Revista SHOWROOM N. 244
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Revista SHOWROOM N. 244
PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN ANO 30 • Nº 244 MAIO 2007 ENTREVISTA Maílson da Nóbrega É a vez de um brasileiro compacto para os ricos europeus JAPÃO milenar e futurista Recado SOBRE ECONOMIA E O ORIENTE T rês assuntos relacionados pautam esta edição de Showroom. O crescimento da economia nacional, considerado bom pelos analistas mas ainda tímido pelo potencial do País, a oportunidade que o setor automotivo está deixando para os orientais de projetar, desenvolver e colocar no mercado internacional um “carro verdadeiramente popular” e os inúmeros interesses que o Japão oferece ao mundo, entre eles, o de ter tirado o primeiro lugar da GM como o maior fabricante de veículos do mundo. Todos os temas têm um fundo econômico consistente e aspectos curiosos de conhecer. A intenção foi oferecer uma leitura agradável com boa dose de informações. O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, é o entrevistado na seção Gente, e fala, com sua conhecida clareza e simplicidade, por que o Brasil não vai crescer o quanto gostaríamos, mas ainda assim está otimista em relação ao futuro. Nessa mesma linha de raciocínio caminha a matéria sobre o setor automotivo. O Brasil tem tudo para colocar no mercado internacional um veículo verde-amarelo bom e barato. Tem engenharia, mão-de-obra competente e a bom preço e parque industrial suficiente para criar, desenvolver e produzir em larga escala um automóvel com a marca Brasil. Segundo o consultor da Ronald Berger, Wim van Acker, o País está perdendo a chance de sair na frente de países como a China e a Índia, que têm também condições de fazer isso, mas vêem comprometida, por enquanto, sua produção ao mercado interno. Exportador conhecido e respeitado, com capacidade ociosa em suas unidades industriais, o Brasil poderia suprir essa lacuna. Do oriente também vem o terceiro tema desta edição. Falamos do Japão, esta superpotência nascida em território pobre, que há tempo é a segunda economia mundial e exemplo de determinação, disciplina, estudo e perseverança. Entre as inúmeras belezas exaltadas na seção A Passeio, as qualidades e conquistas do Japão e do povo japonês sintetizam-se na obtenção do primeiro lugar mundial no ranking de fabricantes de veículos, posição que vinha sendo ocupada pela estadunidense GM há 73 anos. Boa leitura. Conselho Editorial Cartas Expediente PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN Ano 30 – Edição 244 – Maio de 2007 stock.xchng Conselho Editorial Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena, Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno. O ESTETA Muito simpática e oportuna a entrevista com o ótico Miguel Giannini, personalidade das mais conhecidas e queridas em São Paulo (Edição 242 – março 2007). Ele mostrou como é possível manter um negócio próspero e digno por mais de 40 anos, sem ceder às pressões da globalização. Além disso, ele deu mostras do grande ser humano que é. Parabéns pelo exemplo de vida pessoal e profissional. microempresária, não deixo de checar os sites, blogs ou comunidades que “detonam” as empresas ou marcas. Antes de cair na boca do povo, é preciso estar preparada para a defesa! Maria Lúcia Mendez Rio de Janeiro – RJ Ricardo Mendonça São Paulo – SP “A ÍNDIA QUE VEJO” Excelente o depoimento do empresário Vittorio Rossi Junior (VW Primo Rossi – SP) sobre a Índia (Edição 242 – março 2007). Ele tocou os pontos cruciais que devem levar uma pessoa a conhecer esse maravilhoso país, sem demagogia e misticismo. Paula R. Bastos São Paulo - SP WEB 3.0 Super educativa a matéria de capa da última Showroom “Vem aí a Web 3.0” (Edição 243 – Abril 2007), especialmente porque alerta as empresas a prestarem mais atenção aos internautas, ou seja, àquelas pessoas que se comunicam muito pela rede. Mesmo sendo uma 4 POLVO À MODA ANTIGA São incríveis as receitas divulgadas pela cozinheira Isabel Caldeira (Seção Mesa Posta, pág 42) na Showroom. Mesmo parecendo complicadas numa primeira leitura, elas são simplérrimas de fazer, e o mais bacana é que fogem do lugar comum. A última receita dada por ela “Polvo à moda Antiga” (Edição 243 – Abril 2007) é simplesmente divina, basta ter um bom fornecedor de peixes. Ana Georgette São Paulo - SP FÃS DE YASUSHI ARITA Aqui em casa somos seis mulheres e todas somos fãs do consultor Yasushi Arita. Sempre que possível assistimos às suas palestras e lemos seus livros, mas mesmo assim gostaríamos de externar nossa admiração por ele. Lendo o seu artigo “Homem X Mulher – pode haver igualdade entre diferentes?” na última revista (Edição 243 – Abril 2007) ficamos ainda mais sensibilizadas com sua visão feminina e altruísta do mundo. Parabéns por contarem com um colaborador como ele. Suzete, Sônia, Silmara, Selma, Solange e Sandra Maranhão São Paulo - SP SHOWROOM NAS RECEPÇÕES DAS CONCESSIONÁRIAS Parabéns pela maravilhosa e bela publicação mensal da Assobrav. Tive a oportunidade de conhecêla e o prazer de ler a edição do mês de março 2007. Gostei muito do que vi, por isso gostaria de recebê-la mensalmente. Maria do Socorro de Almeida Recife - PE N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente basta solicitar por e-mail ([email protected]) ou carta (Assobrav – A/C Comunicação - Av. José Maria Whitaker, 603 – CEP 04057-900 – São Paulo – SP) o seu envio. Editoria e Redação Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda. Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP Tel (11) 5078-5427 / 3825–1980 [email protected] Editora e Jornalista Responsável Silvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT) Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT) Projeto Gráfico e Direção de Arte Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo [email protected] Publicidade Disal Serviços Maria Marta Mello Guimarães Tel (11) 5078-5480 [email protected] Impressão Gráfica Itú Tiragem 6.000 exemplares Revista filiada à ABERJ Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. As matérias assinadas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a posição da Assobrav. Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de Pessoas Jurídicas da Capital de São Paulo. Assobrav Av. José Maria Whitaker, 603 CEP 04057-900 São Paulo – SP Tel: (11) 5078-5400 [email protected] Diretoria Executiva Presidente: Elias dos Santos Monteiro Vice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos Jr., Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro Ferreira, Luiz Sérgio de Oliveira Maia, Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, Nilo Augusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e Walter Keiti Yaginuma. Presidentes dos Conselhos Regionais Região I: Rodrigo Gaspar de Faria Região II: Luiz Alberto Reze Região III: Roberto Petersen Região IV: Carlos Francisco Restier Região V: João França Neto Região VI: Ignacy Goldfeld Região VII: André Luiz Cortez Martins Conselho de Ex-Presidentes Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos, Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e Rui Flávio Chúfalo Guião. Foto de capa: lafstudio/divulgação Computação Gráfica: Filipe Azevedo 3 RECADO BANDEIRA A PASSEIO GENTE Sumário 6 QUEM PASSOU POR AQUI máximo sua atuação nas organizações. O objetivo é transformar a área num RH estratégico cuja atuação esteja alinhada aos planos de negócio. Amigos e personalidades que visitaram a Assobrav e o Grupo Disal. 16 SETOR A mensagem do Conselho Editorial. Produzimos e exportamos carros, mas não somos reconhecidos como jogadores importantes no comércio mundial de Maílson da Nóbrega, o economista que veículos. Por quê? Falta ao Brasil promover antecipa os fatos sem bola de cristal. a marca ‘carro brasileiro’. É preciso olhar o Experiência na vida pública, bom senso, mercado externo com atenção constante e objetividade e muita análise. Estas são as ferramentas que o ex-ministro da Fazenda e não só como projeto de curto prazo para ganhar dinheiro quando o mercado interno seus sócios na “Tendências” utilizam para está recessivo. Em outras palavras: urge continuar acertando nas previsões. Nesta edição, Maílson fala da economia brasileira, pavimentar um caminho para inserir, de da internacional e de um tema específico: o fato, a indústria automotiva brasileira no futuro das cooperativas de crédito no Brasil. mercado global. 8 GENTE 12 CONSULTA SEBRAE 24 BANDEIRA As dicas e as opiniões dos consultores do SEBRAE. A Volkswagen no Brasil e no mundo. 13 RH Japão, a “Terra do Sol Nascente”. Caro, sim, mas um dos destinos que merecem ser visitados mesmo que for preciso sacar o dinheiro da Poupança. O Japão não é só a segunda economia do mundo, a terra da tecnologia de ponta e das últimas novidades em todos os campos do conhecimento. O Japão é tradição, arte, singeleza; uma cultura milenar que não deixa indiferente nem mesmo quem não curte História. Os castelos, templos e os parques são apenas alguns dos aspectos que levam o turista exigente ao Japão, porque lá também se encontra muita diversão. Nas alucinadas noites de Tóquio, nas estações de esqui, nos Para entender de gente não basta conhecer umas poucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) e com elas acreditar que se pode obter boa produtividade. 14 OUTLOOK Novidades, comentários e lançamentos do setor automotivo. 15 MOTIVAÇÃO “Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Recursos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos que possam respaldar ao festivais que acontecem na primavera e no verão, tudo isso é proporcionado ao turista com absoluta segurança e seriedade. O Japão, além de lindo, é um lugar para ser visto como exemplo. 36 ADMINISTRAÇÃO “O custo de capital de uma empresa é uma média ponderada dos custos dos recursos próprios e de terceiros utilizados pela empresa. É muito importante ter em mente este número, mesmo sabendo que se trata de uma aproximação.” 38 FREIO SOLTO A opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel Leite. 40 NOVIDADES O que há de novo em eletrônica digital, periféricos de informática e outras utilidades. 30 A PASSEIO 41 LIVROS&AFINS A resenha do livro “A empresa Sustentável”, lançamento da Campus/ Elsevier, dos autores Andrew Savitz e Karl Weber e a crítica ao filme “Alpha Dog”, o novo de Nick Cassavetes; uma história real. 42 VINHOS&VIDEIRAS A opinião abalizada de Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers - SP. 42 MESA POSTA Histórias de receitas e de cozinheiros. 5 Quem passou po r aqui Cesar Álvares de Moura, da VW Savol (S. André), em um de seus irretocáveis ternos italianos, para mais um encontro com os concessionários de São Paulo... Décio Carbonari de Almeida, diretor de Serviços Financeiros (Banco Volkswagen), que sempre passa por aqui... O Basy´s man da Volkswagen, Daniel Proença, para mais uma rodada de aperfeiçoamento do sistema... Cleide Simões Videira Cozzi, da VW Marte (SP), surpreendida ao retocar a maquiagem, em visita oficial à Assobrav... O simpaticíssimo gerente de Planejamento da Rede (VW), Álvaro Gomes, curtindo um minuto de folga entre uma tarefa e outra... 6 José Roberto Bacchin, da VW Morumbi Motor (SP), correndo para anotar a estratégia da última campanha de vendas... George Melissopoulos, gerente de pós-venda da VW Alta (SP), para simbolizar o “piloto” da Garantia sem Marcação de Tempo... Marco Tondeli, gerente do Programa de Vendas da Volkswagen, em pose rápida para a coluna, antes de retornar à costumeira reunião mensal de ação de vendas... O esportista Valter de Souza Mesquita, da VW Biguaçu (SP) e sua habitual paz de espírito, para acompanhar as útlimas decisões da UNI... Um dos raros registros do reservado diretor presidente do Grupo Sabrico (SP), Francisco José Fernandes Valgode, especialmente para a coluna... 7 Gente divulgação O economista Maílson da Nóbrega, homem cordato, com levíssimo sotaque paraibano, é um dos nomões que formam o quadro da Tendências Consultoria Integrada, uma das mais conhecidas empresas do País no segmento e apontada por boa parte da imprensa como a que mais acerta prognósticos. Por Silvia Bella MAILSON DA NÓBREGA C 8 “Se não fosse assim, não seria o Brasil” omo se sabe, Maílson foi funcionário público de carreira e tem o mérito, entre outros, de ter sido um dos primeiros analistas a dizer claramente a um ministro e indiretamente a um presidente da República que a privatização das empresas estatais era ponto crucial para o destravamento da economia brasileira. Os tempos, evidentemente, eram outros, bem mais difíceis e sombrios: inflação de três dígitos e contas públicas sem controle. Isto aconteceu em meados dos anos 80, quando Nóbrega era Secretário Geral do Ministério da Fazenda, depois de ter ficado anos no Banco do Brasil e ocupado vários cargos no Ministério da Indústria e Comércio. A ascensão de Maílson ao posto maior da Fazenda também se deu nessa época. O ministro da Pasta então era Bresser Pereira e o presidente, José Sarney. Bresser acabou deixando o governo em 1987 porque Sarney sequer cogitou analisar a possibilidade de dar início a um processo de privatizações. Com isso, Maílson da Nóbrega passou a ser ministro da Fazenda naturalmente, e com muitos problemas para resolver. Esta experiência – certamente a mais relevante de sua vida pública - serviu para comprovar não apenas sua competência técnica, mas um estilo muito objetivo de ser e de dizer as coisas. Ao contrário de muitos de seus colegas, Maílson vai direto ao ponto. Não é do seu feitio dar voltas e prefere as expressões simples. Em suma, é um economista que fala português. Nesta entrevista à Showroom, cujo tema principal era o futuro das cooperativas de crédito no Brasil, o ex-ministro não titubeou em dizer que o caminho natural desse segmento é seguir o modelo europeu, com a mesma independência e o profissionalismo dos bancos, no fim, seu natural e real propósito, mas também não deixou de falar sobre a economia brasileira e a mundial e antecipar, acertando na mosca, o que o Relatório do Fórum Econômico Mundial – Latin América@Risk mostraria uma semana depois na imprensa. Revista Showroom: Por que durante tanto tempo as cooperativas de crédito tiveram uma imagem tão ruim? Maílson da Nóbrega: Na década de 60, as cooperativas de crédito - instituições de investimento de grupos - tiveram a imagem comprometida porque representavam os interesses de “classes”, notadamente da classe política. Muitos cooperativados foram literalmente enganados com relação a seus investimentos, a turma dirigente se vendia e aos olhos dos órgãos reguladores essas instituições não eram nada além do que bancos disfarçados – e o pior – com as benesses das cooperativas. Por isso eram mal vistas. Mas também se dizia que as cooperativas eram excelentes para os cooperativados... Sim, de certa forma, mas o propósito era distorcido. O Banco do Brasil, por exemplo, usava as cooperativas para repassar empréstimos aos cooperativados com vantagens, tendo custos reduzidos. Com isso, não só as cooperativas eram vistas como um apêndice do Banco do Brasil, como o Banco do Brasil – naquele paternalismo – também tinha sua imagem comprometida. O fato é que o modelo das cooperativas no País foi uma cópia mal feita das cooperativas da Europa, formadas durante o século XIX. E hoje, as cooperativas correspondem ao que se espera delas? O sistema amadureceu. Consolidou-se a idéia de que as cooperativas - na sua origem, um grupo de pessoas que se cotizam - tenham sua base no sistema francês, fortalecido com a ação do eficiente “Crédit-Agricole” que lá norteou o cooperativismo moderno, focado no crédito rural e, como se sabe, obtendo excelentes resultados para os cooperativados e para a própria instituição. Então, hoje, as cooperativas no Brasil voltaram a ser bem vistas, e digo mais: estamos caminhando para o sistema alemão, holandês ou japonês, isto é, um sistema nacional onde existem cooperativas singulares (de grupos) mas que estão ligadas a instituições regionais e estas, por sua vez, a um banco. O senhor quer dizer que o caminho natural das cooperativas de crédito é se transformarem em bancos? Sim. Elas só têm a ganhar com isso. Por exemplo, as cooperativas ligadas à Unimed são tratadas de maneira profissional. Ora, tendo já uma estrutura desse porte, o que as impede de se tornarem um banco no futuro? Eles ganharão se fizerem isso, porque o banco passa a gerir de forma centralizada e extremamente profissional a gestão de risco, a formação de pessoal capacitado e a criação de produtos, como a venda de seguros e outros benefícios financeiros. Além disso, os bancos são super bem relacionados, participam de conferências internacionais que lhes asseguram um conhecimento técnico e prévio de muitos mecanismos que podem ser altamente rentáveis. Na Europa isso já acontece. O Sistema de Crédito Cooperativo tende a ser mais forte, como os grandes bancos. Mas nessa situação as cooperativas não perdem o seu foco, isto é, trabalhar para os cooperativados que se uniram para criá-las? Não. A experiência mundial mostra que o espírito associativo que fez nascer a cooperativa permanece mesmo em uma estrutura maior e mais forte como o banco. Porém, o que precisa mudar na cabeça dos cooperativados, dos associados, é que não será mais possível ter as benesses das cooperativas, como a isenção de impostos. Os grupos ou entidades que quiserem se cooperativar precisam estar conscientes que devem respeitar essas novas condições, pertinentes a qualquer banco. Insisto. Não seria uma pena – para os associados - perder esses benefícios que as cooperativas permitem? Veja, na origem a idéia é excelente, mas as cooperativas jamais poderão competir com a força de captação financeira, da eficiência, da tecnologia que têm os grandes bancos. Quer dizer, “pena” seria perder as possibilidades que os bancos têm de ganhar dinheiro! Essa idéia romântica que às vezes as empresas têm de que as cooperativas são soluções mais baratas, na verdade pode se revelar uma injustiça. Por exemplo, num condomínio, quando alguns moradores não pagam as mensalidades, os outros precisam cobrir a parte desses inadimplentes. Na cooperativa tradicional é pior ainda, porque os inadimplentes sequer são penalizados com multas ou juros, como ocorre nos condomínios. Esse tipo de camaradagem precisa desaparecer. Então, o que em princípio parece ser um benefício, acaba sendo uma transferência de renda injusta! Nessa situação, os capitalizados vão preferir aplicar seus recursos em um banco qualquer onde obterão rendimentos sobre o seu investimento... Vamos falar um pouco da economia nacional? Parece que tudo vai bem... Nós estamos entrando para o clube de países com PIB elevado e existe uma trajetória de crescimento. Veja o setor automotivo, que é um termômetro excelente da economia. Os fiananciamentos de veículos devem ficar mais baratos neste ano. Os juros anunais cobrados pelos bancos podem chegar a 31%, e como se sabe, quase 85% do custo desse crédito depende da Selic, que está em queda. De fato, nos últimos quatro anos os juros baixaram 22 pontos percentuais – e poderiam ter caído mais se os bancos não tivessem aumentado o spread (a diferença entre o custo do dinheiro para a instituição e a taxa cobrada do tomador final) -, mas como acredito que a competição entre os bancos deve crescer ainda mais, a tendência é que o spread diminua. O senhor então confirma a previsão otimista do setor automotivo? Certamente. Neste ano a indústria automobilística deverá produzir 2,8 milhões de unidades, uma marca inédita, e boa pare do volume será vendida internamente, graças ao crédito, sem contar que o País surge como maior potencia na energia limpa. O mesmo vai acontecer no setor imobiliário. O volume de financiamento para a compra de imóveis dobrou em 2006 e estamos no limiar de uma explosão imobiliária, o que é muito bom sinal, com crescimento previsto de 20 a 30% ao ano e taxa de juros razoáveis. Na seqüência, vai deslanchar a segurança jurídica que atesta a confiabilidade do sistema. 9 Gente 10 A Bolsa de Valores também é um termômetro, ainda que mais sensível a chuvas, trovoadas e espirros de magnatas... Sim e a Bolsa também vai de vento em popa. Ela vem batendo recordes e o Risco-País atingiu seu menor patamar histórico. Os investidores estrangeiros parecem acreditar que há um bom futuro no Brasil. E realmente, temos empresas de primeiríssima linha, um sistema financeiro sofisticado... Há três anos ninguém queria investir na América Latina, hoje começamos a correr no ritmo dos caras, embora nossas mazelas ainda sejam um Estado hiper atrofiado que sufoca as empresas, uma burocracia que aniquila o empreendedorismo, uma infra-estrutura de terceiro mundo, uma Justiça que não garante um mínimo de regras aos negócios e esforços insuficientes na área de educação. Puxa, com tudo isso ainda por fazer, nem sei como o senhor pode ser otimista... Mas, veja, o tempo tem mostrado que os otimistas acertam mais que os pessimistas, por isso nós, da Tendências, ganhamos novamente o título da consultoria que mais acerta...e nós somos otimistas – e não ufanistas - só porque nos baseamos em análises e na teoria que atribui às mudanças estruturais feitas no País, a melhora. É inquestionável o fato de que o Brasil está evoluindo muito no campo estrutural. Há ainda muito que fazer, como você disse, mas algumas coisas já feitas fizeram muita diferença – e isso vem desde os anos 80 com a separação do Banco Central do Tesouro. Hoje o Banco Central é um banco mesmo. Quer dizer, apesar da resistência da época, ele evoluiu e contribuiu para a estabilização monetária com o Plano Real. O quanto a onda de crescimento no mundo todo não é responsável – ou a grande responsável – pelo nosso bom desempenho? É fato que o mundo vive hoje uma das fases mais pujantes do pós-guerra. Este é o sexto ano consecutivo de crescimento firme, e segundo dados internacionais, a economia global deverá crescer 5% neste e no próximo ano, com os Estados Unidos e a China como principais motores. Agora, o bom é que neste cenário o Brasil ganha. Apenas para se ter uma idéia, há apenas seis anos, o saldo comercial do País, atualmente na faixa de 40 bilhões de dólares anuais, era de três bilhões. As reservas acumuladas pelo Banco Central já são superiores a 110 bilhões de dólares com perspectiva de subir até 150 bilhões no final do ano. Isto é uma garantia histórica que faz toda a diferença aos olhos dos investidores estrangeiros. Em suma, os riscos de uma nova crise diminuíram sensivelmente. O que isto significa em termos práticos? Este cenário estimula os prognósticos de que o Brasil esteja próximo de receber o título de “Grau de Investimento” – uma espécie de aval sobre a capacidade de pagamento das dívidas, conferido pelas agências internacionais de classificação de risco. Por ora, o País está dois degraus abaixo desse nível, no qual já se encontram México e Rússia. Mas, enfim, este selo abrirá para o Brasil, por exemplo, os bem recheados cofres dos grandes fundos de pensão, impedidos de aplicar dinheiro em países considerados inseguros. Estima-se que com o “Grau de Investimento”, o País passe a disputar um montante de recursos 17 vezes maior no mercado internacional. E uma evidência de que a nossa promoção deve estar próxima é a queda vertiginosa do Risco-País, que pela primeira vez chegou a ficar abaixo da média do risco do bloco dos emergentes. Outra evidência é que este selo já foi concedido a algumas empresas nacionais, como Ambev, Gerdau e Aracruz, o que lhes garante a vantagem de desfrutar de um custo de capital menor. Bem, mas esta “evolução de imagem e credibilidade do Brasil” vem sendo conquistada aos poucos... Claro. Com a política monetária de 1995 a 2000 e a implantação da Responsabilidade Fiscal, o Banco Central e a gestão fiscal começaram a adquirir transparência, como acontece nos países do primeiro mundo, e aí o Brasil ficou previsível. Por isso os analistas acertam mais do 90%, isto é, nós nos baseamos em como o Banco Central opera e pela transparência de como os dados chegam até nós. Resumindo: o Brasil começou a ser um país mais normal...(risos) O quanto pesa nesse processo a conscientização da sociedade brasileira? Muito. A sociedade brasileira passou a tomar ojeriza à inflação e não só, exigiu a imprensa livre, que por sua vez tem feito o seu papel muito bem. Quer dizer, hoje é tudo muito diferente, embora a sociedade não o perceba claramente porque as mudanças em sociedades sofisticadas, complexas, são naturalmente lentas. Mas veja, hoje nós temos restrições efetivas ao arbítrio. O presidente ainda tem o poder - como gostaria o vice José de Alencar – (risos) de influenciar no Banco Central mas isso teria um custo muito alto. Uma decisão assim seria totalmente equivocada porque toda a sociedade perceberia o erro em questão de segundos. A mídia divulgaria o fato, os analistas e os mercados antecipariam as conseqüências desse erro e os investidores retirariam o dinheiro. Com isso, cairia a diretoria do Banco Central. Aliás, ela própria seria demissionária porque aqueles profissionais não estão lá pelo dinheiro que ganham receberiam muito mais na iniciativa privada – mas para contribuir com o seu país e não queimariam seus nomes se o presidente impusesse alguma coisa. Então, o presidente sabe que seria uma ação com conseqüências desastrosas para a economia. Mandar o Banco Central tomar alguma decisão que favoreça a grupos seria absurdamente equivocado, seria um verdadeiro suicídio político. Não corremos este risco, então? Verdade seja dita, o presidente Lula é um dos poucos petistas a entender este processo. Ele sabe que a inflação é divulgação ruim para os pobres e não para os ricos. Ele e seus assessores sabem que acertam não porque sejam excepcionais governantes, mas porque tomaram a decisão correta de manter a mesma política econômica, que entrou em vigor há 16 anos. Isto é um mérito deles. Então, a criação de um ambiente democrático, com metas de combate à inflação e superávit primário são grandes coisas. Assim como o Estado assegurar um ambiente propício ao investimento e na defesa da renda dos menos favorecidos. Sabemos o qual é a lição de casa a fazer, mas a queixa da sociedade é que ela está muito demorada... O Brasil mudou muito nos últimos 20 anos, o que para a História é nada. Mas, é verdade, ainda faltam ações fundamentais como a Reforma Tributária, a Política e a Trabalhista. Porém, essas coisas são difíceis de fazer em um ou dois governos. Isso exige um esforço muito grande, um esforço gigantesco e como dizia Ronald Coase, Nobel de Economia em 91, “As mudanças institucionais em países democráticos são lentas”. De qualquer forma, o conjunto de pequenas coisas que já conquistamos - a estabilidade, a abertura – embora ainda sejamos fechados na economia -, a privatização – embora ainda haja muito a fazer -, tudo isso, mais a Lei das Falências, a Lei da Responsabilidade Fiscal, a criação do COPOM, tudo isso junto, está promovendo o crescimento e o desenvolvimento do País. Mas o desenvolvimento da Nação passa pela Educação, algo que nos envergonha internacionalmente... É verdade, tanto que menos de 10 milhões de brasileiros lêem jornal, o que significa que a esmagadora maioria sequer tem idéia do que estamos falando. Pior ainda se considerarmos outro dado estatístico: o de que a escolaridade média do brasileiro é de 6 anos. Mas essa deficiência é histórica e tem muitas causas. Uma delas é até curiosa. Os Estados Unidos, que têm a taxa mais alta de alfabetização do mundo, conseguiram isso graças à determinação de que todo cidadão deveria ler a Bíblia rotineiramente e isso significava não ter a intermediação de outro – um padre, pastor ou professor. Por essa razão, eles não só aprenderam a ler perfeitamente como a interpretar o que liam. Isso aconteceu em 1800, então eles têm uma vantagem secular sobre nós e sobre a maioria dos habitantes do planeta. No Brasil, na mesma época, saber ler era irrelevante para a mão-de-obra produtiva. Hoje é diferente. Somos um país muito mais sofisticado, a ponto de o Brasil do século XXI ser incapaz de gerar um novo Lula. Hoje, dificilmente um operário chegaria à presidência. É possível tirar esse atraso histórico? Claro que sim, mas é preciso estar consciente de que a natureza não dá saltos. O progresso é algo gradativo. O governo autoritário no Brasil perdeu muitas oportunidades. Na década de 70, com a crise do petróleo, o jeito teria sido abrir a economia, mas o que fez o governo? Exatamente o contrário: fechou, porque era a teoria desenvolvimentista. Pegamos o trem para trás. Em 88, o mesmo aconteceu com a Constituição. Foi votada uma Constituição à antiga, então, perdemos a chance duas vezes de pegar o trem pra frente, para a modernidade, e isso nos causou um atraso em relação aos outros países que é demorado de tirar, mas é possível. Pegamos o trem certo agora? Agora estamos com o trem na direção certa. Os tempos mudaram, o mundo mudou, então não há jeito de deixar o País na mão de uma só pessoa ou nas mãos de meia dúzia de tecnocratas. Nos anos 70 o Estado poderia mandar, mas agora não dá mais. Eu diria que estamos numa transição, onde o novo convive com o velho e a esperança é de que o novo prevaleça sobre o velho, porque ele gera mais legitimidade. A previsão? Economia crescendo na média de 4%. Poderíamos crescer 5 ou 6%, mas tá bom assim... (risos). Se o crescimento fosse de 6%, o Brasil seria um país de primeiro mundo e daí não seria o Brasil. A inflação vai ficar entre 3 a 4% pelos próximos quatro anos e a desvalorização cambial ainda vai demorar um pouco, assim como os juros ainda vão ficar “altos” por mais um ou dois anos. Como o Lula não pode comprar briga com a população, ele se contenta em crescer 4%, que dá para levar. E ele sabe que as grandes mudanças são impossíveis de fazer no curto prazo, então, vai levando... Agora, o interessante é que o legado dele não será o PAC. O mérito dele não será o Bolsa Família, mas a estabilidade, porque “pela primeira vez na história deste País” – e aí ele tem razão em dizer o seu famoso jargão - os pobres ficaram mais ricos que os ricos. Lula será lembrado pelas coisas que não fez, como não ter mexido na política econômica, e nós estamos colhendo os frutos dessa sua decisão. 11 Co nsulta Sebrae Como um ESTOQUE ELEVADO pode comprometer o saldo de caixa Por Rosendo de Souza Júnior V árias podem ser as razões para que o caixa se encontre com saldo negativo, por exemplo: • A EMPRESA DANDO PREJUÍZO; • OS SÓCIOS INVESTIDORES DISTRIBUINDO LUCROS ALÉM DO POSSÍVEL; • A EMPRESA INVESTINDO EM BENS FIXOS COM RECURSOS DO CAIXA; • CONTAS A RECEBER AUMENTANDO; • ESTOQUE CRESCENDO MÊS A MÊS. Nas empresas industriais e comerciais, principalmente, o estoque em crescimento pode representar fonte de problemas para o caixa, pois se este estiver evoluindo em termos de recursos investidos, é o mesmo que dizer que a empresa está deixando mais recursos financeiros parados ao longo do tempo. Se essa quantidade de recursos superar o volume de lucros gerados pela empresa, significa que está ocorrendo uma absorção de recursos do caixa. Vamos a um exemplo, comparando dois meses: Mês Estoque final Diferença Lucro gerado na empresa 1 2 R$10.000,00 R$15.000,00 R$5.000,00 R$3.000,00 12 Na tabela acima, temos um comparativo do estoque final do mês 1 e 2, apresentando uma evolução desse estoque em R$5.000,00. Partindo do princípio que a empresa apresentou Nada mais complicado para uma empresa do que o seu saldo de caixa se apresentar negativo. Os compromissos de pagamentos precisam ser cumpridos e o fato de não possuir recursos para tal levam a empresa a comprometer sua imagem junto aos credores. Este fato a leva também a buscar empréstimos financeiros junto a bancos, gerando, consequentemente, despesas como juros a pagar, abertura de crédito, entre outras. Tudo isto, enfim, diminui a sua margem de lucro. no mês 2 um lucro líquido de R$ 3.000,00 e que esse lucro aumenta o seu capital de giro, para promover a evolução no estoque de R$ 5.000,00, foi utilizado todo o lucro gerado de R$3.000,00 mais R$2.000,00 que provavelmente saiu do caixa da empresa, o que justificaria a existência de saldo negativo no caixa. Essa informação é importante, pois a partir dela, o administrador pode imediatamente tomar algumas atitudes, tais como: • REVER E ADEQUAR SEUS PROCEDIMENTOS DE COMPRAS; • FAZER UMA ANÁLISE DO ESTOQUE E PLANEJAR UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO OU LIQUIDAÇÃO PARA INCENTIVAR AS VENDAS DOS PRODUTOS QUE ESTÃO COM GIRO LENTO, PROMOVENDO A SAÍDA DE CERTAS MERCADORIAS MAIS RAPIDAMENTE DO ESTOQUE. Para levantar as informações necessárias para esse tipo de análise, dois tipos de controles são necessários, um demonstrativo de resultados gerados pela empresa e um controle dos estoques, e ambos modelos podem ser obtidos junto ao Sebrae - SP. O Demonstrativo de Resultados mostra o lucro líquido gerado no período e o Controle de Estoque mostra a situação do item em estoque. Rosendo de Souza Júnior é consultor Financeiro da Unidade de Orientação Empresarial do SEBRAE - SP Rh Mais perto dos colaboradores Para entender de gente não basta conhecer umas poucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) e acreditar que com isso se tenha produtividade. Por Armando Correa de Siqueira Neto V árias organizações têm focalizado seus esforços em novas aprendizagens e mudanças permanentes na tentativa de manterem-se vivas no mercado por mais um bocado de tempo. Elas se conectam a tudo o que ocorre ao seu redor, visando ardentemente obter informações que as alimente para o jogo estratégico do quem-pode-mais-chora-menos, ora avançando mais, ora menos. Para tanto, é o grupo de profissionais, que se assemelha a jogadores bem treinados e motivados, que torna possível cada lance essencial no tabuleiro de tais partidas. Os colaboradores se desenvolvem através de novas experiências e impressões que formam acerca de si e da sociedade, fatores que os levam a degraus superiores de evolução e ao aumento de sua complexidade psíquica, que, a seu turno, torna-se mais exigente e demanda maior compreensão a seu respeito. Em suma, para entender de gente não basta conhecer umas poucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) e acreditar que com isso se tenha produtividade. Os tempos são outros e, portanto, doravante, o caminho das pedras é uma via a ser explorada constantemente. Contudo, um considerável número de pessoas precisa de orientação e acompanhamento por parte das lideranças existentes na organização em que trabalha. O líder pode extrair de seu seguidor ainda mais desenvolvimento, desde que o conheça de maneira mais aprofundada, de tal forma que lhe cobre em escala ascendente os recursos que se encontram no estado potencial. Urge ir além do comum e provocar no colaborador o desejo de obter de si significativa quantidade de resultados. O bom contato entre as partes, então, é uma condição imprescindível para que se efetive tal proposta. Mas os objetivos aqui considerados demandam esforço mútuo, além de rompimento com a acomodação e os limites autoimpostos pelos medos que comumente dominam a capacidade de enxergar tamanha possibilidade. Porém, extrapolar barreiras não é mais uma ousadia meritória de congratulações, mas uma necessidade (quiçá uma responsabilidade) a ser empreendida cotidianamente. Hoje, somar conhecimento, técnica, experiência, intuição, lógica e coragem, diz mais respeito a sobreviver do que a revolucionar heroicamente. Estar mais perto dos colaboradores significa compreendê-los mais vivamente e não saber apenas quem são, o que fazem e em que parte do gráfico dos resultados se situam. As organizações tendem a caminhar para um estreitamento no relacionamento humano, tanto com seu público interno quanto externo, pois a equilibrada conexão entre as pessoas de convívio profissional é capaz de oferecer um fluxo favorável de informações, motivação e conhecimento acerca de aspectos fundamentais para a gestão do capital humano, que busca a produtividade, entre outros fatores. Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas. É professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. E-mail: [email protected] 13 O utloo k O 14 primeiro estudo do Concept S causou o maior frisson quando apresentado ao público no Salão de Genebra. Diante disso, a Lamborghini, marca de luxo do Grupo Volkswagen, decidiu construir o primeiro protótipo dirigível, e a surpresa foi redobrada. O modelo simplesmente arrasou em duas das mais importantes mostras de design do mundo: o Concorso Italiano de Monterey e o Pebble Beach Concours d´Elegance nos Estados Unidos. O Concept S foi desenvolvido no Centro de Estilo Lamborghin em Sant´Agata Bolognese por Luc Donckerwolke, que buscou inspiração nos antigos carros de corrida monopostos. “O Concept S reúne tudo aquilo que a Lamborghini representa: ele é arrojado, descontraído e... italiano”, comentou Stephan Winkelmann, presidente da marca. “A decisão de produzi-lo ainda não foi tomada, embora estejamos encorajados pela aceitação extremamente positiva que o protótipo teve nas mostras de Monterey e Pebble Beach”, adiantou. Na verdade, o protótipo recebeu apenas mudanças sutis se comparado ao estudo original. Por exemplo, o pára-brisa (“saute-vent”) que desviava para cima o vento do rosto do motorista foi redesenhado para atender questões legais e permitir a futura homologação do modelo. Com isso, o design final do protótipo ficou ainda mais arrojado. Isto porque, os clássicos carros de corrida do passado não tinham pára-brisa, apenas um defletor que direcionava o vento para cima da cabeça do motorista. No Concept S o pára-brisa bipartido divide o cockpit, dando ao modelo um Lamborghini surpreende com novo protótipo aspecto ainda mais agressivo e futurista. E o melhor: eles originou um vão que funciona como um adicional captador de ar para o motor, por sua vez, posicionado atrás dos assentos. Assim como o Gallardo, que lhe serve de inspiração, o Concept S é equipado com um poderoso motor V10. Já a aerodinâmica foi aperfeiçoada graças aos spoilers frontal e traseiro e a um grande difusor também na parte posterior do modelo. Para arrematar a obra de arte, um retrovisor retrátil central permite ao motorista ver o que está acontecendo atrás. Mas isto, se ele for curioso, porque o prazer de dirigir o Concept S, até o momento, não despertou em nenhum piloto o desejo de testar o equipamento... Motivação Clima organizacional Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Recursos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos que possam respaldar ao máximo sua atuação nas organizações. O objetivo é transformar a área num RH estratégico cuja atuação esteja alinhada aos planos de negócios. Mas como fazer? C Por Washington Sorio omo criar um RH que funcione como agente de mudanças e que vá além do simples gerenciamento do capital humano, apoiando iniciativas e planos de ação que contribuam para a execução das estratégias do negócio? Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar neste objetivo, então vamos começar respondendo algumas perguntas. Afinal o que é “clima”? Clima é a percepção coletiva que as pessoas têm da empresa, através da experimentação de práticas, políticas, estrutura, processos e sistemas e a conseqüente reação a esta percepção. E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um instrumento voltado para análise do ambiente interno a partir do levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar os aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes, deficiências, expectativas e aspirações. Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações, identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que impactam no clima e orienta a definição de planos de ação para melhoria do clima organizacional e, conseqüentemente, da produtividade da empresa. Esta atitude da empresa eleva bastante o índice de motivação, pois dentro desta ação está intrínseca a frase “estamos querendo ouvir você”, “você e sua opinião são muito importantes para nós”. A crença na empresa se eleva sensivelmente. A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente interno da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos de problemas, melhorando o ambiente de trabalho. Hoje, neste mundo tão cheio de transformações, em meio à globalização, fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez mais, melhorar seus índices de competitividade, e para isso ela depende quase que única e exclusivamente de seus seres humanos - motivados, felizes e orgulhosos dos valores compartilhados com a organização. Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção. Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos colaboradores motivados, este mesmo índice pode chegar a 60%. As empresas precisam manter o índice de motivação de seus colaboradores no mais elevado nível possível, de forma que este valor passe a ser um dos seus indicadores de resultado. É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estar coerente com o planejamento estratégico da organização e deve contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, tais como: - O trabalho em si: com base nesta variável procura-se conhecer a percepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho, horário, distribuição, suficiência de pessoal etc; - Integração Setorial e Interpessoal: avalia o grau de cooperação e relacionamento existente entre os funcionários e os diversos departamentos da empresa; - Salário: analisa a existência de eventuais distorções entre os salários internos e eventuais descontentamentos em relação aos salários pagos por outras empresas; - Estilo Gerencial: aponta o grau de satisfação do funcionário com a sua chefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência, feedback, organização, relacionamento etc; - Comunicação: busca o conhecimento que os funcionários têm sobre os fatos relevantes da empresa, seus canais de comunicação etc; - Desenvolvimento Profissional: avalia as oportunidades de treinamento e as possibilidades de promoções e carreira que a empresa oferece; - Imagem da empresa: procura conhecer o sentimento das pessoas em relação à empresa; - Processo decisório: esta variável revela uma faceta da supervisão, relativa à centralização ou descentralização de suas decisões; - Benefícios: apura o grau de satisfação com relação aos diferentes benefícios oferecidos pela empresa; - Condições físicas do trabalho: verifica a qualidade das condições físicas de trabalho, as condições de conforto, instalações em geral, riscos de acidentes de trabalho e doenças profissionais; - Trabalho em equipe: mede algumas formas de participação na gestão da empresa; - Orientação para resultados: verifica até que ponto a empresa estimula ou exige que seus funcionários se responsabilizem efetivamente pela consecução de resultados. Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em relação a essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer a realidade familiar, social e econômica em que eles vivem. Somente assim poderão encontrar outros fatores do clima organizacional que justificam o ambiente da empresa. Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa adapta o questionário à sua realidade, linguagem e cultura de seus funcionários. Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e confiança. As principais contribuições que podemos obter com a Pesquisa de Clima são: - O A A A A A O A O A A O alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa; promoção do crescimento e desenvolvimento dos colaboradores; integração dos diversos processos e áreas funcionais; otimização da comunicação; minimização da burocracia; identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento; enfoque efetivo do cliente interno e externo; Otimização das ações gerenciais, tornando-as mais consistentes; aumento da produtividade; diminuição do índice de rotatividade; criação de um ambiente de trabalho seguro; aumento na satisfação dos clientes internos e externos. Depois desta reflexão, deixo a seguinte questão: podem os profissionais de RH continuar a transferir aos empresários a responsabilidade pela “não” implantação do Clima Organizacional como estratégia fundamental para o sucesso da organização? Sabemos que de números e resultados os empresários entendem, e muito bem. E nós de RH, entendemos bem nosso papel e responsabilidade neste processo? Washington Sorio é graduado em Administração de Empresas com MBA em Gestão de RH e diversos cursos de especialização, tanto no Brasil como no exterior. Em 2005 recebeu o Prêmio Gestão de Pessoas “Luiz Carlos Campos”, como o “Melhor Profissional do Ano”, concedido pela ABRH-RJ. www.washingtonsorio.com.br 15 lafstudio/divulgação Seto r A MARCA “CARRO BRASILEIRO” 16 Por trás dos óculos de aro fino, os olhos azuis do holandês Wim van Acker não escondem uma frustração: quando conversa com seus sócios e colegas na consultoria Roland Berger todos falam de carros indianos, chineses e de como (e quando) invadirão as ruas do mundo todo. Só ele fala dos carros brasileiros. Por Rosângela Lotfi P roduzimos e exportamos carros, mas não somos reconhecidos como jogadores importantes no comércio mundial de veículos. Por quê? “Falta ao Brasil promover a marca ‘carro brasileiro’. Temos que olhar o mercado externo com atenção constante e não só como projeto de curto prazo para ganhar dinheiro quando o mercado interno está recessivo.” Em outras palavras: parar de reclamar do real valorizado em relação ao dólar e da conseqüente queda de rentabilidade com as exportações e pavimentar um caminho para inserir, de fato, a indústria automotiva brasileira no mercado global. A valorização do real frente ao dólar foi de 58% nos últimos quatro anos. Quase todas as moedas do mundo valorizaram-se em relação ao dólar, que perde força graças ao déficit comercial dos Estados Unidos. “Você acha que só o real se valorizou frente ao dólar? O euro também se valorizou e não se escuta que as montadoras européias - BMW, Mercedes-Benz, Porsche que vendem nos EUA diminuíram seus volumes ou deixaram de exportar porque não estão ganhando tanto quanto gostariam”, questiona Acker. Já o Brasil manda cada vez menos carros para fora. Comparando o primeiro trimestre de 2007 com o mesmo período do ano passado houve queda de 13% (182,12 mil unidades ante 201,24 mil) e se considerarmos os primeiros três meses de 2006 em relação a 2005, o mercado já havia caído 9,5%. Os valores se mantém estáveis e a indústria obteve uma receita 0,1% maior com as exportações no primeiro trimestre de 2007 ante o mesmo período de 2006. A palavra de ordem na indústria hoje é importar. um estudo mundial da Roland Berger que analisou todos os mercados do planeta para esses veículos que impulsionarão o crescimento da demanda mundial. “O Brasil é um país com boa representação em carros de baixo custo, mas tem outras regiões do mundo onde este segmento de mercado está crescendo muito rapidamente”, afirma van Acker. O conceito de carros de baixo custo não é linear, um veículo desse segmento é diferente para o europeu, para o americano, para os países emergentes e é diferente para o Brasil. Para uniformizar e obter estatísticas confiáveis, a Roland Berger levantou dados do segmento AB, compactos ou pequenos, que no mercado brasileiro, por exemplo, vai do Celta e ao Golf. Logo, nem todo compacto é de baixo custo. E nem todo carro de baixo custo é espartano, desprovido de acessórios, já que a tecnologia é cada dia mais barata e os consumidores querem inovação. “Os novos modelos serão equipados com tecnologias mais acessíveis, que permitem manter o preço baixo dos veículos”, diz Acker. Segundo o estudo, “o segmento AB crescerá para 18 milhões de unidades nos próximos seis anos, o que significa um quarto do mercado mundial”. Hoje, o tamanho desse segmento é de 14 milhões de unidades vendidas. O crescimento anual será de 4%. Esse incremento virá da China, da Índia, da Europa Central e do Leste, impulsionado não só pelos emergentes mas por mercados desenvolvidos. Isso mesmo! Cada vez mais, carros compactos serão a opção dos ricos europeus, japoneses e até dos ricos norte-americanos, que até aqui gostavam de grandalhões e beberrões. “As pessoas precisam diminuir as despesas com mobilidade. Elas têm menos renda disponível e, de tempos em tempos, os combustíveis apresentam alta de preços. Nos mercados emergentes há uma enorme demanda Carros compactos para ricos europeus O assunto é ainda mais sério quando se fala em carros de baixo custo ou de ultra baixo custo, foco de 17 Seto r por mobilidade, há problemas de infra-estrutura, de transporte público (como no Brasil) e as pessoas precisam se locomover. E nos mercados desenvolvidos as pessoas trocam de carros; elas saem dos usados para os novos. Também lá, o carro não é apenas um bem de investimento, tem um enorme valor emocional.” Car, care, core Com experiência de 17 anos como consultor no setor automotivo, Win conhece os mercados europeus, o norteamericano (atualmente mora em Detroit), os latinoamericanos e também o chinês. Segundo ele, “os chineses pensam se o carro vai vender e ponto final. Para eles, questões como qualidade e performance de segurança não são tão importantes.” Na visão da consultoria, a chave para o sucesso no segmento compactos se resume a três palavras em inglês e nem todas têm tradução simples e literal: car, care, core. “Care” refere-se à experiência de compra do consumidor, mas também é financiamento, seguro, serviços, garantia, rede de revendedores. “Tudo isso é muito importante para obter sucesso com carros de baixo custo”. Já o “core” está relacionado ao grau de representatividade da montadora no mercado. É importante para o consumidor, especialmente de baixa renda, acreditar na marca, pois lá estará investida a sua poupança. E onde estão os consumidores, os grandes mercados? Eles estão no Japão que 18 é um dos mercados principais para veículos do segmento AB. A frota de compactos saltará de 0,8%, ou 2.508 milhões para 2.599 milhões. Na Europa, que consome cinco milhões de veículos desse segmento por ano e importa 1.5 milhões, especialmente no Leste Europeu, crescerá de 5.471 milhões para 5.758 milhões de unidades. O continente europeu é especialmente importante para o Brasil, que manda veículos para lá, mas é também uma ameaça: o mercado é abastecido pelas plantas de baixo custo e mão-de-obra barata do leste. A demanda por veículos de baixo custo aumentará no México, o volume subirá de 455 mil para 582 mil unidades. No Brasil, a elevação será de 3,9%, de 1.284 milhão para 1.513 milhão de unidades e coisa similar deverá acontecer em outros mercados de tamanho equivalente ao nosso, como o russo, por exemplo. Já nos EUA, onde o consumo de carros pequenos é mínimo, a expansão será de 8,7%. Sairá de 428 mil para 705 mil unidades. “A razão principal é que as pessoas lá não gostam de carros pequenos e, de um modo geral, os carros são muito baratos, assim como a gasolina que é baratíssima. Porém, acreditamos que esse segmento vá crescer para 700 mil carros nos próximos seis anos. E há estatísticas que apontam que pode chegar a três milhões ao ano.” Parece muito, considerando a cultura automotriz americana, mas o mercado é grande: as vendas totais estão em 17 milhões de unidades por ano. A Roland Berger fez uma análise sócio-demográfica lá e identificou o potencial: pessoas pobres, com baixa renda, imigrantes sem história de crédito e, exceto nas grandes capitais, há falta de infraestrutura de transporte público. “Há muita demanda reprimida nos EUA e carros desse segmento podem ser Qualidade é mesmo muito importante Qualidade é importante para aceitação e confiança dos consumidores no mundo inteiro. A qualidade dos carros chineses e indianos ainda não é tão boa quanto a dos carros norte-americanos (quando se fala em qualidade, os japoneses ocupam o topo da lista) que, por sua vez, segundo van Acker, têm qualidade similar aos brasileiros. Em números: 120 problemas em cada 100 veículos. “Os chineses não chegaram a esse nível. Estão chegando, mas ainda não estão lá. E esse ‘ainda não chegaram lá’, cria oportunidades para a indústria brasileira.” A China é como o Brasil, diz Win, que morou aqui dez anos. Não há um só Brasil, há Brasis. Nas diversas regiões há pessoas com diferente poder aquisitivo. Na China tem regiões que são completamente diferentes também, por isso, não é tão fácil atender esse mercado. Na China e na Índia a utilização de capacidade e demanda são muito distintas. A agressividade no mercado mundial das montadoras chinesas e a decisão firme de atender ao mercado interno e partir para exportação não ocorre na Índia. A China já é o terceiro maior produtor automotivo mundial, com mais de 5,7 milhões de unidades em 2006, devendo chegar aos sete milhões em 2007. A Índia espera produzir 2,8 milhões de veículos daqui a três anos, um milhão a mais que em 2006. “A China está desenvolvendo uma super capacidade. É uma situação que o Brasil conhece bem, pois na década de 1990 viveu um boom de investimentos, de novas fábricas e a demanda não cresceu tanto quanto deveria. O mesmo está acontecendo no gigante asiático, o que representa um perigo para a indústria de países como o Brasil”, diz o sócio diretor da Roland Berger. Com a estrutura atual, poderiam ser produzidos mais de três milhões de veículos no Brasil, mas a expectativa é que em 2007 o volume seja de 2,78 milhões de unidades e só em 2010, nossa indústria alcançará a capacidade instalada, que é a de abastecer o mercado interno e suprir os embarques. A Índia será menos agressiva nas exportações; as previsões de venda e produção se igualam, ou seja, o país precisa da própria capacidade instalada para suprir suas necessidades. Carros populares são carros de US$10 mil? O mercado chinês crescerá nos segmentos de baixo custo. Já se desenvolveu nos segmentos mais altos, que hoje estão saturados. Os compactos, segundo estimativas da consultoria, vão crescer dentro da China de 1.2 milhões em 2007 para 2.6 nos próximos seis anos, uma taxa de elevação de 13,4% ao ano. Quanto custa para produzir o carro chinês? Tomando como base o Chery QQ, a equipe da consultoria chegou a um montante entre US$ 4 mil a US$ 5 mil. Para vender em outros mercados, com os custos de logística, impostos de importação, custos para processos jurídicos, custos de conversão para homologação de acordo com as leis lafstudio/divulgação vendidos lá se tiverem boa qualidade e o nome de marcas famosas. O interessante é que ninguém está tentando montar uma estratégia para vender carros baratos por lá.” 19 Seto r em um mercado de tamanho similar ao do Brasil. Na Rússia, o mercado vai crescer 4% ao ano. Dez anos atrás, as montadoras globais só tinham 8% do mercado, agora tem 40%. Wim van Acker, da Roland Berger 20 de segurança e emissões, custos de marketing e para estabelecer a rede de revendedores, o carro sairia por US$ 10 mil. Ou seja, são competitivos, uma ameaça, mas...nem tanto.Com este número em mente chegase a uma definição: carros de baixo custo são carros de US$ 10 mil ou menos. Os mercados locais são muito importantes para as montadoras locais. É difícil tirar das mãos dos chineses e indianos o mercado de seus próprios países. Outros mercados também crescerão. Um deles é o Brasil: nos próximos seis anos estima-se que cinco milhões de brasileiros poderão comprar um carro e os veículos de baixo custo desempenharão um importante papel no crescimento de 1.5 milhões de unidades nesse período, algo em torno de 3.9% ao ano até 2012. As montadoras brasileiras têm posição confortável para atender essa demanda. Exceto Índia e China, não são só as montadoras locais que ganham espaço quando o mercado cresce. No leste europeu, a Renault domina com o Logan da marca Dacia e tem 24% de participação no segmento AB, de baixo custo, divulgação Desenvolvendo estratégias Importante fator de competitividade na disputa global é desenvolver uma arquitetura de veículo que será utilizada em ciclos cada vez mais longos, mas com derivados (diferentes modelos como SUVs, picapes, state wagons, hatchs, vans e sedans) que terão ciclos de vida mais curtos. A arquitetura tem que ser global, o design atrativo, os módulos e sistemas utilizados os mais baratos possíveis ou já largamente aprovados para não encarecer o produto. O estudo da Roland Berger conclui que o carro de baixo custo de sucesso venderá no mínimo 260 mil veículos/ano na Europa (número que o consultor admite estar subestimado). Carros de baixo custo competitivos no mundo todo teriam de custar entre US$ 5 e 7 mil. A indústria brasileira é muito forte e poderia competir com qualquer outra indústria do mundo. A engenharia nacional é adequada para o mercado interno e para outros países do globo. A praça doméstica, mesmo menor que a chinesa, se estável, atrai investimentos, a distância da Europa tanto para nós quanto para os asiáticos é a mesma, mas ainda levamos vantagem em um ponto muito importante: a confiabilidade e a experiência que os parceiros internacionais têm com o Brasil. Vale, e muito, a história de muitos anos com a Europa, Estados Unidos e outros mercados. Tudo isso considerado, a indústria brasileira poderia fazer mais, obter mais êxito do que apenas os 600 mil carros exportados por ano. “Por que os chineses vão aumentar suas exportações de centenas de milhares para milhões por ano e o Brasil não? Quem, como eu, trabalha com o mercado mundial acha muito estranho o fato de falarem da China, da Índia, da Coréia e não do Brasil. O País já provou sua competência de engenharia e manufatura e tem todas as montadoras globais instaladas aqui. Não será possível ganhar mais espaço nos mercados externos e impedir que os chineses, que ainda têm que provar um monte de coisas, o façam? O Brasil poderia ter políticas de exportação consistentes e abocanhar milhões de dólares, que serão dos asiáticos se nada for feito”, questiona van Acker. Não só as montadoras poderiam fazer mais. O governo poderia fazer seu papel, estabelecendo uma política industrial consistente, acordos comerciais e reduzindo impostos. Assim, os colegas de Win van Acker saberiam do que ele está falando. divulgação Bandeira Top 10 e Importados Top 5 A Atenção total ao cliente resulta em um atendimento “nota 10”. Este foi o mérito dos concessionários VW que, como prêmio, irão aproveitar as merecidas férias em um dos lugares mais bonitos do mundo. No mês que vem, junho, os 10 concessionários Volkswagen vencedores da campanha Top 10 e os cinco ganhadores da Importados Top 5 estarão desfrutando do conforto e da beleza de Dubai, no oriente médio. Esses empresários e suas equipes trabalharam arduamente durante o ano, aperfeiçoando processos e ajustando a rotina do dia-a-dia para atingir os objetivos propostos pela Montadora. 24 lém da viagem a Dubai e da hospedagem de 7 dias no Burj Al Arab, o hotel mais luxuoso do mundo, os campeões ganharão um curso de pilotagem em um Lamborghini no autódromo local e um safári 4X4 em um Touareg pelo deserto. Rodeada por desertos, dunas de areia e as supreeendentes montanhas Hajar, Dubai abriga inacreditáveis construções de alta tecnologia e oferece uma infinidade de coisas para fazer, ver e ouvir. Há desde atrações modernas até as mais tradicionais, como uma das maiores pistas indoor de esqui do mundo ou uma visita à casa do Sheik Saeed Al Maktoum´s e prestigiar uma coleção de fotografias antigas e históricas. Uma das maiores e mais lindas mesquitas, a Jamairah, está lá e é um moderno exemplo da arquitetura islâmica, inteira feita de pedras na medieval tradição Iatimid. O Burj Al Arab Campanha Nacional Top 10 CLASSIFICAÇÃO 1º 2º 3º 4º 5º REGIÃO 3 6 6 6 6 CONCESSIONÁRIO Corujão Euromar Saga Disbrave Discautol CATEGORIA A A A A A 1º 2º 3º 6 5 1 Autobel Disnove Sorana B B B 1º 2º 3 3 Piramide Somaco C C Campanha Importados Top 5 CLASSIFICAÇÃO 1º 2º REGIÃO 1 3 CONCESSIONÁRIO Caraigá Servopa CATEGORIA I I 1º 2º 1 1 Sorana Biguaçu II II 1º 4 Recreio BH III “DOUTORES EM VOLKSWAGEN” Este é, por enquanto, o hotel mais luxuoso do mundo e uma das grandes atrações em Dubai. Devido à sua arquitetura única e original, o hotel é parte de uma ilha artificial distante 280 metros da praia e seu acesso é feito por uma via em curva. Ou seja, os visitantes começam a descortinar a beleza da paisagem paulatinamente. Já o hotel, é um espetáculo em si mesmo. No hall há uma fonte de vários lances, dispostos como degraus. Os jatos d´água fazem uma coreografia sincronizada, iluminada à noite por luzes coloridas. As paredes são formadas por aquários altíssimos, com peixes de água salgada, e é por todo esse luxo que o Burj Al Arab é considerado um “sete estrelas”. Aliás, sete também é o número dos restaurantes que o hotel possui. Dentre eles, destacam-se o Al Mahara, um restaurante submarino, onde além da fantástica culinária pode-se apreciar a profundeza do mar e suas criaturas fantásticas, como tubarões, corais e outras espécies e o Al Muntaha, um restaurante panorâmico semi-suspenso no ar, com uma vista única sobre o deserto e que já se tornou uma referência da cidade. Foi altamente produtiva a “Semana de Atualização” dos Instrutores do Treinamento Assistência Técnica da Volkswagen. Como se sabe, o projeto conta com representantes dos Centros Regionais de Treinamento de todo o Brasil e tem o objetivo de garantir a qualidade das informações passadas à Rede de Concessionárias, por meio de um processo de aprendizagem eficaz. Naturalmente, a meta do programa é assegurar uma maior satisfação dos consumidores, garantindo maior retenção e fidelidade dos mesmos. O gerente de Treinamento do Pessoal da Rede, Wolfgang Mathias Pfeiffer, reforçou o objetivo da montadora que é, prioritariamente, a alta performance em atendimento. Na esteira da campanha de Pós-Vendas, “Doutores em Volkswagen”, os instrutores receberam atualizações sobre motores, transmissões e ELSA, entre outros assuntos. Hoje eles já devem estar retransmitindo os conhecimentos adquiridos às suas bases - São Bernardo do Campo, Bauru, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte e Recife. 25 lafstudio/divulgação Bandeira Carros de luxo Volkswagen Super Surf Agora, a Linha Passat e Passat Variant passa a ser ofertada com uma nova estrutura, para atender o mercado de veículos importados com o que há de melhor em termos de design, qualidade, segurança e conforto. O motor Turbo 200 cv, que equipava somente a versão top de linha – Highline, passa a equipar também a versão de entrada – Comfortline, além do retorno da versão V6 ao mercado brasileiro, com toda força, no auge dos seus 250 cv de potência 26 Aconteceu de 2 à 6 de maio, a segunda etapa do SuperSurf na praia de Itaúna - Saquarema - Rio de Janeiro. Já é o sexto ano consecutivo que a Volkswagen é patrocinadora oficial do Campeonato SuperSurf, um dos mais importantes campeonatos de Surf do Brasil. Um grande evento que reúne os mais renomados esportistas brasileiros. Com uma estrutura que oferece sinergia entre o Marketing da Volkswagen, a Rede de Concessionários e o principal, seu público. Além de ter ampla divulgação na mídia televisiva, impressa e internet. O estande apresentou os modelos CrossFox, SpaceFox e o Novo Golf. A próxima etapa será no litoral norte de São Paulo, na cidade de Ubatuba/SP, de 20 a 24 de maio. lafstudio/divulgação Bora , sucesso absoluto na Stock Car Fox O Volkswagen Bora começou bem – e no pódio - a sua participação na temporada 2007 da Copa Nextel Stock Car, a principal competição multimarcas do automobilismo brasileiro. A corrida foi realizada dia 21 de abril, domingo de manhã no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Pilotado por Daniel Serra – filho de Chico Serra, um dos maiores nomes do automobilismo nacional – o sedan largou na pole position, apresentou excelente desempenho e completou a prova em terceiro lugar. Também conquistamos o quarto lugar, com o piloto Hoover Orsi. O presidente da Volkswagen do Brasil,Thomas Schmall assistiu a corrida e participou da festa. Ele entregou a taça de terceiro colocado a Daniel Serra. Fox Portenho Poucos, muito esportivos e super charmosos. Não é o slogan de uma revista feminina, mas certamente revela os atributos que muitas mulheres apreciam no sexo oposto: exclusividade, dinamismo e sex appeal. Na verdade, estas qualidades pertencem ao Fox Sportline, uma edição limitada do modelo destinada ao mercado argentino. São apenas 700 unidades, dotadas de volante multi funcional em couro, saias laterais, spoilers nos pára-choques dianteiro e traseiro, farol duplo, lanterna e farol de neblina, aerofólio traseiro e ítens de conforto como espelhos interno Auto focus e externo Tilt-down. Route O Fox é considerado o modelo da VW do Brasil com o maior potencial de penetração entre os jovens devido às suas características exclusivas em termos de design, espaço interno e versatilidade em seu segmento. O Fox Route é a primeira série especial do Fox com foco no público de espírito jovem. Esse público é em sua maioria guiado pela imagem e se interessa por novidades tecnológicas para uso no dia-a-dia. O Fox Route será ofertado nas motorizações 1.0 Total Flex (5Z1HC4) e 1.6 Total Flex (5Z1HE4) e também será vendido na versão 4 portas, com destaque para ítens visuais de série com grande valor agregado como: • Rodas de liga leve • Faróis duplos • Antena de teto • Tape preto na coluna B • Aerofólio na tampa traseira na cor do veículo • CD-Player MP3 Clarion com entrada USB* • Pen drive de 512 MB* • Interior com tecido exclusivo • Soleira exclusiva com o nome da série 27 A Passeio fotos: stock.xchng Kimono X HDTV Conhecer o Japão é uma dessas experiências mágicas e inesquecíveis. Para começar, a viagem é longa e vai alimentando nossa fantasia. O que esperamos encontrar? Uma paisagem bucólica, montanhosa, coberta por um verde veludo muito bem cuidado e salpicado de casas singelas de madeira com luminárias de papel de arroz. T Por Paulo Brumus udo muito clean, místico e harmonioso. De repente, de uma porta dupla de correr, surge uma moça, linda em seu traje de seda colorida, cheio de adereços. Ela caminha ligeira a passos curtos, como que suspensa no ar. Os pés pequenos, cobertos por meias, estão enfiados em getas, as clássicas sandálias de madeira. Nas mãos ela traz uma chawan, a tigelinha de chá verde. Perfeito, não? E possível. O mais interessante do Japão é que ele convive esplendidamente com dois opostos: a tradição milenar e o mundo high-tech. A cineasta Sophia Coppola em seu belíssimo filme “Encontros e Desencontros” abordou muito bem esse aspecto. Quem viu o filme, não pôde ficar indiferente à surpresa sentida pela protagonista ao descer do seu apartamento em um moderníssimo hotel de luxo em Tóquio e entrar em uma das salas do lobby onde senhoras de kimono montavam ikebanas - arranjos florais onde o que prevalece é o aspecto harmônico linear e não a profusão de flores, como no ocidente. O contraste é marcante e acaba pontuando todo o filme. A noite de Tóquio é uma loucura. Acontece de tudo e todo tipo de gente é vista. Enquanto alguns jogam alucinadamente em caças-níquel outros desafinam sem medo nos karaokês. Uma profusão de luminosos confunde os turistas que olham para o alto tentando identificar o que dizem e em seguida para a multidão que transita nas ruas tentando evitar encontrões. Sim, é um clima de pura adrenalina, mas muito seguro. O risco de ser assaltado é pequeníssimo, assim como o de ser enganado por taxistas, comerciantes ou qualquer cidadão a quem se peça uma informação. Aliás, se você não sabe, memorize: não existe “dar gorjetas” no Japão. Os profissionais se sentem ofendidos, já que além de se considerarem bem pagos pelas funções que desempenham à beira da perfeição, é uma afronta receber dinheiro como gratificação. A ética japonesa, a obrigação de ser correto, cortês, educado e disciplinado é um traço comum da sociedade. É o que mais nos encanta e o que, no fundo, mais invejamos. Porque é esta cultura do “ser japonês” que fez daquele país, pobre em recursos naturais, uma das maiores potências mundiais, detentor de inúmeros títulos, recordes e conquistas. Uma das mais recentes é a da Toyota, que roubou a liderança na estadunidense GM depois de 73 anos. O arquipélago A “Terra do Sol Nascente” – Nippon –, no extremo oriente do Globo é um arquipélago (compreende quatro grandes ilhas - Honshu, Shikoku, Kyushu e Hokkaido -, além de mais de três mil ilhas menores nas adjacências) situando ao longo da costa leste da Ásia. Através do Mar do Japão e do Mar de Okhotsk, o Japão tem como “vizinhos” a Rússia, Coréia do Sul e Taiwan. Cerca de 73% do país é montanhoso, com uma cordilheira no centro de cada uma das ilhas principais. A montanha mais alta do Japão é o famoso monte Fuji com 3.776 metros de altitude e seu ponto mais baixo fica no lago Hachirogata, quatro metros abaixo do nível do mar. O litoral marítimo do Japão (29.751 km) é aproximadamente quatro vezes maior que o litoral brasileiro (7.491 km). 31 A Passeio Noite em Tóquio mil) e filipinos. A maioria dos brasileiros residentes no Japão são nikkei (descendentes de japoneses) que vivem e trabalham no Japão legalmente e são conhecidos como dekasseguis. A população do Japão é de cerca de 130 milhões de pessoas, ou seja, muita gente para pouca terra, mas isso não é um problema para a longevidade das pessoas. A expectativa média de vida é de 81 anos, uma das maiores do mundo, e a taxa de mortalidade infantil de 3,4 para cada mil nascimentos. A potência A origem do país remonta há 30 mil anos, no período pré-cerâmico, quando povos caçadores e coletores chegaram às ilhas. A agricultura do arroz e o desenvolvimento de armas de metal (grande tradição japonesa) permitiram o surgimento de pequenos Estados que permaneceram em guerra durante muito tempo, até serem unificados no século IV pelo clã Yamato. Porém, a aristocracia samurai se opôs ao poder central nos séculos seguintes e as guerras continuaram, caracterizando o Japão como um país belicoso. O poder do imperador foi restabelecido apenas em 1868, quando a nação viveu um período de desenvolvimento econômico e de expansionismo. Após as vitórias nas guerras sino-japonesa (18941895) e russo-japonesa (1904-1905), o país conquista a Coréia e as ilhas de Taiwan e de Sacalina, mantendo também interesse sobre a Manchúria. A onipresença do Imperador A história moderna já é conhecida por todos. Após uma crise econômica na década de 1920, o país alia-se com a Itália e a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, invade a Manchúria, estabelece o governo de Manchukuo e ataca a base dos Estados Unidos em Pearl Harbor. As conseqüências, também de domínio público, forjaram a personalidade 32 O Japão continua sendo a segunda potência econômica mundial (a maior é a economia dos Estados Unidos) em decorrência de seu grande parque industrial. Dentre as principais atividades estão a indústria automobilística (o país é sede mundial das montadoras Toyota, Nissan, Honda, Mitsubishi, Mazda, Daihatsu, Suzuki, Subaru, Isuzu e Hino), a indústria eletrônica e de informática, a siderurgia, a metalurgia, a construção naval e química, com destaque para as indústrias com tecnologia de ponta nestes setores. A maior parte dessas indústrias concentra-se na faixa litorânea, devido a dependência de matérias-primas, transportadas em grande parte por via marítima. As exportações japonesas, em geral de produtos industriais, ultrapassam os 320 bilhões de dólares e incluem produtos eletroeletrônicos, automóveis, embarcações e maquinário industrial. No entanto, o Japão possui reduzidos recursos minerais e energéticos. Sua dependência externa em relação a esses produtos ultrapassa 90% do consumo nacional. As principais atividades econômicas do Japão circulam entre as ilhas de Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu. O Japão é cortado por uma eficiente malha rodoviária e ferroviária que liga o país de norte a sul, mas apesar do vasto uso das linhas ferroviárias do Japão-grande-potência que conhecemos. Sua derrota na Segunda Guerra depois dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, e a subseqüente ocupação pelos Estados Unidos até 1952, deram ao Japão motivos suficientes para, nas três décadas seguintes, experimentar um grande crescimento econômico, movido pela exportação de produtos de alta tecnologia. Embora o Japão tenha um sistema político democrático e pluripartidário (há seis grandes partidos políticos, sendo o mais forte o Partido Liberal Democrata, no poder desde 1955), o país tem um imperador e de acordo com a sua constituição, o imperador é o símbolo do Estado e da unidade do povo. Ele não possui poderes relacionados ao Governo, mas exerce o “poder da tradição”, mais um evidente sinal da boa convivência entre o antigo e o novo. A população japonesa é bastante homogênea, sendo quase toda composta por japoneses, mas como se sabe, há um significativo numero de estrangeiros. Legalmente são cerca de 2 milhões e meio e as principais colônias são as dos coreanos, chineses, brasileiros (em torno de 400 Outono em Kioto para carga, cada vez mais o transporte rodoviário vem se tornando vital para a distribuição de produtos e isto faz com que seja gigantesco o gasto do orçamento em infra-estrutura em transporte. Para encurtar a distância entre as ilhas Honshu e Hokkaido, a engenharia japonesa construiu duas pontes e um imenso túnel com 54 quilômetros de extensão. A propósito, são inúmeras as pontes no Japão: antigas, modernas, grandes e pequenas, todas belíssimas e reveladoras da excelência da arquitetura nacional. Para apreciá-las basta ir a um dos inúmeros parques. Sobre lagos, pedras ou simplesmente para unir pontos, elas contribuem para um conjunto extremamente bucólico, relaxante e harmonioso, o que faz dos jardins japoneses os mais apreciados em todo o mundo. Exportador de cultura Hoje, o Japão é um dos maiores exportadores do mundo de cultura popular. Os desenhos animados, filmes, literatura, pornografia e música japoneses conquistaram popularidade em todo o mundo, e especialmente nos outros países asiáticos, mas há também diversas artes tradicionais que merecem a atenção do turista, não só por sua beleza e delicadeza, mas pela história que revelam. É o caso do Noh, o Kyogen, o Raku-go, o Kabuki, o Yosakoi Soran e o Bunraku no teatro; o Shibu, dança com leque que acompanha o recital de um poema, e o Kembu, dança com espada, na dança; o Taiko, Enka, Sankyoku, Joruri e os populares Karaokês na música; o Ukiyo-e, Emakimono e Sumie na pintura e, claro, na estética, os Bonsai, Origamis, Ikebana e o Shodo, a arte da caligrafia. E o bom de conhecer toda essa arte é a comodidade que o metrô e os trens oferecem. Embora o fluxo de pessoas seja grande, o serviço de transporte público é extremamente organizado e absolutamente pontual. Os funcionários não medem esforços para se fazer entender em inglês e o turista é tratado como um rei. Para se ter uma idéia, ao comprar a passagem, você já sabe onde tem que se posicionar na plataforma. Através de uma sinalização colorida aérea e terrestre, você entende, sem stress algum, que o seu vagão parará exatamente à sua frente e no horário marcado. Maravilhoso. Se for às compras no supermercado, porém, atenção: olhe apenas com os olhos e não com as mãos, “à brasileira”. Tudo o que se toca, se compra. Além de serem muito severos com a higiene, recordo que o país não é fértil e tudo vem de fora, elevando naturalmente o preço dos produtos. Frutas, por exemplo, são artigos preciosos, comumente dadas de presente a pessoas convalescentes, tamanho Portão flutuante de O-torii-Miyajima é o seu valor. Outro detalhe a observar pessoa, incluindo duas refeições, gira em é que as moedas estrangeiras são aceitas torno de 20 ienes, fora o imposto de 5% e apenas em um número limitado de hotéis, a taxa de serviço de 10%, o que acaba restaurantes e lojas de souvenires, então, é sendo equivalente aos hotéis de redes preciso ter ienes na carteira. Pode-se internacionais e ocidentais em Tóquio, cambiar ienes em bancos, nas agências de sem as refeições. câmbio e outros locais autorizados. O Japão é lindo todo o ano, mas a Travellers checks e cartões de crédito primavera, naturalmente, é a estação mais internacionais são aceitos sem problemas. agradável, não só por causa da No paraíso das compras que é o Japão, temperatura, mas pelo fato de as cerejeiras especialmente no tocante a eletrônicos – árvore símbolo do Japão – estarem em (zona de Akihabara), cabe uma ressalva: o flor. Acredite, é algo digno de ver. preço é bem alto se se tratar de uma As cerejeiras florescem primeiro em novidade “made in Japan”. Um produto Kyushu, que é a região mais quente, no equivalente com o selo “made in China” início de março, mas essas lindas árvores pode custar a metade. O mesmo vale para podem ser contempladas repletas de flores os eletrônicos que “já saíram de moda” até maio no nordeste do país. (tenha presente que a cada minuto surge Já o verão, que começa em junho uma novidade nesse segmento...) “made trazendo muitas chuvas, é quente e in Japan”. úmido, mas as praias e montanhas ficam Há várias lojas e shoppings centers onde cheias de gente, o que proporciona se pode gastar dinheiro. Desde lojas diversão garantida. Mesmo porque, esta é especializadas, até de departamentos, a época do plantio do arroz e há muitas onde souvenires podem ser adquiridos no festas populares, entre elas, a escalada ao duty free. Para isso, tenha sempre o Monte Fuji. passaporte à mão. Com isso, você fica à Agora, se você é um romântico e gosta da vontade para escolher os artigos japoneses natureza, precisa visitar o Japão no que mais fascinam os ocidentais, como pérolas, kimonos e obis (faixas), artigos de outono. É quando o arquipélago apresenta uma profusão de cores, que vão do laca, lanternas (de papel produzidas na vermelho-dourado ao amarelo pálido. É província de Gifu), cerâmicas e louças também a estação da colheita, por isso para a cerimônia do chá, seda, artigos de rolam inúmeros festivais e campeonatos bambu, bonecas e leques, sempre muito esportivos. E no inverno, que não é tão coloridos e atraentes. forte quanto na Europa ou Estados Unidos, a dica é esquiar nas regiões Acomodação em estilo montanhosas, onde a neve é abundante. japonês Diversos esportes são praticados no Japão. Pense como pode ser interessante ao invés Eles variam desde os tradicionais, como as de ficar no arranha-céu do filme de artes marciais, em especial o Judô, o Sophia Coppola, hospedar-se em um Karatê, o Kendo e o Sumo, assim como o ryokan. Os ryokans existem em basebol. O governo proporciona acesso abundância nas áreas turísticas, a diversas modalidades esportivas a notadamente nas termas. Nesse tipo de seus habitantes, entre elas, o tênis, habitação, o quarto, a sala de banho e as tênis de mesa, vôlei e natação, o que refeições são no estilo japonês, o que tem garantido aos japoneses significa um ambiente forrado com inúmeras medalhas olímpicas e tatamis limpos e macios, decoração sóbria recordes ao longo dos anos. Uma e de bom gosto. A diária média por 33 A Passeio Trem-bala em Osaka curiosidade é o crescente interesse dos meninos japoneses pelo futebol, que ganhou popularidade com a chegada de Zico ao campeonato local que surgia, a JLeague. Desde então, os clubes da liga contam com muitos atletas estrangeiros, principalmente brasileiros. Apenas para recordar, em 2002 o país sediou a Copa do Mundo em conjunto com a Coréia do Sul, chegando à fase de oitavas-de-final. Templos e termas O Japão tem centenas de estações de águas termais, e há dois mil anos os japoneses tomam “banhos quentes”. Não surpreende que tenham se tornado experts no assunto e por isso seus spas são os mais procurados do mundo. Eles oferecem uma infinidade de maneiras para o turista experimentar o ato de se banhar (onsen) num balneário de água mineral quente. Ah, sim, há também a tradição de se comer um ovo cozido naquela água, que de tanto enxofre deixa a sua casca preta. Diz a lenda que a cada ovo daqueles ingerido, sua vida aumenta sete anos. Pelo sim, pelo não, não deixe de provar. O gosto é de um ovo cozido comum e corrente. A prática dos banhos quentes tem se difundido também entre os jovens e os executivos em visita de negócios, o que tem tornado cada vez mais populares os spas perto de Tóquio, entre os quais destacam-se os de Hakone, Atami, Tonosawas, Ito, Kinugawa, Nasu, Nikko e Shiobara. Outro atrativo turístico que enlouquece os ocidentais são os castelos e os templos, estes, carregados de beleza, paz e história. Super bem conservados, não há palavras para descrever o impacto que proporcionam. 34 Entre os castelos, não deixe de visitar o Nijo, construído em 1603 e com 275 mil metros quadrados, para ser a residência oficial do primeiro Tokugawa Xogum leyasu. Por isso ele é representativo da mais elevada arquitetura Momoyama e é considerado uma relíquia histórica. Já o Castelo de Ouro (Kinkaku –ji), Sagano-Kioto na cidade de Kioto, famosíssimo mundialmente por ter o pavilhão recoberto de ouro, chama-se Entre os templos mais antigos e importantes, verdadeiramente Rokuonji, um templo destaca-se o Kiyomizu-Dera (Templo das zen que pertence à seita de Shokokuji do Águas), da era Hoki (778 d.C). Conta-se que Rinzai-shu. O castelo recebeu este nome há mais de 1200 anos, Enchin, um monge de em razão do seu fundador, Yoshimitsu Nara, teve uma visão onde deveria procurar a Ashikaga (Rokuon-in-den), ter nascido em nascente do rio Yodo. Depois de uma longa Rokuya-on, local onde Buda orou pela procura, encontrou no monte Otowa, em meio primeira vez. a uma névoa, uma pequena fonte e lá surgiu o Kiyomizu-Dera. Mas por falar em Nara, e Novamente as cerejeiras estando lá, não deixe de conhecer o parque, em flor onde fica o Kofuku-ji, um templo budista dos A melhor época para visitá-lo é na mais antigos do Japão. Localizado logo na primavera, quando as cerejeiras que entrada, o templo data de 669 d.C e foi enfeitam os portões de entrada principal, fundado pela esposa de Fujiwara Katari, um estão super floridas. Mas se você for no dos Shogum da grande família Fujiwara que outono não ficará desapontado, pois as comandou o país do VIII ao XII século. folhas estarão quase vermelhas. Enquanto o país vivia guerras civis em O castelo tem três andares e continuação, o templo manteve um exército aproximadamente 13 metros de altura; de soldados monges para sua proteção. E reúne também três estilos diferentes: o de enquanto reinava a família Fujiwara, palácio propriamente dito no primeiro prosperava também o templo, até começar o andar, uma casa de samurai no segundo e seu período de declínio, no século XII. Hoje, um templo Zen no terceiro. A estrutura, após séculos de história, de ruínas e esmerada e nobre, emoldurada por uma reconstruções, o templo Kokufi-ji tem um lagoa, forma um dos conjuntos significativo acervo de arte, protegido contra arquitetônicos mais bonitos do mundo. fogo e terremotos que merece ser visto. Outro castelo que merece a vista é o Nagoia, construído em 1612. Localizado Santuário Futamiura na cidade de mesmo nome, em meio ao O Santuário de Futamiura fica localizado na parque Meijo, é um verdadeiro campo praia de mesmo nome, em Ise-shi, Mie-ken, verde dentro da cidade. Entre as cidade vizinha à famosa Toba (Cidade das construções que restaram, a Hommaru Pérolas). Palace conta com painéis pintados pelo Na era Tokugawa, a praia era muito utilizada famoso artista da época, Sadanobu Kanou. para o banho, já que suas águas limpíssimas Hoje, após várias restaurações, o castelo serviam para purificar-se antes de visitar o tem elevador para facilitar a visita até o templo de Ise. quinto andar, de onde se tem uma vista O incrível do santuário é que ele é formado espetacular da cidade. por duas pedras, amarradas por uma corda. O espetáculo é indescritível, especialmente ao nascer do sol, quando o astro sobe entre as duas rochas. Para muitos, é o nascer do sol mais lindo do planeta. Daí o nome Futamiura. Futami significa “olhar mais um vez”. Mas em Ise, o interesse do turista curioso por excentricidades também não será frustrado. Uma tradição de 2 mil anos continua: a de oferecer aos deuses frutas e verduras Apartamento tipo “cápsula” em hotel de Shinjuku-eki Jardim do templo de Kioto Casa típica japonesa O JAPÃO QUE VEJO Por Hugo Goldfeld Vou ao Japão desde a década de 70, quando representava o estado de Goiás no JICA - Japan International Cooperation Agency, um órgão cultivadas apenas por fertilizantes naturais e, facilitador de transferência de quando colhidos, rigorosamente lavados. Os tecnologia e de instalação de alimentos são cultivados por homens que se empresas japonesas no Brasil. Mas purificam nas águas diariamente e sempre vestem todas as vezes, pisar em território roupas brancas e limpas para trabalhar. japonês é uma experiência e tanto. É Um sal grosso também é feito manualmente no dia sempre surpreendente e revelador. O mais quente do verão e tratado no fundo do Japão é um mistério. Acho mesmo Santuário Mishioden. No dia 15 de outubro esse que nenhum ocidental consegue sal é queimado para se fazer o Katashio (a entender, com profundidade, a oferenda), quando os sacerdotes de Ise Shrine e os cultura, os hábitos e a rígida trabalhadores que o produziram participam disciplina dos japoneses. Uma das juntos de um antigo ritual. primeiras e principais barreiras é a E antes de voltar a Tóquio para pegar o avião que língua. Nem tanto a língua falada, o trará novamente à realidade, retorne a Kioto ou que se pode aprender, mas a escrita, vá pela primeira vez, conforme o seu roteiro. que pode comprometer até traduções Kioto é uma típica cidade onde a tradição técnicas. Depois, existe a hierarquia e milenar japonesa foi preservada. Percorra as ruas o caráter reservado do povo. Numa e absorva a atmosfera das casas tradicionais, os mesa de negociação, por exemplo, é jardins e o dia-a-dia do Japão tranqüilo. Ah, não difícil perceber o que eles pretendem, deixe de visitar a Escola de Gueixas. Isso porque não deixam transparecer mesmo, a cidade mantém uma escola de nenhuma emoção. Aliás, a emoção é gueixas, e elas podem ser vistas a todo o algo naturalmente reprimido, já que ao momento, passeando pelas ruas em seus trajes serem obrigados a viver em casas luxuosos e postura elegante. Não resista, peça pequenas - dada a limitação de espaço para tirar uma foto ao lado de uma delas. Elas -, feitas de papel e madeira, são vão atendê-lo com a maior atenção. A atenção acostumados a falar baixo e a ser digna de uma gueixa. extremamente discretos desde crianças. Boa viagem. Também se diz que os japoneses não gostam de ser tocados, não gostam de abraços, sequer de apertos de mão, pelo mesmo motivo. Sendo obrigados a partilhar pequenos espaços entre muitos - o Japão deve ter a metade da área do estado de Goiás e quase a população do Brasil - esse tipo de “intimidade” está completamente fora de cogitação em qualquer relação comercial. Por outro lado, a educação, a cordialidade e o preparo intelectual dos japoneses é algo que merece ser exaltado. Não por outra Cerejeira, árvore razão conseguiram transformar um símbolo do Japão arquipélago pobre em uma super potência tecnológica. E o mais bonito: sem perder as tradições. Eu costumo dizer que diferentemente da Europa, que a cada dia fica mais “velha” com tantos problemas sociais, o Japão fica apenas mais “antigo”, porque consegue conviver harmoniosamente com a tradição e o respeito por templos de 900 anos e jovens de cabelo verde comandando computadores de última geração. Isto não significa o melhor dos mundos nem que sejam perfeitos. É conhecido o alto índice de insatisfação pessoal que aflige o povo japonês, certamente pelo excesso de trabalho e pelas pressões de uma sociedade altamente competitiva que exige, no mínimo, o máximo de cada cidadão. Acredito que este também seja um dos motivos pelos quais não se privam da happy hour ou mesmo do saquê na hora do almoço, um hábito (ou uma fuga), comum e perfeitamente aceito. E como todo povo, o japonês também tem suas excentricidades. Para mim, a mais interessante é o teatro Kabuki, como se sabe, estrelado apenas por homens. O pitoresco não é o fato dos homens fazerem também os papéis femininos uma tradição milenar - mas de existirem apenas 12 peças escritas, que são encenadas ao longo dos séculos repetidamente e sempre com muito público! Por isso e por muito mais, recomendo a todo mundo que visite o Japão. Não só os templos belíssimos, mas os jardins, a oferta infinita de consumo, a gastronomia, e a atmosfera completamente diferente daquela a que estamos habituados no ocidente merecem a visita. E não se assustem, o Japão não é tão caro quanto dizem. Tudo depende do que se quer comprar. Se forem produtos eletrônicos, eles custam um pouco mais do que nos Estados Unidos e menos do que na Europa, mas a comida, por exemplo, é mais cara. Evidentemente, não vá pedir carne, porque em um país pequeno, onde 80% do território é montanhoso, fica mesmo muito difícil criar vacas... VW Govesa, Goiânia - GO 35 Administração O custo de capital de uma empresa é uma média ponderada dos custos dos recursos próprios e de terceiros utilizados pela empresa. É muito importante ter em mente este número, mesmo sabendo que se trata de uma aproximação. O conceito de Custo de Capital e suas aplicações P 36 Por Ademar Campos Filho ara desempenhar as suas atividades, as empresas utilizam recursos próprios (recursos dos sócios, mais os lucros gerados) e recursos de terceiros, na forma de empréstimos e financiamentos. A totalidade dos recursos próprios e de terceiros é mostrado do lado direito do balanço patrimonial (passivos e patrimônio líquido). Estes recursos permitem que as empresas façam as aplicações necessárias para o giro das operações (duplicatas a receber, cheques a receber, estoques...) e também em imobilizações ( terrenos, prédios, máquinas, móveis...) Os recursos próprios têm um custo, de quantificação não muito fácil, mas que precisa ser considerado nas decisões de negócio. O custo dos recursos próprios não é reconhecido pela contabilidade. A legislação do Imposto de Renda permite, dentro de certas condições, o reconhecimento para fins fiscais dos juros sobre o capital próprio (lei 9249/95). Entretanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recomenda que os juros sobre capital próprio sejam mostrados como distribuição de lucros, permitindo assim a comparação entre os resultados das empresas. Os recursos de terceiros também têm custos, mas estes são de fácil quantificação e mostrados na contabilidade como despesas de juros. Do anedotário empresarial, conta-se que um gerente de departamento muito amigo do contador e do financeiro solicitava a ambos que só utilizassem recursos próprios nas atividades do seu departamento e que, portanto, nenhum juro fosse atribuído a seu departamento. O custo de capital de uma empresa é uma média ponderada dos custos dos recursos próprios e de terceiros utilizados pela empresa. É muito importante ter em mente este número, mesmo sabendo que se trata de uma aproximação. Espera-se que o retorno obtido pela empresa seja igual ou superior ao custo de capital da empresa . Assim, se o retorno obtido for de 20% e o custo de capital de 18% , a empresa terá obtido lucro econômico de 2 pontos percentuais . Este é o conceito de Economic Value Added (EVA) ou Valor Econômico Adicionado. Só há lucro econômico após remunerar a totalidade dos recursos utilizados, sejam eles próprios ou de terceiros. O conceito EVA aplicado em uma empresa estimula a busca de padrões mais altos de eficiência quando comparados aos padrões de lucro contábil, que considera lucro o que vai além da remuneração dos recursos de terceiros. Este conceito pode ser aplicado na avaliação de desempenho dos centros de lucro de uma concessionária de veículos. Considerando que as decisões envolvendo imobilizações não são tomadas pelos gerentes e ainda há dificuldade de alocar estas imobilizações aos centros de resultados, podemos nos concentrar em medir o capital utilizado no giro dos negócios dos departamentos de veículos novos, veículos usados, peças/acessórios e oficina. Em seguida, podemos calcular o custo do capital utilizado no giro dos negócios daquele departamento. Teremos então identificado para cada centro de resultado, as receitas, despesas e o custo do capital utilizado no giro. Ao resultado final encontrado podemos chamar de lucro econômico do departamento. É uma ótima base de cálculo para a remuneração dos gerentes de cada departamento. E quando todos os gerentes “correm” atrás de lucro econômico, os resultados da concessionária tendem a ser superiores. Dispor de informações com qualidade é um forte aliado para buscar resultados superiores em qualquer empresa, inclusive em concessionárias de veículos. Se você tem informações com qualidade, sabe dos efeitos positivos. Se não as tem, ainda é tempo de consegui-las. Ademar Campos Filho é consultor de empresas, pós graduado em Administração Contábil e Financeira pela EAESP-FGV de São Paulo. É sócio da Advance Consultoria Empresarial, especializada em gestão de concessionárias de veículos. e- mail [email protected] Freio Solto O mito da imparcialidade Quando o jornal precisa ouvir “o outro lado” da notícia é porque já se posicionou, assumiu sua parcialidade: o “outro lado” não é o “seu”, mas “do outro”. Por Joel leite A 38 prendi na faculdade que jornalista deve ser imparcial. Tentei seguir a cartilha dos meus mestres; acreditei mesmo, algumas vezes, que estava sendo imparcial ao dar uma notícia. Com o passar do tempo percebi que todos os jornais, todos os veículos de comunicação, são parciais. Então resolvi criar o meu próprio jornal. Foi assim que nasceu o “Jornal Parcial”, um boletim distribuído pela internet para os amigos. Ora, um jornal igual aos outros? Não, bem diferente: os outros não admitem a parcialidade. Como se fosse possível você ter uma visão isenta das coisas. Quem assiste a um acontecimento, o vê a partir da sua experiência, do repertório que construiu durante a vida. Assim, aquela é uma visão particular e, portanto, parcial. No jornalismo não há problema em selecionar as notícias. O problema é não dizer que seleciona. É fazer o leitor crer que está recebendo uma informação isenta. Lembra-se da história do copo com metade de água? Na visão do primeiro personagem o copo está “meio vazio”. Na visão do segundo, está “meio cheio”. Questão de ponto de vista. Assim enxergamos os acontecimentos do mundo: com absoluta parcialidade. A imparcialidade não existe. Quando eu olho o mundo já estou sendo parcial, porque o vejo apenas de um lado; vejo o outro, ou as coisas, a partir da minha posição. É impossível estar no lugar do outro. Estou sempre no “meu” lugar, tenho a “minha” visão do fato; jamais poderei mostrar o mundo a partir da visão do outro. A ilusão da imparcialidade leva jornais e jornalistas ao ridículo. A campeã dessa estupidez é a Folha de S. Paulo. O jornal criou uma coluna chamada “Outro Lado”, para dar a sensação ao leitor de que está fazendo um trabalho imparcial, ouvindo o “Outro Lado” da notícia. Não há nada mais estúpido do que isso: ora, se é preciso ouvir o “outro lado” é porque existe um lado preferencial da notícia; existe “o seu” lado, que – se supõe – seja o lado “correto”, o lado que o jornal definiu como o certo. Não raro o jornal informa que o representante do “Outro Lado” não foi ouvido porque “não foi encontrado em casa” ou “não retornou a ligação até o fechamento desta edição”. Certamente ele não teve a mesma chance do entrevistado oficial, que representa “O Lado Certo” da notícia, certo? A Folha – ou qualquer outro jornal - tem o direito de entrevistar quem quer que seja e desprezar pessoas ou assuntos que não lhe convém. Mas é preciso deixar claro essa posição para o leitor e não fazê-lo acreditar que está tendo uma visão “imparcial” do fato. A grande mídia é quem determina os temas discutidos pela sociedade. Ou você acha que algum setor social discutiu a oportunidade de assistirmos por mais de três meses, diariamente, a trama do Alemão e os “heróis” nacionais (na análise do cientista social Pedro Bial) na casa do BBB? A agenda eleita pela mídia é que determina a agenda pública. O País discute o que a mídia quer. Ontem foi o escândalo dos sanguessugas, hoje é o apagão aéreo, amanhã será qualquer outro assunto que interessa aos donos dos jornais. Não é “pecado” deixar de ouvir o “outro lado”. Temos o direito de sermos parciais. E somos. Mas é preciso deixar claro a nossa posição. Nas últimas eleições presidenciais, a revista Carta Capital revelou sua preferência por Lula. O Jornal da Tarde assumiu sua feroz campanha contra o então prefeito Paulo Maluf na década de 70. “Ele (Maluf) é pernicioso para São Paulo”, assumiu o editor Julio Mesquita. O que nós jornalistas não podemos fazer é levar o leitor à ilusão de que está recebendo uma notícia imparcial. Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pósgraduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu. No v idades UM APARELHO SKYPE ACESSÍVEL Quase todo mundo conhece ou ouviu falar das facilidades (e economia) do Skype. O problema é o meio para falar: ou com microfone e caixas acústicas do PC, sem nehuma privacidade, ou com headset. Os aparelhos do tipo convencionais já existem mas esbarram no preço muito salgado. Esbarravam, pois a Philips lançou o VOIP080 um telefone com conexão USB com fio para PC integrado ao Skype que oferece qualidade de conversa ao vivo com a simplicidade de um telefone convencional. Com ele é possível controlar as funções do Skype diretamente no telefone. Preço sugerido: R$ 159,00 Onde encontrar: Serviço de Atendimento ao Consumidor (11) 2121-0203 (grande SP) e 08007010203 (demais regiões). www.philips.com.br. MULTILEITOR DE CARTÕES CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS N ão satisfeita em revolucionar a indústria musical com o iPod (que alcançou a marca de 100 milhões de aparelhos vendidos em cinco anos em abril último) e o iTunes, a Apple quer fazer o mesmo com filmes e programas de TV. Para isso, lançou em março nos EUA (abril no Brasil) a Apple TV. Uma espécie de tocador de DVD para a era da internet. A Apple TV conecta-se, através da rede WiFi existente, ao PC, a TV widescreen (desde que tenha alta resolução) e a vários sistemas de home theater. Integra-se com perfeição ao iTunes e permite aos usuários escolher, entre o acervo do site, filmes e programas de TV (ainda com qualidade inferior ao DVD) clipes de música e podcasts. Ou assistir trailers de filme diretamente na TV, ouvir as músicas no sistema de som e visualizar álbuns de fotos em alta-resolução. A Apple TV tem disco rígido de 40 GB, armazena até 50 horas de vídeo, nove mil músicas e 25 mil fotos. Preço sugerido: nos EUA US$ 299, no Brasil não divulgado Onde encontrar: Fnac As câmaras digitais têm cartão de memória, assim como outros aparelhos - celulares, handhelds etc. 40 Cada um num formato diferente. Para transferir os dados para o computador era preciso identificar o tipo de cartão e conectar o próprio aparelho ao PC. Para simplificar, sobretudo para aqueles que curtem tecnologia, mas não são especialistas, a Sony trouxe para o Brasil um multileitor de cartões que lê 17 tipos, o Multicard Reader MRW-62E-S1. Com este leitor basta tirar o cartão de memória e colocar diretamente no equipamento para que os dados sejam transferidos. A alimentação de energia e a transferência de dados são feitas via cabo USB, com alta velocidade de conexão. É ideal para quem lida com fotografia e vídeo. Simplicidade com design refinado: apenas 57gramas e tamanho de 86 x 15,7 x 50 mm. Além disso, é compatível com os sistemas operacionais Windows e Macintosh. Preço sugerido: R$ 79,00. Onde encontrar: www.sonystyle.com.br ou nas lojas de varejo especializadas em informática e fotografia. Liv ro s&Afins CRESCIMENTO E LUCRO “O assunto sustentabilidade está na pauta de todos os executivos”. A frase é do novo presidente da Febraban (a federação dos bancos), Fábio Colletti Barbosa, que preside o Banco Real, instituição que ao lado da Natura dá exemplos de crescimento e lucro. Lucro com responsabilidade social e ambiental é o tema central do livro “A empresa Sustentável”, lançamento da Campus/ Elsevier, dos autores Andrew Savitz e Karl Weber. O primeiro dirige uma consultoria independente, a Sustainable Business Strategies, e o segundo é consultor de gestão aclamado e autor especializado em negócios, temas sociais e políticos. Os autores argumentam que as companhias que exploram recursos humanos e naturais na sede por lucro são empreendimentos insustentáveis e têm cada vez menos espaço numa época em que a pressão de acionistas e investidores por responsabilidade social e ambiental é cada dia maior. O contrário, aliar atenção aos recursos humanos e naturais ao lucro é o desafio dos que buscam prosperar e ainda passar uma boa imagem aos seus clientes. “Organizações e sociedades sustentáveis geram rendimentos como fonte de sobrevivência, em vez de consumir o próprio capital. Ou seja, são empreendimentos duradouros”, defendem os autores. O livro propõe que responsabilidade social é um conceito incompleto e que o mais apropriado seria sustentabilidade, porque responsabilidade enfatiza os benefícios para os grupos sociais fora da empresa, ao passo que sustentabilidade atribui igual importância aos benefícios desfrutados pelas empresas em si. Além disso, o livro traz aos leitores informações sobre as ferramentas necessárias e os exemplos reais para alcançar a sustentabilidade, como o caso da fábrica de chocolate Hershey Foods. “A empresa sustentável” (Campus/Elsevier), de Andrew W. Savitz e Karl Weber. Preço sugerido: R$ 69,00 Mais uma história real nas telas do cinema “Alpha Dog”, o novo filme de Nick Cassavetes, narra uma história real: três dias na vida de um grupo de jovens californianos. Três dias em que tudo foge do controle e se torna definitivo. No ano 2000, Jesse James Hollywood, terceira geração de uma família de traficantes de maconha, seqüestra e manda matar um garoto de quinze anos, irmão de outro vendedor de drogas que lhe devia dinheiro. Com um passaporte falso, foge – advinha para onde? Sim, para o Brasil. O filme narra as 72 horas finais desses jovens de classe média, isolados em uma vida suburbana, com tempo, grana e drogas à vontade em uma eterna festa. De tanto imitar a vida bandida, ultrapassam a linha tênue, deixam de ser outsiders e vão para o outro lado. É um filme violento, sobretudo na linguagem que os jovens usam. Agressivos, empregam as 53 variações de uso da palavra fuck em cada frase. Por natureza, a América é permeada pela contracultura e seus heróis são os criminosos; o novo sonho americano dos jovens brancos da classe média é se tornar um deles. No longa, nomes, locais e acontecimentos foram trocados, o que permanece é a liderança que James Hollywood (no filme Johnny Truelove) exerce sobre o bando. Assemelham-se, de fato, à matilha a que se refere o nome do filme, macho dominante. Por cinco anos, Hollywood, o bandido mais jovem procurado pelo FBI, encabeçou a lista dos mais procurados até ser preso na praia de Saquarema, na Região dos Lagos (RJ). O processo ainda tramita no estado da Califórnia. Se condenado por assassinato, será punido com a pena de morte. O elenco de jovens e consagrados atores traz o promissor ator, Emile Hirsch (Heróis Imaginários), o cantor e popstar, Justin Timberlake, Ben Foster (X-Men 3) e Anton Yelchin (Sociedade Feroz), além dos veteranos Bruce Willis (Xeque-Mate) e Sharon Stone (Bobby). Estreou 11 de maio. Alpha Dog, EUA, 2006 Direção: Nick Cassavetes (Diário de uma paixão; Um ato de coragem) Distribuição: Imagem Filmes 41 Vinhos & Videiras americana a obter o certificado de neutralização de carbono, o que evidencia sua preocupação com o meio ambiente. Uma das maiores preocupações da equipe de enologia da Cono Sur é localizar novos locais de plantio em todo o território chileno, uma quase obsessão pela descoberta de novos terroirs. Em alguns locais, tais como o Vale do Elqui, Bio-Bio e San Antonio, já são cultivadas variedades brancas e as tintas Pinot Noir e a Por Arthur Azevedo Syrah de clima frio. Estes vinhedos a pequena e quase desconhecida Chimbarongo, no Vale de complementam os já existentes em Chimbarongo e nos vales do Maipo, Colchagua, está escondido, bem guardado, um segredo da Casablanca e Cachapoal. Outra novidade é a Riesling, uma uva branca gigante Concha Y Toro: a vinícola boutique Cono Sur, dirigida que a Cono Sur está cultivando em Bio-Bio, que tem mostrado muita com muita competência por Adolfo Hurtado, um dos mais personalidade e principalmente tipicidade no Chile. premiados e prestigiados enólogos do Chile. Entre as uvas tintas, o diferencial da Cono Sur está no manejo Os vinhos da Cono Sur são agora representados pela Wine cuidadoso da exigente Pinot Noir, que nas mãos de Adolfo Hurtado e do Premium, uma empresa do grupo Expand, do empresário Otávio consultor francês Martin Prieur, dá origem ao melhor vinho desta Piva de Albuquerque. A Wine Premium já existe há três anos, varietal no Chile, o espetacular Ocio, um vinho muito exclusivo e raro. mas só agora começa a aparecer para o público, com equipes A Wine Premium está trazendo três linhas diferentes de vinhos da Cono próprias de vendas e com toda a infra-estrutura necessária Sur (www.conosur.com), além do ícone Ocio. A mais básica, e de para atender a crescente demanda do mercado brasileiro. excepcional relação custo/qualidade é a Varietal Bicicleta, seguida pela Desde 1993, quando começa a história da Cono Sur, a empresa linha Reserva e pela linha 20 Barrels, esta última, de categoria tem adotado uma postura agressiva de inovações, premium. O nome da primeira homenageia o transporte utilizado pelos surpreendendo com o plantio das primeiras videiras de trabalhadores para se deslocar pelos vinhedos. Viognier no Chile, em 1997, ou com a introdução da rolha Os vinhos da Cono Sur já estão disponíveis nas melhores lojas sintética, em 1995, e da “screw-cap” (tampa de rosca), em especializadas do Brasil e também na Wine Premium, pelo website 2002. Em 2003, teve a primeira colheita totalmente orgânica, www.winepremium.com.br certificada por importante organização na Alemanha e Arthur Azevedo, consultor de vinhos, presidente da ABS-SP, editor da revista Wine Style e do website Artwine (www.artwine.com.br) pretende, ainda em 2007, se tornar a primeira vinícola sul- Cono Sur, a excelência da PINOT NOIR no Chile N Mesa Posta C O legado saboroso da antigüidade Por Isabel Caldeira ontinuemos nosso percurso de quatro etapas para conhecer a gastronomia da Antigüidade, na Civilização Ocidental, iniciado na edição anterior, visualizando “O legado saboroso da Antigüidade”, conforme a citada obra “A Canja do Imperador”, de J. A. Dias Lopes. Os fundamentos, ingredientes e técnicas da Grécia Antiga ajudaram a delinear a essência da Cozinha ocidental e o seu legado chegou aos nossos dias por intermédio do Império Romano. Os historiadores estabelecem o início do aprendizado dos romanos no ano em que estes conquistaram a florescente cidade grega de Corinto, no istmo entre a península do Peloponeso e o sul do país, em 146 a.C., época em que os gregos já usavam os condimentos, empregavam o vinho e o leite na cozinha, guisavam as carnes com ervas aromáticas, as preparavam com saborosos recheios, conservavam os alimentos em azeite de oliva e produziam pão. Enquanto os romanos não tinham qualquer familiaridade com os frutos do mar e dos rios, os gregos preparavam talentosamente peixes, moluscos e crustáceos. No século VI a.C. Aristóteles relacionou 110 classes de peixes. Os gregos criavam todos os animais que conhecemos. Em Ática, região ao noroeste do Peloponeso, sua vegetação fornecia aos ovinos e caprinos uma ração de louro, malva, tomilho, orégano, salvia e coentro, o que lhes conferia uma carne temperada pela própria natureza. O porco recebia tratamento diferenciado e chegava à mesa recheado com toucinho, azeitonas, ovos e ostras. Produziam ainda, embutidos, sendo atribuída a eles a criação da morcela de sangue. Selvagens e domesticadas, as aves também mereciam a glória do fogão: pato, ganso, pavão, galinha, galinha d’angola, 42 faisão, perdiz e codorna. Exímios caçadores, abatiam o javali e o cervo, bem como a lebre, que cortavam em pedaços, marinavam em cebola, orégano, tomilho e cominho e preparavam em molho com o sangue do próprio animal (produzindo um precursor do “civet” dos nossos dias). O domínio do forno os fez produzir doces adoçados com mel e mais de setenta variedades de pães, elaborados com farinhas de trigo ou aveia. Um tempero obrigatório era o limão, que associado ao ovo, converte-se em substancioso molho que entra, por exemplo, numa sopa de galinha de consistência espessa, a Sopa de Galinha com molho de Ovos e Limão. INGREDIENTES: 1,5 quilo de galinha cortada pelas juntas; 1 cebola picada; 1 cenoura picada; 1 folha de louro; 125 gramas de arroz; 2 ovos; 5 colheres de sopa de suco de limão; 2 colheres de sopa de salsinha picada finamente; caldo de galinha (preferencialmente) ou água o quanto baste; sal a gosto. PREPARO: coloque a galinha, a cebola, a cenoura, e o louro, numa panela; cubra com o caldo, tempere com sal e cozinhe com a panela tampada até a galinha ficar macia a ponto de poder ser despregada do osso (se necessário, acrescente mais caldo durante o cozimento); durante o cozimento, descarte com uma escumadeira a espuma que se forma na superfície; retire a galinha do caldo, elimine a pele, desosse e desfie; leve o caldo ao fogo e acrescente o arroz; após uns 20 minutos acrescente a galinha desfiada e deixe levantar a fervura; retire a panela do fogo; num recipiente bata os ovos um pouco até espumarem e aos poucos acrescente o suco de limão sem parar de bater; agregue várias colheradas de sopa quente, mexendo delicadamente; junte essa molho à sopa, que estará fora do fogo e misture bem; polvilhe com a salsinha e sirva. É deliciosa. Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e cardápios especiais. Contato: [email protected]