Sem emprego ou com salários baixos jovens

Transcript

Sem emprego ou com salários baixos jovens
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c o m u n i d a d e
í t a l o - b r a s i l e i r a
www.comunitaitaliana.com
Ano XIV – Nº 113
Sem emprego
ou com salários
baixos jovens
esticam o
tempo na
casa dos pais
ISSN 1676-3220
R$ 10,90
Rio de Janeiro, novembro de 2007
Geração
mammone
Em edição bilíngüe
Cacciola: foragido levava uma ‘dolce vita’ em Roma
Grupo Keystone
32
CAPA Na barra da saia
Problemas sócio-econômicos, que tendem a alongar a finalização
dos estudos, dificuldades para encontrar emprego e aluguel nada
acessível são alguns dos fatores que justificam a tendência cada
vez mais acentuada dos mammoni, os filhos que se negam a amadurecer e abandonar a barra da saia da mamma.
Atualidade
Apesar da alta qualidade das águas de suas fontes públicas,
italianos são os maiores consumidores do produto engarrafado.........24
Editorial
Mudar para o bem e para o mal.....................................................06
Cose Nostre
Educação
Cidade italiana usa burro para recolhimento de lixo ecológico.........07
O registro de atos de sadismo em câmeras de celulares para
divulgá-las na internet torna-se moda nas salas de aula..................38
Opinione
Entrevista
Atualidade
Saúde
“Tavolo Brasile”, che si riunisce a novembre
a Rio conferma la ripresa di una nuova politica.......................................12
Homens em busca do peso ideal. Anorexia masculina
é a vilã silenciosa da sociedade moderna..........................................44
Arquivo pessoal
Mesmo considerada uma comunidade com grande poder econômico,
muitos italianos vivem na pobreza à espera de medidas do governo.....14
Secretário de Educação do Estado do Rio, Nélson Maculan fala da
importância de um ensino médio que garanta profissionalização.........42
48
Tecnologia
Marketing de bolso
Empresas italianas atentas ao
mercado de mobile marketing
como ferramenta de propaganda
para brasileiros
4
52
Moda
Nos bastidores
Brasileira se destaca como
maquiadora na última
Semana da Moda de Milão
ComunitàItaliana
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Turismo
Absurdamente bela
Erguida sobre um bloco de rocha
vulcânica, a beleza da paisagem
de Pitigliano soma-se ao legado
histórico e religioso
Novembro 2007
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Il lettore racconta
Seu Salvatore, avô do ator
Rodrigo Santoro é exemplo
emblemático da tenacidade
italiana. A epopéia de sua
imigração é contada com orgulho
pelo seu filho Michele
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADA EM MARÇO DE 1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
Imigração galopante
U
VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani
Publicação Mensal e Produção:
Editora Comunità Ltda.
T
Tiragem: 30.000 exemplares
Esta edição foi concluída em:
12/11/2007 às 16:30h
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ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente, as
opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
udo acontece cada vez
mais depressa no mundo. Tudo muda o tempo
inteiro. São tantas as novidades e estas tão transformadoras de nossas rotinas, que nem sempre se torna possível
absorvê-las de imediato. O tempo voa nas asas do avanço tecnológico e da globalização. Entre tantos adventos, o da internet e o do celular são os que mais impressionam.
Não só pela sua utilidade prática, mas pelo poder de até mesmo forjar o comportamento das novas gerações. Para o bem e para o mal.
O celular, por exemplo, tem lugar nesta edição em diferentes reportagens. Há
uma que se refere ao novo negócio que evolui em progressão geométrica no mundo,
o marketing móbile, a propaganda feita por meio do telefone móvel. O display desses
aparelhos tem sido visto como mídia das mais eficazes. A
outra reportagem trata do happy slapping, comportamento
violento, que se alastra pela Europa, de jovens que filmam
com as câmeras de seus celulares as cenas de violência por
eles próprios protagonizadas. Depois, expõem as imagens
em sites de vídeos na internet. Na Itália, para conter o happy
slapping, instituiu-se lei para proibir o uso dos telefoninos
em salas de aula. No Brasil, São Paulo é o primeiro estado a
discutir um projeto de lei no mesmo sentido.
As salas de aula, por sinal, têm se esvaziado precocemente e não no Brasil apenas. Evasão escolar e analfabetismo funcional provocam dor de cabeça das autoridades inclusive no Primeiro Mundo. Na União Européia, educação
Pietro Petraglia
se tornou problema que se apresenta em nível mais grave na
Editor
Itália. No Brasil, a situação se revela ainda muito pior.
Homem erudito, com o domínio de cinco línguas, amante tanto das belas letras
como da matemática pura, o secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Nélson Maculan, fala aos leitores da Comunità sobre a dimensão planetária da crise no
ensino. O professor defende uma revisão profunda do modelo educacional, sob pena
de a escola falir em seu papel fundamental de formar os jovens e de prepará-los para
o mercado de trabalho.
E justamente o afunilamento progressivo do mercado de trabalho é apontado como uma das causas de tanto desânimo dos jovens em prosseguir nos estudos. Mais do
que isso, estes parecem ter perdido aquele que foi talvez o mais caro sonho das antigas gerações: sair da casa dos pais, morar sozinhos, ser independentes o quanto antes.
A reportagem de capa mostra que ocorre hoje exatamente o contrário hoje. Na Itália,
virou moda os filhos se manterem sob a barra da saia da mamma enquanto possível.
Para que pressa, se não há empregos à vista ou mesmo bons salários?
Enquanto jovens sofrem pelas ameaças de um futuro incerto, há uma geração de
imigrantes italianos que sofre agora pelas desventuras do passado. O governo italiano estuda medidas para socorrer financeiramente os seus cidadãos que chegaram à
terceira idade sem conhecer uma vida próspera nos países onde se estabeleceram. O
depoimento destes revela a esperança de não morrer sem sentir o efeito balsâmico em
suas vidas da solidariedade pátria. E o mundo anda precisando mesmo da globalização da solidariedade. Em todos os sentidos! Boa leitura!
editorial
ISSN 1676-3220
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ComunitàItaliana
m relatório apresentado pela Caritas Italiana e a Fundação Migrantes revelou que o número de imigrantes em situação regular na Itália aumentou 21,6%, enquanto a população italiana cresceu
6,2%. Os estrangeiros compreendem 3,7 milhões de pessoas na bota
e, nesse ritmo, o país pode chegar ao primeiro lugar da União Européia como destino de imigrantes. A estimativa é de que eles venham
a ser 10 milhões em duas ou três décadas. Os imigrantes ganham em
média 10 mil euros ao ano. Em 2006, as remessas enviadas da Itália
para outros países superaram 4,3 milhões de euros, com crescimento
anual de 11,6%.
A
s autoridades da pequena Castelbuono, na Sicília, substituíram
os caminhões de lixo por burros para realizar um serviço de recolhimento tanto econômico quanto ecológico. Desde fevereiro, seis
burrinhos realizam o trabalho que antes era de quatro caminhões
encarregados de coletar o lixo produzido pelos 10 mil habitantes.
O método era comum no século passado. Um burro custa cerca de
1.200 euros e mais 2 mil euros por ano de manutenção, ao passo
que cada caminhão de lixo custa 30 mil euros mais a manutenção
anual de 7 a 8 mil. Os burros de Castelbuono já recolheram até agora
140.240 quilos a mais do que em relação a 2006. Cidades da Calábria
e da Toscana estudam aplicar o mesmo sistema de recolhimento.
Itália menos 6
Canções da
discórdia
O
Parlamento europeu
aprovou uma proposta
que reduz o número de cadeiras da instituição de 785
para 750. A representação
da Itália passou de 78 para 72 cadeiras, sendo a primeira vez em que terá menos deputados que a França,
com 74, e a Grã-Bretanha,
que fica com 73. A decisão
foi aprovada por 378 votos favoráveis, 154 contrários e 109 abstenções. A
Assembléia recusou todas
as emendas, inclusive as
dos deputados italianos de
centro-direita e de centroesquerda que promoviam a
introdução do conceito de
cidadania e não o de residência, e as que propunham
um mesmo número de deputados para Itália e França.
Isentos
A
s isenções fiscais previstas
no orçamento italiano de
2008 vão beneficiar 18 milhões
de famílias, segundo cálculos do
Instituto Central de Estatística
(Istat). Segundo o presidente do
Istat, Luigi Biggeri, os descontos aumentarão em 155 euros a
renda média familiar. Em média,
as medidas fiscais do orçamento
de 2008 asseguram um ganho de
524 euros às famílias mais pobres e de 100 euros às mais ricas.
“Diferente do que aconteceu com
outras intervenções, as previstas
no orçamento de 2008 reduzirão
a pobreza em 1%”, acrescentou
Biggeri.
O
Ansa
Diretor: Julio Cezar Vanni
O gari orelhudo
A
Fontana de Trevi teve suas águas tingidas de vermelho no dia
19 de outubro. O ato, reivindicado pelo movimento FTM Ação
Futurista 2007, foi testemunhado por centenas de turistas. Estes
prontamente se puseram a fotografar a nova coloração das águas
de um dos mais famosos monumentos do mundo, construído em
1762. Os manifestantes deixaram folhetos no local, nos quais pregavam o nascimento de “uma concepção violenta da vida e da
história, que exalta a batalha contra a paz e os idiotas aduladores
do poder e escravos do mercado global”. Discurso nada pacífico.
Patrocínio
U
ma equipe italiana de futebol optou por apoio de origem,
digamos, criativa: entre seus patrocinadores está um bordel austríaco. Time da quarta divisão do futebol italiano, o
Trentino Calcio 1921 tinha a companhia Casa Bianca no topo
da lista de patrocinadores veiculada em seu site. Mas visitantes
que clicaram no ícone da Casa Bianca - uma rosa branca - terminaram sendo conduzidos ao site de um bordel na Web. A Casa
Bianca, que opera dois estabelecimentos nas cidades austríacas de Innsbruck e Hallein, descreve-se como “a casa das emoções” e como “local sensual em que você consegue tudo que
deseja”. Os visitantes da Casa Bianca pagam 180 euros (cerca
de 459 reais) por hora, para obter os serviços das beldades do
bordel. As acompanhantes são identificadas por fotos explícitas e nomes no site. O bordel teria dado 10 mil euros (cerca de
25 mil reais) ao Trentino Calcio 1921 para ocupar espaço em
sua página de Internet.
crescimento de um fenômeno musical no sul
da Itália, o das canções populares que glorificam a vida
de bandidos, está causando
polêmica no país e preocupando as autoridades. Conhecidas como “neomelódicas”,
as músicas copiam o estilo
das velhas canções napolitanas, utilizam o dialeto local
e relatam histórias de prostituição, drogas, matadores profissionais, fugitivos e
tempos difíceis. Autor do livro “Napoli… Serenata Calibro 9”, Marcello Ravveduto,
denuncia a justificativa “cultural” pregada pelos cantores
neomelódicos e tem o apoio
do ministro do Interior italiano, Giuliano Amato.
Tá chovendo...
P
roprietário de uma
mansão no Lago Como,
o ator e diretor de cinema George Clooney inventou uma forma inusitada de
se proteger dos paparazzi que o perseguem. O exDr. Doug Ross de E.R. criou
uma máquina que arremessa
ovos e que é ativada através
de um sensor infravermelho.
O artista instalou o aparato
na sua residência. Desde
então, quem se aproxima
da propriedade sem autorização é recebido com uma
chuva de ovos.
Entretenimento com cultura e informação
/
Novembro 2007
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
7
opinião
serviço
agenda cultural
frases
“Devo fare gli auguri
ad Alex e sua moglie, la
nascita di un figlio è una
delle più belle emozioni
che la vita può darci”,
“È bello sapere che anche la Cassazione ama
la natura, il bello e le virtù terapeutiche del
mondo vegetale: non possiamo che apprezzare il
via libera da parte della Corte alla coltivazione
della canapa indiana per uso ornamentale”,
Francesco Totti, attaccante
della Roma, rivolto al
capitano della Juventus, il
centrocampista Alessandro Del
Piero, per la nascita di Tobias.
senatore Gianpaolo Silvestri, del partito Verde
italiano, sul permesso concesso dalla Cassazione
per la coltivazione della marijuana, la cannabis
sativa, sui balconi residenziali.
“Stabilire le cause delle gravi malattie che possono
colpire i nostri soldati è una priorità assoluta”,
Fotos: Divulgação
ministro italiano della Difesa Arturo Parisi,
dicendo che 255 soldati hanno contratto malattie
tumorali dopo le missioni nei Balcani, Afganistan,
Iraq e Libano tra il 1996 e 2006.
Cine Brasília, de 6 a 12 de dezembro. Os filmes serão exibidos sempre à noite e a entrada é gratuita.
Informações: (61) 3442-9900.
II Congresso de História da Vitivinicultura (RS) - Organizado pela Universidade de Caxias do Sul
e pelos Estúdios Vitinicolas de
La Región, o congresso terá mesas redondas para discutir a vitivinicultura na Região Austral e
América Latina. Acontece de 21
a 24 de novembro. Local: Bloco
H da UCS - Universidade de Caxias do Sul. Informações: (54)
3218-2670 ou pelo e-mail: [email protected]
na estante
Cacau (DF) - A exposição do fotógrafo italiano Luca Rinaldini homenageia o escritor Jorge
Amado. Com 25 fotografias, em
preto e branco, que permitem
uma viagem ao mundo e à cultura do cacau brasileiro, a mostra segue o rastro dos personagens e dos lugares contados por
Amado. O projeto foi realizado
com a colaboração da professora
Luciana Stegagno Picchio, amiga
íntima do escritor e de Zélia Gattai, que editou, em 2002, todos
os romances de Jorge Amado na
Itália. Local: Embaixada da Itália. SES - Avenida das Nações,
Qd. 807, lote 30. Informações:
(61) 3442 9900. Até 30/11.
Noite de Natal (MG) - De volta ao
Brasil para uma turnê do espetáculo Noite de Natal, o Grupo italiano Amarcord apresenta em Belo
Horizonte uma peça de caráter lírico, interpretada com música ao
vivo. O espetáculo traz para o palco a história do encontro de Maria
com José, passando pela Anunciação e a viagem para Belém até o
nascimento de Jesus. Dia 29/11,
às 20h. Local: Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Avenida Nossa
Senhora do Carmo - Bairro Sion Belo Horizonte. Entrada franca.
click do leitor
Arquivo pessoal
“Il cinema italiano non esiste più.
La situazione attuale è disastrosa”,
Venezia Cinema Italiano III (SP/BR/
RJ/PE) - Promovida pela Embaixada da Itália no Brasil e patrocinada pela TIM Brasil, traz seis
películas que retratam as facetas
do cinema contemporâneo na Itália e o filme “A estratégia da aranha”, obra de Bernardo Bertolucci, de 1970, recém-restaurada. A
mostra passará por quatro capitais: São Paulo, no Centro Cultural e no Espaço Bombril, de 22 a
28 de novembro; Rio, no Armazém
do Leblon, de 26 de novembro a 2
de dezembro; Recife, na Fundação
Joaquim Nabuco, 30 de novembro
a 4 de dezembro e, em Brasília, no
Mariangela Melato, attrice, spiegando
perché ha smesso di fare cinema.
enquete
O cinema italiano participou do Festival do Rio.
Você assistiu algum filme?
Não - 80%
Sim - 20%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro.
Você acha que o Brasil tem condições
de sediar a Copa em 2014?
Sim - 75%
O império dos Dragões - Valério Massimo Manfredi harmoniza
seus grandes temas – amizade,
honra, força de grupo, para citar
alguns – e revela-se no apogeu
de seu poder narrativo. O autor
combina o cotidiano da Antiguidade e seu ponto de partida se
dá no ano de 260 d.C, na Anatólia, quando Valeriano I decide
negociar a paz. Editora Rocco,
320 páginas, 46,50 reais.
Saga Siciliana de traições - O livro de Antonio de Salvo descreve
as particularidades da personalidade de um siciliano e para falar
dessas características o autor rememora fatos ocorridos em sua infância e adolescência. A história
contém desde detalhes do trabalho com vinhos na Sicília às desavenças familiares que quase arruinaram o clã. Tira de Letra Editora,
193 páginas, 29,90 reais.
cartas
“P
Não - 25%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 30 de outubro a 2 de novembro.
8
ComunitàItaliana
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Novembro 2007
arabéns para a equipe de Comunità, que está cada vez mais
bonita e com melhores artigos. Aliás, é fundamental que
vocês nos informem cada vez mais profundamente sobre a situação
política, tanto de nossa querida Itália, quanto das articulações de
nossos representantes aqui no Brasil.”
E
m fevereiro de 2006 eu e minha namorada fizemos um maravilhoso passeio pela Itália e visitamos várias cidades, mas
uma em especial não sai de nossa memória e deixou muitas saudades: Assisi. A famosa cidade de San Francesco é sem dúvida um
lugar que transmite muita paz. Foi muito emocionante visitar a
Basilica di San Francesco, lugar de muita oração. Tiramos essa foto que permanecerá registrada para sempre em nossos corações.
Alexandro Campos - Grajaú - RJ - por e-mail
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
“I
nteressante perceber as diferenças entre as polícias brasileira
e italiana na última edição. Concordo muito com o oficial que
diz ‘ser policial envolve os sonhos e frustrações de um jovem que,
ao entrar na corporação pensava em fazer a diferença e, com o passar dos anos, vê que é muito, muito difícil mudar certas coisas’.”
João Paulo Souza Lima,
Rio de Janeiro - RJ — por e-mail
Gerson Conforti,
Rio de Janeiro - RJ — por e-mail
Novembro 2007
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ComunitàItaliana
9
opinione
opinione
Premio nobel ad uno
scienziato oriundo italiano
La straordinaria vita del Prof. Mario Capecchi
P
Franco Urani
urtroppo l’Italia, nonostante le sue notevoli
tradizioni scientifiche,
non ha stanziato dal dopoguerra in poi investimenti
adeguati per promuovere e sviluppare le ricerche, a differenza
degli Stati Uniti e dei principali
paesi europei dai quali sempre
più dipendiamo. Ne consegue,
oltre alla perdita di prestigio,
un elevato dispendio per l’acquisto dei prodotti brevettati
alla cui scoperta hanno spesso
cooperato i nostri ricercatori
all’estero.
10
Si tratta cioè di una politica
errata, in quanto la maggioranza
dei giovani dotati e portati alla
ricerca che si laureano negli atenei scientifici dello Stato italiano
ed a spese di questi, non avendo la possibilità di sviluppare
una carriera scientifica in Italia,
si trasferiscono perlopiù all’estero per specializzarsi, qui ricevono allettanti proposte e ben difficilmente ritornano a lavorare
in patria. Il fenomeno coinvolge anche vari ricercatori italiani
maturi, scoraggiati dalle risorse
e stipendi inadeguati.
Il problema ormai è molto
sentito e si vorrebbe affrontarlo, anche se sarà difficile recuperare il tempo perduto, non
disponendo finora il settore
scientifico del peso politico
necessario per ottenere accesso adeguato alle limitate
risorse pubbliche.
La vicenda di Mario Capecchi, nato a Verona 70 anni fa, Premio Nobel per la Medicina 2007 per le sue ricerche
sulle cellule staminali, professore presso l’Università
dell’Utah di Salt Lake
City (USA), nulla
ComunitàItaliana
/
ha a che vedere con la problematica sopra indicata, ma merita
di essere raccontata.
Il padre di Mario Capecchi
era italiano, aviatore, abbattuto all’inizio della guerra. La
madre Lucie Ramburg era un’artista americana, poetessa e pittrice che viveva a Firenze prima
di sposarsi, pubblicamente contraria al fascismo e nazismo. Per
sfuggire alla cattura, si nascose
con il figlioletto in un maso della valle del Renon in Alto Adige,
dove fu presa e deportata a Dachau dalla Gestapo, che allora
era un campo di concentramento
per soli detenuti politici.
Capecchi aveva allora quattro
anni e mezzo, non potè seguire la madre e visse abbandonato fino ai 9 anni, vagando per le
strade di Bolzano, Verona, Reggio Emilia, con l’unico pensiero
di sopravvivere, perennemente
affamato.
Nell’ottobre del 1946, dopo un anno e mezzo dal termine
della guerra, la madre lo ritrovò
dopo lunghe e affannose ricerche
in un ospedale di Reggio Emilia.
Ritornarono felici ma estremamente precari a Verona dove vissero circa 18 mesi, trasferendosi
poi in America dove Lucie aveva
un fratello.
Capecchi cominciò là le scuole con 4/5 anni di ritardo, senza
alcuna conoscenza d’inglese. Ma
era dotato e temprato dalla terribile infanzia. Studiò chimica e
fisica all’Antioch College in Ohio
e di là andò ad Harvard per laurearsi in biofisica nel 1967, a 30
anni. Vi intraprese la carriera universitaria, per trasferirsi definitivamente nel 1973 nell’Università
dello Utah (lo Stato dei Mormoni)
di Salt Lake City, che gli mise a
disposizione tutte le disponibilità e risorse necessarie per sviluppare le sue ricerche genetiche.
Novembro 2007
Il lavoro di Capecchi si concentrò sui geni dei topi, in particolare sulle cellule staminali
derivate dagli embrioni, grazie
alle quali è possibile sviluppare
tecnologie potenzialmente capaci di trovare soluzioni per alcune malattie incurabili che ancora
affliggono l’umanità, tra cui Parkinson e diabete.
La tecnica inventata da Capecchi è denominata “gene targeting” e consente di disattivare
o modificare particolari geni di
topi, studiandone gli effetti sulla salute e malattie. Dal 1989 furono studiati oltre 10.000 geni,
ossia circa la metà del totale in
ogni roditore.
Abbiamo visto con emozione
Mario Capecchi parlare in televisione: si esprime soltanto in inglese, ma si sente profondamente
legato all’Italia ed ha sottolineato il fatto che il suo Premio Nobel gli è arrivato proprio nel Columbus Day, il giorno in cui gli
italo-americani celebrano la loro
identità. Si emoziona al ricordo
delle sofferenze passate in Italia nella sua infanzia e sottolinea
che il suo lavoro si è reso possibile grazie alla sua venuta in
America, dove ha trovato tutte le
opportunità necessarie.
Ritiene che il suo Nobel costituisca anche un messaggio
per l’Italia, per i suoi ricercatori,
per lo Stato e i privati, un incitamento ad investire nei giovani – e ve ne sono tanti eccezionalmente dotati - nella scienza e
nella conoscenza, considerando
che senza risorse non esistono
opportunità.
Il Prof. Mario Capecchi ci dà
un altissimo esempio di splendida
riuscita ed è una voce autorevolissima che si aggiunge a tante altre
per spingere l’Italia a partecipare
validamente allo sforzo mondiale
della ricerca scientifica.
Vaffan-day del Brasile
Manca un Grillo fra noi, ma i bersagli non mancano
U
n uragano forza 5 ha
spazzato l’Italia nel settembre scorso. Dal palco
di piazza Maggiore, nella
Bologna rossa, Beppe Grillo ha
invitato, in forma incisiva, concisa, pittoresca e veemente alcuni politici ad andare laddove, salvo casi isolati, nessuno desidera.
Non pronuncerò la parola fatidica. Essa ferisce troppe orecchie;
si preferisce dire sedere, deretano, didietro, posteriore, lato B
(definizione televisiva recente),
fondo schiena (i più eleganti).
Ma la gente che sembra perbene
ha paura delle parole, fingendo
di ignorare che sono i fatti che
fanno male, molto più che le parole. Ma è giusto rispettare anche i loro sentimenti.
L’invito era rivolto ad alcuni tra i più importanti esponenti della classe politica, dal
presidente del Consiglio in giù.
Essi sono responsabili, secondo Grillo, di non rendersi conto
che l’Italia è profondamente stufa di come vanno le cose, di un
Governo che non governa, di un
Parlamento che non fa le leggi,
di un Giudiziario inefficente, di
Ezio Maranesi
enti locali che funzionano male,
di una spesa pubblica che continua a crescere, di servizi pubblici che servono poco e male, di
stipendi e pensioni da sopravvivenza (quando lo sono). La gente è stufa di assistere ai litigi tra
destra e sinistra, inutili quanto
idioti: di politici che sono tutti d’accordo solo quando si tratta di mantenere, o accrescere, i
propri assurdi privilegi. Tipica e
patetica l’autodifesa del ministro
Mastella, preso di mira da alcuni conduttori RAI: “I miei privilegi - afferma - sono legittimi,
cioé attribuiti dalla legge, quindi non c’è scandalo”. Ha ragione,
ministro, ma lei dimostra di non
aver capito nulla di quanto stia
accadendo; di non aver capito
che, se è giusto che un ministro
sia ben pagato, è immorale che
la sua posizione gli permetta di
avere vantaggi che nulla hanno
a che vedere con la sua funzione,
vantaggi negati a tutti gli altri
60 milioni di italiani che non appartengono alla casta. Rinunci a
questi vantaggi, ministro, rinunci a comprare da un ente pubblico appartamenti prestigiosi a
metà prezzo, ed avrà la stima degli italiani, oppure stia zitto come molti suoi colleghi, che incassano senza pudore, aspettano
che passi la bufera e la gente dimentichi. Spero proprio che questo tsunami non sia dimenticato,
e possa portare qualche riflesso
positivo.
Non molti, nell’altra Italia,
cioè noi emigrati e relativi pronipoti, hanno capito la portata di
quanto è accaduto, anche perché
pochi parlano o leggono l’italiano. Ne hanno colto l’aspetto
folkloristico e hanno ridacchiato,
come ridono i bambini quando si
dicono le parolacce.
Il discorso di Grillo non è stato né razionale né elegante, ma
una perorazione gentile e sensata non avrebbe avuto eco. Grillo
ha voluto provocare e scuotere le
coscienze degli italiani, e c’è riuscito. Grillo ha, a mio avviso, il
merito di aver avvicinato la gente alla politica e di aver accentuato la distanza tra la gente e
la classe politica. Facciamo una
novena perché ciò sia servito.
L’Italia è un paese esportatore, di macchine e moda, di brac-
cia, di cervelli e di idee. Sembra,
ma non ne sono sicuro, che in
alcuni paesi arabi qualche pazzo
avrebbe voluto imitare l’idea di
Grillo. Scartata a priori: là non si
scherza. Dissidenti cubani e bolivariani adorerebbero l’idea, ma
neppure Fidel e Chavez amano
scherzare.
Il Brasile, grazie al Cielo,
è oggi un paese profondamente democratico. Al massimo, se
l’invettiva fosse troppo spinta,
si rischierebbe un processo per
vilipendio alle istituzioni. Non
mancherebbero personaggi da
“invitare”; manca però un Grillo: la cultura brasiliana oggi è
piatta e la dissidenza è scarsa
e tiepida.
Un vaffan-day potrebbe essere festeggiato nelle nostre comunità. Sarebbe un “vaffan” bonario, casereccio, tipo festa di San
Gennaro o Madonna dell’Achiropita. Non abbiamo, in fondo, grandi personaggi, anche se qualcuno pensa il contrario. Ci manca
un Grillo, ma non serve nemmeno
tutta la sua carica dirompente.
Ma qualche piccolo capo-bastone
da invitare ci sarebbe.
opinione
marco lucchesi / artigo
Benedetta
primavera!
La Conferenza sull’America Latina organizzata a Roma dal
Governo Italiano e il ‘Tavolo Brasile’ che si riunisce a novembre a
Rio de Janeiro confermano la ripresa di una nuova politica
L
a primavera del 2007 ha
coinciso, per le relazioni
tra l’Italia e l’America Latina, con il momento più alto
di riflessione comune sullo stato delle politiche di integrazione
e di scambio a carattere sociale,
economico e culturale.
La Conferenza organizzata a
ottobre dal Governo italiano a Roma, aperta dal Presidente del Consiglio Romano Prodi e conclusa
dall’intervento del Ministro degli
Esteri Massimo D’Alema, costituisce già un saldo punto di riferimento per lo sviluppo e il rafforzamento della presenza dell’Italia
e dell’Europa nel continente.
Merito del principale responsabile per la politica estera italiana in America Latina, il Vice Ministro degli Esteri Donato Di Santo,
che ha fortemente voluto che questo importante appuntamento si
tenesse a Roma alla presenza dei
massimi livelli istituzionali italiani
e di esponenti di primissimo piano
dei Paesi latinoamericani.
La Conferenza è stata cosí al
tempo stesso il momento di sintesi e di bilancio del primo anno e mezzo di “Governo Prodi”
in Sudamerica, ossia della ripresa
forte e decisa delle relazioni di-
Fabio Porta
plomatiche del nostro Paese con
tutti i Paesi del continente.
Mai avevamo assistito ad un
periodo tanto fitto di incontri
istituzionali nelle relazioni italiane in Sudamerica; nel caso di
alcune nazioni erano decenni che
un Capo di Governo o Ministro
degli Esteri italiano non vi realizzava una visita ufficiale.
Dietro a questa intensificazione dei rapporti va delineandosi un
complesso e articolato quadro di
politiche e di programmi che riprendono o – in alcuni casi – hanno avuto avvio in questi mesi: si
va dalla ripresa (forse ancora timida) della cooperazione allo sviluppo al rilancio delle relazioni tra le
Universitá; dall’intensificarsi dei
grandi investimenti infrastrutturali al rifiorire delle relazioni tra enti
locali italiani e sudamericani.
Il Brasile, grazie soprattutto
al PAC (il Piano di Accelerazione
della Crescita) e quindi al piano di
sviluppo delle grandi infrastrutture strategiche, ha avuto un grande spazio nel corso delle due intense giornate di Conferenza.
L’attenzione non era limitata
ai grandi investimenti.
Altri settori sono protagonisti di questa ripresa di interesse
e di progetti. È il caso dell’ambiente (con la questione energetica in primo piano) e del lavoro
(politiche di inserimento occupazionale e formazione professionale innanzitutto).
L’ultima settimana di novembre sarà, per il Brasile, un po’ il
coronamento della nuova “primavera” latinoamericana, iniziata
con la Conferenza di Roma.
Il 27 novembre si terrà infatti proprio in Brasile la riunione
del “Tavolo” di coordinamento
istituzionale delle politiche esistenti tra i due Paesi, con la delegazione italiana guidata proprio dal Vice Ministro Di Santo e
con la ricca presenza di tutte le
entità pubbliche e private protagoniste di questa fase di ripresa
dei rapporti tra i due Paesi.
Anche questa scelta va nella
direzione giusta: si vogliono cioè
riempire di contenuto strategico quei luoghi istituzionali che
mai avevano giocato un ruolo reale e incisivo nella pianificazione dei progetti e delle attività di
cooperazione tra Italia e Brasile.
Il mese di novembre si concluderà con un importante Seminario
organizzato dai due Ministeri del
Lavoro; a questo ultimo evento dò
una particolare importanza, principalmente per il fatto di avere
come sostrato due elementi che
ho sempre ritenuto fondamentali
per lo sviluppo dei rapporti tra i
due Paesi e per il rilancio e la valorizzazione della stessa presenza
italiana in Brasile: il mondo del
lavoro e i giovani.
Si tratta infatti di un connubio importante e, ripeto, per me
indissolubile.
Il mondo del lavoro brasiliano, tanto nella sua accezione riferita alle organizzazioni sindacali dei lavoratori, quanto allo
sviluppo della grande presenza
industriale, è naturalmente figlio
della storia dell’emigrazione italiana qui e nel continente.
Il fatto che oggi alcune grandi agenzie pubbliche o private
italiane siano presenti in Brasile
con specifici programmi che hanno voluto valorizzare proprio la
centralità della presenza italiana
e lo sviluppo di nuova e qualificata occupazione per i giovani, rappresenta certamente un elemento
positivo e da incoraggiare.
La speranza è che il Seminario
possa dare un contributo al coordinamento effettivo di questi interventi, costruendo magari possibili canali di collegamento stabile
e integrato tra le politiche e gli
interventi dei rispettivi Paesi.
In un momento di grande instabilità e incertezza di carattere
politico e istituzionale (e il discorso vale tanto per l’Italia quanto per
il Brasile) la “primavera italo-brasiliana” ci può e ci deve fare ben sperare per il futuro di questo proficuo
e ormai indistruttibile rapporto; lo
affermo pensando soprattutto alle
giovani generazioni – italiane e latinoamericane – sempre più bisognose e disponibili a queste forme
di interscambio e di cooperazione
internazionale.
São Francisco
e Rûmî
Numa belíssima página, o teólogo Leonardo Boff traça um paralelo entre
Francisco de Assis e Rûmî, centrado no amor que os reúne, a partir da loucura
e do estado de ebriedade em que se encontram. Diz Boff quanto segue abaixo:
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
13
atualidade
Ministério Italiano das Relações Exteriores anuncia ajuda na ordem de dez milhões de euros
aos seus cidadãos idosos em situação de miséria no exterior. O assunto gera discussão em
torno do projeto de lei para definir o modelo de assistência a esses imigrantes
“N
ão fui consultado se
gostaria de vir para o Brasil. Tinha 13
anos e meu pai simplesmente veio e trouxe a família.
Hoje, posso dizer que sou muito
mais brasileiro do que alguns nascidos aqui. Mas também sou italiano. Não é fácil olhar para trás
e ver que depois de ter minha
empresa e toda uma situação de
conforto, agora moro num cubículo de 4x4 metros. Poderia fazer
como muitos que se naturalizam
e obter a ajuda do governo brasileiro. Poderia fazer como outros
que regressam à Itália, requerem
sua pensão e depois tornam ao
Brasil. Mas isso não é certo! Seria desonesto comigo mesmo e eu
não sei agir assim. Sigo a minha
vida e muitas vezes me cuido para não desmoronar, principalmente diante da minha esposa. Tenho
que estar forte apesar de tudo o
que passamos”.
O relato do designer de sapatos Giuseppe Frenda é apenas
um capítulo na história de italianos que vivem em situação
de miséria no exterior. Aos 67
anos, o siciliano trava luta pela
sobrevivência como centenas de
compatriotas idosos que têm em
comum a escassez das oportunidades de trabalho, a necessidade
14
Sílvia Souza
de ajuda para cuidar da própria
saúde e, em alguns casos, o fato
de residirem em áreas consideradas de risco.
Frenda mora na comunidade
de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e sonha
com o dia da aprovação do assegno di solitarietà. A nomenclatura se refere a um projeto
que beneficiaria os italianos com
mais de 65 anos, em situação de
baixa renda e residentes no exterior, com uma espécie de ajuda
de custo.
A questão, que é antiga e politicamente difícil, voltou a ter
destaque na Itália e fora dela no
mês de outubro, quando o viceministro das Relações Exteriores,
Franco Danieli, anunciou que,
com os valores recuperados pela Lei de Orçamento para 2008,
dentre outras medidas, o governo
italiano renovaria a concessão de
solidariedade ao grupo.
Ao falar aos deputados que
compõem a Comissão das Relações Exteriores da Câmara, Danieli declarou saber que os recursos “não serão suficientes
para cobrir todas as necessidades, mas (a atitude do governo)
será um primeiro passo”.
— Ouço falar desse projeto
há anos e, sinceramente, seria
ComunitàItaliana
/
um alívio ter a certeza de que não
morrerei antes de ele ser posto
em prática. Mas a gente sabe que
esse tipo de coisa não se resolve
tão facilmente. Seria necessário
identificar quem são os necessitados, conhecer seus problemas.
O governo teria de ter uma outra
relação com seus italianos no exterior. Eu acho que fiscalizar é o
melhor caminho, pois tem gente que recebe ajuda e vive viajando, tem carro e outras posses.
Enquanto a outros é negado o direito de fazer duas refeições por
dia — desabafa o designer, que
atualmente trabalha temporariamente como sapateiro na
Tijuca.
Depois de chegar ao Brasil, ele passou um período em São
Paulo. Trabalhou em
Franca, conhecida por ser
pólo de produção de calçados.
Foi designer de grifes como a
Christian Dior e a Mr. Cat, mas
depois decidiu tentar a vida no
Rio, na Ilha do Governador, onde se estabeleceu com a esposa
e montou a sua própria fábrica
de calçados.
O negócio, que chegou a ter
25 funcionários, não deu certo, e
fechou em 2002. Quebrado, Frenda passou a viver de bicos, ar-
Novembro 2007
ranjados por amigos, como Mario
Gennaro, que, por último, confiou a ele a administração de sua
oficina na Tijuca, mas só durante
os 20 dias em que este estiver
viajando.
Depois desse prazo, Giuseppe
volta a não saber o que será de
A face oculta da imigração
O problema de Giuseppe mostra
uma face pouco conhecida da
imigração italiana: muita gente
que chegou à América Latina e a
outros continentes passa por dificuldades e enfrenta a emergência de um socorro de sua pátria
mãe. A questão tem merecido debate nas bancadas da Câmara e
do Senado italianos.
Por aqui, quem se encarrega
de representar o governo e cuidar
de seus cidadãos são a embaixada e os consulados. Segundo informações obtidas pela Comunità,
no ano passado, foram atendidos
1.146 italianos em situação de indigência. O governo italiano destinou 1, 248 milhões de euros ao
Brasil em 2006. O montante foi
repartido às áreas consulares, de
acordo com a urgência de atendimentos. Assim, o consulado do
Rio de Janeiro ficou com a maior
parte da verba, 580 mil euros, seguido por São Paulo, com 380 mil,
Porto Alegre, com 97,5 mil e, Curitiba, que recebeu 90 mil euros.
Os consulados de Brasília,
Recife e Belo Horizonte ficaram
juntos, com um total de 100,5
mil euros. Estima-se que para
atender aos idosos em extrema
pobreza no ano de 2007 a verba repassada da Itália ao Brasil
chegue a 1,5 milhões de euros.
De acordo com o cônsul da
Itália no Rio, Massimo Bellelli,
atualmente 800 pessoas recebem
diferentes formas de assistência
do consulado. Além disso, segundo ele, em um ano foi possível
dobrar o número de internações em casas de repouso.
Em 2007, cerca de 20 idosos estão recebendo tratamento especial.
— Há alguns anos,
sofremos com o corte
de verbas. Houve pro-
testos e muita gente ficou sem
atendimento. Mas o governo atual já deu provas de que se preocupa em responder a essa questão
emergente. Desde que cheguei ao
Rio, a circunscrição tem alcançado mais recursos — afirma Bellelli, revelando que para 2007
aumentou para 625 mil euros o
valor destinado aos idosos.
Os consulados atuam como
juízes e determinam os critérios
para que as pessoas recebam os
auxílios. Em paralelo a esse atendimento, os patronatos, como o
Instituto Nacional de Assistência
Social (Inas), viabilizam o recebimento de assistência médicohospitalar e de medicação para
os credenciados. Caso de Giuseppe Frenda.
— Sofri um infarto há dois
anos e minha esposa também
tem problemas de saúde. Ela é
hipertensa. Tomo oito comprimidos diferentes durante o dia e vi-
vendo como vivo, não teria como
arcar com os custos médicos e o
tratamento. Foi essa ajuda para
médico e recebimento de remédios que consegui. Vez ou outra
também dão uma cesta básica.
Mas é tudo sem perspectivas. Meu
maior medo é passar mal na rua e
não ter quem me acuda. É certo
que digam: “o velho está bêbado”. Difícil é encontrar gente que
verifique se precisamos de socorro — avalia Frenda.
“Ouço falar desse
projeto há anos
e seria um alívio
ter a certeza de
que não morrerei
antes de ele ser
posto em prática.
O governo teria de
ter outra relação
com seus italianos
no exterior”
Giuseppe Frenda,
designer de sapatos
Roberth Trindade
Ilusões
perdidas no
Novo Mundo
sua vida. Tem contado com o auxílio do filho e de um irmão que mora em São Paulo. Sobrevive com
cerca de 400 reais por mês, dos
quais retira 250 para o pagamento
do aluguel em Rio das Pedras.
— Tive de vender tudo o que
possuía. Preferi isso a dever os
funcionários e ficar com meu
nome sujo. Até tentei voltar à
Itália, mas encontrei barreiras
diversas e não me acostumaria
mais lá. Meus amigos estão aqui,
se me perguntam, não posso falar de como é a vida em Roma
ou Veneza. Seria um estrangeiro
em minha própria terra. Só que
há 60 anos eu escuto dizer que
o Brasil é o país do futuro. E que
futuro é esse? — analisa ele,
que não tem direito à aposentadoria brasileira nem à italiana,
por não ter contribuído em país
algum com a seguridade.
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
15
Há 18 anos no Brasil, o Inas
já atendeu a cerca de 14 mil
pessoas. Entre as funções, há os
encaminhamentos aos Consulados dos pedidos de assistência,
as solicitações de certidões para os Comunes, na Itália, habilitação dos pedidos de aposentadoria italiana e brasileira e, a
orientação no que diz respeito
aos caminhos para obtenção do
reconhecimento da cidadania
italiana.
Sem documentos,
sem cidadania
Outro que também fica a mercê
da compaixão dos compatriotas
é Aldo Novi, de 65. Nascido na
província de Pola, ele chegou ao
Brasil aos nove, estabelecendo-se
com o pai, a mãe e outros quatro
irmãos no município de Magé, no
Rio. A falta de informação atrasou a retirada dos documentos de
identificação e até hoje ele ainda
padece pelo reconhecimento de
seu país de origem.
— Na minha certidão de
casamento não consta o nome
do meu pai, aí minha esposa e
meus filhos não têm direito à cidadania. Eu não sei o que é viver
bem, com tranqüilidade. Passava
fome na Itália e vim passar mais
dificuldades no Brasil. As recordações da minha infância são as
dos mesmos problemas que enfrento hoje: viver espremendo
o dinheirinho pra chegar ao fim
do mês — comenta Novi, aposentado pelo governo brasileiro,
com renda mensal de um salário
mínimo.
Ex-empregado de uma fábrica
de tecidos, o italiano teve dois
filhos no Brasil e complementa sua renda com a ajuda dos
rebentos. Conta, vez ou outra,
com uma cesta básica, quando o
INAS, consegue fazer a distribuição. Não tem a posse da casa na
qual reside com a esposa Zilmar,
de 60. E enfrenta alagamentos
no próprio lar nos períodos de
enchentes.
— Com 380 reais, pago as
contas de água, luz e telefone.
Estou acostumado a cortar gastos. Na época em que meus filhos eram crianças, a única preocupação era não deixar faltar o
leite. Se a Itália reconhecesse os
filhos que têm problemas nos outros cantos do mundo, pelo menos eu poderia dizer que depois
de velho, lembraram de mim, ao
menos uma vez — diz.
Grupo Keystone
Muita discussão,
pouco resultado
Os deputados Marco Fedi e Gianni Farina, da Ulivo, são autores
de uma proposta de lei que prevê
o pagamento de um “salário” de
125 euros para os italianos em
necessidades. Eles consideram
que a discussão deve evoluir de
modo a garantir que a contribuição aos compatriotas se inicie
rapidamente. A deputada Mariza
Bafile, da Unione, também defende essa bandeira.
— Tudo dependerá da duração da legislatura e da importância que a maioria e a oposição
dão a essa questão que, para nós,
é prioritária — destaca Fedi.
Coincidência ou não, todos
os três foram eleitos no exterior:
Fedi representa a Austrália, Farina, a Eslovênia, e Bafile, a Venezuela.
— Não se pode esquecer que
a imigração italiana para a América Latina, desde 1945, contribuiu para o envio das remessas
16
ComunitàItaliana
/
empregadas na construção do país, principalmente no pós-guerra.
Temos um problema orçamentário, mas voltar a contribuir com
os imigrantes sem sorte é um
ressarcimento político, humano
e moral para com a comunidade
— defende Farina.
A diretora do INAS no Rio,
Rita Martire, lembra que o estudo de um projeto que atenda as
necessidades dos italianos no
exterior deve atentar para os diferentes custos de vida dos envolvidos.
— Na Venezuela, sabemos
que está em teste um acordo que
reverte a ajuda para um sistema
de assistência de saúde. No Brasil, a extensão territorial e a diversidade de planos já impossibilitariam essa opção. Na América
Latina há italianos em situação
de indigência, mas na Austrália,
no Canadá ou em outros países
da Europa, tenho minhas dúvidas. Essa ajuda teria que vir para os que realmente precisam —
defende Rita.
Se o problema do orçamento
não pode ser esquecido, mas do
que discutir valores, o que também está em jogo é a definição
do que cabe nesta “ajuda aos
compatriotas”.
— Negar ajuda a um cidadão
italiano nascido no exterior não
é aceito nem mesmo na Constituição Italiana. Mas ao buscar os
responsáveis pela tutela de um
cidadão, não podemos isentar o
governo brasileiro e simplesmente repassar essa questão para o
Governo Italiano. Acredito em
critérios sérios para preencher
todos os requisitos e obter, assim, o benefício. Por isso, se algum cidadão italiano, nascido no
exterior, preenche tais requisitos, não vejo problema algum em
ajudá-lo afinal, estamos falando
de solidariedade — pondera Rita Martire.
Critérios para medir a miséria
No Brasil, para ser classificado
como necessitada pelas autoridades italianas, a pessoa deve se
enquadrar em critérios como receber um salário mínimo mensal
inferior ao que é pago no território nacional (que equivale a 380
reais, podendo ser corrigido de
acordo com o custo de vida e a
realidade da região que habita).
Também se avalia se a pessoa
possui imóvel próprio e o tama-
Novembro 2007
Roberth Trindade
atualidade
“Atualmente, 800
pessoas recebem
assistência
do consulado.
Desde que
cheguei ao Rio, a
circunscrição tem
alcançado mais
recursos”
Massimo Bellelli, cônsul
nho da residência, além do estado de saúde do requerente.
Como critérios integrados,
o tamanho da família também
conta. Em caso de esposa dependente e filhos menores de
idade, recebe-se auxílios maiores do que no caso da ausência
desses membros. Idosos que residem sozinhos, são portadores
de necessidades especiais, vivem em condições de marginalização ou mesmo estão presos,
apresentam novas características de urgência para o atendimento.
— Verificamos que, com o
passar dos anos, o número de
pessoas necessitadas vem aumentando e os recursos disponíveis não evoluem proporcionalmente. Logo, tutelar um cidadão
torna-se a cada dia mais difícil.
Por isso, acredito em um trabalho de cooperação na busca de
recursos paralelos como a gratuidade dos remédios, solicitação de isenção de taxas, assistência jurídica entre outros
— conclui Rita.
Empresas de viagens e instituições ligadas ao lazer aquecem mercado
turístico brasileiro às vésperas do verão. Segundo dados do Banco Central,
somente em setembro, os turistas estrangeiros deixaram no Brasil cerca de
343 milhões de dólares. E o destaque da temporada vem do mar, com a
chegada, em novembro, dos navios da italiana MSC Cruzeiros
N
Sílvia Souza
uma época em que o bug
aéreo e as péssimas condições das estradas são
empecilhos para os momentos de lazer, aquela vontade
juvenil de pegar a mochila e cair
no mundo nunca foi tão difícil de
se concretizar. Mas se você pensa em aproveitar o sol característico do verão brasileiro e todas
as combinações que ele permite,
não há mais desculpas. Do mar,
vem a opção mais tranqüila. Envoltos pelo charme quase que
cinematográfico de seus salões
e ambientes, os cruzeiros chegaram devagarzinho e acabaram
abocanhando uma fatia de mercado expressiva dentre os nichos
turísticos apresentados no país.
Que o digam os números da MSC
Cruzeiros, que de oito mil hóspedes da temporada 2002/2003
chegou a 59 mil no último verão. A empresa italiana espera
transportar, na temporada que
se inicia em novembro, 110 mil
passageiros da América Latina, e
dentre esses, 85 mil brasileiros.
Além disso, já projetando a
temporada 2008/2009, a MSC
quer ultrapassar a marca de 200
mil passageiros transportados na
América do Sul (com 160 mil hóspedes do Brasil). E para alcançar
sua meta, o navio MSC Música,
A MSC tem frota mundial com
oito embarcações. Até 2010 mais
quatro navios devem ser incorporados à empresa, que participou
da Abav 2007, feira dos agentes
de viagens das Américas,no Riocentro, Zona Oeste do Rio.
Em terra firme
Se a vontade é de se estabelecer
em terra, num recanto paradisíaco e ainda ter a sua disposição a
hospitalidade italiana, Armação
dos Búzios pode ser a pedida.
A 180 quilômetros da cidade do
Rio, a península abriga três hotéis que são administrados pelo
grupo ITI Hotels: Colonna Park,
Colonna Beach e Galápagos. Estes foram erguidos nas praias de
João Fernandes e João Fernandinho, duas das 23 opções que o
município apresenta.
— Hospedamos muitos italianos que vêm em família, recémcasados e grupos de empresários.
Búzios é uma alternativa à insegurança do Rio, sem falar das águas
límpidas, próprias para a atividade de mergulho. Fazemos tudo de
acordo com as tradições italianas.
Para o Natal e o Reveillon já estamos preparando cardápio e decoração a contento — divulga o diretor da rede, Giuseppe Vaglio.
A idéia é que nunca falte opção ao turista no Brasil. Tanto
que fugindo das águas salgadas
e do litoral, em meio aos debates sobre preservação da natureza e os resultados do aquecimento global, o Amazonas foi
o anfitrião da Abav na primeira
edição em que um estado tem
a incumbência de apresentar os
seus atrativos a profissionais do
mercado turístico.
FSB Comunicação
Mix italiano
A presença italiana na Feira das
Américas 2007 marcou o lançamento do guia Regiões da Itália
para toda vida. Com 115 páginas,
o livro traz um resumo sobre as
principais regiões da bota, dicas
de viagem e informações sobre
serviços no país. Ele foi distribuído gratuitamente entre os visitantes do Congresso dos agentes
de viagem.
O estande da Itália congregou as empresas CIT, CTC Operadora, VisaTurismo, European,
Raidho, Vivere e Paraíba. Pela
primeira vez no Rio, o diretor
da Agência Nacional Italiana de
Turismo (Enit) para a América e
18
ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
Caribe, Riccardo Strano, comemorava a média de 12 a 15 mil
estadias de brasileiros em turismo na Itália.
— Em 2006 tivemos 340
mil visitantes brasileiros. E estou pensando que o estande do
Enit pode ser um pouco maior na
Abav do ano que vem. Os brasileiros buscam resgatar suas tradições, no famoso turismo de retorno. E quem não tem qualquer
ligação com a Itália vai em busca
da cultura, da alimentação e de
shoppings — diz Strano.
Strano foi ciceroneado pelo
cônsul da Itália no Rio, Massimo
Bellelli.
— Ele fala dos brasileiros na
Itália, mas somente o Rio recebeu
no ano passado 300 mil italianos.
São números mais do que expressivos, mas sei que não dá para
comparar — brinca o cônsul.
A agência de viagens CVC, que
recentemente abriu na França a
sua primeira loja na Europa, pretende se expandir no continente e
tem a Itália como principal alvo.
— Estamos estudando o mercado italiano, fazendo pesquisas
com os clientes. Aqui no Brasil,
somos líderes na procura por viagens à região Sul. Temos Bento
Gonçalves, onde há o circuito dos
vinhos, como quinto ou sexto destino mais procurado na CVC, o que
prova o interesse por essa cultura
tão próxima dos italianos — afirma o gerente das filiais internacionais da CVC, Gustavo Hahn.
Para o executivo, a diversificação dos roteiros brasileiros
pode atrair não só mais italianos
como ainda outros estrangeiros
ao país:
— A primeira coisa que o turista avalia ao escolher seus destinos é a segurança, então precisamos investir nisso. Nossos
agentes receptivos são treinados
para melhor atender às demandas
dos clientes. O Brasil ganha muito destaque porque tem opções
diversificadas e estamos descortinando isso ao turista estrangeiro,
pensando roteiros com mais ecoturismo, história, geografia. Praia
é muito bom, mas há grupos que
vêm por outros interesses.
Tarifas altas
Com uma movimentação de passageiros 12,18% maior no setor
aéreo em 2006, as previsões para o espaço aéreo brasileiro são
as melhores possíveis em 2007.
Roberth Trindade
Business
sobre as ondas:
turismo de
vento em popa
construído em 2006 na Itália, é a
grande novidade. Com 1.265 cabines, sendo mais de 800 compostas com varandas, o Música
se une ao Ópera, de 2004, ao
Sinfonia, de 2002 e ao Armonia,
de 2001, que já operam no litoral sul-americano. O total de leitos oferecidos chegará a 9.710 e
a empresa passará a contar com
cinco meses da alta temporada
de verão, ou seja, de novembro
de 2008 a abril de 2009.
— O MSC Opera chega ao Rio,
pela primeira vez, no dia 22 de novembro e o Amornia em 19 de dezembro. Estamos muito animados
com o mercado brasileiro e as possibilidades de continuar investindo
nos valores italianos que conduzem ao esporte, à arte e à tecnologia — comenta o diretor comercial
da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli.
Já para temporada que se
inicia neste mês, a aposta está
na oferta de quatro novos destinos: Ilha Grande (Rio de Janeiro), Porto Belo (Santa Catarina),
Recife (Pernambuco) e Maceió
(Alagoas).
Em algumas das viagens da
MSC também é possível conferir
roteiros temáticos. Eles têm ênfase em atividades físicas e entretenimento. No Baila Comigo,
é possível aprender, entre outros
ritmos, o forró e o samba, e ainda
curtir um verdadeiro baile de carnaval. Já o Artmar tem um programa que oferece cursos, palestras,
desfiles de moda e exposições.
Roberth Trindade
economia
O cônsul Massimo Bellelli e o diretor do Enit para as Américas, Riccardo
Strano, posam no estande dedicado às atrações turísticas da Itália.
A ministra Marta Suplicy comemorou os bons números no setor: de janeiro
a setembro, os estrangeiros deixaram mais de 3,6 bilhões de dólares aqui
Segundo o presidente da Abav,
João Pereira Martins Neto, a taxa de crescimento de passageiros
deve ficar entre 15 e 18%.
De acordo com a ministra do
Turismo, Marta Suplicy, o aumento do desembarque de passageiros em vôos internacionais em
setembro foi da ordem de 8,98%.
— Os turistas estrangeiros
deixaram no Brasil, de janeiro a
setembro de 2007, 3,6 bilhões
de dólares, quantia que se aproxima da registrada em todo o ano
de 2005, quando ingressaram 3,8
bilhões de dólares. Isso sem falar que hoje em dia não se vende
mais cidade ou país, mas roteiros.
É muito bom saber que o Brasil está repleto de água, praia, floresta,
meio ambiente, enfim, todos os
elementos que são procurados no
século 21 — exalta Suplicy.
Para a ministra, há, no entanto, necessidade de se conscientizar
os brasileiros sobre a importância
cultural do turismo. Ela lembra que
a troca de eletroeletrônicos e domésticos movimenta milhares de
dólares no ano e que as aquisições
culturais feitas durante uma viagem ainda não são mensuradas.
— Num país onde existem
108 milhões de celulares, e isso
não é uma crítica, há que se pen-
Novembro 2007
/
sar mais no potencial e ganhos
que poderiam ser feitos em investimentos nas viagens — pondera.
Houve questionamentos. O
presidente da Abav, João Martins, reclamou do fato de o Brasil ter a terceira tarifa portuária
mais cara do mundo e das taxas
diferenciadas que são aplicadas
pelas operadoras:
— É assim que a gente observa o aumento do superávit nas
contas do governo: do 1,9 bilhão
retido nas movimentações turísticas portuárias, apenas 1,7% foi
reutilizado em melhorias para o
setor. E hoje há casos de operadoras estrangeiras que ainda conseguem oferecer valores mais em
conta para destinos de fora do
Brasil do que a empresa nacional,
quando vende roteiros daqui.
Alheio às criticas expostas
na abertura, o secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer
do Rio, Eduardo Paes, mostravase contente pela cidade sediar o
evento dos agentes:
— A Feira das Américas é um
retrato do Brasil, e o Rio de Janeiro, como vitrine de todo esse
patrimônio, tem a oportunidade
de promover não apenas suas belezas, mas a riqueza da diversidade cultural do nosso país.
ComunitàItaliana
19
economia
Urutus verso
i ferrivecchi
Leader in produzione e vendita di camion in America Latina, l’Iveco, azienda del Gruppo Fiat, si lancia
in due nuove aree. Ha vinto la dura concorrenza per proiettare e produrre la nuova flotta di blindati
dell’Esercito Brasiliano e conclude il 2007 con investimenti di circa 150 milioni di reali
D
Sílvia Souza
opo aver concluso il 2006
con un totale di 12mila camion venduti e di
aver annunciato la creazione di un nuovo centro di ingegneria di prodotti a Mina Gerais, l’Iveco, azienda del Gruppo
Fiat, allarga i suoi orizzonti in
Brasile. È risultata vincitrice nel
processo di scelta dell’industria
che metterà a punto i nuovi carri blindati per il trasporto personale dell’Esercito Brasiliano, e il
contratto dovrebbe essere siglato entro la fine del mese. Malgrado né l’Iveco, né l’Esercito, si
siano pronunciati sul totale dei
veicoli ordinati, è sicuro che la
nuova famiglia di vetture sosti-
tuirà il famoso Urutu, proiettato
nel 1983 dalla Engenheiros Especializados S.A (Engesa).
Nel mercato internazionale,
un veicolo appropriato per trasporto di uomini e equipaggiamenti di sicurezza, come quello
pensato per il Brasile, costa circa 2,5 milioni di dollari. Secondo
l’Esercito, dopo la fabbricazione
di un prototipo, entro due anni,
l’Iveco produrrà, nei due anni seguenti, un lotto-pilota di 16 unità del nuovo modello a sei ruote, successore del vecchio Urutu.
Si stima che la quantità totale
possa arrivare a 1.200 unità. Il
destino dei nuovi blindati, per
priorità, oggi sarebbero le quattro Brigadas de Cavalaria Mecanizadas.
Da dieci anni sul territorio
nazionale, l’Iveco presenta, in
Italia, una divisione di veicoli
propri per la difesa. Oltre a progettare, essa produce blindati e
veicoli di appoggio per l’esercito italiano e anche per quello di
altri paesi. Secondo il professor
Expedito Carlos Stephani Bastos,
dell’Universidade Federal de Juiz
de Fora, il Brasile avrebbe biso-
gno di più di mille veicoli, ma in
caso di emergenza la partnership
con l’Iveco può dare origine ad
un acquisto di 200 macchine.
— Tutto ciò di cui si è parlato finora è frutto di grandi speculazioni. Stiamo aspettando la
messa a punto del contratto per
conoscere i valori, il tipo di veicolo e altre caratteristiche. Dal
2000 si parla del bisogno di sostituire i blindati brasiliani, ma
solo da due anni il progetto ha
cominciato veramente ad andare
avanti — rivela Bastos.
Per portare a termine l’impresa, l’Iveco è entrata in diretta concorrenza con la Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens
S/A e, in una prima fase, altre tre
aziende erano state selezionate,
ma hanno desistito dalla partecipazione.
— Il progetto è rimasto fermo per molti anni. Il veicolo deve adeguarsi ai bisogni brasiliani,
ossia, essere anfibio, come sono
gli Urutus, capaci di funzionare
bene in terra e in acqua. Inoltre,
siccome il mondo si muove verso guerre urbane, questi veicoli
avrebbero la loro sopravvivenza
testata in questi luoghi e, servirebbero, di immediato, nella missione in Haiti, per esempio. Ma
siccome non esiste un preventivo
per l’Esercito, si teme di acquisire veicoli fuori dallo standard —
spiega Bastos.
Il professore si riferisce ai
modelli 6x6 e 8x8 creati dalla
Fiat per l’Esercito Italiano negli anni ’80. Nel caso del primo
veicolo, ci si potevano trasportare 12 soldati, più l’autista e il
capo del blindato. Mettendo a
punto questo veicolo, si è arrivati al Puma e al Centauro, di cui
quest’ultimo è stato testato dal
Centro de Avaliações do Exército
Brasileiro (CAEx), a Rio de Janeiro, nel 2001.
— Spesso, per l’azienda non
è possibile investire in un progetto come questo, e l’Europa
non ha la stessa realtà del Brasile. Come sono stati progettati, il
Puma e il Centauro non servirebbero. Tutta il problema si aggira
ora sui materiali da essere usati,
se saranno nazionali o importati,
opcional che saranno sui veicoli,
scadenze, insomma. Questo senza parlare della discussione sul
ruolo dell’Esercito, se questo dovrà soltanto realizzare la copertura delle frontiere, partecipare
attivamente alle missioni esterne o perfino intervenire in questioni come la lotta alla violenza
nelle grandi metropoli come Rio
e San Paolo. Il fatto è che nuove
funzioni si delineano per le Forze
Armate — conclude Bastos.
Fotos: Divulgação
Grande richiesta latina
Finché non entra una volta per
tutte nel progetto dell’Urutu,
l’Iveco festeggia il saldo positivo
grazie al quale ha compensato la
retrazione registrata nel mercato
brasiliano, dovuta ad una grande
domanda dei mercati argentino e
venezuelano. Sotto il comando
di Marco Mazzu, che ha assunto
la presidenza della Iveco Latin
20
ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
America a gennaio, soltanto per
il nuovo centro di ingegneria a
Sete Lagoas sono stati investiti
30 milioni di reali in macchinari,
sistemi, personale e training. Lo
stabilimento presenta un legame
diretto col settore di sviluppo di
prodotti della Iveco italiana, situato a Torino, e lavora in maniera integrata con la vecchia area
di ingegneria dell’azienda a Cordoba, in Argentina.
Il dirigente affronta la sua
quarta stagione di lavoro in Brasile, dopo essere stato direttore industriale della Elevadores
Otis, direttore industriale della
Fiat Automóveis, a Betim (quando ha assunto su di sé la responsabilità di iniziare la produzione
della macchina mondiale Palio,
nel 1996). Tutto ciò dopo essere stato direttore-sovrintendente nell’area di trattori e macchine agricole New Holland in tutta
l’America del Sud (lavorando alla
CNH, a Curitiba).
— Ho già lavorato negli Stati
Uniti, in paesi europei e sudamericani. I miei figli sono nati in tre
paesi diversi, ma è in Brasile che
la mia famiglia si sente a casa —
dice Mazzu.
Con gli occhi puntati sul Brasile
Con l’esperienza di chi progetta, costruisce e commercializza
un’ampia gamma di veicoli commerciali leggeri, medi e pesanti,
autobus urbani e interurbani e
veicoli speciali applicazioni antiincendio, fuoristrada e per la difesa e protezione civili, la Iveco
conta su 24.500 impiegati, ha 27
fabbriche e si trova in 16 paesi.
Nell’ultimo Salão Internacional do Transporte (Fenatran), realizzato in ottobre, la Iveco ha
annunciato investimenti di 375
milioni di reali in America Latina
nei prossimi tre anni, la maggior
parte per la fabbrica di Sete Lagoas (MG). La stima di crescita
per l’industria brasiliana di camion si aggira su di un 30%.
— Le due principali lineeguida del gruppo oggi per la sua
globalizzazione fuori dall’Europa
sono l’America Latina, con il Brasile in testa, e la Cina — dichiara
il presidente mondiale della Iveco, Paolo Monferino, venuto in
Brasile specialmente per la Fiera.
Malgrado il momento di retrazione osservato agli inizi del
decennio, dal 2004 la Iveco raggiunge buone vendite con pro-
La veduta aerea della fabbrica della Iveco, a Sete Lagoas (MG), dà un’idea
della crescita dell’azienda. Marco Mazzu, direttore-presidente della marca
posa con i campioni di vendita della fabbrica, i veicoli Daily e Stralis
dotti di riferimento nei suoi settori. Come il caso del City Class,
miniautobus destinato al trasporto da 21 a 25 persone e per il
quale la costruttrice ha innovato
presentandone cinque versioni.
Sempre nel 2004, l’azienda ha
importato i modelli pensanti Stralis e Eurotrakker per la loro commercializzazione in Brasile. Invece, nel 2005 la Iveco ha passato
il traguardo di 50mila camion prodotti nel Complexo Industrial em
Sete Lagoas, che ha cominciato
ad operare nel novembre 2000.
Ha concluso l’anno con
un’iniezione di 65 milioni di reali
nel territorio nazionale e la fabbrica di Sete Lagoas ha cominciato a produrre un nuovo veicolo pesante, lo Stralis HD450S38T
da 380 cavalli di potenza. Inoltre, quell’anno, quando il consorzio Nacional Iveco compiva il suo
settimo anno di attività, è stata
registrata la crescita del 54% in
rapporto all’anno anteriore.
— La Iveco è parte del Gruppo Fiat e questi ha una storia di
successo in Brasile, provata dalla
leadership della Fiat Automóveis,
della Case New Holland e di altre
come la Magneti Marelli. Abbia-
Novembro 2007
/
mo un forte legame con il Brasile. Siamo tanto brasiliani quanto
italiani — definisce Mazzu.
I numeri sono significativi,
con oltre 10mila consorziati e la
consegna di più di 4.500 camion
in Brasile, due terzi dei quali della
linea di commerciali leggeri della fabbrica e il resto della linea
di medi e pesanti. L’anno scorso,
sono state immesse sul mercato
quattro nuove versioni della gamma Stralis, che ha ottenuto nel
mercato dei camion le migliori
medie di consumo di carburante.
Nuovo direttore di sviluppo
di prodotti della Iveco, Renato
Mastrobuono comanda una équipe di circa 35 professionisti (tra
ingegneri, progettisti e tecnici).
— L’arrivo di Mastrobuono fa
parte del processo di rafforzamento dell’équipe Iveco in Brasile. Sotto i suoi comandi, l’area
di sviluppo del prodotto lavorerà sempre più rivolta al cliente,
che è l’elemento fondamentale
della nostra strategia in America Latina e specialmente in Brasile, dove pensiamo di premere
forte sull’accelleratore a partire
da ora — mette in risalto Marco
Mazzu.
ComunitàItaliana
21
economia
Quasi due
tecnologia italiana secoli a ferro
e fuoco
Vetro brasiliano con
Sofisticazione del prodotto fabbricato in Brasile si deve all’importazione di
macchinari del paese europeo, che detiene la leadership storica nel settore
Aline Buaes
22
ComunitàItaliana
/
Yveraldo Gusmão è stato uno
dei precursori dell’introduzione
della tecnologia italiana nei
lavori con il vetro
Valore culturale
Il vetro in Italia presenta, “oltre
ad un valore industriale, anche
un valore artistico molto grande”, ha messo in risalto il segretario generale della Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio e Indústria
de São Paulo, Francesco Paternò,
all’apertura del seminario A Tecnologia Italiana para a Indústria
do vidro, avutasi nella capitale
paulista lo scorso 22 ottobre.
Secondo il direttore dell’Instituto Italiano para o Comércio
Exterior (ICE), Giovanni Sacchi,
il settore vetrario è stato scelto
per questo progetto di promozione, iniziato più di due anni fa,
giustamente dovuto al fatto che
l’Italia è leader “tanto nell’area
culturale, quanto nell’area della
tecnologia industriale”.
Novembro 2007
Ronaldo Padovani, analista di
mercado dell’ICE, uno degli organi promotori dell’evento, ha difeso la smistificazione dell’immagine secondo cui l’Italia sarebbe il
simbolo della tecnologia:
— È simbolo, questo sì, di
cultura, arte e design — ha detto, invece di riconoscere l’industria italiana come uno dei maggiori esportatori del mondo di
tecnologia del settore.
Padovani mette in risalto che
il settore di tecnologia vetraria
in Italia fattura più di 1,2 miliardi di euro all’anno, l’equivalente
al 5,5% del totale dell’industria
italiana di macchinari, con le
esportazioni che rappresentano il
72% del suo fatturato, indice al
di sopra della media nazionale.
L’origine del vetro risale ai popoli dell’antichità, ma
l’espansione e la commercializzazione si hanno durante l’Impero Romano, che ne ha promosso la produzione su larga
scala in Italia verso il XII secolo, con il suo apice legato alla produzione dell’isola di Murano, a Venezia, nel XIII secolo,
quando la regione era il maggior
centro produttore del materiale
nel mondo occidentale.
L’isola di Murano, nella laguna di Venezia, è il grande centro
produttore di vetro in Italia e tema dell’esposizione “Um Mar de
Vidros – Murano 1915 – 2000”,
organizzata dall’Istituto Italiano di Cultura di San Paolo tra
ottobre e novembre. Secondo la
direttrice dell’Istituto, Luigina
Peddi, l’origine della produzione
di vetro nell’isola è iniziata circa
mille anni fa, quando erano usati forni ad alta temperatura, che
presentavano molti rischi per la
popolazione, installati nell’isola
come misura di sicurezza.
Industria brasiliana festeggia i 180 anni del processo di sviluppo con
esposizione che ricorda la forte influenza italiana nella costruzione del paese
T
iiimmm! Tiiimmm! Tiiimmm! Sull’incudine, il
rumore del martello che
picchia sul ferro incandescente annuncia tempi di cambiamenti. Il suono viene dal Brasile
Impero – più precisamente dal
1827 – e segna l’inizio dell’industrializzazione del paese. È l’anno della nascita della Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional (Sain). La data è significativa visto che sono passati 180
anni. Proprio per questo, la Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ha
allestito un’esposizione presso
la Casa França Brasil, al centro
di Rio, che rimarrà aperta fino
al 18 novembre. La mostra 180
anos da Indústria Brasileira: de
1827 ao século XXI presenta con
ricchezza di dettagli il processo
di trasformazione dell’industria
nazionale, rivelando, tra l’altro,
la forte partecipazione italiana a
questo percorso.
Sono state molte le strade che
hanno portato a questa influenza.
Marcus Alencar
Per cominciare, lo stesso matrimonio di Dom Pedro II con Tereza Cristina, napoletana, nel 1845, fornisce già un’idea di ciò che avrebbero
rappresentato gli italiani nella costruzione del Brasile. Divisa in 14
periodi storici, l’esposizione rivela
che i primi cambiamenti si sono
avuti nel 1808, con l’arrivo della
Famiglia Reale. Per trasformare la
colonia in sede della corte, Dom
João VI annullò la legislazione del
1785, di Dona Maria I, e autorizzò
la costruzione di fabbriche, industrie e manifatture.
Nel 1821, con il suo ritorno in Portogallo, Dom Pedro
I, suo figlio, prende il potere.
L’imperatore brasiliano approva
la creazione della Sain, una rivendicazione fatta da imprenditori brasiliani a Dom João. Con
l’abdicazione di Dom Pedro, nel
1831, Pedro II sale al trono nel
1840. Nel 1845, si sposa con Tereza Cristina, come primo segno
dell’influenza italiana in Brasile.
— Gli immigranti che sono
venuti qui alla fine del XIX seco-
lo e gli inizi del XX per lavorare
in piccole botteghe, si sono trasformati in grandi imprenditori.
La seconda maggior popolazione
di discendenti italiani nel mondo si trova in Brasile — racconta
il curatore dell’esposizione della
Firjan, Júlio Heilbron.
I pionieri oriundi
Non è un caso che la mostra
esponga foto, oggetti personali come valigie e pesi e misure
per lavori manuali, e luoghi dove
gli immigranti vivevano in Brasile, più precisamente a San Paolo.
I primi italiani cominciarono ad
arrivare già verso la fine del XIX
secolo. Tereza Cristina prese su
di sé la missione di convincere
Dom Pedro II ad importare manodopera qualificata per il mercato interno brasiliano. Fino a
quel momento, nel paese c’erano
piccole industrie e fabbriche. Il
brasiliano Irineu Evangelista de
Souza, il Barão de Mauá, ha dato
i primi passi per la consolidazione dell’industria nazionale.
— Mauá ha preparato la strada e gli immigranti hanno dato
l’impulso. Vedendo un Rio antiquato, Tereza Cristina convinse
Dom Pedro II a portare qui ingegneri, architetti, professori, operai, insomma, una manodopera
che qui non c’era. Questi gruppi
avrebbero dato una spinta decisiva alla crescita dell’industria brasiliana — spiega lo storico Júlio
Vanni, autore del libro Italianos
no Rio de Janeiro.
Ritmo accellerato
Già negli anni ’20, il Brasile comincia a crescere con un altro
ritmo. L’imprenditore Henrique
Lage, sposato con la cantante lirica italiana Gabriella Besanzoni,
crea, nell’isola del Viana, nella
Baia della Guanabara, la fabbrica
di aerei da dove è uscito il primo
velivolo brasiliano. L’economia
cresceva in scala geometrica. Un
censimento del 1920 indica per
la prima volta la leadership di
San Paolo nel settore industriale
brasiliano. Negli anni ’40, la Fábrica Nacional de Motores (FNM)
è fondata a partire da una partnership con l’italiana Isotta Fraschini S.p.A. Con il fallimento
dell’impresa, nel 1949, entra nel
gruppo l’Alfa Romeo. La prima
automobile nazionale si chiamerà Romi-Isetta.
— Gli italiani già stabiliti in
Brasile crearono, agli inizi del XX
secolo, una forte base economica
per tutta questa crescita. Con la
fine della Prima Guerra mondiale,
alcuni di loro diventarono esportatori. Inoltre bisogna ricordare
che gli italiani hanno anche contribuito al processo di politicizzazione degli operai brasiliani. È con
la presenza di italiani negli ambienti rurali e urbani che si hanno i primi scioperi — racconta Elmer Barboza, professore di Storia
dell’Arte alla PUC-Rio.
Divulgação
di gran lunga superiore a quella
dei principali importatori italiani, come la Germania (16%) e la
Francia (18%).
Nell’industria vetraria da quasi 30 anni, il rappresentante commerciale Yveraldo Gusmão, uno
dei precursori dell’ingresso della
tecnologia italiana nella produzione del vetro in Brasile, osserva che
la produzione del vetro in Brasile
non è più artigianale da poco tempo, al massimo da due decenni.
— Dieci anni fa pochi brasiliani erano in condizioni di
comprare un tavolo con il piano di vetro. Con la riduzione dei
prezzi, una conseguenza diretta dell’ingresso di macchine più
evolute che avrebbero facilitato
il processo di produzione, la situazione è cambiata — spiega.
Divulgacao
Divulgação
Divulgação Murano
F
amosa per la triade culturaarte-design, l’Italia è leader
mondiale nella produzione di
vetri, e non solo di quelli per
arredamento ma, specialmente, di
quelli tecnici e di alta tecnologia.
L’industria vetraria brasiliana, che
importa il 40% delle sue macchine da fabbricanti italiani, è cresciuta ed evoluta grazie a questo
interscambio, che ha facilitato
l’accesso dei consumatori brasiliani a prodotti più raffinati e moderni, come i vetri termoacustici,
per esempio. Il settore vetrario ha
avuto una crescita in Brasile, solo
nel 2006, del 40%.
I vetri termoacustici uniscono, come dice il nome, isolamento termico e acustico. La loro utilità principale in Europa è quella
di evitare l’uso di condizionatori
d’aria in ambienti chiusi, diminuendo l’uso di energia, in beneficio dell’ambiente. Si prevede
che il prodotto entrerà in Brasile
in proporzioni maggiori a partire dal 2008, quando sarà adottato in maggioranza dal settore
dell’edilizia.
Ci sono grandi aziende del
settore nelle diverse regioni in
Brasile. Tutte hanno importato
macchinari italiani, che ogni anno presentano innovazioni. Ma i
principali mercati importatori di
questa tecnologia sono ancora gli
stessi paesi europei, che assorbono il 60% delle esportazioni.
I principali acquirenti e concorrenti dell’Italia sono la Germania
e la Francia. Il Brasile è soltanto il 15º principale mercato per
gli italiani e uno dei principali
acquirenti nelle Americhe, dietro
soltanto agli Stati Uniti.
Tuttavia, il 40% delle importazioni brasiliane in questo
settore (18 milioni di euro) sono di origine italiana, una quota
economia
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
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atualidade
A guerra
das águas
Enquanto turistas não abrem mão de cumprir o ritual de beber água das fontes públicas
italianas, a população local despreza a que sai de suas torneiras, optando pelo produto
mineral engarrafado. O governo criou projeto para mudar esse quadro
Guilherme Aquino
E
Correspondente • Milão
nquanto 1,5 bilhão de
pessoas do planeta padecem sem acesso à água
potável, os italianos esnobam o líquido de alta qualidade
que jorra de suas torneiras. Este
é o maior público consumidor de
água mineral em todo o mundo.
Companhias produtoras e distribuidoras comemoram a venda de
mais de dez bilhões de litros na
Itália. Mas o governo decidiu investir em um projeto, batizado
de Casas de Água, para convencer o povo a beber sem medo a
água da bica.
As Casas de Água são uma
fonte inesgotável de saúde e
economia para os milaneses, mas
estes ainda não se deram conta disso. Do projeto, iniciativa
da empresa pública Tutela Ambientale Sud Milanese (Tams),
responsável pela rede hídrica da
área, resultou a criação, neste
ano, de estabelecimentos de distribuição gratuita da água já em
24 municípios localizados na região sudoeste de Milão.
O projeto tem como objetivo incentivar o consumo de água
potável em todo o país. Os testes indicam que a água pública
é controlada, segura e faz bem
a saúde. Apenas esta não conta
com a mesma poderosa campanha publicitária que promove as
águas minerais privadas.
As pequenas fontes espalhadas pelas cidades — conhecidas
em Milão como dragões verdes —
servem somente para matar a sede de quem passa, especialmente
turistas. Não se observa uma cultura de valorização, na Itália, dos
benefícios dessas águas. O povo
somente os descobre quando falta água, como aconteceu no ve-
rão passado em Taranto, no sul
da Itália. Enormes filas se formaram nas bicas públicas. Ninguém
reclamou então da qualidade do
precioso líquido.
Um litro de água mineral nos
supermercados pode custar o
equivalente a cerca de 1,50 real.
A mesma quantidade pode custar
o dobro na bancada de um bar
ou na mesa de um restaurante.
Nos estabelecimentos comerciais,
nunca é possível pedir água da
bica, gratuita.
Em 2006, cada cidadão italiano consumiu cerca de 190 litros
de água mineral, de acordo com a
Federação Italiana dos Produtores. Cada europeu bebe, em média, cem litros por ano, enquanto
a média mundial não ultrapassa
20 litros por pessoa. Estes números atiçam a sede do empresariado do setor.
“Controlada, segura e boa para a saúde”. Abastecimento nas Casas de Água, conhecidas como dragões
verdes, já é possível em 24 municípios de Milão. Turistas são os que mais dão valor ao projeto
24
ComunitàItaliana
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Novembro 2007
— Acho que é uma questão
de hábito, mas não apenas isso,
as águas minerais são mais leves,
suaves, tem um sabor diferente
— justifica Andrea, um engenheiro de Turim.
Todos os dias, na porta de
casa, Andrea troca um engradado
de garrafas vazias por um cheio.
— Pelos menos não desperdiço no meio-ambiente as pets.
Aqui em casa entram apenas as
garrafas de vidro, que depois devolvemos ao nosso vendedor —
explica.
A água da bica serve apenas
para a lavagem de roupas, pratos
e talheres da casa do engenheiro,
assim como para a higiene pessoal. Beber?
— Sim, de vez em quando,
mas tem muito calcário, no longo prazo pode não fazer bem à
saúde — revela o engenheiro.
Os quiosques do projeto Casas de Água funcionam como espécies de oásis de água pura, pública e gratuita, instalados em um
deserto de desinformação e maus
hábitos. Em San Donato Milanese, por exemplo, o posto do Casas de Água inaugurado em maio
de 2007 tem conquistado terreno
junto aos moradores locais. Entre
12 de maio e 7 de junho foram distribuídos quase 40 metros cúbicos
de água, algo como 1.550 litros ao
dia. Já em Buccinasco, em dezenove dias, as torneiras jorraram 48
metros cúbicos, algo como 2.520
litros diários. Há fila para saborear água fresca ou gelada e natural
ou gasosa. No verão, o consumo
aumentou. Com a chegada do frio,
espera-se uma redução.
— Eu soube recentemente
porque uma vizinha veio até aqui
e me contou. A minha filha consome muita água mineral. Então
eu a substituí por esta aqui e ela
nem notou — conta Francesca
Perego.
Ela costuma pegar a água no
quiosque mais próximo até duas
vezes por semana:
— Venho sempre pela manhã, respirar ar puro, beber e engarrafar água de graça — explica Francesca, enquanto carrega o
seu engradado.
Há Casas de Água em parques
e jardins públicos. Ficam abertas das 9h às 19h, de domingo a
domingo. E para atrair e seduzir
ainda mais o cliente, as pequenas instalações oferecem música ambiente. A água é fornecida pelo Consorzio Acqua Potabile
(CAP), que atesta as suas qualidades oligominerais. Pouca gente
sabe, mas a água dos aquedutos
públicos chega de um lençol freático localizado entre 80 e 120
metros abaixo do solo. Esta profundidade depende do local onde
foi aberto o poço.
Na maior parte dos casos,
a qualidade na fonte dispensa
maiores cuidados. Numa minoria,
apenas por precaução extrema,
foram instalados filtros de carbono para reter as impurezas e
adequar os componentes químicos encontrados no subsolo aos
limites da lei.
A concentração equilibrada de
sais minerais inclui essas águas
na categoria de muitas águas minerais vendidas nas prateleiras
dos supermercados. Os resíduos
fixos entre 138 e 426 mg/l contrariam a tese de que a água é pesada. O cálcio e o magnésio estão
presentes dentro da média geral.
O mito de que o cálcio na água
favorece o surgimento de cálculo renal já foi desmentido por estudos técnicos dos ministérios da
Agricultura e da Saúde.
Segundo pesquisa realizada
na Inglaterra, quanto mais simples a água se apresenta, menores as chances de doenças cardiovasculares. A despeito disso,
há quem prefira água gasosa, por
exemplo. Neste caso, os postos
do projeto Casas de Água possuem equipamentos para adicionar anidrido de carbono e gaseificar a água.
Os quiosques são padronizados e têm de 25 a 30 metros quadrados. A arquitetura lembra a da
velha “cascina” lombarda. E o lugar oferece duas ou três fontes,
um sistema eletrônico para monitorar a dosagem volumétrica,
dois medidores, um equipamento de distribuição de CO2, sistema de alarme e produtor de gelo,
além de um pátio de recepção.
Há quem garanta o abastecimento da semana em uma visita
ao quiosque. Mas a maioria pensa
que aquela água seja diferente da
que sai de suas torneiras domésticas. Naturalmente, ela é a mesma, apenas os tubos do quiosque
são mais novos e mais limpos do
que os do lar. A diferença começa
e termina neste ponto.
— Acho que esta água aqui é
mais leve do que a que sai da minha torneira. Dizem ser a mesma,
mas sinto a diferença. Esta aqui
(da Casa de Água) é melhor, além
de não custar nada — compara
Francesco Baldassari, enquanto
enche as garrafas vazias, ainda
com os rótulos, que comprava no
supermercado, feliz com a economia representada pelo consumo da água gratuita e disposto
a aproveitar a ida ao quiosque
Água dos
aquedutos
chega de um
lençol freático
localizado entre
80 e 120 metros
abaixo do solo,
dependendo do
local onde foi
aberto o poço
para fazer um belo passeio pelo
parque.
O sucesso da iniciativa agora pode ser apresentado fora da
Itália e a primeira exibição do
projeto aconteceu durante a Eco
Mundo, sediada em Rimini, de 7
a 10 de novembro. No evento, o
estande Casas de Água procurou
dar mais visibilidade ao modelo
adotado a um público composto
por representantes de 61 paises
(mais de 50 mil operadoras e mil
empresas).
Instaladas em parques
e jardins públicos, elas
ficam abertas das 9h
às 19h, de domingo a
domingo. Os quiosques
são padronizados e
têm de 25 a 30 metros
quadrados. San Donato
Milanese e Buccinasco
têm bom consumo
Novembro 2007
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ComunitàItaliana
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O ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola sonhava com a
volta ao Brasil desde que chegou à Itália, em junho de 2000
J
Valquíria Rey
Correspondente • Roma
á no livro Eu, Alberto Cacciola, Confesso: O Escândalo do Banco Marka, lançado
em 2001, dizia que alimentava o desejo de retornar ao que
considerava o seu país, o dos
filhos, da família, dos irmãos e
dos amigos.
Apesar das saudades do Brasil, cuja Justiça o condenou em
2005 a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato (desvio
de dinheiro público) e de gestão fraudulenta, Cacciola levava
uma vida normal na Itália e muito diferente daquela vivida pela
maioria dos brasileiros que imigram para lá.
Nascido em Milão, portanto,
cidadão italiano, o ex-banqueiro
não precisou do permesso di sog-
26
giorno – autorização para ficar
legal na Itália. Nem mesmo enfrentou dificuldades financeiras
ou qualquer tipo de discriminação para arrumar emprego.
Pelo contrário. Além das saudades e do desejo de provar sua
inocência no Brasil, Cacciola levava uma vida repleta de luxo e
conforto em Roma, a cidade que
escolheu como refúgio.
A primeira casa em que morou, mantendo o mesmo padrão
que tinha no Brasil, num lugar privilegiado nos arredores
de Roma, tinha piscina, quadra de golfe, inúmeras estátuas no jardim e era cercada por
um castelo medieval. Mesmo
assim, no livro, Cacciola reclamava da vida.
ComunitàItaliana
/
— Passei a fazer coisas que
nunca fiz: lavar meu carro, minha
moto e varrer as folhas secas do
jardim. Precisei aprender a ligar
a máquina de lavar roupa, pendurar roupa no varal, lavar meus
pratos — revelou.
Amigos e pessoas próximas
de Cacciola dizem que ele passou
por um período de depressão em
2004, depois do suicídio da filha
Milene, então com 28 anos, no
Rio. Nem acompanhou o enterro,
com receio de ser preso.
Antes de sair do Brasil, como
se soubesse que algo estava por
acontecer, em 1998, enviou um
bom dinheiro para a Itália. Segundo o próprio, tudo de acordo
com a lei, regularmente registrado no Imposto de Renda.
Novembro 2007
Divulgação
Consultor de alto nível
O ex-banqueiro, de 63 anos,
costumava passar grande parte
do tempo no FortySeven (www.
fortysevenhotel.com), na Via
Luigi Petroselli, 47, de onde se
pode ir tranqüilamente a pé a
alguns dos mais prestigiados
pontos turístiscos de Roma,
como a Piazza Venezia, a Boca
della Verità, o Fórum Imperial e
o Coliseu.
Fabrizio Cacciola, filho do
empresário, é quem administra o
hotel de cinco andares, decorado
em estilo sóbrio e elegante, que
tem 61 quartos e diárias de 350
a 600 euros.
— Recomeçamos vida nova,
porque tudo que tínhamos no
Brasil foi destruído —, afirmou
o único homem entre os três filhos de Cacciola de seu primeiro
casamento.
Oficialmente, o empresário
não se declara dono do Fortyseven, hotel que surpreende
pelo atendimento exclusivo
e pelos serviços de primeira.
Diz apenas que tem uma participação acionária no empreendimento, no qual atuava como consultor, especializado em
decoração.
De acordo com um dos advogados dele, Carlos Ely
Eluf, o antigo dono do
Banco Marka é o
Hotel FortySeven, gerenciado por Fabrizio, filho de Cacciola, e onde
o empresário costumava passar grande parte do seu tempo
gestor dos negócios e ganha participação nos lucros.
— O doutor Cacciola é uma
pessoa muito educada e gentil.
Ele vinha aqui quase todos os
dias — diz um dos funcionários
do hotel, e acrescenta: — Muitas
vezes até dormia no hotel.
Foi do ex-banqueiro a idéia
de transformar o antigo prédio
de escritórios da Via Petroselli
– com obras de Modigliani, Guccione, Greco, Quagliata e Mastroianni, tombado pelo Patrimônio Histórico de Roma – no
luxuoso hotel.
Com área de fitness, restaurante requintado e vista privilegiada na cobertura, o FortySeven é considerado um dos
melhores do mundo pelo Trip
Advisor Traveler’s Choise, por
escolha direta dos clientes, o
que leva em conta a qualidade
da estadia e o custo/benefício.
Inaugurado em abril de 2004,
desde então o hotel mantém nível de ocupação superior a 70%,
confirmando o talento do empresário no setor hoteleiro.
“Recomeçamos vida
nova, porque tudo que
tínhamos no Brasil foi
destruído”
Fabrizio Cacciola,
filho de Alberto Cacciola
Patrícia Santos / Folha Imagem
Foragido
de luxo
Foi esse dinheiro que garantiu boa vida a ele, à segunda mulher – a ex-modelo Adriana Alves
de Oliveira, Miss Brasil 1981, de
quem se separou há cerca de um
ano – e aos dois filhos dela. E
também proporcionou a Cacciola
a tranqüilidade para escrever um
livro e nem pensar em trabalhar
nos primeiros tempos na Itália.
Com a ajuda de Adriana, que
tinha morado dez anos na Itália, oito deles na capital, e ainda
com muitos amigos por lá, o foragido começou a vida nova.
Até ser preso no Principado
de Mônaco, no dia 15 de setembro, mantinha um padrão de luxo
com bons vinhos e requintados
jantares. Investia na construção
e venda de casas nos arredores
de Roma e administrava um hotel
quatro estrelas, cuja sede é um
belíssimo prédio no centro histórico da cidade.
Com a prisão, ele voltou ao
noticiário brasileiro, sete anos
depois de o seu Banco Marka ter
sido liquidado pelo Banco Central, por conta de perdas com a
maxidesvalorização do real, em
janeiro de 1999.
Desde que fugiu do Brasil,
assim que foi beneficiado por um
habeas corpus concedido pela
Justiça, ele nunca viveu escondido. Como também tem nacionalidade italiana, não podia ser
extraditado e, assim, podia levar
a sua dolce vita em Roma.
Mas o pedido internacional
de prisão havia sido distribuí-
do pela Interpol aos 186 países
signatários do acordo. Cacciola
tinha todas as suas atividades
na capital italiana monitoradas
pela Interpol. Esta sempre acreditava que o seu alvo acabaria
cometendo um passo em falso,
saindo do país.
Quando se confirmou a presença dele em Mônaco – os hotéis enviam religiosamente à polícia o nome de seus hóspedes
–, e foi verificado que sob o nome de Cacciola constava o aviso de procurado pela Interpol,
com o pedido de prisão número
36.868/2000, a Sûreté Publique
contatou a sede da Interpol, em
Lyon, para informar sobre a prisão iminente.
O então foragido número 1
da Justiça brasileira foi comunicado de sua detenção pela
polícia de Mônaco quando passeava tranqüilamente no ponto
mais badalado do local, na Place du Casino.
Segundo alguns relatos, Cacciola estava em Gênova, na companhia da namorada, quando
decidiu ir a Mônaco visitar uma
feira de barcos.
Ele sabia que, se saísse da
Itália, poderia ser preso. Mesmo
assim, resolveu arriscar, o que
acabou levando-o à prisão e poderá trazê-lo de volta ao Brasil,
como ele sempre desejou.
Divulgação
Fabio Seixo / Agência O Globo
Divulgação
economia
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
27
trabalho
notizie
O alto custo
do poder
Garani si insedia all’Acib
L’
elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il
6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente
Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presidente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presidente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresentanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il
22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro
diplomi e la nuova direzione si insedierà.
Settimana della Lingua
Italiana nel Mondo
Sempre se suspeitou disso, mas um estudo da ONG Transparência Brasil
acaba de comprovar que o Congresso brasileiro custa quase o dobro dos
gastos do parlamento italiano. Ambos saem caro ao bolso dos cidadãos
C
Fábio Lino
Correspondente • Brasília
om um orçamento de
6 bilhões de reais para
2007, o Congresso brasileiro (Câmara dos Deputados e Senado Federal) gasta 11, 5 mil reais por minuto.
Este só é superado pelo parlamento americano, com orçamento acima de 8 milhões de
reais. Já o Congresso italiano
vai custar cerca de 3,7 bilhões
de reais neste ano. Embora bem
mais em conta, em relação aos
primeiros, a instituição italiana
é a mais cara de toda a União
Européia. E o Brasil é aquele em
que o Congresso mais onera o
cidadão. Os dados são de um
estudo patrocinado pela ONG
Transparência Brasil.
O estudo comparativo entre
os países levou em conta os diferentes níveis de riqueza, tanto em renda per capita quanto
em salário mínimo. E para avaliar como o Brasil se situaria
na pesquisa caso a representação parlamentar se limitasse a
uma única câmera, houve cálculos excluindo o Senado. Mesmo
neste caso, o custo da Câmara
brasileira se revelou mais pesado para o cidadão do que os de
outros países.
— Custar 32 reais no Brasil é
uma coisa, na Itália é outra. Pesa muito menos no bolso daquele
cidadão do que no Brasil, porque
a renda aqui é muito mais baixa — explica o diretor presidente
da Transparência Brasil, Cláudio
Weber Abramo.
Só nos Estados Unidos o custo anual por membro do Congresso supera o do Brasil, em núme-
28
L’
ros absolutos. Cada congressista
americano custa em média 15,3
milhões de reais por ano, enquanto no Brasil o custo médio
dos parlamentares é de 10,2 milhões de reais. Este montante é
12 vezes maior do que os 850 mil
reais gastos por cada parlamentar na Espanha. A elevada média
brasileira resulta principalmente
da contribuição do Senado, segundo o estudo.
O mandato de cada um dos
81 senadores custa aos cofres
públicos 33,1 milhões de reais
por ano, enquanto o número correspondente para os 513 deputados federais é de 6,6 milhões
de reais. Contudo, mesmo se o
Senado deixasse de existir e se
considerasse apenas a Câmara
dos Deputados, o custo de cada
mandato ainda seria o segundo
maior da lista.
O Senado gastou, neste ano,
um bilhão e duzentos milhões
de reais, o que dá 15 milhões
para cada um dos 81 senadores.
Palco de escândalos políticos
recentes, os parlamentares da
alta Câmara resistem em prestar
contas ao eleitor, por meio da
Internet. Na Câmara dos Deputados as contas estão na Rede
Mundial. Segundo o deputado Agripino Maia
(DEM-RN),
para que seja revista essa
situação é necessário que a
Mesa Diretora da
Casa autorize.
—
Por
m i m ,
ComunitàItaliana
/
não tem problemas — garante o
deputado potiguar.
Assembléias e Câmaras
Não é só o Congresso Nacional
que tem custo proporcional entre os mais caros do mundo. De
acordo com o levantamento da
Transparência Brasil, o mesmo
gasto relativo proporcional aparece quando se compara o custo
de manutenção de Assembléias
Legislativas e de Câmaras Municipais nos estados brasileiros.
De acordo com a pesquisa, 15
estados apresentam custo anual
por deputado superior ao da Itália, incluindo aí o Distrito Federal,
onde o orçamento da Câmara Legislativa para 2007 é de 236,3 milhões de reais. Isso equivale a dizer que cada um dos 24 deputados
estaduais brasilienses vai consumir, no ano, recursos públicos da
ordem de 9,8 milhões – contra os
4 milhões de reais que são gastos
com um parlamentar italiano.
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) apresenta a defesa dos números atuais com o argumento
Novembro 2007
de que os parlamentares da Casa
cumprem, segundo ele, jornada
dupla e até tripla de trabalho:
— Há uma característica que
não foi levada em conta nesse
estudo: aqui no DF, nós fazemos
o papel de deputado estadual e
de vereador. No Guará, onde moro, não há uma Câmara de Vereadores e toda decisão é feita na
CLDF — afirma o presidente da
Casa Alírio Neto (PPS).
elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il
6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente
Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presidente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presidente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresentanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il
22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro
diplomi e la nuova direzione si insedierà.
Latte adulterato
coinvolge Parmalat
L
a Parmalat è stata indicata come una delle acquirenti del
latte prodotto da due cooperative di Minas Gerais accusate di aggiungere alla bevanda soda caustica e acqua ossigenata per aumentarne il volume e la conservazione. Il caso è stato
scoperto dall’ Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
e ha spaventato genitori e consumatori in tutto il Brasile alla fine di ottobre.
Oltre all’azienda italiana, anche le marche Centenário e Calu
compravano presso le cooperative e gli sono stati ritirati i lotti
presenti sulle gondole dei supermercati. Accusate di partecipare allo schema di adulterazione, 27 persone sono state arrestate.
La Parmalat ha informato che ha deciso la retirata di due lotti di
latte a lunga conservazione intero, malgrado l’Anvisa “non avesse
considerato rischio imminente dovuto all’ingestione dei prodotti”.
Secondo l’azienda, questi lotti non erano già sul mercato perché
erano già scaduti e il volume era di soli 200 litri in un totale di
40 milioni di litri che la Parmalat produce mensilmente.
Secondo informazioni della Secretaria de Agricultura da Bahia, dopo lo scandalo, nell’Acre, le vendite del latte Parmalat sono cadute circa il 20%; in Mato Grosso, il 30% e nel Parà, il 50%.
Nel Tocantins e nello Espírito Santo, la riduzione delle vendite del
latte è stata del 15%.
Roma
trabalho
L
Valquíria Rey
Solução alemã
Outra alternativa que também
cresce no país vem da Alemanha e se expande no norte, em
cidades como Trento, Bolzano e
Verona. É a figura da tagesmutter (mamma de dia), uma mulher
que trabalha para cooperativas
ou administrações municipais.
Fica com no máximo cinco crianças pequenas – em geral, entre
três meses e três anos – e atende
na própria casa.
Em alguns lugares, estão sendo organizadas creches condominiais, uma versão da tagesmutter, que cuida de crianças que
moram num mesmo prédio.
Há ainda o baby parking, lugar para deixar os filhos por cur-
30
Grupo Keystone
Embora a maioria das babás na Itália
seja de imigrantes clandestinas, pesquisa
revela que a preferência dos pais é por
jovens nascidas no próprio país
Valquíria Rey
Correspondente • Roma
tos períodos, inclusive por apenas algumas horas do dia, e com
horários muito flexíveis. Antigamente, eram somente privados,
mas, hoje, muitas prefeituras
aderiram à iniciativa.
Maioria clandestina
Pesquisa recente divulgada pelo
Istat, o instituto de pesquisas e
estatísticas da Itália, revela que
ComunitàItaliana
/
52,3% das crianças em idade préescolar – até os três anos – ainda
ficam com os avós e 27,8% em
creches (14,3% nas privadas e
13,5% nas públicas). Há, no entanto, mais meninos e meninas
que ficam com babás (9,2%) do
que com os próprios pais (7,3%).
E, a despeito da faixa etária,
17% dos filhos italianos têm uma
baby-sitter.
Novembro 2007
Especialistas acreditam que
o número real de babás pode
ser muito maior, pois a maioria,
9 em cada 10, é de imigrantes,
sem contrato de trabalho e ilegais no país.
Apesar de indispensável, esse
tipo de trabalho ainda não é considerado uma profissão, não conta com lei regulamentar e, para
muitos italianos, é considerado
subemprego, uma atividade complementar e temporária.
Estima-se que os “assistentes
familiares” ultrapassem os dois
milhões na Itália, entre empregadas domésticas, acompanhantes de idosos e babás. Entre estas, cerca de 500 mil trabalham
exclusivamente com crianças.
Em Roma, elas ganham em
média 7,8 euros por hora e de
700 a 1 mil euros mensais.
Culpa materna
— Não são registradas diferenças substanciais entre crianças
que ficam com as mães o dia inteiro, daquelas que ficam em uma
creche, com os avós, ou uma babá — tranqüiliza os pais Letizia
Maduli, especialista em psicologia da idade evolutiva.
Preocupados com a grande
demanda por babás, muitas prefeituras começaram a organizar
cursos gratuitos de formação
para baby sitter, de 30 a 300
horas de duração.
Florença deu o pontapé inicial em 2001. Depois, Milão,
Roma, Cremona, Ancona, Bolonha, Gênova, Modena, Mantova e muitas outras seguiram
o exemplo.
Algumas administrações, entre elas a de Bolonha, pagam
100 euros de reembolso para os
pais que empregam uma babysitter formada pela Prefeitura,
com um contrato de ao menos
três meses.
Para as mamães que se sentem culpadas por deixar os filhos
com uma estranha, o psicólogo
Massimo Ammaniti esclarece
que não há possibilidade de a
criança fazer confusão. Vai eleger a mãe de fato na sua preferência.
— A babá não é uma substituta, mas parte integrativa.
Não é a situação ideal que ela
esteja mais presente do que a
mãe, mas não é negativo que se
torne uma figura de apego —
afirma.
Fotos: Reprodução
á se foram os tempos em
que conviver com uma Mary
Poppins, a babá mais famosa do cinema, dependia de
se assistir às inúmeras repetições
do filme na RAI. Cada vez mais os
bambinos italianos crescem longe dos pais e a figura da babá ou
da baby-sitter não pára de se fortalecer como referência na vida
de toda uma geração.
A busca pela Mary Poppins
perfeita – para trabalho eventual, por algumas horas do dia, ou
em jornada integral – faz parte
das preocupações das mammas
que trabalham fora de casa antes
mesmo do nascimento do bebê.
E os italianos, que adoram desenhar perfis para tudo, já elaboraram o que eles chamam de identikit da baby-sitter ideal.
Conforme pesquisa realizada pela Associação Sindical dos
Empregadores Domésticos entre
os pais italianos, a babá perfeita deve ter 30 anos, ser
preferencialmente italiana,
alegre, honesta, bilíngüe e
precisa.
Os pais também desejam que ela tenha carteira
de motorista, experiência e
referências, esteja atenta ao
estado de ânimo da criança,
divida a mesma idéia sobre
higiene e segurança e não
fume.
— Ela deve ser uma pessoa disponível a estabelecer
uma aliança com os pais, ter
iniciativa em caso de necessidade e seguir as indicações
que lhe foram dadas — orienta a pediatra de família Manuela Orrù.
O Dante é pop
P
ela primeira vez, La Divina Commedia,
a obra mais conhecida da literatura italiana será encenada em Roma com uma linguagem destinada ao grande público. A viagem que levou Dante Alighieri ao Inferno, ao
Purgatório e ao Paraíso vai ser apresentada
a partir de 23 de novembro no Teatro Divina Commedia (projetado especialmente para
a ocasião), com 2.500 lugares disponíveis.
Os 24 cantores/atores do espetáculo vão interpretar 16 protagonistas, 20 bailarinos e
12 acrobatas no palco. A iniciativa pretende
aproximar o público da obra de Dante, dando ênfase à capacidade do autor de falar aos
homens de hoje sobre o sentido da vida e os
tormentos espirituais.
O Beaubourg romano
Q
uem passou em frente ao número
194 da Via Nazionale nos últimos
cinco anos deve ter se perguntado
o que estaria acontecendo com o imponente
prédio, localizado no centro de Roma, para
estar sempre fechado. Depois do longo período de reforma, restauração e requalificação dos espaços, o Palácio de Exposições
foi finalmente reaberto no mês passado. Eis
uma dica imperdível para os turistas. Com
mais de 12 mil metros quadrados, em três
andares, o Palácio de Exposições não abriga apenas mostras culturais. Conta também
com restaurante, sala de cinema, ateliê para
O teatro para todos
I
r a Roma e não ver o papa no Vaticano é ou
não é um sacrilégio? Pior ainda é ir à capital da Itália e não conhecer o Coliseu. Além
de toda a sua magnitude, até 17 de fevereiro,
é possível conferir no palco de tantos eventos
históricos uma mostra sobre o teatro da antiga
Roma. Fantasias, máscaras usadas em cena, instrumentos musicais que acompanhavam as pantomimas são alguns dos objetos apresentados
na exposição promovida pela Superintendência
Arqueológica de Roma. Mosaicos, mármores,
pinturas, estátuas e epígrafes revelam como era
o teatro romano no século IV antes de Cristo,
do ponto de vista dos atores e dos espectadores. E o teatro na época era: gratuito, aberto
a todos, cidadãos e escravos, com sessões que
iam da manhã ao anoitecer. Um lugar de diversão muito diferente do que conhecemos hoje.
as crianças, auditório, cafeteria no jardim e
uma livraria especializada em arte. É considerado um lugar único na Itália, uma estrutura comparável ao Beaubourg de Paris. Na
avaliação do prefeito de Roma, Walter Veltroni, trata-se de “um grande centro de vida
cultural, dedicado à contemporaneidade em
todas as suas manifestações”. O Palácio das
Exposições, amado pelos romanos do passado e já muito festejado por quem mora na
capital italiana, abriga desde a sua reinauguração três grandes mostras dedicadas à
pintura de Marc Rothko, à escultura de Mario Ceroli e ao cinema de Stanley Kubrick.
Três noites brasileiras
S
audades do Brasil durante as férias de novembro em Roma? Melhor do que tentar
em vão achar uma boa churrascaria é conferir
a série de shows Brasil Memórias, dedicada à
música, à poesia, à arte e à literatura brasileira. Serão três noites temáticas de shows – 5,
12 e 19 de novembro –, no Teatro Sistina. Os
homenageados: grandes nomes da música e da
poesia do país. Na abertura, Antonio Carlos
Jobim será celebrado na voz de Miúcha, com
o Trio Jobim. No segundo show, dedicado a
Vinícius de Moraes, o intérprete será ninguém
mais do que Toquinho, parceiro e amigo do
cantor. Na última noite, batizada de As Cores
do Rio, a cantora Elza Soares será a estrela do
evento, organizado pela Associação Cultural
Italo-Brasileira Vinícius de Moraes. Mais informações: www.brasilmemorias.com.
Novembro 2007
Os olhos de Gauguin
C
onhecer a Polinésia pelos olhos de
Paul Gauguin é o que propõe a grande mostra do artista francês em cartaz
no Complesso del Vittoriano, na Via San
Pietro in Carcere. São 150 obras cedidas
pelos maiores museus do mundo – óleos
sobre telas, desenhos, esculturas e cerâmicas –, que remontam as etapas da vida atormentada de Gauguin entre 1848 e
1903, quando o artista morreu. Intitulada
Paul Gauguin – Artista de Mito e Sonho,
a mostra evidencia alguns aspectos centrais da poética do pintor, privilegiando
os anos em que o artista passou no Taiti e nas Ilhas Marquesas, o período mais
amado e conhecido do mestre francês,
onde ele buscou e encontrou o paraíso
perdido.
/
ComunitàItaliana
31
capa
Na barra da saia
da mamãe
Sotto le gonne della mamma
Por dependência afetiva ou financeira, jovens esticam cada vez mais o tempo de viver sob o teto e às custas dos pais
Per dipendenza affettiva o finanziaria, giovani rimandano
sempre più il tempo di vita sotto il tetto e a spese dei genitori
“N
ão chora, eu não
abandono
você!”,
gritava o personagem de Alberto Sordi
no filme O Vitelloni, de Federico
Fellini, enquanto a mãe lamentava duplamente a partida de casa
da filha preferida e a permanência desse filho, que não trabalhava e nem cogitava fazer qualquer
coisa diferente.
32
O filme tem mais de cinco décadas. Mas a cena bem que poderia ilustrar a realidade da Itália
nos dias de hoje, com jovens de
mais de 30 anos que se negam a
abandonar a casa dos pais.
Problemas sócio-econômicos,
que tendem a alongar a finalização dos estudos, dificuldades para encontrar emprego e aluguel
nada acessível são alguns dos
ComunitàItaliana
/
“N
Valquíria Rey, de Roma e Nayra Garofle
on piangere, non ti
abbandono!”, gridava il personaggio di Alberto Sordi nel film I Vitelloni, di Federico
Fellini, mentre la madre soffriva
due volte per la partenza da casa
della figlia preferita e la permanenza del figlio, che non lavorava e neanche pensava a fare diversamente.
Novembro 2007
Il film è di più di cinquant’anni
fa. Ma la scena potrebbe delucidare la realtà italiana ai giorni
d’oggi, con giovani ultratrentenni che si negano a lasciare la casa dei genitori.
Problemi socioeconomici, che
tendono a rimandare il termine
degli studi, difficoltà per trovare
impiego e affitti cari sono alcuni dei fattori che giustificano la
fatores que justificam a tendência cada vez mais acentuada dos
mammoni, os filhos que se negam a amadurecer e abandonar a
barra da saia da mamma.
Incertezas sentimentais, famílias mais tolerantes, bem-estar, conforto e regalias dentro
de casa também são motivos que
impedem as novas gerações de
buscar a independência.
— Por que eu deveria sair de
casa? Eu amo os meus pais e tenho tudo lá: meu quarto, minhas
coisas, meu carro. Sou um jovem
solteiro, meus pais são legais,
não tenho motivos para abandoná-los. Passar necessidade e
fazê-los sofrer? — pondera Luca
Nuoro, de 38 anos.
Ele trabalha como garçom
na cafeteria de um tio, a poucos
metros da casa dos pais no centro de Roma. E está muito satisfeito com a vida que tem.
— Podem chamar como quiser. Se sou mammone, estou no
grupo da maioria — afirma Lu-
ca, e justifica: — Todos os meus
amigos moram com os pais.
— Meu filho me ama assim
como todos os jovens italianos
amam suas mães. Tenho certeza de que ele não me abandonará de uma hora para outra. Luca
não vai insultar a mulher que o
colocou no mundo sem uma razão muito forte — declara Mirella Vescovi, mãe de Luca.
Assim como o mamonne assumido de Mirella, grande parte
dos jovens italianos não pensa
que está fazendo alguma coisa
absurda ou equivocada se negando a morar só.
No entanto, nas últimas semanas de outubro, o assunto virou polêmica no país, depois que
o ministro da Economia Tommaso Padoa-Schioppa – anunciando
medidas em favor dos jovens que
pagam aluguéis – fez ironia, dizendo querer ajudar os bamboccioni a sair da casa natal.
Colegas de governo, parlamentares da oposição e um
exército de mammas indignadas
provocaram uma avalanche de
críticas contra o ministro. Alguns chegaram a dizer que Padoa-Schioppa estava se intrometendo na livre escolha de vida
dos cidadãos.
Dados do Istat, o Instituto
Nacional de Pesquisas e Estatísticas, indicam que 60% dos jovens
entre 18 e 34 anos ainda vivem
com os pais.
— A realidade é que sete milhões de jovens italianos entre os
25 e os 35 anos são eternos Peter
Pan, que se negam a crescer —
explica a socióloga Melita Pende,
sobre as mulheres e homens feitos
que ainda dormem tranqüilos e
satisfeitos na casa dos pais, com
o café na mesa todas as manhãs,
o motorino na garagem, o último
modelo de playstation e o telefonino mais moderno à disposição.
De acordo com Melita, ser jovem hoje, na Itália, significa depender dos mais velhos.
— É uma sociedade em que
as mães paparicam os filhos do
berço até o altar e, na maioria
das vezes, até depois do casamento — diz a psicóloga.
Para ela, a falta de trabalho
no país também é um fator que
acaba impedindo as perspectivas
de futuro das novas gerações, fazendo com que eles permaneçam
mais tempo presos à proteção da
família.
tendenza sempre più accentuata
dei mammoni, i figli che si negano a maturare e uscire da sotto le
gonne delle mamme.
Incertezze sentimentali, famiglie più tolleranti, benessere,
comodità e facilità dentro casa
sono altri motivi che impediscono alle nuove generazioni di procurarsi l’indipendenza.
— Perché dovrei andarmene da
casa? Amo i miei genitori e là ho
tutto: la mia stanza, le mie cose,
la mia macchina. Sono un giovane
single, i miei sono ottimi, quali sono i motivi per abbandonarli, passare per difficoltà e farli soffrire?
— pensa Luca Nuoro, 38 anni.
Lui lavora come barista in un
caffè dello zio, a pochi metri dalla
casa dei suoi, al centro di Roma. Ed
è molto soddisfatto della sua vita.
— Potete chiamarmi come volete. Se sono un mammone, faccio
parte della maggioranza — dice
Luca che giustifica: — Tutti i miei
amici abitano con i genitori.
— Mio figlio mi ama così come
tutti i giovani italiani amano le
loro mamme. Sono sicura che non
mi abbandonerà all’improvviso.
Luca non insulterà la donna che
l’ha messo al mondo senza un motivo molto forte — dichiara Mirella Vescovi, madre di Luca.
Così come il mammone consapevole di Mirella, gran parte dei
giovani italiani non pensa di fare
un qualcosa di assurdo o sbagliato negandosi a vivere da solo.
Tuttavia, nelle ultime settimane di ottobre, il tema è divenuto polemica nel paese, dopo che il ministro dell’Economia
Tommaso Padoa-Schioppa – annunciando misure a favore dei
giovani che pagano l’affitto – è
stato ironico col dire che vuole
aiutare i ‘bamboccioni’ ad andarsene dalla casa dei genitori.
Colleghi di governo, parlamentari dell’opposizione e un esercito
di mamme indignate hanno provocato una valanga di critiche contro
il ministro. Alcuni hanno comin-
Novembro 2007
/
“Por que eu deveria
sair de casa? Eu
amo os meus pais
e tenho tudo lá:
meu quarto, minhas
coisas, meu carro”
Luca Nuoro,
de 38 anos
ciato a dire che Padoa-Schioppa si
stava intromettendo nella libera
scelta di vita dei cittadini.
Dati dell’Istat, l’Istituto Nazionale di Statistica, indicano che il
60% dei giovani tra i 18 e i 34
anni vivono ancora con i genitori.
— In realtà sette milioni di
giovani italiani tra i 25 e i 35 anni
sono eterni Peter Pan che si negano a crescere — spiega la sociologa Melita Pende, parlando di
uomini e donne fatti che dormono
ancora tranquilli e soddisfatti nella
casa dei genitori, con la colazione
in tavola tutte le mattine, il motorino nel garage, l’ultimo modello
della Playstation e il telefonino
più moderno a disposizione.
Secondo Melita, oggi essere
giovane, in Italia, significa dipendere dai più grandi.
— È una società in cui le
mamme coccolano i figli dalla
culla fino all’altare e, la maggior
parte delle volte, perfino dopo il
matrimonio — dice la psicologa.
Per lei, la mancanza di lavoro
nel paese è un altro fattore che
finisce per ostacolare le prospettive di futuro delle nuove generazioni, facendo sì che rimangano
più tempo legate alla protezione
della famiglia.
Uno studio di due economisti e ricercatori italiani, reso noto
l’anno scorso, responsabilizza i
genitori possessivi per la diffusione dei mammoni nel paese.
ComunitàItaliana
33
capa
Estudo de dois economistas e
pesquisadores italianos, divulgado no ano passado, responsabiliza os pais possessivos pela difusão dos mammoni no país.
— São eles os primeiros a
convencer os filhos a permanecer
em casa, corrompendo-os com
favores e dinheiro — diz a pesquisa de Marco Manacorda e Enrico Moretti, publicada na revista
Centrepiece, segundo a qual 40%
dos jovens americanos entre 18 e
30 anos moram na casa dos pais,
em comparação com 50% dos ingleses e 80% dos italianos.
De acordo com o estudo, os
pais italianos se esforçam muito
para serem amados pelos filhos.
Mas compram esse amor em troca
da independência dos filhos.
— O preço que os jovens
pagam por essa realidade é alto: além da escassa independência que têm hoje, no longo
prazo deverão lamentar a pouca
satisfação na vida — afirma Manacorda.
Para a publicitária Rosella
Spingarda, de 32, de Bolonha,
pior do que ser mammone é querer transformar a mulher numa
segunda mãe.
— Quando o meu namorado
fica lá em casa, acha que eu sou
uma máquina de cozinhar, lavar
e passar roupa. Só que eu trabalho todos os dias e quero um homem que divida as tarefas comigo — reclama a publicitária, que
mora sozinha em Roma há mais
de cinco anos.
Corrretor de imóveis, Vittorio
Gregário, de 34, admite que não
sente qualquer vergonha por morar com os pais ou por a mãe fazer tudo para ele:
— Eu respeito muito as mulheres. Mas quero uma que seja como
a minha mãe, que não se importe
em fazer os serviços domésticos.
Se a mulher que está comigo se
dispõe a fazer isso, eu caso.
Para alguns especialistas, a
falta de oportunidades é a gran-
de responsável pelo crescimento
desenfreado de mammoni no país. Os jovens de 30 dos tempos
atuais compõem a primeira geração pós-guerra que arrisca estar
pior do que a anterior.
— Parece que ninguém está
pensando seriamente no que representa o futuro de um país: a
sua juventude. Na Itália, o imobilismo, o familismo e a precariedade acabam privando os jovens de ter um futuro próprio. É
um país onde apenas os velhos
têm oportunidades e governam.
Entre os políticos, por exemplo,
apenas 1% têm menos de 30
anos; 15% estão abaixo da faixa dos 40 e 55% têm mais de 61
anos — critica o analista político Fausto Grandi.
Também colabora para a saída tardia dos jovens da casa dos
pais, além da falta de emprego,
o baixo salário. Jovens começam
ganhando pouco e, ao longo dos
anos, os aumentos de salários
são pequenos. Eles não têm como alcançar o mesmo padrão dos
mais velhos.
De acordo com uma análise
do Bando d’Italia, o salário dos
jovens foi se reduzindo ao longo dos anos 90, em comparação
com o dos trabalhadores mais
velhos. Hoje, os filhos recebem
35% menos do que ganhavam
os pais quando tinham a mesma
idade deles.
No final dos anos 80, segundo o relatório, o salário dos homens entre os 19 e os 30 estava 20% mais baixo do que o
dos trabalhadores de 31 a 60
anos. Em 2004, a diferença chegou aos 35%. Para piorar mais
a situação dos jovens, a taxa
de desemprego aumentou. Não
bastasse isso, a nova legislação
trabalhista permitiu novo tipo
de contrato que permite às empresas pagar menos aos novos
trabalhadores, com a justificativa de compensar obrigações de
treinamento.
Cartaz do filme O Vitelloni de Fellini.
Padoa-Schioppa: ironia as mammoni
Locandina del film I vitelloni di Fellini.
Padoa-Schioppa: ironia sui mammoni
— Sono loro i primi a convincere i figli a rimanere a casa,
corrompendoli con favori e soldi
— dice la ricerca di Marco Manacorda e Enrico Moretti, pubblicata sulla rivista Centrepiece,
secondo la quale il 40% dei giovani americani tra i 18 e i 30 anni abitano a casa dei genitori, in
confronto al 50% degli inglesi e
l’80% degli italiani.
Secondo lo studio, i genitori italiani si sforzano molto per
essere amati dai figli. Ma comprano questo amore in cambio
dell’indipendenza dei figli.
— Il prezzo pagato dai giovani dovuto a questa realtà è alto: oltre alla scarsa indipendeza
che hanno oggi, a lungo termine dovranno soffrire per le poche
soddisfazioni nella vita — afferma Manacorda.
Secondo la pubblicitaria Rosella Spingarda, 32, di Bologna, peggio che essere mammone
è voler trasformare la moglie in
una seconda madre.
— Quando il mio ragazzo rimane là a casa, pensa che io sia
una macchina per cucinare, lavare e stirare. Ma io lavoro tutti i
giorni e voglio un uomo che divida i compiti con me — reclama
la pubblicitaria, che abita da sola a Roma da più di cinque anni.
Agente immobiliare, Vittorio
Gregario, 34, ammette che non si
vergogna di abitare con i genitori o
che sua madre faccia tutto per lui:
— Io rispetto molto le donne. Ma ne vorrei una che fosse
come mia madre, a cui non desse
fastidio fare i servizi domestici.
Se la donna che sta con me si
dispone a farlo, me la sposo.
Per gli specialisti, la mancanza di opportunità è la grande responsabile della crescita sfrenata
dei mammoni nel paese. I giovani
trentenni dei giorni d’oggi fanno
parte della prima generazione del
dopoguerra che rischia di stare
peggio di quella anteriore.
— Sembra che nessuno stia
pensando seriamente a ciò che
rappresenta il futuro di un paese: la sua gioventù. In Italia
l’immobilismo, il familismo e la
precarietà finiscono col privare
i giovani di un futuro proprio. È
un paese dove soltanto gli anziani hanno opportunità e governano. Tra i politici, per esempio,
soltanto l’1% ha meno di 30 anni; il 15% è al di sotto dei 40 e il
55% ha più di 61 anni — critica
l’analista politico Fausto Grandi.
Vantagens
Vantaggi
Segurança afetiva
Sicurezza affettiva
Amparo mútuo
Sostegno mutuo
Vacina contra a solidão
Vaccino contro la solitudine
Intromissão direta dos pais na vida dos filhos
Intromissione diretta dei genitori nella vita dei figli
Dependência financeira dos filhos
Dipendenza finanziaria dei figli
Vampirismo emocional e financeiro dos filhos sobre os pais
Vampirismo emozionale e finanziario dei figli nei confronti dei genitori
Desvantagens
34
ComunitàItaliana
A análise do Banco d’Itália
vai além. Revela que também em
termos previdenciários, as novas
gerações estão perdendo: “Os jovens trabalhadores têm de suportar elevadas contribuições sociais
e altas taxas, uma diminuição do
crescimento do salário real e uma
baixa cobertura para a aposentadoria, junto a uma carreira instável. Isso é muito para justificar
crescentes preocupações, além
do aumento do desemprego”, diz
o documento.
O Instituto Iard ouviu 2.500
jovens italianos, dois meses
atrás, de 25 a 29 anos, e 57,3%
deles ainda viviam com os pais,
não apenas por necessidade econômica. De acordo com os sociólogos do instituto, a situação se
deve a uma sociedade permissiva
e consumista, que não consegue
mais satisfazer as expectativas
dos jovens, para os quais a família se torna um refúgio.
Há mais homens do que mulheres (67,4% contra 45,9%)
entre os mammoni da Itália.
Uma prova de que eles ainda são
bons vitelloni.
— Comprar uma casa própria
para morar sozinho ainda não faz
parte dos meus planos. Em casa,
faço tudo o que quero, tenho toda a liberdade, não preciso dar
satisfações dos meus passos. Viver com os pais é uma situação
cômoda. Não vou deixar o conforto que tenho para passar necessidade — afirma o engenheiro
Fabio Marone, de 35.
Conforme a psicoterapeuta
Anna Pandolfi, mesmo quando os
mammoni saem de casa para ca-
sar também não conseguem cortar o cordão umbilical. Muitas
mães interferem nas pequenas e
grandes coisas do casamento do
filho. Isso não costuma agradar
muito às noras.
Mãe gentil, lar garantido
Melissa Borring, de 28, acabou
de cursar a segunda faculdade,
depois de se formar em Direito.
Percebeu que não era bem essa
carreira que gostaria de seguir e
decidiu encarar um curso superior
de gastronomia. Algum problema
até aqui? Nenhum. Namorou por
cinco anos, mas o relacionamento se desfez e, neste mês, ela segue rumo à Itália, para estágio de
três meses de culinária italiana.
Nunca trabalhou firme. O dinheiro
dos pais, claro!, com quem ainda
mora em Niterói, vai sustentá-la.
Também no Brasil, o fenômeno dos mammoni se reproduz em
larga escala. Jovens como Melissa demoram cada vez mais a conquistar a independência.
— Tenho tudo na casa dos
meus pais e, principalmente, liberdade. Não procurei emprego
até agora porque queria muito
essa bolsa para a Itália e fiquei
com medo de sujar o meu nome
se conseguisse algo e logo depois tivesse que sair por causa
da bolsa. Então, conversei com
os meus pais e resolvemos aguardar e deu certo — explica Melissa, que pensa em ficar na Itália
mais do que os três meses previstos, se tudo der certo e arrumar
um emprego.
Para a terapeuta familiar Gilda Franco Montoro, um dos fato-
Svantaggi
/
Novembro 2007
Melissa entre seus pais Sandra e Cláudio:
28 anos de proteção debaixo do teto familiar
Melissa tra i genitori Sandra e Claudio:
28 anni di protezione sotto il tetto della famiglia
Inoltre, collaborano alla tardiva uscita dei giovani dalla casa
dei genitori, oltre alla mancanza di impiego, i bassi stipendi. I
giovani cominciano guadagnando poco e, col passare degli anni,
gli aumenti dei salati sono scarsi. Non possono raggiungere lo
stesso standard dei più maturi.
Secondo un’analisi del Banca
d’Italia, lo stipendio dei giovani
si è ridotto durante gli anni ’90,
in confronto a quello dei lavoratori più vecchi. Oggi, i figli ricevono il 35% in meno di quanto
guadagnavano i genitori quando
avevano la loro stessa età.
Alla fine degli anni ’80, secondo il saggio, lo stipendio degli
uomini tra i 19 e i 30 era il 20%
inferiore di quello dei lavoratori
tra i 31 e i 60 anni. Nel 2004, la
differenza è arrivata al 35%. Per
peggiorare ulteriormente la situazione dei giovani, i tassi di disoccupazione sono aumentati. E
se ciò non bastasse, la nuova legislazione del lavoro ha permesso un nuovo tipo di contratto che
permette alle imprese di pagare
meno ai nuovi lavoratori, giustificandosi con la compensazione
degli obblighi del training.
L’analisi della Banca d’Italia
va oltre. Rivela che anche in termini previdenziari, le nuove generazioni stanno perdendo: “I
giovani lavoratori subiscono elevati contributi sociali ed alte tasse, una diminuzione della crescita
del salario reale e una bassa copertura per le pensioni, insieme
da una carriera instabile. Ciò è
sufficiente a giustificare crescenti preoccupazioni, oltre alla presenza dell’aumento della disoccupazione”, dice il documento.
L’Istituto Iard ha sondato 2500
giovani italiani, due mesi fa, dai
25 ai 29 anni, e il 57,3% di loro
viveva ancora con i genitori, non
soltanto per motivi economici.
Secondo i sociologi dell’Istituto,
la situazione è dovuta alla società
permissiva e consumista, che non
Novembro 2007
/
“Tenho tudo na casa
dos meus pais e,
principalmente,
liberdade”
Melissa Borring,
de 28 anos
riesce più a soddisfare le aspettative dei giovani, per i quali la
famiglia diventa un rifugio.
Ci sono più uomini che donne
(67,4% contro 45,9%) tra i mammoni d’Italia. È una riprova che
sono ancora buoni ‘vitelloni’.
— Comprare la casa propria
per abitarci da solo non fa ancora
parte dei miei piani. A casa, faccio
tutto quello che voglio, ho tutte
le libertà, non devo dare soddisfazione dei miei passi. Vivere con i
genitori è una situazione comoda.
Non lascio le comodità che ho per
affrontare difficoltà — afferma
l’ingegnere Fabio Marone, 35.
Secondo la psicoterapeuta
Anna Pandolfi, neanche quando
i mammoni se ne vanno da casa
per sposarsi riescono a tagliare il
cordone ombelicale. Molte mamme interferiscono nelle piccole e
grandi cose del matrimonio dei
figli. E questo, di solito, non piace alle nuore.
Mamma gentile, casa garantita
Melissa Borring, 28, ha appena terminato la seconda facoltà dopo essersi laureata in Legge. Ha capito
che non era proprio quella la carriera che le piaceva seguire e ha deciso di affrontare un corso universitario di gastronomia. Fino a qui
ci sarebbero problemi? No. È stata
insieme a un uomo cinque anni ma
il rapporto è finito e, questo mese,
se ne va in Italia per uno stage di
tre mesi di culinaria italiana. Non
ha mai lavorato sodo. I soldi dei
genitori, è chiaro, con cui ancora
vive a Niterói, la manterranno.
ComunitàItaliana
35
capa
emprego porque não procure ou
não deixei a casa de meus pais
porque não quis. Prolonguei minha estadia na casa deles porque
meus planos eram distintos daqueles da minha irmã. Estou seguindo o meu caminho.
A psicoterapeuta Gilda informa que, no Brasil, a faixa etária dos marmanjos está em torno dos 26 aos 40. Na Itália, há
pouco tempo, uma mamma de
81 cancelou a mesada e tirou as
chaves de casa do filho, de 61,
além de ter feito queixa contra
ele na delegacia da sua cidade.
Motivo? Ele chegava tarde e não
dizia para onde ia à noite.
Para alguns pais, pode parecer bom que os filhos fiquem
sempre por perto. Porém, a terapeuta alerta para os prós e contras da situação e dá dicas de
como se deve incentivar aos filhos no rumo da independência:
elogiando e apoiando os pequenos esforços em direção à autonomia, desde a infância e a adolescência.
— Os pais podem mostrar ao
filho que o amam, mas que não
estão dispostos a se sacrificar
para satisfazer todos os desejos
dele. Pode ser necessária uma terapia familiar para ajudar os dois
lados a perceber que talvez tenham expectativas e exigências
descabidas. Os pais, por desejarem resolver a vida do filho como se ele ainda fosse criança, e
o filho, por desejar ser uma espécie de Peter Pan, fazendo do
lar um tipo de Terra do Nunca,
com liberdade total, sem precisar
crescer nem assumir responsabilidades — ensina Gilda.
A escritora Maria Tereza Maldonado batizou esses jovens
adultos que moram eternamente
na casa dos pais de geração canguru. Mas, ao contrário da maioria dos especialistas, ela acredita
que pode ser muito bom que os
filhos morem juntos dos pais. O
que não se deve, na opinião da
educadora, é ter filhos que não
contribuam em casa nas despesas e nas responsabilidades domésticas.
Anche in Brasile il fenomeno
dei mammoni si riproduce su larga scala. Giovani come Melissa
ci mettono sempre di più a conquistare l’indipendenza.
— Ho tutto nella casa dei
miei e, specialmente, la libertà.
Non ho cercato un impiego finora perché desideravo molto questa
borsa per l’Italia e ho avuto paura
di bruciarmi il nome se avessi ottenuto la borsa e subito dopo mi
fossi dovuta licenziare dovuto alla
borsa. Allora ho parlato con i miei
e abbiamo deciso di aspettare e
ha funzionato — spiega Melissa,
che pensa di restare in Italia più
dei tre mesi previsti, se andrà tutto bene e troverà un impiego.
Per la terapeuta familiare Gilda Franco Montoro, uno dei fattori che portano i giovani a andarsene da casa tardi è proprio
la mancanza di stabilità finanziaria. In un mondo competitivo,
non sempre la laurea basta a garantire l’entrata dei giovani nel
mercato del lavoro.
— Quarant’anni fa c’era
un’importante motivazione per
sposarsi presto, per avere libero
accesso alla vita sessuale, prima
proibita ai non sposati. Oggi, non
c’è più bisogno di sposarsi per
avere una vita amorosa. Le famiglie hanno accettato questi cambiamenti della morale sessuale ed
è normale dormire a casa dei genitori del compagno il fine settimana — spiega la terapeuta.
Lasciare il nido può essere
un’opzione dolorosa, crede Gilda,
per chi deve affrontare un mondo così insicuro e minaccioso.
Ma la terapeuta avvisa che, malgrado la casa dei genitori sembri
il miglior posto del mondo, può
apportare conseguenze disastrose per ambedue i lati.
— I genitori sono portati a
credere che i figli non siano cresciuti e si sentono in diritto di
controllare le loro vite dando ordini, suggerimenti e consigli che
causano litigi. E i figli possono
adagiarsi su di una situazione di
dipendenza, incapaci di affrontare le sfide dell’autonomia — dice Gilda.
Grupo Keystone
res que levam os jovens a sair de
casa tarde é justamente a falta
de estabilidade financeira. Num
mundo competitivo, nem sempre
o diploma universitário basta para garantir o ingresso dos jovens
no mercado de trabalho.
— Há 40 anos havia uma motivação importante para se casar
cedo, para ter o acesso livre à vida sexual, antes interditada para os namorados. Hoje, já não há
mais necessidade de se casar para
ter uma vida amorosa. As famílias
aceitaram essas mudanças de moral sexual e é normal dormir na casa dos pais do namorado no fim de
semana — explica a terapeuta.
Deixar o ninho pode ser uma
opção dolorosa, acredita Gilda,
para quem tem de enfrentar um
mundo tão inseguro e ameaçador. Mas a terapeuta alerta que,
apesar de a casa dos pais parecer
o melhor lugar do mundo, isso
pode trazer conseqüências desastrosas para ambos os lados.
— Os pais podem achar que
os filhos não cresceram e se sentirem no direito de controlar suas vidas com ordens, sugestões e
palpites que geram brigas. E os
filhos podem se acomodar em
uma situação de dependência,
incapazes de enfrentar os desafios da autonomia — diz Gilda.
Melissa admite viver essa situação. Mas se justifica pela opção
por uma trajetória diferente da de
sua irmã mais nova, de 26, que já
mora sozinha, ao afirmar que não
se importa com comparações:
— Acho que a minha situação
é diferente. Não é que não tenha
36
ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
Melissa ammette di vivere
questa situazione. Ma giustifica
la scelta di una traiettoria diversa da quella della sua sorella più
giovane, di 26 anni, che già vive
da sola, quando dice che non le
importano i paragoni:
— Credo che la mia situazione sia differente. Non ho un impiego non perché non lo cerco o
non ho lasciato la casa dei miei
perché non ho voluto. Ho prolungato il mio soggiorno a casa loro
perché i miei piani erano diversi
da quelli di mia sorella. Sto seguendo la mia strada.
La psicoterapeuta Gilda informa che, in Brasile, le fasce
d’età dei mammoni si aggirano
dai 26 ai 40 anni. In Italia, poco
tempo fa, una mamma di 81 anni
ha tolto la paghetta e le chiavi
di casa al figlio di 61 anni, oltre
ad averlo denunciato al commissariato della sua città. Il motivo?
Arrivava tardi e non diceva dove
andava di sera.
Per molti genitori, può sembrare un bene che i figli rimangano sempre vicini. Ma la terapeuta avvisa sui pro e i contro della
situazione e dà consigli su come
si deve incentivare i figli a prendere la strada dell’indipendenza:
lodando e appoggiando i piccoli sforzi verso l’autonomia, fin
dall’infanzia e l’adolescenza.
— I genitori possono dimostrare al figlio che lo amano, ma
che non sono disposti a sacrificarsi per soddisfare tutti i loro
desideri. Può essere necessaria
una terapia familiare per aiutare
i due lati a percepire che forse
ci sono aspettative ed esigenze
inopportune. I genitori, che vogliono risolvere la vita del figlio
come se fosse ancora bambino, e
il figlio perché vuole essere una
specie di Peter Pan, trasformando
la casa in una specie di Terra Che
Non C’è, con libertà totale, senza
dover crescere, né assumersi responsabilità — insegna Gilda.
La scrittrice Maria Tereza Maldonado ha chiamato questi giovani adulti che abitano eternamente
nella casa dei genitori ‘generazione canguro’. Ma, al contrario della
maggioranza degli specialisti, lei
crede che può essere molto positiva la vita dei figli insieme ai
genitori. Quello che non si deve
fare, secondo l’educatrice, è avere
figli che non contribuiscano a casa nelle spese e nelle responsabilità domestiche.
educação
uso do celular é vetado não apenas
para telefonar, ou receber mensagens, mas, principalmente, para
jogar ou filmar — afirma o ministro da Educação, Giuseppe Fioroni,
ao pedir aos professores para que
estejam vigilantes e não hesitem
em punir quem viola as regras.
Em guerra
contra o
happy slapping
Registrar atos de sadismo explícito em câmeras
de celulares para divulgá-los na internet se
torna moda bizarra nas salas de aula.
O problema é combatido com rigor na Itália e
também já preocupa autoridades no Brasil
C
Valquíria Rey, de Roma e Nayra Garofle
enas verdadeiras ou estimuladas de sexo em plena sala de aula. Estudantes que
jogam cadeiras uns contra
os outros na presença do professor.
Muitas risadas, deboches e também
sofrimento e humilhação. Tudo isso
registrado pelas câmeras de seus celulares. É o happy slapping.
A expressão idiomática inglesa, que
significa algo como estapear com alegria,
refere-se à prática de atos de violência
gratuita registrados em câmeras de telefones celulares para divulgação na Internet.
Trata-se de sadismo explícito.
Esse comportamento bizarro tem se
alastrado pela Europa e pelo restante do
mundo. Na Itália, onde o ano letivo mal começou, professores e alunos já são vítimas
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ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
constantes dessa modalidade do
bullismo – agressão feita na escola por crianças e adolescentes,
como pancadas, abusos, ameaças, chantagens e perseguições.
Imagens recentes feitas em
várias escolas de norte a sul da
Itália circulam e se transformam
em espetáculos públicos no YouTube e em outros sites de Internet semelhantes. São provas de
que a lei criada para proibir o uso
de celulares nas salas de aula italianas tem sido ignorada.
— Desde 15 de março, o uso
do celular está proibido nas salas
de aula. A escola é uma instituição
séria, onde se deve aprender o respeito a si mesmo e aos outros. O
Sanções por atos e omissões
Conforme normativa do Ministério da Educação, o estudante
que insistir em usar o telefonino está sujeito a tê-lo retirado durante as aulas e a sanções disciplinares. O professor
que se omitir deverá ser punido
e os pais também podem sofrer
conseqüências. Em caso de flagrante, as multas são altas.
As escolas também são obrigadas a formalizar em seus regulamentos o veto ao uso dos celulares e as punições previstas para
os indisciplinados.
O Ministério chegou a cogitar
sobre a possibilidade de modificar o Estatuto dos Estudantes,
em vigor desde 1998. Em casos
de violência grave foram analisadas punições mais rigorosas, como a proibição de fazer o exame ao término do ensino médio,
suspensão de 15 dias, trabalho
na limpeza da escola, em serviços de manutenção e voluntariado. Não está descartada também
a possibilidade de se estabelecer
um pacto de responsabilidade
entre família e instituição.
— Apoiamos e apreciamos o
espírito da intervenção do Ministério da Educação. Era necessário
fazer alguma coisa para chamar a
atenção das pessoas sobre o respeito às regras — diz Giorgio Rembado, presidente da Associação
Nacional dos Diretores de Escolas,
que também é favorável à modificação do Estatuto dos Estudantes.
De acordo com Rembado, em
função dos episódios escandalosos
dos últimos meses, era necessário
modificar as sanções disciplinares.
Ele defende também que os pais
estejam atentos ao significado da
escola e que, ao escolher uma instituição, respeitem as regras.
Por outro lado, as denúncias
sobre uso de telefone celular na
sala de aula ainda são poucas. No
início de outubro, uma professora de Impéria, no norte do país,
acusou um estudante de gravar
uma aula. Agora, ele corre o risco
de ser multado em 18 mil euros
por invasão de privacidade.
Abusos na Internet
A maioria das escolas italianas garante que já se adaptou à determinação do Ministério. No entanto, em curta visita ao YouTube, ao
Libero Video ou a outros sites se
pode comprovar que os estudantes continuam abusando do uso
de celulares durante as lições.
São eles mesmos que publicam os vídeos e não se escondem
por atrás do telefonino, dando
assim a possibilidade de serem
considerados responsáveis nos
casos de violência.
A maioria dos vídeos mostra cenas de brincadeiras de mau
gosto e jogos nos intervalos e
durante as aulas. Falam de sexo,
professores malucos, colegas gostosas ou de parceiros violentos.
Os rapazes alegam que é apenas diversão. De acordo com eles
não tem nada de abuso.
Em um vídeo, um professor
dá o troco e obriga um aluno a
se ajoelhar na sua frente. Em outro, um estojo é jogado e acerta
uma professora.
— Alguns episódios foram
gravíssimos, mas, por outro lado,
houve muito poucos em relação
aos milhões de estudantes das escolas italianas. Nos casos em que
conseguimos encontrar os responsáveis, eles estão sendo punidos
— avalia o ministro Fioroni.
O ministro é categórico ao
pedir ajuda aos professores e diretores de escola em nome da tolerância zero contra aqueles que
invadem a liberdade dos outros.
Principalmente dos mais frágeis,
usando a violência como autoafirmação. É a Itália em guerra
declarada ao happy slapping.
São Paulo também
quer vetar celular em aula
Se na Itália o happy slapping nas
escolas já assusta as autoridades, no Brasil ainda não se trata de uma questão nacional. Mas,
em São Paulo, as autoridades
pretendem cortar o mal pela raiz.
Numa medida preventiva, o “alô”
na sala de aula está em vias de
ser proibido no estado, possivelmente ainda neste mês. O Projeto de Lei 132/07, que veta o uso
de celulares em classe, aguarda
a aprovação do governador José Serra (PSDB). A proposta, de
autoria do deputado estadual Orlando Morando (PSDB), foi aprovada no dia 28 de outubro pela
Assembléia Legislativa.
Segundo o deputado, “o envio de torpedos e conversas desvia a atenção dos estudantes”.
A coordenadora de serviços de
orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, de São Paulo, Silvana Leporace, também
acredita que o uso do telefone na
sala de aula prejudica os alunos:
— Não proibimos os alunos
de estar com o celular. O que fazemos é orientar em relação ao
uso positivo do aparelho. Dentro
da sala de aula não admitimos
que toque, que o aluno ligue pra
alguém ou que troque mensagens.
Então o aluno sabe que esse tipo
de situação nós não permitimos.
O colégio paulistano com
tradições italianas não esperou a
aprovação da lei. A coordenadora
enfatiza que a sala de aula não é
um lugar para se falar ao celular,
pois o aluno tem de estar focado
no trabalho pedagógico.
— É uma questão de respeito
aos colegas que estão na sala e
que não devem ser interrompidos
durante a aula e ao professor, especialmente, que precisa realizar
o seu trabalho — diz Silvana.
O projeto de lei dá aos professores a tarefa de fiscalizar os
alunos. O que já acontece no
Dante Alighieri, por exemplo.
— O aluno precisa compreender que o espaço da sala de aula
não é só dele e que precisa ser
compartilhado com os outros. Se
todos resolvem usar o celular não
há aula que consiga fluir — conta a coordenadora.
Silvana afirma que os estudantes respeitam esse limite:
— Se em casos extremos o telefone toca na sala de aula, a professora pede para o aluno sair. A
tentativa de burlar regras sempre
existe, principalmente quando se
trata de jovens, mas o adulto tem
que mostrar qual é o limite.
O presidente do Sindicato das
Escolas Particulares de São Paulo
(Sieesp), José Augusto de Mattos Lourenço, concorda com a lei
e afirma que a “sala de aula não
é lugar para celular, iPod, mp3 e
outros aparelhos”.
A estudante Larissa
Nunes, de 15 anos,
conta que não costuma atender
seu celular
em sala de
Novembro 2007
/
Desde 15 de
março, o uso
do celular
está proibido
nas salas de
aula italianas.
O Ministério
chegou a cogitar
a possibilidade
de modificar
o Estatuto dos
Estudantes, em
vigor desde 1998
aula. Morando no Rio de Janeiro,
ela diz que mesmo que o estado
também cogite adotar a lei, não
vai fazer diferença em sua turma.
— Meus amigos e eu não
atendemos telefone na sala de
aula. É ordem do colégio e acho
que isso já acontece na maioria
das escolas. Então, acho que esta
lei só serve para sustentar essa
ordem quando algum aluno não
respeitar, de forma alguma, o
professor — acredita.
ComunitàItaliana
39
educação
Relazione dell’Unione Europea rivela che i giovani italiani affrontano
situazione di alto rischio sociale per l’abbandono precoce degli studi
L’
Valquíria Rey
Correspondente • Roma
Grupo Keystone
educazione in Italia va
di male in peggio. Resa
nota in ottobre, una relazione dell’Unione Europea (UE) sul tema lo prova: gli
adolescenti abbandonano con
troppa facilità gli studi. Uno dei
dati più preoccupanti si riferisce al tasso di interruzione degli
40
studi tra i giovani dai 18 ai 24
anni. Nel 2006, il 20,8% degli
italiani a quest’età hanno smesso di studiare, mentre la media
europea è rimasta al 15,3%. La
meta del continente è invece
quella di arrivare nel 2010 al
massimo ad un 10%.
“L’Italia è al di sotto della
media europea in quasi tutte le
aree strategiche che si riferiscono al settore scolastico”, rivela
la relazione della UE sull’educazione nel Belpaese. “Il sistema
scolastico italiano ha fatto progressi negli ultimi sei anni, ma
oltre all’evasione scolastica mostra anche problemi legati alla percentuale di studenti di
15 anni, che presentano difficoltà di lettura, di conclusione
dell’educazione universitaria e
di adulti partecipanti alla formazione permanente”, prosegue
il documento.
Il paese appare al di sopra
della media della UE appena in
un indicatore: il numero di diplomati in materie scientifiche e
tecniche.
— Tra il 2000 e il 2006 l’Italia ha migliorato la sua performance legata al compimento del
ciclo universitario e nelle facoltà di scienza e tecnologia — segnala Odile Quintin, direttore
generale per l’educazione della UE, che conclude: — Però ha
fatto progressi meno significativi, senza riempire le lacune legate alla capacità di lettura di base
della gioventù.
Gli adulti italiani che partecipano ai programmi di formazione permanente sono poco più del
6,1%. Nella UE, queste percentuali sono del 9,6%.
ComunitàItaliana
/
Nel 2006, l’indice degli studenti che hanno completato il
corso unversitario è arrivato al
75,5% (un aumento del 6% rispetto al 2000). La percentuale
è più vicina alla media dei paesi europei (del 77,8%), ma è ancora lontana dagli obiettivi della
UE (dell’85%).
Analfabetismo funzionale
Secondo rilevamenti della UE,
la percentuale di giovani italiani quindicenni incapaci di leggere o di capire un testo è aumentata tra il 2000 e il 2006,
passando dal 18,9% al 23,9%,
in rapporto alla media europea
che è del 19,8%.
Difficoltà familiari, bassa autostima e mancanza di motivazione per gli studi sono alcune
delle principali cause del precoce
abbandono scolastico in Italia.
Secondo la psicologa educativa Maria Chiara Venti, le difficoltà dei giovani nel periodo
scolastico hanno diverse origini.
— Problemi economici familiari e di adattamento, cambio di residenza e di amicizie
e la scelta sbagliata del corso
possono stimolare l’abbandono
— spiega facendo un appello
affinché il sistema educativo
italiano si rivolga a questi
giovani e li aiuti, altrimenti, secondo la psicologa, avranno altri problemi sociali.
Desistenza precoce
Dati dell’Istat, l’Istituto Nazionale di Statistica italiano, resi noti
alla fine dell’anno scorso, indicano che l’abban-
Novembro 2007
Avversione alla lettura
Invece i dati di un’altra ricerca,
fatta ogni due anni dalla Mondadori-Ipsos sul mercato librario in
Italia, indicano che il 62% degli
italiani non leggono nemmeno
un libro all’anno.
Secondo il rilevamento, reso noto in ottobre a Roma, per
entrare nella categoria di lettore
bastava che l’intervistato dicesse di aver letto un libro all’anno,
più o meno come dichiararsi cattolico e andare a messa soltanto
a Natale. Ma soltanto il 38% ha
garantito di aver letto perlomeno un libro, la maggioranza al
nord del paese.
La finestra
Daniele Mengacci
Il vice presidente Tavecchio consegna premi alla giudice
Denise Frossard e al ministro del Lavoro, Carlos Luppi
Celebrazioni in dose tripla
I
n un vero e proprio gol da campione, la notte del 5 novembre
è stata segnata da un “derby” mai visto sul palco dell’Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. Approfittando la solennità della consegna del titolo di cittadino dello Stato di Rio de
Janeiro attribuito al dirigente dell’Obiettivo Lavoro, Massimo Cabiati, e la partecipazione della squadra italiana di Beach Soccer
nel Campionato Mondiale (realizzato sulla spiaggia di Copacabana), la data ha riunito il meglio della società italo-brasiliana di
Rio de Janeiro.
Durante il primo tempo della partita, il deputato Délio Leal
ha dichiarato cittadino fluminense l’italiano Cabiatti dovuto alle
sue imprese nel settore impegatizio. La Obiettivo Lavoro, maggior
agenzia di lavoro italiana, ha già portato circa duemila professionisti infermieri allo Stivale.
— È un piacere ricevere questo onore dei fluminensi perché lavorare qui è meraviglioso. Questo rapporto che ha il popolo con l’Italia e tutto il resto rendono il lavoro molto più
soddisfacente. Ringrazio anche l’appoggio che ho sempre ricevuto dal console Bellelli, senza di lui non saremmo riusciti ad
essere ciò che siamo diventati — ha sottolineato Cabiati nel
suo discorso.
Erano presenti personalità come il giudice Denise Frossard,
l’ex procuratore generale di stato Francesco Conte, il presidente della Terna Participações, Giovanni Giovanelli, il presidente
dell’ICE, Giovanni Sacchi, il direttore dell’industria Granfino, Carmelo Mastrangelo, il capo di comunicazione del Comune di Rio,
Agata Messina, tra gli altri. Mentre gli invitati assaporavano un
rinfresco che includeva crocchette e quiche di baccalà e degustavano vari tipi di vini, si potevano apprezzare famose canzoni brasiliane cantate in italiano, come “Eu sei que vou te amar”, di Vinicius de Moraes e Tom Jobim.
Il vice presidente della Federazione Italiana di Calcio, Carlo
Tavecchio, ha detto a Comunità che lo scambio di esperienze tra
brasiliani e italiani nello sport contribuisce molto a migliorare il
livello tecnico degli italiani.
— Là si può avere due stranieri per ogni squadra. Il problema del beach soccer è che viene praticato soltanto per stagione,
quindi la preparazione fisica ne rimane danneggiata. Ma lo sport
dà continuità alla popolarità del calcio quando i campionati finiscono — spiega.
Ancora in fase di adattamento negli allenamenti di una squadra di beach soccer, il tecnico Giancarlo Magrini conta sulla capacità del capitano della squadra Gianni Fruzzetti.
— Sono da otto anni nel beach. Siamo rimasti incantati dalla
città di Rio. È un peccato che il campionato sia breve e che dobbiamo tornare subito in Italia — conclude Gianni.
[email protected]
Sangue nuovo
nelle vene?
I
l caos che contraddistingue la
politica italiana negli ultimi
mesi si è mantenuto vivo e vigoroso nell’appena trascorso mese
di Ottobre.
Mentre sullo scenario internazionale eravamo dileggiati dai
partners europei per la nostra
stupida insistenza a non rinunciare ai tagli dei seggi del prossimo Parlamento Europeo, posizione in contrasto con la recente proposta di riforma del nostro
Parlamento, che dai più di seicento rappresentanti, scenderebbe a 512, il Governo del prode Prodi andava sotto al Senato quattro volte, i suoi alleati si
becchettavano peggio dei polli
di Renzo, la Magistratura tentava ancora una volta di fare politica con iscrizioni di indagati
illustri, Dini faceva una fronda
nascosta. Il tentativo di imbavagliare Internet, giustificato dal
Governo come necessità tributaria, era, per fortuna, immediatamente respinto dai più liberali
e da quelli che avevano capito
che seguire la strada della burocratizzazione avrebbe solo dato
maggiori argomenti distruttivi a
Beppe Grillo.
L’avvenimento partitico tanto atteso, la nascita a suffragio
diretto del Partito Democratico
e l’elezione, scontata, di Veltroni, invece di iniettare sangue nuovo nelle vene anemiche
di idee della politica italiana,
risultava essere una liturgia di
stampo “partito unico” dei bei
tempi quando il Sindaco di Roma poteva dichiararsi comuni-
Divulgação
senza futuro
dono degli studenti universitari
accade di solito all’inizio del corso. Per ogni cinque giovani, uno
non rinnova l’iscrizione per il secondo anno.
Il negativo risultato italiano
in confronto agli altri paesi europei è motivo di preoccupazione
per il Presidente della Repubblica, Giorgio Napolitano.
— L’Italia si trova dietro ai
paesi più avanzati dell’Europa e
del mondo in quantità e qualità
dell’educazione. Ricerca, formazione di base e istruzione universitaria rappresentano allo
stesso modo aspetti dello stesso problema di fondo del nostro
paese — ammette il Presidente in un’intervista collettiva
durante la cerimonia di inaugurazione dell’anno scolastico
2007/2008.
Secondo la UE, gli studenti non sono gli unici colpevoli. I fondi pubblici destinati al
sistema scolastico italiano sono anch’essi inferiori alla media del continente. Mentre 27
paesi europei hanno investito il
5,1% del Prodotto Interno Lordo
(PIL), in Italia è stato soltanto
il 4,59%.
Bruno de Lima
Generazione
articolo / notizie
Novembro 2007
/
sta, con l’aggiunta però di alcune novità.
La prima era che anche in casa PD i brogli elettorali sono una
consuetudine. È stato lo stesso
Rutelli a denunciarli, parlando di
“procedure scombinate e di poca
trasparenza”.
La seconda è che il PD ha
offerto agli italiani all’estero la
possibilità di esercitare il voto attivo e passivo, tramite un
regolamento a tratti comico, a
tratti burocratico.
Vi si legge, ad esempio, che
si è potuto votare via Internet,
il che la dice lunga sul rischio
del voto ripetuto e sull’assenza
dall’urna elettronica dei meno
disinvolti con la via digitale alla
democrazia.
Il regolamento stabilisce,
con un’indicibile faccia di tolla, che le liste dovevano essere
composte “alternando candidati
di sesso diverso” e a parte quel
“diverso”, non spiegava se vi era
una quota donne e gay.
Il regolamento poi specifica
che hanno potuto votare tutti i
maggiori di sedici anni ed essere eletti quei candidati che non
avessero condanne in giudicato,
forse un’intuizione grillesca ante
litteram.
La nostra Circoscrizione aveva diritto a 17 delegati, eletti in
Argentina, Uruguay, Venezuela e
Brasile, dove si è avuto un dato
curioso: i seggi sono stati tre per
Rio de Janeiro città e uno solo
per tutta San Paolo.
La pagina Internet del PD
non riporta né i candidati estero, né i dati di affluenza e voto,
e tantomeno l’elenco degli eletti.
Ci si trova solo una dichiarazione
che sottolinea come il 2,5% dei
delegati di Veltroni vengano dai
nostri emigrati PD, poco per chi,
come da sempre, si fa vanto di
trasparenza e moralità.
ComunitàItaliana
41
Maculan:
“professores
não são heróis”
Certa vez, um cientista chinês procurou Nélson Maculan Filho e logo o
encontrou por intermédio de um amigo em comum, que Maculan conhecera
tempos antes na Itália, mas que era inglês e trabalhava na França. O oriental
queria obter mais informações sobre uma pesquisa do professor brasileiro
sobre o comportamento de esferas quando empacotadas. O próprio se
surpreendeu ao descobrir que a sua teoria poderia vir a ser aplicada
em uma nova terapia de combate a tumores cancerígenos. Coisas
de um mundo globalizado... Para o bem, mas também para
o mal. Tanto que evasão escolar e analfabetismo funcional
– problemas que Maculan agora enfrenta como
secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro
– preocupam também as autoridades no primeiro
mundo, especialmente na Itália, país de origem dos
avós do paranaense de 64 anos, amante tanto dos
números quanto da palavra (fala fluentemente
cinco idiomas). Ele não era muito de estudar,
quando menino, mas se tornou engenheiro de
Minas e Metalurgia, doutor em Engenharia
de Produção, com mestrado em Estatística
Matemática (origem da teoria das esferas),
e foi reitor de uma das maiores universidades
brasileiras, a Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), entre outros cargos importantes. Na
rede estadual de ensino, ele luta para
implementar no ensino médio a educação
integral, inspirado no que viu de melhor,
em viagem recente à Itália, na educação
pública italiana.
Paula Máiran
42
ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
C
omunitàItaliana – Em
que o senhor, um especialista em programação matemática, otimização combinatória e computação
científica, pode contribuir na superação de uma crise história na
rede de ensino fluminense?
Nélson Maculan - O meu desafio,
isto é, a minha meta, é conseguir implementar o sistema de
educação integral. Estamos neste ano arrumando a casa, produzindo diagnósticos. No próximo
ano, as coisas devem começar a
acontecer.
CI - Mas o senhor acredita que há
tempo ainda para de fato mudar
alguma coisa nos dois anos que
restam de governo?
Maculan - Há esse problema de
governo, de descontinuidade entre uma gestão e outra. O Brasil se atrasou muito. Não dá para
correr... Também não vamos parar. Temos que agir levando em
consideração que é preciso estudar meios de garantir a continuidade das ações.
CI - O senhor enfrentou, por sinal, uma crise logo no início de
sua gestão na secretaria, que
envolveu a falta de professores,
com o atraso no início do ano letivo. Há previsão de o governo
contratar oito mil professores
no ano que vem.
Maculan - A situação está melhor, embora os problemas ainda não estejam realmente resolvidos. Com esse salário, de
562 reais, fica difícil alguém
querer entrar para essa profissão e os concursos não são
fáceis. É uma profissão pouco
valorizada. As universidades
menos reconhecidas são as que
formam professores. Há nas
universidades até uma contrapropaganda contra a carreira.
Na Universidade de São Paulo,
saem formados apenas de cinco
a dez em Matemática por ano.
A maioria muda de área ou vira
pesquisador. Ensino hoje é uma
coisa muito mal vista. E para
ser professor ainda tem que fazer curso de um ano de licenciamento. No caso do Brasil,
sou a favor de se quebrar essa exigência. Deixa todo mundo
fazer o concurso e depois treina os que passarem.
CI - E na Itália, que tem índices de
educação piores do que a média
européia, o que está acontecendo de peculiar?
Maculan - O grande problema lá
é como lidar com a imigração.
Em Milão, o preconceito com
imigrantes é enorme... E o povo que mais sofre é o albanês,
e é um povo inteligente, de boa
formação. Sul-americanos trabalham em limpeza. E o interessante é que a Itália se tornou
um país rico há pouco tempo.
Até outro dia, eram os italianos que imigravam. Eu tinha 16
anos quando estive em Milão
com meu pai, que fundou na cidade o Instituto do Café em Milão e tudo era muito diferente.
CI - O senhor esteve na Itália em
setembro, na missão comandada pelo governador Sérgio Cabral, para discutir o intercâmbio
na área de educação. Como avalia o resultado da viagem?
Maculan - Fui abrir espaços (ele
viveu e trabalhou na Itália). Entre tantas, houve discussões sobre a criação de cursos técnicos
na indústria naval. A Itália tem
boa experiência nisso.
CI - Em outros aspectos o que o
Brasil teria a aprender com o
modelo de educação italiano?
Maculan - Eles têm, antes de tudo, um excelente modelo de educação integral. Eles têm o liceu,
que são os últimos cinco anos
da escola, que seria algo como
um ensino secundário superior.
Outra coisa é o que Itália tem a
ensinar na Música, na Cultura, o
país é um museu! No que se refere à universidade, tudo é muito
parecido. Mas tem, por exemplo,
a experiência deles em Física.
Desde os tempos de Galileu Galilei a Itália é referência nessa
área, com vários Nobel. O Brasil
podia importar professores nessa
área, mas o país nunca investiu
nisso, como, por exemplo, fizeram os Estados Unidos, contratando professores europeus e de
outros lugares do mundo. O Brasil tem resistência a estrangeiros. A Argentina chegou a fazer
isso, mas a ditadura acabou com
as universidades de lá.
CI - E como a experiência italiana
deve se aplicar na rede estadual
do Rio?
Maculan - A proposta é oferecer
aos jovens um sistema dual. Um
Ensino Médio que garanta profissionalização, para que o jovem
possa sair com perspectivas de
arrumar trabalho, mas não pode
ser uma escola que prepare o aluno só para a indústria. Tem que
Bruno de Lima
entrevista
“O Brasil podia
importar
professores
nessa área,
mas o país
nunca investiu
nisso, como,
por exemplo,
fizeram os Eua,
contratando
professores
europeus e de
outros lugares
do mundo”
oferecer uma base boa em matemática, no domínio da própria
língua, na história de sua cidade,
de seu estado, do seu país.
CI - Mas a Itália enfrenta, como o
Brasil, problemas de evasão escolar e de analfabetismo funcional. Ainda assim, seria um bom
exemplo?
Maculan - É bom lembrar que os
problemas de evasão e de analfabetismo funcional na Itália
não chegam aos pés dos nossos, no Brasil... Nosso analfabetismo funcional chega a mais
de 57%... Nós estamos muito
atrasados em relação à Europa. Eles têm educação em tempo integral, cultura de visitas a
museus, laboratórios... Além do
mais, o Ensino Médio é proble-
Novembro 2007
/
ma no mundo, não só no Brasil
ou na Itália.
CI - Na sua visão, o que explica
a evasão e o analfabetismo funcional em países do primeiro
mundo?
Maculan - A didática não tem
atendido às aspirações dos jovens. Também afeta os jovens a
falta de perspectiva de emprego.
Encontrar uma solução para isso
é desafio no mundo inteiro.
CI - Como o senhor vê então essa
falência do modelo histórico de
educação?
Maculan - A escola tem de estar
preparada para tratar dos temas
que estão em voga na Internet.
Hoje tudo é muito superficial no
contato das pessoas com as informações. Então a pessoa ouve uma
coisa e entende de maneira errônea. A rapidez entre a pesquisa e a
difusão é enorme. Daí a importância de uma formação continuada.
O Rio já tem as bases para providenciar isso, as usinas de conhecimento que são as universidades.
As pessoas hoje estão preocupadas
em aprender outras línguas, o que
eu acho importante, eu mesmo falo e escrevo em cinco línguas, mas
acho um problema não haver uma
valorização da própria língua.
CI - Entre os problemas em comum, os jovens italianos não
gostam de ler, tanto quanto os
brasileiros. Por que isso?
Maculan - Nosso problema é mais
grave. Nos Estados Unidos e na
Europa, as pessoas lêem por prazer. Aqui isso não ocorre. Eu tenho que ler porque sou professor.
Mas é claro que o professor com
o salário que recebe não tem dinheiro para comprar livros.
CI - Sobre esse desinteresse dos
jovens em relação à escola, o
que pode ser feito?
Maculan - Não há na Itália, como também não existe no Brasil, uma escola de mestres, como
tem na França. Não basta o conhecimento teórico para formar
um bom professor. Todo professor
tem que ser um pouco palhaço,
saber atuar, prender a atenção
dos alunos, saber quando deve
agir ou até mesmo quando não
agir, fingir que não viu alguma
coisa, que não vai poder resolver.
Temos que parar com isso de que
professores são heróis e heroínas
sacrificados, somos profissionais
como outros quaisquer. O importante é a imagem que o professor
deve passar para os alunos.
ComunitàItaliana
43
Meninos
anoréxicos:
ainda um
tabu
Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento
para o hipertireoidismo. Problemas na tiróide atingem
15% das populações brasileira e italiana
Valquíria Rey
Correspondente • Roma
O
drama da anorexia voltou à tona na Itália com
os outdoors – proibidos
em outubro, pelo conselho de auto-regulamentação publicitária, por violar o código de
conduta do setor – com uma foto
de uma esquálida modelo nua em
campanha da marca Nolita. Sem
tanto alarde, outra faceta da doença apenas começa a ser discutida: o aumento do número de
casos entre rapazes.
Até então, limitava-se ao
universo feminino a preocupação
com a anorexia nervosa. Sempre
são mulheres os exemplos públicos de vítimas.
A incidência da doença sobre
o sexo masculino começou a ser
percebida mais amplamente somente depois de dois suicídios
de meninos. Estes foram registrados nos últimos meses no Policlínico Gemelli, em Roma, o mesmo
44
ComunitàItaliana
/
em que o papa João Paulo II costumava ficar hospitalizado.
De acordo com a Associação
Italiana para o Estudo e Pesquisa da Anorexia, Bulimia e Distúrbios Alimentares (ABA), os casos
de anorexia e bulimia entre homens, especialmente os adolescentes, vêm aumentando significativamente.
Conforme a entidade, que há
17 anos recebe pedidos de ajuda
em todo o país, esse é um problema que permanece praticamente escondido.
— Os dados oficiais são a
ponta do iceberg. Poucos procuram cura e, conseqüentemente,
as estatísticas não refletem a realidade — afirma Francesco Bergamin, psicólogo da associação.
Segundo Fabiola De Clerq, exanoréxica e presidente da ABA,
cerca de três milhões de pessoas sofrem dessa doença na Itália.
Acredita-se que 5% dos casos registrados de anorexia no país sejam masculinos.
— Hoje, aumentou muito o
número de homens doentes. O
Novembro 2007
mais preocupante é que diminuiu
também a idade dos pacientes.
Agora, são registrados muitos
casos a partir dos 13 anos — informa Fabiola.
Despreparo é agravante
Na avaliação de alguns especialistas, como o número de rapazes
anoréxicos é menor, acaba-se esquecendo deles. A sociedade parece não estar pronta para pensar em anorexia masculina. Nem
mesmo os hospitais se apresentam preparados para receber esses pacientes.
Muitas unidades só têm leitos específicos para tratar de
mulheres vítimas da doença. Os
pacientes homens acabam tendo
como destino alas psiquiátricas.
Isso explicaria a principal causa
de morte entre eles: o suicídio.
Conforme Camilo Loriedo,
psiquiatra do Centro de Anorexia
e Bulimia do Policlínico Umberto
I de Roma, um paciente em cada
10 com anorexia acaba morrendo. Os atos de suicídio, de acordo
com ele, atingem 5% dos casos.
uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut
— É mais difícil também para as famílias entender um garoto com anorexia. Ele costuma
ter crises mais profundas, dificuldades de sentir-se como jovem, como homem, com sua própria identidade sexual — explica
Antonio Coccia, responsável pela
Unidade de Distúrbios Alimentares do Hospital Gemelli.
Segundo o médico, tanto a
anorexia feminina quanto a masculina costumam estar ligadas a
relações familiares, situações de
abuso, separações e divórcios
dos pais, além de problemas de
identidade e de relação social.
No entanto, entre os rapazes, a
doença tende a se apresentar em
quadros mais graves, com necessidade de tratamento psiquiátrico mais aprofundado, com auxílio de terapia farmacológica.
Nos adolescentes, segundo
Coccia, o diagnóstico é mais difícil. Nas jovens, a suspensão do ciclo menstrual, por exemplo, representa forte indicativo da doença.
— Alguns estudos tentaram
associar a anorexia à diminuição
da libido sexual nos homens, mas
não houve resultados significativos — lamenta Coccia.
Sexualidade como
pano de fundo
Cerca de 50% dos pacientes homens
são homossexuais. Em comparação
com as mulheres, os pacientes do
sexo masculino apresentam mais
medo do peso e da comida, maior
hiperatividade e ânsia em relação
à sexualidade, distúrbios considerados mais graves no desenvolvimento psicossocial.
Matteo, de 18 anos, foi o último jovem a cometer suicídio no
Muitas unidades
só têm leitos
específicos
para tratar de
mulheres vítimas
da doença. Os
homens acabam
tendo como
destino alas
psiquiátricas
O outdoor proibido da Nolita
chocou os italianos. Mas
tema preocupa: segundo a
ABA, três milhões de pessoas
sofrem de anorexia na bota
Gemelli, jogando-se do terceiro
andar do prédio onde estava internado por mais de uma semana. O rapaz estava doente havia
um ano e meio, com menos de
40 quilos.
Francesco, de 17, foi diagnosticado com anorexia há dois
anos. Sabia o que estava acontecendo com ele desde muito antes, mas se negava a procurar auxílio médico.
— Tínhamos certeza de que
sofria de anorexia, porque ele
quase não comia, vivia na academia fazendo exercícios e estava sempre preocupado com a
aparência física. Só conseguimos convencê-lo a buscar ajuda
quando já estava até com problemas cardíacos. — lembra a mãe
do garoto, que pediu para não
ser identificada.
Como distúrbios alimentares
costumam ser identificados como problemas típicos femininos,
muitos rapazes encontram dificuldade em formular e explicitar um pedido de ajuda. Eles não
buscam a cura por vergonha, associada à convicção e à herança
cultural de que têm uma doença
de mulher.
— A família também demora
a se dar conta de que tem um filho anoréxico. Eles se dão conta
que estão doentes, mas se negam
a receber tratamento. Quando ligam para pedir ajuda, sentem
vergonha e titubeiam — constata Giuseppina Poletti, da Associação de Voluntários para a Prevenção de Distúrbios Alimentares.
Quando os pais notam que os
filhos estão doentes, o melhor a
fazer, segundo os médicos, é evitar obrigá-los a comer. A comida
concentra justamente o território
de força da anorexia e entrar nesse debate tende a ser inútil. Melhor buscar ajuda em um centro
especializado, que poderá oferecer uma assistência médica completa. Em alguns casos, recomenda-se a hospitalização.
O tratamento envolve a necessidade de um trabalho de psicoterapia individual e o envolvimento de toda a família num
projeto de apoio.
Mal do século
Isabelle Caro, a jovem modelo francesa da fotografia da Nolita, disse
em entrevista à edição italiana da
revista Vanity Fair que decidiu fazer a campanha para que as pessoas soubessem o que é anorexia.
De acordo com ela, foram os
problemas familiares que a levaram a deixar de comer e a ficar
com 31 quilos.
— Me escondi durante muito
tempo. Agora quero me mostrar
Novembro 2007
/
sem medo, embora saiba que o
meu corpo causa repugnância —
afirma, e acrescenta: — Os sofrimentos físicos e psicológicos que
enfrentei só podem ser de ajuda
a quem também caiu na armadilha da qual ainda estou tentando sair.
Em meio à polêmica em torno
da campanha publicitária, proibida na França e na Itália, Fabiola Clercq se posiciona de modo
claro: para ela, a eficácia da peça
publicitária contra a anorexia é
zero. E pelo contrário:
— Uma pessoa doente, que
já tem uma imagem corpórea distorcida, vê a fotografia como alguma coisa que deve ser imitada
— acredita.
A modelo da Nolita se tornou
uma espécie de ídolo para muitas garotas anoréxicas. As pessoas comuns, no entanto, tendem a
virar o rosto.
— Não querem olhar uma
imagem que não traz qualquer
esperança. Isso ofende aos que
sofrem e às suas famílias — conclui Fabiola, ela própria sobrevivente desse mal dos tempos.
ComunitàItaliana
45
O poder das cascas
C
Fotos: Grupo Keystone
ientistas dos Estados Unidos alimentaram ratos de laboratório com uma dieta
rica em colesterol e depois acrescentaram
na alimentação dos animais substâncias retiradas da casca de tangerinas e laranjas.
Eles descobriram que as substâncias, conhecidas como flavonas, diminuíram significativamente o nível do colesterol LDL (Lipoproteína de Baixa Intensidade), o chamado
“colesterol ruim”, no sangue dos animais. O
estudo foi publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry.
TV engorda e
aumenta a pressão
Pele de pêssego
Q
V
er televisão demais não apenas engorda como também pode aumentar a pressão sangüínea das crianças. É
o que indica estudo realizado pela Universidade da Califórnia, publicado pelo
American Journal of Preventive Medicine. As crianças obesas que passam até
quatro horas ou mais diante da tela da
TV têm 3,3 vezes mais chances de desenvolver hipertensão, em comparação
com aquelas que ficam no máximo duas
horas. Portanto, nada de televisão em
excesso para os bambini.
Maconha contra
a depressão
P
rojeto desenvolvido por pesquisadores das universidades italianas de Parma, Urbino e da Universidade da Califórnia
permitiu a descoberta de uma molécula que
poderá ser a base de uma nova categoria
de medicamentos capazes de curar a dor, a
ânsia e a depressão. O produto contribuiria para manter em níveis elevados um neurotransmissor denominado “andandamide”,
quimicamente similar a um ingrediente ativo da maconha. O medicamento, que já foi
patenteado, foi batizado de URB 597. Devido aos elevados custos para conduzir os
estudos pré-clínicos e clínicos em nível acadêmico, os pesquisadores cederam os direitos a uma empresa farmacêutica, que pretende iniciar os testes no próximo ano.
46
ComunitàItaliana
/
Fertilidade
N
em sempre vale a pena se abster de
sexo durante dois ou três dias para
aumentar a fertilidade. Pesquisa realizada
pela Universidade de Sydney indica que
esta regra não é válida para todos. Em
uma conferência da American Society for
Reproductive Medicine, em Washington,
os pesquisadores australianos explicaram
que, pelo contrário, ter relações sexuais
diariamente melhora a fertilidade de homens com esperma danificado. Cerca de
42 homens se submeteram ao estudo.
Eles foram solicitados a ter uma ejaculação diária durante sete dias. A análise
do esperma mostrou que os danos ao DNA
dos espermatozóides haviam se reduzido
nas amostras do último dia da experiência, em comparação com as do primeiro
dia, em que o esperma havia sido “expulso” depois de três dias de abstinência.
Suco para emagrecer
A
proveite a chegada do calor, quando
se tem mais vontade de beber do que
comer, para emagrecer. A maçã e a cenoura
ajudam na digestão. A beterraba auxilia na
circulação do sangue e as algas contribuem
para inibir a fome, estimulando a saciedade.
Então faça assim: centrifugue uma beterraba, meia maçã e quatro cenouras. Depois
bata tudo no liquidificador junto com as
algas secas. Enfeite o copo com um
pedaço de maçã e experimente.
A dica é da Associação Brasileira de Nutrologia.
Novembro 2007
uer deixar a pele do seu rosto sedosa e suavemente perfumada? Você tem duas opções: comprar cosméticos
prontos ou fazer sua própria máscara à
base de frutas. Se você escolheu a segunda opção, aqui vai uma receita para um
tratamento natural com pêssego, recomendado para peles cansadas e que perderam o viço. Retire somente a polpa de
dois pêssegos maduros e amasse-os com
uma colher de sopa de farinha de trigo.
Espalhe o creme no rosto e deixe agir por
15 minutos. Lave com água morna.
Boa notícia!
O
Laboratório Farmacêutico do Estado de
Pernambuco (Lafepe) disponibilizará até
o final do mês o único medicamento para tratar a doença de Chagas. Cerca de 200 mil unidades de benzonidazol serão enviadas para o
Ministério da Saúde. Tratam-se das primeiras unidades do remédio fabricadas no Brasil.
Além de suprir o mercado nacional, o Lafepe será o único produtor mundial, exportando
para diversos países. O tratamento disponível
até então era produzido pela farmacêutica Roche, na Suíça, a qual transferiu a licença da
tecnologia de produção do medicamento, em
uma doação estimada em US$ 1 milhão. A doença de Chagas mata mais de seis mil pessoas
por ano, só no Brasil. Recentemente, diversos
novos casos foram noticiados no país por conta de uma contaminação derivada de açaí.
La plastica
sostenibile
sta arrivando
Il governo italiano ha deciso di investire in progetto per
promuovere passi in avanti del riciclaggio di materiale in Brasile
L
e più avanzate tecnologie e
pratiche per il riciclaggio di
plastica potranno, in breve, essere in uso in Brasile.
Grazie ad uno speciale impegno
del governo italiano, il Progetto
Italo-Brasiliano per il Riciclaggio della Plastica è stato lanciato nell’ultima edizione della
Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial (Fimai) – la più
importante del settore – avutasi
a San Paolo alla fine di ottobre.
Durante l’evento, sono state presentate, da imprese e istituzioni
italiane, anche nuove alternative
per la promozione della sostenibilità nell’industria brasiliana,
affinché questa possa adeguarsi agli standard internazionali di
preservazione ambientale.
Il Projeto Ítalo-Brasileiro de
Reciclagem de Plástico è risultato
da una partnership tra il Ministero italiano dell’Ambiente e della
Tutela del Territorio e del Mare
Aline Buaes
e l’ Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE). L’idea è di
proporre azioni in collaborazione con il Brasile per il recupero
e riciclaggio di materiali plastici
post consumo.
Uno dei primi accordi siglati grazie a questa partnership
coinvolge il comune di San Paolo, che definirà una regione della città che servirà da laboratorio per l’impiantazione di questo
progetto pilota ambientale.
Il gestore di programmi del
Ministero dell’Ambiente italiano
in Brasile, Diego Tomassini, spiega la funzione dell’organo italiano, che ha già sollecitato appoggio finanziario:
— Cercheremo di capire la
composizione dei rifiuti in uno
specifico luogo, il che costituirà
il primo studio da essere adottato a San Paolo. Il progetto vuole, grazie all’interscambio di tecnologie, aumentare la cultura del
riciclaggio della plastica in Brasile senza però imporre nessun
Fotos: Divulgação Fimai
aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSal
Giovanni Sacchi, direttore
generale dell’ICE Brasile
tipo di sistema, ma presentando
nuove possibilità al sistema già
in funzione nel paese.
Una di queste possibilità, secondo Tomassini, si riferisce alla
disseminazione in Brasile di uno
dei principi del modello italiano:
chi inquina deve pagare per l’inquinamento. In Italia, così come
in tutta l’Unione Europea (UE),
chi produce prodotti inquinanti
paga tasse che servono a finanziare il processo di riciclaggio.
— Queste tasse si riflettono
anche nel prezzo finale del pro-
Novembro 2007
/
meio ambiente
dotto, ma garantiscono la certezza del riciclaggio — difende
Tomassini, che inoltre afferma:
— Questa è l’unica maniera di far
diventare sostenibile il processo
di riciclaggio.
L’ingegnere chimico Gianmarco Cortivo, consulente tecnico dell’Associazione Nazionale
Costruttori di Macchine e Stampi per Materie Plastiche e Gomma (Assocomaplast) è venuto in
Brasile come invitato del governo italiano per presentare ai produttori brasiliani il modello italiano di riciclaggio. E ha ribadito
il discorso di Tomassini:
— Se riciclare non diventa
obbligatorio, non recicla nessuno.
Cortivo ha spiegato che da
circa dieci anni la UE ha definito le regole che obbligano il
riciclaggio di plastica in tutti i
paesi del blocco, incluso il riutilizzo del prodotto dopo il riciclaggio, e che attualmente il sistema funziona in modo molto
soddisfacente, con i paesi europei che riciclano perfino più plastica di quanto non sia richiesto
dalla legge.
Lo specialista crede anche
che il Brasile potrebbe avanzare in questo settore con la stessa
rapidità dei paesi europei.
— Il Brasile ha la stessa
mentalità dei paesi latini, come la Spagna e l’Italia, bisogna
soltanto preparare la legge che
obblighi ad iniziare questo processo, visto che la volontà e l’interesse già ci sono — valuta.
Cortivo spiega, tuttavia, che
l’industria brasiliana ha bisogno
di riadattare alla realtà locale questo sistema, che funziona
molto bene in Italia e in Europa
in generale. Studi di mercato definiranno le capacità di riciclaggio con il valore acquisito dalle
tasse. Ma il principale punto, secondo Cortivo, è la legge.
— Senza la legge, nessuno
farà niente, bisogna pressionare
il governo per preparare la legge
— ha difeso.
Per la legge europea, devono pagare tasse di riciclaggio
i produttori di polimeri, quelli
di involucri di plastica, chi usa
questi involucri (come i produttori di succhi o creme) e anche
gli importatori di questi prodotti
che, alla fine, ripassano, indirettamente, queste tasse anche ai
consumatori.
ComunitàItaliana
47
tecnologia
O mercado de mobile marketing evolui de forma acelerada na Europa, onde somente neste ano
movimentou 37 milhões de euros. Empresas italianas estão atentas, no entanto, para o potencial
desta ferramenta de propaganda no Brasil, onde apenas engatinha o novo negócio
V
ocê está preso num engarrafamento e, de repente, lembra de ter deixado o seu celular em
cima do sofá de casa. Pronto. É
o início de um desespero que há
menos de 10 anos seria inimaginável. Se a internet é um dos
avanços tecnológicos que determinaram a face da atualidade,
o celular não fica atrás como o
inventor de novos paradigmas a
partir do final do século 20. Um
novo estilo de vida surge com a
vinculação desses dois adventos
quando as pessoas permanecem
24 horas conectadas ao celular,
até mesmo enquanto dormem. O
aparelho, muitas vezes, se encontra ligado embaixo do travesseiro.
Hoje, é possível consultar
contas bancárias, receber notícias e, principalmente, pro-
48
Nayra Garofle
pagandas pelo celular. O aparelho se tornou um canal de
interação com o público definido como mobile marketing, mercado que avança com celeridade
no Brasil e que tem na Itália as
maiores empresas especializadas
no assunto.
O especialista em projetos
de marketing Gil Giardelli se dedica há oito anos a ministrar
palestras cujos temas envolvem
o relacionamento digital. Segundo ele, as agências de publicidade brasileiras ainda não
sabem trabalhar com esse tipo
de marketing.
— O mobile marketing está engatinhando ainda no Brasil. As agências não sabem fa-
zer isso direito, elas têm muitas
dificuldades em criar ações e
não sabem monetizar (transformar em dinheiro) esses projetos
— diz Giardelli, explicando que
mobile marketing é a propaganda pelo celular.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) criou regulamentações que proíbem o
envio de propagandas pelo celular sem a autorização do cliente. Caso contrário, as empresas
podem ser multadas. Porém, de
acordo com as informações disponíveis no site da Anatel, estas
regulamentações só entrarão em
vigor a partir de janeiro.
— As empresas não enviam
as mensagens contrariando essas
regulamentações. Elas enviam
por desconhecimento da ferramenta mesmo. A gente acredita que o mobile marketing só vai
dar certo no Brasil se ele for reativo. Ou seja, você faz o cliente entrar no site e pedir para
receber a propaganda. Porque
se virar propaganda por virar,
você imagina receber não sei
quantas mensagens por dia
de todas as empresas que
há no Brasil. Foi isso o que
aconteceu na Europa —
explica Giardelli.
Hoje, não é preciso folhear as páginas de uma revista para se ter
acesso às publicidades. Basta apenas ter
um celular para que um mundo
de informações chegue até você.
São vídeos, mensagens e sons.
— São os anunciantes e não
as agências que avançam na
tecnologia. Antes eram as agências que incitavam os clientes,
atualmente, os clientes incitam
as agências. Essas atitudes viraram o mundo da publicidade
de cabeça para baixo — conta
Giardelli.
A Itália é um dos países que
atuam diretamente no mercado
com o mobile marketing. Tanto
que duas das maiores empresas
mundiais no desenvolvimento de
conteúdo para celular são italianas e estão no Brasil: a Buongiorno e a Dada. Esta última chegou recentemente.
— Na Itália, a Dada já atua
há dois anos e somos os exclusivos em três operadas para mobile marketing. Oferecemos toda
a infra-estrutura para Vodafone,
H3H e Wind. Fazemos portais de
wap, campanhas de SMS, MMS,
VMS, Bluetooth e outras — diz
Fabiana Sabatini, formada em
Comunicação em Business e que
trabalha na empresa desde que
ela chegou ao Brasil, há quase
dois meses.
Sabatini procura enfatizar
que na Itália, a empresa costuma
trabalhar com os opt in das operadoras. Ou seja, só enviam qualquer tipo de propaganda com a
permissão dos usuários.
— Alimentamos esta base
dando alguns benefícios como,
por exemplo, o envio de notícias
diárias de graça de acordo com
o perfil de cada usuário. É uma
“O mercado
de mobile
marketing, na
Itália, só neste
ano movimentou
37 milhões
de euros”
Fabiana Sabatini – Dada
Não é difícil constatar a forte presença do celular em nossas
vidas. Em artigo escrito por Gil
Giardelli no qual ele questiona
“Você está preparado para o marketing móvel?”, o jovem diz que
Fotos: Grupo Keystone
Marketing
de bolso
maneira que encontramos de beneficiar o usuário já que ele nos
permite enviar propaganda para
seu celular — esclarece.
Segundo Fabiana, o mercado
de mobile marketing no Brasil está apenas começando e ainda vai
dar muito o que falar.
— Aqui ainda é apenas
uma mídia complementar
às mídias convencionais.
O mercado de mobile marketing, na Itália, só este
ano movimentou 37 milhões de euros — conta.
O economista e cientista político Terence Reis,
que trabalha com tecnologia para celular desde 2004 e
com meio digital desde 1999,
também acredita que o mercado
de mobile marketing no Brasil esteja crescendo.
— Aqui é um mercado em
fase de validação, conceitualmente as marcas e agências
identificam que é positivo, têm
buscado desenvolver ações, mas
ainda não têm presença certa
nos planos de mídia e o ticket
médio de campanhas é limitado. O que não impede que façamos muita coisa. Neste ano,
temos feito pelo menos quatro
ações todo mês — afirma Terence, que trabalha na Tellvox, rede de distribuição de conteúdo
mobile no Brasil.
O economista diz que a Itália
está dois anos adiante, assim como a Europa.
— O que precisa acontecer
aqui é a melhoria da base tecnológica de celulares. Além de
melhoria de rede, aumento dos
serviços e conteúdo à disposição do usuário, aprendizagem
de uso por parte dos consumidores e renovação do modelo de
negócios pelas operadoras —
lista Terence.
a “utopia de se manter conectado 24 horas atingiu um patamar
raras vezes alcançado. O marketing não precisa mais se contentar com territórios pré-determinados como a televisão, o rádio
ou a revista para abastecer a sociedade de consumo”.
— O mobile marketing é a
maneira mais fácil e prática de
avisar alguém sobre qualquer
coisa, utilizando apenas uma
frase “Coma no Tio Joe” ou utilizando um vídeo digital. Não
tem que olhar nenhum papel,
não tem que ligar o computador, não tem que folhear uma
revista. Temos só que olhar na
tela do celular para ser avisado.
Em menos de um minuto conversamos com o Brasil inteiro
— diz Giardelli.
Com o celular na mão...
Não é difícil perceber a importância desse aparelho de diversos tamanhos, que além de ser
telefone, pode ser rádio, câmera digital e até utilizado para
consultar e-mails. Com o celular na mão, as pessoas deixam
de ser cada vez menos platéia
para se tornarem cada vez mais
repórteres.
— A maioria dos jornais internacionais criou áreas especiais para receber mensagens de
textos, vídeos e fotos de notícias via celular. É a platéia tomando o palco. É o cidadão comum se tornando um crítico,
um articulista 24 horas — relata Giardelli.
Isso é fato. Basta acessar
os principais sites de notícias e lá está um vídeo amador com as imagens capturadas de um acidente, de
um flagrante. Giardelli acredita que o celular já supera
em importância e escala o
fenômeno da internet.
— É o produto mais importante no século 21. Até
o fim da década, metade
dos habitantes do planeta terá uma maquininha na palma de sua
mão — afirma Giardelli, sem negar que
toda inovação tem
lá o seu lado negativo: — O celular é
o ícone da sociedade imediatista e da
cultura consumista,
produzindo excesso de informações
e de serviços. Se
utilizado sem critérios de privacidade, operado por
spammers (produtores de mensagens eletrônicas
não-solicitadas
e enviadas em
massa), tornará
nossa vida infernal — acredita.
Novembro 2007
/
ComunitàItaliana
49
italian style
A
51 anni, il regista cinematografico Paulo Morelli
spiega come è finito nel
mondo del cinema, mentre ancora faceva la facoltà di
Architettura. Parla dell’esperienza di dirigere “Cidade dos Homens – O Filme” e, è chiaro, del
suo coinvolgimento ancestrale
con il paese de “La dolce vita”.
L’intervista per telefono, dovuto al poco tempo a disposizione, con Paulo Morelli è diventata
una chiacchierata sul suo percorso nel mondo del cinema.
— Non sapevo con certezza
cosa fare e pensavo che il cinema
fosse un sogno utopistico. Facevo esperienze, scherzavo usando la fiction “Mia moglie è una
strega”, erano film molto infantili con amici, cugini — racconta
Morelli, che ha fatto Architettura
presso l’Universidade de São Paulo (USP).
Morelli racconta che, con gli
amici della facoltà, mise su la
produzione di video Olhar Eletrônico.
— Abbiamo cominciato a produrre dei video per festival. Mescolanza di hobby e invenzione
di professione. Abbiamo cominciato a scoprire cose e cominciammo ad offrire servizi. Questo
periodo è stato essenziale per la
mia carriera. Non era soltanto un
lavoro commerciale da fare, ma
anche un lavoro di cultura, di
produzione culturale, di indagine, di pensiero.
Negli anni ’80, secondo il cineasta, mentre la Olhar Eletrônico produceva servizi settimanali
per la TV Gazeta di San Paolo, i
giovani produttori hanno cominciato a fare pubblicità per avvicinarsi al cinema.
Quantos
graus?
Deixe sua mesa do
escritório ainda
mais moderna com
este globo que é um
indicador de como está
o tempo. Sabe como?
Em design clássico,
com instrumentos em
verdadeiros metais,
este aparelho indica
com precisão a variação
da temperatura e
da umidade do ar.
Fabricação alemã de
uma máquina eficiente e
precisa 99,90 euros
Check Mate
Em tempos em que mobilidade é essencial, o
Check Mate é uma ótima opção para presentear
neste Natal. O primeiro pocket pc 100%
brasileiro reúne as ferramentas de notebook e
celular, tem total conectividade sem fio, permite
a sincronização de dados com o Outlook, agenda
e dados, uso do messenger, Skype e VoIp. Mas,
como a vida não é só trabalho, este aparelho
também possui mp3, câmera fotográfica de 2
megapixel e ainda grava vídeos. O Check Mate
está à venda nas lojas da Fnac e nos sites
Americanas.com e Submarino.com. R$ 1.999
Para os gulosos!
Quatro rolos antiaderentes
rodam lentamente permitindo
o cozimento uniforme das
salsichas enquanto o pão
se aquece nos dois suportes
verticais. Com esta máquina
fica mais rápido preparar um
verdadeiro hot dot à maneira
italiana. 59,90 euros
Sofisticação
Fotos: Vantoen PJR
Fotos: Divulgação
A Intel criou uma inigualável fusão do conceito inovador, tecnologia avançada e
design. O ASUS Lamborghini VX2 é a expressão extrema da ASUS com o espírito
Lamborghini que, somente com a aparência, transmite poder, velocidade, força e
beleza. Um notebook que possui tecnologia de topo, para os clientes mais exigentes
que buscam total sofisticação. A série Lamborghini tem processamento dual-core
do VX2, que permite processamento a nível de performance de desktop assim como
maior velocidade de processamento de vídeo/áudio de alta qualidade. Usufrua de
tudo isto com mobilidade e maior produtividade com um produto de formato menor
e maior duração da bateria. Disponível nas cores amarelo ou preto. 2791 euros
Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro.
50
ComunitàItaliana
/
Novembro 2007
Sguardo
ossigenato
sul reale
Pronipote di italiani di Sondrio, vicino a Milano,
Paulo Morelli non parla la lingua, non segue le
tradizioni dei bisnonni, ma riconosce una forte
influenza della cultura nella sua vita
Nayra Garofle
— Io facevo, insieme a Renato Barbieri, ‘per la strada’, come
chiamavamo le interviste con il
popolo su temi metafisici, filosofici ed emozionali. La nostra produzione è durata dieci anni. Subito dopo è nata la 02 — ricorda.
Sul mercato dal 1991, la 02
Filmes è stata creata da Morelli, Andrea Barata Ribeiro e Fernando Meirelles, suo socio anche
nella Olhar Eletrônico. L’impresa
ha già prodotto otto lunghi, tra
cui “Cidade de Deus” e “Cidade
dos Homens – O filme”, che Morelli ha diretto e grazie al quale
ancora coglie i frutti di un successo iniziato in TV.
— Abbiamo deciso di fare un
lungo proprio alla metà della fiction (“Cidade dos Homens” pas-
Morelli: “Cidade dos Homens è il
miglior lavoro che io abbia mai fatto”
sato alla Rede Globo). Invece,
nella fiction, abbiamo cominciato con temi che sarebbero continuati nel film. Il terzo anno,
Acerola (Douglas Silva) diventa
padre e Laranjinha (Darlan Cunha) comincia a cercare il padre
e questo è il tema del lungometraggio — spiega Morelli, dichiarandosi soddisfatto del risultato
del film: — Penso sia il miglior lavoro che abbia fatto
in tutta la mia vita.
Ma, e l’influenza italiana nella sua vita? No,
non è solo nel cognome.
Morelli adora l’Italia, c’è
già andato diverse volte.
— Ho preso il passaporto per facilitarmi il lavoro nel mercato europeo, e
due anni fa io, mia moglie e
i nostri due figli abbiamo fatto in macchina il percorso Mi-
Novembro 2007
/
cultura
lano-Firenze. Dopo siamo andati
a Roma.
Ma Morelli dice che, sì, il
cinema italiano ha fatto la sua
parte per la sua ammirazione del
grande schermo.
— Ha a che vedere con il cinema italiano degli anni ’70, con
Fellini, Bertolucci, Antonioni,
Ettore Scola, Monicelli, Pasolini.
Questi registi sono stati i fondatori dei miei gusti cinematografici. Mi ricordo di essere andato al
cinema più volte per vedere film
italiani piuttosto che americani.
Di fronte alla concorrenza
internazionale, oggigiorno il regista crede alla tendenza di aumento del pubblico di cinema
brasiliano.
— Penso sia molto positivo
andare al cinema e vedere persone che parlano la tua lingua senza doppiaggio. Credo che legge
dell’audiovisuale sia stata determinante per la nascita di questa
nuova cinematografia, dalla ripresa degli anni ’90 ad oggi. È una
legge fondamentale per l’esistenza del cinema brasiliano, molto
salutare per la nostra cultura, una
grande iniziativa del governo. Credo che tante imprese dovrebbero
investire e capire che questo è importante. Le imprese italiane che
sono qui dovrebbero incentivare il
cinema di dove si sono installate.
Poco importa per Morelli se
“Cidade dos Homens” riceverà
premi.
— Credo che il lungo vincerà
premi, ma faccio film pensando
alla storia che sto raccontando,
alla sua importanza, a ciò che c’è
dietro a quel contenuto, è questo
ciò che mi guida. Non faccio film
pensando ai premi — chiarisce.
Il regista ha un’opinione ben
chiara sui prezzi dei biglietti, oggi di perfino 18 reali:
— Credo sia caro, sì, ma è
perché ci sono molti sconti. C’è
molta gente che entra con il tesserino da studente falsificato,
qualsiasi corso di qualsiasi cosa
fatto in internet dà diritto allo sconto del 50%. Il proprietario del cinema deve aumentare i
prezzi, sennò va al fallimento.
La chiacchierata finisce con
la classica domanda sui progetti futuri:
— Sto scrivendo delle sceneggiature, ma ancora non ho
deciso quale sarà il mio prossimo
film. Per ora, mi sto godendo la
prima di questo.
ComunitàItaliana
51
cinema
moda
turismo
Nos bastidores
da alta moda
Brasileira quebra monopólio de americanas e européias e brilha
como maquiadora na última Semana da Moda de Milão
T
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
op models não foram as
únicas brasileiras a arrasar
nas passarelas na última
Semana da Moda de Milão.
A paulista Vanessa Rozan não saiu
dos bastidores, mas brilhou no desempenho da arte de deixar lindas
modelos ainda mais deslumbrantes. A maquiadora quebrou um tabu, em um reino historicamente
dominado por inglesas, americanas, italianas e francesas.
O convite para o trabalho
partiu da multinacional canadense Mac, de cosméticos.
— Foi o máximo. Bacana ter
podido constatar que a semana
da moda de São Paulo e a de Milão têm muitas semelhanças, na
organização dos bastidores, na
agenda, nos compromissos com
os horários, na responsabilidade
com as modelos, nas roupas —
revela.
Para a maquiadora, o Fashion
Week de São Paulo não deve nada
ao evento milanês:
52
— Muitas modelos me disseram
que sentem saudades de São Paulo.
Rola um calor a mais, não é?
Ao desembarcar na Itália, por
pouco não pagou por excesso de
peso na bagagem com 23 quilos
de produtos de beleza: lápis, delineador, blush, cílios postiços,
sombras, pincéis, loção corporal,
corretivo para retoques finais, batom, brilho, bases, diferentes cores para os diferentes tons de pele.
Tudo para poder atender à demanda específica de cada estilista.
Os testes são feitos uma semana antes. O maquiador-chefe
e o estilista definem o visual do
desfile. O primeiro se encarrega
de pegar uma das modelos para
demonstração à equipe. E dá as
suas dicas.
— Não foi um trabalho fácil
— admite a brasileira, que tinha
em média 45 minutos para maquiar três modelos por desfile.
O estresse natural do ambiente, Vanessa levou com humor:
ComunitàItaliana
/
— A vantagem de estar aqui
e de ouvir o italiano falando alto
é que nunca sabemos se ele está
bravo ou não — brinca.
A linguagem dos bastidores é
o inglês. E era nesse idioma que
ela conversava com as modelos.
— Notei que aqui há top models em número muito maior do
que em São Paulo, quero dizer, os
estilistas têm mais opções e não
Novembro 2007
Vanessa Rozan: jeitinho em Milão
existe muito aquela correria de
modelos que pulam de um desfile
para outro — observa.
Mesmo assim, no ritmo frenético, a maquiadora virou massagista facial e quase psicóloga.
— Muitas meninas ficaram
até tarde provando roupas, ensaiando, cansadas, corridas, suadas. Então nada melhor do que
retirar a maquiagem que havia,
fazer massagem com hidratante,
ouvir suas histórias. Daí relaxam
e tudo corre bem — revela.
A grande orientação: deixar
as modelos com aparência natural, fresca, jovem, feliz, com maquiagem leve, difusa, para deixar
as roupas em evidência.
— Porém, alguns estilistas
querem que a mulher passe uma
mensagem específica e temos
que ter uma maquiagem que diga
mais, que apareça mais, como se
fosse parte da roupa mesmo.
Antes dos desfiles, o dever de
casa inclui o contato com produtos de beleza que só irão chegar
ao mercado seis meses depois. As
passarelas servem de teste final
para novas maquiagens, embora
Vanessa não abra mão de seu kit
básico, a tal mala com 23 quilos
de tubinhos, potinhos etc.
— É bacana poder dar a nossa opinião, explicar os efeitos como arte e propor alterações — diz
Vanessa, que, antes de fazer curso de cabelos e de maquiagem no
Senac, trabalhou numa agência de
publicidade, mas viu que não seria feliz ali.
Quando a Mac entrou em São
Paulo, ela conta que foi comprar
alguns produtos com o professor
Beto Franca, para quem já trabalhava como assistente e acabou
tornando-se sênior artist, profissional que viaja pelo mundo.
A maquiadora, que sonha
ainda trabalhar com cinema, vibra quando tudo dá certo.
— Sei que uma maquiagem
ficou boa quando apresento o
modelo ao maquiador-chefe e ele
me diz “It is perfect” — conta
ela, sobre o desafio de eliminar
marquinhas mínimas.
Vanessa conta que ficou impressionada com Milão.
— As mulheres andam muito
bem maquiadas, seguindo a tendência de carregar nos olhos e ser
quase neutra na boca ou vice-eversa — ensina Vanessa, para
quem a cidade não precisa de um
corretivo básico.
Absurdamente bela
Erguida à beira de um precipício, em um grande bloco de rocha vulcânica a 300 metros
de altitude, Pitigliano reúne múltiplos atrativos: à beleza da paisagem, somam-se o legado
histórico e religioso de milênios, além da cultura e da gastronomia ímpares
L
ocalizada ao sul de Florença
e ao norte de Roma, no limite meridional da Toscana,
a cidadezinha de Pitigliano
é um lugar apaixonante. Antes
mesmo de chegar, já da estrada, a vista do vilarejo construído
a 300 metros acima do nível do
mar é absurdamente bela.
Um lugar único no seu gênero, especialmente pela particularidade de ter sido criado inteiramente de um grande bloco de
tufo – variedade de rocha constituída de material vulcânico –, ao
lado de um precipício.
Pitigliano se tornou conhecida também como a Pequena Jerusalém – por seu caráter medieval
que recorda a capital de Israel e
por ter sido lugar de refúgio para
os israelenses e exemplo de convivência entre judeus e cristãos.
A cidade prima ainda por sua beleza arquitetônica e importância
histórica, que lhe rendem hoje
a fama de ser um dos principais
destinos turísticos da Maremma.
A origem se perde nos primórdios da civilização itálica, com
achados arquitetônicos do final do
período neolítico, da idade etrusca
e da romana, e de tempos nem tão
remotos assim, em que as terras
eram domínios das famílias medievais Aldobrandeschi e Orsini.
Herança da origem etrusca
são as inúmeras necrópoles. Algumas de grande importância e
também as mais visitadas, como
a de Poggio Buco Le Sparne e a
de Gradone.
A cidade que pode ser toda
desbravada a pé é bastante conhe-
Valquíria Rey
Correspondente • Roma
cida por seus ricos monumentos.
Entre estes, o imponente Duomo,
construído no século XIV e dedicado aos santos Pedro e Paulo, a
Igreja de Santa Maria, o Santuário della Madonna delle Grazie, o
Aqueduto, o Oratório Rupestre, o
Palácio e a Fortaleza Orsini.
Vale a pena descobrir também as tradições e os costumes
de Pitigliano, visitando o Museu
da Civilização Giubbonaia, o Museu do Palácio Orsini, o Museu
Cívico e Arqueológico e o Museu A Cidade dos Vivos, A Cidade
dos Mortos, dedicado à história
etrusca no território.
No Ghetto, com suas ruas pequenas e estreitas, a sinagoga
construída em 1598 representa um
dos legados judaicos na cidade.
Não é permitido sair do vilarejo, destacado como um dos
centros artísticos mais belos da
Itália, sem provar os vinhos Bianco di Pitigliano e o Rosso Sovana.
Também se faz obrigatório experimentar os doces típicos – Sfratti, feitos com mel e nozes no formato de pequenos bastões.
Terminado o passeio em Pitigliano, vale a pena conhecer
também as redondezas, cidadezinhas como Saturnia, Manciano
e Sovana. A primeira destas, por
exemplo, é o centro urbano mais
importante da área e suas termas
de águas sulfúricas a 37,5ºC, com
propriedades terapêuticas, eram
freqüentadas há milhares de anos
por etruscos e romanos, que as
definiam como milagrosas.
Situada no coração da Maremma, Saturnia atrai hoje pessoas
Vilarejo construído a 300 metros acima do nível do mar,
Pitigliano ficou conhecida como “Pequena Jerusalém”
de todas as partes do mundo,
confiantes dos efeitos benéficos
das suas águas para a pele, músculos e aparelho respiratório.
Para aqueles que querem
aproveitar as propriedades da
água termal sem pagar, a 500
metros dali há cascatas de livre
acesso a qualquer hora do dia,
chamadas pela população local
de Il Gorello.
Muito agradável também é
fazer um lanche em um dos bares ao redor da Praça Vittorio Veneto ou jantar em elegantes restaurantes que oferecem todos os
pratos típicos da Maremma.
Considerada a mais graciosa
das cidadezinhas da Maremma,
Sovana preserva intactas habitações medievais, a bela Catedral
dos Santos Pedro e Paulo, a Piazza del Pretorio, o Palácio Bourbon do Monte e a Igreja de Santa
Maria Maior. Sovana é também a
cidade do papa Gregório VII, um
dos pontífices fundamentais na
história italiana medieval.
Novembro 2007
/
Com vista panorâmica lindíssima, o vilarejo conta com bons restaurantes e muitas lojinhas com
produtos artesanais. Ao redor, numerosas necrópoles etruscas.
Em cima de uma colina e circundado por uma muralha está
Manciano, apelidado de o espião
da Maremma. Com vista privilegiada, do alto, é possível admirar dali
uma das paisagens mais sugestivas
da região, da costa de Grosseto até
o Argentário. O mirante oferece visão nítida e perfeita da Ilha de Giglio, com suas águas cristalinas,
da lagoa de Orbetello, da Amiata
e das montanhas que a circundam,
até o Lago de Bolsena.
E, para encerrar o circuito, a
pequena Sorano é um bom passeio de três horas de caminhada, onde as grandes atrações são
o Masso Leopoldino, a Fortaleza
Orsini e a área arqueológica de
Vitozza.
ComunitàItaliana
53
Milão
il lettore racconta
“Os Santoro sã
o exemplo e
mblemático
italiana. S
da tenacida
alvatore, po
de
r exemplo,
solidão e a
teve de ven
cer a
saudade da
mulher e d
o
s filhos –
por seis an
a família
os partida
pelo Atlân
ti
co –, apren
nova língua
der uma
e trab
Guilherme Aquino
Jóia da cultura
milanesa
O
ssoal
Arquivo pe
Teatro Filodrammatici existe à sombra
do Teatro La Scala, mas tem luz própria.
Inaugurado em 1800 como Teatro Patriottico, o espaço foi parcialmente destruído pelo
bombardeio de 1943, quando já era utilizado também como cinema. Reforma em 1970
deixou-o novo em folha, a fachada em estilo
liberty, com galhos, flores e folhas em ferro
batido. Essa jóia arquitetônica da cidade abre
as suas portas para eventos de altíssimo nivel que podem ser admirados por não mais
do que 200 espectadores. Em outubro, por
exemplo, esteve em cartaz o musical de Lev
Tolstoj Sonata a Kreutzer. Mais informações:
www.tieffeteatro.it.
Fotos: Guilherme Aquino
Depoimento à r
epór
Nayra Garofle ter
Refúgios urbanos
O
s pátios internos dos prédios
milaneses representam a memória urbana de uma época e são
marca registrada da cidade. Muitos resistiram às bombas da Segunda Guerra Mundial e foram preservados ou incorporados nas plantas dos novos edifícios. Para
encontrá-los, basta caminhar sem pressa
pelas ruas, principalmente as do centro,
e prestar atenção às entradas dos palá-
Expo 2015
M
ilão se prepara para ser a sede da
Expo 2015. O comitê dos organizadores passou a cidade e o projeto a
limpo. Durante os quatro dias de visita, as ruas e as praças da cidade nunca
estiveram tão limpas e decoradas com
bandeirinhas. Tanto esforço compensou:
As responsáveis pela elaboração do relatório foram embora com as melhores
impressões possíveis. O resultado final
vai ser anunciado depois de uma votação secreta dos 112 países membros do
Bureau International des Expositions. A
prefeita de Milão Letizia Moratti acha
que convenceu o time comandado por
Vicente Loscertales. Milão disputa com
a cidade de Smirne, na Turquia que será
avaliada ao longo do mês de novembro.
Para defender o projeto italiano, pela
primeira vez a direita e a esquerda se
uniram. Mais informações no site www.
milanoexpo-2015.com
54
ComunitàItaliana
Galeria de anônimos
O
centro de Milão se transformou numa
galeria de fotógrafos amadores com
pinta de profissionais. A revista National
Geographic montou exposição com fotografias enviadas por seus leitores italianos. Estas foram divididas em grupos sob os temas
mundo animal, ser humano, reportagem e
paisagem. São instantâneos capturados por
lentes de turistas ou de moradores da cidade com um olhar incomum, retratos da vida
ao redor do mundo, imagens que possuem
como fio condutor a beleza da expressão,
a sensibilidade da composição. A mostra,
com 32 fotos, segue itinerante pelas galerias e ruas do centro.
/
alhar muito
duro para c
patrimônio
onstruir um
de valor in
calculável.
Mais do que pela
prosperidad
e nos negóc
ios, ele se
tornou moti
admiração
para a famíl
vo de
ia, especialm
ente para s
Michelle, que n
eu filho
os relata n
esta edição
, sem disfarçar
orgulho, a
o
bela histór
ia de seu pa
i!
Novembro 2007
cios. E possuem diferentes estilos. Podem ter os portões de ferro em arte liberty ou em colunas de pedra de granito. Em
quase todos, existem magnólias, árvores
de belas flores. Em muitos, a decoração
inclui ainda estátuas e bustos de deuses
da mitologia grega. Além do pátio interno, com jardim exclusivo, a vista para o
céu é luxo que nem todos podem usufruir
em Milão.
A irreverente geração 68
O
Palazzo Reale, ao lado do Duomo, atrai todos os dias centenas de visitantes para os
quais o mais difícil se torna escolher um programa. Uma opção e tanto é entrar no velho prédio
que agora abre as suas portas para homenagear
a arte italiana das últimas quatro décadas. Mais
de cem obras revelam a história pictórica de um
período artístico muito rico. O curador, o secretário de Cultura de Milão, Vittorio Sgarbi, conseguiu reunir quadros, cedidos por museus ou por
colecionadores de todo o mundo, de expoentes
de uma geração que pintou o sete a partir do
mítico 1968: Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli
e Renato Guttuso. Mais informações: www.omun.
milano.it/palazzoreale/.
A
história de minha família
não é muito diferente das
demais, de famílias italianas que deixaram suas vidas
no outro continente e vieram para
o Brasil em busca de um futuro melhor. No século passado, dezenas de
italianos desembarcaram nos portos
brasileiros com a esperança guardada nas malas e muita força de
vontade para desempenhar trabalhos árduos. Foi o que aconteceu com
o meu pai, Salvatore Santoro. Meus
avós paternos queriam que meu pai
se tornasse advogado. Nascido em
1925 e oriundo de Paola, assim como
eu e meu irmão Francesco, papai se
casou com a minha mãe ainda na
Itália, antes de vir para o Brasil. Em 1949, papai nos deixou para
preparar nossa vinda para cá.
Ao chegar aqui, o grande senhor Santoro não estava desamparado. Dois de seus nove irmãos já
viviam no Brasil. Um trabalhava no
Jornal da Marinha, no Rio de
Janeiro, e o outro como engenheiro, em São Paulo. Sem nenhum entusiasmo de deixar a pequena Itália, papai chegou a perder o visto
consular por duas vezes antes de
decidir, de vez, que viria para cá.
Foi o meu avô quem o i“ ntimou” a providenciar a sua vinda, comprando
uma passagem de um primo e esta
era só de volta para o Brasil, não
tendo como retornar à Itália.
Papai chegou no navio Giulio César e foi recebido pelo tio Domenico, no Rio de Janeiro. Sem saber
falar uma só palavra em português,
ele teve de aprender rápido, pois
começou a trabalhar logo. Apesar de
ter meu tio como companhia, papai
se sentia muito sozinho. Foi para São
Paulo visitar outros parentes e adorou
a cidade. Logo depois, foi morar na
cidade fluminense Volta Redonda,
onde residia uma tia materna.
Por volta de 1951, meu tio Domenico levou meu pai para conhecer Petrópolis, cidade da região
serrana do Rio. Lá, morava o tio
de sua esposa, Caruso Fedeli. A visita à cidade não poderia ter sido
em hora melhor já que o senhor Caruso precisava de um italiano para
trabalhar na distribuição de jornais. Meu pai, que adorou a cidade
imperial, aceitou e foi morar na
serra. O trabalho era feito a pé e,
sempre assíduo, ele não faltava e
cumpria os seus compromissos.
Já estabelecido em Petrópolis,
por volta de 1955, papai organizou
a nossa vinda para cá. Viemos todos,
mamãe, meu irmão, eu e minha tia.
Ao chegar, moramos numa casa reformada do senhor Caruso.
Papai adquiriu experiência com
a distribuição de jornais. Ao vir para cá, meu avô lhe entregou uma
quantia para seus gastos iniciais,
mas, com o tempo, ele aplicou o valor na Caixa Econômica Federal.
Com suas economias, em 1956, papai
comprou um edifício na famosa Rua
Teresa, onde fomos morar. Em 1958,
ele conseguiu sua primeira licença
de uma banca, no Edifício Profissional. Após anos de trabalho árduo,
em 1966, papai voltou à Itália para
visitar seus irmãos e meu avô. Minha
avó já havia falecido.
Ao retornar da viagem, mais
bancas foram adquiridas pelo italiano que viu sua vida dar certo aqui
no Brasil. Tanto que sua história está
Novembro 2007
”
ligada diretamente ao desenvolvimento de Petrópolis, na segunda
metade do século 20, foi meu pai
quem implantou as bancas de jornal com padrões utilizados no Rio
de Janeiro, pois os jornaleiros vendiam os jornais e as revistas sentados num banco de madeira.
Papai viu o fim da Estrada de
Ferro, na Estação Leopoldina, onde esperava o trem chegar para
descarregar os jornais vindos do
Rio de Janeiro, para amarrá-los e
distribuí-los. Ele também tinha um
serviço exclusivo de atendimento
aos presidentes da República que se
hospedavam no Palácio Rio Negro.
Além de seu trabalho, uma
grande contribuição que papai deu a
Petrópolis e à comunidade italiana
foi a criação da Casa de Itália Anita
Garibaldi. Com o propósito de reunir
os italianos para festejarem juntos
seus costumes, língua e cultura. Em
1988, tornou-se grande marco nas
diversas atividades da entidade a
visita de sete juízes da Corte Constitucional Italiana ao Brasil, especialmente a Petrópolis. Meses depois
ele, como vice-presidente da Casa
de Itália, fora recebido por um dos
juizes que visitara a cidade.
Tenho muito orgulho da história
que meu pai construiu, cujos aspectos sustentam a herança cultural e
profissional frutos de um trabalho
digno aqui no Brasil.
Petrópolis (RJ)
Michelle Santoro,
57 anos
Mande sua história com material fotográfico para:
[email protected]
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Sapori d’Italia
Firenze
Fotos: Reprodução
Giordano Iapalucci
Nayra Garofle
O prato dos
tetracampeões
Roberth Trindade
A edição deste mês traz o prato predileto
de dois ícones da seleção brasileira:
os ex-técnicos Zagallo e Carlos Alberto
Parreira. Amantes da culinária italiana, os
dois não abrem mão quando estão no Rio de
Janeiro de saborear o Capellini King Jorge,
uma especialidade do Azzurra Ristorante
R
DigitalPhotoFest
L
Lucca Comics 2007
P
er gli appassionati di fumetto,
del film d’animazione, dell’illustrazione e del gioco in generale,
Lucca presenta la più importante rassegna italiana del genere. La novità
2007 sara la cosidetta “Self Area”:
uno spazio dedicato al fumetto autoprodotto. Tra i numerosissimi ospiti
ci saranno autori italiani e stranieri come Carlos Pacheco, grande firma del fumetto made in USA; Gabriele Dell’Otto, l’autore di Secret War e
Philippe Delaby e Jean Dufaux, autori
di Murena. La mostra espositiva sarà
presso il Palazzo Ducale dalle 10 alle
19 con ingresso gratuito, mentre la
mostra mercato sarà nel Centro Storico (piazza S. Michele, piazza Grande,
piazza del Giglio) dalle 9 alle 19 con
ingresso di 10 euro.Info:www.luccacomicsandgames.com
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ComunitàItaliana
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ucca città centrale di questo autunno italiano. Anche quest’anno
si conferma punto di riferimento dell’arte fotografica con il suo festival
che presenterà una selezione delle più alte
espressioni della fotografia italiana e internazionale. La mostra si dipana in vari
spazi della città. A Palazzo Ducale (15.30-
Biennale dell’arte
contemporanea
D
a sabato 1 a domenica 9 dicembre, la
Fortezza da Basso di Firenze ospiterà la sesta edizione della Biennale dell’Arte
Contemporanea. L’occasione sarà quella della presenza di importanti personaggi come
Gilbert & George che riceveranno il premio
“Lorenzo il Magnifico” alla carriera: massimo
riconoscimento della Biennale. Presenti circa
800 artisti che parteciperanno attivamente
alla Biennale con incontri, conferenze e videoproiezioni nelle varie categorie: pittura,
scultura, grafica, mixed media, installazioni,
fotografia e digital art. Apertura dalle 10.00
alle 20.00. Ingresso 10 euro. Info: www.florencebiennale.org
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19.30) saranno presenti l’esposizioni fotografiche di Elliott Erwitt: Sala Staffieri
e Trent Parke; al Palazzo Guinigi Mary Ellen Mark, Patrizia Savarese, Gianni Berengo Gardin e Piergiorgio Branzi. Il biglietto
comulativo per tutti gli spazi allestiti nei
vari luoghi della città sarà di 15 euro, altrimenti ogni mostra singola 2,50 euro.
La linea del sole
F
ino al 30 novembre il Museo di Storia della Scienza di Firenze omaggia quello che
è stato per millenni il semplice ma distinto
orologio dell’umanita: la meridiana. La mostra, dal titolo “La linea del sole. Le grandi
meridiane fiorentine” offre studi astronomici
e misurazioni del tempo con scopi pratici o
religiosi come il calcolare la data di feste mobili come la pasqua. Il percorso dell’esposizione include installazioni scenografiche con
modelli interattivi, strumenti originali e disegni come anche di una postazione multimediale con la quale esplorare la regione fiorentina per scoprire le antiche meridiane ancora
esistenti. Dal lunedì al sabato 9.30 - 17. Ingresso: € 7,50, ridotto € 4,00. (http://brunelleschi.imss.fi.it/meridiane/indice.html)
io de Janeiro – Brasil e Itália são rivais apenas no futebol, porque na hora de mangiare nada separa o amor dos
brasileiros pela culinária italiana. Que o digam os ex-técnicos da seleção brasileira Zagallo e Carlos Alberto Parreira. Os dois, sempre que estão no Rio de Janeiro, não deixam de
passar pelo Azzurra Ristorante para pedir o prato predileto: Capellini King Jorge.
A massa, com um molho que leva, dentre os ingredientes, quatro
queijos e camarão, é produzida pela própria casa. Esta tem também
uma variada carta de vinhos de diferentes regiões produtoras.
— Esse é o prato preferido deles, mas às vezes optam por outras
sugestões do cardápio — diz Fábio Ferreira, um dos sócios que gerencia o restaurante, que tem como outros clientes célebres os casais
William Bonner e Fátima Bernardes, Angélica e Luciano Huck.
Fundado em 1990, o Azzurra tem dois ambientes e o cliente pode
escolher entre o salão, espaço mais sofisticado e aconchegante, e a
varanda, com um ar descontraído, numa área completamente reservada. É possível realizar eventos no restaurante, uma vez que o local
disponibiliza infra-estrutura como data-show, sistema de som e projeção, áreas reservadas e cardápio
fechado.
Outra
opção
que o restaurante
oferece é o conforto de levar até aos
amantes da culinária italiana os
serviços do Azzurra, seja na casa
ou na empresa do
cliente.
E como já foi
Zagallo e Parreira: amor pela culinária italiana
dito, a rivalidade
entre os brasileiros e italianos está somente no futebol. Tanto que o
restaurante, para variar o cardápio, nos almoços de sábado, serve a
tradicional feijoada brasileira.
A casa, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, dispõe de 180 lugares. Para sobremesa, o melhor representante
da doçaria é o famoso Tiramisu.
Capellini King Jorge
1 colher de sopa de cebola picada
1 colher grande de mistura de quatro queijos
1 colher de sopa de cebolinha picada
70g de camarão pequeno (1 porção)
1 colher de sopa de queijo tipo catupiry
1 ½ concha grande de creme de leite
1 colher de sopa de queijo parmesão ralado fino
115g de capellini
Misturar a cebola, a cebolinha, o camarão, o creme de leite, os 4
queijos, o catupiry e o queijo parmesão em uma panela e levar ao
fogo. Deixar ferver até engrossar. Cozinhar a massa e misturá-la
com o molho, polvilhar queijo parmesão ralado e gratinar.
Serviço: Azzurra Ristorante
Rio Design Barra - Av. das Américas, 7.777, lojas 304 e 308 - Barra da
Tijuca - Rio de Janeiro. Telefone: (21) 3325-0403.
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La gente,
il posto
Claudia Monteiro de Castro
A
Piazza Duomo, em Catânia, é o lugar mais charmoso da cidade siciliana e uma das praças mais bonitas da Itália. Destaca-se bem no centro da
praça a Fonte do Elefante, do século XVIII,
projeto de Vaccarini, com base de mármore e uma escultura de um pitoresco elefante escuro feito de pedra lávica, e sobre
ele um obelisco egípcio. O elefante virou
o símbolo da cidade. Quanto ao material,
lava, não poderia ser mais adequado, afinal o vulcão Etna não fica muito longe e se
avista de Catânia, imponente. Em dialeto
siciliano, o elefantinho ganha o nome de
u liotru. A rua mais importante de Catania
começa na Piazza Duomo. Não precisa ser
um gênio para adivinhar o nome da rua:
via Etnea. A rua corre em direção ao vulcão, cheia de butiques, livrarias, restaurantes, cafés.
Já quem dá o nome à praça é o Duomo, igreja principal da cidade, dedicada
a Santa Ágata, santa padroeira da cidade.
Foi erguida no século XI e reconstruída de-
Claudia Monteiro de Castro
Piazza Duomo
pois do terremoto que atingiu a Sicília em
1693, e exibe uma magnífica fachada barroca de Vaccarini. Outros belos prédios que
enfeitam a praça são a prefeitura, instalada no palácio conhecido como degli Elefanti, reconstruído depois do terremoto e o
Seminario dei Chierici, que abriga o Museo
Os cornudos
E
scutando as canções italianas, chego à conclusão de que os
italianos têm obsessão pelo “corno”. É um dos temas preferidos, que se repetem sempre. Talvez o compositor que tenha
cantado melhor a dor da traição seja Lucio Battisti, cantando todos
os tipos, desde as scappatelle, ou seja, pular a cerca, como na canção 29 settembre ou traições mais sérias, paixonite aguda fora dos
laços do casamento, como em Anna. Cantou também o traído que não
quer ver (Non é Francesca), o cornudo que não esquece, (Mi ritorni
in mente) e inclusive aquele que tem a proeza de achar bela a sua
amada mesmo quando
ela volta de uma noite
de amor com um outro,
com lo sguardo stravolto da una notte d’amore
(Comunque bella).
Mas não só na música o tema da traição
é tão caro aos italianos.
No telão não faltam
histórias
pitorescas,
como Peccato che sia
una canaglia, com Sofia
Loren e Marcello Mastroianni. O filme Divorzio all’Italiana termina
com Stefania Sandrelli
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Diocesano. E para fazer companhia para a
Fonte do Elefante, há mais duas na praça:
Fonte dell’Amenano e Fonte dei Sette Canali, que os sicilianos hoje brincam e chamam de Fonte dos Sete Cannoli, em homenagem ao calórico e gostoso doce siciliano
com ricotta e frutas cristalizadas.
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que acaricia um marinheiro com o pé enquanto beija Mastroianni.
Mas a traição mais engraçada do cinema italiano é aquela feita por
Mimì Metallurgico (Giarcarlo Giannini). Para se vingar de sua esposa que o traiu, faz a corte até a uma mulher horrorosa, para honrar
sua masculinidade.
A literatura também trata do assunto. Na divertida poesia de Totò, ele admite, “sì, aggio avuto quacche cuorno, ma no a tal punto
de sentirme offeso”. (sim, já fui corneado, mas não a ponto de me
sentir ofendido).
Na Itália, os cornudos festejam em grande estilo seu
estado de cornutaggine. Eles organizam até a “festa dei cornuti”, que acontece em
novembro, na cidadezinha de Rocca Canterano, onde todos os traídos
desfilam juntos, literalmente, usando “cornos”
na cabeça, dividindo sua
desventura com outros
que estão no mesmo barco. Diz o ditado italiano:
mal comune, mezzo gaudio. O mal partilhado é
meia alegria. E viva os
cornos!
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