Revista SHOWROOM N. 244

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Revista SHOWROOM N. 244
PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES
VOLKSWAGEN
ANO 30 • Nº 244
MAIO 2007
ENTREVISTA
Maílson da
Nóbrega
É a vez de um
brasileiro compacto
para os ricos europeus
JAPÃO
milenar e
futurista
Recado
SOBRE
ECONOMIA
E O ORIENTE
T
rês assuntos relacionados pautam esta edição de Showroom. O crescimento da economia
nacional, considerado bom pelos analistas mas ainda tímido pelo potencial do País, a
oportunidade que o setor automotivo está deixando para os orientais de projetar,
desenvolver e colocar no mercado internacional um “carro verdadeiramente popular” e os
inúmeros interesses que o Japão oferece ao mundo, entre eles, o de ter tirado o primeiro
lugar da GM como o maior fabricante de veículos do mundo. Todos os temas têm um
fundo econômico consistente e aspectos curiosos de conhecer. A intenção foi oferecer
uma leitura agradável com boa dose de informações. O ex-ministro da Fazenda, Maílson
da Nóbrega, é o entrevistado na seção Gente, e fala, com sua conhecida clareza e
simplicidade, por que o Brasil não vai crescer o quanto gostaríamos, mas ainda assim
está otimista em relação ao futuro. Nessa mesma linha de raciocínio caminha a matéria
sobre o setor automotivo. O Brasil tem tudo para colocar no mercado internacional um
veículo verde-amarelo bom e barato. Tem engenharia, mão-de-obra competente e a
bom preço e parque industrial suficiente para criar, desenvolver e produzir em larga
escala um automóvel com a marca Brasil. Segundo o consultor da Ronald Berger, Wim
van Acker, o País está perdendo a chance de sair na frente de países como a China e a
Índia, que têm também condições de fazer isso, mas vêem comprometida, por
enquanto, sua produção ao mercado interno. Exportador conhecido e respeitado, com
capacidade ociosa em suas unidades industriais, o Brasil poderia suprir essa lacuna.
Do oriente também vem o terceiro tema desta edição. Falamos do Japão, esta
superpotência nascida em território pobre, que há tempo é a segunda economia mundial
e exemplo de determinação, disciplina, estudo e perseverança. Entre as inúmeras belezas
exaltadas na seção A Passeio, as qualidades e conquistas do Japão e do povo japonês
sintetizam-se na obtenção do primeiro lugar mundial no ranking de fabricantes de
veículos, posição que vinha sendo ocupada pela estadunidense GM há 73 anos.
Boa leitura.
Conselho Editorial
Cartas
Expediente
PUBLICAÇÃO MENSAL DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN
Ano 30 – Edição 244 – Maio de 2007
stock.xchng
Conselho Editorial
Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena,
Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez,
Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.
O ESTETA
Muito simpática e oportuna a
entrevista com o ótico Miguel
Giannini, personalidade das
mais conhecidas e queridas em
São Paulo (Edição 242 – março
2007). Ele mostrou como é
possível manter um negócio
próspero e digno por mais de
40 anos, sem ceder às
pressões da globalização. Além
disso, ele deu mostras do
grande ser humano que é.
Parabéns pelo exemplo de vida
pessoal e profissional.
microempresária, não deixo
de checar os sites, blogs ou
comunidades que “detonam”
as empresas ou marcas.
Antes de cair na boca do
povo, é preciso estar
preparada para a defesa!
Maria Lúcia Mendez
Rio de Janeiro – RJ
Ricardo Mendonça
São Paulo – SP
“A ÍNDIA QUE VEJO”
Excelente o depoimento do
empresário Vittorio Rossi
Junior (VW Primo Rossi – SP)
sobre a Índia (Edição 242 –
março 2007). Ele tocou os
pontos cruciais que devem
levar uma pessoa a conhecer
esse maravilhoso país, sem
demagogia e misticismo.
Paula R. Bastos
São Paulo - SP
WEB 3.0
Super educativa a matéria de
capa da última Showroom
“Vem aí a Web 3.0” (Edição
243 – Abril 2007),
especialmente porque alerta as
empresas a prestarem mais
atenção aos internautas, ou
seja, àquelas pessoas que se
comunicam muito pela rede.
Mesmo sendo uma
4
POLVO À MODA
ANTIGA
São incríveis as receitas
divulgadas pela cozinheira
Isabel Caldeira (Seção Mesa
Posta, pág 42) na
Showroom. Mesmo
parecendo complicadas
numa primeira leitura, elas
são simplérrimas de fazer, e
o mais bacana é que fogem
do lugar comum. A última
receita dada por ela “Polvo
à moda Antiga” (Edição 243
– Abril 2007) é
simplesmente divina, basta
ter um bom fornecedor de
peixes.
Ana Georgette
São Paulo - SP
FÃS DE YASUSHI
ARITA
Aqui em casa somos seis
mulheres e todas somos
fãs do consultor Yasushi
Arita. Sempre que possível
assistimos às suas
palestras e lemos seus
livros, mas mesmo assim
gostaríamos de externar
nossa admiração por ele.
Lendo o seu artigo
“Homem X Mulher – pode
haver igualdade entre
diferentes?” na última
revista (Edição 243 – Abril
2007) ficamos ainda mais
sensibilizadas com sua
visão feminina e altruísta
do mundo. Parabéns por
contarem com um
colaborador como ele.
Suzete, Sônia, Silmara, Selma,
Solange e Sandra Maranhão
São Paulo - SP
SHOWROOM NAS
RECEPÇÕES DAS
CONCESSIONÁRIAS
Parabéns pela maravilhosa
e bela publicação mensal
da Assobrav. Tive a
oportunidade de conhecêla e o prazer de ler a
edição do mês de março
2007. Gostei muito do que
vi, por isso gostaria de
recebê-la mensalmente.
Maria do Socorro de Almeida
Recife - PE
N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente basta solicitar por e-mail
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Região VI: Ignacy Goldfeld
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Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio
Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura,
Amaury Rodrigues de Amorim,
Carlos Roberto Franco de Mattos,
Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e
Rui Flávio Chúfalo Guião.
Foto de capa: lafstudio/divulgação
Computação Gráfica: Filipe Azevedo
3 RECADO
BANDEIRA
A PASSEIO
GENTE
Sumário
6 QUEM PASSOU POR AQUI
máximo sua atuação nas organizações. O
objetivo é transformar a área num RH
estratégico cuja atuação esteja alinhada aos
planos de negócio.
Amigos e personalidades que visitaram a
Assobrav e o Grupo Disal.
16 SETOR
A mensagem do Conselho Editorial.
Produzimos e exportamos carros, mas não
somos reconhecidos como jogadores
importantes no comércio mundial de
Maílson da Nóbrega, o economista que
veículos. Por quê? Falta ao Brasil promover
antecipa os fatos sem bola de cristal.
a marca ‘carro brasileiro’. É preciso olhar o
Experiência na vida pública, bom senso,
mercado externo com atenção constante e
objetividade e muita análise. Estas são as
ferramentas que o ex-ministro da Fazenda e não só como projeto de curto prazo para
ganhar dinheiro quando o mercado interno
seus sócios na “Tendências” utilizam para
está recessivo. Em outras palavras: urge
continuar acertando nas previsões. Nesta
edição, Maílson fala da economia brasileira, pavimentar um caminho para inserir, de
da internacional e de um tema específico: o fato, a indústria automotiva brasileira no
futuro das cooperativas de crédito no Brasil. mercado global.
8 GENTE
12 CONSULTA SEBRAE
24 BANDEIRA
As dicas e as opiniões dos consultores do
SEBRAE.
A Volkswagen no Brasil e no mundo.
13 RH
Japão, a “Terra do Sol Nascente”. Caro, sim,
mas um dos destinos que merecem ser
visitados mesmo que for preciso sacar o
dinheiro da Poupança. O Japão não é só a
segunda economia do mundo, a terra da
tecnologia de ponta e das últimas novidades
em todos os campos do conhecimento. O
Japão é tradição, arte, singeleza; uma
cultura milenar que não deixa indiferente
nem mesmo quem não curte História. Os
castelos, templos e os parques são apenas
alguns dos aspectos que levam o turista
exigente ao Japão, porque lá também se
encontra muita diversão. Nas alucinadas
noites de Tóquio, nas estações de esqui, nos
Para entender de gente não basta conhecer
umas poucas regras gerais (às vezes, até
ultrapassadas) e com elas acreditar que se
pode obter boa produtividade.
14 OUTLOOK
Novidades, comentários e lançamentos do
setor automotivo.
15 MOTIVAÇÃO
“Atualmente torna-se cada vez mais
necessário à área de Recursos Humanos
mensurar suas ações através de
procedimentos que possam respaldar ao
festivais que acontecem na primavera e no
verão, tudo isso é proporcionado ao turista
com absoluta segurança e seriedade. O
Japão, além de lindo, é um lugar para ser
visto como exemplo.
36 ADMINISTRAÇÃO
“O custo de capital de uma empresa é uma
média ponderada dos custos dos recursos
próprios e de terceiros utilizados pela
empresa. É muito importante ter em mente
este número, mesmo sabendo que se trata
de uma aproximação.”
38 FREIO SOLTO
A opinião, a crítica e a ironia do jornalista
Joel Leite.
40 NOVIDADES
O que há de novo em eletrônica digital,
periféricos de informática e outras
utilidades.
30 A PASSEIO
41 LIVROS&AFINS
A resenha do livro “A empresa Sustentável”,
lançamento da Campus/ Elsevier, dos
autores Andrew Savitz e Karl Weber e a
crítica ao filme “Alpha Dog”, o novo de
Nick Cassavetes; uma história real.
42 VINHOS&VIDEIRAS
A opinião abalizada de Arthur Azevedo,
presidente da Associação Brasileira de
Sommeliers - SP.
42 MESA POSTA
Histórias de receitas e de cozinheiros.
5
Quem passou po r aqui
Cesar Álvares de
Moura, da VW
Savol (S. André),
em um de seus
irretocáveis
ternos italianos,
para mais um
encontro com os
concessionários
de São Paulo...
Décio
Carbonari de
Almeida,
diretor de
Serviços
Financeiros
(Banco
Volkswagen),
que sempre
passa por
aqui...
O Basy´s man da
Volkswagen,
Daniel Proença,
para mais uma
rodada de
aperfeiçoamento
do sistema...
Cleide Simões
Videira Cozzi,
da VW Marte
(SP),
surpreendida
ao retocar a
maquiagem,
em visita
oficial à
Assobrav...
O simpaticíssimo gerente de Planejamento da
Rede (VW), Álvaro Gomes, curtindo um minuto
de folga entre uma tarefa e outra...
6
José Roberto
Bacchin, da VW
Morumbi Motor
(SP), correndo
para anotar a
estratégia da
última campanha
de vendas...
George
Melissopoulos,
gerente de
pós-venda da VW
Alta (SP), para
simbolizar o
“piloto” da
Garantia sem
Marcação de
Tempo...
Marco Tondeli, gerente do Programa de Vendas da
Volkswagen, em pose rápida para a coluna, antes de
retornar à costumeira reunião mensal de ação de vendas...
O esportista Valter de Souza Mesquita, da VW
Biguaçu (SP) e sua habitual paz de espírito, para
acompanhar as útlimas decisões da UNI...
Um dos raros registros do
reservado diretor presidente
do Grupo Sabrico (SP),
Francisco José Fernandes
Valgode, especialmente para
a coluna...
7
Gente
divulgação
O economista Maílson da
Nóbrega, homem cordato,
com levíssimo sotaque
paraibano, é um dos
nomões que formam o
quadro da Tendências
Consultoria Integrada,
uma das mais conhecidas
empresas do País no
segmento e apontada por
boa parte da imprensa
como a que mais acerta
prognósticos.
Por Silvia Bella
MAILSON DA NÓBREGA
C
8
“Se não fosse assim, não seria o Brasil”
omo se sabe, Maílson foi funcionário público de carreira
e tem o mérito, entre outros, de ter sido um dos primeiros
analistas a dizer claramente a um ministro e indiretamente a
um presidente da República que a privatização das empresas
estatais era ponto crucial para o destravamento da economia
brasileira. Os tempos, evidentemente, eram outros, bem mais
difíceis e sombrios: inflação de três dígitos e contas públicas
sem controle. Isto aconteceu em meados dos anos 80,
quando Nóbrega era Secretário Geral do Ministério da
Fazenda, depois de ter ficado anos no Banco do Brasil e
ocupado vários cargos no Ministério da Indústria e Comércio.
A ascensão de Maílson ao posto maior da Fazenda também se
deu nessa época. O ministro da Pasta então era Bresser
Pereira e o presidente, José Sarney. Bresser acabou deixando o
governo em 1987 porque Sarney sequer cogitou analisar a
possibilidade de dar início a um processo de privatizações.
Com isso, Maílson da Nóbrega passou a ser ministro da
Fazenda naturalmente, e com muitos problemas para
resolver. Esta experiência – certamente a mais relevante de
sua vida pública - serviu para comprovar não apenas sua
competência técnica, mas um estilo muito objetivo de ser e
de dizer as coisas. Ao contrário de muitos de seus colegas,
Maílson vai direto ao ponto. Não é do seu feitio dar voltas e
prefere as expressões simples. Em suma, é um economista
que fala português. Nesta entrevista à Showroom, cujo tema
principal era o futuro das cooperativas de crédito no Brasil, o
ex-ministro não titubeou em dizer que o caminho natural
desse segmento é seguir o modelo europeu, com a mesma
independência e o profissionalismo dos bancos, no fim, seu
natural e real propósito, mas também não deixou de falar
sobre a economia brasileira e a mundial e antecipar,
acertando na mosca, o que o Relatório do Fórum Econômico
Mundial – Latin América@Risk mostraria uma semana
depois na imprensa.
Revista Showroom: Por que durante tanto tempo as
cooperativas de crédito tiveram uma imagem tão ruim?
Maílson da Nóbrega: Na década de 60, as cooperativas de
crédito - instituições de investimento de grupos - tiveram a
imagem comprometida porque representavam os interesses
de “classes”, notadamente da classe política. Muitos
cooperativados foram literalmente enganados com relação a
seus investimentos, a turma dirigente se vendia e aos olhos
dos órgãos reguladores essas instituições não eram nada além
do que bancos disfarçados – e o pior – com as benesses das
cooperativas. Por isso eram mal vistas.
Mas também se dizia que as cooperativas eram excelentes
para os cooperativados...
Sim, de certa forma, mas o propósito era distorcido. O Banco
do Brasil, por exemplo, usava as cooperativas para repassar
empréstimos aos cooperativados com vantagens, tendo
custos reduzidos. Com isso, não só as cooperativas eram
vistas como um apêndice do Banco do Brasil, como o Banco
do Brasil – naquele paternalismo – também tinha sua
imagem comprometida. O fato é que o modelo das
cooperativas no País foi uma cópia mal feita das cooperativas
da Europa, formadas durante o século XIX.
E hoje, as cooperativas correspondem ao que se espera
delas?
O sistema amadureceu. Consolidou-se a idéia de que as
cooperativas - na sua origem, um grupo de pessoas que se
cotizam - tenham sua base no sistema francês, fortalecido
com a ação do eficiente “Crédit-Agricole” que lá norteou o
cooperativismo moderno, focado no crédito rural e, como se
sabe, obtendo excelentes resultados para os cooperativados e
para a própria instituição. Então, hoje, as cooperativas no
Brasil voltaram a ser bem vistas, e digo mais: estamos
caminhando para o sistema alemão, holandês ou japonês,
isto é, um sistema nacional onde existem cooperativas
singulares (de grupos) mas que estão ligadas a instituições
regionais e estas, por sua vez, a um banco.
O senhor quer dizer que o caminho natural das cooperativas
de crédito é se transformarem em bancos?
Sim. Elas só têm a ganhar com isso. Por exemplo, as
cooperativas ligadas à Unimed são tratadas de maneira
profissional. Ora, tendo já uma estrutura desse porte, o que
as impede de se tornarem um banco no futuro? Eles
ganharão se fizerem isso, porque o banco passa a gerir de
forma centralizada e extremamente profissional a gestão de
risco, a formação de pessoal capacitado e a criação de
produtos, como a venda de seguros e outros benefícios
financeiros. Além disso, os bancos são super bem
relacionados, participam de conferências internacionais que
lhes asseguram um conhecimento técnico e prévio de muitos
mecanismos que podem ser altamente rentáveis.
Na Europa isso já acontece. O Sistema de Crédito
Cooperativo tende a ser mais forte, como os grandes bancos.
Mas nessa situação as cooperativas não perdem o seu foco,
isto é, trabalhar para os cooperativados que se uniram para
criá-las?
Não. A experiência mundial mostra que o espírito
associativo que fez nascer a cooperativa permanece mesmo
em uma estrutura maior e mais forte como o banco.
Porém, o que precisa mudar na cabeça dos cooperativados,
dos associados, é que não será mais possível ter as
benesses das cooperativas, como a isenção de impostos.
Os grupos ou entidades que quiserem se cooperativar
precisam estar conscientes que devem respeitar essas novas
condições, pertinentes a qualquer banco.
Insisto. Não seria uma pena – para os associados - perder
esses benefícios que as cooperativas permitem?
Veja, na origem a idéia é excelente, mas as cooperativas
jamais poderão competir com a força de captação
financeira, da eficiência, da tecnologia que têm os grandes
bancos. Quer dizer, “pena” seria perder as possibilidades
que os bancos têm de ganhar dinheiro!
Essa idéia romântica que às vezes as empresas têm de que
as cooperativas são soluções mais baratas, na verdade pode
se revelar uma injustiça. Por exemplo, num condomínio,
quando alguns moradores não pagam as mensalidades, os
outros precisam cobrir a parte desses inadimplentes. Na
cooperativa tradicional é pior ainda, porque os
inadimplentes sequer são penalizados com multas ou
juros, como ocorre nos condomínios. Esse tipo de
camaradagem precisa desaparecer. Então, o que em
princípio parece ser um benefício, acaba sendo uma
transferência de renda injusta! Nessa situação, os
capitalizados vão preferir aplicar seus recursos em um
banco qualquer onde obterão rendimentos sobre o seu
investimento...
Vamos falar um pouco da economia nacional? Parece que
tudo vai bem...
Nós estamos entrando para o clube de países com PIB
elevado e existe uma trajetória de crescimento. Veja o setor
automotivo, que é um termômetro excelente da economia.
Os fiananciamentos de veículos devem ficar mais baratos
neste ano. Os juros anunais cobrados pelos bancos podem
chegar a 31%, e como se sabe, quase 85% do custo desse
crédito depende da Selic, que está em queda. De fato, nos
últimos quatro anos os juros baixaram 22 pontos
percentuais – e poderiam ter caído mais se os bancos não
tivessem aumentado o spread (a diferença entre o custo do
dinheiro para a instituição e a taxa cobrada do tomador
final) -, mas como acredito que a competição entre os
bancos deve crescer ainda mais, a tendência é que o
spread diminua.
O senhor então confirma a previsão otimista do setor
automotivo?
Certamente. Neste ano a indústria automobilística deverá
produzir 2,8 milhões de unidades, uma marca inédita, e
boa pare do volume será vendida internamente, graças ao
crédito, sem contar que o País surge como maior potencia
na energia limpa.
O mesmo vai acontecer no setor imobiliário. O volume de
financiamento para a compra de imóveis dobrou em 2006
e estamos no limiar de uma explosão imobiliária, o que é
muito bom sinal, com crescimento previsto de 20 a 30%
ao ano e taxa de juros razoáveis. Na seqüência, vai
deslanchar a segurança jurídica que atesta a confiabilidade
do sistema.
9
Gente
10
A Bolsa de Valores também é um termômetro, ainda que
mais sensível a chuvas, trovoadas e espirros de
magnatas...
Sim e a Bolsa também vai de vento em popa. Ela vem
batendo recordes e o Risco-País atingiu seu menor patamar
histórico. Os investidores estrangeiros parecem acreditar
que há um bom futuro no Brasil. E realmente, temos
empresas de primeiríssima linha, um sistema financeiro
sofisticado...
Há três anos ninguém queria investir na América Latina,
hoje começamos a correr no ritmo dos caras, embora
nossas mazelas ainda sejam um Estado hiper atrofiado que
sufoca as empresas, uma burocracia que aniquila o
empreendedorismo, uma infra-estrutura de terceiro mundo,
uma Justiça que não garante um mínimo de regras aos
negócios e esforços insuficientes na área de educação.
Puxa, com tudo isso ainda por fazer, nem sei como o
senhor pode ser otimista...
Mas, veja, o tempo tem mostrado que os otimistas acertam
mais que os pessimistas, por isso nós, da Tendências,
ganhamos novamente o título da consultoria que mais
acerta...e nós somos otimistas – e não ufanistas - só porque
nos baseamos em análises e na teoria que atribui às
mudanças estruturais feitas no País, a melhora. É
inquestionável o fato de que o Brasil está evoluindo muito
no campo estrutural. Há ainda muito que fazer, como você
disse, mas algumas coisas já feitas fizeram muita diferença –
e isso vem desde os anos 80 com a separação do Banco
Central do Tesouro. Hoje o Banco Central é um banco
mesmo. Quer dizer, apesar da resistência da época, ele
evoluiu e contribuiu para a estabilização monetária com o
Plano Real.
O quanto a onda de crescimento no mundo todo não é
responsável – ou a grande responsável – pelo nosso bom
desempenho?
É fato que o mundo vive hoje uma das fases mais pujantes
do pós-guerra. Este é o sexto ano consecutivo de
crescimento firme, e segundo dados internacionais, a
economia global deverá crescer 5% neste e no próximo
ano, com os Estados Unidos e a China como principais
motores. Agora, o bom é que neste cenário o Brasil ganha.
Apenas para se ter uma idéia, há apenas seis anos, o saldo
comercial do País, atualmente na faixa de 40 bilhões de
dólares anuais, era de três bilhões. As reservas acumuladas
pelo Banco Central já são superiores a 110 bilhões de
dólares com perspectiva de subir até 150 bilhões no final
do ano. Isto é uma garantia histórica que faz toda a
diferença aos olhos dos investidores estrangeiros. Em suma,
os riscos de uma nova crise diminuíram sensivelmente.
O que isto significa em termos práticos?
Este cenário estimula os prognósticos de que o Brasil esteja
próximo de receber o título de “Grau de Investimento” –
uma espécie de aval sobre a capacidade de pagamento das
dívidas, conferido pelas agências internacionais de
classificação de risco. Por ora, o País está dois degraus
abaixo desse nível, no qual já se encontram México e Rússia.
Mas, enfim, este selo abrirá para o Brasil, por exemplo, os
bem recheados cofres dos grandes fundos de pensão,
impedidos de aplicar dinheiro em países considerados
inseguros. Estima-se que com o “Grau de Investimento”, o
País passe a disputar um montante de recursos 17 vezes
maior no mercado internacional. E uma evidência de que a
nossa promoção deve estar próxima é a queda vertiginosa do
Risco-País, que pela primeira vez chegou a ficar abaixo da
média do risco do bloco dos emergentes. Outra evidência é
que este selo já foi concedido a algumas empresas nacionais,
como Ambev, Gerdau e Aracruz, o que lhes garante a
vantagem de desfrutar de um custo de capital menor.
Bem, mas esta “evolução de imagem e credibilidade do
Brasil” vem sendo conquistada aos poucos...
Claro. Com a política monetária de 1995 a 2000 e a
implantação da Responsabilidade Fiscal, o Banco Central e a
gestão fiscal começaram a adquirir transparência, como
acontece nos países do primeiro mundo, e aí o Brasil ficou
previsível. Por isso os analistas acertam mais do 90%, isto é,
nós nos baseamos em como o Banco Central opera e pela
transparência de como os dados chegam até nós.
Resumindo: o Brasil começou a ser um país mais
normal...(risos)
O quanto pesa nesse processo a conscientização da
sociedade brasileira?
Muito. A sociedade brasileira passou a tomar ojeriza à
inflação e não só, exigiu a imprensa livre, que por sua vez
tem feito o seu papel muito bem. Quer dizer, hoje é tudo
muito diferente, embora a sociedade não o perceba
claramente porque as mudanças em sociedades sofisticadas,
complexas, são naturalmente lentas. Mas veja, hoje nós
temos restrições efetivas ao arbítrio. O presidente ainda tem
o poder - como gostaria o vice José de Alencar – (risos) de
influenciar no Banco Central mas isso teria um custo muito
alto. Uma decisão assim seria totalmente equivocada porque
toda a sociedade perceberia o erro em questão de segundos.
A mídia divulgaria o fato, os analistas e os mercados
antecipariam as conseqüências desse erro e os investidores
retirariam o dinheiro. Com isso, cairia a diretoria do Banco
Central. Aliás, ela própria seria demissionária porque aqueles
profissionais não estão lá pelo dinheiro que ganham receberiam muito mais na iniciativa privada – mas para
contribuir com o seu país e não queimariam seus nomes se o
presidente impusesse alguma coisa. Então, o presidente sabe
que seria uma ação com conseqüências desastrosas para a
economia. Mandar o Banco Central tomar alguma decisão
que favoreça a grupos seria absurdamente equivocado, seria
um verdadeiro suicídio político.
Não corremos este risco, então?
Verdade seja dita, o presidente Lula é um dos poucos
petistas a entender este processo. Ele sabe que a inflação é
divulgação
ruim para os pobres e
não para os ricos. Ele e seus assessores
sabem que acertam não porque sejam excepcionais
governantes, mas porque tomaram a decisão correta de
manter a mesma política econômica, que entrou em vigor há
16 anos. Isto é um mérito deles. Então, a criação de um
ambiente democrático, com metas de combate à inflação e
superávit primário são grandes coisas. Assim como o Estado
assegurar um ambiente propício ao investimento e na defesa
da renda dos menos favorecidos.
Sabemos o qual é a lição de casa a fazer, mas a queixa da
sociedade é que ela está muito demorada...
O Brasil mudou muito nos últimos 20 anos, o que para a
História é nada. Mas, é verdade, ainda faltam ações
fundamentais como a Reforma Tributária, a Política e a
Trabalhista. Porém, essas coisas são difíceis de fazer em um
ou dois governos. Isso exige um esforço muito grande, um
esforço gigantesco e como dizia Ronald Coase, Nobel de
Economia em 91, “As mudanças institucionais em países
democráticos são lentas”. De qualquer forma, o conjunto de
pequenas coisas que já conquistamos - a estabilidade, a
abertura – embora ainda sejamos fechados na economia -, a
privatização – embora ainda haja muito a fazer -, tudo isso,
mais a Lei das Falências, a Lei da Responsabilidade Fiscal, a
criação do COPOM, tudo isso junto, está promovendo o
crescimento e o desenvolvimento do País.
Mas o desenvolvimento da Nação passa pela Educação, algo
que nos envergonha internacionalmente...
É verdade, tanto que menos de 10 milhões de brasileiros
lêem jornal, o que significa que a esmagadora maioria
sequer tem idéia do que estamos falando. Pior ainda se
considerarmos outro dado estatístico: o de que a
escolaridade média do brasileiro é de 6 anos. Mas essa
deficiência é histórica e tem muitas causas. Uma delas é
até curiosa. Os Estados Unidos, que têm a taxa mais alta
de alfabetização do mundo, conseguiram isso graças à
determinação de que todo cidadão deveria ler a Bíblia
rotineiramente e isso significava não ter a intermediação
de outro – um padre, pastor ou professor. Por essa razão,
eles não só aprenderam a ler perfeitamente como a
interpretar o que liam. Isso aconteceu em 1800, então eles
têm uma vantagem secular sobre nós e sobre a maioria dos
habitantes do planeta.
No Brasil, na mesma época, saber ler era irrelevante para a
mão-de-obra produtiva. Hoje é diferente. Somos um país
muito mais sofisticado, a ponto de o Brasil do século XXI
ser incapaz de gerar um novo Lula. Hoje, dificilmente um
operário chegaria à presidência.
É possível tirar esse atraso histórico?
Claro que sim, mas é preciso estar consciente de que a
natureza não dá saltos. O progresso é algo gradativo. O
governo autoritário no Brasil perdeu muitas
oportunidades. Na década de 70, com a crise do petróleo,
o jeito teria sido abrir a economia, mas o que fez o
governo? Exatamente o contrário: fechou, porque era a
teoria desenvolvimentista. Pegamos o trem para trás. Em
88, o mesmo aconteceu com a Constituição. Foi votada
uma Constituição à antiga, então, perdemos a chance duas
vezes de pegar o trem pra frente, para a modernidade, e
isso nos causou um atraso em relação aos outros países
que é demorado de tirar, mas é possível.
Pegamos o trem certo agora?
Agora estamos com o trem na direção certa. Os tempos
mudaram, o mundo mudou, então não há jeito de deixar
o País na mão de uma só pessoa ou nas mãos de meia
dúzia de tecnocratas. Nos anos 70 o Estado poderia
mandar, mas agora não dá mais.
Eu diria que estamos numa transição, onde o novo
convive com o velho e a esperança é de que o novo
prevaleça sobre o velho, porque ele gera mais legitimidade.
A previsão?
Economia crescendo na média de 4%. Poderíamos crescer
5 ou 6%, mas tá bom assim... (risos). Se o crescimento
fosse de 6%, o Brasil seria um país de primeiro mundo e
daí não seria o Brasil. A inflação vai ficar entre 3 a 4%
pelos próximos quatro anos e a desvalorização cambial
ainda vai demorar um pouco, assim como os juros ainda
vão ficar “altos” por mais um ou dois anos.
Como o Lula não pode comprar briga com a população,
ele se contenta em crescer 4%, que dá para levar. E ele
sabe que as grandes mudanças são impossíveis de fazer no
curto prazo, então, vai levando... Agora, o interessante é
que o legado dele não será o PAC. O mérito dele não será
o Bolsa Família, mas a estabilidade, porque “pela primeira
vez na história deste País” – e aí ele tem razão em dizer o
seu famoso jargão - os pobres ficaram mais ricos que os
ricos. Lula será lembrado pelas coisas que não fez, como
não ter mexido na política econômica, e nós estamos
colhendo os frutos dessa sua decisão.
11
Co nsulta Sebrae
Como um
ESTOQUE
ELEVADO
pode comprometer
o saldo de caixa
Por Rosendo de Souza Júnior
V
árias podem ser as razões para que o caixa se encontre
com saldo negativo, por exemplo:
• A EMPRESA DANDO PREJUÍZO;
• OS SÓCIOS INVESTIDORES DISTRIBUINDO LUCROS ALÉM DO POSSÍVEL;
• A EMPRESA INVESTINDO EM BENS FIXOS COM RECURSOS DO CAIXA;
• CONTAS A RECEBER AUMENTANDO;
• ESTOQUE CRESCENDO MÊS A MÊS.
Nas empresas industriais e comerciais, principalmente, o
estoque em crescimento pode representar fonte de problemas
para o caixa, pois se este estiver evoluindo em termos de
recursos investidos, é o mesmo que dizer que a empresa está
deixando mais recursos financeiros parados ao longo do
tempo. Se essa quantidade de recursos superar o volume de
lucros gerados pela empresa, significa que está ocorrendo
uma absorção de recursos do caixa. Vamos a um exemplo,
comparando dois meses:
Mês
Estoque final
Diferença
Lucro gerado na empresa
1
2
R$10.000,00
R$15.000,00
R$5.000,00
R$3.000,00
12
Na tabela acima, temos um comparativo do estoque final do
mês 1 e 2, apresentando uma evolução desse estoque em
R$5.000,00. Partindo do princípio que a empresa apresentou
Nada mais complicado
para uma empresa do
que o seu saldo de
caixa se apresentar
negativo. Os
compromissos de
pagamentos precisam
ser cumpridos e o fato
de não possuir recursos
para tal levam a
empresa a
comprometer sua
imagem junto aos
credores. Este fato a
leva também a buscar
empréstimos
financeiros junto a
bancos, gerando,
consequentemente,
despesas como juros a
pagar, abertura de
crédito, entre outras.
Tudo isto, enfim,
diminui a sua
margem de lucro.
no mês 2 um lucro líquido de R$ 3.000,00 e que esse lucro
aumenta o seu capital de giro, para promover a evolução no
estoque de R$ 5.000,00, foi utilizado todo o lucro gerado de
R$3.000,00 mais R$2.000,00 que provavelmente saiu do
caixa da empresa, o que justificaria a existência de saldo
negativo no caixa.
Essa informação é importante, pois a partir dela, o
administrador pode imediatamente tomar algumas atitudes,
tais como:
• REVER E ADEQUAR SEUS PROCEDIMENTOS DE COMPRAS;
• FAZER UMA ANÁLISE DO ESTOQUE E PLANEJAR UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO OU
LIQUIDAÇÃO PARA INCENTIVAR AS VENDAS DOS PRODUTOS QUE ESTÃO COM
GIRO LENTO, PROMOVENDO A SAÍDA DE CERTAS MERCADORIAS MAIS
RAPIDAMENTE DO ESTOQUE.
Para levantar as informações necessárias para esse tipo de
análise, dois tipos de controles são necessários, um
demonstrativo de resultados gerados pela empresa e um
controle dos estoques, e ambos modelos podem ser obtidos
junto ao Sebrae - SP.
O Demonstrativo de Resultados mostra o lucro líquido
gerado no período e o Controle de Estoque mostra a situação
do item em estoque.
Rosendo de Souza Júnior é consultor Financeiro da Unidade de
Orientação Empresarial do SEBRAE - SP
Rh
Mais perto dos
colaboradores
Para entender de gente não basta
conhecer umas poucas regras
gerais (às vezes, até
ultrapassadas) e acreditar que
com isso se tenha produtividade.
Por Armando Correa de Siqueira Neto
V
árias organizações têm focalizado seus esforços
em novas aprendizagens e mudanças permanentes na
tentativa de manterem-se vivas no mercado por mais
um bocado de tempo. Elas se conectam a tudo o que
ocorre ao seu redor, visando ardentemente obter
informações que as alimente para o jogo estratégico do
quem-pode-mais-chora-menos, ora avançando mais,
ora menos. Para tanto, é o grupo de profissionais, que
se assemelha a jogadores bem treinados e motivados,
que torna possível cada lance essencial no tabuleiro de
tais partidas.
Os colaboradores se desenvolvem através de novas
experiências e impressões que formam acerca de si e da
sociedade, fatores que os levam a degraus superiores
de evolução e ao aumento de sua complexidade
psíquica, que, a seu turno, torna-se mais exigente e
demanda maior compreensão a seu respeito. Em suma,
para entender de gente não basta conhecer umas
poucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) e
acreditar que com isso se tenha produtividade. Os
tempos são outros e, portanto, doravante, o caminho
das pedras é uma via a ser explorada constantemente.
Contudo, um considerável número de pessoas precisa
de orientação e acompanhamento por parte das
lideranças existentes na organização em que trabalha.
O líder pode extrair de seu seguidor ainda mais
desenvolvimento, desde que o conheça de maneira
mais aprofundada, de tal forma que lhe cobre em
escala ascendente os recursos que se encontram no
estado potencial. Urge ir além do comum e provocar
no colaborador o desejo de obter de si significativa
quantidade de resultados. O bom contato entre as
partes, então, é uma condição imprescindível para que
se efetive tal proposta. Mas os objetivos aqui
considerados demandam esforço mútuo, além de
rompimento com a acomodação e os limites autoimpostos pelos medos que comumente dominam a
capacidade de enxergar tamanha possibilidade.
Porém, extrapolar barreiras não é mais uma ousadia
meritória de congratulações, mas uma necessidade
(quiçá uma responsabilidade) a ser empreendida
cotidianamente. Hoje, somar conhecimento, técnica,
experiência, intuição, lógica e coragem, diz mais
respeito a sobreviver do que a revolucionar
heroicamente. Estar mais perto dos colaboradores
significa compreendê-los mais vivamente e não saber
apenas quem são, o que fazem e em que parte do
gráfico dos resultados se situam. As organizações
tendem a caminhar para um estreitamento no
relacionamento humano, tanto com seu público
interno quanto externo, pois a equilibrada conexão
entre as pessoas de convívio profissional é capaz de
oferecer um fluxo favorável de informações, motivação
e conhecimento acerca de aspectos fundamentais para
a gestão do capital humano, que busca a
produtividade, entre outros fatores.
Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da Self
Consultoria em Gestão de Pessoas. É professor e mestre em
Liderança pela Unisa Business School.
E-mail: [email protected]
13
O utloo k
O
14
primeiro estudo do Concept S causou o maior
frisson quando apresentado ao público no Salão
de Genebra. Diante disso, a Lamborghini, marca
de luxo do Grupo Volkswagen, decidiu construir
o primeiro protótipo dirigível, e a surpresa foi
redobrada. O modelo simplesmente arrasou em
duas das mais importantes mostras de design do
mundo: o Concorso Italiano de Monterey e o
Pebble Beach Concours d´Elegance nos Estados
Unidos.
O Concept S foi desenvolvido no Centro de Estilo
Lamborghin em Sant´Agata Bolognese por Luc
Donckerwolke, que buscou inspiração nos antigos
carros de corrida monopostos.
“O Concept S reúne tudo aquilo que a
Lamborghini representa: ele é arrojado,
descontraído e... italiano”, comentou Stephan
Winkelmann, presidente da marca.
“A decisão de produzi-lo ainda não foi tomada,
embora estejamos encorajados pela aceitação
extremamente positiva que o protótipo teve nas
mostras de Monterey e Pebble Beach”, adiantou.
Na verdade, o protótipo recebeu apenas
mudanças sutis se comparado ao estudo original.
Por exemplo, o pára-brisa (“saute-vent”) que
desviava para cima o vento do rosto do motorista
foi redesenhado para atender questões legais e
permitir a futura homologação do modelo. Com
isso, o design final do protótipo ficou ainda mais
arrojado. Isto porque, os clássicos carros de
corrida do passado não tinham pára-brisa, apenas
um defletor que direcionava o vento para cima da
cabeça do motorista. No Concept S o pára-brisa
bipartido divide o cockpit, dando ao modelo um
Lamborghini
surpreende com novo protótipo
aspecto ainda mais agressivo e futurista. E o melhor:
eles originou um vão que funciona como um adicional
captador de ar para o motor, por sua vez, posicionado
atrás dos assentos.
Assim como o Gallardo, que lhe serve de inspiração, o
Concept S é equipado com um poderoso motor V10. Já
a aerodinâmica foi aperfeiçoada graças aos spoilers
frontal e traseiro e a um grande difusor também na
parte posterior do modelo.
Para arrematar a obra de arte, um retrovisor retrátil
central permite ao motorista ver o que está acontecendo
atrás. Mas isto, se ele for curioso, porque o prazer de
dirigir o Concept S, até o momento, não despertou em
nenhum piloto o desejo de testar o equipamento...
Motivação
Clima organizacional
Atualmente torna-se cada vez mais
necessário à área de Recursos Humanos
mensurar suas ações através de
procedimentos que possam respaldar ao
máximo sua atuação nas organizações. O
objetivo é transformar a área num RH
estratégico cuja atuação esteja alinhada
aos planos de negócios. Mas como fazer?
C
Por Washington Sorio
omo criar um RH que funcione como agente de mudanças e
que vá além do simples gerenciamento do capital humano,
apoiando iniciativas e planos de ação que contribuam para a
execução das estratégias do negócio?
Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar neste
objetivo, então vamos começar respondendo algumas perguntas.
Afinal o que é “clima”? Clima é a percepção coletiva que as pessoas
têm da empresa, através da experimentação de práticas, políticas,
estrutura, processos e sistemas e a conseqüente reação a esta
percepção.
E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um
instrumento voltado para análise do ambiente interno a partir do
levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar os
aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos
funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes,
deficiências, expectativas e aspirações.
Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações,
identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que
impactam no clima e orienta a definição de planos de ação para
melhoria do clima organizacional e, conseqüentemente, da
produtividade da empresa. Esta atitude da empresa eleva bastante
o índice de motivação, pois dentro desta ação está intrínseca a
frase “estamos querendo ouvir você”, “você e sua opinião são
muito importantes para nós”. A crença na empresa se eleva
sensivelmente.
A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente interno
da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos de
problemas, melhorando o ambiente de trabalho. Hoje, neste
mundo tão cheio de transformações, em meio à globalização,
fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez mais, melhorar
seus índices de competitividade, e para isso ela depende quase que
única e exclusivamente de seus seres humanos - motivados, felizes
e orgulhosos dos valores compartilhados com a organização.
Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de
motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção.
Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos
colaboradores motivados, este mesmo índice pode chegar a 60%.
As empresas precisam manter o índice de motivação de seus
colaboradores no mais elevado nível possível, de forma que este
valor passe a ser um dos seus indicadores de resultado.
É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estar
coerente com o planejamento estratégico da organização e deve
contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, tais
como:
- O trabalho em si: com base nesta variável procura-se conhecer a
percepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho, horário,
distribuição, suficiência de pessoal etc;
- Integração Setorial e Interpessoal: avalia o grau de cooperação e
relacionamento existente entre os funcionários e os diversos departamentos
da empresa;
- Salário: analisa a existência de eventuais distorções entre os salários
internos e eventuais descontentamentos em relação aos salários pagos por
outras empresas;
- Estilo Gerencial: aponta o grau de satisfação do funcionário com a sua
chefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência,
feedback, organização, relacionamento etc;
- Comunicação: busca o conhecimento que os funcionários têm sobre os
fatos relevantes da empresa, seus canais de comunicação etc;
- Desenvolvimento Profissional: avalia as oportunidades de treinamento e
as possibilidades de promoções e carreira que a empresa oferece;
- Imagem da empresa: procura conhecer o sentimento das pessoas em
relação à empresa;
- Processo decisório: esta variável revela uma faceta da supervisão, relativa
à centralização ou descentralização de suas decisões;
- Benefícios: apura o grau de satisfação com relação aos diferentes
benefícios oferecidos pela empresa;
- Condições físicas do trabalho: verifica a qualidade das condições físicas
de trabalho, as condições de conforto, instalações em geral, riscos de
acidentes de trabalho e doenças profissionais;
- Trabalho em equipe: mede algumas formas de participação na gestão da
empresa;
- Orientação para resultados: verifica até que ponto a empresa estimula ou
exige que seus funcionários se responsabilizem efetivamente pela
consecução de resultados.
Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em relação a
essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer a realidade
familiar, social e econômica em que eles vivem. Somente assim
poderão encontrar outros fatores do clima organizacional que
justificam o ambiente da empresa.
Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa adapta o
questionário à sua realidade, linguagem e cultura de seus
funcionários.
Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima
organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e
confiança.
As principais contribuições que podemos obter com a Pesquisa de
Clima são:
-
O
A
A
A
A
A
O
A
O
A
A
O
alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa;
promoção do crescimento e desenvolvimento dos colaboradores;
integração dos diversos processos e áreas funcionais;
otimização da comunicação;
minimização da burocracia;
identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento;
enfoque efetivo do cliente interno e externo;
Otimização das ações gerenciais, tornando-as mais consistentes;
aumento da produtividade;
diminuição do índice de rotatividade;
criação de um ambiente de trabalho seguro;
aumento na satisfação dos clientes internos e externos.
Depois desta reflexão, deixo a seguinte questão: podem os
profissionais de RH continuar a transferir aos empresários a
responsabilidade pela “não” implantação do Clima Organizacional
como estratégia fundamental para o sucesso da organização?
Sabemos que de números e resultados os empresários entendem, e
muito bem. E nós de RH, entendemos bem nosso papel e
responsabilidade neste processo?
Washington Sorio é graduado em Administração de Empresas com MBA
em Gestão de RH e diversos cursos de especialização, tanto no Brasil
como no exterior. Em 2005 recebeu o Prêmio Gestão de Pessoas “Luiz
Carlos Campos”, como o “Melhor Profissional do Ano”, concedido pela
ABRH-RJ. www.washingtonsorio.com.br
15
lafstudio/divulgação
Seto r
A MARCA
“CARRO
BRASILEIRO”
16
Por trás dos óculos de aro fino, os olhos azuis do holandês Wim van
Acker não escondem uma frustração: quando conversa com seus sócios e
colegas na consultoria Roland Berger todos falam de carros indianos,
chineses e de como (e quando) invadirão as ruas do mundo todo. Só ele
fala dos carros brasileiros.
Por Rosângela Lotfi
P
roduzimos e exportamos carros, mas não somos
reconhecidos como jogadores importantes no
comércio mundial de veículos. Por quê? “Falta ao
Brasil promover a marca ‘carro brasileiro’. Temos que
olhar o mercado externo com atenção constante e
não só como projeto de curto prazo para ganhar
dinheiro quando o mercado interno está recessivo.”
Em outras palavras: parar de reclamar do real
valorizado em relação ao dólar e da conseqüente
queda de rentabilidade com as exportações e
pavimentar um caminho para inserir, de fato, a
indústria automotiva brasileira no mercado global. A
valorização do real frente ao dólar foi de 58% nos
últimos quatro anos. Quase todas as moedas do
mundo valorizaram-se em relação ao dólar, que
perde força graças ao déficit comercial dos Estados
Unidos. “Você acha que só o real se valorizou frente
ao dólar? O euro também se valorizou e não se
escuta que as montadoras européias - BMW,
Mercedes-Benz, Porsche que vendem nos EUA diminuíram seus volumes ou deixaram de exportar
porque não estão ganhando tanto quanto gostariam”,
questiona Acker. Já o Brasil manda cada vez menos
carros para fora. Comparando o primeiro trimestre
de 2007 com o mesmo período do ano passado
houve queda de 13% (182,12 mil unidades ante
201,24 mil) e se considerarmos os primeiros três
meses de 2006 em relação a 2005, o mercado já
havia caído 9,5%. Os valores se mantém estáveis e a
indústria obteve uma receita 0,1% maior com as
exportações no primeiro trimestre de 2007 ante o
mesmo período de 2006. A palavra de ordem na
indústria hoje é importar.
um estudo mundial da Roland Berger que analisou
todos os mercados do planeta para esses veículos
que impulsionarão o crescimento da demanda
mundial. “O Brasil é um país com boa
representação em carros de baixo custo, mas tem
outras regiões do mundo onde este segmento de
mercado está crescendo muito rapidamente”,
afirma van Acker. O conceito de carros de baixo
custo não é linear, um veículo desse segmento é
diferente para o europeu, para o americano, para
os países emergentes e é diferente para o Brasil.
Para uniformizar e obter estatísticas confiáveis, a
Roland Berger levantou dados do segmento AB,
compactos ou pequenos, que no mercado
brasileiro, por exemplo, vai do Celta e ao Golf.
Logo, nem todo compacto é de baixo custo. E nem
todo carro de baixo custo é espartano, desprovido
de acessórios, já que a tecnologia é cada dia mais
barata e os consumidores querem inovação. “Os
novos modelos serão equipados com tecnologias
mais acessíveis, que permitem manter o preço
baixo dos veículos”, diz Acker.
Segundo o estudo, “o segmento AB crescerá para
18 milhões de unidades nos próximos seis anos, o
que significa um quarto do mercado mundial”.
Hoje, o tamanho desse segmento é de 14 milhões
de unidades vendidas. O crescimento anual será de
4%. Esse incremento virá da China, da Índia, da
Europa Central e do Leste, impulsionado não só
pelos emergentes mas por mercados desenvolvidos.
Isso mesmo! Cada vez mais, carros compactos
serão a opção dos ricos europeus, japoneses e até
dos ricos norte-americanos, que até aqui gostavam
de grandalhões e beberrões. “As pessoas precisam
diminuir as despesas com mobilidade. Elas têm
menos renda disponível e, de tempos em tempos,
os combustíveis apresentam alta de preços. Nos
mercados emergentes há uma enorme demanda
Carros compactos para ricos
europeus
O assunto é ainda mais sério quando se fala em
carros de baixo custo ou de ultra baixo custo, foco de
17
Seto r
por mobilidade, há problemas de infra-estrutura, de
transporte público (como no Brasil) e as pessoas precisam se
locomover. E nos mercados desenvolvidos as pessoas trocam
de carros; elas saem dos usados para os novos. Também lá, o
carro não é apenas um bem de investimento, tem um
enorme valor emocional.”
Car, care, core
Com experiência de 17 anos como consultor no setor
automotivo, Win conhece os mercados europeus, o norteamericano (atualmente mora em Detroit), os latinoamericanos e também o chinês. Segundo ele, “os chineses
pensam se o carro vai vender e ponto final. Para eles,
questões como qualidade e performance de segurança não
são tão importantes.” Na visão da consultoria, a chave para o
sucesso no segmento compactos se resume a três palavras em
inglês e nem todas têm tradução simples e literal: car, care,
core. “Care” refere-se à experiência de compra do
consumidor, mas também é financiamento, seguro, serviços,
garantia, rede de revendedores. “Tudo isso é muito
importante para obter sucesso com carros de baixo custo”. Já
o “core” está relacionado ao grau de representatividade da
montadora no mercado. É importante para o consumidor,
especialmente de baixa renda, acreditar na marca, pois lá
estará investida a sua poupança. E onde estão os
consumidores, os grandes mercados? Eles estão no Japão que
18
é um dos mercados principais para veículos do segmento
AB. A frota de compactos saltará de 0,8%, ou 2.508
milhões para 2.599 milhões. Na Europa, que consome
cinco milhões de veículos desse segmento por ano e
importa 1.5 milhões, especialmente no Leste Europeu,
crescerá de 5.471 milhões para 5.758 milhões de
unidades. O continente europeu é especialmente
importante para o Brasil, que manda veículos para lá, mas
é também uma ameaça: o mercado é abastecido pelas
plantas de baixo custo e mão-de-obra barata do leste.
A demanda por veículos de baixo custo aumentará no
México, o volume subirá de 455 mil para 582 mil
unidades. No Brasil, a elevação será de 3,9%, de 1.284
milhão para 1.513 milhão de unidades e coisa similar
deverá acontecer em outros mercados de tamanho
equivalente ao nosso, como o russo, por exemplo.
Já nos EUA, onde o consumo de carros pequenos é
mínimo, a expansão será de 8,7%. Sairá de 428 mil para
705 mil unidades. “A razão principal é que as pessoas lá
não gostam de carros pequenos e, de um modo geral, os
carros são muito baratos, assim como a gasolina que é
baratíssima. Porém, acreditamos que esse segmento vá
crescer para 700 mil carros nos próximos seis anos. E há
estatísticas que apontam que pode chegar a três milhões
ao ano.” Parece muito, considerando a cultura automotriz
americana, mas o mercado é grande: as vendas totais estão
em 17 milhões de unidades por ano. A Roland Berger fez
uma análise sócio-demográfica lá e identificou o potencial:
pessoas pobres, com baixa renda, imigrantes sem história
de crédito e, exceto nas grandes capitais, há falta de infraestrutura de transporte público. “Há muita demanda
reprimida nos EUA e carros desse segmento podem ser
Qualidade é mesmo muito
importante
Qualidade é importante para aceitação e confiança dos
consumidores no mundo inteiro. A qualidade dos carros
chineses e indianos ainda não é tão boa quanto a dos
carros norte-americanos (quando se fala em qualidade,
os japoneses ocupam o topo da lista) que, por sua vez,
segundo van Acker, têm qualidade similar aos
brasileiros. Em números: 120 problemas em cada 100
veículos. “Os chineses não chegaram a esse nível. Estão
chegando, mas ainda não estão lá. E esse ‘ainda não
chegaram lá’, cria oportunidades para a indústria
brasileira.”
A China é como o Brasil, diz Win, que morou aqui dez
anos. Não há um só Brasil, há Brasis. Nas diversas
regiões há pessoas com diferente poder aquisitivo. Na
China tem regiões que são completamente diferentes
também, por isso, não é tão fácil atender esse mercado.
Na China e na Índia a utilização de capacidade e
demanda são muito distintas. A agressividade no
mercado mundial das montadoras chinesas e a decisão
firme de atender ao mercado interno e partir para
exportação não ocorre na Índia. A China já é o terceiro
maior produtor automotivo mundial, com mais de 5,7
milhões de unidades em 2006, devendo chegar aos sete
milhões em 2007. A Índia espera produzir 2,8 milhões
de veículos daqui a três anos, um milhão a mais que em
2006. “A China está desenvolvendo uma super
capacidade. É uma situação que o Brasil conhece bem,
pois na década de 1990 viveu um boom de
investimentos, de novas fábricas e a demanda não
cresceu tanto quanto deveria. O mesmo está
acontecendo no gigante asiático, o que representa um
perigo para a indústria de países como o Brasil”, diz o
sócio diretor da Roland Berger. Com a estrutura atual,
poderiam ser produzidos mais de três milhões de
veículos no Brasil, mas a expectativa é que em 2007 o
volume seja de 2,78 milhões de unidades e só em 2010,
nossa indústria alcançará a capacidade instalada, que é a
de abastecer o mercado interno e suprir os embarques.
A Índia será menos agressiva nas exportações; as
previsões de venda e produção se igualam, ou seja, o
país precisa da própria capacidade instalada para suprir
suas necessidades.
Carros populares são carros de
US$10 mil?
O mercado chinês crescerá nos segmentos de baixo
custo. Já se desenvolveu nos segmentos mais altos, que
hoje estão saturados. Os compactos, segundo
estimativas da consultoria, vão crescer dentro da China
de 1.2 milhões em 2007 para 2.6 nos próximos seis
anos, uma taxa de elevação de 13,4% ao ano. Quanto
custa para produzir o carro chinês? Tomando como base
o Chery QQ, a equipe da consultoria chegou a um
montante entre US$ 4 mil a US$ 5 mil. Para vender em
outros mercados, com os custos de logística, impostos
de importação, custos para processos jurídicos, custos
de conversão para homologação de acordo com as leis
lafstudio/divulgação
vendidos lá se tiverem boa qualidade e o nome de
marcas famosas. O interessante é que ninguém está
tentando montar uma estratégia para vender carros
baratos por lá.”
19
Seto r
em um mercado de tamanho similar ao do Brasil.
Na Rússia, o mercado vai crescer 4% ao ano. Dez
anos atrás, as montadoras globais só tinham 8% do
mercado, agora tem 40%.
Wim van Acker, da Roland Berger
20
de segurança e emissões, custos de marketing e para
estabelecer a rede de revendedores, o carro sairia por
US$ 10 mil. Ou seja, são competitivos, uma ameaça,
mas...nem tanto.Com este número em mente chegase a uma definição: carros de baixo custo são carros
de US$ 10 mil ou menos.
Os mercados locais são muito importantes para as
montadoras locais. É difícil tirar das mãos dos
chineses e indianos o mercado de seus próprios
países. Outros mercados também crescerão. Um deles
é o Brasil: nos próximos seis anos estima-se que cinco
milhões de brasileiros poderão comprar um carro e
os veículos de baixo custo desempenharão um
importante papel no crescimento de 1.5 milhões de
unidades nesse período, algo em torno de 3.9% ao
ano até 2012.
As montadoras brasileiras têm posição confortável
para atender essa demanda. Exceto Índia e China,
não são só as montadoras locais que ganham espaço
quando o mercado cresce. No leste europeu, a
Renault domina com o Logan da marca Dacia e tem
24% de participação no segmento AB, de baixo custo,
divulgação
Desenvolvendo estratégias
Importante fator de competitividade na disputa
global é desenvolver uma arquitetura de veículo
que será utilizada em ciclos cada vez mais longos,
mas com derivados (diferentes modelos como
SUVs, picapes, state wagons, hatchs, vans e sedans)
que terão ciclos de vida mais curtos. A arquitetura
tem que ser global, o design atrativo, os módulos e
sistemas utilizados os mais baratos possíveis ou já
largamente aprovados para não encarecer o
produto.
O estudo da Roland Berger conclui que o carro de
baixo custo de sucesso venderá no mínimo 260 mil
veículos/ano na Europa (número que o consultor
admite estar subestimado).
Carros de baixo custo competitivos no mundo
todo teriam de custar entre US$ 5 e 7 mil. A
indústria brasileira é muito forte e poderia
competir com qualquer outra indústria do mundo.
A engenharia nacional é adequada para o mercado
interno e para outros países do globo. A praça
doméstica, mesmo menor que a chinesa, se estável,
atrai investimentos, a distância da Europa tanto
para nós quanto para os asiáticos é a mesma, mas
ainda levamos vantagem em um ponto muito
importante: a confiabilidade e a experiência que os
parceiros internacionais têm com o Brasil. Vale, e
muito, a história de muitos anos com a Europa,
Estados Unidos e outros mercados. Tudo isso
considerado, a indústria brasileira poderia fazer
mais, obter mais êxito do que apenas os 600 mil
carros exportados por ano.
“Por que os chineses vão aumentar suas
exportações de centenas de milhares para milhões
por ano e o Brasil não? Quem, como eu, trabalha
com o mercado mundial acha muito estranho o
fato de falarem da China, da Índia, da Coréia e não
do Brasil. O País já provou sua competência de
engenharia e manufatura e tem todas as
montadoras globais instaladas aqui. Não será
possível ganhar mais espaço nos mercados externos
e impedir que os chineses, que ainda têm que
provar um monte de coisas, o façam? O Brasil
poderia ter políticas de exportação consistentes e
abocanhar milhões de dólares, que serão dos
asiáticos se nada for feito”, questiona van Acker.
Não só as montadoras poderiam fazer mais. O
governo poderia fazer seu papel, estabelecendo
uma política industrial consistente, acordos
comerciais e reduzindo impostos. Assim, os colegas
de Win van Acker saberiam do que ele está
falando.
divulgação
Bandeira
Top 10 e
Importados Top 5
A
Atenção total ao cliente resulta em um
atendimento “nota 10”. Este foi o mérito
dos concessionários VW que, como prêmio,
irão aproveitar as merecidas férias em um
dos lugares mais bonitos do mundo.
No mês que vem, junho, os 10
concessionários Volkswagen vencedores da
campanha Top 10 e os cinco ganhadores da
Importados Top 5 estarão desfrutando do
conforto e da beleza de Dubai, no oriente
médio. Esses empresários e suas equipes
trabalharam arduamente durante o ano,
aperfeiçoando processos e ajustando a rotina
do dia-a-dia para atingir os objetivos
propostos pela Montadora.
24
lém da viagem a Dubai e da
hospedagem de 7 dias no Burj Al Arab, o hotel
mais luxuoso do mundo, os campeões ganharão
um curso de pilotagem em um Lamborghini no
autódromo local e um safári 4X4 em um Touareg
pelo deserto.
Rodeada por desertos, dunas de areia e as
supreeendentes montanhas Hajar, Dubai abriga
inacreditáveis construções de alta tecnologia e
oferece uma infinidade de coisas para fazer, ver e
ouvir. Há desde atrações modernas até as mais
tradicionais, como uma das maiores pistas indoor
de esqui do mundo ou uma visita à casa do Sheik
Saeed Al Maktoum´s e prestigiar uma coleção de
fotografias antigas e históricas. Uma das maiores e
mais lindas mesquitas, a Jamairah, está lá e é um
moderno exemplo da arquitetura islâmica, inteira
feita de pedras na medieval tradição Iatimid.
O Burj Al Arab
Campanha Nacional Top 10
CLASSIFICAÇÃO
1º
2º
3º
4º
5º
REGIÃO
3
6
6
6
6
CONCESSIONÁRIO
Corujão
Euromar
Saga
Disbrave
Discautol
CATEGORIA
A
A
A
A
A
1º
2º
3º
6
5
1
Autobel
Disnove
Sorana
B
B
B
1º
2º
3
3
Piramide
Somaco
C
C
Campanha Importados Top 5
CLASSIFICAÇÃO
1º
2º
REGIÃO
1
3
CONCESSIONÁRIO
Caraigá
Servopa
CATEGORIA
I
I
1º
2º
1
1
Sorana
Biguaçu
II
II
1º
4
Recreio BH
III
“DOUTORES EM VOLKSWAGEN”
Este é, por enquanto, o hotel mais luxuoso do mundo e
uma das grandes atrações em Dubai. Devido à sua
arquitetura única e original, o hotel é parte de uma ilha
artificial distante 280 metros da praia e seu acesso é feito
por uma via em curva. Ou seja, os visitantes começam a
descortinar a beleza da paisagem paulatinamente.
Já o hotel, é um espetáculo em si mesmo. No hall há uma
fonte de vários lances, dispostos como degraus. Os jatos
d´água fazem uma coreografia sincronizada, iluminada à
noite por luzes coloridas. As paredes são formadas por
aquários altíssimos, com peixes de água salgada, e é por
todo esse luxo que o Burj Al Arab é considerado um “sete
estrelas”. Aliás, sete também é o número dos restaurantes
que o hotel possui. Dentre eles, destacam-se o Al Mahara,
um restaurante submarino, onde além da fantástica
culinária pode-se
apreciar a profundeza
do mar e suas criaturas
fantásticas, como
tubarões, corais e
outras espécies e o Al
Muntaha, um
restaurante panorâmico
semi-suspenso no ar,
com uma vista única
sobre o deserto e que já
se tornou uma
referência da cidade.
Foi altamente produtiva a
“Semana de Atualização” dos
Instrutores do Treinamento
Assistência Técnica da
Volkswagen. Como se sabe, o
projeto conta com representantes
dos Centros Regionais de
Treinamento de todo o Brasil e tem
o objetivo de garantir a qualidade das
informações passadas à Rede de
Concessionárias, por meio de um
processo de aprendizagem eficaz.
Naturalmente, a meta do programa é
assegurar uma maior satisfação dos
consumidores, garantindo maior retenção
e fidelidade dos mesmos.
O gerente de Treinamento do Pessoal da
Rede, Wolfgang Mathias Pfeiffer, reforçou
o objetivo da montadora que é,
prioritariamente, a alta performance em
atendimento. Na esteira da campanha de
Pós-Vendas, “Doutores em Volkswagen”,
os instrutores receberam atualizações
sobre motores, transmissões e ELSA,
entre outros assuntos. Hoje eles já devem
estar retransmitindo os conhecimentos
adquiridos às suas bases - São Bernardo
do Campo, Bauru, Porto Alegre, Curitiba,
Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte e
Recife.
25
lafstudio/divulgação
Bandeira
Carros de luxo
Volkswagen Super
Surf
Agora, a Linha Passat e Passat
Variant passa a ser ofertada com
uma nova estrutura, para atender o
mercado de veículos importados
com o que há de melhor em termos
de design, qualidade, segurança e
conforto. O motor Turbo 200 cv, que
equipava somente a versão top de
linha – Highline, passa a equipar
também a versão de entrada –
Comfortline, além do retorno da
versão V6 ao mercado brasileiro,
com toda força, no auge dos seus
250 cv de potência
26
Aconteceu de 2 à 6 de
maio, a segunda etapa
do SuperSurf na praia
de Itaúna - Saquarema
- Rio de Janeiro. Já é o
sexto ano consecutivo
que a Volkswagen é patrocinadora oficial do
Campeonato SuperSurf, um dos mais importantes
campeonatos de Surf do Brasil. Um grande evento
que reúne os mais renomados esportistas brasileiros.
Com uma estrutura que oferece sinergia entre o
Marketing da Volkswagen, a Rede de
Concessionários e o principal, seu público. Além de
ter ampla divulgação na mídia televisiva, impressa e
internet. O estande apresentou os modelos
CrossFox, SpaceFox e o Novo Golf. A próxima etapa
será no litoral norte de São Paulo, na cidade de
Ubatuba/SP, de 20 a 24 de maio.
lafstudio/divulgação
Bora
,
sucesso absoluto na
Stock Car
Fox
O Volkswagen Bora começou bem – e no pódio - a
sua participação na temporada 2007 da Copa Nextel
Stock Car, a principal competição multimarcas do
automobilismo brasileiro. A corrida foi realizada dia
21 de abril, domingo de manhã no autódromo de
Interlagos, em São Paulo. Pilotado por Daniel Serra –
filho de Chico Serra, um dos maiores nomes do
automobilismo nacional – o sedan largou na pole
position, apresentou excelente desempenho e
completou a prova em terceiro lugar. Também
conquistamos o quarto lugar, com o piloto Hoover
Orsi. O presidente da Volkswagen do Brasil,Thomas
Schmall assistiu a corrida e participou da festa. Ele
entregou a taça de terceiro colocado a Daniel Serra.
Fox
Portenho
Poucos, muito esportivos e super charmosos. Não é o
slogan de uma revista feminina, mas certamente
revela os atributos que muitas mulheres apreciam no
sexo oposto: exclusividade, dinamismo e sex appeal.
Na verdade, estas qualidades pertencem ao Fox
Sportline, uma edição limitada do modelo destinada
ao mercado argentino. São apenas 700 unidades,
dotadas de volante multi funcional em couro, saias
laterais, spoilers nos pára-choques dianteiro e
traseiro, farol duplo, lanterna e farol de neblina,
aerofólio traseiro e ítens de conforto como espelhos
interno Auto focus e externo Tilt-down.
Route
O Fox é considerado o modelo da VW do
Brasil com o maior potencial de penetração
entre os jovens devido às suas
características exclusivas em termos de
design, espaço interno e versatilidade em
seu segmento.
O Fox Route é a primeira série especial do
Fox com foco no público de espírito jovem.
Esse público é em sua maioria guiado pela
imagem e se interessa por novidades
tecnológicas para uso no dia-a-dia.
O Fox Route será ofertado nas
motorizações 1.0 Total Flex (5Z1HC4) e
1.6 Total Flex (5Z1HE4) e também será
vendido na versão 4 portas, com destaque
para ítens visuais de série com grande valor
agregado como:
• Rodas de liga leve
• Faróis duplos
• Antena de teto
• Tape preto na coluna B
• Aerofólio na tampa traseira na cor do
veículo
• CD-Player MP3 Clarion com entrada USB*
• Pen drive de 512 MB*
• Interior com tecido exclusivo
• Soleira exclusiva com o nome da série
27
A Passeio
fotos: stock.xchng
Kimono X HDTV
Conhecer o Japão é uma
dessas experiências
mágicas e inesquecíveis.
Para começar, a viagem é
longa e vai alimentando
nossa fantasia. O que
esperamos encontrar?
Uma paisagem bucólica,
montanhosa, coberta por
um verde veludo muito
bem cuidado e salpicado
de casas singelas de
madeira com luminárias
de papel de arroz.
T
Por Paulo Brumus
udo muito clean, místico e
harmonioso. De repente, de uma porta
dupla de correr, surge uma moça, linda
em seu traje de seda colorida, cheio de
adereços. Ela caminha ligeira a passos
curtos, como que suspensa no ar. Os pés
pequenos, cobertos por meias, estão
enfiados em getas, as clássicas sandálias
de madeira. Nas mãos ela traz uma chawan, a tigelinha de chá verde. Perfeito,
não? E possível. O mais interessante do
Japão é que ele convive esplendidamente
com dois opostos: a tradição milenar e o
mundo high-tech. A cineasta Sophia
Coppola em seu belíssimo filme
“Encontros e Desencontros” abordou
muito bem esse aspecto. Quem viu o
filme, não pôde ficar indiferente à
surpresa sentida pela protagonista ao
descer do seu apartamento em um
moderníssimo hotel de luxo em Tóquio e
entrar em uma das salas do lobby onde
senhoras de kimono montavam ikebanas
- arranjos florais onde o que prevalece é
o aspecto harmônico linear e não a
profusão de flores, como no ocidente. O
contraste é marcante e acaba pontuando
todo o filme. A noite de Tóquio é uma
loucura. Acontece de tudo e todo tipo de
gente é vista. Enquanto alguns jogam
alucinadamente em caças-níquel outros
desafinam sem medo nos karaokês. Uma
profusão de luminosos confunde os turistas
que olham para o alto tentando identificar
o que dizem e em seguida para a multidão
que transita nas ruas tentando evitar
encontrões. Sim, é um clima de pura
adrenalina, mas muito seguro. O risco de
ser assaltado é pequeníssimo, assim como
o de ser enganado por taxistas,
comerciantes ou qualquer cidadão a quem
se peça uma informação. Aliás, se você não
sabe, memorize: não existe “dar gorjetas”
no Japão. Os profissionais se sentem
ofendidos, já que além de se considerarem
bem pagos pelas funções que
desempenham à beira da perfeição, é uma
afronta receber dinheiro como gratificação.
A ética japonesa, a obrigação de ser
correto, cortês, educado e disciplinado é
um traço comum da sociedade. É o que
mais nos encanta e o que, no fundo, mais
invejamos. Porque é esta cultura do “ser
japonês” que fez daquele país, pobre em
recursos naturais, uma das maiores
potências mundiais, detentor de inúmeros
títulos, recordes e conquistas. Uma das
mais recentes é a da Toyota, que
roubou a liderança na estadunidense
GM depois de 73 anos.
O arquipélago
A “Terra do Sol Nascente” – Nippon –,
no extremo oriente do Globo é um
arquipélago (compreende quatro
grandes ilhas - Honshu, Shikoku,
Kyushu e Hokkaido -, além de mais de
três mil ilhas menores nas adjacências)
situando ao longo da costa leste da
Ásia. Através do Mar do Japão e do Mar
de Okhotsk, o Japão tem como
“vizinhos” a Rússia, Coréia do Sul e
Taiwan. Cerca de 73% do país é
montanhoso, com uma cordilheira no
centro de cada uma das ilhas
principais. A montanha mais alta do
Japão é o famoso monte Fuji com
3.776 metros de altitude e seu ponto
mais baixo fica no lago Hachirogata,
quatro metros abaixo do nível do mar.
O litoral marítimo do Japão
(29.751 km) é aproximadamente
quatro vezes maior que o litoral
brasileiro (7.491 km).
31
A Passeio
Noite em Tóquio
mil) e filipinos. A maioria dos brasileiros
residentes no Japão são nikkei (descendentes
de japoneses) que vivem e trabalham no
Japão legalmente e são conhecidos como
dekasseguis.
A população do Japão é de cerca de 130
milhões de pessoas, ou seja, muita gente
para pouca terra, mas isso não é um
problema para a longevidade das pessoas. A
expectativa média de vida é de 81 anos, uma
das maiores do mundo, e a taxa de
mortalidade infantil de 3,4 para cada mil
nascimentos.
A potência
A origem do país remonta há 30 mil anos,
no período pré-cerâmico, quando povos
caçadores e coletores chegaram às ilhas. A
agricultura do arroz e o desenvolvimento
de armas de metal (grande tradição
japonesa) permitiram o surgimento de
pequenos Estados que permaneceram em
guerra durante muito tempo, até serem
unificados no século IV pelo clã Yamato.
Porém, a aristocracia samurai se opôs ao
poder central nos séculos seguintes e as
guerras continuaram, caracterizando o
Japão como um país belicoso.
O poder do imperador foi restabelecido
apenas em 1868, quando a nação viveu
um período de desenvolvimento
econômico e de expansionismo. Após as
vitórias nas guerras sino-japonesa (18941895) e russo-japonesa (1904-1905), o
país conquista a Coréia e as ilhas de
Taiwan e de Sacalina, mantendo também
interesse sobre a Manchúria.
A onipresença do
Imperador
A história moderna já é conhecida por
todos. Após uma crise econômica na
década de 1920, o país alia-se com a Itália
e a Alemanha na Segunda Guerra
Mundial, invade a Manchúria, estabelece o
governo de Manchukuo e ataca a base dos
Estados Unidos em Pearl Harbor. As
conseqüências, também de domínio
público, forjaram a personalidade
32
O Japão continua sendo a segunda potência
econômica mundial (a maior é a economia
dos Estados Unidos) em decorrência de seu
grande parque industrial. Dentre as
principais atividades estão a indústria
automobilística (o país é sede mundial das
montadoras Toyota, Nissan, Honda,
Mitsubishi, Mazda, Daihatsu, Suzuki,
Subaru, Isuzu e Hino), a indústria eletrônica
e de informática, a siderurgia, a metalurgia, a
construção naval e química, com destaque
para as indústrias com tecnologia de ponta
nestes setores. A maior parte dessas
indústrias concentra-se na faixa litorânea,
devido a dependência de matérias-primas,
transportadas em grande parte por via
marítima. As exportações japonesas, em
geral de produtos industriais, ultrapassam os
320 bilhões de dólares e incluem produtos
eletroeletrônicos, automóveis, embarcações e
maquinário industrial. No entanto, o Japão
possui reduzidos recursos minerais e
energéticos. Sua dependência externa em
relação a esses produtos ultrapassa 90% do
consumo nacional.
As principais atividades econômicas do
Japão circulam entre as ilhas de Hokkaido,
Honshu, Shikoku e Kyushu. O Japão é
cortado por uma eficiente malha rodoviária e
ferroviária que liga o país de norte a sul, mas
apesar do vasto uso das linhas ferroviárias
do Japão-grande-potência que
conhecemos. Sua derrota na Segunda
Guerra depois dos bombardeamentos de
Hiroshima e Nagasaki, e a subseqüente
ocupação pelos Estados Unidos até 1952,
deram ao Japão motivos suficientes para,
nas três décadas seguintes, experimentar
um grande crescimento econômico,
movido pela exportação de produtos de
alta tecnologia.
Embora o Japão tenha um sistema político
democrático e pluripartidário (há seis
grandes partidos políticos, sendo o mais
forte o Partido Liberal Democrata, no
poder desde 1955), o país tem um
imperador e de acordo com a sua
constituição, o imperador é o símbolo do
Estado e da unidade do povo. Ele não
possui poderes relacionados ao Governo,
mas exerce o “poder da
tradição”, mais um evidente
sinal da boa convivência
entre o antigo e o novo.
A população japonesa é
bastante homogênea, sendo
quase toda composta por
japoneses, mas como se
sabe, há um significativo
numero de estrangeiros.
Legalmente são cerca de 2
milhões e meio e as
principais colônias são as
dos coreanos, chineses,
brasileiros (em torno de 400
Outono em Kioto
para carga, cada vez mais o transporte
rodoviário vem se tornando vital para a
distribuição de produtos e isto faz com que
seja gigantesco o gasto do orçamento em
infra-estrutura em transporte. Para
encurtar a distância entre as ilhas Honshu
e Hokkaido, a engenharia japonesa
construiu duas pontes e um imenso túnel
com 54 quilômetros de extensão. A
propósito, são inúmeras as pontes no
Japão: antigas, modernas, grandes e
pequenas, todas belíssimas e reveladoras
da excelência da arquitetura nacional. Para
apreciá-las basta ir a um dos inúmeros
parques. Sobre lagos, pedras ou
simplesmente para unir pontos, elas
contribuem para um conjunto
extremamente bucólico, relaxante e
harmonioso, o que faz dos jardins
japoneses os mais apreciados em todo o
mundo.
Exportador de cultura
Hoje, o Japão é um dos maiores
exportadores do mundo de cultura
popular. Os desenhos animados, filmes,
literatura, pornografia e música japoneses
conquistaram popularidade em todo o
mundo, e especialmente nos outros países
asiáticos, mas há também diversas artes
tradicionais que merecem a atenção do
turista, não só por sua beleza e delicadeza,
mas pela história que revelam. É o caso do
Noh, o Kyogen, o Raku-go, o Kabuki, o
Yosakoi Soran e o Bunraku no teatro; o
Shibu, dança com leque que acompanha o
recital de um poema, e o Kembu, dança
com espada, na dança; o Taiko, Enka,
Sankyoku, Joruri e os populares Karaokês
na música; o Ukiyo-e, Emakimono e Sumie na pintura e, claro, na estética, os Bonsai,
Origamis, Ikebana e o Shodo, a arte da
caligrafia.
E o bom de conhecer toda essa arte é a
comodidade que o metrô e os trens
oferecem. Embora o fluxo de pessoas seja
grande, o serviço de transporte público é
extremamente organizado e absolutamente
pontual. Os funcionários não medem
esforços para se fazer entender em inglês e
o turista é tratado como um rei. Para se ter
uma idéia, ao comprar a passagem, você já
sabe onde tem que se posicionar na
plataforma. Através de uma sinalização
colorida aérea e terrestre, você entende,
sem stress algum, que o seu vagão parará
exatamente à sua frente e no horário
marcado. Maravilhoso.
Se for às compras no supermercado,
porém, atenção: olhe apenas com os olhos
e não com as mãos, “à brasileira”. Tudo o
que se toca, se compra.
Além de serem muito
severos com a higiene,
recordo que o país não é
fértil e tudo vem de fora,
elevando naturalmente o
preço dos produtos.
Frutas, por exemplo, são
artigos preciosos,
comumente dadas de
presente a pessoas
convalescentes, tamanho
Portão flutuante de O-torii-Miyajima
é o seu valor.
Outro detalhe a observar
pessoa, incluindo duas refeições, gira em
é que as moedas estrangeiras são aceitas
torno de 20 ienes, fora o imposto de 5% e
apenas em um número limitado de hotéis,
a taxa de serviço de 10%, o que acaba
restaurantes e lojas de souvenires, então, é
sendo equivalente aos hotéis de redes
preciso ter ienes na carteira. Pode-se
internacionais e ocidentais em Tóquio,
cambiar ienes em bancos, nas agências de
sem as refeições.
câmbio e outros locais autorizados.
O Japão é lindo todo o ano, mas a
Travellers checks e cartões de crédito
primavera, naturalmente, é a estação mais
internacionais são aceitos sem problemas.
agradável, não só por causa da
No paraíso das compras que é o Japão,
temperatura, mas pelo fato de as cerejeiras
especialmente no tocante a eletrônicos
– árvore símbolo do Japão – estarem em
(zona de Akihabara), cabe uma ressalva: o
flor. Acredite, é algo digno de ver.
preço é bem alto se se tratar de uma
As cerejeiras florescem primeiro em
novidade “made in Japan”. Um produto
Kyushu, que é a região mais quente, no
equivalente com o selo “made in China”
início de março, mas essas lindas árvores
pode custar a metade. O mesmo vale para
podem ser contempladas repletas de flores
os eletrônicos que “já saíram de moda”
até maio no nordeste do país.
(tenha presente que a cada minuto surge
Já o verão, que começa em junho
uma novidade nesse segmento...) “made
trazendo muitas chuvas, é quente e
in Japan”.
úmido, mas as praias e montanhas ficam
Há várias lojas e shoppings centers onde
cheias de gente, o que proporciona
se pode gastar dinheiro. Desde lojas
diversão garantida. Mesmo porque, esta é
especializadas, até de departamentos,
a época do plantio do arroz e há muitas
onde souvenires podem ser adquiridos no
festas populares, entre elas, a escalada ao
duty free. Para isso, tenha sempre o
Monte Fuji.
passaporte à mão. Com isso, você fica à
Agora, se você é um romântico e gosta da
vontade para escolher os artigos japoneses
natureza, precisa visitar o Japão no
que mais fascinam os ocidentais, como
pérolas, kimonos e obis (faixas), artigos de outono. É quando o arquipélago apresenta
uma profusão de cores, que vão do
laca, lanternas (de papel produzidas na
vermelho-dourado ao amarelo pálido. É
província de Gifu), cerâmicas e louças
também a estação da colheita, por isso
para a cerimônia do chá, seda, artigos de
rolam inúmeros festivais e campeonatos
bambu, bonecas e leques, sempre muito
esportivos. E no inverno, que não é tão
coloridos e atraentes.
forte quanto na Europa ou Estados
Unidos, a dica é esquiar nas regiões
Acomodação em estilo
montanhosas, onde a neve é abundante.
japonês
Diversos esportes são praticados no Japão.
Pense como pode ser interessante ao invés
Eles variam desde os tradicionais, como as
de ficar no arranha-céu do filme de
artes marciais, em especial o Judô, o
Sophia Coppola, hospedar-se em um
Karatê, o Kendo e o Sumo, assim como o
ryokan. Os ryokans existem em
basebol. O governo proporciona acesso
abundância nas áreas turísticas,
a diversas modalidades esportivas a
notadamente nas termas. Nesse tipo de
seus habitantes, entre elas, o tênis,
habitação, o quarto, a sala de banho e as
tênis de mesa, vôlei e natação, o que
refeições são no estilo japonês, o que
tem garantido aos japoneses
significa um ambiente forrado com
inúmeras medalhas olímpicas e
tatamis limpos e macios, decoração sóbria
recordes ao longo dos anos. Uma
e de bom gosto. A diária média por
33
A Passeio
Trem-bala em Osaka
curiosidade é o crescente interesse dos
meninos japoneses pelo futebol, que
ganhou popularidade com a chegada de
Zico ao campeonato local que surgia, a JLeague. Desde então, os clubes da liga
contam com muitos atletas estrangeiros,
principalmente brasileiros. Apenas para
recordar, em 2002 o país sediou a Copa do
Mundo em conjunto com a Coréia do Sul,
chegando à fase de oitavas-de-final.
Templos e termas
O Japão tem centenas de estações de águas
termais, e há dois mil anos os japoneses
tomam “banhos quentes”. Não surpreende
que tenham se tornado experts no assunto
e por isso seus spas são os mais procurados
do mundo. Eles oferecem uma infinidade
de maneiras para o turista experimentar o
ato de se banhar (onsen) num balneário de
água mineral quente. Ah, sim, há também
a tradição de se comer um ovo cozido
naquela água, que de tanto enxofre deixa a
sua casca preta. Diz a lenda que a cada ovo
daqueles ingerido, sua vida aumenta sete
anos. Pelo sim, pelo não, não deixe de
provar. O gosto é de um ovo cozido
comum e corrente.
A prática dos banhos quentes tem se
difundido também entre os jovens e os
executivos em visita de negócios, o que
tem tornado cada vez mais populares os
spas perto de Tóquio, entre os quais
destacam-se os de Hakone, Atami,
Tonosawas, Ito, Kinugawa, Nasu, Nikko e
Shiobara.
Outro atrativo turístico que enlouquece os
ocidentais são os castelos e os templos,
estes, carregados de beleza, paz e história.
Super bem conservados, não há palavras
para descrever o impacto que
proporcionam.
34
Entre os castelos, não
deixe de visitar o Nijo,
construído em 1603 e com
275 mil metros quadrados, para
ser a residência oficial do primeiro
Tokugawa Xogum leyasu. Por isso
ele é representativo da mais elevada
arquitetura Momoyama e é
considerado uma relíquia histórica.
Já o Castelo de Ouro (Kinkaku –ji),
Sagano-Kioto
na cidade de Kioto, famosíssimo
mundialmente por ter o pavilhão
recoberto de ouro, chama-se
Entre os templos mais antigos e importantes,
verdadeiramente Rokuonji, um templo
destaca-se o Kiyomizu-Dera (Templo das
zen que pertence à seita de Shokokuji do
Águas), da era Hoki (778 d.C). Conta-se que
Rinzai-shu. O castelo recebeu este nome
há mais de 1200 anos, Enchin, um monge de
em razão do seu fundador, Yoshimitsu
Nara, teve uma visão onde deveria procurar a
Ashikaga (Rokuon-in-den), ter nascido em nascente do rio Yodo. Depois de uma longa
Rokuya-on, local onde Buda orou pela
procura, encontrou no monte Otowa, em meio
primeira vez.
a uma névoa, uma pequena fonte e lá surgiu o
Kiyomizu-Dera. Mas por falar em Nara, e
Novamente as cerejeiras
estando lá, não deixe de conhecer o parque,
em flor
onde fica o Kofuku-ji, um templo budista dos
A melhor época para visitá-lo é na
mais antigos do Japão. Localizado logo na
primavera, quando as cerejeiras que
entrada, o templo data de 669 d.C e foi
enfeitam os portões de entrada principal,
fundado pela esposa de Fujiwara Katari, um
estão super floridas. Mas se você for no
dos Shogum da grande família Fujiwara que
outono não ficará desapontado, pois as
comandou o país do VIII ao XII século.
folhas estarão quase vermelhas.
Enquanto o país vivia guerras civis em
O castelo tem três andares e
continuação, o templo manteve um exército
aproximadamente 13 metros de altura;
de soldados monges para sua proteção. E
reúne também três estilos diferentes: o de
enquanto reinava a família Fujiwara,
palácio propriamente dito no primeiro
prosperava também o templo, até começar o
andar, uma casa de samurai no segundo e
seu período de declínio, no século XII. Hoje,
um templo Zen no terceiro. A estrutura,
após séculos de história, de ruínas e
esmerada e nobre, emoldurada por uma
reconstruções, o templo Kokufi-ji tem um
lagoa, forma um dos conjuntos
significativo acervo de arte, protegido contra
arquitetônicos mais bonitos do mundo.
fogo e terremotos que merece ser visto.
Outro castelo que merece a vista é o
Nagoia, construído em 1612. Localizado
Santuário Futamiura
na cidade de mesmo nome, em meio ao
O Santuário de Futamiura fica localizado na
parque Meijo, é um verdadeiro campo
praia de mesmo nome, em Ise-shi, Mie-ken,
verde dentro da cidade. Entre as
cidade vizinha à famosa Toba (Cidade das
construções que restaram, a Hommaru
Pérolas).
Palace conta com painéis pintados pelo
Na era Tokugawa, a praia era muito utilizada
famoso artista da época, Sadanobu Kanou.
para o banho, já que suas águas limpíssimas
Hoje, após várias restaurações, o castelo
serviam para purificar-se antes de visitar o
tem elevador para facilitar a visita até o
templo de Ise.
quinto andar, de onde se tem uma vista
O incrível do santuário é que ele é formado
espetacular da cidade.
por duas pedras, amarradas por uma corda. O
espetáculo é indescritível, especialmente ao
nascer do sol, quando o astro sobe entre as
duas rochas. Para muitos, é o nascer do sol
mais lindo do planeta. Daí o nome Futamiura.
Futami significa “olhar mais um vez”.
Mas em Ise, o interesse do turista curioso por
excentricidades também não será frustrado.
Uma tradição de 2 mil anos continua: a de
oferecer aos deuses frutas e verduras
Apartamento tipo “cápsula” em hotel
de Shinjuku-eki
Jardim do templo
de Kioto
Casa típica japonesa
O JAPÃO
QUE VEJO
Por Hugo Goldfeld
Vou ao Japão desde a década de 70,
quando representava o estado de
Goiás no JICA - Japan International
Cooperation Agency, um órgão
cultivadas apenas por fertilizantes naturais e,
facilitador de transferência de
quando colhidos, rigorosamente lavados. Os
tecnologia e de instalação de
alimentos são cultivados por homens que se
empresas japonesas no Brasil. Mas
purificam nas águas diariamente e sempre vestem
todas as vezes, pisar em território
roupas brancas e limpas para trabalhar.
japonês é uma experiência e tanto. É
Um sal grosso também é feito manualmente no dia
sempre surpreendente e revelador. O
mais quente do verão e tratado no fundo do
Japão é um mistério. Acho mesmo
Santuário Mishioden. No dia 15 de outubro esse
que nenhum ocidental consegue
sal é queimado para se fazer o Katashio (a
entender, com profundidade, a
oferenda), quando os sacerdotes de Ise Shrine e os
cultura, os hábitos e a rígida
trabalhadores que o produziram participam
disciplina dos japoneses. Uma das
juntos de um antigo ritual.
primeiras e principais barreiras é a
E antes de voltar a Tóquio para pegar o avião que
língua. Nem tanto a língua falada,
o trará novamente à realidade, retorne a Kioto ou
que se pode aprender, mas a escrita,
vá pela primeira vez, conforme o seu roteiro.
que pode comprometer até traduções
Kioto é uma típica cidade onde a tradição
técnicas. Depois, existe a hierarquia e
milenar japonesa foi preservada. Percorra as ruas
o caráter reservado do povo. Numa
e absorva a atmosfera das casas tradicionais, os
mesa de negociação, por exemplo, é
jardins e o dia-a-dia do Japão tranqüilo. Ah, não
difícil perceber o que eles pretendem,
deixe de visitar a Escola de Gueixas. Isso
porque não deixam transparecer
mesmo, a cidade mantém uma escola de
nenhuma emoção. Aliás, a emoção é
gueixas, e elas podem ser vistas a todo o
algo naturalmente reprimido, já que ao
momento, passeando pelas ruas em seus trajes
serem obrigados a viver em casas
luxuosos e postura elegante. Não resista, peça
pequenas - dada a limitação de espaço
para tirar uma foto ao lado de uma delas. Elas
-, feitas de papel e madeira, são
vão atendê-lo com a maior atenção. A atenção
acostumados a falar baixo e a ser
digna de uma gueixa.
extremamente discretos desde crianças.
Boa viagem.
Também se diz que os japoneses não
gostam de ser tocados, não gostam de
abraços, sequer de apertos de mão, pelo
mesmo motivo. Sendo obrigados a
partilhar pequenos espaços entre muitos
- o Japão deve ter a metade da área do
estado de Goiás e quase a população do
Brasil - esse tipo de “intimidade” está
completamente fora de cogitação em
qualquer relação comercial. Por outro
lado, a educação, a cordialidade e o
preparo intelectual dos japoneses é algo
que merece ser exaltado. Não por outra
Cerejeira, árvore
razão conseguiram transformar um
símbolo do Japão
arquipélago pobre em uma super potência
tecnológica. E o mais
bonito: sem perder as
tradições. Eu costumo
dizer que
diferentemente da
Europa, que a cada dia
fica mais “velha” com
tantos problemas sociais, o Japão fica
apenas mais “antigo”, porque consegue
conviver harmoniosamente com a
tradição e o respeito por templos de
900 anos e jovens de cabelo verde
comandando computadores de última
geração. Isto não significa o melhor
dos mundos nem que sejam perfeitos.
É conhecido o alto índice de
insatisfação pessoal que aflige o povo
japonês, certamente pelo excesso de
trabalho e pelas pressões de uma
sociedade altamente competitiva que
exige, no mínimo, o máximo de cada
cidadão. Acredito que este também
seja um dos motivos pelos quais não
se privam da happy hour ou mesmo do
saquê na hora do almoço, um hábito
(ou uma fuga), comum e
perfeitamente aceito. E como todo
povo, o japonês também tem suas
excentricidades. Para mim, a mais
interessante é o teatro Kabuki, como
se sabe, estrelado apenas por homens.
O pitoresco não é o fato dos homens
fazerem também os papéis femininos uma tradição milenar - mas de
existirem apenas 12 peças escritas,
que são encenadas ao longo dos
séculos repetidamente e sempre com
muito público!
Por isso e por muito mais, recomendo
a todo mundo que visite o Japão. Não
só os templos belíssimos, mas os
jardins, a oferta infinita de consumo, a
gastronomia, e a atmosfera
completamente diferente daquela a
que estamos habituados no ocidente
merecem a visita. E não se assustem, o
Japão não é tão caro quanto dizem.
Tudo depende do que se quer comprar.
Se forem produtos eletrônicos, eles
custam um pouco mais do que nos
Estados Unidos e menos do que na
Europa, mas a comida, por exemplo,
é mais cara. Evidentemente, não vá
pedir carne, porque em um país
pequeno, onde 80% do território
é montanhoso, fica mesmo muito
difícil criar vacas...
VW Govesa, Goiânia - GO
35
Administração
O custo de capital de uma
empresa é uma média ponderada
dos custos dos recursos próprios e
de terceiros utilizados pela
empresa. É muito importante ter
em mente este número, mesmo
sabendo que se trata de uma
aproximação.
O conceito de
Custo de Capital
e suas aplicações
P
36
Por Ademar Campos Filho
ara desempenhar as suas atividades, as empresas
utilizam recursos próprios (recursos dos sócios, mais os
lucros gerados) e recursos de terceiros, na forma de
empréstimos e financiamentos. A totalidade dos recursos
próprios e de terceiros é mostrado do lado direito do
balanço patrimonial (passivos e patrimônio líquido). Estes
recursos permitem que as empresas façam as aplicações
necessárias para o giro das operações (duplicatas a receber,
cheques a receber, estoques...) e também em imobilizações
( terrenos, prédios, máquinas, móveis...) Os recursos
próprios têm um custo, de quantificação não muito fácil,
mas que precisa ser considerado nas decisões de negócio.
O custo dos recursos próprios não é reconhecido pela
contabilidade. A legislação do Imposto de Renda permite,
dentro de certas condições, o reconhecimento para fins
fiscais dos juros sobre o capital próprio (lei 9249/95).
Entretanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
recomenda que os juros sobre capital próprio sejam
mostrados como distribuição de lucros, permitindo assim a
comparação entre os resultados das empresas.
Os recursos de terceiros também têm custos, mas estes são
de fácil quantificação e mostrados na contabilidade como
despesas de juros.
Do anedotário empresarial, conta-se que um gerente de
departamento muito amigo do contador e do financeiro
solicitava a ambos que só utilizassem recursos próprios nas
atividades do seu departamento e que, portanto, nenhum
juro fosse atribuído a seu departamento.
O custo de capital de uma empresa é uma média
ponderada dos custos dos recursos próprios e de terceiros
utilizados pela empresa. É muito importante ter em mente
este número, mesmo sabendo que se trata de uma
aproximação.
Espera-se que o retorno obtido pela empresa seja
igual ou superior ao custo de capital da empresa .
Assim, se o retorno obtido for de 20% e o custo
de capital de 18% , a empresa terá obtido lucro
econômico de 2 pontos percentuais . Este é o
conceito de Economic Value Added (EVA) ou
Valor Econômico Adicionado. Só há lucro
econômico após remunerar a totalidade dos
recursos utilizados, sejam eles próprios
ou de terceiros.
O conceito EVA aplicado em uma empresa estimula a busca
de padrões mais altos de eficiência quando comparados aos
padrões de lucro contábil, que considera lucro o que vai
além da remuneração dos recursos de terceiros.
Este conceito pode ser aplicado na avaliação de desempenho
dos centros de lucro de uma concessionária de veículos.
Considerando que as decisões envolvendo imobilizações não
são tomadas pelos gerentes e ainda há dificuldade de alocar
estas imobilizações aos centros de resultados, podemos nos
concentrar em medir o capital utilizado no giro dos negócios
dos departamentos de veículos novos, veículos usados,
peças/acessórios e oficina. Em seguida, podemos calcular o
custo do capital utilizado no giro dos negócios daquele
departamento.
Teremos então identificado para cada centro de resultado, as
receitas, despesas e o custo do capital utilizado no giro. Ao
resultado final encontrado podemos chamar de lucro
econômico do departamento. É uma ótima base de cálculo
para a remuneração dos gerentes de cada departamento. E
quando todos os gerentes “correm” atrás de lucro
econômico, os resultados da concessionária tendem a ser
superiores.
Dispor de informações com qualidade é um forte aliado para
buscar resultados superiores em qualquer empresa, inclusive
em concessionárias de veículos. Se você tem informações
com qualidade, sabe dos efeitos positivos. Se não as tem,
ainda é tempo de consegui-las.
Ademar Campos Filho é consultor de empresas, pós graduado em
Administração Contábil e Financeira pela EAESP-FGV de São Paulo. É
sócio da Advance Consultoria Empresarial, especializada em gestão
de concessionárias de veículos.
e- mail [email protected]
Freio Solto
O mito da
imparcialidade
Quando o jornal precisa ouvir “o
outro lado” da notícia é porque já
se posicionou, assumiu sua
parcialidade: o “outro lado” não é
o “seu”, mas “do outro”.
Por Joel leite
A
38
prendi na faculdade que jornalista deve ser
imparcial. Tentei seguir a cartilha dos meus mestres;
acreditei mesmo, algumas vezes, que estava sendo
imparcial ao dar uma notícia. Com o passar do tempo
percebi que todos os jornais, todos os veículos de
comunicação, são parciais. Então resolvi criar o meu
próprio jornal. Foi assim que nasceu o “Jornal Parcial”,
um boletim distribuído pela internet para os amigos.
Ora, um jornal igual aos outros? Não, bem diferente: os
outros não admitem a parcialidade. Como se fosse
possível você ter uma visão isenta das coisas. Quem
assiste a um acontecimento, o vê a partir da sua
experiência, do repertório que construiu durante a vida.
Assim, aquela é uma visão particular e, portanto, parcial.
No jornalismo não há problema em selecionar as notícias.
O problema é não dizer que seleciona. É fazer o leitor crer
que está recebendo uma informação isenta.
Lembra-se da história do copo com metade de água? Na
visão do primeiro personagem o copo está “meio vazio”.
Na visão do segundo, está “meio cheio”. Questão de
ponto de vista.
Assim enxergamos os acontecimentos do mundo: com
absoluta parcialidade.
A imparcialidade não existe. Quando eu olho o mundo já
estou sendo parcial, porque o vejo apenas de um lado;
vejo o outro, ou as coisas, a partir da minha posição. É
impossível estar no lugar do outro. Estou sempre no
“meu” lugar, tenho a “minha” visão do fato; jamais poderei
mostrar o mundo a partir da visão do outro.
A ilusão da imparcialidade leva jornais e jornalistas ao
ridículo. A campeã dessa estupidez é a Folha de S. Paulo.
O jornal criou uma coluna chamada “Outro Lado”, para
dar a sensação ao leitor de que está fazendo um trabalho
imparcial, ouvindo o “Outro Lado” da notícia. Não há
nada
mais
estúpido do
que isso: ora, se é
preciso ouvir o “outro
lado” é porque existe um lado
preferencial da notícia; existe “o seu” lado, que
– se supõe – seja o lado “correto”, o lado que o jornal definiu
como o certo.
Não raro o jornal informa que o representante do “Outro Lado”
não foi ouvido porque “não foi encontrado em casa” ou “não
retornou a ligação até o fechamento desta edição”. Certamente
ele não teve a mesma chance do entrevistado oficial, que
representa “O Lado Certo” da notícia, certo?
A Folha – ou qualquer outro jornal - tem o direito de
entrevistar quem quer que seja e desprezar pessoas ou assuntos
que não lhe convém. Mas é preciso deixar claro essa posição
para o leitor e não fazê-lo acreditar que está tendo uma visão
“imparcial” do fato.
A grande mídia é quem determina os temas discutidos pela
sociedade. Ou você acha que algum setor social discutiu a
oportunidade de assistirmos por mais de três meses,
diariamente, a trama do Alemão e os “heróis” nacionais (na
análise do cientista social Pedro Bial) na casa do BBB?
A agenda eleita pela mídia é que determina a agenda pública. O
País discute o que a mídia quer. Ontem foi o escândalo dos
sanguessugas, hoje é o apagão aéreo, amanhã será qualquer
outro assunto que interessa aos donos dos jornais.
Não é “pecado” deixar de ouvir o “outro lado”. Temos o direito
de sermos parciais. E somos. Mas é preciso deixar claro a nossa
posição.
Nas últimas eleições presidenciais, a revista Carta Capital
revelou sua preferência por Lula. O Jornal da Tarde assumiu
sua feroz campanha contra o então prefeito Paulo Maluf na
década de 70. “Ele (Maluf) é pernicioso para São Paulo”,
assumiu o editor Julio Mesquita.
O que nós jornalistas não podemos fazer é levar o leitor à ilusão
de que está recebendo uma notícia imparcial.
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pósgraduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da
Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e
internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de
jornalismo. Nem se inscreveu.
No v idades
UM APARELHO SKYPE ACESSÍVEL
Quase todo mundo conhece ou ouviu falar das
facilidades (e economia) do Skype. O problema é o meio
para falar: ou com microfone e
caixas acústicas do PC, sem
nehuma privacidade, ou com
headset. Os aparelhos do tipo
convencionais já existem mas
esbarram no preço muito salgado.
Esbarravam, pois a Philips lançou
o VOIP080 um telefone com
conexão USB com fio para PC
integrado ao Skype que oferece
qualidade de conversa ao vivo
com a simplicidade de um
telefone convencional. Com ele é
possível controlar as funções do
Skype diretamente no telefone.
Preço sugerido: R$ 159,00
Onde encontrar: Serviço de
Atendimento ao Consumidor (11)
2121-0203 (grande SP) e 08007010203 (demais regiões).
www.philips.com.br.
MULTILEITOR DE CARTÕES
CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
N
ão satisfeita em revolucionar a indústria
musical com o iPod (que alcançou a marca de 100
milhões de aparelhos vendidos em cinco anos em
abril último) e o iTunes, a Apple quer fazer o
mesmo com filmes e programas de TV. Para isso,
lançou em março nos EUA (abril no Brasil) a Apple
TV. Uma espécie de tocador de DVD para a era da
internet. A Apple TV conecta-se, através da rede
WiFi existente, ao PC, a TV widescreen (desde que
tenha alta resolução) e a vários sistemas de home
theater. Integra-se com perfeição ao iTunes e
permite aos usuários escolher, entre o acervo do
site, filmes e programas de TV (ainda com
qualidade inferior ao DVD) clipes de música e
podcasts. Ou assistir trailers de filme diretamente
na TV, ouvir as músicas no sistema de som e
visualizar álbuns de fotos em alta-resolução. A
Apple TV tem disco rígido de 40 GB, armazena até
50 horas de vídeo, nove mil músicas e 25 mil
fotos.
Preço sugerido: nos EUA US$ 299, no Brasil não
divulgado Onde encontrar: Fnac
As câmaras digitais têm cartão de memória, assim como outros aparelhos - celulares, handhelds etc.
40
Cada um num formato diferente. Para transferir os dados para o computador era preciso identificar o
tipo de cartão e conectar o próprio aparelho ao PC. Para
simplificar, sobretudo para aqueles que curtem tecnologia, mas
não são especialistas, a Sony trouxe para o Brasil um
multileitor de cartões que lê 17 tipos, o Multicard Reader
MRW-62E-S1. Com este leitor basta tirar o cartão de memória e
colocar diretamente no equipamento para que os dados sejam
transferidos. A alimentação de energia e a transferência de
dados são feitas via cabo USB, com alta velocidade de
conexão. É ideal para quem lida com fotografia e vídeo.
Simplicidade com design refinado: apenas 57gramas e tamanho
de 86 x 15,7 x 50 mm. Além disso, é compatível com os
sistemas operacionais Windows e Macintosh.
Preço sugerido: R$ 79,00.
Onde encontrar: www.sonystyle.com.br ou nas lojas de varejo especializadas em informática e fotografia.
Liv ro s&Afins
CRESCIMENTO E
LUCRO
“O
assunto
sustentabilidade está na
pauta de todos os
executivos”. A frase é do
novo presidente da
Febraban (a federação dos
bancos), Fábio Colletti
Barbosa, que preside o
Banco Real, instituição que ao lado da Natura dá
exemplos de crescimento e lucro.
Lucro com responsabilidade social e ambiental é o
tema central do livro “A empresa Sustentável”,
lançamento da Campus/ Elsevier, dos autores
Andrew Savitz e Karl Weber. O primeiro dirige uma
consultoria independente, a Sustainable Business
Strategies, e o segundo é consultor de gestão
aclamado e autor especializado em negócios, temas
sociais e políticos. Os autores argumentam que as
companhias que exploram recursos humanos e
naturais na sede por lucro são empreendimentos
insustentáveis e têm cada vez menos espaço numa
época em que a pressão de acionistas e
investidores por responsabilidade social e ambiental
é cada dia maior. O contrário, aliar atenção aos
recursos humanos e naturais ao lucro é o desafio
dos que buscam prosperar e ainda passar uma boa
imagem aos seus clientes.
“Organizações e sociedades sustentáveis geram
rendimentos como fonte de sobrevivência, em vez
de consumir o próprio capital. Ou seja, são
empreendimentos duradouros”, defendem os
autores.
O livro propõe que responsabilidade social é um
conceito incompleto e que o mais apropriado seria
sustentabilidade, porque responsabilidade enfatiza
os benefícios para os grupos sociais fora da
empresa, ao passo que sustentabilidade atribui
igual importância aos benefícios desfrutados pelas
empresas em si. Além disso, o livro traz aos leitores
informações sobre as ferramentas necessárias e os
exemplos reais para alcançar a sustentabilidade,
como o caso da fábrica de chocolate Hershey Foods.
“A empresa sustentável” (Campus/Elsevier), de Andrew
W. Savitz e Karl Weber. Preço sugerido: R$ 69,00
Mais uma história real
nas telas do cinema
“Alpha Dog”, o novo filme de Nick Cassavetes, narra uma
história real: três dias na vida de um grupo de jovens
californianos. Três dias em que tudo foge do controle e se
torna definitivo. No ano 2000, Jesse James Hollywood, terceira
geração de uma família de traficantes de maconha, seqüestra e
manda matar um garoto de quinze anos, irmão de outro
vendedor de drogas que lhe devia dinheiro. Com um passaporte
falso, foge – advinha para onde? Sim, para o Brasil. O filme
narra as 72 horas finais desses jovens de classe média,
isolados em uma vida suburbana, com tempo, grana e drogas à
vontade em uma eterna festa. De tanto imitar a vida bandida,
ultrapassam a linha tênue, deixam de ser outsiders e vão para
o outro lado. É um filme violento, sobretudo na linguagem que
os jovens usam. Agressivos, empregam as 53 variações de uso
da palavra fuck em cada frase.
Por natureza, a América é permeada pela contracultura e seus
heróis são os criminosos; o novo sonho americano dos jovens
brancos da classe média é se tornar um deles.
No longa, nomes, locais e acontecimentos foram trocados, o
que permanece é a liderança que James Hollywood (no filme
Johnny Truelove) exerce sobre o bando. Assemelham-se, de
fato, à matilha a que se refere o nome do filme, macho
dominante.
Por cinco anos, Hollywood, o bandido mais jovem procurado
pelo FBI, encabeçou a lista dos mais procurados até ser preso
na praia de Saquarema, na Região dos Lagos (RJ). O processo
ainda tramita no estado da Califórnia. Se condenado por
assassinato, será punido com a pena de morte.
O elenco de jovens e consagrados atores traz o promissor ator,
Emile Hirsch (Heróis Imaginários), o cantor e popstar, Justin
Timberlake, Ben Foster (X-Men 3) e Anton Yelchin (Sociedade
Feroz), além dos veteranos Bruce Willis (Xeque-Mate) e Sharon
Stone (Bobby). Estreou 11 de maio.
Alpha Dog, EUA, 2006
Direção: Nick Cassavetes (Diário de uma paixão; Um ato de
coragem) Distribuição: Imagem Filmes
41
Vinhos & Videiras
americana a obter o certificado de
neutralização de carbono, o que evidencia sua
preocupação com o meio ambiente.
Uma das maiores preocupações da equipe de
enologia da Cono Sur é localizar novos locais
de plantio em todo o território chileno, uma
quase obsessão pela descoberta de novos
terroirs. Em alguns locais, tais como o Vale do
Elqui, Bio-Bio e San Antonio, já são cultivadas
variedades brancas e as tintas Pinot Noir e a
Por Arthur Azevedo
Syrah de clima frio. Estes vinhedos
a pequena e quase desconhecida Chimbarongo, no Vale de complementam os já existentes em Chimbarongo e nos vales do Maipo,
Colchagua, está escondido, bem guardado, um segredo da
Casablanca e Cachapoal. Outra novidade é a Riesling, uma uva branca
gigante Concha Y Toro: a vinícola boutique Cono Sur, dirigida
que a Cono Sur está cultivando em Bio-Bio, que tem mostrado muita
com muita competência por Adolfo Hurtado, um dos mais
personalidade e principalmente tipicidade no Chile.
premiados e prestigiados enólogos do Chile.
Entre as uvas tintas, o diferencial da Cono Sur está no manejo
Os vinhos da Cono Sur são agora representados pela Wine
cuidadoso da exigente Pinot Noir, que nas mãos de Adolfo Hurtado e do
Premium, uma empresa do grupo Expand, do empresário Otávio consultor francês Martin Prieur, dá origem ao melhor vinho desta
Piva de Albuquerque. A Wine Premium já existe há três anos,
varietal no Chile, o espetacular Ocio, um vinho muito exclusivo e raro.
mas só agora começa a aparecer para o público, com equipes
A Wine Premium está trazendo três linhas diferentes de vinhos da Cono
próprias de vendas e com toda a infra-estrutura necessária
Sur (www.conosur.com), além do ícone Ocio. A mais básica, e de
para atender a crescente demanda do mercado brasileiro.
excepcional relação custo/qualidade é a Varietal Bicicleta, seguida pela
Desde 1993, quando começa a história da Cono Sur, a empresa linha Reserva e pela linha 20 Barrels, esta última, de categoria
tem adotado uma postura agressiva de inovações,
premium. O nome da primeira homenageia o transporte utilizado pelos
surpreendendo com o plantio das primeiras videiras de
trabalhadores para se deslocar pelos vinhedos.
Viognier no Chile, em 1997, ou com a introdução da rolha
Os vinhos da Cono Sur já estão disponíveis nas melhores lojas
sintética, em 1995, e da “screw-cap” (tampa de rosca), em
especializadas do Brasil e também na Wine Premium, pelo website
2002. Em 2003, teve a primeira colheita totalmente orgânica, www.winepremium.com.br
certificada por importante organização na Alemanha e
Arthur Azevedo, consultor de vinhos, presidente da ABS-SP, editor
da revista Wine Style e do website Artwine (www.artwine.com.br)
pretende, ainda em 2007, se tornar a primeira vinícola sul-
Cono Sur,
a excelência da
PINOT NOIR no Chile
N
Mesa Posta
C
O legado saboroso da antigüidade
Por Isabel Caldeira
ontinuemos nosso percurso de quatro etapas para conhecer a
gastronomia da Antigüidade, na Civilização Ocidental, iniciado na
edição anterior, visualizando “O legado saboroso da Antigüidade”,
conforme a citada obra “A Canja do Imperador”, de J. A. Dias Lopes.
Os fundamentos, ingredientes e técnicas da Grécia Antiga ajudaram a
delinear a essência da Cozinha ocidental e o seu legado chegou aos
nossos dias por intermédio do Império Romano. Os historiadores
estabelecem o início do aprendizado dos romanos no ano em que
estes conquistaram a florescente cidade grega de Corinto, no istmo
entre a península do Peloponeso e o sul do país, em 146 a.C., época
em que os gregos já usavam os condimentos, empregavam o vinho e
o leite na cozinha, guisavam as carnes com ervas aromáticas, as
preparavam com saborosos recheios, conservavam os alimentos em
azeite de oliva e produziam pão. Enquanto os romanos não tinham
qualquer familiaridade com os frutos do mar e dos rios, os gregos
preparavam talentosamente peixes, moluscos e crustáceos. No século
VI a.C. Aristóteles relacionou 110 classes de peixes. Os gregos
criavam todos os animais que conhecemos. Em Ática, região ao
noroeste do Peloponeso, sua vegetação fornecia aos ovinos e
caprinos uma ração de louro, malva, tomilho, orégano, salvia e
coentro, o que lhes conferia uma carne temperada pela própria
natureza. O porco recebia tratamento diferenciado e chegava à mesa
recheado com toucinho, azeitonas, ovos e ostras. Produziam ainda,
embutidos, sendo atribuída a eles a criação da morcela de sangue.
Selvagens e domesticadas, as aves também mereciam a glória
do fogão: pato, ganso, pavão, galinha, galinha d’angola,
42
faisão, perdiz e codorna. Exímios caçadores, abatiam o javali e
o cervo, bem como a lebre, que cortavam em pedaços,
marinavam em cebola, orégano, tomilho e cominho e
preparavam em molho com o sangue do próprio animal
(produzindo um precursor do “civet” dos nossos dias). O
domínio do forno os fez produzir doces adoçados com mel e
mais de setenta variedades de pães, elaborados com farinhas de
trigo ou aveia. Um tempero obrigatório era o limão, que
associado ao ovo, converte-se em substancioso molho que
entra, por exemplo, numa sopa de galinha de consistência
espessa, a Sopa de Galinha com molho de Ovos e Limão.
INGREDIENTES: 1,5 quilo de galinha cortada pelas juntas; 1 cebola picada; 1
cenoura picada; 1 folha de louro; 125 gramas de arroz; 2 ovos; 5 colheres de
sopa de suco de limão; 2 colheres de sopa de salsinha picada finamente; caldo
de galinha (preferencialmente) ou água o quanto baste; sal a gosto. PREPARO:
coloque a galinha, a cebola, a cenoura, e o louro, numa panela; cubra com o
caldo, tempere com sal e cozinhe com a panela tampada até a galinha ficar
macia a ponto de poder ser despregada do osso (se necessário, acrescente mais
caldo durante o cozimento); durante o cozimento, descarte com uma
escumadeira a espuma que se forma na superfície; retire a galinha do caldo,
elimine a pele, desosse e desfie; leve o caldo ao fogo e acrescente o arroz;
após uns 20 minutos acrescente a galinha desfiada e deixe levantar a fervura;
retire a panela do fogo; num recipiente bata os ovos um pouco até espumarem
e aos poucos acrescente o suco de limão sem parar de bater; agregue várias
colheradas de sopa quente, mexendo delicadamente; junte essa molho à sopa,
que estará fora do fogo e misture bem; polvilhe com a salsinha e sirva. É
deliciosa.
Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e
cardápios especiais. Contato: [email protected]

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