55 Il lettore racconta Seu Salvatore, avô do ator Rodrigo Santoro é exemplo emblemático da tenacidade italiana. A epopéia de sua imigração é contada com orgulho pelo seu filho Michele COSE NOSTRE Julio Vanni FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Imigração galopante U VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. T Tiragem: 30.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 12/11/2007 às 16:30h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468 e-mail: [email protected] Editora adjunta: Paula Máiran Redação: Aline Buaes; Bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Rosangela Comunale; Sílvia Souza; Valquíria Rey REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho CAPA: Grupo Keystone Colaboradores: Braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Valquíria Rey (Roma); Fábio Lino (Brasília) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181 [email protected] Representante: Brasília - Cláudia Thereza C3 Comunicação & Marketing Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346 [email protected] ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. udo acontece cada vez mais depressa no mundo. Tudo muda o tempo inteiro. São tantas as novidades e estas tão transformadoras de nossas rotinas, que nem sempre se torna possível absorvê-las de imediato. O tempo voa nas asas do avanço tecnológico e da globalização. Entre tantos adventos, o da internet e o do celular são os que mais impressionam. Não só pela sua utilidade prática, mas pelo poder de até mesmo forjar o comportamento das novas gerações. Para o bem e para o mal. O celular, por exemplo, tem lugar nesta edição em diferentes reportagens. Há uma que se refere ao novo negócio que evolui em progressão geométrica no mundo, o marketing móbile, a propaganda feita por meio do telefone móvel. O display desses aparelhos tem sido visto como mídia das mais eficazes. A outra reportagem trata do happy slapping, comportamento violento, que se alastra pela Europa, de jovens que filmam com as câmeras de seus celulares as cenas de violência por eles próprios protagonizadas. Depois, expõem as imagens em sites de vídeos na internet. Na Itália, para conter o happy slapping, instituiu-se lei para proibir o uso dos telefoninos em salas de aula. No Brasil, São Paulo é o primeiro estado a discutir um projeto de lei no mesmo sentido. As salas de aula, por sinal, têm se esvaziado precocemente e não no Brasil apenas. Evasão escolar e analfabetismo funcional provocam dor de cabeça das autoridades inclusive no Primeiro Mundo. Na União Européia, educação Pietro Petraglia se tornou problema que se apresenta em nível mais grave na Editor Itália. No Brasil, a situação se revela ainda muito pior. Homem erudito, com o domínio de cinco línguas, amante tanto das belas letras como da matemática pura, o secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Nélson Maculan, fala aos leitores da Comunità sobre a dimensão planetária da crise no ensino. O professor defende uma revisão profunda do modelo educacional, sob pena de a escola falir em seu papel fundamental de formar os jovens e de prepará-los para o mercado de trabalho. E justamente o afunilamento progressivo do mercado de trabalho é apontado como uma das causas de tanto desânimo dos jovens em prosseguir nos estudos. Mais do que isso, estes parecem ter perdido aquele que foi talvez o mais caro sonho das antigas gerações: sair da casa dos pais, morar sozinhos, ser independentes o quanto antes. A reportagem de capa mostra que ocorre hoje exatamente o contrário hoje. Na Itália, virou moda os filhos se manterem sob a barra da saia da mamma enquanto possível. Para que pressa, se não há empregos à vista ou mesmo bons salários? Enquanto jovens sofrem pelas ameaças de um futuro incerto, há uma geração de imigrantes italianos que sofre agora pelas desventuras do passado. O governo italiano estuda medidas para socorrer financeiramente os seus cidadãos que chegaram à terceira idade sem conhecer uma vida próspera nos países onde se estabeleceram. O depoimento destes revela a esperança de não morrer sem sentir o efeito balsâmico em suas vidas da solidariedade pátria. E o mundo anda precisando mesmo da globalização da solidariedade. Em todos os sentidos! Boa leitura! editorial ISSN 1676-3220 6 ComunitàItaliana m relatório apresentado pela Caritas Italiana e a Fundação Migrantes revelou que o número de imigrantes em situação regular na Itália aumentou 21,6%, enquanto a população italiana cresceu 6,2%. Os estrangeiros compreendem 3,7 milhões de pessoas na bota e, nesse ritmo, o país pode chegar ao primeiro lugar da União Européia como destino de imigrantes. A estimativa é de que eles venham a ser 10 milhões em duas ou três décadas. Os imigrantes ganham em média 10 mil euros ao ano. Em 2006, as remessas enviadas da Itália para outros países superaram 4,3 milhões de euros, com crescimento anual de 11,6%. A s autoridades da pequena Castelbuono, na Sicília, substituíram os caminhões de lixo por burros para realizar um serviço de recolhimento tanto econômico quanto ecológico. Desde fevereiro, seis burrinhos realizam o trabalho que antes era de quatro caminhões encarregados de coletar o lixo produzido pelos 10 mil habitantes. O método era comum no século passado. Um burro custa cerca de 1.200 euros e mais 2 mil euros por ano de manutenção, ao passo que cada caminhão de lixo custa 30 mil euros mais a manutenção anual de 7 a 8 mil. Os burros de Castelbuono já recolheram até agora 140.240 quilos a mais do que em relação a 2006. Cidades da Calábria e da Toscana estudam aplicar o mesmo sistema de recolhimento. Itália menos 6 Canções da discórdia O Parlamento europeu aprovou uma proposta que reduz o número de cadeiras da instituição de 785 para 750. A representação da Itália passou de 78 para 72 cadeiras, sendo a primeira vez em que terá menos deputados que a França, com 74, e a Grã-Bretanha, que fica com 73. A decisão foi aprovada por 378 votos favoráveis, 154 contrários e 109 abstenções. A Assembléia recusou todas as emendas, inclusive as dos deputados italianos de centro-direita e de centroesquerda que promoviam a introdução do conceito de cidadania e não o de residência, e as que propunham um mesmo número de deputados para Itália e França. Isentos A s isenções fiscais previstas no orçamento italiano de 2008 vão beneficiar 18 milhões de famílias, segundo cálculos do Instituto Central de Estatística (Istat). Segundo o presidente do Istat, Luigi Biggeri, os descontos aumentarão em 155 euros a renda média familiar. Em média, as medidas fiscais do orçamento de 2008 asseguram um ganho de 524 euros às famílias mais pobres e de 100 euros às mais ricas. “Diferente do que aconteceu com outras intervenções, as previstas no orçamento de 2008 reduzirão a pobreza em 1%”, acrescentou Biggeri. O Ansa Diretor: Julio Cezar Vanni O gari orelhudo A Fontana de Trevi teve suas águas tingidas de vermelho no dia 19 de outubro. O ato, reivindicado pelo movimento FTM Ação Futurista 2007, foi testemunhado por centenas de turistas. Estes prontamente se puseram a fotografar a nova coloração das águas de um dos mais famosos monumentos do mundo, construído em 1762. Os manifestantes deixaram folhetos no local, nos quais pregavam o nascimento de “uma concepção violenta da vida e da história, que exalta a batalha contra a paz e os idiotas aduladores do poder e escravos do mercado global”. Discurso nada pacífico. Patrocínio U ma equipe italiana de futebol optou por apoio de origem, digamos, criativa: entre seus patrocinadores está um bordel austríaco. Time da quarta divisão do futebol italiano, o Trentino Calcio 1921 tinha a companhia Casa Bianca no topo da lista de patrocinadores veiculada em seu site. Mas visitantes que clicaram no ícone da Casa Bianca - uma rosa branca - terminaram sendo conduzidos ao site de um bordel na Web. A Casa Bianca, que opera dois estabelecimentos nas cidades austríacas de Innsbruck e Hallein, descreve-se como “a casa das emoções” e como “local sensual em que você consegue tudo que deseja”. Os visitantes da Casa Bianca pagam 180 euros (cerca de 459 reais) por hora, para obter os serviços das beldades do bordel. As acompanhantes são identificadas por fotos explícitas e nomes no site. O bordel teria dado 10 mil euros (cerca de 25 mil reais) ao Trentino Calcio 1921 para ocupar espaço em sua página de Internet. crescimento de um fenômeno musical no sul da Itália, o das canções populares que glorificam a vida de bandidos, está causando polêmica no país e preocupando as autoridades. Conhecidas como “neomelódicas”, as músicas copiam o estilo das velhas canções napolitanas, utilizam o dialeto local e relatam histórias de prostituição, drogas, matadores profissionais, fugitivos e tempos difíceis. Autor do livro “Napoli… Serenata Calibro 9”, Marcello Ravveduto, denuncia a justificativa “cultural” pregada pelos cantores neomelódicos e tem o apoio do ministro do Interior italiano, Giuliano Amato. Tá chovendo... P roprietário de uma mansão no Lago Como, o ator e diretor de cinema George Clooney inventou uma forma inusitada de se proteger dos paparazzi que o perseguem. O exDr. Doug Ross de E.R. criou uma máquina que arremessa ovos e que é ativada através de um sensor infravermelho. O artista instalou o aparato na sua residência. Desde então, quem se aproxima da propriedade sem autorização é recebido com uma chuva de ovos. Entretenimento com cultura e informação / Novembro 2007 Novembro 2007 / ComunitàItaliana 7 opinião serviço agenda cultural frases “Devo fare gli auguri ad Alex e sua moglie, la nascita di un figlio è una delle più belle emozioni che la vita può darci”, “È bello sapere che anche la Cassazione ama la natura, il bello e le virtù terapeutiche del mondo vegetale: non possiamo che apprezzare il via libera da parte della Corte alla coltivazione della canapa indiana per uso ornamentale”, Francesco Totti, attaccante della Roma, rivolto al capitano della Juventus, il centrocampista Alessandro Del Piero, per la nascita di Tobias. senatore Gianpaolo Silvestri, del partito Verde italiano, sul permesso concesso dalla Cassazione per la coltivazione della marijuana, la cannabis sativa, sui balconi residenziali. “Stabilire le cause delle gravi malattie che possono colpire i nostri soldati è una priorità assoluta”, Fotos: Divulgação ministro italiano della Difesa Arturo Parisi, dicendo che 255 soldati hanno contratto malattie tumorali dopo le missioni nei Balcani, Afganistan, Iraq e Libano tra il 1996 e 2006. Cine Brasília, de 6 a 12 de dezembro. Os filmes serão exibidos sempre à noite e a entrada é gratuita. Informações: (61) 3442-9900. II Congresso de História da Vitivinicultura (RS) - Organizado pela Universidade de Caxias do Sul e pelos Estúdios Vitinicolas de La Región, o congresso terá mesas redondas para discutir a vitivinicultura na Região Austral e América Latina. Acontece de 21 a 24 de novembro. Local: Bloco H da UCS - Universidade de Caxias do Sul. Informações: (54) 3218-2670 ou pelo e-mail: [email protected] na estante Cacau (DF) - A exposição do fotógrafo italiano Luca Rinaldini homenageia o escritor Jorge Amado. Com 25 fotografias, em preto e branco, que permitem uma viagem ao mundo e à cultura do cacau brasileiro, a mostra segue o rastro dos personagens e dos lugares contados por Amado. O projeto foi realizado com a colaboração da professora Luciana Stegagno Picchio, amiga íntima do escritor e de Zélia Gattai, que editou, em 2002, todos os romances de Jorge Amado na Itália. Local: Embaixada da Itália. SES - Avenida das Nações, Qd. 807, lote 30. Informações: (61) 3442 9900. Até 30/11. Noite de Natal (MG) - De volta ao Brasil para uma turnê do espetáculo Noite de Natal, o Grupo italiano Amarcord apresenta em Belo Horizonte uma peça de caráter lírico, interpretada com música ao vivo. O espetáculo traz para o palco a história do encontro de Maria com José, passando pela Anunciação e a viagem para Belém até o nascimento de Jesus. Dia 29/11, às 20h. Local: Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Avenida Nossa Senhora do Carmo - Bairro Sion Belo Horizonte. Entrada franca. click do leitor Arquivo pessoal “Il cinema italiano non esiste più. La situazione attuale è disastrosa”, Venezia Cinema Italiano III (SP/BR/ RJ/PE) - Promovida pela Embaixada da Itália no Brasil e patrocinada pela TIM Brasil, traz seis películas que retratam as facetas do cinema contemporâneo na Itália e o filme “A estratégia da aranha”, obra de Bernardo Bertolucci, de 1970, recém-restaurada. A mostra passará por quatro capitais: São Paulo, no Centro Cultural e no Espaço Bombril, de 22 a 28 de novembro; Rio, no Armazém do Leblon, de 26 de novembro a 2 de dezembro; Recife, na Fundação Joaquim Nabuco, 30 de novembro a 4 de dezembro e, em Brasília, no Mariangela Melato, attrice, spiegando perché ha smesso di fare cinema. enquete O cinema italiano participou do Festival do Rio. Você assistiu algum filme? Não - 80% Sim - 20% Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro. Você acha que o Brasil tem condições de sediar a Copa em 2014? Sim - 75% O império dos Dragões - Valério Massimo Manfredi harmoniza seus grandes temas – amizade, honra, força de grupo, para citar alguns – e revela-se no apogeu de seu poder narrativo. O autor combina o cotidiano da Antiguidade e seu ponto de partida se dá no ano de 260 d.C, na Anatólia, quando Valeriano I decide negociar a paz. Editora Rocco, 320 páginas, 46,50 reais. Saga Siciliana de traições - O livro de Antonio de Salvo descreve as particularidades da personalidade de um siciliano e para falar dessas características o autor rememora fatos ocorridos em sua infância e adolescência. A história contém desde detalhes do trabalho com vinhos na Sicília às desavenças familiares que quase arruinaram o clã. Tira de Letra Editora, 193 páginas, 29,90 reais. cartas “P Não - 25% Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 30 de outubro a 2 de novembro. 8 ComunitàItaliana / Novembro 2007 arabéns para a equipe de Comunità, que está cada vez mais bonita e com melhores artigos. Aliás, é fundamental que vocês nos informem cada vez mais profundamente sobre a situação política, tanto de nossa querida Itália, quanto das articulações de nossos representantes aqui no Brasil.” E m fevereiro de 2006 eu e minha namorada fizemos um maravilhoso passeio pela Itália e visitamos várias cidades, mas uma em especial não sai de nossa memória e deixou muitas saudades: Assisi. A famosa cidade de San Francesco é sem dúvida um lugar que transmite muita paz. Foi muito emocionante visitar a Basilica di San Francesco, lugar de muita oração. Tiramos essa foto que permanecerá registrada para sempre em nossos corações. Alexandro Campos - Grajaú - RJ - por e-mail Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected] “I nteressante perceber as diferenças entre as polícias brasileira e italiana na última edição. Concordo muito com o oficial que diz ‘ser policial envolve os sonhos e frustrações de um jovem que, ao entrar na corporação pensava em fazer a diferença e, com o passar dos anos, vê que é muito, muito difícil mudar certas coisas’.” João Paulo Souza Lima, Rio de Janeiro - RJ — por e-mail Gerson Conforti, Rio de Janeiro - RJ — por e-mail Novembro 2007 / ComunitàItaliana 9 opinione opinione Premio nobel ad uno scienziato oriundo italiano La straordinaria vita del Prof. Mario Capecchi P Franco Urani urtroppo l’Italia, nonostante le sue notevoli tradizioni scientifiche, non ha stanziato dal dopoguerra in poi investimenti adeguati per promuovere e sviluppare le ricerche, a differenza degli Stati Uniti e dei principali paesi europei dai quali sempre più dipendiamo. Ne consegue, oltre alla perdita di prestigio, un elevato dispendio per l’acquisto dei prodotti brevettati alla cui scoperta hanno spesso cooperato i nostri ricercatori all’estero. 10 Si tratta cioè di una politica errata, in quanto la maggioranza dei giovani dotati e portati alla ricerca che si laureano negli atenei scientifici dello Stato italiano ed a spese di questi, non avendo la possibilità di sviluppare una carriera scientifica in Italia, si trasferiscono perlopiù all’estero per specializzarsi, qui ricevono allettanti proposte e ben difficilmente ritornano a lavorare in patria. Il fenomeno coinvolge anche vari ricercatori italiani maturi, scoraggiati dalle risorse e stipendi inadeguati. Il problema ormai è molto sentito e si vorrebbe affrontarlo, anche se sarà difficile recuperare il tempo perduto, non disponendo finora il settore scientifico del peso politico necessario per ottenere accesso adeguato alle limitate risorse pubbliche. La vicenda di Mario Capecchi, nato a Verona 70 anni fa, Premio Nobel per la Medicina 2007 per le sue ricerche sulle cellule staminali, professore presso l’Università dell’Utah di Salt Lake City (USA), nulla ComunitàItaliana / ha a che vedere con la problematica sopra indicata, ma merita di essere raccontata. Il padre di Mario Capecchi era italiano, aviatore, abbattuto all’inizio della guerra. La madre Lucie Ramburg era un’artista americana, poetessa e pittrice che viveva a Firenze prima di sposarsi, pubblicamente contraria al fascismo e nazismo. Per sfuggire alla cattura, si nascose con il figlioletto in un maso della valle del Renon in Alto Adige, dove fu presa e deportata a Dachau dalla Gestapo, che allora era un campo di concentramento per soli detenuti politici. Capecchi aveva allora quattro anni e mezzo, non potè seguire la madre e visse abbandonato fino ai 9 anni, vagando per le strade di Bolzano, Verona, Reggio Emilia, con l’unico pensiero di sopravvivere, perennemente affamato. Nell’ottobre del 1946, dopo un anno e mezzo dal termine della guerra, la madre lo ritrovò dopo lunghe e affannose ricerche in un ospedale di Reggio Emilia. Ritornarono felici ma estremamente precari a Verona dove vissero circa 18 mesi, trasferendosi poi in America dove Lucie aveva un fratello. Capecchi cominciò là le scuole con 4/5 anni di ritardo, senza alcuna conoscenza d’inglese. Ma era dotato e temprato dalla terribile infanzia. Studiò chimica e fisica all’Antioch College in Ohio e di là andò ad Harvard per laurearsi in biofisica nel 1967, a 30 anni. Vi intraprese la carriera universitaria, per trasferirsi definitivamente nel 1973 nell’Università dello Utah (lo Stato dei Mormoni) di Salt Lake City, che gli mise a disposizione tutte le disponibilità e risorse necessarie per sviluppare le sue ricerche genetiche. Novembro 2007 Il lavoro di Capecchi si concentrò sui geni dei topi, in particolare sulle cellule staminali derivate dagli embrioni, grazie alle quali è possibile sviluppare tecnologie potenzialmente capaci di trovare soluzioni per alcune malattie incurabili che ancora affliggono l’umanità, tra cui Parkinson e diabete. La tecnica inventata da Capecchi è denominata “gene targeting” e consente di disattivare o modificare particolari geni di topi, studiandone gli effetti sulla salute e malattie. Dal 1989 furono studiati oltre 10.000 geni, ossia circa la metà del totale in ogni roditore. Abbiamo visto con emozione Mario Capecchi parlare in televisione: si esprime soltanto in inglese, ma si sente profondamente legato all’Italia ed ha sottolineato il fatto che il suo Premio Nobel gli è arrivato proprio nel Columbus Day, il giorno in cui gli italo-americani celebrano la loro identità. Si emoziona al ricordo delle sofferenze passate in Italia nella sua infanzia e sottolinea che il suo lavoro si è reso possibile grazie alla sua venuta in America, dove ha trovato tutte le opportunità necessarie. Ritiene che il suo Nobel costituisca anche un messaggio per l’Italia, per i suoi ricercatori, per lo Stato e i privati, un incitamento ad investire nei giovani – e ve ne sono tanti eccezionalmente dotati - nella scienza e nella conoscenza, considerando che senza risorse non esistono opportunità. Il Prof. Mario Capecchi ci dà un altissimo esempio di splendida riuscita ed è una voce autorevolissima che si aggiunge a tante altre per spingere l’Italia a partecipare validamente allo sforzo mondiale della ricerca scientifica. Vaffan-day del Brasile Manca un Grillo fra noi, ma i bersagli non mancano U n uragano forza 5 ha spazzato l’Italia nel settembre scorso. Dal palco di piazza Maggiore, nella Bologna rossa, Beppe Grillo ha invitato, in forma incisiva, concisa, pittoresca e veemente alcuni politici ad andare laddove, salvo casi isolati, nessuno desidera. Non pronuncerò la parola fatidica. Essa ferisce troppe orecchie; si preferisce dire sedere, deretano, didietro, posteriore, lato B (definizione televisiva recente), fondo schiena (i più eleganti). Ma la gente che sembra perbene ha paura delle parole, fingendo di ignorare che sono i fatti che fanno male, molto più che le parole. Ma è giusto rispettare anche i loro sentimenti. L’invito era rivolto ad alcuni tra i più importanti esponenti della classe politica, dal presidente del Consiglio in giù. Essi sono responsabili, secondo Grillo, di non rendersi conto che l’Italia è profondamente stufa di come vanno le cose, di un Governo che non governa, di un Parlamento che non fa le leggi, di un Giudiziario inefficente, di Ezio Maranesi enti locali che funzionano male, di una spesa pubblica che continua a crescere, di servizi pubblici che servono poco e male, di stipendi e pensioni da sopravvivenza (quando lo sono). La gente è stufa di assistere ai litigi tra destra e sinistra, inutili quanto idioti: di politici che sono tutti d’accordo solo quando si tratta di mantenere, o accrescere, i propri assurdi privilegi. Tipica e patetica l’autodifesa del ministro Mastella, preso di mira da alcuni conduttori RAI: “I miei privilegi - afferma - sono legittimi, cioé attribuiti dalla legge, quindi non c’è scandalo”. Ha ragione, ministro, ma lei dimostra di non aver capito nulla di quanto stia accadendo; di non aver capito che, se è giusto che un ministro sia ben pagato, è immorale che la sua posizione gli permetta di avere vantaggi che nulla hanno a che vedere con la sua funzione, vantaggi negati a tutti gli altri 60 milioni di italiani che non appartengono alla casta. Rinunci a questi vantaggi, ministro, rinunci a comprare da un ente pubblico appartamenti prestigiosi a metà prezzo, ed avrà la stima degli italiani, oppure stia zitto come molti suoi colleghi, che incassano senza pudore, aspettano che passi la bufera e la gente dimentichi. Spero proprio che questo tsunami non sia dimenticato, e possa portare qualche riflesso positivo. Non molti, nell’altra Italia, cioè noi emigrati e relativi pronipoti, hanno capito la portata di quanto è accaduto, anche perché pochi parlano o leggono l’italiano. Ne hanno colto l’aspetto folkloristico e hanno ridacchiato, come ridono i bambini quando si dicono le parolacce. Il discorso di Grillo non è stato né razionale né elegante, ma una perorazione gentile e sensata non avrebbe avuto eco. Grillo ha voluto provocare e scuotere le coscienze degli italiani, e c’è riuscito. Grillo ha, a mio avviso, il merito di aver avvicinato la gente alla politica e di aver accentuato la distanza tra la gente e la classe politica. Facciamo una novena perché ciò sia servito. L’Italia è un paese esportatore, di macchine e moda, di brac- cia, di cervelli e di idee. Sembra, ma non ne sono sicuro, che in alcuni paesi arabi qualche pazzo avrebbe voluto imitare l’idea di Grillo. Scartata a priori: là non si scherza. Dissidenti cubani e bolivariani adorerebbero l’idea, ma neppure Fidel e Chavez amano scherzare. Il Brasile, grazie al Cielo, è oggi un paese profondamente democratico. Al massimo, se l’invettiva fosse troppo spinta, si rischierebbe un processo per vilipendio alle istituzioni. Non mancherebbero personaggi da “invitare”; manca però un Grillo: la cultura brasiliana oggi è piatta e la dissidenza è scarsa e tiepida. Un vaffan-day potrebbe essere festeggiato nelle nostre comunità. Sarebbe un “vaffan” bonario, casereccio, tipo festa di San Gennaro o Madonna dell’Achiropita. Non abbiamo, in fondo, grandi personaggi, anche se qualcuno pensa il contrario. Ci manca un Grillo, ma non serve nemmeno tutta la sua carica dirompente. Ma qualche piccolo capo-bastone da invitare ci sarebbe. opinione marco lucchesi / artigo Benedetta primavera! La Conferenza sull’America Latina organizzata a Roma dal Governo Italiano e il ‘Tavolo Brasile’ che si riunisce a novembre a Rio de Janeiro confermano la ripresa di una nuova politica L a primavera del 2007 ha coinciso, per le relazioni tra l’Italia e l’America Latina, con il momento più alto di riflessione comune sullo stato delle politiche di integrazione e di scambio a carattere sociale, economico e culturale. La Conferenza organizzata a ottobre dal Governo italiano a Roma, aperta dal Presidente del Consiglio Romano Prodi e conclusa dall’intervento del Ministro degli Esteri Massimo D’Alema, costituisce già un saldo punto di riferimento per lo sviluppo e il rafforzamento della presenza dell’Italia e dell’Europa nel continente. Merito del principale responsabile per la politica estera italiana in America Latina, il Vice Ministro degli Esteri Donato Di Santo, che ha fortemente voluto che questo importante appuntamento si tenesse a Roma alla presenza dei massimi livelli istituzionali italiani e di esponenti di primissimo piano dei Paesi latinoamericani. La Conferenza è stata cosí al tempo stesso il momento di sintesi e di bilancio del primo anno e mezzo di “Governo Prodi” in Sudamerica, ossia della ripresa forte e decisa delle relazioni di- Fabio Porta plomatiche del nostro Paese con tutti i Paesi del continente. Mai avevamo assistito ad un periodo tanto fitto di incontri istituzionali nelle relazioni italiane in Sudamerica; nel caso di alcune nazioni erano decenni che un Capo di Governo o Ministro degli Esteri italiano non vi realizzava una visita ufficiale. Dietro a questa intensificazione dei rapporti va delineandosi un complesso e articolato quadro di politiche e di programmi che riprendono o – in alcuni casi – hanno avuto avvio in questi mesi: si va dalla ripresa (forse ancora timida) della cooperazione allo sviluppo al rilancio delle relazioni tra le Universitá; dall’intensificarsi dei grandi investimenti infrastrutturali al rifiorire delle relazioni tra enti locali italiani e sudamericani. Il Brasile, grazie soprattutto al PAC (il Piano di Accelerazione della Crescita) e quindi al piano di sviluppo delle grandi infrastrutture strategiche, ha avuto un grande spazio nel corso delle due intense giornate di Conferenza. L’attenzione non era limitata ai grandi investimenti. Altri settori sono protagonisti di questa ripresa di interesse e di progetti. È il caso dell’ambiente (con la questione energetica in primo piano) e del lavoro (politiche di inserimento occupazionale e formazione professionale innanzitutto). L’ultima settimana di novembre sarà, per il Brasile, un po’ il coronamento della nuova “primavera” latinoamericana, iniziata con la Conferenza di Roma. Il 27 novembre si terrà infatti proprio in Brasile la riunione del “Tavolo” di coordinamento istituzionale delle politiche esistenti tra i due Paesi, con la delegazione italiana guidata proprio dal Vice Ministro Di Santo e con la ricca presenza di tutte le entità pubbliche e private protagoniste di questa fase di ripresa dei rapporti tra i due Paesi. Anche questa scelta va nella direzione giusta: si vogliono cioè riempire di contenuto strategico quei luoghi istituzionali che mai avevano giocato un ruolo reale e incisivo nella pianificazione dei progetti e delle attività di cooperazione tra Italia e Brasile. Il mese di novembre si concluderà con un importante Seminario organizzato dai due Ministeri del Lavoro; a questo ultimo evento dò una particolare importanza, principalmente per il fatto di avere come sostrato due elementi che ho sempre ritenuto fondamentali per lo sviluppo dei rapporti tra i due Paesi e per il rilancio e la valorizzazione della stessa presenza italiana in Brasile: il mondo del lavoro e i giovani. Si tratta infatti di un connubio importante e, ripeto, per me indissolubile. Il mondo del lavoro brasiliano, tanto nella sua accezione riferita alle organizzazioni sindacali dei lavoratori, quanto allo sviluppo della grande presenza industriale, è naturalmente figlio della storia dell’emigrazione italiana qui e nel continente. Il fatto che oggi alcune grandi agenzie pubbliche o private italiane siano presenti in Brasile con specifici programmi che hanno voluto valorizzare proprio la centralità della presenza italiana e lo sviluppo di nuova e qualificata occupazione per i giovani, rappresenta certamente un elemento positivo e da incoraggiare. La speranza è che il Seminario possa dare un contributo al coordinamento effettivo di questi interventi, costruendo magari possibili canali di collegamento stabile e integrato tra le politiche e gli interventi dei rispettivi Paesi. In un momento di grande instabilità e incertezza di carattere politico e istituzionale (e il discorso vale tanto per l’Italia quanto per il Brasile) la “primavera italo-brasiliana” ci può e ci deve fare ben sperare per il futuro di questo proficuo e ormai indistruttibile rapporto; lo affermo pensando soprattutto alle giovani generazioni – italiane e latinoamericane – sempre più bisognose e disponibili a queste forme di interscambio e di cooperazione internazionale. São Francisco e Rûmî Numa belíssima página, o teólogo Leonardo Boff traça um paralelo entre Francisco de Assis e Rûmî, centrado no amor que os reúne, a partir da loucura e do estado de ebriedade em que se encontram. Diz Boff quanto segue abaixo: Novembro 2007 / ComunitàItaliana 13 atualidade Ministério Italiano das Relações Exteriores anuncia ajuda na ordem de dez milhões de euros aos seus cidadãos idosos em situação de miséria no exterior. O assunto gera discussão em torno do projeto de lei para definir o modelo de assistência a esses imigrantes “N ão fui consultado se gostaria de vir para o Brasil. Tinha 13 anos e meu pai simplesmente veio e trouxe a família. Hoje, posso dizer que sou muito mais brasileiro do que alguns nascidos aqui. Mas também sou italiano. Não é fácil olhar para trás e ver que depois de ter minha empresa e toda uma situação de conforto, agora moro num cubículo de 4x4 metros. Poderia fazer como muitos que se naturalizam e obter a ajuda do governo brasileiro. Poderia fazer como outros que regressam à Itália, requerem sua pensão e depois tornam ao Brasil. Mas isso não é certo! Seria desonesto comigo mesmo e eu não sei agir assim. Sigo a minha vida e muitas vezes me cuido para não desmoronar, principalmente diante da minha esposa. Tenho que estar forte apesar de tudo o que passamos”. O relato do designer de sapatos Giuseppe Frenda é apenas um capítulo na história de italianos que vivem em situação de miséria no exterior. Aos 67 anos, o siciliano trava luta pela sobrevivência como centenas de compatriotas idosos que têm em comum a escassez das oportunidades de trabalho, a necessidade 14 Sílvia Souza de ajuda para cuidar da própria saúde e, em alguns casos, o fato de residirem em áreas consideradas de risco. Frenda mora na comunidade de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e sonha com o dia da aprovação do assegno di solitarietà. A nomenclatura se refere a um projeto que beneficiaria os italianos com mais de 65 anos, em situação de baixa renda e residentes no exterior, com uma espécie de ajuda de custo. A questão, que é antiga e politicamente difícil, voltou a ter destaque na Itália e fora dela no mês de outubro, quando o viceministro das Relações Exteriores, Franco Danieli, anunciou que, com os valores recuperados pela Lei de Orçamento para 2008, dentre outras medidas, o governo italiano renovaria a concessão de solidariedade ao grupo. Ao falar aos deputados que compõem a Comissão das Relações Exteriores da Câmara, Danieli declarou saber que os recursos “não serão suficientes para cobrir todas as necessidades, mas (a atitude do governo) será um primeiro passo”. — Ouço falar desse projeto há anos e, sinceramente, seria ComunitàItaliana / um alívio ter a certeza de que não morrerei antes de ele ser posto em prática. Mas a gente sabe que esse tipo de coisa não se resolve tão facilmente. Seria necessário identificar quem são os necessitados, conhecer seus problemas. O governo teria de ter uma outra relação com seus italianos no exterior. Eu acho que fiscalizar é o melhor caminho, pois tem gente que recebe ajuda e vive viajando, tem carro e outras posses. Enquanto a outros é negado o direito de fazer duas refeições por dia — desabafa o designer, que atualmente trabalha temporariamente como sapateiro na Tijuca. Depois de chegar ao Brasil, ele passou um período em São Paulo. Trabalhou em Franca, conhecida por ser pólo de produção de calçados. Foi designer de grifes como a Christian Dior e a Mr. Cat, mas depois decidiu tentar a vida no Rio, na Ilha do Governador, onde se estabeleceu com a esposa e montou a sua própria fábrica de calçados. O negócio, que chegou a ter 25 funcionários, não deu certo, e fechou em 2002. Quebrado, Frenda passou a viver de bicos, ar- Novembro 2007 ranjados por amigos, como Mario Gennaro, que, por último, confiou a ele a administração de sua oficina na Tijuca, mas só durante os 20 dias em que este estiver viajando. Depois desse prazo, Giuseppe volta a não saber o que será de A face oculta da imigração O problema de Giuseppe mostra uma face pouco conhecida da imigração italiana: muita gente que chegou à América Latina e a outros continentes passa por dificuldades e enfrenta a emergência de um socorro de sua pátria mãe. A questão tem merecido debate nas bancadas da Câmara e do Senado italianos. Por aqui, quem se encarrega de representar o governo e cuidar de seus cidadãos são a embaixada e os consulados. Segundo informações obtidas pela Comunità, no ano passado, foram atendidos 1.146 italianos em situação de indigência. O governo italiano destinou 1, 248 milhões de euros ao Brasil em 2006. O montante foi repartido às áreas consulares, de acordo com a urgência de atendimentos. Assim, o consulado do Rio de Janeiro ficou com a maior parte da verba, 580 mil euros, seguido por São Paulo, com 380 mil, Porto Alegre, com 97,5 mil e, Curitiba, que recebeu 90 mil euros. Os consulados de Brasília, Recife e Belo Horizonte ficaram juntos, com um total de 100,5 mil euros. Estima-se que para atender aos idosos em extrema pobreza no ano de 2007 a verba repassada da Itália ao Brasil chegue a 1,5 milhões de euros. De acordo com o cônsul da Itália no Rio, Massimo Bellelli, atualmente 800 pessoas recebem diferentes formas de assistência do consulado. Além disso, segundo ele, em um ano foi possível dobrar o número de internações em casas de repouso. Em 2007, cerca de 20 idosos estão recebendo tratamento especial. — Há alguns anos, sofremos com o corte de verbas. Houve pro- testos e muita gente ficou sem atendimento. Mas o governo atual já deu provas de que se preocupa em responder a essa questão emergente. Desde que cheguei ao Rio, a circunscrição tem alcançado mais recursos — afirma Bellelli, revelando que para 2007 aumentou para 625 mil euros o valor destinado aos idosos. Os consulados atuam como juízes e determinam os critérios para que as pessoas recebam os auxílios. Em paralelo a esse atendimento, os patronatos, como o Instituto Nacional de Assistência Social (Inas), viabilizam o recebimento de assistência médicohospitalar e de medicação para os credenciados. Caso de Giuseppe Frenda. — Sofri um infarto há dois anos e minha esposa também tem problemas de saúde. Ela é hipertensa. Tomo oito comprimidos diferentes durante o dia e vi- vendo como vivo, não teria como arcar com os custos médicos e o tratamento. Foi essa ajuda para médico e recebimento de remédios que consegui. Vez ou outra também dão uma cesta básica. Mas é tudo sem perspectivas. Meu maior medo é passar mal na rua e não ter quem me acuda. É certo que digam: “o velho está bêbado”. Difícil é encontrar gente que verifique se precisamos de socorro — avalia Frenda. “Ouço falar desse projeto há anos e seria um alívio ter a certeza de que não morrerei antes de ele ser posto em prática. O governo teria de ter outra relação com seus italianos no exterior” Giuseppe Frenda, designer de sapatos Roberth Trindade Ilusões perdidas no Novo Mundo sua vida. Tem contado com o auxílio do filho e de um irmão que mora em São Paulo. Sobrevive com cerca de 400 reais por mês, dos quais retira 250 para o pagamento do aluguel em Rio das Pedras. — Tive de vender tudo o que possuía. Preferi isso a dever os funcionários e ficar com meu nome sujo. Até tentei voltar à Itália, mas encontrei barreiras diversas e não me acostumaria mais lá. Meus amigos estão aqui, se me perguntam, não posso falar de como é a vida em Roma ou Veneza. Seria um estrangeiro em minha própria terra. Só que há 60 anos eu escuto dizer que o Brasil é o país do futuro. E que futuro é esse? — analisa ele, que não tem direito à aposentadoria brasileira nem à italiana, por não ter contribuído em país algum com a seguridade. Novembro 2007 / ComunitàItaliana 15 Há 18 anos no Brasil, o Inas já atendeu a cerca de 14 mil pessoas. Entre as funções, há os encaminhamentos aos Consulados dos pedidos de assistência, as solicitações de certidões para os Comunes, na Itália, habilitação dos pedidos de aposentadoria italiana e brasileira e, a orientação no que diz respeito aos caminhos para obtenção do reconhecimento da cidadania italiana. Sem documentos, sem cidadania Outro que também fica a mercê da compaixão dos compatriotas é Aldo Novi, de 65. Nascido na província de Pola, ele chegou ao Brasil aos nove, estabelecendo-se com o pai, a mãe e outros quatro irmãos no município de Magé, no Rio. A falta de informação atrasou a retirada dos documentos de identificação e até hoje ele ainda padece pelo reconhecimento de seu país de origem. — Na minha certidão de casamento não consta o nome do meu pai, aí minha esposa e meus filhos não têm direito à cidadania. Eu não sei o que é viver bem, com tranqüilidade. Passava fome na Itália e vim passar mais dificuldades no Brasil. As recordações da minha infância são as dos mesmos problemas que enfrento hoje: viver espremendo o dinheirinho pra chegar ao fim do mês — comenta Novi, aposentado pelo governo brasileiro, com renda mensal de um salário mínimo. Ex-empregado de uma fábrica de tecidos, o italiano teve dois filhos no Brasil e complementa sua renda com a ajuda dos rebentos. Conta, vez ou outra, com uma cesta básica, quando o INAS, consegue fazer a distribuição. Não tem a posse da casa na qual reside com a esposa Zilmar, de 60. E enfrenta alagamentos no próprio lar nos períodos de enchentes. — Com 380 reais, pago as contas de água, luz e telefone. Estou acostumado a cortar gastos. Na época em que meus filhos eram crianças, a única preocupação era não deixar faltar o leite. Se a Itália reconhecesse os filhos que têm problemas nos outros cantos do mundo, pelo menos eu poderia dizer que depois de velho, lembraram de mim, ao menos uma vez — diz. Grupo Keystone Muita discussão, pouco resultado Os deputados Marco Fedi e Gianni Farina, da Ulivo, são autores de uma proposta de lei que prevê o pagamento de um “salário” de 125 euros para os italianos em necessidades. Eles consideram que a discussão deve evoluir de modo a garantir que a contribuição aos compatriotas se inicie rapidamente. A deputada Mariza Bafile, da Unione, também defende essa bandeira. — Tudo dependerá da duração da legislatura e da importância que a maioria e a oposição dão a essa questão que, para nós, é prioritária — destaca Fedi. Coincidência ou não, todos os três foram eleitos no exterior: Fedi representa a Austrália, Farina, a Eslovênia, e Bafile, a Venezuela. — Não se pode esquecer que a imigração italiana para a América Latina, desde 1945, contribuiu para o envio das remessas 16 ComunitàItaliana / empregadas na construção do país, principalmente no pós-guerra. Temos um problema orçamentário, mas voltar a contribuir com os imigrantes sem sorte é um ressarcimento político, humano e moral para com a comunidade — defende Farina. A diretora do INAS no Rio, Rita Martire, lembra que o estudo de um projeto que atenda as necessidades dos italianos no exterior deve atentar para os diferentes custos de vida dos envolvidos. — Na Venezuela, sabemos que está em teste um acordo que reverte a ajuda para um sistema de assistência de saúde. No Brasil, a extensão territorial e a diversidade de planos já impossibilitariam essa opção. Na América Latina há italianos em situação de indigência, mas na Austrália, no Canadá ou em outros países da Europa, tenho minhas dúvidas. Essa ajuda teria que vir para os que realmente precisam — defende Rita. Se o problema do orçamento não pode ser esquecido, mas do que discutir valores, o que também está em jogo é a definição do que cabe nesta “ajuda aos compatriotas”. — Negar ajuda a um cidadão italiano nascido no exterior não é aceito nem mesmo na Constituição Italiana. Mas ao buscar os responsáveis pela tutela de um cidadão, não podemos isentar o governo brasileiro e simplesmente repassar essa questão para o Governo Italiano. Acredito em critérios sérios para preencher todos os requisitos e obter, assim, o benefício. Por isso, se algum cidadão italiano, nascido no exterior, preenche tais requisitos, não vejo problema algum em ajudá-lo afinal, estamos falando de solidariedade — pondera Rita Martire. Critérios para medir a miséria No Brasil, para ser classificado como necessitada pelas autoridades italianas, a pessoa deve se enquadrar em critérios como receber um salário mínimo mensal inferior ao que é pago no território nacional (que equivale a 380 reais, podendo ser corrigido de acordo com o custo de vida e a realidade da região que habita). Também se avalia se a pessoa possui imóvel próprio e o tama- Novembro 2007 Roberth Trindade atualidade “Atualmente, 800 pessoas recebem assistência do consulado. Desde que cheguei ao Rio, a circunscrição tem alcançado mais recursos” Massimo Bellelli, cônsul nho da residência, além do estado de saúde do requerente. Como critérios integrados, o tamanho da família também conta. Em caso de esposa dependente e filhos menores de idade, recebe-se auxílios maiores do que no caso da ausência desses membros. Idosos que residem sozinhos, são portadores de necessidades especiais, vivem em condições de marginalização ou mesmo estão presos, apresentam novas características de urgência para o atendimento. — Verificamos que, com o passar dos anos, o número de pessoas necessitadas vem aumentando e os recursos disponíveis não evoluem proporcionalmente. Logo, tutelar um cidadão torna-se a cada dia mais difícil. Por isso, acredito em um trabalho de cooperação na busca de recursos paralelos como a gratuidade dos remédios, solicitação de isenção de taxas, assistência jurídica entre outros — conclui Rita. Empresas de viagens e instituições ligadas ao lazer aquecem mercado turístico brasileiro às vésperas do verão. Segundo dados do Banco Central, somente em setembro, os turistas estrangeiros deixaram no Brasil cerca de 343 milhões de dólares. E o destaque da temporada vem do mar, com a chegada, em novembro, dos navios da italiana MSC Cruzeiros N Sílvia Souza uma época em que o bug aéreo e as péssimas condições das estradas são empecilhos para os momentos de lazer, aquela vontade juvenil de pegar a mochila e cair no mundo nunca foi tão difícil de se concretizar. Mas se você pensa em aproveitar o sol característico do verão brasileiro e todas as combinações que ele permite, não há mais desculpas. Do mar, vem a opção mais tranqüila. Envoltos pelo charme quase que cinematográfico de seus salões e ambientes, os cruzeiros chegaram devagarzinho e acabaram abocanhando uma fatia de mercado expressiva dentre os nichos turísticos apresentados no país. Que o digam os números da MSC Cruzeiros, que de oito mil hóspedes da temporada 2002/2003 chegou a 59 mil no último verão. A empresa italiana espera transportar, na temporada que se inicia em novembro, 110 mil passageiros da América Latina, e dentre esses, 85 mil brasileiros. Além disso, já projetando a temporada 2008/2009, a MSC quer ultrapassar a marca de 200 mil passageiros transportados na América do Sul (com 160 mil hóspedes do Brasil). E para alcançar sua meta, o navio MSC Música, A MSC tem frota mundial com oito embarcações. Até 2010 mais quatro navios devem ser incorporados à empresa, que participou da Abav 2007, feira dos agentes de viagens das Américas,no Riocentro, Zona Oeste do Rio. Em terra firme Se a vontade é de se estabelecer em terra, num recanto paradisíaco e ainda ter a sua disposição a hospitalidade italiana, Armação dos Búzios pode ser a pedida. A 180 quilômetros da cidade do Rio, a península abriga três hotéis que são administrados pelo grupo ITI Hotels: Colonna Park, Colonna Beach e Galápagos. Estes foram erguidos nas praias de João Fernandes e João Fernandinho, duas das 23 opções que o município apresenta. — Hospedamos muitos italianos que vêm em família, recémcasados e grupos de empresários. Búzios é uma alternativa à insegurança do Rio, sem falar das águas límpidas, próprias para a atividade de mergulho. Fazemos tudo de acordo com as tradições italianas. Para o Natal e o Reveillon já estamos preparando cardápio e decoração a contento — divulga o diretor da rede, Giuseppe Vaglio. A idéia é que nunca falte opção ao turista no Brasil. Tanto que fugindo das águas salgadas e do litoral, em meio aos debates sobre preservação da natureza e os resultados do aquecimento global, o Amazonas foi o anfitrião da Abav na primeira edição em que um estado tem a incumbência de apresentar os seus atrativos a profissionais do mercado turístico. FSB Comunicação Mix italiano A presença italiana na Feira das Américas 2007 marcou o lançamento do guia Regiões da Itália para toda vida. Com 115 páginas, o livro traz um resumo sobre as principais regiões da bota, dicas de viagem e informações sobre serviços no país. Ele foi distribuído gratuitamente entre os visitantes do Congresso dos agentes de viagem. O estande da Itália congregou as empresas CIT, CTC Operadora, VisaTurismo, European, Raidho, Vivere e Paraíba. Pela primeira vez no Rio, o diretor da Agência Nacional Italiana de Turismo (Enit) para a América e 18 ComunitàItaliana / Novembro 2007 Caribe, Riccardo Strano, comemorava a média de 12 a 15 mil estadias de brasileiros em turismo na Itália. — Em 2006 tivemos 340 mil visitantes brasileiros. E estou pensando que o estande do Enit pode ser um pouco maior na Abav do ano que vem. Os brasileiros buscam resgatar suas tradições, no famoso turismo de retorno. E quem não tem qualquer ligação com a Itália vai em busca da cultura, da alimentação e de shoppings — diz Strano. Strano foi ciceroneado pelo cônsul da Itália no Rio, Massimo Bellelli. — Ele fala dos brasileiros na Itália, mas somente o Rio recebeu no ano passado 300 mil italianos. São números mais do que expressivos, mas sei que não dá para comparar — brinca o cônsul. A agência de viagens CVC, que recentemente abriu na França a sua primeira loja na Europa, pretende se expandir no continente e tem a Itália como principal alvo. — Estamos estudando o mercado italiano, fazendo pesquisas com os clientes. Aqui no Brasil, somos líderes na procura por viagens à região Sul. Temos Bento Gonçalves, onde há o circuito dos vinhos, como quinto ou sexto destino mais procurado na CVC, o que prova o interesse por essa cultura tão próxima dos italianos — afirma o gerente das filiais internacionais da CVC, Gustavo Hahn. Para o executivo, a diversificação dos roteiros brasileiros pode atrair não só mais italianos como ainda outros estrangeiros ao país: — A primeira coisa que o turista avalia ao escolher seus destinos é a segurança, então precisamos investir nisso. Nossos agentes receptivos são treinados para melhor atender às demandas dos clientes. O Brasil ganha muito destaque porque tem opções diversificadas e estamos descortinando isso ao turista estrangeiro, pensando roteiros com mais ecoturismo, história, geografia. Praia é muito bom, mas há grupos que vêm por outros interesses. Tarifas altas Com uma movimentação de passageiros 12,18% maior no setor aéreo em 2006, as previsões para o espaço aéreo brasileiro são as melhores possíveis em 2007. Roberth Trindade Business sobre as ondas: turismo de vento em popa construído em 2006 na Itália, é a grande novidade. Com 1.265 cabines, sendo mais de 800 compostas com varandas, o Música se une ao Ópera, de 2004, ao Sinfonia, de 2002 e ao Armonia, de 2001, que já operam no litoral sul-americano. O total de leitos oferecidos chegará a 9.710 e a empresa passará a contar com cinco meses da alta temporada de verão, ou seja, de novembro de 2008 a abril de 2009. — O MSC Opera chega ao Rio, pela primeira vez, no dia 22 de novembro e o Amornia em 19 de dezembro. Estamos muito animados com o mercado brasileiro e as possibilidades de continuar investindo nos valores italianos que conduzem ao esporte, à arte e à tecnologia — comenta o diretor comercial da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli. Já para temporada que se inicia neste mês, a aposta está na oferta de quatro novos destinos: Ilha Grande (Rio de Janeiro), Porto Belo (Santa Catarina), Recife (Pernambuco) e Maceió (Alagoas). Em algumas das viagens da MSC também é possível conferir roteiros temáticos. Eles têm ênfase em atividades físicas e entretenimento. No Baila Comigo, é possível aprender, entre outros ritmos, o forró e o samba, e ainda curtir um verdadeiro baile de carnaval. Já o Artmar tem um programa que oferece cursos, palestras, desfiles de moda e exposições. Roberth Trindade economia O cônsul Massimo Bellelli e o diretor do Enit para as Américas, Riccardo Strano, posam no estande dedicado às atrações turísticas da Itália. A ministra Marta Suplicy comemorou os bons números no setor: de janeiro a setembro, os estrangeiros deixaram mais de 3,6 bilhões de dólares aqui Segundo o presidente da Abav, João Pereira Martins Neto, a taxa de crescimento de passageiros deve ficar entre 15 e 18%. De acordo com a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o aumento do desembarque de passageiros em vôos internacionais em setembro foi da ordem de 8,98%. — Os turistas estrangeiros deixaram no Brasil, de janeiro a setembro de 2007, 3,6 bilhões de dólares, quantia que se aproxima da registrada em todo o ano de 2005, quando ingressaram 3,8 bilhões de dólares. Isso sem falar que hoje em dia não se vende mais cidade ou país, mas roteiros. É muito bom saber que o Brasil está repleto de água, praia, floresta, meio ambiente, enfim, todos os elementos que são procurados no século 21 — exalta Suplicy. Para a ministra, há, no entanto, necessidade de se conscientizar os brasileiros sobre a importância cultural do turismo. Ela lembra que a troca de eletroeletrônicos e domésticos movimenta milhares de dólares no ano e que as aquisições culturais feitas durante uma viagem ainda não são mensuradas. — Num país onde existem 108 milhões de celulares, e isso não é uma crítica, há que se pen- Novembro 2007 / sar mais no potencial e ganhos que poderiam ser feitos em investimentos nas viagens — pondera. Houve questionamentos. O presidente da Abav, João Martins, reclamou do fato de o Brasil ter a terceira tarifa portuária mais cara do mundo e das taxas diferenciadas que são aplicadas pelas operadoras: — É assim que a gente observa o aumento do superávit nas contas do governo: do 1,9 bilhão retido nas movimentações turísticas portuárias, apenas 1,7% foi reutilizado em melhorias para o setor. E hoje há casos de operadoras estrangeiras que ainda conseguem oferecer valores mais em conta para destinos de fora do Brasil do que a empresa nacional, quando vende roteiros daqui. Alheio às criticas expostas na abertura, o secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer do Rio, Eduardo Paes, mostravase contente pela cidade sediar o evento dos agentes: — A Feira das Américas é um retrato do Brasil, e o Rio de Janeiro, como vitrine de todo esse patrimônio, tem a oportunidade de promover não apenas suas belezas, mas a riqueza da diversidade cultural do nosso país. ComunitàItaliana 19 economia Urutus verso i ferrivecchi Leader in produzione e vendita di camion in America Latina, l’Iveco, azienda del Gruppo Fiat, si lancia in due nuove aree. Ha vinto la dura concorrenza per proiettare e produrre la nuova flotta di blindati dell’Esercito Brasiliano e conclude il 2007 con investimenti di circa 150 milioni di reali D Sílvia Souza opo aver concluso il 2006 con un totale di 12mila camion venduti e di aver annunciato la creazione di un nuovo centro di ingegneria di prodotti a Mina Gerais, l’Iveco, azienda del Gruppo Fiat, allarga i suoi orizzonti in Brasile. È risultata vincitrice nel processo di scelta dell’industria che metterà a punto i nuovi carri blindati per il trasporto personale dell’Esercito Brasiliano, e il contratto dovrebbe essere siglato entro la fine del mese. Malgrado né l’Iveco, né l’Esercito, si siano pronunciati sul totale dei veicoli ordinati, è sicuro che la nuova famiglia di vetture sosti- tuirà il famoso Urutu, proiettato nel 1983 dalla Engenheiros Especializados S.A (Engesa). Nel mercato internazionale, un veicolo appropriato per trasporto di uomini e equipaggiamenti di sicurezza, come quello pensato per il Brasile, costa circa 2,5 milioni di dollari. Secondo l’Esercito, dopo la fabbricazione di un prototipo, entro due anni, l’Iveco produrrà, nei due anni seguenti, un lotto-pilota di 16 unità del nuovo modello a sei ruote, successore del vecchio Urutu. Si stima che la quantità totale possa arrivare a 1.200 unità. Il destino dei nuovi blindati, per priorità, oggi sarebbero le quattro Brigadas de Cavalaria Mecanizadas. Da dieci anni sul territorio nazionale, l’Iveco presenta, in Italia, una divisione di veicoli propri per la difesa. Oltre a progettare, essa produce blindati e veicoli di appoggio per l’esercito italiano e anche per quello di altri paesi. Secondo il professor Expedito Carlos Stephani Bastos, dell’Universidade Federal de Juiz de Fora, il Brasile avrebbe biso- gno di più di mille veicoli, ma in caso di emergenza la partnership con l’Iveco può dare origine ad un acquisto di 200 macchine. — Tutto ciò di cui si è parlato finora è frutto di grandi speculazioni. Stiamo aspettando la messa a punto del contratto per conoscere i valori, il tipo di veicolo e altre caratteristiche. Dal 2000 si parla del bisogno di sostituire i blindati brasiliani, ma solo da due anni il progetto ha cominciato veramente ad andare avanti — rivela Bastos. Per portare a termine l’impresa, l’Iveco è entrata in diretta concorrenza con la Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens S/A e, in una prima fase, altre tre aziende erano state selezionate, ma hanno desistito dalla partecipazione. — Il progetto è rimasto fermo per molti anni. Il veicolo deve adeguarsi ai bisogni brasiliani, ossia, essere anfibio, come sono gli Urutus, capaci di funzionare bene in terra e in acqua. Inoltre, siccome il mondo si muove verso guerre urbane, questi veicoli avrebbero la loro sopravvivenza testata in questi luoghi e, servirebbero, di immediato, nella missione in Haiti, per esempio. Ma siccome non esiste un preventivo per l’Esercito, si teme di acquisire veicoli fuori dallo standard — spiega Bastos. Il professore si riferisce ai modelli 6x6 e 8x8 creati dalla Fiat per l’Esercito Italiano negli anni ’80. Nel caso del primo veicolo, ci si potevano trasportare 12 soldati, più l’autista e il capo del blindato. Mettendo a punto questo veicolo, si è arrivati al Puma e al Centauro, di cui quest’ultimo è stato testato dal Centro de Avaliações do Exército Brasileiro (CAEx), a Rio de Janeiro, nel 2001. — Spesso, per l’azienda non è possibile investire in un progetto come questo, e l’Europa non ha la stessa realtà del Brasile. Come sono stati progettati, il Puma e il Centauro non servirebbero. Tutta il problema si aggira ora sui materiali da essere usati, se saranno nazionali o importati, opcional che saranno sui veicoli, scadenze, insomma. Questo senza parlare della discussione sul ruolo dell’Esercito, se questo dovrà soltanto realizzare la copertura delle frontiere, partecipare attivamente alle missioni esterne o perfino intervenire in questioni come la lotta alla violenza nelle grandi metropoli come Rio e San Paolo. Il fatto è che nuove funzioni si delineano per le Forze Armate — conclude Bastos. Fotos: Divulgação Grande richiesta latina Finché non entra una volta per tutte nel progetto dell’Urutu, l’Iveco festeggia il saldo positivo grazie al quale ha compensato la retrazione registrata nel mercato brasiliano, dovuta ad una grande domanda dei mercati argentino e venezuelano. Sotto il comando di Marco Mazzu, che ha assunto la presidenza della Iveco Latin 20 ComunitàItaliana / Novembro 2007 America a gennaio, soltanto per il nuovo centro di ingegneria a Sete Lagoas sono stati investiti 30 milioni di reali in macchinari, sistemi, personale e training. Lo stabilimento presenta un legame diretto col settore di sviluppo di prodotti della Iveco italiana, situato a Torino, e lavora in maniera integrata con la vecchia area di ingegneria dell’azienda a Cordoba, in Argentina. Il dirigente affronta la sua quarta stagione di lavoro in Brasile, dopo essere stato direttore industriale della Elevadores Otis, direttore industriale della Fiat Automóveis, a Betim (quando ha assunto su di sé la responsabilità di iniziare la produzione della macchina mondiale Palio, nel 1996). Tutto ciò dopo essere stato direttore-sovrintendente nell’area di trattori e macchine agricole New Holland in tutta l’America del Sud (lavorando alla CNH, a Curitiba). — Ho già lavorato negli Stati Uniti, in paesi europei e sudamericani. I miei figli sono nati in tre paesi diversi, ma è in Brasile che la mia famiglia si sente a casa — dice Mazzu. Con gli occhi puntati sul Brasile Con l’esperienza di chi progetta, costruisce e commercializza un’ampia gamma di veicoli commerciali leggeri, medi e pesanti, autobus urbani e interurbani e veicoli speciali applicazioni antiincendio, fuoristrada e per la difesa e protezione civili, la Iveco conta su 24.500 impiegati, ha 27 fabbriche e si trova in 16 paesi. Nell’ultimo Salão Internacional do Transporte (Fenatran), realizzato in ottobre, la Iveco ha annunciato investimenti di 375 milioni di reali in America Latina nei prossimi tre anni, la maggior parte per la fabbrica di Sete Lagoas (MG). La stima di crescita per l’industria brasiliana di camion si aggira su di un 30%. — Le due principali lineeguida del gruppo oggi per la sua globalizzazione fuori dall’Europa sono l’America Latina, con il Brasile in testa, e la Cina — dichiara il presidente mondiale della Iveco, Paolo Monferino, venuto in Brasile specialmente per la Fiera. Malgrado il momento di retrazione osservato agli inizi del decennio, dal 2004 la Iveco raggiunge buone vendite con pro- La veduta aerea della fabbrica della Iveco, a Sete Lagoas (MG), dà un’idea della crescita dell’azienda. Marco Mazzu, direttore-presidente della marca posa con i campioni di vendita della fabbrica, i veicoli Daily e Stralis dotti di riferimento nei suoi settori. Come il caso del City Class, miniautobus destinato al trasporto da 21 a 25 persone e per il quale la costruttrice ha innovato presentandone cinque versioni. Sempre nel 2004, l’azienda ha importato i modelli pensanti Stralis e Eurotrakker per la loro commercializzazione in Brasile. Invece, nel 2005 la Iveco ha passato il traguardo di 50mila camion prodotti nel Complexo Industrial em Sete Lagoas, che ha cominciato ad operare nel novembre 2000. Ha concluso l’anno con un’iniezione di 65 milioni di reali nel territorio nazionale e la fabbrica di Sete Lagoas ha cominciato a produrre un nuovo veicolo pesante, lo Stralis HD450S38T da 380 cavalli di potenza. Inoltre, quell’anno, quando il consorzio Nacional Iveco compiva il suo settimo anno di attività, è stata registrata la crescita del 54% in rapporto all’anno anteriore. — La Iveco è parte del Gruppo Fiat e questi ha una storia di successo in Brasile, provata dalla leadership della Fiat Automóveis, della Case New Holland e di altre come la Magneti Marelli. Abbia- Novembro 2007 / mo un forte legame con il Brasile. Siamo tanto brasiliani quanto italiani — definisce Mazzu. I numeri sono significativi, con oltre 10mila consorziati e la consegna di più di 4.500 camion in Brasile, due terzi dei quali della linea di commerciali leggeri della fabbrica e il resto della linea di medi e pesanti. L’anno scorso, sono state immesse sul mercato quattro nuove versioni della gamma Stralis, che ha ottenuto nel mercato dei camion le migliori medie di consumo di carburante. Nuovo direttore di sviluppo di prodotti della Iveco, Renato Mastrobuono comanda una équipe di circa 35 professionisti (tra ingegneri, progettisti e tecnici). — L’arrivo di Mastrobuono fa parte del processo di rafforzamento dell’équipe Iveco in Brasile. Sotto i suoi comandi, l’area di sviluppo del prodotto lavorerà sempre più rivolta al cliente, che è l’elemento fondamentale della nostra strategia in America Latina e specialmente in Brasile, dove pensiamo di premere forte sull’accelleratore a partire da ora — mette in risalto Marco Mazzu. ComunitàItaliana 21 economia Quasi due tecnologia italiana secoli a ferro e fuoco Vetro brasiliano con Sofisticazione del prodotto fabbricato in Brasile si deve all’importazione di macchinari del paese europeo, che detiene la leadership storica nel settore Aline Buaes 22 ComunitàItaliana / Yveraldo Gusmão è stato uno dei precursori dell’introduzione della tecnologia italiana nei lavori con il vetro Valore culturale Il vetro in Italia presenta, “oltre ad un valore industriale, anche un valore artistico molto grande”, ha messo in risalto il segretario generale della Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio e Indústria de São Paulo, Francesco Paternò, all’apertura del seminario A Tecnologia Italiana para a Indústria do vidro, avutasi nella capitale paulista lo scorso 22 ottobre. Secondo il direttore dell’Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE), Giovanni Sacchi, il settore vetrario è stato scelto per questo progetto di promozione, iniziato più di due anni fa, giustamente dovuto al fatto che l’Italia è leader “tanto nell’area culturale, quanto nell’area della tecnologia industriale”. Novembro 2007 Ronaldo Padovani, analista di mercado dell’ICE, uno degli organi promotori dell’evento, ha difeso la smistificazione dell’immagine secondo cui l’Italia sarebbe il simbolo della tecnologia: — È simbolo, questo sì, di cultura, arte e design — ha detto, invece di riconoscere l’industria italiana come uno dei maggiori esportatori del mondo di tecnologia del settore. Padovani mette in risalto che il settore di tecnologia vetraria in Italia fattura più di 1,2 miliardi di euro all’anno, l’equivalente al 5,5% del totale dell’industria italiana di macchinari, con le esportazioni che rappresentano il 72% del suo fatturato, indice al di sopra della media nazionale. L’origine del vetro risale ai popoli dell’antichità, ma l’espansione e la commercializzazione si hanno durante l’Impero Romano, che ne ha promosso la produzione su larga scala in Italia verso il XII secolo, con il suo apice legato alla produzione dell’isola di Murano, a Venezia, nel XIII secolo, quando la regione era il maggior centro produttore del materiale nel mondo occidentale. L’isola di Murano, nella laguna di Venezia, è il grande centro produttore di vetro in Italia e tema dell’esposizione “Um Mar de Vidros – Murano 1915 – 2000”, organizzata dall’Istituto Italiano di Cultura di San Paolo tra ottobre e novembre. Secondo la direttrice dell’Istituto, Luigina Peddi, l’origine della produzione di vetro nell’isola è iniziata circa mille anni fa, quando erano usati forni ad alta temperatura, che presentavano molti rischi per la popolazione, installati nell’isola come misura di sicurezza. Industria brasiliana festeggia i 180 anni del processo di sviluppo con esposizione che ricorda la forte influenza italiana nella costruzione del paese T iiimmm! Tiiimmm! Tiiimmm! Sull’incudine, il rumore del martello che picchia sul ferro incandescente annuncia tempi di cambiamenti. Il suono viene dal Brasile Impero – più precisamente dal 1827 – e segna l’inizio dell’industrializzazione del paese. È l’anno della nascita della Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Sain). La data è significativa visto che sono passati 180 anni. Proprio per questo, la Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ha allestito un’esposizione presso la Casa França Brasil, al centro di Rio, che rimarrà aperta fino al 18 novembre. La mostra 180 anos da Indústria Brasileira: de 1827 ao século XXI presenta con ricchezza di dettagli il processo di trasformazione dell’industria nazionale, rivelando, tra l’altro, la forte partecipazione italiana a questo percorso. Sono state molte le strade che hanno portato a questa influenza. Marcus Alencar Per cominciare, lo stesso matrimonio di Dom Pedro II con Tereza Cristina, napoletana, nel 1845, fornisce già un’idea di ciò che avrebbero rappresentato gli italiani nella costruzione del Brasile. Divisa in 14 periodi storici, l’esposizione rivela che i primi cambiamenti si sono avuti nel 1808, con l’arrivo della Famiglia Reale. Per trasformare la colonia in sede della corte, Dom João VI annullò la legislazione del 1785, di Dona Maria I, e autorizzò la costruzione di fabbriche, industrie e manifatture. Nel 1821, con il suo ritorno in Portogallo, Dom Pedro I, suo figlio, prende il potere. L’imperatore brasiliano approva la creazione della Sain, una rivendicazione fatta da imprenditori brasiliani a Dom João. Con l’abdicazione di Dom Pedro, nel 1831, Pedro II sale al trono nel 1840. Nel 1845, si sposa con Tereza Cristina, come primo segno dell’influenza italiana in Brasile. — Gli immigranti che sono venuti qui alla fine del XIX seco- lo e gli inizi del XX per lavorare in piccole botteghe, si sono trasformati in grandi imprenditori. La seconda maggior popolazione di discendenti italiani nel mondo si trova in Brasile — racconta il curatore dell’esposizione della Firjan, Júlio Heilbron. I pionieri oriundi Non è un caso che la mostra esponga foto, oggetti personali come valigie e pesi e misure per lavori manuali, e luoghi dove gli immigranti vivevano in Brasile, più precisamente a San Paolo. I primi italiani cominciarono ad arrivare già verso la fine del XIX secolo. Tereza Cristina prese su di sé la missione di convincere Dom Pedro II ad importare manodopera qualificata per il mercato interno brasiliano. Fino a quel momento, nel paese c’erano piccole industrie e fabbriche. Il brasiliano Irineu Evangelista de Souza, il Barão de Mauá, ha dato i primi passi per la consolidazione dell’industria nazionale. — Mauá ha preparato la strada e gli immigranti hanno dato l’impulso. Vedendo un Rio antiquato, Tereza Cristina convinse Dom Pedro II a portare qui ingegneri, architetti, professori, operai, insomma, una manodopera che qui non c’era. Questi gruppi avrebbero dato una spinta decisiva alla crescita dell’industria brasiliana — spiega lo storico Júlio Vanni, autore del libro Italianos no Rio de Janeiro. Ritmo accellerato Già negli anni ’20, il Brasile comincia a crescere con un altro ritmo. L’imprenditore Henrique Lage, sposato con la cantante lirica italiana Gabriella Besanzoni, crea, nell’isola del Viana, nella Baia della Guanabara, la fabbrica di aerei da dove è uscito il primo velivolo brasiliano. L’economia cresceva in scala geometrica. Un censimento del 1920 indica per la prima volta la leadership di San Paolo nel settore industriale brasiliano. Negli anni ’40, la Fábrica Nacional de Motores (FNM) è fondata a partire da una partnership con l’italiana Isotta Fraschini S.p.A. Con il fallimento dell’impresa, nel 1949, entra nel gruppo l’Alfa Romeo. La prima automobile nazionale si chiamerà Romi-Isetta. — Gli italiani già stabiliti in Brasile crearono, agli inizi del XX secolo, una forte base economica per tutta questa crescita. Con la fine della Prima Guerra mondiale, alcuni di loro diventarono esportatori. Inoltre bisogna ricordare che gli italiani hanno anche contribuito al processo di politicizzazione degli operai brasiliani. È con la presenza di italiani negli ambienti rurali e urbani che si hanno i primi scioperi — racconta Elmer Barboza, professore di Storia dell’Arte alla PUC-Rio. Divulgação di gran lunga superiore a quella dei principali importatori italiani, come la Germania (16%) e la Francia (18%). Nell’industria vetraria da quasi 30 anni, il rappresentante commerciale Yveraldo Gusmão, uno dei precursori dell’ingresso della tecnologia italiana nella produzione del vetro in Brasile, osserva che la produzione del vetro in Brasile non è più artigianale da poco tempo, al massimo da due decenni. — Dieci anni fa pochi brasiliani erano in condizioni di comprare un tavolo con il piano di vetro. Con la riduzione dei prezzi, una conseguenza diretta dell’ingresso di macchine più evolute che avrebbero facilitato il processo di produzione, la situazione è cambiata — spiega. Divulgacao Divulgação Divulgação Murano F amosa per la triade culturaarte-design, l’Italia è leader mondiale nella produzione di vetri, e non solo di quelli per arredamento ma, specialmente, di quelli tecnici e di alta tecnologia. L’industria vetraria brasiliana, che importa il 40% delle sue macchine da fabbricanti italiani, è cresciuta ed evoluta grazie a questo interscambio, che ha facilitato l’accesso dei consumatori brasiliani a prodotti più raffinati e moderni, come i vetri termoacustici, per esempio. Il settore vetrario ha avuto una crescita in Brasile, solo nel 2006, del 40%. I vetri termoacustici uniscono, come dice il nome, isolamento termico e acustico. La loro utilità principale in Europa è quella di evitare l’uso di condizionatori d’aria in ambienti chiusi, diminuendo l’uso di energia, in beneficio dell’ambiente. Si prevede che il prodotto entrerà in Brasile in proporzioni maggiori a partire dal 2008, quando sarà adottato in maggioranza dal settore dell’edilizia. Ci sono grandi aziende del settore nelle diverse regioni in Brasile. Tutte hanno importato macchinari italiani, che ogni anno presentano innovazioni. Ma i principali mercati importatori di questa tecnologia sono ancora gli stessi paesi europei, che assorbono il 60% delle esportazioni. I principali acquirenti e concorrenti dell’Italia sono la Germania e la Francia. Il Brasile è soltanto il 15º principale mercato per gli italiani e uno dei principali acquirenti nelle Americhe, dietro soltanto agli Stati Uniti. Tuttavia, il 40% delle importazioni brasiliane in questo settore (18 milioni di euro) sono di origine italiana, una quota economia Novembro 2007 / ComunitàItaliana 23 atualidade A guerra das águas Enquanto turistas não abrem mão de cumprir o ritual de beber água das fontes públicas italianas, a população local despreza a que sai de suas torneiras, optando pelo produto mineral engarrafado. O governo criou projeto para mudar esse quadro Guilherme Aquino E Correspondente • Milão nquanto 1,5 bilhão de pessoas do planeta padecem sem acesso à água potável, os italianos esnobam o líquido de alta qualidade que jorra de suas torneiras. Este é o maior público consumidor de água mineral em todo o mundo. Companhias produtoras e distribuidoras comemoram a venda de mais de dez bilhões de litros na Itália. Mas o governo decidiu investir em um projeto, batizado de Casas de Água, para convencer o povo a beber sem medo a água da bica. As Casas de Água são uma fonte inesgotável de saúde e economia para os milaneses, mas estes ainda não se deram conta disso. Do projeto, iniciativa da empresa pública Tutela Ambientale Sud Milanese (Tams), responsável pela rede hídrica da área, resultou a criação, neste ano, de estabelecimentos de distribuição gratuita da água já em 24 municípios localizados na região sudoeste de Milão. O projeto tem como objetivo incentivar o consumo de água potável em todo o país. Os testes indicam que a água pública é controlada, segura e faz bem a saúde. Apenas esta não conta com a mesma poderosa campanha publicitária que promove as águas minerais privadas. As pequenas fontes espalhadas pelas cidades — conhecidas em Milão como dragões verdes — servem somente para matar a sede de quem passa, especialmente turistas. Não se observa uma cultura de valorização, na Itália, dos benefícios dessas águas. O povo somente os descobre quando falta água, como aconteceu no ve- rão passado em Taranto, no sul da Itália. Enormes filas se formaram nas bicas públicas. Ninguém reclamou então da qualidade do precioso líquido. Um litro de água mineral nos supermercados pode custar o equivalente a cerca de 1,50 real. A mesma quantidade pode custar o dobro na bancada de um bar ou na mesa de um restaurante. Nos estabelecimentos comerciais, nunca é possível pedir água da bica, gratuita. Em 2006, cada cidadão italiano consumiu cerca de 190 litros de água mineral, de acordo com a Federação Italiana dos Produtores. Cada europeu bebe, em média, cem litros por ano, enquanto a média mundial não ultrapassa 20 litros por pessoa. Estes números atiçam a sede do empresariado do setor. “Controlada, segura e boa para a saúde”. Abastecimento nas Casas de Água, conhecidas como dragões verdes, já é possível em 24 municípios de Milão. Turistas são os que mais dão valor ao projeto 24 ComunitàItaliana / Novembro 2007 — Acho que é uma questão de hábito, mas não apenas isso, as águas minerais são mais leves, suaves, tem um sabor diferente — justifica Andrea, um engenheiro de Turim. Todos os dias, na porta de casa, Andrea troca um engradado de garrafas vazias por um cheio. — Pelos menos não desperdiço no meio-ambiente as pets. Aqui em casa entram apenas as garrafas de vidro, que depois devolvemos ao nosso vendedor — explica. A água da bica serve apenas para a lavagem de roupas, pratos e talheres da casa do engenheiro, assim como para a higiene pessoal. Beber? — Sim, de vez em quando, mas tem muito calcário, no longo prazo pode não fazer bem à saúde — revela o engenheiro. Os quiosques do projeto Casas de Água funcionam como espécies de oásis de água pura, pública e gratuita, instalados em um deserto de desinformação e maus hábitos. Em San Donato Milanese, por exemplo, o posto do Casas de Água inaugurado em maio de 2007 tem conquistado terreno junto aos moradores locais. Entre 12 de maio e 7 de junho foram distribuídos quase 40 metros cúbicos de água, algo como 1.550 litros ao dia. Já em Buccinasco, em dezenove dias, as torneiras jorraram 48 metros cúbicos, algo como 2.520 litros diários. Há fila para saborear água fresca ou gelada e natural ou gasosa. No verão, o consumo aumentou. Com a chegada do frio, espera-se uma redução. — Eu soube recentemente porque uma vizinha veio até aqui e me contou. A minha filha consome muita água mineral. Então eu a substituí por esta aqui e ela nem notou — conta Francesca Perego. Ela costuma pegar a água no quiosque mais próximo até duas vezes por semana: — Venho sempre pela manhã, respirar ar puro, beber e engarrafar água de graça — explica Francesca, enquanto carrega o seu engradado. Há Casas de Água em parques e jardins públicos. Ficam abertas das 9h às 19h, de domingo a domingo. E para atrair e seduzir ainda mais o cliente, as pequenas instalações oferecem música ambiente. A água é fornecida pelo Consorzio Acqua Potabile (CAP), que atesta as suas qualidades oligominerais. Pouca gente sabe, mas a água dos aquedutos públicos chega de um lençol freático localizado entre 80 e 120 metros abaixo do solo. Esta profundidade depende do local onde foi aberto o poço. Na maior parte dos casos, a qualidade na fonte dispensa maiores cuidados. Numa minoria, apenas por precaução extrema, foram instalados filtros de carbono para reter as impurezas e adequar os componentes químicos encontrados no subsolo aos limites da lei. A concentração equilibrada de sais minerais inclui essas águas na categoria de muitas águas minerais vendidas nas prateleiras dos supermercados. Os resíduos fixos entre 138 e 426 mg/l contrariam a tese de que a água é pesada. O cálcio e o magnésio estão presentes dentro da média geral. O mito de que o cálcio na água favorece o surgimento de cálculo renal já foi desmentido por estudos técnicos dos ministérios da Agricultura e da Saúde. Segundo pesquisa realizada na Inglaterra, quanto mais simples a água se apresenta, menores as chances de doenças cardiovasculares. A despeito disso, há quem prefira água gasosa, por exemplo. Neste caso, os postos do projeto Casas de Água possuem equipamentos para adicionar anidrido de carbono e gaseificar a água. Os quiosques são padronizados e têm de 25 a 30 metros quadrados. A arquitetura lembra a da velha “cascina” lombarda. E o lugar oferece duas ou três fontes, um sistema eletrônico para monitorar a dosagem volumétrica, dois medidores, um equipamento de distribuição de CO2, sistema de alarme e produtor de gelo, além de um pátio de recepção. Há quem garanta o abastecimento da semana em uma visita ao quiosque. Mas a maioria pensa que aquela água seja diferente da que sai de suas torneiras domésticas. Naturalmente, ela é a mesma, apenas os tubos do quiosque são mais novos e mais limpos do que os do lar. A diferença começa e termina neste ponto. — Acho que esta água aqui é mais leve do que a que sai da minha torneira. Dizem ser a mesma, mas sinto a diferença. Esta aqui (da Casa de Água) é melhor, além de não custar nada — compara Francesco Baldassari, enquanto enche as garrafas vazias, ainda com os rótulos, que comprava no supermercado, feliz com a economia representada pelo consumo da água gratuita e disposto a aproveitar a ida ao quiosque Água dos aquedutos chega de um lençol freático localizado entre 80 e 120 metros abaixo do solo, dependendo do local onde foi aberto o poço para fazer um belo passeio pelo parque. O sucesso da iniciativa agora pode ser apresentado fora da Itália e a primeira exibição do projeto aconteceu durante a Eco Mundo, sediada em Rimini, de 7 a 10 de novembro. No evento, o estande Casas de Água procurou dar mais visibilidade ao modelo adotado a um público composto por representantes de 61 paises (mais de 50 mil operadoras e mil empresas). Instaladas em parques e jardins públicos, elas ficam abertas das 9h às 19h, de domingo a domingo. Os quiosques são padronizados e têm de 25 a 30 metros quadrados. San Donato Milanese e Buccinasco têm bom consumo Novembro 2007 / ComunitàItaliana 25 O ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola sonhava com a volta ao Brasil desde que chegou à Itália, em junho de 2000 J Valquíria Rey Correspondente • Roma á no livro Eu, Alberto Cacciola, Confesso: O Escândalo do Banco Marka, lançado em 2001, dizia que alimentava o desejo de retornar ao que considerava o seu país, o dos filhos, da família, dos irmãos e dos amigos. Apesar das saudades do Brasil, cuja Justiça o condenou em 2005 a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público) e de gestão fraudulenta, Cacciola levava uma vida normal na Itália e muito diferente daquela vivida pela maioria dos brasileiros que imigram para lá. Nascido em Milão, portanto, cidadão italiano, o ex-banqueiro não precisou do permesso di sog- 26 giorno – autorização para ficar legal na Itália. Nem mesmo enfrentou dificuldades financeiras ou qualquer tipo de discriminação para arrumar emprego. Pelo contrário. Além das saudades e do desejo de provar sua inocência no Brasil, Cacciola levava uma vida repleta de luxo e conforto em Roma, a cidade que escolheu como refúgio. A primeira casa em que morou, mantendo o mesmo padrão que tinha no Brasil, num lugar privilegiado nos arredores de Roma, tinha piscina, quadra de golfe, inúmeras estátuas no jardim e era cercada por um castelo medieval. Mesmo assim, no livro, Cacciola reclamava da vida. ComunitàItaliana / — Passei a fazer coisas que nunca fiz: lavar meu carro, minha moto e varrer as folhas secas do jardim. Precisei aprender a ligar a máquina de lavar roupa, pendurar roupa no varal, lavar meus pratos — revelou. Amigos e pessoas próximas de Cacciola dizem que ele passou por um período de depressão em 2004, depois do suicídio da filha Milene, então com 28 anos, no Rio. Nem acompanhou o enterro, com receio de ser preso. Antes de sair do Brasil, como se soubesse que algo estava por acontecer, em 1998, enviou um bom dinheiro para a Itália. Segundo o próprio, tudo de acordo com a lei, regularmente registrado no Imposto de Renda. Novembro 2007 Divulgação Consultor de alto nível O ex-banqueiro, de 63 anos, costumava passar grande parte do tempo no FortySeven (www. fortysevenhotel.com), na Via Luigi Petroselli, 47, de onde se pode ir tranqüilamente a pé a alguns dos mais prestigiados pontos turístiscos de Roma, como a Piazza Venezia, a Boca della Verità, o Fórum Imperial e o Coliseu. Fabrizio Cacciola, filho do empresário, é quem administra o hotel de cinco andares, decorado em estilo sóbrio e elegante, que tem 61 quartos e diárias de 350 a 600 euros. — Recomeçamos vida nova, porque tudo que tínhamos no Brasil foi destruído —, afirmou o único homem entre os três filhos de Cacciola de seu primeiro casamento. Oficialmente, o empresário não se declara dono do Fortyseven, hotel que surpreende pelo atendimento exclusivo e pelos serviços de primeira. Diz apenas que tem uma participação acionária no empreendimento, no qual atuava como consultor, especializado em decoração. De acordo com um dos advogados dele, Carlos Ely Eluf, o antigo dono do Banco Marka é o Hotel FortySeven, gerenciado por Fabrizio, filho de Cacciola, e onde o empresário costumava passar grande parte do seu tempo gestor dos negócios e ganha participação nos lucros. — O doutor Cacciola é uma pessoa muito educada e gentil. Ele vinha aqui quase todos os dias — diz um dos funcionários do hotel, e acrescenta: — Muitas vezes até dormia no hotel. Foi do ex-banqueiro a idéia de transformar o antigo prédio de escritórios da Via Petroselli – com obras de Modigliani, Guccione, Greco, Quagliata e Mastroianni, tombado pelo Patrimônio Histórico de Roma – no luxuoso hotel. Com área de fitness, restaurante requintado e vista privilegiada na cobertura, o FortySeven é considerado um dos melhores do mundo pelo Trip Advisor Traveler’s Choise, por escolha direta dos clientes, o que leva em conta a qualidade da estadia e o custo/benefício. Inaugurado em abril de 2004, desde então o hotel mantém nível de ocupação superior a 70%, confirmando o talento do empresário no setor hoteleiro. “Recomeçamos vida nova, porque tudo que tínhamos no Brasil foi destruído” Fabrizio Cacciola, filho de Alberto Cacciola Patrícia Santos / Folha Imagem Foragido de luxo Foi esse dinheiro que garantiu boa vida a ele, à segunda mulher – a ex-modelo Adriana Alves de Oliveira, Miss Brasil 1981, de quem se separou há cerca de um ano – e aos dois filhos dela. E também proporcionou a Cacciola a tranqüilidade para escrever um livro e nem pensar em trabalhar nos primeiros tempos na Itália. Com a ajuda de Adriana, que tinha morado dez anos na Itália, oito deles na capital, e ainda com muitos amigos por lá, o foragido começou a vida nova. Até ser preso no Principado de Mônaco, no dia 15 de setembro, mantinha um padrão de luxo com bons vinhos e requintados jantares. Investia na construção e venda de casas nos arredores de Roma e administrava um hotel quatro estrelas, cuja sede é um belíssimo prédio no centro histórico da cidade. Com a prisão, ele voltou ao noticiário brasileiro, sete anos depois de o seu Banco Marka ter sido liquidado pelo Banco Central, por conta de perdas com a maxidesvalorização do real, em janeiro de 1999. Desde que fugiu do Brasil, assim que foi beneficiado por um habeas corpus concedido pela Justiça, ele nunca viveu escondido. Como também tem nacionalidade italiana, não podia ser extraditado e, assim, podia levar a sua dolce vita em Roma. Mas o pedido internacional de prisão havia sido distribuí- do pela Interpol aos 186 países signatários do acordo. Cacciola tinha todas as suas atividades na capital italiana monitoradas pela Interpol. Esta sempre acreditava que o seu alvo acabaria cometendo um passo em falso, saindo do país. Quando se confirmou a presença dele em Mônaco – os hotéis enviam religiosamente à polícia o nome de seus hóspedes –, e foi verificado que sob o nome de Cacciola constava o aviso de procurado pela Interpol, com o pedido de prisão número 36.868/2000, a Sûreté Publique contatou a sede da Interpol, em Lyon, para informar sobre a prisão iminente. O então foragido número 1 da Justiça brasileira foi comunicado de sua detenção pela polícia de Mônaco quando passeava tranqüilamente no ponto mais badalado do local, na Place du Casino. Segundo alguns relatos, Cacciola estava em Gênova, na companhia da namorada, quando decidiu ir a Mônaco visitar uma feira de barcos. Ele sabia que, se saísse da Itália, poderia ser preso. Mesmo assim, resolveu arriscar, o que acabou levando-o à prisão e poderá trazê-lo de volta ao Brasil, como ele sempre desejou. Divulgação Fabio Seixo / Agência O Globo Divulgação economia Novembro 2007 / ComunitàItaliana 27 trabalho notizie O alto custo do poder Garani si insedia all’Acib L’ elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il 6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presidente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presidente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresentanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il 22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro diplomi e la nuova direzione si insedierà. Settimana della Lingua Italiana nel Mondo Sempre se suspeitou disso, mas um estudo da ONG Transparência Brasil acaba de comprovar que o Congresso brasileiro custa quase o dobro dos gastos do parlamento italiano. Ambos saem caro ao bolso dos cidadãos C Fábio Lino Correspondente • Brasília om um orçamento de 6 bilhões de reais para 2007, o Congresso brasileiro (Câmara dos Deputados e Senado Federal) gasta 11, 5 mil reais por minuto. Este só é superado pelo parlamento americano, com orçamento acima de 8 milhões de reais. Já o Congresso italiano vai custar cerca de 3,7 bilhões de reais neste ano. Embora bem mais em conta, em relação aos primeiros, a instituição italiana é a mais cara de toda a União Européia. E o Brasil é aquele em que o Congresso mais onera o cidadão. Os dados são de um estudo patrocinado pela ONG Transparência Brasil. O estudo comparativo entre os países levou em conta os diferentes níveis de riqueza, tanto em renda per capita quanto em salário mínimo. E para avaliar como o Brasil se situaria na pesquisa caso a representação parlamentar se limitasse a uma única câmera, houve cálculos excluindo o Senado. Mesmo neste caso, o custo da Câmara brasileira se revelou mais pesado para o cidadão do que os de outros países. — Custar 32 reais no Brasil é uma coisa, na Itália é outra. Pesa muito menos no bolso daquele cidadão do que no Brasil, porque a renda aqui é muito mais baixa — explica o diretor presidente da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. Só nos Estados Unidos o custo anual por membro do Congresso supera o do Brasil, em núme- 28 L’ ros absolutos. Cada congressista americano custa em média 15,3 milhões de reais por ano, enquanto no Brasil o custo médio dos parlamentares é de 10,2 milhões de reais. Este montante é 12 vezes maior do que os 850 mil reais gastos por cada parlamentar na Espanha. A elevada média brasileira resulta principalmente da contribuição do Senado, segundo o estudo. O mandato de cada um dos 81 senadores custa aos cofres públicos 33,1 milhões de reais por ano, enquanto o número correspondente para os 513 deputados federais é de 6,6 milhões de reais. Contudo, mesmo se o Senado deixasse de existir e se considerasse apenas a Câmara dos Deputados, o custo de cada mandato ainda seria o segundo maior da lista. O Senado gastou, neste ano, um bilhão e duzentos milhões de reais, o que dá 15 milhões para cada um dos 81 senadores. Palco de escândalos políticos recentes, os parlamentares da alta Câmara resistem em prestar contas ao eleitor, por meio da Internet. Na Câmara dos Deputados as contas estão na Rede Mundial. Segundo o deputado Agripino Maia (DEM-RN), para que seja revista essa situação é necessário que a Mesa Diretora da Casa autorize. — Por m i m , ComunitàItaliana / não tem problemas — garante o deputado potiguar. Assembléias e Câmaras Não é só o Congresso Nacional que tem custo proporcional entre os mais caros do mundo. De acordo com o levantamento da Transparência Brasil, o mesmo gasto relativo proporcional aparece quando se compara o custo de manutenção de Assembléias Legislativas e de Câmaras Municipais nos estados brasileiros. De acordo com a pesquisa, 15 estados apresentam custo anual por deputado superior ao da Itália, incluindo aí o Distrito Federal, onde o orçamento da Câmara Legislativa para 2007 é de 236,3 milhões de reais. Isso equivale a dizer que cada um dos 24 deputados estaduais brasilienses vai consumir, no ano, recursos públicos da ordem de 9,8 milhões – contra os 4 milhões de reais que são gastos com um parlamentar italiano. O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) apresenta a defesa dos números atuais com o argumento Novembro 2007 de que os parlamentares da Casa cumprem, segundo ele, jornada dupla e até tripla de trabalho: — Há uma característica que não foi levada em conta nesse estudo: aqui no DF, nós fazemos o papel de deputado estadual e de vereador. No Guará, onde moro, não há uma Câmara de Vereadores e toda decisão é feita na CLDF — afirma o presidente da Casa Alírio Neto (PPS). elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il 6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presidente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presidente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresentanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il 22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro diplomi e la nuova direzione si insedierà. Latte adulterato coinvolge Parmalat L a Parmalat è stata indicata come una delle acquirenti del latte prodotto da due cooperative di Minas Gerais accusate di aggiungere alla bevanda soda caustica e acqua ossigenata per aumentarne il volume e la conservazione. Il caso è stato scoperto dall’ Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ha spaventato genitori e consumatori in tutto il Brasile alla fine di ottobre. Oltre all’azienda italiana, anche le marche Centenário e Calu compravano presso le cooperative e gli sono stati ritirati i lotti presenti sulle gondole dei supermercati. Accusate di partecipare allo schema di adulterazione, 27 persone sono state arrestate. La Parmalat ha informato che ha deciso la retirata di due lotti di latte a lunga conservazione intero, malgrado l’Anvisa “non avesse considerato rischio imminente dovuto all’ingestione dei prodotti”. Secondo l’azienda, questi lotti non erano già sul mercato perché erano già scaduti e il volume era di soli 200 litri in un totale di 40 milioni di litri che la Parmalat produce mensilmente. Secondo informazioni della Secretaria de Agricultura da Bahia, dopo lo scandalo, nell’Acre, le vendite del latte Parmalat sono cadute circa il 20%; in Mato Grosso, il 30% e nel Parà, il 50%. Nel Tocantins e nello Espírito Santo, la riduzione delle vendite del latte è stata del 15%. Roma trabalho L Valquíria Rey Solução alemã Outra alternativa que também cresce no país vem da Alemanha e se expande no norte, em cidades como Trento, Bolzano e Verona. É a figura da tagesmutter (mamma de dia), uma mulher que trabalha para cooperativas ou administrações municipais. Fica com no máximo cinco crianças pequenas – em geral, entre três meses e três anos – e atende na própria casa. Em alguns lugares, estão sendo organizadas creches condominiais, uma versão da tagesmutter, que cuida de crianças que moram num mesmo prédio. Há ainda o baby parking, lugar para deixar os filhos por cur- 30 Grupo Keystone Embora a maioria das babás na Itália seja de imigrantes clandestinas, pesquisa revela que a preferência dos pais é por jovens nascidas no próprio país Valquíria Rey Correspondente • Roma tos períodos, inclusive por apenas algumas horas do dia, e com horários muito flexíveis. Antigamente, eram somente privados, mas, hoje, muitas prefeituras aderiram à iniciativa. Maioria clandestina Pesquisa recente divulgada pelo Istat, o instituto de pesquisas e estatísticas da Itália, revela que ComunitàItaliana / 52,3% das crianças em idade préescolar – até os três anos – ainda ficam com os avós e 27,8% em creches (14,3% nas privadas e 13,5% nas públicas). Há, no entanto, mais meninos e meninas que ficam com babás (9,2%) do que com os próprios pais (7,3%). E, a despeito da faixa etária, 17% dos filhos italianos têm uma baby-sitter. Novembro 2007 Especialistas acreditam que o número real de babás pode ser muito maior, pois a maioria, 9 em cada 10, é de imigrantes, sem contrato de trabalho e ilegais no país. Apesar de indispensável, esse tipo de trabalho ainda não é considerado uma profissão, não conta com lei regulamentar e, para muitos italianos, é considerado subemprego, uma atividade complementar e temporária. Estima-se que os “assistentes familiares” ultrapassem os dois milhões na Itália, entre empregadas domésticas, acompanhantes de idosos e babás. Entre estas, cerca de 500 mil trabalham exclusivamente com crianças. Em Roma, elas ganham em média 7,8 euros por hora e de 700 a 1 mil euros mensais. Culpa materna — Não são registradas diferenças substanciais entre crianças que ficam com as mães o dia inteiro, daquelas que ficam em uma creche, com os avós, ou uma babá — tranqüiliza os pais Letizia Maduli, especialista em psicologia da idade evolutiva. Preocupados com a grande demanda por babás, muitas prefeituras começaram a organizar cursos gratuitos de formação para baby sitter, de 30 a 300 horas de duração. Florença deu o pontapé inicial em 2001. Depois, Milão, Roma, Cremona, Ancona, Bolonha, Gênova, Modena, Mantova e muitas outras seguiram o exemplo. Algumas administrações, entre elas a de Bolonha, pagam 100 euros de reembolso para os pais que empregam uma babysitter formada pela Prefeitura, com um contrato de ao menos três meses. Para as mamães que se sentem culpadas por deixar os filhos com uma estranha, o psicólogo Massimo Ammaniti esclarece que não há possibilidade de a criança fazer confusão. Vai eleger a mãe de fato na sua preferência. — A babá não é uma substituta, mas parte integrativa. Não é a situação ideal que ela esteja mais presente do que a mãe, mas não é negativo que se torne uma figura de apego — afirma. Fotos: Reprodução á se foram os tempos em que conviver com uma Mary Poppins, a babá mais famosa do cinema, dependia de se assistir às inúmeras repetições do filme na RAI. Cada vez mais os bambinos italianos crescem longe dos pais e a figura da babá ou da baby-sitter não pára de se fortalecer como referência na vida de toda uma geração. A busca pela Mary Poppins perfeita – para trabalho eventual, por algumas horas do dia, ou em jornada integral – faz parte das preocupações das mammas que trabalham fora de casa antes mesmo do nascimento do bebê. E os italianos, que adoram desenhar perfis para tudo, já elaboraram o que eles chamam de identikit da baby-sitter ideal. Conforme pesquisa realizada pela Associação Sindical dos Empregadores Domésticos entre os pais italianos, a babá perfeita deve ter 30 anos, ser preferencialmente italiana, alegre, honesta, bilíngüe e precisa. Os pais também desejam que ela tenha carteira de motorista, experiência e referências, esteja atenta ao estado de ânimo da criança, divida a mesma idéia sobre higiene e segurança e não fume. — Ela deve ser uma pessoa disponível a estabelecer uma aliança com os pais, ter iniciativa em caso de necessidade e seguir as indicações que lhe foram dadas — orienta a pediatra de família Manuela Orrù. O Dante é pop P ela primeira vez, La Divina Commedia, a obra mais conhecida da literatura italiana será encenada em Roma com uma linguagem destinada ao grande público. A viagem que levou Dante Alighieri ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso vai ser apresentada a partir de 23 de novembro no Teatro Divina Commedia (projetado especialmente para a ocasião), com 2.500 lugares disponíveis. Os 24 cantores/atores do espetáculo vão interpretar 16 protagonistas, 20 bailarinos e 12 acrobatas no palco. A iniciativa pretende aproximar o público da obra de Dante, dando ênfase à capacidade do autor de falar aos homens de hoje sobre o sentido da vida e os tormentos espirituais. O Beaubourg romano Q uem passou em frente ao número 194 da Via Nazionale nos últimos cinco anos deve ter se perguntado o que estaria acontecendo com o imponente prédio, localizado no centro de Roma, para estar sempre fechado. Depois do longo período de reforma, restauração e requalificação dos espaços, o Palácio de Exposições foi finalmente reaberto no mês passado. Eis uma dica imperdível para os turistas. Com mais de 12 mil metros quadrados, em três andares, o Palácio de Exposições não abriga apenas mostras culturais. Conta também com restaurante, sala de cinema, ateliê para O teatro para todos I r a Roma e não ver o papa no Vaticano é ou não é um sacrilégio? Pior ainda é ir à capital da Itália e não conhecer o Coliseu. Além de toda a sua magnitude, até 17 de fevereiro, é possível conferir no palco de tantos eventos históricos uma mostra sobre o teatro da antiga Roma. Fantasias, máscaras usadas em cena, instrumentos musicais que acompanhavam as pantomimas são alguns dos objetos apresentados na exposição promovida pela Superintendência Arqueológica de Roma. Mosaicos, mármores, pinturas, estátuas e epígrafes revelam como era o teatro romano no século IV antes de Cristo, do ponto de vista dos atores e dos espectadores. E o teatro na época era: gratuito, aberto a todos, cidadãos e escravos, com sessões que iam da manhã ao anoitecer. Um lugar de diversão muito diferente do que conhecemos hoje. as crianças, auditório, cafeteria no jardim e uma livraria especializada em arte. É considerado um lugar único na Itália, uma estrutura comparável ao Beaubourg de Paris. Na avaliação do prefeito de Roma, Walter Veltroni, trata-se de “um grande centro de vida cultural, dedicado à contemporaneidade em todas as suas manifestações”. O Palácio das Exposições, amado pelos romanos do passado e já muito festejado por quem mora na capital italiana, abriga desde a sua reinauguração três grandes mostras dedicadas à pintura de Marc Rothko, à escultura de Mario Ceroli e ao cinema de Stanley Kubrick. Três noites brasileiras S audades do Brasil durante as férias de novembro em Roma? Melhor do que tentar em vão achar uma boa churrascaria é conferir a série de shows Brasil Memórias, dedicada à música, à poesia, à arte e à literatura brasileira. Serão três noites temáticas de shows – 5, 12 e 19 de novembro –, no Teatro Sistina. Os homenageados: grandes nomes da música e da poesia do país. Na abertura, Antonio Carlos Jobim será celebrado na voz de Miúcha, com o Trio Jobim. No segundo show, dedicado a Vinícius de Moraes, o intérprete será ninguém mais do que Toquinho, parceiro e amigo do cantor. Na última noite, batizada de As Cores do Rio, a cantora Elza Soares será a estrela do evento, organizado pela Associação Cultural Italo-Brasileira Vinícius de Moraes. Mais informações: www.brasilmemorias.com. Novembro 2007 Os olhos de Gauguin C onhecer a Polinésia pelos olhos de Paul Gauguin é o que propõe a grande mostra do artista francês em cartaz no Complesso del Vittoriano, na Via San Pietro in Carcere. São 150 obras cedidas pelos maiores museus do mundo – óleos sobre telas, desenhos, esculturas e cerâmicas –, que remontam as etapas da vida atormentada de Gauguin entre 1848 e 1903, quando o artista morreu. Intitulada Paul Gauguin – Artista de Mito e Sonho, a mostra evidencia alguns aspectos centrais da poética do pintor, privilegiando os anos em que o artista passou no Taiti e nas Ilhas Marquesas, o período mais amado e conhecido do mestre francês, onde ele buscou e encontrou o paraíso perdido. / ComunitàItaliana 31 capa Na barra da saia da mamãe Sotto le gonne della mamma Por dependência afetiva ou financeira, jovens esticam cada vez mais o tempo de viver sob o teto e às custas dos pais Per dipendenza affettiva o finanziaria, giovani rimandano sempre più il tempo di vita sotto il tetto e a spese dei genitori “N ão chora, eu não abandono você!”, gritava o personagem de Alberto Sordi no filme O Vitelloni, de Federico Fellini, enquanto a mãe lamentava duplamente a partida de casa da filha preferida e a permanência desse filho, que não trabalhava e nem cogitava fazer qualquer coisa diferente. 32 O filme tem mais de cinco décadas. Mas a cena bem que poderia ilustrar a realidade da Itália nos dias de hoje, com jovens de mais de 30 anos que se negam a abandonar a casa dos pais. Problemas sócio-econômicos, que tendem a alongar a finalização dos estudos, dificuldades para encontrar emprego e aluguel nada acessível são alguns dos ComunitàItaliana / “N Valquíria Rey, de Roma e Nayra Garofle on piangere, non ti abbandono!”, gridava il personaggio di Alberto Sordi nel film I Vitelloni, di Federico Fellini, mentre la madre soffriva due volte per la partenza da casa della figlia preferita e la permanenza del figlio, che non lavorava e neanche pensava a fare diversamente. Novembro 2007 Il film è di più di cinquant’anni fa. Ma la scena potrebbe delucidare la realtà italiana ai giorni d’oggi, con giovani ultratrentenni che si negano a lasciare la casa dei genitori. Problemi socioeconomici, che tendono a rimandare il termine degli studi, difficoltà per trovare impiego e affitti cari sono alcuni dei fattori che giustificano la fatores que justificam a tendência cada vez mais acentuada dos mammoni, os filhos que se negam a amadurecer e abandonar a barra da saia da mamma. Incertezas sentimentais, famílias mais tolerantes, bem-estar, conforto e regalias dentro de casa também são motivos que impedem as novas gerações de buscar a independência. — Por que eu deveria sair de casa? Eu amo os meus pais e tenho tudo lá: meu quarto, minhas coisas, meu carro. Sou um jovem solteiro, meus pais são legais, não tenho motivos para abandoná-los. Passar necessidade e fazê-los sofrer? — pondera Luca Nuoro, de 38 anos. Ele trabalha como garçom na cafeteria de um tio, a poucos metros da casa dos pais no centro de Roma. E está muito satisfeito com a vida que tem. — Podem chamar como quiser. Se sou mammone, estou no grupo da maioria — afirma Lu- ca, e justifica: — Todos os meus amigos moram com os pais. — Meu filho me ama assim como todos os jovens italianos amam suas mães. Tenho certeza de que ele não me abandonará de uma hora para outra. Luca não vai insultar a mulher que o colocou no mundo sem uma razão muito forte — declara Mirella Vescovi, mãe de Luca. Assim como o mamonne assumido de Mirella, grande parte dos jovens italianos não pensa que está fazendo alguma coisa absurda ou equivocada se negando a morar só. No entanto, nas últimas semanas de outubro, o assunto virou polêmica no país, depois que o ministro da Economia Tommaso Padoa-Schioppa – anunciando medidas em favor dos jovens que pagam aluguéis – fez ironia, dizendo querer ajudar os bamboccioni a sair da casa natal. Colegas de governo, parlamentares da oposição e um exército de mammas indignadas provocaram uma avalanche de críticas contra o ministro. Alguns chegaram a dizer que Padoa-Schioppa estava se intrometendo na livre escolha de vida dos cidadãos. Dados do Istat, o Instituto Nacional de Pesquisas e Estatísticas, indicam que 60% dos jovens entre 18 e 34 anos ainda vivem com os pais. — A realidade é que sete milhões de jovens italianos entre os 25 e os 35 anos são eternos Peter Pan, que se negam a crescer — explica a socióloga Melita Pende, sobre as mulheres e homens feitos que ainda dormem tranqüilos e satisfeitos na casa dos pais, com o café na mesa todas as manhãs, o motorino na garagem, o último modelo de playstation e o telefonino mais moderno à disposição. De acordo com Melita, ser jovem hoje, na Itália, significa depender dos mais velhos. — É uma sociedade em que as mães paparicam os filhos do berço até o altar e, na maioria das vezes, até depois do casamento — diz a psicóloga. Para ela, a falta de trabalho no país também é um fator que acaba impedindo as perspectivas de futuro das novas gerações, fazendo com que eles permaneçam mais tempo presos à proteção da família. tendenza sempre più accentuata dei mammoni, i figli che si negano a maturare e uscire da sotto le gonne delle mamme. Incertezze sentimentali, famiglie più tolleranti, benessere, comodità e facilità dentro casa sono altri motivi che impediscono alle nuove generazioni di procurarsi l’indipendenza. — Perché dovrei andarmene da casa? Amo i miei genitori e là ho tutto: la mia stanza, le mie cose, la mia macchina. Sono un giovane single, i miei sono ottimi, quali sono i motivi per abbandonarli, passare per difficoltà e farli soffrire? — pensa Luca Nuoro, 38 anni. Lui lavora come barista in un caffè dello zio, a pochi metri dalla casa dei suoi, al centro di Roma. Ed è molto soddisfatto della sua vita. — Potete chiamarmi come volete. Se sono un mammone, faccio parte della maggioranza — dice Luca che giustifica: — Tutti i miei amici abitano con i genitori. — Mio figlio mi ama così come tutti i giovani italiani amano le loro mamme. Sono sicura che non mi abbandonerà all’improvviso. Luca non insulterà la donna che l’ha messo al mondo senza un motivo molto forte — dichiara Mirella Vescovi, madre di Luca. Così come il mammone consapevole di Mirella, gran parte dei giovani italiani non pensa di fare un qualcosa di assurdo o sbagliato negandosi a vivere da solo. Tuttavia, nelle ultime settimane di ottobre, il tema è divenuto polemica nel paese, dopo che il ministro dell’Economia Tommaso Padoa-Schioppa – annunciando misure a favore dei giovani che pagano l’affitto – è stato ironico col dire che vuole aiutare i ‘bamboccioni’ ad andarsene dalla casa dei genitori. Colleghi di governo, parlamentari dell’opposizione e un esercito di mamme indignate hanno provocato una valanga di critiche contro il ministro. Alcuni hanno comin- Novembro 2007 / “Por que eu deveria sair de casa? Eu amo os meus pais e tenho tudo lá: meu quarto, minhas coisas, meu carro” Luca Nuoro, de 38 anos ciato a dire che Padoa-Schioppa si stava intromettendo nella libera scelta di vita dei cittadini. Dati dell’Istat, l’Istituto Nazionale di Statistica, indicano che il 60% dei giovani tra i 18 e i 34 anni vivono ancora con i genitori. — In realtà sette milioni di giovani italiani tra i 25 e i 35 anni sono eterni Peter Pan che si negano a crescere — spiega la sociologa Melita Pende, parlando di uomini e donne fatti che dormono ancora tranquilli e soddisfatti nella casa dei genitori, con la colazione in tavola tutte le mattine, il motorino nel garage, l’ultimo modello della Playstation e il telefonino più moderno a disposizione. Secondo Melita, oggi essere giovane, in Italia, significa dipendere dai più grandi. — È una società in cui le mamme coccolano i figli dalla culla fino all’altare e, la maggior parte delle volte, perfino dopo il matrimonio — dice la psicologa. Per lei, la mancanza di lavoro nel paese è un altro fattore che finisce per ostacolare le prospettive di futuro delle nuove generazioni, facendo sì che rimangano più tempo legate alla protezione della famiglia. Uno studio di due economisti e ricercatori italiani, reso noto l’anno scorso, responsabilizza i genitori possessivi per la diffusione dei mammoni nel paese. ComunitàItaliana 33 capa Estudo de dois economistas e pesquisadores italianos, divulgado no ano passado, responsabiliza os pais possessivos pela difusão dos mammoni no país. — São eles os primeiros a convencer os filhos a permanecer em casa, corrompendo-os com favores e dinheiro — diz a pesquisa de Marco Manacorda e Enrico Moretti, publicada na revista Centrepiece, segundo a qual 40% dos jovens americanos entre 18 e 30 anos moram na casa dos pais, em comparação com 50% dos ingleses e 80% dos italianos. De acordo com o estudo, os pais italianos se esforçam muito para serem amados pelos filhos. Mas compram esse amor em troca da independência dos filhos. — O preço que os jovens pagam por essa realidade é alto: além da escassa independência que têm hoje, no longo prazo deverão lamentar a pouca satisfação na vida — afirma Manacorda. Para a publicitária Rosella Spingarda, de 32, de Bolonha, pior do que ser mammone é querer transformar a mulher numa segunda mãe. — Quando o meu namorado fica lá em casa, acha que eu sou uma máquina de cozinhar, lavar e passar roupa. Só que eu trabalho todos os dias e quero um homem que divida as tarefas comigo — reclama a publicitária, que mora sozinha em Roma há mais de cinco anos. Corrretor de imóveis, Vittorio Gregário, de 34, admite que não sente qualquer vergonha por morar com os pais ou por a mãe fazer tudo para ele: — Eu respeito muito as mulheres. Mas quero uma que seja como a minha mãe, que não se importe em fazer os serviços domésticos. Se a mulher que está comigo se dispõe a fazer isso, eu caso. Para alguns especialistas, a falta de oportunidades é a gran- de responsável pelo crescimento desenfreado de mammoni no país. Os jovens de 30 dos tempos atuais compõem a primeira geração pós-guerra que arrisca estar pior do que a anterior. — Parece que ninguém está pensando seriamente no que representa o futuro de um país: a sua juventude. Na Itália, o imobilismo, o familismo e a precariedade acabam privando os jovens de ter um futuro próprio. É um país onde apenas os velhos têm oportunidades e governam. Entre os políticos, por exemplo, apenas 1% têm menos de 30 anos; 15% estão abaixo da faixa dos 40 e 55% têm mais de 61 anos — critica o analista político Fausto Grandi. Também colabora para a saída tardia dos jovens da casa dos pais, além da falta de emprego, o baixo salário. Jovens começam ganhando pouco e, ao longo dos anos, os aumentos de salários são pequenos. Eles não têm como alcançar o mesmo padrão dos mais velhos. De acordo com uma análise do Bando d’Italia, o salário dos jovens foi se reduzindo ao longo dos anos 90, em comparação com o dos trabalhadores mais velhos. Hoje, os filhos recebem 35% menos do que ganhavam os pais quando tinham a mesma idade deles. No final dos anos 80, segundo o relatório, o salário dos homens entre os 19 e os 30 estava 20% mais baixo do que o dos trabalhadores de 31 a 60 anos. Em 2004, a diferença chegou aos 35%. Para piorar mais a situação dos jovens, a taxa de desemprego aumentou. Não bastasse isso, a nova legislação trabalhista permitiu novo tipo de contrato que permite às empresas pagar menos aos novos trabalhadores, com a justificativa de compensar obrigações de treinamento. Cartaz do filme O Vitelloni de Fellini. Padoa-Schioppa: ironia as mammoni Locandina del film I vitelloni di Fellini. Padoa-Schioppa: ironia sui mammoni — Sono loro i primi a convincere i figli a rimanere a casa, corrompendoli con favori e soldi — dice la ricerca di Marco Manacorda e Enrico Moretti, pubblicata sulla rivista Centrepiece, secondo la quale il 40% dei giovani americani tra i 18 e i 30 anni abitano a casa dei genitori, in confronto al 50% degli inglesi e l’80% degli italiani. Secondo lo studio, i genitori italiani si sforzano molto per essere amati dai figli. Ma comprano questo amore in cambio dell’indipendenza dei figli. — Il prezzo pagato dai giovani dovuto a questa realtà è alto: oltre alla scarsa indipendeza che hanno oggi, a lungo termine dovranno soffrire per le poche soddisfazioni nella vita — afferma Manacorda. Secondo la pubblicitaria Rosella Spingarda, 32, di Bologna, peggio che essere mammone è voler trasformare la moglie in una seconda madre. — Quando il mio ragazzo rimane là a casa, pensa che io sia una macchina per cucinare, lavare e stirare. Ma io lavoro tutti i giorni e voglio un uomo che divida i compiti con me — reclama la pubblicitaria, che abita da sola a Roma da più di cinque anni. Agente immobiliare, Vittorio Gregario, 34, ammette che non si vergogna di abitare con i genitori o che sua madre faccia tutto per lui: — Io rispetto molto le donne. Ma ne vorrei una che fosse come mia madre, a cui non desse fastidio fare i servizi domestici. Se la donna che sta con me si dispone a farlo, me la sposo. Per gli specialisti, la mancanza di opportunità è la grande responsabile della crescita sfrenata dei mammoni nel paese. I giovani trentenni dei giorni d’oggi fanno parte della prima generazione del dopoguerra che rischia di stare peggio di quella anteriore. — Sembra che nessuno stia pensando seriamente a ciò che rappresenta il futuro di un paese: la sua gioventù. In Italia l’immobilismo, il familismo e la precarietà finiscono col privare i giovani di un futuro proprio. È un paese dove soltanto gli anziani hanno opportunità e governano. Tra i politici, per esempio, soltanto l’1% ha meno di 30 anni; il 15% è al di sotto dei 40 e il 55% ha più di 61 anni — critica l’analista politico Fausto Grandi. Vantagens Vantaggi Segurança afetiva Sicurezza affettiva Amparo mútuo Sostegno mutuo Vacina contra a solidão Vaccino contro la solitudine Intromissão direta dos pais na vida dos filhos Intromissione diretta dei genitori nella vita dei figli Dependência financeira dos filhos Dipendenza finanziaria dei figli Vampirismo emocional e financeiro dos filhos sobre os pais Vampirismo emozionale e finanziario dei figli nei confronti dei genitori Desvantagens 34 ComunitàItaliana A análise do Banco d’Itália vai além. Revela que também em termos previdenciários, as novas gerações estão perdendo: “Os jovens trabalhadores têm de suportar elevadas contribuições sociais e altas taxas, uma diminuição do crescimento do salário real e uma baixa cobertura para a aposentadoria, junto a uma carreira instável. Isso é muito para justificar crescentes preocupações, além do aumento do desemprego”, diz o documento. O Instituto Iard ouviu 2.500 jovens italianos, dois meses atrás, de 25 a 29 anos, e 57,3% deles ainda viviam com os pais, não apenas por necessidade econômica. De acordo com os sociólogos do instituto, a situação se deve a uma sociedade permissiva e consumista, que não consegue mais satisfazer as expectativas dos jovens, para os quais a família se torna um refúgio. Há mais homens do que mulheres (67,4% contra 45,9%) entre os mammoni da Itália. Uma prova de que eles ainda são bons vitelloni. — Comprar uma casa própria para morar sozinho ainda não faz parte dos meus planos. Em casa, faço tudo o que quero, tenho toda a liberdade, não preciso dar satisfações dos meus passos. Viver com os pais é uma situação cômoda. Não vou deixar o conforto que tenho para passar necessidade — afirma o engenheiro Fabio Marone, de 35. Conforme a psicoterapeuta Anna Pandolfi, mesmo quando os mammoni saem de casa para ca- sar também não conseguem cortar o cordão umbilical. Muitas mães interferem nas pequenas e grandes coisas do casamento do filho. Isso não costuma agradar muito às noras. Mãe gentil, lar garantido Melissa Borring, de 28, acabou de cursar a segunda faculdade, depois de se formar em Direito. Percebeu que não era bem essa carreira que gostaria de seguir e decidiu encarar um curso superior de gastronomia. Algum problema até aqui? Nenhum. Namorou por cinco anos, mas o relacionamento se desfez e, neste mês, ela segue rumo à Itália, para estágio de três meses de culinária italiana. Nunca trabalhou firme. O dinheiro dos pais, claro!, com quem ainda mora em Niterói, vai sustentá-la. Também no Brasil, o fenômeno dos mammoni se reproduz em larga escala. Jovens como Melissa demoram cada vez mais a conquistar a independência. — Tenho tudo na casa dos meus pais e, principalmente, liberdade. Não procurei emprego até agora porque queria muito essa bolsa para a Itália e fiquei com medo de sujar o meu nome se conseguisse algo e logo depois tivesse que sair por causa da bolsa. Então, conversei com os meus pais e resolvemos aguardar e deu certo — explica Melissa, que pensa em ficar na Itália mais do que os três meses previstos, se tudo der certo e arrumar um emprego. Para a terapeuta familiar Gilda Franco Montoro, um dos fato- Svantaggi / Novembro 2007 Melissa entre seus pais Sandra e Cláudio: 28 anos de proteção debaixo do teto familiar Melissa tra i genitori Sandra e Claudio: 28 anni di protezione sotto il tetto della famiglia Inoltre, collaborano alla tardiva uscita dei giovani dalla casa dei genitori, oltre alla mancanza di impiego, i bassi stipendi. I giovani cominciano guadagnando poco e, col passare degli anni, gli aumenti dei salati sono scarsi. Non possono raggiungere lo stesso standard dei più maturi. Secondo un’analisi del Banca d’Italia, lo stipendio dei giovani si è ridotto durante gli anni ’90, in confronto a quello dei lavoratori più vecchi. Oggi, i figli ricevono il 35% in meno di quanto guadagnavano i genitori quando avevano la loro stessa età. Alla fine degli anni ’80, secondo il saggio, lo stipendio degli uomini tra i 19 e i 30 era il 20% inferiore di quello dei lavoratori tra i 31 e i 60 anni. Nel 2004, la differenza è arrivata al 35%. Per peggiorare ulteriormente la situazione dei giovani, i tassi di disoccupazione sono aumentati. E se ciò non bastasse, la nuova legislazione del lavoro ha permesso un nuovo tipo di contratto che permette alle imprese di pagare meno ai nuovi lavoratori, giustificandosi con la compensazione degli obblighi del training. L’analisi della Banca d’Italia va oltre. Rivela che anche in termini previdenziari, le nuove generazioni stanno perdendo: “I giovani lavoratori subiscono elevati contributi sociali ed alte tasse, una diminuzione della crescita del salario reale e una bassa copertura per le pensioni, insieme da una carriera instabile. Ciò è sufficiente a giustificare crescenti preoccupazioni, oltre alla presenza dell’aumento della disoccupazione”, dice il documento. L’Istituto Iard ha sondato 2500 giovani italiani, due mesi fa, dai 25 ai 29 anni, e il 57,3% di loro viveva ancora con i genitori, non soltanto per motivi economici. Secondo i sociologi dell’Istituto, la situazione è dovuta alla società permissiva e consumista, che non Novembro 2007 / “Tenho tudo na casa dos meus pais e, principalmente, liberdade” Melissa Borring, de 28 anos riesce più a soddisfare le aspettative dei giovani, per i quali la famiglia diventa un rifugio. Ci sono più uomini che donne (67,4% contro 45,9%) tra i mammoni d’Italia. È una riprova che sono ancora buoni ‘vitelloni’. — Comprare la casa propria per abitarci da solo non fa ancora parte dei miei piani. A casa, faccio tutto quello che voglio, ho tutte le libertà, non devo dare soddisfazione dei miei passi. Vivere con i genitori è una situazione comoda. Non lascio le comodità che ho per affrontare difficoltà — afferma l’ingegnere Fabio Marone, 35. Secondo la psicoterapeuta Anna Pandolfi, neanche quando i mammoni se ne vanno da casa per sposarsi riescono a tagliare il cordone ombelicale. Molte mamme interferiscono nelle piccole e grandi cose del matrimonio dei figli. E questo, di solito, non piace alle nuore. Mamma gentile, casa garantita Melissa Borring, 28, ha appena terminato la seconda facoltà dopo essersi laureata in Legge. Ha capito che non era proprio quella la carriera che le piaceva seguire e ha deciso di affrontare un corso universitario di gastronomia. Fino a qui ci sarebbero problemi? No. È stata insieme a un uomo cinque anni ma il rapporto è finito e, questo mese, se ne va in Italia per uno stage di tre mesi di culinaria italiana. Non ha mai lavorato sodo. I soldi dei genitori, è chiaro, con cui ancora vive a Niterói, la manterranno. ComunitàItaliana 35 capa emprego porque não procure ou não deixei a casa de meus pais porque não quis. Prolonguei minha estadia na casa deles porque meus planos eram distintos daqueles da minha irmã. Estou seguindo o meu caminho. A psicoterapeuta Gilda informa que, no Brasil, a faixa etária dos marmanjos está em torno dos 26 aos 40. Na Itália, há pouco tempo, uma mamma de 81 cancelou a mesada e tirou as chaves de casa do filho, de 61, além de ter feito queixa contra ele na delegacia da sua cidade. Motivo? Ele chegava tarde e não dizia para onde ia à noite. Para alguns pais, pode parecer bom que os filhos fiquem sempre por perto. Porém, a terapeuta alerta para os prós e contras da situação e dá dicas de como se deve incentivar aos filhos no rumo da independência: elogiando e apoiando os pequenos esforços em direção à autonomia, desde a infância e a adolescência. — Os pais podem mostrar ao filho que o amam, mas que não estão dispostos a se sacrificar para satisfazer todos os desejos dele. Pode ser necessária uma terapia familiar para ajudar os dois lados a perceber que talvez tenham expectativas e exigências descabidas. Os pais, por desejarem resolver a vida do filho como se ele ainda fosse criança, e o filho, por desejar ser uma espécie de Peter Pan, fazendo do lar um tipo de Terra do Nunca, com liberdade total, sem precisar crescer nem assumir responsabilidades — ensina Gilda. A escritora Maria Tereza Maldonado batizou esses jovens adultos que moram eternamente na casa dos pais de geração canguru. Mas, ao contrário da maioria dos especialistas, ela acredita que pode ser muito bom que os filhos morem juntos dos pais. O que não se deve, na opinião da educadora, é ter filhos que não contribuam em casa nas despesas e nas responsabilidades domésticas. Anche in Brasile il fenomeno dei mammoni si riproduce su larga scala. Giovani come Melissa ci mettono sempre di più a conquistare l’indipendenza. — Ho tutto nella casa dei miei e, specialmente, la libertà. Non ho cercato un impiego finora perché desideravo molto questa borsa per l’Italia e ho avuto paura di bruciarmi il nome se avessi ottenuto la borsa e subito dopo mi fossi dovuta licenziare dovuto alla borsa. Allora ho parlato con i miei e abbiamo deciso di aspettare e ha funzionato — spiega Melissa, che pensa di restare in Italia più dei tre mesi previsti, se andrà tutto bene e troverà un impiego. Per la terapeuta familiare Gilda Franco Montoro, uno dei fattori che portano i giovani a andarsene da casa tardi è proprio la mancanza di stabilità finanziaria. In un mondo competitivo, non sempre la laurea basta a garantire l’entrata dei giovani nel mercato del lavoro. — Quarant’anni fa c’era un’importante motivazione per sposarsi presto, per avere libero accesso alla vita sessuale, prima proibita ai non sposati. Oggi, non c’è più bisogno di sposarsi per avere una vita amorosa. Le famiglie hanno accettato questi cambiamenti della morale sessuale ed è normale dormire a casa dei genitori del compagno il fine settimana — spiega la terapeuta. Lasciare il nido può essere un’opzione dolorosa, crede Gilda, per chi deve affrontare un mondo così insicuro e minaccioso. Ma la terapeuta avvisa che, malgrado la casa dei genitori sembri il miglior posto del mondo, può apportare conseguenze disastrose per ambedue i lati. — I genitori sono portati a credere che i figli non siano cresciuti e si sentono in diritto di controllare le loro vite dando ordini, suggerimenti e consigli che causano litigi. E i figli possono adagiarsi su di una situazione di dipendenza, incapaci di affrontare le sfide dell’autonomia — dice Gilda. Grupo Keystone res que levam os jovens a sair de casa tarde é justamente a falta de estabilidade financeira. Num mundo competitivo, nem sempre o diploma universitário basta para garantir o ingresso dos jovens no mercado de trabalho. — Há 40 anos havia uma motivação importante para se casar cedo, para ter o acesso livre à vida sexual, antes interditada para os namorados. Hoje, já não há mais necessidade de se casar para ter uma vida amorosa. As famílias aceitaram essas mudanças de moral sexual e é normal dormir na casa dos pais do namorado no fim de semana — explica a terapeuta. Deixar o ninho pode ser uma opção dolorosa, acredita Gilda, para quem tem de enfrentar um mundo tão inseguro e ameaçador. Mas a terapeuta alerta que, apesar de a casa dos pais parecer o melhor lugar do mundo, isso pode trazer conseqüências desastrosas para ambos os lados. — Os pais podem achar que os filhos não cresceram e se sentirem no direito de controlar suas vidas com ordens, sugestões e palpites que geram brigas. E os filhos podem se acomodar em uma situação de dependência, incapazes de enfrentar os desafios da autonomia — diz Gilda. Melissa admite viver essa situação. Mas se justifica pela opção por uma trajetória diferente da de sua irmã mais nova, de 26, que já mora sozinha, ao afirmar que não se importa com comparações: — Acho que a minha situação é diferente. Não é que não tenha 36 ComunitàItaliana / Novembro 2007 Melissa ammette di vivere questa situazione. Ma giustifica la scelta di una traiettoria diversa da quella della sua sorella più giovane, di 26 anni, che già vive da sola, quando dice che non le importano i paragoni: — Credo che la mia situazione sia differente. Non ho un impiego non perché non lo cerco o non ho lasciato la casa dei miei perché non ho voluto. Ho prolungato il mio soggiorno a casa loro perché i miei piani erano diversi da quelli di mia sorella. Sto seguendo la mia strada. La psicoterapeuta Gilda informa che, in Brasile, le fasce d’età dei mammoni si aggirano dai 26 ai 40 anni. In Italia, poco tempo fa, una mamma di 81 anni ha tolto la paghetta e le chiavi di casa al figlio di 61 anni, oltre ad averlo denunciato al commissariato della sua città. Il motivo? Arrivava tardi e non diceva dove andava di sera. Per molti genitori, può sembrare un bene che i figli rimangano sempre vicini. Ma la terapeuta avvisa sui pro e i contro della situazione e dà consigli su come si deve incentivare i figli a prendere la strada dell’indipendenza: lodando e appoggiando i piccoli sforzi verso l’autonomia, fin dall’infanzia e l’adolescenza. — I genitori possono dimostrare al figlio che lo amano, ma che non sono disposti a sacrificarsi per soddisfare tutti i loro desideri. Può essere necessaria una terapia familiare per aiutare i due lati a percepire che forse ci sono aspettative ed esigenze inopportune. I genitori, che vogliono risolvere la vita del figlio come se fosse ancora bambino, e il figlio perché vuole essere una specie di Peter Pan, trasformando la casa in una specie di Terra Che Non C’è, con libertà totale, senza dover crescere, né assumersi responsabilità — insegna Gilda. La scrittrice Maria Tereza Maldonado ha chiamato questi giovani adulti che abitano eternamente nella casa dei genitori ‘generazione canguro’. Ma, al contrario della maggioranza degli specialisti, lei crede che può essere molto positiva la vita dei figli insieme ai genitori. Quello che non si deve fare, secondo l’educatrice, è avere figli che non contribuiscano a casa nelle spese e nelle responsabilità domestiche. educação uso do celular é vetado não apenas para telefonar, ou receber mensagens, mas, principalmente, para jogar ou filmar — afirma o ministro da Educação, Giuseppe Fioroni, ao pedir aos professores para que estejam vigilantes e não hesitem em punir quem viola as regras. Em guerra contra o happy slapping Registrar atos de sadismo explícito em câmeras de celulares para divulgá-los na internet se torna moda bizarra nas salas de aula. O problema é combatido com rigor na Itália e também já preocupa autoridades no Brasil C Valquíria Rey, de Roma e Nayra Garofle enas verdadeiras ou estimuladas de sexo em plena sala de aula. Estudantes que jogam cadeiras uns contra os outros na presença do professor. Muitas risadas, deboches e também sofrimento e humilhação. Tudo isso registrado pelas câmeras de seus celulares. É o happy slapping. A expressão idiomática inglesa, que significa algo como estapear com alegria, refere-se à prática de atos de violência gratuita registrados em câmeras de telefones celulares para divulgação na Internet. Trata-se de sadismo explícito. Esse comportamento bizarro tem se alastrado pela Europa e pelo restante do mundo. Na Itália, onde o ano letivo mal começou, professores e alunos já são vítimas 38 ComunitàItaliana / Novembro 2007 constantes dessa modalidade do bullismo – agressão feita na escola por crianças e adolescentes, como pancadas, abusos, ameaças, chantagens e perseguições. Imagens recentes feitas em várias escolas de norte a sul da Itália circulam e se transformam em espetáculos públicos no YouTube e em outros sites de Internet semelhantes. São provas de que a lei criada para proibir o uso de celulares nas salas de aula italianas tem sido ignorada. — Desde 15 de março, o uso do celular está proibido nas salas de aula. A escola é uma instituição séria, onde se deve aprender o respeito a si mesmo e aos outros. O Sanções por atos e omissões Conforme normativa do Ministério da Educação, o estudante que insistir em usar o telefonino está sujeito a tê-lo retirado durante as aulas e a sanções disciplinares. O professor que se omitir deverá ser punido e os pais também podem sofrer conseqüências. Em caso de flagrante, as multas são altas. As escolas também são obrigadas a formalizar em seus regulamentos o veto ao uso dos celulares e as punições previstas para os indisciplinados. O Ministério chegou a cogitar sobre a possibilidade de modificar o Estatuto dos Estudantes, em vigor desde 1998. Em casos de violência grave foram analisadas punições mais rigorosas, como a proibição de fazer o exame ao término do ensino médio, suspensão de 15 dias, trabalho na limpeza da escola, em serviços de manutenção e voluntariado. Não está descartada também a possibilidade de se estabelecer um pacto de responsabilidade entre família e instituição. — Apoiamos e apreciamos o espírito da intervenção do Ministério da Educação. Era necessário fazer alguma coisa para chamar a atenção das pessoas sobre o respeito às regras — diz Giorgio Rembado, presidente da Associação Nacional dos Diretores de Escolas, que também é favorável à modificação do Estatuto dos Estudantes. De acordo com Rembado, em função dos episódios escandalosos dos últimos meses, era necessário modificar as sanções disciplinares. Ele defende também que os pais estejam atentos ao significado da escola e que, ao escolher uma instituição, respeitem as regras. Por outro lado, as denúncias sobre uso de telefone celular na sala de aula ainda são poucas. No início de outubro, uma professora de Impéria, no norte do país, acusou um estudante de gravar uma aula. Agora, ele corre o risco de ser multado em 18 mil euros por invasão de privacidade. Abusos na Internet A maioria das escolas italianas garante que já se adaptou à determinação do Ministério. No entanto, em curta visita ao YouTube, ao Libero Video ou a outros sites se pode comprovar que os estudantes continuam abusando do uso de celulares durante as lições. São eles mesmos que publicam os vídeos e não se escondem por atrás do telefonino, dando assim a possibilidade de serem considerados responsáveis nos casos de violência. A maioria dos vídeos mostra cenas de brincadeiras de mau gosto e jogos nos intervalos e durante as aulas. Falam de sexo, professores malucos, colegas gostosas ou de parceiros violentos. Os rapazes alegam que é apenas diversão. De acordo com eles não tem nada de abuso. Em um vídeo, um professor dá o troco e obriga um aluno a se ajoelhar na sua frente. Em outro, um estojo é jogado e acerta uma professora. — Alguns episódios foram gravíssimos, mas, por outro lado, houve muito poucos em relação aos milhões de estudantes das escolas italianas. Nos casos em que conseguimos encontrar os responsáveis, eles estão sendo punidos — avalia o ministro Fioroni. O ministro é categórico ao pedir ajuda aos professores e diretores de escola em nome da tolerância zero contra aqueles que invadem a liberdade dos outros. Principalmente dos mais frágeis, usando a violência como autoafirmação. É a Itália em guerra declarada ao happy slapping. São Paulo também quer vetar celular em aula Se na Itália o happy slapping nas escolas já assusta as autoridades, no Brasil ainda não se trata de uma questão nacional. Mas, em São Paulo, as autoridades pretendem cortar o mal pela raiz. Numa medida preventiva, o “alô” na sala de aula está em vias de ser proibido no estado, possivelmente ainda neste mês. O Projeto de Lei 132/07, que veta o uso de celulares em classe, aguarda a aprovação do governador José Serra (PSDB). A proposta, de autoria do deputado estadual Orlando Morando (PSDB), foi aprovada no dia 28 de outubro pela Assembléia Legislativa. Segundo o deputado, “o envio de torpedos e conversas desvia a atenção dos estudantes”. A coordenadora de serviços de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, de São Paulo, Silvana Leporace, também acredita que o uso do telefone na sala de aula prejudica os alunos: — Não proibimos os alunos de estar com o celular. O que fazemos é orientar em relação ao uso positivo do aparelho. Dentro da sala de aula não admitimos que toque, que o aluno ligue pra alguém ou que troque mensagens. Então o aluno sabe que esse tipo de situação nós não permitimos. O colégio paulistano com tradições italianas não esperou a aprovação da lei. A coordenadora enfatiza que a sala de aula não é um lugar para se falar ao celular, pois o aluno tem de estar focado no trabalho pedagógico. — É uma questão de respeito aos colegas que estão na sala e que não devem ser interrompidos durante a aula e ao professor, especialmente, que precisa realizar o seu trabalho — diz Silvana. O projeto de lei dá aos professores a tarefa de fiscalizar os alunos. O que já acontece no Dante Alighieri, por exemplo. — O aluno precisa compreender que o espaço da sala de aula não é só dele e que precisa ser compartilhado com os outros. Se todos resolvem usar o celular não há aula que consiga fluir — conta a coordenadora. Silvana afirma que os estudantes respeitam esse limite: — Se em casos extremos o telefone toca na sala de aula, a professora pede para o aluno sair. A tentativa de burlar regras sempre existe, principalmente quando se trata de jovens, mas o adulto tem que mostrar qual é o limite. O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de São Paulo (Sieesp), José Augusto de Mattos Lourenço, concorda com a lei e afirma que a “sala de aula não é lugar para celular, iPod, mp3 e outros aparelhos”. A estudante Larissa Nunes, de 15 anos, conta que não costuma atender seu celular em sala de Novembro 2007 / Desde 15 de março, o uso do celular está proibido nas salas de aula italianas. O Ministério chegou a cogitar a possibilidade de modificar o Estatuto dos Estudantes, em vigor desde 1998 aula. Morando no Rio de Janeiro, ela diz que mesmo que o estado também cogite adotar a lei, não vai fazer diferença em sua turma. — Meus amigos e eu não atendemos telefone na sala de aula. É ordem do colégio e acho que isso já acontece na maioria das escolas. Então, acho que esta lei só serve para sustentar essa ordem quando algum aluno não respeitar, de forma alguma, o professor — acredita. ComunitàItaliana 39 educação Relazione dell’Unione Europea rivela che i giovani italiani affrontano situazione di alto rischio sociale per l’abbandono precoce degli studi L’ Valquíria Rey Correspondente • Roma Grupo Keystone educazione in Italia va di male in peggio. Resa nota in ottobre, una relazione dell’Unione Europea (UE) sul tema lo prova: gli adolescenti abbandonano con troppa facilità gli studi. Uno dei dati più preoccupanti si riferisce al tasso di interruzione degli 40 studi tra i giovani dai 18 ai 24 anni. Nel 2006, il 20,8% degli italiani a quest’età hanno smesso di studiare, mentre la media europea è rimasta al 15,3%. La meta del continente è invece quella di arrivare nel 2010 al massimo ad un 10%. “L’Italia è al di sotto della media europea in quasi tutte le aree strategiche che si riferiscono al settore scolastico”, rivela la relazione della UE sull’educazione nel Belpaese. “Il sistema scolastico italiano ha fatto progressi negli ultimi sei anni, ma oltre all’evasione scolastica mostra anche problemi legati alla percentuale di studenti di 15 anni, che presentano difficoltà di lettura, di conclusione dell’educazione universitaria e di adulti partecipanti alla formazione permanente”, prosegue il documento. Il paese appare al di sopra della media della UE appena in un indicatore: il numero di diplomati in materie scientifiche e tecniche. — Tra il 2000 e il 2006 l’Italia ha migliorato la sua performance legata al compimento del ciclo universitario e nelle facoltà di scienza e tecnologia — segnala Odile Quintin, direttore generale per l’educazione della UE, che conclude: — Però ha fatto progressi meno significativi, senza riempire le lacune legate alla capacità di lettura di base della gioventù. Gli adulti italiani che partecipano ai programmi di formazione permanente sono poco più del 6,1%. Nella UE, queste percentuali sono del 9,6%. ComunitàItaliana / Nel 2006, l’indice degli studenti che hanno completato il corso unversitario è arrivato al 75,5% (un aumento del 6% rispetto al 2000). La percentuale è più vicina alla media dei paesi europei (del 77,8%), ma è ancora lontana dagli obiettivi della UE (dell’85%). Analfabetismo funzionale Secondo rilevamenti della UE, la percentuale di giovani italiani quindicenni incapaci di leggere o di capire un testo è aumentata tra il 2000 e il 2006, passando dal 18,9% al 23,9%, in rapporto alla media europea che è del 19,8%. Difficoltà familiari, bassa autostima e mancanza di motivazione per gli studi sono alcune delle principali cause del precoce abbandono scolastico in Italia. Secondo la psicologa educativa Maria Chiara Venti, le difficoltà dei giovani nel periodo scolastico hanno diverse origini. — Problemi economici familiari e di adattamento, cambio di residenza e di amicizie e la scelta sbagliata del corso possono stimolare l’abbandono — spiega facendo un appello affinché il sistema educativo italiano si rivolga a questi giovani e li aiuti, altrimenti, secondo la psicologa, avranno altri problemi sociali. Desistenza precoce Dati dell’Istat, l’Istituto Nazionale di Statistica italiano, resi noti alla fine dell’anno scorso, indicano che l’abban- Novembro 2007 Avversione alla lettura Invece i dati di un’altra ricerca, fatta ogni due anni dalla Mondadori-Ipsos sul mercato librario in Italia, indicano che il 62% degli italiani non leggono nemmeno un libro all’anno. Secondo il rilevamento, reso noto in ottobre a Roma, per entrare nella categoria di lettore bastava che l’intervistato dicesse di aver letto un libro all’anno, più o meno come dichiararsi cattolico e andare a messa soltanto a Natale. Ma soltanto il 38% ha garantito di aver letto perlomeno un libro, la maggioranza al nord del paese. La finestra Daniele Mengacci Il vice presidente Tavecchio consegna premi alla giudice Denise Frossard e al ministro del Lavoro, Carlos Luppi Celebrazioni in dose tripla I n un vero e proprio gol da campione, la notte del 5 novembre è stata segnata da un “derby” mai visto sul palco dell’Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. Approfittando la solennità della consegna del titolo di cittadino dello Stato di Rio de Janeiro attribuito al dirigente dell’Obiettivo Lavoro, Massimo Cabiati, e la partecipazione della squadra italiana di Beach Soccer nel Campionato Mondiale (realizzato sulla spiaggia di Copacabana), la data ha riunito il meglio della società italo-brasiliana di Rio de Janeiro. Durante il primo tempo della partita, il deputato Délio Leal ha dichiarato cittadino fluminense l’italiano Cabiatti dovuto alle sue imprese nel settore impegatizio. La Obiettivo Lavoro, maggior agenzia di lavoro italiana, ha già portato circa duemila professionisti infermieri allo Stivale. — È un piacere ricevere questo onore dei fluminensi perché lavorare qui è meraviglioso. Questo rapporto che ha il popolo con l’Italia e tutto il resto rendono il lavoro molto più soddisfacente. Ringrazio anche l’appoggio che ho sempre ricevuto dal console Bellelli, senza di lui non saremmo riusciti ad essere ciò che siamo diventati — ha sottolineato Cabiati nel suo discorso. Erano presenti personalità come il giudice Denise Frossard, l’ex procuratore generale di stato Francesco Conte, il presidente della Terna Participações, Giovanni Giovanelli, il presidente dell’ICE, Giovanni Sacchi, il direttore dell’industria Granfino, Carmelo Mastrangelo, il capo di comunicazione del Comune di Rio, Agata Messina, tra gli altri. Mentre gli invitati assaporavano un rinfresco che includeva crocchette e quiche di baccalà e degustavano vari tipi di vini, si potevano apprezzare famose canzoni brasiliane cantate in italiano, come “Eu sei que vou te amar”, di Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Il vice presidente della Federazione Italiana di Calcio, Carlo Tavecchio, ha detto a Comunità che lo scambio di esperienze tra brasiliani e italiani nello sport contribuisce molto a migliorare il livello tecnico degli italiani. — Là si può avere due stranieri per ogni squadra. Il problema del beach soccer è che viene praticato soltanto per stagione, quindi la preparazione fisica ne rimane danneggiata. Ma lo sport dà continuità alla popolarità del calcio quando i campionati finiscono — spiega. Ancora in fase di adattamento negli allenamenti di una squadra di beach soccer, il tecnico Giancarlo Magrini conta sulla capacità del capitano della squadra Gianni Fruzzetti. — Sono da otto anni nel beach. Siamo rimasti incantati dalla città di Rio. È un peccato che il campionato sia breve e che dobbiamo tornare subito in Italia — conclude Gianni. [email protected] Sangue nuovo nelle vene? I l caos che contraddistingue la politica italiana negli ultimi mesi si è mantenuto vivo e vigoroso nell’appena trascorso mese di Ottobre. Mentre sullo scenario internazionale eravamo dileggiati dai partners europei per la nostra stupida insistenza a non rinunciare ai tagli dei seggi del prossimo Parlamento Europeo, posizione in contrasto con la recente proposta di riforma del nostro Parlamento, che dai più di seicento rappresentanti, scenderebbe a 512, il Governo del prode Prodi andava sotto al Senato quattro volte, i suoi alleati si becchettavano peggio dei polli di Renzo, la Magistratura tentava ancora una volta di fare politica con iscrizioni di indagati illustri, Dini faceva una fronda nascosta. Il tentativo di imbavagliare Internet, giustificato dal Governo come necessità tributaria, era, per fortuna, immediatamente respinto dai più liberali e da quelli che avevano capito che seguire la strada della burocratizzazione avrebbe solo dato maggiori argomenti distruttivi a Beppe Grillo. L’avvenimento partitico tanto atteso, la nascita a suffragio diretto del Partito Democratico e l’elezione, scontata, di Veltroni, invece di iniettare sangue nuovo nelle vene anemiche di idee della politica italiana, risultava essere una liturgia di stampo “partito unico” dei bei tempi quando il Sindaco di Roma poteva dichiararsi comuni- Divulgação senza futuro dono degli studenti universitari accade di solito all’inizio del corso. Per ogni cinque giovani, uno non rinnova l’iscrizione per il secondo anno. Il negativo risultato italiano in confronto agli altri paesi europei è motivo di preoccupazione per il Presidente della Repubblica, Giorgio Napolitano. — L’Italia si trova dietro ai paesi più avanzati dell’Europa e del mondo in quantità e qualità dell’educazione. Ricerca, formazione di base e istruzione universitaria rappresentano allo stesso modo aspetti dello stesso problema di fondo del nostro paese — ammette il Presidente in un’intervista collettiva durante la cerimonia di inaugurazione dell’anno scolastico 2007/2008. Secondo la UE, gli studenti non sono gli unici colpevoli. I fondi pubblici destinati al sistema scolastico italiano sono anch’essi inferiori alla media del continente. Mentre 27 paesi europei hanno investito il 5,1% del Prodotto Interno Lordo (PIL), in Italia è stato soltanto il 4,59%. Bruno de Lima Generazione articolo / notizie Novembro 2007 / sta, con l’aggiunta però di alcune novità. La prima era che anche in casa PD i brogli elettorali sono una consuetudine. È stato lo stesso Rutelli a denunciarli, parlando di “procedure scombinate e di poca trasparenza”. La seconda è che il PD ha offerto agli italiani all’estero la possibilità di esercitare il voto attivo e passivo, tramite un regolamento a tratti comico, a tratti burocratico. Vi si legge, ad esempio, che si è potuto votare via Internet, il che la dice lunga sul rischio del voto ripetuto e sull’assenza dall’urna elettronica dei meno disinvolti con la via digitale alla democrazia. Il regolamento stabilisce, con un’indicibile faccia di tolla, che le liste dovevano essere composte “alternando candidati di sesso diverso” e a parte quel “diverso”, non spiegava se vi era una quota donne e gay. Il regolamento poi specifica che hanno potuto votare tutti i maggiori di sedici anni ed essere eletti quei candidati che non avessero condanne in giudicato, forse un’intuizione grillesca ante litteram. La nostra Circoscrizione aveva diritto a 17 delegati, eletti in Argentina, Uruguay, Venezuela e Brasile, dove si è avuto un dato curioso: i seggi sono stati tre per Rio de Janeiro città e uno solo per tutta San Paolo. La pagina Internet del PD non riporta né i candidati estero, né i dati di affluenza e voto, e tantomeno l’elenco degli eletti. Ci si trova solo una dichiarazione che sottolinea come il 2,5% dei delegati di Veltroni vengano dai nostri emigrati PD, poco per chi, come da sempre, si fa vanto di trasparenza e moralità. ComunitàItaliana 41 Maculan: “professores não são heróis” Certa vez, um cientista chinês procurou Nélson Maculan Filho e logo o encontrou por intermédio de um amigo em comum, que Maculan conhecera tempos antes na Itália, mas que era inglês e trabalhava na França. O oriental queria obter mais informações sobre uma pesquisa do professor brasileiro sobre o comportamento de esferas quando empacotadas. O próprio se surpreendeu ao descobrir que a sua teoria poderia vir a ser aplicada em uma nova terapia de combate a tumores cancerígenos. Coisas de um mundo globalizado... Para o bem, mas também para o mal. Tanto que evasão escolar e analfabetismo funcional – problemas que Maculan agora enfrenta como secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro – preocupam também as autoridades no primeiro mundo, especialmente na Itália, país de origem dos avós do paranaense de 64 anos, amante tanto dos números quanto da palavra (fala fluentemente cinco idiomas). Ele não era muito de estudar, quando menino, mas se tornou engenheiro de Minas e Metalurgia, doutor em Engenharia de Produção, com mestrado em Estatística Matemática (origem da teoria das esferas), e foi reitor de uma das maiores universidades brasileiras, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outros cargos importantes. Na rede estadual de ensino, ele luta para implementar no ensino médio a educação integral, inspirado no que viu de melhor, em viagem recente à Itália, na educação pública italiana. Paula Máiran 42 ComunitàItaliana / Novembro 2007 C omunitàItaliana – Em que o senhor, um especialista em programação matemática, otimização combinatória e computação científica, pode contribuir na superação de uma crise história na rede de ensino fluminense? Nélson Maculan - O meu desafio, isto é, a minha meta, é conseguir implementar o sistema de educação integral. Estamos neste ano arrumando a casa, produzindo diagnósticos. No próximo ano, as coisas devem começar a acontecer. CI - Mas o senhor acredita que há tempo ainda para de fato mudar alguma coisa nos dois anos que restam de governo? Maculan - Há esse problema de governo, de descontinuidade entre uma gestão e outra. O Brasil se atrasou muito. Não dá para correr... Também não vamos parar. Temos que agir levando em consideração que é preciso estudar meios de garantir a continuidade das ações. CI - O senhor enfrentou, por sinal, uma crise logo no início de sua gestão na secretaria, que envolveu a falta de professores, com o atraso no início do ano letivo. Há previsão de o governo contratar oito mil professores no ano que vem. Maculan - A situação está melhor, embora os problemas ainda não estejam realmente resolvidos. Com esse salário, de 562 reais, fica difícil alguém querer entrar para essa profissão e os concursos não são fáceis. É uma profissão pouco valorizada. As universidades menos reconhecidas são as que formam professores. Há nas universidades até uma contrapropaganda contra a carreira. Na Universidade de São Paulo, saem formados apenas de cinco a dez em Matemática por ano. A maioria muda de área ou vira pesquisador. Ensino hoje é uma coisa muito mal vista. E para ser professor ainda tem que fazer curso de um ano de licenciamento. No caso do Brasil, sou a favor de se quebrar essa exigência. Deixa todo mundo fazer o concurso e depois treina os que passarem. CI - E na Itália, que tem índices de educação piores do que a média européia, o que está acontecendo de peculiar? Maculan - O grande problema lá é como lidar com a imigração. Em Milão, o preconceito com imigrantes é enorme... E o povo que mais sofre é o albanês, e é um povo inteligente, de boa formação. Sul-americanos trabalham em limpeza. E o interessante é que a Itália se tornou um país rico há pouco tempo. Até outro dia, eram os italianos que imigravam. Eu tinha 16 anos quando estive em Milão com meu pai, que fundou na cidade o Instituto do Café em Milão e tudo era muito diferente. CI - O senhor esteve na Itália em setembro, na missão comandada pelo governador Sérgio Cabral, para discutir o intercâmbio na área de educação. Como avalia o resultado da viagem? Maculan - Fui abrir espaços (ele viveu e trabalhou na Itália). Entre tantas, houve discussões sobre a criação de cursos técnicos na indústria naval. A Itália tem boa experiência nisso. CI - Em outros aspectos o que o Brasil teria a aprender com o modelo de educação italiano? Maculan - Eles têm, antes de tudo, um excelente modelo de educação integral. Eles têm o liceu, que são os últimos cinco anos da escola, que seria algo como um ensino secundário superior. Outra coisa é o que Itália tem a ensinar na Música, na Cultura, o país é um museu! No que se refere à universidade, tudo é muito parecido. Mas tem, por exemplo, a experiência deles em Física. Desde os tempos de Galileu Galilei a Itália é referência nessa área, com vários Nobel. O Brasil podia importar professores nessa área, mas o país nunca investiu nisso, como, por exemplo, fizeram os Estados Unidos, contratando professores europeus e de outros lugares do mundo. O Brasil tem resistência a estrangeiros. A Argentina chegou a fazer isso, mas a ditadura acabou com as universidades de lá. CI - E como a experiência italiana deve se aplicar na rede estadual do Rio? Maculan - A proposta é oferecer aos jovens um sistema dual. Um Ensino Médio que garanta profissionalização, para que o jovem possa sair com perspectivas de arrumar trabalho, mas não pode ser uma escola que prepare o aluno só para a indústria. Tem que Bruno de Lima entrevista “O Brasil podia importar professores nessa área, mas o país nunca investiu nisso, como, por exemplo, fizeram os Eua, contratando professores europeus e de outros lugares do mundo” oferecer uma base boa em matemática, no domínio da própria língua, na história de sua cidade, de seu estado, do seu país. CI - Mas a Itália enfrenta, como o Brasil, problemas de evasão escolar e de analfabetismo funcional. Ainda assim, seria um bom exemplo? Maculan - É bom lembrar que os problemas de evasão e de analfabetismo funcional na Itália não chegam aos pés dos nossos, no Brasil... Nosso analfabetismo funcional chega a mais de 57%... Nós estamos muito atrasados em relação à Europa. Eles têm educação em tempo integral, cultura de visitas a museus, laboratórios... Além do mais, o Ensino Médio é proble- Novembro 2007 / ma no mundo, não só no Brasil ou na Itália. CI - Na sua visão, o que explica a evasão e o analfabetismo funcional em países do primeiro mundo? Maculan - A didática não tem atendido às aspirações dos jovens. Também afeta os jovens a falta de perspectiva de emprego. Encontrar uma solução para isso é desafio no mundo inteiro. CI - Como o senhor vê então essa falência do modelo histórico de educação? Maculan - A escola tem de estar preparada para tratar dos temas que estão em voga na Internet. Hoje tudo é muito superficial no contato das pessoas com as informações. Então a pessoa ouve uma coisa e entende de maneira errônea. A rapidez entre a pesquisa e a difusão é enorme. Daí a importância de uma formação continuada. O Rio já tem as bases para providenciar isso, as usinas de conhecimento que são as universidades. As pessoas hoje estão preocupadas em aprender outras línguas, o que eu acho importante, eu mesmo falo e escrevo em cinco línguas, mas acho um problema não haver uma valorização da própria língua. CI - Entre os problemas em comum, os jovens italianos não gostam de ler, tanto quanto os brasileiros. Por que isso? Maculan - Nosso problema é mais grave. Nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas lêem por prazer. Aqui isso não ocorre. Eu tenho que ler porque sou professor. Mas é claro que o professor com o salário que recebe não tem dinheiro para comprar livros. CI - Sobre esse desinteresse dos jovens em relação à escola, o que pode ser feito? Maculan - Não há na Itália, como também não existe no Brasil, uma escola de mestres, como tem na França. Não basta o conhecimento teórico para formar um bom professor. Todo professor tem que ser um pouco palhaço, saber atuar, prender a atenção dos alunos, saber quando deve agir ou até mesmo quando não agir, fingir que não viu alguma coisa, que não vai poder resolver. Temos que parar com isso de que professores são heróis e heroínas sacrificados, somos profissionais como outros quaisquer. O importante é a imagem que o professor deve passar para os alunos. ComunitàItaliana 43 Meninos anoréxicos: ainda um tabu Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento para o hipertireoidismo. Problemas na tiróide atingem 15% das populações brasileira e italiana Valquíria Rey Correspondente • Roma O drama da anorexia voltou à tona na Itália com os outdoors – proibidos em outubro, pelo conselho de auto-regulamentação publicitária, por violar o código de conduta do setor – com uma foto de uma esquálida modelo nua em campanha da marca Nolita. Sem tanto alarde, outra faceta da doença apenas começa a ser discutida: o aumento do número de casos entre rapazes. Até então, limitava-se ao universo feminino a preocupação com a anorexia nervosa. Sempre são mulheres os exemplos públicos de vítimas. A incidência da doença sobre o sexo masculino começou a ser percebida mais amplamente somente depois de dois suicídios de meninos. Estes foram registrados nos últimos meses no Policlínico Gemelli, em Roma, o mesmo 44 ComunitàItaliana / em que o papa João Paulo II costumava ficar hospitalizado. De acordo com a Associação Italiana para o Estudo e Pesquisa da Anorexia, Bulimia e Distúrbios Alimentares (ABA), os casos de anorexia e bulimia entre homens, especialmente os adolescentes, vêm aumentando significativamente. Conforme a entidade, que há 17 anos recebe pedidos de ajuda em todo o país, esse é um problema que permanece praticamente escondido. — Os dados oficiais são a ponta do iceberg. Poucos procuram cura e, conseqüentemente, as estatísticas não refletem a realidade — afirma Francesco Bergamin, psicólogo da associação. Segundo Fabiola De Clerq, exanoréxica e presidente da ABA, cerca de três milhões de pessoas sofrem dessa doença na Itália. Acredita-se que 5% dos casos registrados de anorexia no país sejam masculinos. — Hoje, aumentou muito o número de homens doentes. O Novembro 2007 mais preocupante é que diminuiu também a idade dos pacientes. Agora, são registrados muitos casos a partir dos 13 anos — informa Fabiola. Despreparo é agravante Na avaliação de alguns especialistas, como o número de rapazes anoréxicos é menor, acaba-se esquecendo deles. A sociedade parece não estar pronta para pensar em anorexia masculina. Nem mesmo os hospitais se apresentam preparados para receber esses pacientes. Muitas unidades só têm leitos específicos para tratar de mulheres vítimas da doença. Os pacientes homens acabam tendo como destino alas psiquiátricas. Isso explicaria a principal causa de morte entre eles: o suicídio. Conforme Camilo Loriedo, psiquiatra do Centro de Anorexia e Bulimia do Policlínico Umberto I de Roma, um paciente em cada 10 com anorexia acaba morrendo. Os atos de suicídio, de acordo com ele, atingem 5% dos casos. uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut — É mais difícil também para as famílias entender um garoto com anorexia. Ele costuma ter crises mais profundas, dificuldades de sentir-se como jovem, como homem, com sua própria identidade sexual — explica Antonio Coccia, responsável pela Unidade de Distúrbios Alimentares do Hospital Gemelli. Segundo o médico, tanto a anorexia feminina quanto a masculina costumam estar ligadas a relações familiares, situações de abuso, separações e divórcios dos pais, além de problemas de identidade e de relação social. No entanto, entre os rapazes, a doença tende a se apresentar em quadros mais graves, com necessidade de tratamento psiquiátrico mais aprofundado, com auxílio de terapia farmacológica. Nos adolescentes, segundo Coccia, o diagnóstico é mais difícil. Nas jovens, a suspensão do ciclo menstrual, por exemplo, representa forte indicativo da doença. — Alguns estudos tentaram associar a anorexia à diminuição da libido sexual nos homens, mas não houve resultados significativos — lamenta Coccia. Sexualidade como pano de fundo Cerca de 50% dos pacientes homens são homossexuais. Em comparação com as mulheres, os pacientes do sexo masculino apresentam mais medo do peso e da comida, maior hiperatividade e ânsia em relação à sexualidade, distúrbios considerados mais graves no desenvolvimento psicossocial. Matteo, de 18 anos, foi o último jovem a cometer suicídio no Muitas unidades só têm leitos específicos para tratar de mulheres vítimas da doença. Os homens acabam tendo como destino alas psiquiátricas O outdoor proibido da Nolita chocou os italianos. Mas tema preocupa: segundo a ABA, três milhões de pessoas sofrem de anorexia na bota Gemelli, jogando-se do terceiro andar do prédio onde estava internado por mais de uma semana. O rapaz estava doente havia um ano e meio, com menos de 40 quilos. Francesco, de 17, foi diagnosticado com anorexia há dois anos. Sabia o que estava acontecendo com ele desde muito antes, mas se negava a procurar auxílio médico. — Tínhamos certeza de que sofria de anorexia, porque ele quase não comia, vivia na academia fazendo exercícios e estava sempre preocupado com a aparência física. Só conseguimos convencê-lo a buscar ajuda quando já estava até com problemas cardíacos. — lembra a mãe do garoto, que pediu para não ser identificada. Como distúrbios alimentares costumam ser identificados como problemas típicos femininos, muitos rapazes encontram dificuldade em formular e explicitar um pedido de ajuda. Eles não buscam a cura por vergonha, associada à convicção e à herança cultural de que têm uma doença de mulher. — A família também demora a se dar conta de que tem um filho anoréxico. Eles se dão conta que estão doentes, mas se negam a receber tratamento. Quando ligam para pedir ajuda, sentem vergonha e titubeiam — constata Giuseppina Poletti, da Associação de Voluntários para a Prevenção de Distúrbios Alimentares. Quando os pais notam que os filhos estão doentes, o melhor a fazer, segundo os médicos, é evitar obrigá-los a comer. A comida concentra justamente o território de força da anorexia e entrar nesse debate tende a ser inútil. Melhor buscar ajuda em um centro especializado, que poderá oferecer uma assistência médica completa. Em alguns casos, recomenda-se a hospitalização. O tratamento envolve a necessidade de um trabalho de psicoterapia individual e o envolvimento de toda a família num projeto de apoio. Mal do século Isabelle Caro, a jovem modelo francesa da fotografia da Nolita, disse em entrevista à edição italiana da revista Vanity Fair que decidiu fazer a campanha para que as pessoas soubessem o que é anorexia. De acordo com ela, foram os problemas familiares que a levaram a deixar de comer e a ficar com 31 quilos. — Me escondi durante muito tempo. Agora quero me mostrar Novembro 2007 / sem medo, embora saiba que o meu corpo causa repugnância — afirma, e acrescenta: — Os sofrimentos físicos e psicológicos que enfrentei só podem ser de ajuda a quem também caiu na armadilha da qual ainda estou tentando sair. Em meio à polêmica em torno da campanha publicitária, proibida na França e na Itália, Fabiola Clercq se posiciona de modo claro: para ela, a eficácia da peça publicitária contra a anorexia é zero. E pelo contrário: — Uma pessoa doente, que já tem uma imagem corpórea distorcida, vê a fotografia como alguma coisa que deve ser imitada — acredita. A modelo da Nolita se tornou uma espécie de ídolo para muitas garotas anoréxicas. As pessoas comuns, no entanto, tendem a virar o rosto. — Não querem olhar uma imagem que não traz qualquer esperança. Isso ofende aos que sofrem e às suas famílias — conclui Fabiola, ela própria sobrevivente desse mal dos tempos. ComunitàItaliana 45 O poder das cascas C Fotos: Grupo Keystone ientistas dos Estados Unidos alimentaram ratos de laboratório com uma dieta rica em colesterol e depois acrescentaram na alimentação dos animais substâncias retiradas da casca de tangerinas e laranjas. Eles descobriram que as substâncias, conhecidas como flavonas, diminuíram significativamente o nível do colesterol LDL (Lipoproteína de Baixa Intensidade), o chamado “colesterol ruim”, no sangue dos animais. O estudo foi publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry. TV engorda e aumenta a pressão Pele de pêssego Q V er televisão demais não apenas engorda como também pode aumentar a pressão sangüínea das crianças. É o que indica estudo realizado pela Universidade da Califórnia, publicado pelo American Journal of Preventive Medicine. As crianças obesas que passam até quatro horas ou mais diante da tela da TV têm 3,3 vezes mais chances de desenvolver hipertensão, em comparação com aquelas que ficam no máximo duas horas. Portanto, nada de televisão em excesso para os bambini. Maconha contra a depressão P rojeto desenvolvido por pesquisadores das universidades italianas de Parma, Urbino e da Universidade da Califórnia permitiu a descoberta de uma molécula que poderá ser a base de uma nova categoria de medicamentos capazes de curar a dor, a ânsia e a depressão. O produto contribuiria para manter em níveis elevados um neurotransmissor denominado “andandamide”, quimicamente similar a um ingrediente ativo da maconha. O medicamento, que já foi patenteado, foi batizado de URB 597. Devido aos elevados custos para conduzir os estudos pré-clínicos e clínicos em nível acadêmico, os pesquisadores cederam os direitos a uma empresa farmacêutica, que pretende iniciar os testes no próximo ano. 46 ComunitàItaliana / Fertilidade N em sempre vale a pena se abster de sexo durante dois ou três dias para aumentar a fertilidade. Pesquisa realizada pela Universidade de Sydney indica que esta regra não é válida para todos. Em uma conferência da American Society for Reproductive Medicine, em Washington, os pesquisadores australianos explicaram que, pelo contrário, ter relações sexuais diariamente melhora a fertilidade de homens com esperma danificado. Cerca de 42 homens se submeteram ao estudo. Eles foram solicitados a ter uma ejaculação diária durante sete dias. A análise do esperma mostrou que os danos ao DNA dos espermatozóides haviam se reduzido nas amostras do último dia da experiência, em comparação com as do primeiro dia, em que o esperma havia sido “expulso” depois de três dias de abstinência. Suco para emagrecer A proveite a chegada do calor, quando se tem mais vontade de beber do que comer, para emagrecer. A maçã e a cenoura ajudam na digestão. A beterraba auxilia na circulação do sangue e as algas contribuem para inibir a fome, estimulando a saciedade. Então faça assim: centrifugue uma beterraba, meia maçã e quatro cenouras. Depois bata tudo no liquidificador junto com as algas secas. Enfeite o copo com um pedaço de maçã e experimente. A dica é da Associação Brasileira de Nutrologia. Novembro 2007 uer deixar a pele do seu rosto sedosa e suavemente perfumada? Você tem duas opções: comprar cosméticos prontos ou fazer sua própria máscara à base de frutas. Se você escolheu a segunda opção, aqui vai uma receita para um tratamento natural com pêssego, recomendado para peles cansadas e que perderam o viço. Retire somente a polpa de dois pêssegos maduros e amasse-os com uma colher de sopa de farinha de trigo. Espalhe o creme no rosto e deixe agir por 15 minutos. Lave com água morna. Boa notícia! O Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) disponibilizará até o final do mês o único medicamento para tratar a doença de Chagas. Cerca de 200 mil unidades de benzonidazol serão enviadas para o Ministério da Saúde. Tratam-se das primeiras unidades do remédio fabricadas no Brasil. Além de suprir o mercado nacional, o Lafepe será o único produtor mundial, exportando para diversos países. O tratamento disponível até então era produzido pela farmacêutica Roche, na Suíça, a qual transferiu a licença da tecnologia de produção do medicamento, em uma doação estimada em US$ 1 milhão. A doença de Chagas mata mais de seis mil pessoas por ano, só no Brasil. Recentemente, diversos novos casos foram noticiados no país por conta de uma contaminação derivada de açaí. La plastica sostenibile sta arrivando Il governo italiano ha deciso di investire in progetto per promuovere passi in avanti del riciclaggio di materiale in Brasile L e più avanzate tecnologie e pratiche per il riciclaggio di plastica potranno, in breve, essere in uso in Brasile. Grazie ad uno speciale impegno del governo italiano, il Progetto Italo-Brasiliano per il Riciclaggio della Plastica è stato lanciato nell’ultima edizione della Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial (Fimai) – la più importante del settore – avutasi a San Paolo alla fine di ottobre. Durante l’evento, sono state presentate, da imprese e istituzioni italiane, anche nuove alternative per la promozione della sostenibilità nell’industria brasiliana, affinché questa possa adeguarsi agli standard internazionali di preservazione ambientale. Il Projeto Ítalo-Brasileiro de Reciclagem de Plástico è risultato da una partnership tra il Ministero italiano dell’Ambiente e della Tutela del Territorio e del Mare Aline Buaes e l’ Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE). L’idea è di proporre azioni in collaborazione con il Brasile per il recupero e riciclaggio di materiali plastici post consumo. Uno dei primi accordi siglati grazie a questa partnership coinvolge il comune di San Paolo, che definirà una regione della città che servirà da laboratorio per l’impiantazione di questo progetto pilota ambientale. Il gestore di programmi del Ministero dell’Ambiente italiano in Brasile, Diego Tomassini, spiega la funzione dell’organo italiano, che ha già sollecitato appoggio finanziario: — Cercheremo di capire la composizione dei rifiuti in uno specifico luogo, il che costituirà il primo studio da essere adottato a San Paolo. Il progetto vuole, grazie all’interscambio di tecnologie, aumentare la cultura del riciclaggio della plastica in Brasile senza però imporre nessun Fotos: Divulgação Fimai aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSal Giovanni Sacchi, direttore generale dell’ICE Brasile tipo di sistema, ma presentando nuove possibilità al sistema già in funzione nel paese. Una di queste possibilità, secondo Tomassini, si riferisce alla disseminazione in Brasile di uno dei principi del modello italiano: chi inquina deve pagare per l’inquinamento. In Italia, così come in tutta l’Unione Europea (UE), chi produce prodotti inquinanti paga tasse che servono a finanziare il processo di riciclaggio. — Queste tasse si riflettono anche nel prezzo finale del pro- Novembro 2007 / meio ambiente dotto, ma garantiscono la certezza del riciclaggio — difende Tomassini, che inoltre afferma: — Questa è l’unica maniera di far diventare sostenibile il processo di riciclaggio. L’ingegnere chimico Gianmarco Cortivo, consulente tecnico dell’Associazione Nazionale Costruttori di Macchine e Stampi per Materie Plastiche e Gomma (Assocomaplast) è venuto in Brasile come invitato del governo italiano per presentare ai produttori brasiliani il modello italiano di riciclaggio. E ha ribadito il discorso di Tomassini: — Se riciclare non diventa obbligatorio, non recicla nessuno. Cortivo ha spiegato che da circa dieci anni la UE ha definito le regole che obbligano il riciclaggio di plastica in tutti i paesi del blocco, incluso il riutilizzo del prodotto dopo il riciclaggio, e che attualmente il sistema funziona in modo molto soddisfacente, con i paesi europei che riciclano perfino più plastica di quanto non sia richiesto dalla legge. Lo specialista crede anche che il Brasile potrebbe avanzare in questo settore con la stessa rapidità dei paesi europei. — Il Brasile ha la stessa mentalità dei paesi latini, come la Spagna e l’Italia, bisogna soltanto preparare la legge che obblighi ad iniziare questo processo, visto che la volontà e l’interesse già ci sono — valuta. Cortivo spiega, tuttavia, che l’industria brasiliana ha bisogno di riadattare alla realtà locale questo sistema, che funziona molto bene in Italia e in Europa in generale. Studi di mercato definiranno le capacità di riciclaggio con il valore acquisito dalle tasse. Ma il principale punto, secondo Cortivo, è la legge. — Senza la legge, nessuno farà niente, bisogna pressionare il governo per preparare la legge — ha difeso. Per la legge europea, devono pagare tasse di riciclaggio i produttori di polimeri, quelli di involucri di plastica, chi usa questi involucri (come i produttori di succhi o creme) e anche gli importatori di questi prodotti che, alla fine, ripassano, indirettamente, queste tasse anche ai consumatori. ComunitàItaliana 47 tecnologia O mercado de mobile marketing evolui de forma acelerada na Europa, onde somente neste ano movimentou 37 milhões de euros. Empresas italianas estão atentas, no entanto, para o potencial desta ferramenta de propaganda no Brasil, onde apenas engatinha o novo negócio V ocê está preso num engarrafamento e, de repente, lembra de ter deixado o seu celular em cima do sofá de casa. Pronto. É o início de um desespero que há menos de 10 anos seria inimaginável. Se a internet é um dos avanços tecnológicos que determinaram a face da atualidade, o celular não fica atrás como o inventor de novos paradigmas a partir do final do século 20. Um novo estilo de vida surge com a vinculação desses dois adventos quando as pessoas permanecem 24 horas conectadas ao celular, até mesmo enquanto dormem. O aparelho, muitas vezes, se encontra ligado embaixo do travesseiro. Hoje, é possível consultar contas bancárias, receber notícias e, principalmente, pro- 48 Nayra Garofle pagandas pelo celular. O aparelho se tornou um canal de interação com o público definido como mobile marketing, mercado que avança com celeridade no Brasil e que tem na Itália as maiores empresas especializadas no assunto. O especialista em projetos de marketing Gil Giardelli se dedica há oito anos a ministrar palestras cujos temas envolvem o relacionamento digital. Segundo ele, as agências de publicidade brasileiras ainda não sabem trabalhar com esse tipo de marketing. — O mobile marketing está engatinhando ainda no Brasil. As agências não sabem fa- zer isso direito, elas têm muitas dificuldades em criar ações e não sabem monetizar (transformar em dinheiro) esses projetos — diz Giardelli, explicando que mobile marketing é a propaganda pelo celular. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) criou regulamentações que proíbem o envio de propagandas pelo celular sem a autorização do cliente. Caso contrário, as empresas podem ser multadas. Porém, de acordo com as informações disponíveis no site da Anatel, estas regulamentações só entrarão em vigor a partir de janeiro. — As empresas não enviam as mensagens contrariando essas regulamentações. Elas enviam por desconhecimento da ferramenta mesmo. A gente acredita que o mobile marketing só vai dar certo no Brasil se ele for reativo. Ou seja, você faz o cliente entrar no site e pedir para receber a propaganda. Porque se virar propaganda por virar, você imagina receber não sei quantas mensagens por dia de todas as empresas que há no Brasil. Foi isso o que aconteceu na Europa — explica Giardelli. Hoje, não é preciso folhear as páginas de uma revista para se ter acesso às publicidades. Basta apenas ter um celular para que um mundo de informações chegue até você. São vídeos, mensagens e sons. — São os anunciantes e não as agências que avançam na tecnologia. Antes eram as agências que incitavam os clientes, atualmente, os clientes incitam as agências. Essas atitudes viraram o mundo da publicidade de cabeça para baixo — conta Giardelli. A Itália é um dos países que atuam diretamente no mercado com o mobile marketing. Tanto que duas das maiores empresas mundiais no desenvolvimento de conteúdo para celular são italianas e estão no Brasil: a Buongiorno e a Dada. Esta última chegou recentemente. — Na Itália, a Dada já atua há dois anos e somos os exclusivos em três operadas para mobile marketing. Oferecemos toda a infra-estrutura para Vodafone, H3H e Wind. Fazemos portais de wap, campanhas de SMS, MMS, VMS, Bluetooth e outras — diz Fabiana Sabatini, formada em Comunicação em Business e que trabalha na empresa desde que ela chegou ao Brasil, há quase dois meses. Sabatini procura enfatizar que na Itália, a empresa costuma trabalhar com os opt in das operadoras. Ou seja, só enviam qualquer tipo de propaganda com a permissão dos usuários. — Alimentamos esta base dando alguns benefícios como, por exemplo, o envio de notícias diárias de graça de acordo com o perfil de cada usuário. É uma “O mercado de mobile marketing, na Itália, só neste ano movimentou 37 milhões de euros” Fabiana Sabatini – Dada Não é difícil constatar a forte presença do celular em nossas vidas. Em artigo escrito por Gil Giardelli no qual ele questiona “Você está preparado para o marketing móvel?”, o jovem diz que Fotos: Grupo Keystone Marketing de bolso maneira que encontramos de beneficiar o usuário já que ele nos permite enviar propaganda para seu celular — esclarece. Segundo Fabiana, o mercado de mobile marketing no Brasil está apenas começando e ainda vai dar muito o que falar. — Aqui ainda é apenas uma mídia complementar às mídias convencionais. O mercado de mobile marketing, na Itália, só este ano movimentou 37 milhões de euros — conta. O economista e cientista político Terence Reis, que trabalha com tecnologia para celular desde 2004 e com meio digital desde 1999, também acredita que o mercado de mobile marketing no Brasil esteja crescendo. — Aqui é um mercado em fase de validação, conceitualmente as marcas e agências identificam que é positivo, têm buscado desenvolver ações, mas ainda não têm presença certa nos planos de mídia e o ticket médio de campanhas é limitado. O que não impede que façamos muita coisa. Neste ano, temos feito pelo menos quatro ações todo mês — afirma Terence, que trabalha na Tellvox, rede de distribuição de conteúdo mobile no Brasil. O economista diz que a Itália está dois anos adiante, assim como a Europa. — O que precisa acontecer aqui é a melhoria da base tecnológica de celulares. Além de melhoria de rede, aumento dos serviços e conteúdo à disposição do usuário, aprendizagem de uso por parte dos consumidores e renovação do modelo de negócios pelas operadoras — lista Terence. a “utopia de se manter conectado 24 horas atingiu um patamar raras vezes alcançado. O marketing não precisa mais se contentar com territórios pré-determinados como a televisão, o rádio ou a revista para abastecer a sociedade de consumo”. — O mobile marketing é a maneira mais fácil e prática de avisar alguém sobre qualquer coisa, utilizando apenas uma frase “Coma no Tio Joe” ou utilizando um vídeo digital. Não tem que olhar nenhum papel, não tem que ligar o computador, não tem que folhear uma revista. Temos só que olhar na tela do celular para ser avisado. Em menos de um minuto conversamos com o Brasil inteiro — diz Giardelli. Com o celular na mão... Não é difícil perceber a importância desse aparelho de diversos tamanhos, que além de ser telefone, pode ser rádio, câmera digital e até utilizado para consultar e-mails. Com o celular na mão, as pessoas deixam de ser cada vez menos platéia para se tornarem cada vez mais repórteres. — A maioria dos jornais internacionais criou áreas especiais para receber mensagens de textos, vídeos e fotos de notícias via celular. É a platéia tomando o palco. É o cidadão comum se tornando um crítico, um articulista 24 horas — relata Giardelli. Isso é fato. Basta acessar os principais sites de notícias e lá está um vídeo amador com as imagens capturadas de um acidente, de um flagrante. Giardelli acredita que o celular já supera em importância e escala o fenômeno da internet. — É o produto mais importante no século 21. Até o fim da década, metade dos habitantes do planeta terá uma maquininha na palma de sua mão — afirma Giardelli, sem negar que toda inovação tem lá o seu lado negativo: — O celular é o ícone da sociedade imediatista e da cultura consumista, produzindo excesso de informações e de serviços. Se utilizado sem critérios de privacidade, operado por spammers (produtores de mensagens eletrônicas não-solicitadas e enviadas em massa), tornará nossa vida infernal — acredita. Novembro 2007 / ComunitàItaliana 49 italian style A 51 anni, il regista cinematografico Paulo Morelli spiega come è finito nel mondo del cinema, mentre ancora faceva la facoltà di Architettura. Parla dell’esperienza di dirigere “Cidade dos Homens – O Filme” e, è chiaro, del suo coinvolgimento ancestrale con il paese de “La dolce vita”. L’intervista per telefono, dovuto al poco tempo a disposizione, con Paulo Morelli è diventata una chiacchierata sul suo percorso nel mondo del cinema. — Non sapevo con certezza cosa fare e pensavo che il cinema fosse un sogno utopistico. Facevo esperienze, scherzavo usando la fiction “Mia moglie è una strega”, erano film molto infantili con amici, cugini — racconta Morelli, che ha fatto Architettura presso l’Universidade de São Paulo (USP). Morelli racconta che, con gli amici della facoltà, mise su la produzione di video Olhar Eletrônico. — Abbiamo cominciato a produrre dei video per festival. Mescolanza di hobby e invenzione di professione. Abbiamo cominciato a scoprire cose e cominciammo ad offrire servizi. Questo periodo è stato essenziale per la mia carriera. Non era soltanto un lavoro commerciale da fare, ma anche un lavoro di cultura, di produzione culturale, di indagine, di pensiero. Negli anni ’80, secondo il cineasta, mentre la Olhar Eletrônico produceva servizi settimanali per la TV Gazeta di San Paolo, i giovani produttori hanno cominciato a fare pubblicità per avvicinarsi al cinema. Quantos graus? Deixe sua mesa do escritório ainda mais moderna com este globo que é um indicador de como está o tempo. Sabe como? Em design clássico, com instrumentos em verdadeiros metais, este aparelho indica com precisão a variação da temperatura e da umidade do ar. Fabricação alemã de uma máquina eficiente e precisa 99,90 euros Check Mate Em tempos em que mobilidade é essencial, o Check Mate é uma ótima opção para presentear neste Natal. O primeiro pocket pc 100% brasileiro reúne as ferramentas de notebook e celular, tem total conectividade sem fio, permite a sincronização de dados com o Outlook, agenda e dados, uso do messenger, Skype e VoIp. Mas, como a vida não é só trabalho, este aparelho também possui mp3, câmera fotográfica de 2 megapixel e ainda grava vídeos. O Check Mate está à venda nas lojas da Fnac e nos sites Americanas.com e Submarino.com. R$ 1.999 Para os gulosos! Quatro rolos antiaderentes rodam lentamente permitindo o cozimento uniforme das salsichas enquanto o pão se aquece nos dois suportes verticais. Com esta máquina fica mais rápido preparar um verdadeiro hot dot à maneira italiana. 59,90 euros Sofisticação Fotos: Vantoen PJR Fotos: Divulgação A Intel criou uma inigualável fusão do conceito inovador, tecnologia avançada e design. O ASUS Lamborghini VX2 é a expressão extrema da ASUS com o espírito Lamborghini que, somente com a aparência, transmite poder, velocidade, força e beleza. Um notebook que possui tecnologia de topo, para os clientes mais exigentes que buscam total sofisticação. A série Lamborghini tem processamento dual-core do VX2, que permite processamento a nível de performance de desktop assim como maior velocidade de processamento de vídeo/áudio de alta qualidade. Usufrua de tudo isto com mobilidade e maior produtividade com um produto de formato menor e maior duração da bateria. Disponível nas cores amarelo ou preto. 2791 euros Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro. 50 ComunitàItaliana / Novembro 2007 Sguardo ossigenato sul reale Pronipote di italiani di Sondrio, vicino a Milano, Paulo Morelli non parla la lingua, non segue le tradizioni dei bisnonni, ma riconosce una forte influenza della cultura nella sua vita Nayra Garofle — Io facevo, insieme a Renato Barbieri, ‘per la strada’, come chiamavamo le interviste con il popolo su temi metafisici, filosofici ed emozionali. La nostra produzione è durata dieci anni. Subito dopo è nata la 02 — ricorda. Sul mercato dal 1991, la 02 Filmes è stata creata da Morelli, Andrea Barata Ribeiro e Fernando Meirelles, suo socio anche nella Olhar Eletrônico. L’impresa ha già prodotto otto lunghi, tra cui “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens – O filme”, che Morelli ha diretto e grazie al quale ancora coglie i frutti di un successo iniziato in TV. — Abbiamo deciso di fare un lungo proprio alla metà della fiction (“Cidade dos Homens” pas- Morelli: “Cidade dos Homens è il miglior lavoro che io abbia mai fatto” sato alla Rede Globo). Invece, nella fiction, abbiamo cominciato con temi che sarebbero continuati nel film. Il terzo anno, Acerola (Douglas Silva) diventa padre e Laranjinha (Darlan Cunha) comincia a cercare il padre e questo è il tema del lungometraggio — spiega Morelli, dichiarandosi soddisfatto del risultato del film: — Penso sia il miglior lavoro che abbia fatto in tutta la mia vita. Ma, e l’influenza italiana nella sua vita? No, non è solo nel cognome. Morelli adora l’Italia, c’è già andato diverse volte. — Ho preso il passaporto per facilitarmi il lavoro nel mercato europeo, e due anni fa io, mia moglie e i nostri due figli abbiamo fatto in macchina il percorso Mi- Novembro 2007 / cultura lano-Firenze. Dopo siamo andati a Roma. Ma Morelli dice che, sì, il cinema italiano ha fatto la sua parte per la sua ammirazione del grande schermo. — Ha a che vedere con il cinema italiano degli anni ’70, con Fellini, Bertolucci, Antonioni, Ettore Scola, Monicelli, Pasolini. Questi registi sono stati i fondatori dei miei gusti cinematografici. Mi ricordo di essere andato al cinema più volte per vedere film italiani piuttosto che americani. Di fronte alla concorrenza internazionale, oggigiorno il regista crede alla tendenza di aumento del pubblico di cinema brasiliano. — Penso sia molto positivo andare al cinema e vedere persone che parlano la tua lingua senza doppiaggio. Credo che legge dell’audiovisuale sia stata determinante per la nascita di questa nuova cinematografia, dalla ripresa degli anni ’90 ad oggi. È una legge fondamentale per l’esistenza del cinema brasiliano, molto salutare per la nostra cultura, una grande iniziativa del governo. Credo che tante imprese dovrebbero investire e capire che questo è importante. Le imprese italiane che sono qui dovrebbero incentivare il cinema di dove si sono installate. Poco importa per Morelli se “Cidade dos Homens” riceverà premi. — Credo che il lungo vincerà premi, ma faccio film pensando alla storia che sto raccontando, alla sua importanza, a ciò che c’è dietro a quel contenuto, è questo ciò che mi guida. Non faccio film pensando ai premi — chiarisce. Il regista ha un’opinione ben chiara sui prezzi dei biglietti, oggi di perfino 18 reali: — Credo sia caro, sì, ma è perché ci sono molti sconti. C’è molta gente che entra con il tesserino da studente falsificato, qualsiasi corso di qualsiasi cosa fatto in internet dà diritto allo sconto del 50%. Il proprietario del cinema deve aumentare i prezzi, sennò va al fallimento. La chiacchierata finisce con la classica domanda sui progetti futuri: — Sto scrivendo delle sceneggiature, ma ancora non ho deciso quale sarà il mio prossimo film. Per ora, mi sto godendo la prima di questo. ComunitàItaliana 51 cinema moda turismo Nos bastidores da alta moda Brasileira quebra monopólio de americanas e européias e brilha como maquiadora na última Semana da Moda de Milão T Guilherme Aquino Correspondente • Milão op models não foram as únicas brasileiras a arrasar nas passarelas na última Semana da Moda de Milão. A paulista Vanessa Rozan não saiu dos bastidores, mas brilhou no desempenho da arte de deixar lindas modelos ainda mais deslumbrantes. A maquiadora quebrou um tabu, em um reino historicamente dominado por inglesas, americanas, italianas e francesas. O convite para o trabalho partiu da multinacional canadense Mac, de cosméticos. — Foi o máximo. Bacana ter podido constatar que a semana da moda de São Paulo e a de Milão têm muitas semelhanças, na organização dos bastidores, na agenda, nos compromissos com os horários, na responsabilidade com as modelos, nas roupas — revela. Para a maquiadora, o Fashion Week de São Paulo não deve nada ao evento milanês: 52 — Muitas modelos me disseram que sentem saudades de São Paulo. Rola um calor a mais, não é? Ao desembarcar na Itália, por pouco não pagou por excesso de peso na bagagem com 23 quilos de produtos de beleza: lápis, delineador, blush, cílios postiços, sombras, pincéis, loção corporal, corretivo para retoques finais, batom, brilho, bases, diferentes cores para os diferentes tons de pele. Tudo para poder atender à demanda específica de cada estilista. Os testes são feitos uma semana antes. O maquiador-chefe e o estilista definem o visual do desfile. O primeiro se encarrega de pegar uma das modelos para demonstração à equipe. E dá as suas dicas. — Não foi um trabalho fácil — admite a brasileira, que tinha em média 45 minutos para maquiar três modelos por desfile. O estresse natural do ambiente, Vanessa levou com humor: ComunitàItaliana / — A vantagem de estar aqui e de ouvir o italiano falando alto é que nunca sabemos se ele está bravo ou não — brinca. A linguagem dos bastidores é o inglês. E era nesse idioma que ela conversava com as modelos. — Notei que aqui há top models em número muito maior do que em São Paulo, quero dizer, os estilistas têm mais opções e não Novembro 2007 Vanessa Rozan: jeitinho em Milão existe muito aquela correria de modelos que pulam de um desfile para outro — observa. Mesmo assim, no ritmo frenético, a maquiadora virou massagista facial e quase psicóloga. — Muitas meninas ficaram até tarde provando roupas, ensaiando, cansadas, corridas, suadas. Então nada melhor do que retirar a maquiagem que havia, fazer massagem com hidratante, ouvir suas histórias. Daí relaxam e tudo corre bem — revela. A grande orientação: deixar as modelos com aparência natural, fresca, jovem, feliz, com maquiagem leve, difusa, para deixar as roupas em evidência. — Porém, alguns estilistas querem que a mulher passe uma mensagem específica e temos que ter uma maquiagem que diga mais, que apareça mais, como se fosse parte da roupa mesmo. Antes dos desfiles, o dever de casa inclui o contato com produtos de beleza que só irão chegar ao mercado seis meses depois. As passarelas servem de teste final para novas maquiagens, embora Vanessa não abra mão de seu kit básico, a tal mala com 23 quilos de tubinhos, potinhos etc. — É bacana poder dar a nossa opinião, explicar os efeitos como arte e propor alterações — diz Vanessa, que, antes de fazer curso de cabelos e de maquiagem no Senac, trabalhou numa agência de publicidade, mas viu que não seria feliz ali. Quando a Mac entrou em São Paulo, ela conta que foi comprar alguns produtos com o professor Beto Franca, para quem já trabalhava como assistente e acabou tornando-se sênior artist, profissional que viaja pelo mundo. A maquiadora, que sonha ainda trabalhar com cinema, vibra quando tudo dá certo. — Sei que uma maquiagem ficou boa quando apresento o modelo ao maquiador-chefe e ele me diz “It is perfect” — conta ela, sobre o desafio de eliminar marquinhas mínimas. Vanessa conta que ficou impressionada com Milão. — As mulheres andam muito bem maquiadas, seguindo a tendência de carregar nos olhos e ser quase neutra na boca ou vice-eversa — ensina Vanessa, para quem a cidade não precisa de um corretivo básico. Absurdamente bela Erguida à beira de um precipício, em um grande bloco de rocha vulcânica a 300 metros de altitude, Pitigliano reúne múltiplos atrativos: à beleza da paisagem, somam-se o legado histórico e religioso de milênios, além da cultura e da gastronomia ímpares L ocalizada ao sul de Florença e ao norte de Roma, no limite meridional da Toscana, a cidadezinha de Pitigliano é um lugar apaixonante. Antes mesmo de chegar, já da estrada, a vista do vilarejo construído a 300 metros acima do nível do mar é absurdamente bela. Um lugar único no seu gênero, especialmente pela particularidade de ter sido criado inteiramente de um grande bloco de tufo – variedade de rocha constituída de material vulcânico –, ao lado de um precipício. Pitigliano se tornou conhecida também como a Pequena Jerusalém – por seu caráter medieval que recorda a capital de Israel e por ter sido lugar de refúgio para os israelenses e exemplo de convivência entre judeus e cristãos. A cidade prima ainda por sua beleza arquitetônica e importância histórica, que lhe rendem hoje a fama de ser um dos principais destinos turísticos da Maremma. A origem se perde nos primórdios da civilização itálica, com achados arquitetônicos do final do período neolítico, da idade etrusca e da romana, e de tempos nem tão remotos assim, em que as terras eram domínios das famílias medievais Aldobrandeschi e Orsini. Herança da origem etrusca são as inúmeras necrópoles. Algumas de grande importância e também as mais visitadas, como a de Poggio Buco Le Sparne e a de Gradone. A cidade que pode ser toda desbravada a pé é bastante conhe- Valquíria Rey Correspondente • Roma cida por seus ricos monumentos. Entre estes, o imponente Duomo, construído no século XIV e dedicado aos santos Pedro e Paulo, a Igreja de Santa Maria, o Santuário della Madonna delle Grazie, o Aqueduto, o Oratório Rupestre, o Palácio e a Fortaleza Orsini. Vale a pena descobrir também as tradições e os costumes de Pitigliano, visitando o Museu da Civilização Giubbonaia, o Museu do Palácio Orsini, o Museu Cívico e Arqueológico e o Museu A Cidade dos Vivos, A Cidade dos Mortos, dedicado à história etrusca no território. No Ghetto, com suas ruas pequenas e estreitas, a sinagoga construída em 1598 representa um dos legados judaicos na cidade. Não é permitido sair do vilarejo, destacado como um dos centros artísticos mais belos da Itália, sem provar os vinhos Bianco di Pitigliano e o Rosso Sovana. Também se faz obrigatório experimentar os doces típicos – Sfratti, feitos com mel e nozes no formato de pequenos bastões. Terminado o passeio em Pitigliano, vale a pena conhecer também as redondezas, cidadezinhas como Saturnia, Manciano e Sovana. A primeira destas, por exemplo, é o centro urbano mais importante da área e suas termas de águas sulfúricas a 37,5ºC, com propriedades terapêuticas, eram freqüentadas há milhares de anos por etruscos e romanos, que as definiam como milagrosas. Situada no coração da Maremma, Saturnia atrai hoje pessoas Vilarejo construído a 300 metros acima do nível do mar, Pitigliano ficou conhecida como “Pequena Jerusalém” de todas as partes do mundo, confiantes dos efeitos benéficos das suas águas para a pele, músculos e aparelho respiratório. Para aqueles que querem aproveitar as propriedades da água termal sem pagar, a 500 metros dali há cascatas de livre acesso a qualquer hora do dia, chamadas pela população local de Il Gorello. Muito agradável também é fazer um lanche em um dos bares ao redor da Praça Vittorio Veneto ou jantar em elegantes restaurantes que oferecem todos os pratos típicos da Maremma. Considerada a mais graciosa das cidadezinhas da Maremma, Sovana preserva intactas habitações medievais, a bela Catedral dos Santos Pedro e Paulo, a Piazza del Pretorio, o Palácio Bourbon do Monte e a Igreja de Santa Maria Maior. Sovana é também a cidade do papa Gregório VII, um dos pontífices fundamentais na história italiana medieval. Novembro 2007 / Com vista panorâmica lindíssima, o vilarejo conta com bons restaurantes e muitas lojinhas com produtos artesanais. Ao redor, numerosas necrópoles etruscas. Em cima de uma colina e circundado por uma muralha está Manciano, apelidado de o espião da Maremma. Com vista privilegiada, do alto, é possível admirar dali uma das paisagens mais sugestivas da região, da costa de Grosseto até o Argentário. O mirante oferece visão nítida e perfeita da Ilha de Giglio, com suas águas cristalinas, da lagoa de Orbetello, da Amiata e das montanhas que a circundam, até o Lago de Bolsena. E, para encerrar o circuito, a pequena Sorano é um bom passeio de três horas de caminhada, onde as grandes atrações são o Masso Leopoldino, a Fortaleza Orsini e a área arqueológica de Vitozza. ComunitàItaliana 53 Milão il lettore racconta “Os Santoro sã o exemplo e mblemático italiana. S da tenacida alvatore, po de r exemplo, solidão e a teve de ven cer a saudade da mulher e d o s filhos – por seis an a família os partida pelo Atlân ti co –, apren nova língua der uma e trab Guilherme Aquino Jóia da cultura milanesa O ssoal Arquivo pe Teatro Filodrammatici existe à sombra do Teatro La Scala, mas tem luz própria. Inaugurado em 1800 como Teatro Patriottico, o espaço foi parcialmente destruído pelo bombardeio de 1943, quando já era utilizado também como cinema. Reforma em 1970 deixou-o novo em folha, a fachada em estilo liberty, com galhos, flores e folhas em ferro batido. Essa jóia arquitetônica da cidade abre as suas portas para eventos de altíssimo nivel que podem ser admirados por não mais do que 200 espectadores. Em outubro, por exemplo, esteve em cartaz o musical de Lev Tolstoj Sonata a Kreutzer. Mais informações: www.tieffeteatro.it. Fotos: Guilherme Aquino Depoimento à r epór Nayra Garofle ter Refúgios urbanos O s pátios internos dos prédios milaneses representam a memória urbana de uma época e são marca registrada da cidade. Muitos resistiram às bombas da Segunda Guerra Mundial e foram preservados ou incorporados nas plantas dos novos edifícios. Para encontrá-los, basta caminhar sem pressa pelas ruas, principalmente as do centro, e prestar atenção às entradas dos palá- Expo 2015 M ilão se prepara para ser a sede da Expo 2015. O comitê dos organizadores passou a cidade e o projeto a limpo. Durante os quatro dias de visita, as ruas e as praças da cidade nunca estiveram tão limpas e decoradas com bandeirinhas. Tanto esforço compensou: As responsáveis pela elaboração do relatório foram embora com as melhores impressões possíveis. O resultado final vai ser anunciado depois de uma votação secreta dos 112 países membros do Bureau International des Expositions. A prefeita de Milão Letizia Moratti acha que convenceu o time comandado por Vicente Loscertales. Milão disputa com a cidade de Smirne, na Turquia que será avaliada ao longo do mês de novembro. Para defender o projeto italiano, pela primeira vez a direita e a esquerda se uniram. Mais informações no site www. milanoexpo-2015.com 54 ComunitàItaliana Galeria de anônimos O centro de Milão se transformou numa galeria de fotógrafos amadores com pinta de profissionais. A revista National Geographic montou exposição com fotografias enviadas por seus leitores italianos. Estas foram divididas em grupos sob os temas mundo animal, ser humano, reportagem e paisagem. São instantâneos capturados por lentes de turistas ou de moradores da cidade com um olhar incomum, retratos da vida ao redor do mundo, imagens que possuem como fio condutor a beleza da expressão, a sensibilidade da composição. A mostra, com 32 fotos, segue itinerante pelas galerias e ruas do centro. / alhar muito duro para c patrimônio onstruir um de valor in calculável. Mais do que pela prosperidad e nos negóc ios, ele se tornou moti admiração para a famíl vo de ia, especialm ente para s Michelle, que n eu filho os relata n esta edição , sem disfarçar orgulho, a o bela histór ia de seu pa i! Novembro 2007 cios. E possuem diferentes estilos. Podem ter os portões de ferro em arte liberty ou em colunas de pedra de granito. Em quase todos, existem magnólias, árvores de belas flores. Em muitos, a decoração inclui ainda estátuas e bustos de deuses da mitologia grega. Além do pátio interno, com jardim exclusivo, a vista para o céu é luxo que nem todos podem usufruir em Milão. A irreverente geração 68 O Palazzo Reale, ao lado do Duomo, atrai todos os dias centenas de visitantes para os quais o mais difícil se torna escolher um programa. Uma opção e tanto é entrar no velho prédio que agora abre as suas portas para homenagear a arte italiana das últimas quatro décadas. Mais de cem obras revelam a história pictórica de um período artístico muito rico. O curador, o secretário de Cultura de Milão, Vittorio Sgarbi, conseguiu reunir quadros, cedidos por museus ou por colecionadores de todo o mundo, de expoentes de uma geração que pintou o sete a partir do mítico 1968: Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli e Renato Guttuso. Mais informações: www.omun. milano.it/palazzoreale/. A história de minha família não é muito diferente das demais, de famílias italianas que deixaram suas vidas no outro continente e vieram para o Brasil em busca de um futuro melhor. No século passado, dezenas de italianos desembarcaram nos portos brasileiros com a esperança guardada nas malas e muita força de vontade para desempenhar trabalhos árduos. Foi o que aconteceu com o meu pai, Salvatore Santoro. Meus avós paternos queriam que meu pai se tornasse advogado. Nascido em 1925 e oriundo de Paola, assim como eu e meu irmão Francesco, papai se casou com a minha mãe ainda na Itália, antes de vir para o Brasil. Em 1949, papai nos deixou para preparar nossa vinda para cá. Ao chegar aqui, o grande senhor Santoro não estava desamparado. Dois de seus nove irmãos já viviam no Brasil. Um trabalhava no Jornal da Marinha, no Rio de Janeiro, e o outro como engenheiro, em São Paulo. Sem nenhum entusiasmo de deixar a pequena Itália, papai chegou a perder o visto consular por duas vezes antes de decidir, de vez, que viria para cá. Foi o meu avô quem o i“ ntimou” a providenciar a sua vinda, comprando uma passagem de um primo e esta era só de volta para o Brasil, não tendo como retornar à Itália. Papai chegou no navio Giulio César e foi recebido pelo tio Domenico, no Rio de Janeiro. Sem saber falar uma só palavra em português, ele teve de aprender rápido, pois começou a trabalhar logo. Apesar de ter meu tio como companhia, papai se sentia muito sozinho. Foi para São Paulo visitar outros parentes e adorou a cidade. Logo depois, foi morar na cidade fluminense Volta Redonda, onde residia uma tia materna. Por volta de 1951, meu tio Domenico levou meu pai para conhecer Petrópolis, cidade da região serrana do Rio. Lá, morava o tio de sua esposa, Caruso Fedeli. A visita à cidade não poderia ter sido em hora melhor já que o senhor Caruso precisava de um italiano para trabalhar na distribuição de jornais. Meu pai, que adorou a cidade imperial, aceitou e foi morar na serra. O trabalho era feito a pé e, sempre assíduo, ele não faltava e cumpria os seus compromissos. Já estabelecido em Petrópolis, por volta de 1955, papai organizou a nossa vinda para cá. Viemos todos, mamãe, meu irmão, eu e minha tia. Ao chegar, moramos numa casa reformada do senhor Caruso. Papai adquiriu experiência com a distribuição de jornais. Ao vir para cá, meu avô lhe entregou uma quantia para seus gastos iniciais, mas, com o tempo, ele aplicou o valor na Caixa Econômica Federal. Com suas economias, em 1956, papai comprou um edifício na famosa Rua Teresa, onde fomos morar. Em 1958, ele conseguiu sua primeira licença de uma banca, no Edifício Profissional. Após anos de trabalho árduo, em 1966, papai voltou à Itália para visitar seus irmãos e meu avô. Minha avó já havia falecido. Ao retornar da viagem, mais bancas foram adquiridas pelo italiano que viu sua vida dar certo aqui no Brasil. Tanto que sua história está Novembro 2007 ” ligada diretamente ao desenvolvimento de Petrópolis, na segunda metade do século 20, foi meu pai quem implantou as bancas de jornal com padrões utilizados no Rio de Janeiro, pois os jornaleiros vendiam os jornais e as revistas sentados num banco de madeira. Papai viu o fim da Estrada de Ferro, na Estação Leopoldina, onde esperava o trem chegar para descarregar os jornais vindos do Rio de Janeiro, para amarrá-los e distribuí-los. Ele também tinha um serviço exclusivo de atendimento aos presidentes da República que se hospedavam no Palácio Rio Negro. Além de seu trabalho, uma grande contribuição que papai deu a Petrópolis e à comunidade italiana foi a criação da Casa de Itália Anita Garibaldi. Com o propósito de reunir os italianos para festejarem juntos seus costumes, língua e cultura. Em 1988, tornou-se grande marco nas diversas atividades da entidade a visita de sete juízes da Corte Constitucional Italiana ao Brasil, especialmente a Petrópolis. Meses depois ele, como vice-presidente da Casa de Itália, fora recebido por um dos juizes que visitara a cidade. Tenho muito orgulho da história que meu pai construiu, cujos aspectos sustentam a herança cultural e profissional frutos de um trabalho digno aqui no Brasil. Petrópolis (RJ) Michelle Santoro, 57 anos Mande sua história com material fotográfico para: [email protected] / ComunitàItaliana 55 Sapori d’Italia Firenze Fotos: Reprodução Giordano Iapalucci Nayra Garofle O prato dos tetracampeões Roberth Trindade A edição deste mês traz o prato predileto de dois ícones da seleção brasileira: os ex-técnicos Zagallo e Carlos Alberto Parreira. Amantes da culinária italiana, os dois não abrem mão quando estão no Rio de Janeiro de saborear o Capellini King Jorge, uma especialidade do Azzurra Ristorante R DigitalPhotoFest L Lucca Comics 2007 P er gli appassionati di fumetto, del film d’animazione, dell’illustrazione e del gioco in generale, Lucca presenta la più importante rassegna italiana del genere. La novità 2007 sara la cosidetta “Self Area”: uno spazio dedicato al fumetto autoprodotto. Tra i numerosissimi ospiti ci saranno autori italiani e stranieri come Carlos Pacheco, grande firma del fumetto made in USA; Gabriele Dell’Otto, l’autore di Secret War e Philippe Delaby e Jean Dufaux, autori di Murena. La mostra espositiva sarà presso il Palazzo Ducale dalle 10 alle 19 con ingresso gratuito, mentre la mostra mercato sarà nel Centro Storico (piazza S. Michele, piazza Grande, piazza del Giglio) dalle 9 alle 19 con ingresso di 10 euro.Info:www.luccacomicsandgames.com 56 ComunitàItaliana / ucca città centrale di questo autunno italiano. Anche quest’anno si conferma punto di riferimento dell’arte fotografica con il suo festival che presenterà una selezione delle più alte espressioni della fotografia italiana e internazionale. La mostra si dipana in vari spazi della città. A Palazzo Ducale (15.30- Biennale dell’arte contemporanea D a sabato 1 a domenica 9 dicembre, la Fortezza da Basso di Firenze ospiterà la sesta edizione della Biennale dell’Arte Contemporanea. L’occasione sarà quella della presenza di importanti personaggi come Gilbert & George che riceveranno il premio “Lorenzo il Magnifico” alla carriera: massimo riconoscimento della Biennale. Presenti circa 800 artisti che parteciperanno attivamente alla Biennale con incontri, conferenze e videoproiezioni nelle varie categorie: pittura, scultura, grafica, mixed media, installazioni, fotografia e digital art. Apertura dalle 10.00 alle 20.00. Ingresso 10 euro. Info: www.florencebiennale.org Novembro 2007 19.30) saranno presenti l’esposizioni fotografiche di Elliott Erwitt: Sala Staffieri e Trent Parke; al Palazzo Guinigi Mary Ellen Mark, Patrizia Savarese, Gianni Berengo Gardin e Piergiorgio Branzi. Il biglietto comulativo per tutti gli spazi allestiti nei vari luoghi della città sarà di 15 euro, altrimenti ogni mostra singola 2,50 euro. La linea del sole F ino al 30 novembre il Museo di Storia della Scienza di Firenze omaggia quello che è stato per millenni il semplice ma distinto orologio dell’umanita: la meridiana. La mostra, dal titolo “La linea del sole. Le grandi meridiane fiorentine” offre studi astronomici e misurazioni del tempo con scopi pratici o religiosi come il calcolare la data di feste mobili come la pasqua. Il percorso dell’esposizione include installazioni scenografiche con modelli interattivi, strumenti originali e disegni come anche di una postazione multimediale con la quale esplorare la regione fiorentina per scoprire le antiche meridiane ancora esistenti. Dal lunedì al sabato 9.30 - 17. Ingresso: € 7,50, ridotto € 4,00. (http://brunelleschi.imss.fi.it/meridiane/indice.html) io de Janeiro – Brasil e Itália são rivais apenas no futebol, porque na hora de mangiare nada separa o amor dos brasileiros pela culinária italiana. Que o digam os ex-técnicos da seleção brasileira Zagallo e Carlos Alberto Parreira. Os dois, sempre que estão no Rio de Janeiro, não deixam de passar pelo Azzurra Ristorante para pedir o prato predileto: Capellini King Jorge. A massa, com um molho que leva, dentre os ingredientes, quatro queijos e camarão, é produzida pela própria casa. Esta tem também uma variada carta de vinhos de diferentes regiões produtoras. — Esse é o prato preferido deles, mas às vezes optam por outras sugestões do cardápio — diz Fábio Ferreira, um dos sócios que gerencia o restaurante, que tem como outros clientes célebres os casais William Bonner e Fátima Bernardes, Angélica e Luciano Huck. Fundado em 1990, o Azzurra tem dois ambientes e o cliente pode escolher entre o salão, espaço mais sofisticado e aconchegante, e a varanda, com um ar descontraído, numa área completamente reservada. É possível realizar eventos no restaurante, uma vez que o local disponibiliza infra-estrutura como data-show, sistema de som e projeção, áreas reservadas e cardápio fechado. Outra opção que o restaurante oferece é o conforto de levar até aos amantes da culinária italiana os serviços do Azzurra, seja na casa ou na empresa do cliente. E como já foi Zagallo e Parreira: amor pela culinária italiana dito, a rivalidade entre os brasileiros e italianos está somente no futebol. Tanto que o restaurante, para variar o cardápio, nos almoços de sábado, serve a tradicional feijoada brasileira. A casa, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, dispõe de 180 lugares. Para sobremesa, o melhor representante da doçaria é o famoso Tiramisu. Capellini King Jorge 1 colher de sopa de cebola picada 1 colher grande de mistura de quatro queijos 1 colher de sopa de cebolinha picada 70g de camarão pequeno (1 porção) 1 colher de sopa de queijo tipo catupiry 1 ½ concha grande de creme de leite 1 colher de sopa de queijo parmesão ralado fino 115g de capellini Misturar a cebola, a cebolinha, o camarão, o creme de leite, os 4 queijos, o catupiry e o queijo parmesão em uma panela e levar ao fogo. Deixar ferver até engrossar. Cozinhar a massa e misturá-la com o molho, polvilhar queijo parmesão ralado e gratinar. Serviço: Azzurra Ristorante Rio Design Barra - Av. das Américas, 7.777, lojas 304 e 308 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro. Telefone: (21) 3325-0403. Novembro 2007 / ComunitàItaliana 57 La gente, il posto Claudia Monteiro de Castro A Piazza Duomo, em Catânia, é o lugar mais charmoso da cidade siciliana e uma das praças mais bonitas da Itália. Destaca-se bem no centro da praça a Fonte do Elefante, do século XVIII, projeto de Vaccarini, com base de mármore e uma escultura de um pitoresco elefante escuro feito de pedra lávica, e sobre ele um obelisco egípcio. O elefante virou o símbolo da cidade. Quanto ao material, lava, não poderia ser mais adequado, afinal o vulcão Etna não fica muito longe e se avista de Catânia, imponente. Em dialeto siciliano, o elefantinho ganha o nome de u liotru. A rua mais importante de Catania começa na Piazza Duomo. Não precisa ser um gênio para adivinhar o nome da rua: via Etnea. A rua corre em direção ao vulcão, cheia de butiques, livrarias, restaurantes, cafés. Já quem dá o nome à praça é o Duomo, igreja principal da cidade, dedicada a Santa Ágata, santa padroeira da cidade. Foi erguida no século XI e reconstruída de- Claudia Monteiro de Castro Piazza Duomo pois do terremoto que atingiu a Sicília em 1693, e exibe uma magnífica fachada barroca de Vaccarini. Outros belos prédios que enfeitam a praça são a prefeitura, instalada no palácio conhecido como degli Elefanti, reconstruído depois do terremoto e o Seminario dei Chierici, que abriga o Museo Os cornudos E scutando as canções italianas, chego à conclusão de que os italianos têm obsessão pelo “corno”. É um dos temas preferidos, que se repetem sempre. Talvez o compositor que tenha cantado melhor a dor da traição seja Lucio Battisti, cantando todos os tipos, desde as scappatelle, ou seja, pular a cerca, como na canção 29 settembre ou traições mais sérias, paixonite aguda fora dos laços do casamento, como em Anna. Cantou também o traído que não quer ver (Non é Francesca), o cornudo que não esquece, (Mi ritorni in mente) e inclusive aquele que tem a proeza de achar bela a sua amada mesmo quando ela volta de uma noite de amor com um outro, com lo sguardo stravolto da una notte d’amore (Comunque bella). Mas não só na música o tema da traição é tão caro aos italianos. No telão não faltam histórias pitorescas, como Peccato che sia una canaglia, com Sofia Loren e Marcello Mastroianni. O filme Divorzio all’Italiana termina com Stefania Sandrelli 58 Diocesano. E para fazer companhia para a Fonte do Elefante, há mais duas na praça: Fonte dell’Amenano e Fonte dei Sette Canali, que os sicilianos hoje brincam e chamam de Fonte dos Sete Cannoli, em homenagem ao calórico e gostoso doce siciliano com ricotta e frutas cristalizadas. ComunitàItaliana / que acaricia um marinheiro com o pé enquanto beija Mastroianni. Mas a traição mais engraçada do cinema italiano é aquela feita por Mimì Metallurgico (Giarcarlo Giannini). Para se vingar de sua esposa que o traiu, faz a corte até a uma mulher horrorosa, para honrar sua masculinidade. A literatura também trata do assunto. Na divertida poesia de Totò, ele admite, “sì, aggio avuto quacche cuorno, ma no a tal punto de sentirme offeso”. (sim, já fui corneado, mas não a ponto de me sentir ofendido). Na Itália, os cornudos festejam em grande estilo seu estado de cornutaggine. Eles organizam até a “festa dei cornuti”, que acontece em novembro, na cidadezinha de Rocca Canterano, onde todos os traídos desfilam juntos, literalmente, usando “cornos” na cabeça, dividindo sua desventura com outros que estão no mesmo barco. Diz o ditado italiano: mal comune, mezzo gaudio. O mal partilhado é meia alegria. E viva os cornos! Novembro 2007