La - Comunità Italiana
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A m a i o r m í d i a d a c o m u n i d a d e í t a l o - b r a s i l e i r a www.comunitaitaliana.com Ano XIV – Nº 112 ISSN 1676-3220 R$ 10,90 Rio de Janeiro, outubro de 2007 Chame o carabiniere! Às voltas com uma polícia contaminada por agentes truculentos e corruptos, o governo brasileiro recorre ao modelo italiano de segurança pública para conter o crime Em edição bilíngüe Tropa de Elite: exclusiva com roteirista Bráulio Mantovani fazendo seu papel. Para falar com nossos representantes, ligue (21) 2722-0181 ou escreva para [email protected] Custódio Coimbra / Ag. O Globo 24 CAPA Lição contra o crime Dois retratos distintos de uma mesma profissão: o policial militar. Enquanto no Brasil boa parte da corporação é vista com desconfiança, na Itália o carabiniere não só tem o respeito como a credibilidade da população. O país recorre às táticas italianas de combate ao crime. Atualidade Editorial Líderes e heróis..............................................................................06 Família briga pela herança do tenor Luciano Pavarotti, morto no mês passado, na Itália, vítima de câncer..........................20 Cose Nostre Intervista Júri do Miss Itália 2007 “cria” o quesito bumbum para dar sua nota final às candidatas do concurso...........................07 Política Comitiva do Governo do Estado do Rio volta da Itália com promessas de investimentos em setores estratégicos.................................................14 Economia Saúde Pesquisadores italianos acabam de criar um novo medicamento para o hipertireoidismo......................................36 Cultura Representantes do cinema brasileiro e italiano formalizam parceira para produções futuras...................................46 Atualidade Beppe Grillo Comediante italiano mobiliza população criticando as instituições, os políticos e os empresários do país 4 38 Anissa Thompson 23 Divulgação Divulgação Divulgação Associação de agricultores italianos cria projeto para estimular a produção regional e reduzir a poluição....................................18 Bráulio Mantovani, sceneggiatore di Tropa de Elite, parla della pirateria del film, che era già venduto prima della sua proiezione.....31 Educação Crise escolar A exemplo do Brasil, Itália começa o ano letivo sofrendo com a falta de professores. Governo corta 11,5 mil profissionais ComunitàItaliana / Outubro 2007 51 Moda Brasília fashion A capital federal do país começa a despontar no mundo da moda com filhos de empresários indo a Florença estudar na Polimoda 56 Turismo Passeio gastronômico Empresa de transporte lança uma novidade em Milão: jantar a bordo de um trem conhecendo a cidade COSE NOSTRE Julio Vanni FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) A VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 30.000 exemplares E coa Itália afora um grito de indignação diante do acúmulo de mazelas resultantes de um período um tanto decepcionante de pasmaceira governamental. Não se trata exatamente de um grito, mas da gargalhada sarcástica do comediante Beppe Grillo, o principal crítico da política italiana no momento. O sucesso do artista não ocorre por acaso. A se levar em consideração a mobilização de multidões em torno de Beppe, os filhos da bota parecem não estar nem um pouco satisfeitos com os rumos políticos do país, carente – talvez por razões históricas e sócio-culturais – de uma liderança forte, de alguém para lhes indicar um rumo, ainda que utópico. Pelo menos essa é a opinião de uma parcela pensante da população italiana. Na falta de um líder político legítimo, os italianos se contentam em reagir com bom humor à fase de estagnação do poder público: elegem Beppe como uma espécie de messias do deboche, pelo caráter irônico da mais nova paixão nacional. O humorista pode ter lá o seu inegável valor, como pivô de um fenômeno de massa, mas a Itália ainda pode se orgulhar de possuir não apenas um, mas uma legião de heróis de verdade, ainda que anônimos: os seus carabinieri e os agentes da Polizia di Stato. Os carabinieri, em especial, podem se orgulhar de sua fama internacional. E ainda podem guardar no peito um valor – baseado nos princípios da autoridade e do respeito públicos – de dar inveja aos policiais brasileiros, por exemplo. Policiais militares brasileiros, especialmente os do Rio Pietro Petraglia de Janeiro, estão mais acostumados ao desprezo da populaEditor ção. Quando honestos e trabalhando de fato pela segurança da população, ainda assim não conseguem se livrar do risco da morte estúpida, da necessidade de completar o salário em bicos, e de uma terrível má fama impingida a toda a tropa por culpa de boa parte de seus pares – corrompida e deformada por uma cultura corporativa da violência. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, marcou um gol e tanto quando decidiu buscar auxílio na Itália – em meio à missão empresarial no país europeu – para incrementar a segurança pública no estado. O governo federal brasileiro também não abre mão dessa parceria com a polícia italiana, instituição de mais prestígio em seu país do que a própria Justiça. Mas se a imagem da polícia se mantém em alta, não se pode dizer o mesmo da educação. Difícil explicar o abrupto corte de professores da rede pública de ensino que prejudica o ano letivo e toda uma geração de estudantes. O que podem esperar do futuro jovens nascidos no primeiro mundo, mas afetados por um mal comum às crianças e adolescentes de países menos desenvolvidos, como o Brasil? Tanto estes como aqueles merecem e têm o direito a uma formação digna. Afinal, serão os líderes e heróis do amanhã. Mas ainda é tempo de o poder público rever os seus conceitos, na Itália e no Brasil. Boa leitura! Esta edição foi concluída em: 11/10/2007 às 10:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468 e-mail: [email protected] Editora adjunta: Paula Máiran SUBEDIÇÃO: Marcus Alencar [email protected] Redação: Aline Buaes; Bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Rosangela Comunale; Sílvia Souza; Valquíria Rey REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho CAPA: Andréa Moraes/ Marcos Alexandre Agência O Globo Colaboradores: Braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Valquíria Rey (Roma); Fábio Lino (Brasília) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181 [email protected] Representantes: Rio de Janeiro - João Ricardo Matta Tel: (21) 8131-5821 [email protected] Brasília - Cláudia Thereza C3 Comunicação & Marketing Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346 [email protected] ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. editorial La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220 ComunitàItaliana Justiça italiana arquivou a investigação criminal sobre a morte do ditador Benito Mussolini. Neto do “Il Duce”, Guido Mussolini questiona a versão oficial sobre a morte do avô, que teria sido executado por um companheiro de partido quando fugia das forças aliadas, na Segunda Guerra Mundial. Segundo Luciano Randazzo, advogado do neto do ex-ditador, o caso pode ser levado à Justiça internacional. Guido Mussolini pensa em deixar a investigação a cargo de um fórum semelhante ao do Tribunal Criminal Internacional, em Haia. Mussolini morreu em abril de 1945 e os últimos momentos do ditador são cercados de especulações. O s brasileiros encabeçam um ranking das nacionalidades que mais acreditam em publicidade. A pesquisa foi feita entre 47 países pesquisados pela consultoria Nielsen. Enquanto dois em cada três brasileiros (67%) disseram confiar em propagandas, os italianos só perdem para os dinamarqueses na relação de desconfiança. A pesquisa, feita por internet com cerca de 24,5 mil pessoas, teve como objetivo medir a credibilidade de cada meio utilizado para fins publicitários. Entre os italianos, 32% disseram desconfiar das peças apresentadas e o boca-a-boca funciona melhor que jornais e televisão. Gastadores Perversão U m estudo da Confindustria, principal entidade do empresariado italiano, revela que o Parlamento italiano é o que mais gasta na Europa. De acordo com o levantamento, o financiamento público dos partidos custa aos contribuintes 200,8 milhões de euros ao ano. O relatório mostra ainda que o custo médio do parlamentar italiano chega a 1,5 milhão de euros. A lista continua com Alemanha, 861.812 euros; França, com 845.622 euros; Reino Unido, com 348.397; e Espanha, com 257.330 euros. Além disso, cada italiano gasta 16,3 euros para a manutenção da Câmara dos Deputados. A Itália também ocupa a primeira posição quando o assunto é o salário dos seus parlamentares. Os 78 deputados ganham quase 150 mil euros por ano. U Ansa Diretor: Julio Cezar Vanni 6 Brasileiros crêem, italianos desconfiam Arquivado P referência nacional no Brasil, o bumbum feminino, quem diria, virou quesito de avaliação no concurso Miss Itália 2007. O estilista argentino Guillermo Mariotto, um dos jurados, pediu às candidatas que ficassem de costas, pois, segundo ele, isso o ajudaria em sua decisão. Dito e feito. Na prova dos nove, sagrouse campeã Silvia Battisti, de 18 anos. A festa foi transmitida pela TV Raiuno. “Se falta essa parte, não posso julgar”, justificou Mariotto. Ele também criticou as candidatas que procuram se parecer com as norte-americanas que, além de emagrecer demais, acabam ficando com um bumbum flácido e cheio de estrias. Silvia, que representou a região de Veneto, nasceu em Verona. Ela tem 1,80 metro de altura e freqüenta o último ano do Liceu Esportivo (ensino médio no Brasil, com ênfase em práticas esportivas). Nas areias de Copa A seleção italiana de beach soccer desembarca no Rio no próximo dia 30. Os jogadores vão participar do campeonato Mundial de Beach Soccer 2007, que acontece de 1º a 11 de novembro na praia de Copacabana. A Itália estréia na competição no dia 3. Dois dias depois, será oferecida uma festa no consulado da Itália do Rio para recepcionar os atletas. Em iate ecológico O empresário italiano Luciano Benetton, presidente da grife que leva seu sobrenome, dará a volta ao mundo a bordo de seu iate ecológico. O iate de Benetton, batizado de “Tribù”, é a primeira embarcação que obteve o Green Star, certificado de respeito ao meio-ambiente, que até agora havia sido dado somente a navios de cruzeiro. Ele é equipado com um sistema de coleta de águas poluídas que são tratadas e retidas durante dias. ma pesquisa da ECPAT, organização internacional de combate à prostituição infantil, revelou que pelo menos 100 mil italianos fazem turismo sexual, colocando a Itália em quinto lugar no ranking da entidade. A situação é mais grave nos Estados Unidos, na Alemanha, na França e na Austrália. Segundo a ECPAT, geralmente os envolvidos são jovens, que pagam sem negociar o preço. Cubanas, quenianas e venezuelanas são os principais alvos. Marco Scarpati, presidente da ECPAT na Itália, diz que os italianos são responsáveis por cerca de 20% das propostas de prostituição infantil no Quênia. Eles também fazem turismo sexual na Venezuela, em Cuba, no Brasil e na Tailândia. Elas sonham trair S inal de alerta para os maridos italianos. Uma pesquisa feita pela revista Grazia mostrou que 40% das mulheres gostariam de trair o parceiro. O levantamento, feito por escrito, contou com a participação de 15 mil italianas. Mais ainda. Pelo menos 55% delas admitiram já ter simulado um orgasmo. Para tranqüilizar os maridos, no entanto, a pesquisa também revela que 80% delas nunca traíram. É proibido fumar! A Itália resolveu entrar na guerra contra o fumo. Dentro da campanha Ganhar Saúde, do Ministério da Saúde, o governo criou o projeto Estações sem Fumo, cujo objetivo é diminuir o índice de fumantes dentro da gares. O transporte ferroviário no país corresponde a 50% do tráfego nacional. A campanha abrange 82 estações. O governo também estuda aplicações de sanções para os transgressores. Entretenimento com cultura e informação / Outubro 2007 Outubro 2007 / ComunitàItaliana 7 opinião serviço agenda cultural frases Salão Nacional do Vinho Novo (Vicenza) – Reunindo produtores para a apreciação da primeira garrafa do vinho novo, o encontro contribui para o desenvolvimento do conhecimento e comercialização dos vinhos. Em sua última edição, o evento recebeu 7.781 visitantes e contou com 90 expositores. O próximo Salão Nacional acontece no dia 5 de novembro, das 10h às 20h. Informações www.vinonovello.org. Festa das Tradições (SC) – Até o dia 14 de outubro, as heranças “Strumentalizzare un problema serio come l’anoressia per vendere abbigliamento? Non so come ciò possa essere accettato o, peggio, come possa essere appoggiato”, “Mangio tutto, faccio sport e sono sana”, Silvia Battisti, Miss Italia, riferendosi alle critiche che riceve dovuto all’essere molto magra ed essere chiamata Miss Anoressica. Alberto Contri, presidente dell’Associazione Pubblicità Progresso, parlando della campagna di Oliviero Toscani che ha ricevuto l’avallo del Ministero della Salute italiano. “C’erano i tenori e c’era Pavarotti”, Fotos: Divulgação “Non mi fido più di Alonso”, Franco Zeffirelli, regista italiano. na estante na Yayá (CPC / USP Rua Mayor Diogo, 353 – Bela Vista) abriga até dia 21 de outubro uma mostra de trabalhos no campo da gravura da artista Anita Malfatti. Resultado da parceria entre o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) e o Centro de Preservação Cultural, a coletânea traz impressões póstumas documentais de matrizes, além de outras peculiaridades do trabalho da artista. A visitação ocorre de domingo a sexta-feira, das 10h às 16h. Outras informações podem ser obtidas no site http://www. usp.br/cpc/v1/ e através do telefone (11) 3106-3562. Ecomondo (Rimini) – Dedicada aos temas de sustentabilidade energética, a Ecomondo teve nos últimos anos um incremento de 70%. Os visitantes participarão de apresentações de tecnologias inovadoras no setor de energias renováveis, de workshops internacionais e de rodadas de negócios. De 7 a 10 de novembro. Mais informações: www.ecomondo.com. click do leitor Arquivo pessoal Lewis Hamilton dopo la polemica iniziata dal pilota spagnolo, in cui ha rubato informazioni segrete della Ferrari e ha danneggiato la McLaren nel Mondiale Costruttori. culturais deixadas pelos povos que ajudaram a formar o que hoje é Joinvile serão resgatadas. Literatura, artes, dança, folclore, artesanato e gastronomia alemã, suíça, norueguesa e italiana são os destaques da festa, que contará com apresentações do grupo Ragazzi Del Mont e o concurso Reginella. Local: Sociedade Rio da Prata, Pirabeiraba. Outras informações: www.promotur.com. br ou (47) 3453-2663. Anita Malfatti Gravadora: Uma recuperação (SP) – A Casa de Do- enquete Jornal britânico diz que Hamilton exibe o mesmo estilo de Senna. Você concorda? Não - 61,5% Sim - 38,5% Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 25 a 28 de setembro. Anorexia é combatida com campanha chocante na Itália. Você conhece alguém que sofre da doença? Não - 66,7% Cosa Nostra A história da organização criminosa mais famosa do mundo. A obra de John Sickie narra com detalhes acontecimentos entorno da máfia siciliana que, durante muitos anos, com uma aura romanesca, permaneceu cercada de mistérios e segredos. Suas raízes se confundem com a própria formação do estado italiano. Edições 70, 485 págs.; R$126. Diálogos sobre a Tecnologia do Cinema Brasileiro O livro de Paulo B. C. Schettino é resultado de pesquisa realizada com recursos da Fapesp. Refazendo o percurso evolutivo do cinema brasileiro, ele recupera a história da técnica e dos profissionais que contribuíram para a construção do que poderia ter se tornado uma grande indústria. Ateliê Editorial, 396 págs.; preço sob consulta. cartas “V Sim - 33,3% Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 22 a 24 de setembro. 8 ComunitàItaliana / Outubro 2007 H omenageio meu pai Henrique com esta linda foto feita em janeiro deste ano na Piazza S.Marco de Veneza, enquanto eu morava em Firenze. Mio babbo foi até lá passar o Natal e o Ano Novo comigo e com nossa família trentina, por isso, demos um pulinho em Veneza. Os pombos fazem parte do cenário romântico que envolve a cidade, encantam crianças e fascinam milhares de turistas. Não imagino a belíssima praça sem a presença dos pombos. Vivam os pombos venezianos... Aline Nardelli - Angra dos Reis, RJ - por e-mail Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected] “F i scrivo per complimentarmi con Ezio Maranesi, autore di un bellissimo articolo sul voto degli italiani all’estero. L’articolo dice, finalmente, le cose come stanno e soprattutto arriva “dritto”, senza peli sulla lingua, all’unica conclusione possibile: quella della riforma della cittadinanza. Grazie Signor Maranesi!” iquei encantada com a matéria sobre as cidadezinhas medievais conhecidas como Cinque Terre. As fotos mostraram como elas são lindas, de um colorido surpreendente e de uma paisagem exuberante. É uma boa dica para quem está com viagem marcada para a Itália. Valeu mesmo!” Andrea Amati, São Paulo, SP — por e-mail Kátia M. de Souza, Santos, SP — por e-mail Outubro 2007 / ComunitàItaliana 9 opinione opinione Libia: l’acqua del Sahara Un’iniziativa affascinante e sconosciuta L Franco Urani e vicende della Libia sono state strettamente legate a quelle italiane dal 1911 anno della conquista del paese che apparteneva all’immenso Impero Ottomano – fino all’inizio del 1943 quando, dopo una lunga guerra iniziata nel ‘40 con alterne vicende, era stata sgombrata dall’esercito italiano con gli allora alleati tedeschi ed occupata dalle truppe inglesi. La Libia è molto grande territorialmente, circa 1,7 milioni di Km2, popolazione valutata a un 5 milioni di abitanti prevalentemente di origine arabo/berbera quasi tutti mussulmani sunniti (all’incirca triplicata negli ultimi 60 anni), concentrata sulla fascia litoranea mediterranea rappresentata da Tripolitania e Cirenaica, di antica colonizzazione romana, sede delle principali città, collegamenti stradali e modesta agricoltura. Nel periodo di occupazione, l’Italia si era assai impegnata: militarmente nel 1911 in Tripolitania e Cirenaica contro le forze turche; poi in una guerra dura, ingrata e poco conosciuta protrattasi per vari anni dopo il 1930, per l’occupazione dell’interno del paese in gran parte costituito dall’immenso deserto del Sahara con alcune oasi e vie carovaniere, contro le bande armate delle popolazioni native, operazioni queste dirette prima dal generale Graziani e poi dal maresciallo Italo Balbo. Questo aveva anche promosso una vasta colonizzazione agricola della fascia costiera con immigrazione di famiglie italiane, specie di origine meridionale, valutabile a un 200/300.000 persone, che lavorarono intensamente per la costruzione dell’infrastruttura, irrigazione e colonizzazione dei terreni potenzialmente agibili, con inevitabili problemi di con- 10 vivenza con la locale popolazione araba. Quindi, come poi accaduto su più vasta scala in Etiopia, anche in Libia l’occupazione italiana costituì, nell’ottica fascista di allora, un serio e vano perseguimento nell’ambito nazionale di sbocchi di lavoro per il nostro eccesso di popolazione, con ingenti investimenti senza ritorno per la sconfitta militare del 1943 e successivo rientro coatto di praticamente tutta la popolazione italiana lì trasferita e pagamento di pesanti indennità alla Libia. Dal 1943 al 1951 la Libia fu occupata dai franco/inglesi, diventando poi uno Stato indipendente e monarchico fino al 1969 quando il Col. Gheddafi depose con un golpe il Re Idris, instaurando la repubblica e la sua dittatura personale che dura ormai da quasi 40 anni. Le relazioni economiche con l’Italia restarono intense per motivi geografici e tradizioni, perdurando ancora qualche risentimento libico nei nostri confronti, nonostante le opere realizzate durante il periodo di colonizzazione e le indennità del post guerra. La dittatura di Gheddafi, ricca di folclore e autoritarismo, creò non pochi contrasti internazionali per atti di terrorismo in cui fu pioniere condannati anche dall’ONU, evolvendo peraltro da alcuni anni su posizioni più moderate ed aperte alla collaborazione internazionale. Infatti in questo paese, che era considerato poverissimo, si stanno scoprendo nella zona sahariana ricche ed insospettate risorse che purtroppo non erano state rilevate durante l’occupazione italiana. Innanzitutto, e da tempo, grandi giacimenti di petrolio e gas sparsi un po’ in tutto il terri- ComunitàItaliana / Outubro 2007 torio libico, con attuale produzione di 1,7 milioni di barili al giorno (all’incirca corrispondente a quella brasiliana) e riserve finora appurate di un 40 miliardi di barili. Varie multinazionali operano nel settore in accordo con il Governo libico e può affermarsi che tutta l’economia del paese gira attorno alle esportazioni di petrolio e gas, consentendo un reddito pro-capite di oltre $ 6.000, assai elevato per l’Africa, che consente – nonostante le elevate spese militari e probabilmente del regime – importanti investimenti nelle infrastrutture, istruzione, sanità. La seconda iniziativa di cui solo ora si comincia a parlare è quello del GREAT MAN MADE RIVER, e cioè il grande fiume artificiale che, nel suo genere, sarà una delle opere più grandi del mondo. L’iniziativa è scaturita dalla scoperta verso gli anni ‘80, nella zona dell’oasi di Kufra ai confini tra Libia, Egitto e Ciad, di un immenso bacino sotterraneo di acqua fossile a grande profondità che si sarebbe formato tra 40.000 e 20.000 anni fa, quando il Sahara era una ricca selva tropicale con elevata piovosità. E’ probabile che esso abbracci, oltre alla Libia, anche le zone circostanti di Egitto, Ciad e Sudan, ma solo la Libia – per la stabilità della dittatura Gheddafi, scarsa popolazione, elevati introiti del petrolio, assenze di guerre – aveva la possibilità di buttarsi in questa impresa grandiosa iniziata nel 1984. Il 23 Agosto 2007 è stata inaugurata la prima tappa costituita dalla perforazione di 1.300 pozzi d’acqua a grande profondità e realizzazione del GRAND OMAR MUKTAR RESERVOIR di cui è iniziato il riempimento, il secondo maggior lago artificiale del mon- do con capacità di 25 milioni di m3. L’investimento, in 23 anni di lavoro, è stato di circa 14 miliardi di dollari e il 70% delle opere è stato realizzato da imprese libiche. Nella seconda tappa che inizia ora, si prevede la realizzazione del cosiddetto grande fiume, e cioè tubature del diametro di ben 4 metri che dal lago artificiale raggiungeranno, con un percorso di circa 2.000 km, varie località della Tripolitania e Cirenaica con portata di 6 milioni di m3 al giorno e previsto utilizzo agricolo per il 70%, che dovrebbe consentire l’espansione dell’area coltivata della costa libica dagli attuali 2 milioni di ettari a 12 milioni (un’area grande quanto mezzo Piemonte), con possibilità di emancipare la Libia dall’importazione di alimenti e trasformarla anzi in esportatrice. Questa seconda fase dovrebbe durare una decina d’anni e costare circa 11 miliardi di dollari (ma gli introiti del petrolio che ha superato quota 80 US$ al barile, potrebbero essere tali da consentire di abbreviare i tempi di realizzazione). E le riserve del bacino sotterraneo di Kufra sono tali che si parla in Libia di un progetto in studio che si svolgerebbe nei prossimi 50 anni, beneficiando pure parte della sua zona desertica. E’ probabile che il sottosuolo dell’immenso Sahara nasconda altri tesori d’acqua e che quindi esistano per questo poverissimo territorio possibilità finora impensate di sviluppo, anche considerando la possibilità, per l’estrazione e pompaggio, di ricorrere all’energia solare. I problemi per gli altri paesi potenzialmente interessati sono le guerre intestine, l’esplosione della popolazione, i governi instabili, la mancanza di fondi. Si tratterebbe quindi di operazioni solo risolvibili con profonde revisioni delle politiche interne coniugate ad ingenti investimenti internazionali. La Libia, grazie alle sue particolari condizioni, ha comunque il merito di avere indicato con coraggio e decisione una via importante da perseguire. Speriamo che questa imponente operazione possa continuare con successo, almeno fino al compimento della seconda tappa. Perché sono orgoglioso del mio paese Motivi di orgoglio per la terra della DUCATI N el 1870 l’accademico delle lettere Celso Affonso dedicava ai figli un saggio nel quale descriveva i motivi per cui dovevano essere orgogliosi del loro paese. “Nessun paese - scriveva Affonso - è più degno, più ricco di fondate promesse, più invidiabile” del Brasile. L’opera è un inno alla patria, ed è citata sia dai nazionalisti per esaltare i cuori, sia da coloro che, per scherzo, per scherno o sul serio, non si “ufanano” di tante cose storte. Il titolo dell’opera mi tornò alla mente leggendo le ripetute vittorie della Ducati nelle corse di campionato del mondo di moto nella categoria più prestigiosa, la MotoGP. Se alle vittorie della Ducati sommiamo quelle dell’Aprilia nelle categorie minori, vediamo che le moto italiane hanno il dominio tecnologico assoluto di fronte allo strapotere economico delle case giapponesi. Abbiamo di che “ufanarci”. Nell’immediato dopoguerra, l’industria italiana nacque e prosperò con prepotenza. L’industria della moto vantava varie marche: Guzzi, Gilera, Morini, MV, Laverda, Aprilia e, più tardi, i mitici prodotti Vespa e Lambretta. Ricordo, con molti rimpianti, il mio Galletto Guzzi, che partiva solo “a spinta”. Queste case ebbero la loro gloria ma soffrirono un rapido declino di fronte all’offensiva giapponese. Honda, Kawasaki, Yamaha, Suzuky, ecc. copiarono bene, svilupparono meglio e assunsero il dominio del mercato mondiale, che ancora detengono. Le marche italiane sparirono dal mercato; nel mondo sopravvissero Triumph e Harley Davidson che valorizzarono il marchio dandogli caratteristiche proprie. In Italia il gruppo Piaggio, diretto da R. Colaninno, raccolse Ezio Maranesi negli ultimi anni le nostre marche gloriose e ne rigenerò alcune. Alla veneta Aprilia (120.000 moto vendute, 320 milioni di fatturato nel 2006) è stato dato il mandato di correre e vincere, e sta vincendo tutto nelle classi 125 e 250. È già stata e sarà di nuovo campione del mondo. Un miracolo: alla faccia dei poderosi giapponesi che le corrono appresso. Il miracolo Ducati è ancora più sorprendente. L’impresa bolognese nasce nel 1926, nel 1946 produce il ciclomotore Cucciolo, passa in varie mani e oggi è interamente italiana e indipendente. È una piccola impresa: 1000 dipendenti, 32.000 moto vendute, 257 milioni di fatturato nel 2006. Corre nella massima categoria, la più importante, e sta vincendo alla grande il campionato del mondo, sempre alla faccia degli attoniti, poderosi giapponesi, che producono milioni di moto, fatturano miliardi, investono nelle corse somme da favola e ingaggiano i migliori piloti, tra i quali il nostro grande Valentino Rossi, “the doctor”, in evasione fiscale secondo il fisco. In un’epoca del mondo in cui vi sono poche cose di cui essere orgogliosi, sento orgoglio per la Ducati. Padano della bassa, emiliano per simpatia, riconosco nei 1000 dipendenti Ducati la mia gente. Gente che fa le Ferrari, le Maserati, le Lamborghini, gente dai gusti forti: culatello, cappelletti, succulente lasagne, parmigiano, aceto balsamico e lambrusco, gente della terra di Verdi, della cultura della lirica, di fertili pianure e dolci colline. Ducati nasce dalla forte passione e dalla competenza, quasi genetica, per i motori di questa gente che vive nel fazzoletto di terra che va da Modena a Bologna, e dalla fede di pochi uomini. Gli scandali e la noia stanno seppellendo la Formula 1, ma il nostro cuore batte ancora, solo e sempre per la Ferrari. La Ducati, rossa anch’essa, ci dà forti emozioni e vince più della Ferrari, contro avversari immensamente più potenti. Ma della Ducati si parla e si scrive poco. Non fa notizia. Si parla male dei politici. Prodi, alcuni giorni fa a Porta a Porta [programma televisivo Rai], li difese dicendo che la società italiana, che li ha votati, non è migliore. C’è qualcosa di vero, purtroppo, in questa affermazione, ma non posso evitare di pensare che se l’Italia fosse fatta a immagine e somiglianza di questa piccola grande parte dell’Emilia, sarebbe una terra fantastica. “Se l’Italia fosse fatta a immagine e somiglianza di questa piccola grande parte dell’Emilia, sarebbe una terra fantastica” Outubro 2007 / ComunitàItaliana 11 opinione marco lucchesi / artigo Il 14 ottobre si vota in Italia e all’estero per le “primarie” del Partito Democratico. Un tentativo di rispondere alla progressiva disaffezione della gente nei confronti della politica I l 14 ottobre alcuni milioni di italiani partecipano ad un evento inedito per la già matura democrazia repubblicana: mi riferisco alle elezioni “primarie” (cioè dirette) del Segretario Nazionale del ‘Partito Democratico’ e dei componenti dell’Assemblea Costituente del nuovo soggetto politico italiano. Si tratta di un momento particolarmente importante e degno di nota, per una serie di fattori: 1- In primo luogo perché è raro in politica assistere alla nascita di una nuova formazione che, invece di dividere i partiti già esistenti, è il risultato della ‘somma’ di organizzazioni forti e consolidate. Il PD (Partito Democratico) nasce infatti dalla sostanziale unione delle due principali formazioni politiche che sostengono oggi il governo di centrosinistra guidato da Romano Prodi: i Democratici di Sinistra (DS) e la Margherita. 2 – In secondo luogo per la forma scelta per dare vita al nuovo partito e, in particolare, al suo leader: la decisione, appunto, di far scegliere ai militanti di base, ai simpatizzanti e non solo Fabio Porta agli “iscritti” la linea politica e la nuova classe dirigente. 3 – Per noi, italiani residenti all’estero, è giusto evidenziare un terzo elemento di novità: per la seconda volta (la prima furono le famose “primarie” che indicarono in Prodi il candidato a Primo Ministro per “L’Ulivo”) siamo chiamati da una formazione politica ad esprimerci su decisioni vitali e importanti per il futuro della politica italiana. E, in questo caso, anche con la possibilità di concorrere – con propri candidati – all’elezione non solo del Segretario Nazionale ma anche dei membri dell’Assemblea Costituente del Partito. Tutti questi dati possono apparire banali, o tuttalpiù questioni interne alla vita di una organizzazione politica, e quindi non di interesse generale o di dibattito pubblico. Non credo sia cosí, e questo proprio in relazione alla progressiva crisi di disaffezione della gente, soprattutto dei giovani, rispetto alla politica. Un fenomeno, come sappiamo bene, non solo italiano; qui in Brasile ne abbiamo quotidianamente una riprova, e non cre- do che Italia e Brasile siano casi isolati, al contrario. Esiste in tutto il mondo una ricerca di un modo nuovo di fare politica, di recuperare la reale partecipazione dei cittadini alla vita delle istituzioni democratiche; una questione di non facile soluzione e comunque vitale per il futuro della convivenza civile dei e tra i popoli. Allo stesso tempo, quasi a fare da contraltare a questa ricerca, si acutizzano sempre più i fenomeni dell’antipolitica, la protesta più o meno giustificata contro tutto e tutti, la rivolta morale capace sicuramente di delegittimare ma non, con la stessa energia, di indicare nuove e possibili strade da seguire. Mi riferisco, per esempio, alla mobilitazione causata in Italia dall’attore comico Beppe Grillo, che nel giro di poche settimane ha saputo coagulare intorno a sé un sentimento ‘trasversale’ di sfiducia e distacco dell’opinione pubblica italiana dalle istituzioni. La gente è lontana dalla politica o la politica non riesce più a stare vicino alla gente? Il dubbio amletico mi fa venire in mente recenti (ma anche M Silêncio e Verdade eu amigo Viorel Pîrligras, poeta e artista plástico romeno – impressionado com o que considera excessivo na imprensa literária de nossos dias – me pergunta se as coisas no Brasil ainda guardavam algum resquício de pudor, se havia ataques e difamações em nosso meio e como reagiam os escritores. Disse-lhe de pronto que o assunto não me interessava. Que aprendi com Machado de Assis a me ater ao plano da obra e das idéias. Que não atacava ninguém e tampouco me defendia do que quer que fosse. Bastava-me o trabalho sério e consciencioso dentro dos livros. O combate de idéias, de dentro, e não o de pessoas, e além do horizonte ético e literário. Disse que no Brasil – salvo raras exceções – havíamos alcançado um estágio relevante. Dei a Viorel uma idéia da altura de Machado, a partir de alguns trechos que transcrevo abaixo e subscrevo com todas as minhas forças. “Não te envolvas em polêmicas de nenhum gênero, nem políticas, nem literárias, nem quaisquer outras; de outro modo verás que passas de honrada a desonesta, de modesta a pretensiosa, e em um abrir e fechar de olhos perdes o que tinhas e o que eu te fiz ganhar.” * “Estabelecei a crítica, mas a crítica fecunda e não a estéril, que nos aborrece e nos mata, que não reflete nem discute, que abate por capricho ou levanta por vaidade; estabelecei a crítica pensadora sincera, perseverante, elevada –, será esse o meio de reerguer os ânimos, promover os estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos; condenai o ódio, a camaradagem e a indiferença – essas três chagas da crítica de hoje –, ponde em lugar delas, a sinceridade, a solicitude e a justiça - e só assim que teremos uma grande literatura.” * “Para que a crítica seja mestra, é preciso que seja imparcial – armada contra a insuficiência dos seus amigos, solícita pelo mérito dos seus adversários – e neste ponto a melhor lição que eu poderia apresentar aos olhos do crítico, seria aquela expressão de Cícero, quando César mandava levantar as estátuas de Pompeu: – É levantando as estátuas de teu inimigo que consolidas as tuas próprias estátuas”. * “O crítico deve ser independente – independente em tudo e de tudo – independente da vaidade dos autores e da vaidade própria. Não deve curar de inviolabilidades literárias, nem de cegas adorações; mas também deve ser independente das sugestões do orgulho, e das imposições do amor-próprio. A profissão do crítico deve ser uma luta constante contra todas essas dependências pessoais, que desautoram os seus juízos, sem deixar de perverter a opinião.” * “Criticados que se desforçam da crítica literária com impropérios dão logo idéia de uma imensa mediocridade - ou de uma fatuidade sem freio - ou de ambas as coisas; e para lances tais é que o talento, quando verdadeiro e modesto, deve reservar o silêncio do desdém: Non ragionar di lor, ma guarda e passa.” Grupo Keystone Maometto e la montagna antiche) discussioni all’interno della comunità italiana che vive in Brasile. Quante volte, nelle nostre riunioni, abbiamo criticato o lamentato l’assenza dei giovani dalle nostre associazioni, dagli organismi di rappresentanza degli interessi degli italiani all’estero? Fino a quando, in una di queste riunioni, ci si è domandati se invece di aspettare un’improbabile e forse ingiustificata partecipazione di una non ben definita “comunità giovanile” a riunioni lunghe e noiose non fosse il caso di andare incontro alle giovani generazioni incontrandole nei loro luoghi naturali di socializzazione: scuole, università, bar, teatri… Non c’era bisogno di scomodare il solito ‘Maometto e la sua montagna’, ma quello è stato fatto e che ha funzionato: sono testimone e protagonista di alcuni incontri all’interno del nostro Brasile con studenti universitari interessatissimi al rapporto con l’Italia e – attraverso l’Italia – l’Unione Europea; incontri avvenuti presso le Facoltà universitarie, in auditorium pieni di ragazzi impegnati e disposti a coinvolgersi in attività e progetti concreti. È di questo che la politica ha bisogno oggi, in Italia come in Brasile. Di un’inversione di marcia forte e decisa, di un processo di rinnovamento che sappia ‘partire dal basso’ non a parole ma con gesti e iniziative concrete. Le “primarie” del 14 ottobre non costituiscono certo l’unica risposta possibile. Si tratta però di un passo nella direzione giusta. Dieci, cento, mille passi nella stessa direzione possono fare la differenza. Outubro 2007 / ComunitàItaliana 13 Fotos: Carlos Magno política Nos corredores da Cofindustria, o presidente da instituição e anfitrião, Luca Cordero di Montezemolo, acompanha o governador Sérgio Cabral, sendo observado de perto pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira e o embaixador do Brasil em Roma, Adhemar Barradian Missão cumprida: Itália e Rio de mãos dadas Comitiva do governo do Estado que esteve em Roma e Milão volta da Europa com parcerias firmadas e previsão de investimento da ordem de 50 milhões de dólares A Marcus Alencar, do Rio, e Guilherme Aquino, de Milão ntes de embarcar para a Itália, liderando a primeira grande missão política e comercial do Estado do Rio, com cerca de 50 autoridades e empresários, o governador Sérgio Cabral sonhava alto. Mas enfim os seus prognósticos se confirmaram. Cabral retornou com uma previsão de investimentos da ordem de 52 milhões de dólares para os pró- ximos cinco anos, nos setores de petroquímica, siderurgia, metalmecânica e de infra-estrutura. Também fechou parcerias nas áreas de transporte, educação e segurança pública. Roma e Milão foram os pólos das negociações durante cincos dias (17 a 21 de setembro). Na bagagem, um entrave capaz de prejudicar qualquer diálogo: a fama internacional de violên- cia e corrupção no estado. Mas o governador soube contornar obstáculos como esse e obteve do governo italiano até mesmo o compromisso de colaboração para promover o avanço na segurança pública do Rio. Cabral fez um balanço positivo da viagem, que começou em Roma, com uma apresentação do Rio aos italianos, e terminou em Milão, onde ficou acertado, para 2008, um fórum de trabalho organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Confederação das Indústrias Italianas (Confindústria). Estas mesmas entidades uniram esforços para viabilizar a visita da comitiva fluminense à Itália. No evento do ano que vem, será a vez de o Rio receber uma delegação de empresários italianos interessados em abrir negócios no estado. O fórum vai coincidir justamente com o início dos investimentos no Complexo Petroquímico de Itaboraí. A Petrobras espera começar a construção da refinaria do complexo já no próximo ano. — O objetivo era estreitar laços econômicos e comerciais. Hoje, escolher o Rio de Janeiro como o destino desses investimentos é decidir por um local que reúne um conjunto de oportunidades e soluções únicas, como as vantagens oferecidas em termos de logística, indústrias, serviços e belezas naturais — avalia o governador, para quem o país oferece um panorama positivo do ponto de vista econômico, além de uma estabilidade político-institucional. A agenda do governador foi atribulada na Itália: fóruns com empresários e investidores na Confindústria, encontros políticos, entre eles com o premier Romano Prodi, com o ministro do Interior, Giuliano Amato e com o procurador nacional Anti-Máfia, Emilio Ledone; participação em eventos culturais; e, claro, uma audiência com o Papa Bento XVI. Segundo Cabral, o PIB do estado, que representa 67% do PIB nacional, se iguala ao de países como Chile, Colômbia e Israel, o que demonstra a força econômica e a diversidade do parque industrial fluminense. Para ele, o anúncio da construção do Complexo Petroquímico de Itaboraí e a realização de melhorias no Porto de Itaguaí fizeram com que o estado aumentasse o seu poder de atrair investimentos de capital estrangeiro. Além disso, o governador demonstra confiança no potencial existente em setores-chaves: — Somos fortes no setor de petróleo e gás, na siderurgia, no setor químico-farmacêutico, na indústria naval e automobilística, no setor gráfico e na indústria de transformação. Somos também muito desenvolvidos na área de tecnologia da informação, com uma importante produção de software. Além disso, possuímos centros de pesquisa e de desenvolvimento de excelência nas áreas de biotecnologia, energia, informática e em diversas áreas de engenharia. A mão-de-obra é extremamente qualificada. Para embasar seus dados, Cabral lembra que a Bacia de Campos produz 85% do petróleo nacional (1,6 milhão de barris/dia) e cerca de 22 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. A produção deve aumentar para 40 milhões de metros cúbicos/dia, em 2008. O governador comemora ainda o fato de que a Petrobras vai construir no Rio, até o final do próximo ano, o primeiro píer no Brasil para atracação de navios transportadores de Gás Natural Liquefeito (GNL). Isso vai garantir, segundo ele, a produção de 14 milhões de metros cúbicos/dia do combustível. De acordo com o governador, o Rio conta, desde 2005, com o Pólo Gás-Químico de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde se produz o gás natural para a fabricação de produtos plásticos. Em torno dele, já se instalaram mais de 30 indústrias de transformação. E o estado desenvolve também iniciativas na área de energia renovável, sendo o precursor na produção de etanol, utilizado como combustível automotivo, e no desenvolvimento de tecnologia e implantação de plantas de produção de biodiesel. Avaliação das rodadas de negócios Roma – Perspectivas Comerciais 58% Importação Exportação 33% Joint-Venture 33% Transf. de Tecnologia 33% 25% Representação Licença/Franquias Outras 17% 33% Fonte: Firjan / Sebraerj 14 ComunitàItaliana / Outubro 2007 — Também existem hoje no estado sete empreendimentos para a produção de energia eólica. Passamos por uma fase de grandes investimentos nessa área de energia — constata, ao informar que são previstos investimentos de mais de 50 bilhões de reais somente nesse setor. Negócios concretos O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, é outro que se mostra satisfeito com os resultados da missão oficial à Itália. Ele integrou a delegação de cinco secretários de estado que realizou diversos encontros com representantes de entidades empresariais italianas e empresas interessadas em investir no Rio. Entre os resultados concretos dos contatos, que envolveram também empresários fluminenses, está, por exemplo, a instalação de uma fábrica de fogões industriais da brasileira Falmec (fabricante de coifas), numa joint-venture com a italiana Smeg. O empreendimento, que vai demandar um investimento de 10 milhões de reais, abrirá caminho para criação de um pólo metal-mecânico em Bangu, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Em outro setor econômico, a Ecis anunciou a intenção de investir 20 milhões de dólares em uma unidade de produção de equipamentos para o setor de petróleo – a empresa já tem a Petrobras como cliente. Para concretizar essa vontade, pediu apenas que o governo estadual a ajude na busca de um parceiro local e de um terreno adequado para as suas atividades. Dentro desse bojo, a Logan C, empresa de soluções de meio ambiente para indústrias poluidoras, negociou com os italianos cinco milhões de euros em crédito de 1 - O presidente da Região do Lazio, Piero Marrazzo, recebe o governador do Rio em sua sede; 2 - Cabral e o presidente da Firjan, Eduardo Gouveia discutem idéias na Embaixada brasileira; 3 Acompanhado pelo bispo Santoro, Cabral é recebido pelo papa Bento XVI; 4 - O premier Romano Prodi ficou durante uma hora com Cabral na sede do governo; 5 Governador conversa com Letizia Urbani, representante da Região de Marche Outubro 2007 / 1 2 3 4 5 ComunitàItaliana 15 Fotos: Carlos Magno política 1 1 - Na Confederação dos Armadores Italianos (Confitarma), Cabral conseguiu atrair atenção dos investidores para as vantagens oferecidas no setor pelo Estado do Rio; 2 - No Senado italiano, o vicepresidente da Casa, Milziade Caprili fala da maior atenção da instituição em relação ao Brasil; 3 - Vice-ministra de Educação Mariangela Bastico elogia planos para rede pública do Rio carbono. Essa operação vai gerar, pelo menos, 300 empregos diretos e vai evitar que 1,5 tonelada de lixo chegue, por dia, ao aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias. — Foi a viagem mais produtiva que fiz como secretário de Desenvolvimento. Os italianos da Ecis querem vir para o país. Já têm até financiamento bancário aprovado. E a joint venture entre a Falmec e a Smeg vai criar 40 empregos diretos. Há negociações ainda com a Prima e a Salvagine, do mesmo setor — diz o secretário. Já a Fin, outra empresa do setor metal-mecânico, também demonstrou interesse em vir para o Rio. Seu negócio seria a fabricação de helicópteros. E outra que acendeu o sinal verde para o estado foi a Eni, esta do setor petrolífero. O secretário acredita que o esforço do governo do Rio em atrair novos investidores estrangeiros e diversificar as exportações fluminenses foi compensador, no sentido de gerar empregos e renda, incremento econômico e arrecadação fiscal. Sem falar no intercâmbio para a busca de soluções em políticas públicas. 16 2 3 Transporte Ítalo-Fluminense Os italianos também foram convidados pelo governador Sérgio Cabral a investir no transporte marítimo de passageiros no Rio. Durante palestra para um grupo de empresários italianos, na Confitarma, em Roma, o governador Sérgio Cabral, ao lado do secretário estadual de Transporte, Júlio Lopes, garantiu que ainda este ano entrará em operação a linha das barcas Rio-São ComunitàItaliana / Outubro 2007 Gonçalo e pediu, sem volteios, a participação do capital italiano no projeto. O secretário Julio Lopes contou que o pedido ocorreu depois de o executivo do setor naval Rodrigues Cantiello Navalli ter revelado o seu interesse na expansão das linhas hidroviárias de transporte de passageiros. Segundo Lopes, o governador não perdeu a deixa e admitiu haver ainda a necessidade de parceiros para poder tocar o empreendimento. A ligação por barcas entre Rio e São Gonçalo é uma novela que se arrasta desde o governo Marcello Alencar (1994 a 1998). Na época, foi criado o programa de privatização dos serviços públicos estaduais, que já previa um estudo de viabilidade referente ao trajeto. O projeto, no entanto, jamais saiu do papel. Durante a missão, foram traçadas novas estratégias para a implantação do trem de alta velocidade (TAV), popularmente chamado de trem-bala, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Tanto em Roma quanto em Milão, o governador e o secretário de Transportes buscaram acordos na tentativa de viabilizar o projeto. A comitiva esteve reunida com representantes da Alstom e da Breda, empresas líderes mundiais no mercado trens de alta velocidade. — A visita às instalações da Alstom e da Breda foi importante. Pudemos conhecer as tecnologias de ponta que hoje existem no mercado. Enquanto no Brasil estamos discutindo o primeiro trem de alta velocidade, muitos países da Europa já utilizam esse serviço. A França, por exemplo, está trocando, a partir de 2009, o atual sistema por um de altíssima velocidade, em que os trens atingem mais de 400 km/h. Quando assinamos a criação de um grupo de trabalho com São Paulo, o governador José Serra disse que esse projeto era uma fatalidade histórica. E é mesmo. O trem-bala entre Rio e São Paulo tem que sair do papel. E não vamos abrir mão disso — defendeu Lopes. Não será por falta de apoio e de apelo, no entanto, que o governo vai ficar sem o trem-bala. Em reunião com empresários do setor de transporte ferroviário, a comitiva fluminense enfatizou, inúmeras vezes, a importância que o projeto tem para estado. O governador revelou que conta agora até mesmo com o apoio do primeiro-ministro do país. — Tive um encontro com o premier Romano Prodi que durou cerca de uma hora. Ele se mostrou particularmente interessado no projeto do trem-bala — disse o governador, e completou: — Ele demonstrou todo o interesse no projeto. Entretanto, fiz questão de esclarecer que isso passa por um ajuste com o governo federal brasileiro, afinal a ministra Dilma Rousseff é a coordenadora do projeto. Expliquei ao premier que os governos do Rio e de São Paulo criaram um grupo de trabalho para estimular e produzir resultados rápidos, para tentar tirar o projeto do papel. Várias empresas européias presentes no encontro demonstraram interesse em participar do projeto — revela Cabral. O governador e o secretário se reuniram também com representantes da Italplan, empresa italiana de engenharia que, a pedido do governo federal, elaborou o estudo de viabilidade do trem-bala brasileiro. Atualmente, o projeto está servindo de base para as análises de execução do empreendimento. Lopes ainda teve a oportunidade de experimentar o trem de alta velocidade Roma-Milão, numa velocidade de 200 km/h. O secretário aproveitou para conhecer as instalações da ferrovia. A missão fluminense à Itália foi organizada pela Subsecretaria de Relações Internacionais do governo estadual, em parceria com Firjan, Confindustria, Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, Embaixada do Brasil em Roma, Consulado brasileiro em Milão, Embaixada da Itália em Brasília e Consulado italiano no Rio de Janeiro. A delegação governamental foi composta ainda pelos secretários Joaquim Levy (Fazenda), Julio Lopes (Transportes), Eduardo Paes (Turismo, Esporte e Lazer) e Nelson Maculan (Educa- ção), pelo presidente da Faperj, Ruy Marques, e pelos sub-secretários Ernesto Rubarth (Relações Internacionais) e Adriana Novis (Cerimonial). Promessas para 2008 Para o próximo ano, está prevista a vinda de uma comitiva italiana ao Rio em retribuição à visita fluminense à bota. A idéia do evento surgiu em Milão, durante encontro do governador Sérgio Cabral com o executivo Luca Cordero di Montezemolo, presidente da Cofindustria e da Ferrari. O vice-presidente da Promos, agência especial da Câmara de Comercio de Milão, e presidente da Associação Italiana do Comercio Exterior, Cláudio Rotti, confirmaram o interesse dos empresários do país em relação a investimentos futuros na região fluminense. — Temos uma rede sólida de contatos entre a Itália e a América Latina. Sabemos que o Rio tem a segunda economia do Brasil e um papel muito importante. A esta altura, eu creio que o que estamos assistindo é uma continuação do que ocorreu em Nova Friburgo (município fluminense da Região Serrana), em 2004, quando firmamos uma parceria com 12 empresas do setor de moda íntima e de praia — afirma Rotti. De acordo com o empresário, ampliar as relações comerciais com Brasil é uma das prioridades dos investidores italianos. Ele diz que a solidi-ficação da democracia e o bom momento econômico brasileiro creden- Avaliação das rodadas de negócios Milão – Perspectivas Comerciais 56% Joint-Venture 33% Exportação Importação 22% Transf. de Tecnologia 22% Representação 11% Outras 33% Fonte: Firjan / Sebraerj 1 2 1 - Pelas ruas de Milão, Eduardo Gouveia, Cabral e o secretário de Desenvolvimento Júlio Bueno aproveitam um momento de relax para saborear um gelato; 2 - Montezemolo brinca e convida Cabral para ser o próximo piloto da escuderia Ferrari; 3 - Imprensa brasileira e italiana acompanharam de perto a missão ciam o país como opção para investimentos estrangeiros. Segundo Rotti, a Promos tem grande interesse em apoiar o desenvolvimento de países como o Brasil, já que essa é uma forma de criar oportunidades de negócios para empresas italianas. Rotti revela ainda que a entidade movimentou, somente em 2006, 6,27 bilhões de dólares no comércio bilateral. Antes mesmo do encontro de 2008, a Promos já fecha negócios com o Brasil. Ainda neste mês, a entidade pretende por à disposição dos seus clientes brasileiros uma linha de crédito de cerca de 100 milhões de euros. O recurso vai servir para a aquisição de maquinários italianos. Ciente dessas negociações, o governador Sérgio Cabral pretende incentivá-las. Segundo ele, o volume de trocas comerciais entre ambos os países deve subir para 7,5 bilhões de dólares neste ano. Outubro 2007 / 3 Números da missão A Firjan realizou uma pesquisa entre empresários e representantes de empresas brasileiros e italianos que estiveram nas recentes rodadas de negociações em Roma e Milão. Ao todo, houve 292 reuniões de negócios com o envolvimento de 185 participantes. Dos entrevistados, 89% consideraram o resultado da missão positivo. E 67% o avaliaram como bom e 22% como ótimo. Outros 11% não responderam ao questionário. Em Roma, o valor declarado na pesquisa como a expectativa futura de negociações no Rio ficou em 73 milhões de euros. Em Milão, onde foi fechado um negócio na ordem de cinco milhões de euros (Logan C), essa expectativa foi de 10 milhões de euros. ComunitàItaliana 17 economia economia Comer, beber e viver melhor Itália lança o Menù a KM 0, projeto que valoriza agricultura local e redução da emissão de gás carbônico pelo menos 15% de produtos locais nos pratos. Passaram a compor o cardápio do Vitanova vinho, azeite, frutas, verduras e a grappa, destilado tipicamente vêneto, adquiridos diretamente dos produtores agrícolas da região. O queijo grana padano, servido no restaurante, por exemplo, percorre somente 24 quilômetros; o vinho, 28; o repolho, 16; e o azeite, 27 quilômetros. — Pode parecer uma provocação, mas essa iniciativa, além de promover o território, educa clientes e proprietários de restaurantes a optarem por produtos da estação — afirma Franco Pasquali, secretário geral da Coldiretti. A iniciativa da associação vem ganhando força e adesão no país. O circuito Menu a KM 0 já conta com 15 restaurantes, além de algumas sorveterias. Neste setor, a primeira a receber o selo KM foi a San Zeno, no centro de Verona. P ara preparar as suas especialidades, o estabelecimento tem utilizado leite, ovos e frutas locais, o que, em tese, acaba produzindo também um saber bem regional. Caso do sorvete de amoras de Valpolicella, do de castanhas das montanhas de San Zeno e do de cerejas selvagens. O selo também já foi concedido a bares de Treviso e até a um refeitório em Rovigo. Grupo Keystone omer e beber na Itália está deixando de ser o simples hábito de sentar-se à mesa. O ingrediente ecológico, nas mãos que adicionam aos pratos o tempero da vida, confere, aos poucos, um novo sabor de responsabilidade ambiental à comida italiana. Tal fenômeno resulta, em grande parte, da iniciativa da Coldiretti – associação que representa os agricultores italianos – de criar o Menu a KM 0, para incentivar restaurantes a preparar pratos, preferencialmente, com alimentos de produção local. O objetivo: diminuir a necessidade de transporte da matéria-prima culinária, para reduzir, conseqüentemente, a emissão de gás carbônico na atmosfera. A idéia surgiu primeiro nos Estados Unidos. Lá, a chef Alice Waters, proprietária do Chez Panisse, na cidade de Berkley, introduziu no cardápio do restaurante legumes, frutas e verduras produzidos pelos camponeses da região. Ou seja: se os alimentos da estação são ervilhas, batatas e maçãs, estes passam a ser ingredientes de suas receitas. O projeto cruzou o oceano e foi parar na mesa italiana. Em julho deste ano, o restaurante Vitanova, em Padova, foi o primeiro a receber o selo Menu a KM 0, concedido aqueles que utilizam 18 ComunitàItaliana / Outubro 2007 Divulgação C Anelise Sanchez Correspondente • Roma Mapa da Coldiretti com a localização dos restaurantes e os trechos percorridos pelos produtores — Para transportar um quilo de cerejas argentinas até Roma, são percorridos 13 mil quilômetros, o que representa uma emissão na atmosfera de 16,2 quilos de gás carbônico. E os oito mil quilômetros de viagem feitos por um quilo de pêssegos da África do Sul até a Itália lançam no ar 7,4 quilos de CO2 — revela Pasquali. Mas nem todo mundo parece satisfeito com o Menu a KM 0. Há críticas de organismos internacionais, que acusam a Coldiretti da prática de protecionismo econômico. Isso porque a entidade tem exercido forte papel na promoção do movimento chamado Made in Italy no exterior. Parte dos italianos reclama que a nova política renega o consumo de produtos importados. A despeito das ofensivas, a Coldiretti avança em seu projeto. O próximo passo: criar uma lei nacional para beneficiar, com a garantia da obrigatoriedade da compra de produtos locais, creches, escolas e hospitais. Tal proposta já foi assinada por 25 mil pessoas. — O conselho da região do Vêneto demonstra grande interesse pela nossa proposta legislativa, que vem conquistando o consenso dos cidadãos e dos empresários — sustenta o presidente da Coldiretti Vêneto, Giorgio Piazza. Grupo Keystone S e a Previdência já era vista como a grande vilã do déficit público brasileiro, o governo agora terá que pisar no acelerador para por em prática uma reforma do setor. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados de 113 nações, fornecidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), classifica o Brasil como o 14º país no mundo que mais gasta com previdência. A Itália lidera esse ranking. Mas não é o que parece. Pela posição que ocupa na pesquisa, o Brasil pode ser agrupado junto de países onde, além da população envelhecida, há o desenvolvimento avançado do bem-estar social ou daquilo que chamam de proteção social. Desse grupo, liderado pela Itália, fazem parte ainda Alemanha, França, Suíça, Bélgica e Suécia. Isso embora a realidade brasileira ainda esteja muito distante, no que se refere à qualidade de vida, da que existe no primeiro mundo. O Ipea mediu a parte do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país que é destinada à rede de pensões e aposentadorias. No Brasil, a previdência consome 11,7% do PIB. De cada dez reais produzidos no país, um se destina ao pagamento de benefícios. Na Itália, essa margem chega a 17,6% do PIB. Os dados utilizados no cálculo incluíram o pagamento das aposentadorias públicas e privadas, por tempo de contribuição, e benefícios como a aposentadoria rural e as pensões por idade. O estudo vai servir de base para discussões e sugestões sobre a reforma da previdência brasileira. — É razoável imaginar que um país europeu esteja numa posição mais elevada que o Brasil, pois geralmente é uma economia com uma população muito mais velha. Mas dadas às características desses países, deve-se verificar se o montante do gasto não vai afetar as reservas e projeções econômicas. Se compararmos a razão de dependência, veremos que, na Itália, há 30 pessoas com mais de 65 anos, para cada 100 pessoas, entre 15 e 64 anos. Já no Brasil, são 9 idosos para cada 100 pessoas, entre 15 e 64 anos — explica Marcelo Abi-Ramia, um dos economistas responsáveis pelo estudo. Tão ágil quanto cara Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a Itália é o país que mais gasta do seu Produto Interno Bruto (PIB) com a previdência. Numa lista de 113 países, Brasil ocupa a 14ª posição Sílvia Souza Para concluir que os gastos brasileiros são elevados, além da razão de dependência, os economistas do Ipea analisaram variáveis como a relação entre aposentadoria e a renda per capita, a quantidade de contribuintes para o regime previdenciário, as alíquotas de contribuição e a idade mínima para a aposentadoria. O valor médio dos benefícios recebidos por aposentados e pensionistas brasileiros, em relação à renda per capita do país, está acima da média dos outros países analisados. No Brasil, os benefícios representam 59,4% da renda per capita. Nos outros países, 48,5%. Dos 113 países da amostra, o Brasil e a Itália estão entre os que não têm limites claros de idade mínima para aposentadoria. Embora as mudanças mais recentes nas regras brasileiras tenham estabelecido idade mínima para quem entra no sistema – o estudo diz que esse fator não é positivo –, não se pode afirmar ainda se o país tem idade mínima para aposentadoria. Isto porque ainda é possível se aposentar apenas pelo tempo de contribuição. Os dados reafirmam índices apresentados por outra pesquisa do Ipea, realizada no início do ano. Esta revelou que as aposentadorias e as pensões brasileiras Outubro 2007 / representaram 70% das despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2006, recursos na ordem de 165 bilhões de reais. Assim como o estudo recente de Marcelo Abi-Ramia e Rogério Boueri, o estudo do Ipea comprova que as atuais regras de concessão de aposentadoria e de pensões contribuem para o déficit previdenciário, que chegou a 42 bilhões de reais, em 2006, e tem previsão de subir para 47 bilhões de reais neste ano. — Nosso objetivo é mostrar outras possibilidades e promover a discussão do tema. Em se tratando de reformas, Chile, Colômbia e Equador passaram por um processo de capitalização da previdência. Nesses países, ela deixou de ser financiada pelo estado para ser paga de acordo com o acúmulo da contribuição da pessoa beneficiada. Essa transição reduziu os gastos daqueles países. Mas acho difícil o Brasil fazer essa modificação por causa dos custos elevados — diz. Segundo Abi-Ramia, ainda que o Brasil trocasse o regime de repartição pelo de capitalização, num espaço de 10 a 20 anos, não haveria redução de custos. A contribuição de quem hoje está na ativa iria para um fundo de aplicação, fazendo o governo perder recursos da arrecadação. — Há uma reação em cadeia no Brasil: o imposto alto cria problemas para os negócios, desestimula a atividade econômica e gera dificuldade de tocar o negócio. Por outro lado, deixa-se de canalizar recursos para saúde, educação e outras áreas de interesse que poderiam ser prioritárias. Trunfos brasileiros Alheia às questões mais pertinentes à economia de recursos, a coordenadora do Instituto Nacional de Assistência Social italiana no Rio de Janeiro, Rita Martire, não só enxerga pontos positivos no sistema previdenciário brasileiro, como diz que ele é melhor do que o italiano: — Mas quando o tema é uma comparação entre os sistemas, são nítidos os avanços no Brasil. O sistema brasileiro é um dos mais rápidos do mundo. Há casos de pensões que são liberadas em 20 dias, enquanto para o mesmo caso, na Itália, demora em média um ano — diz. ComunitàItaliana 19 atualidade Briga pela herança do tenor Patrimônio de Luciano Pavarotti, avaliado em 200 milhões de euros, gera briga entre parentes do tenor C Nayra Garofle onsiderado o maior tenor do mundo desde o desaparecimento de Enrico Caruso, em 1921, Luciano Pavarotti se popularizou por sua capacidade vocal e carisma. Arrebatou platéias no mundo to- 20 do nos mais diferentes palcos por onde passou. Agora, pouco mais de um mês depois da sua morte, o público assiste a um novo espetáculo. Só que dessa vez, ele é proporcionado pela família do cantor, que já começa a brigar pela herança de mais de 200 milhões de euros deixados pelo artista. O cantor vendeu mais de 100 milhões de discos e era proprietário de vários imóveis por todo o mundo – Itália, Mônaco e Estados Unidos. ComunitàItaliana / Outubro 2007 A disputa pela fortuna veio à tona depois que a imprensa italiana divulgou que o cantor havia redefinido o destino dos seus bens. No novo testamento, feito em 29 de julho, Pavarotti recorreu ao tabelião Luciano Buonanno, na presença de duas testemunhas, para deixar todos os imóveis dos Estados Unidos para a sua segunda esposa, contrariando, assim, as filhas e a ex-mulher do primeiro casamento. A família tem negado a briga, mas o tabelião veio a público falar que foi obrigado a aceitar os termos do texto, apesar de ter discordado de alguns pontos. Em 1960, Pavarotti se casou com Ardua Veroni, com quem teve três filhas, e se divorciou em 1995. Em 2003, teve a sua quarta filha com Nicoleta Mantovani, trinta anos mais nova, com quem se casou no mesmo ano. As filhas do primeiro casamento chegaram a divulgar um comunicado por meio do qual reclamavam das “falsas informações e odiosos boatos que têm circulado na Itália e em outros países”. Em entrevista à revista italiana Diva e Donna, Buonanno confirmou o episódio. No documento – o chamado “testamento americano” –, Pavarotti deixa para a mulher Nicoletta todos os bens nos Estados Unidos. — Eu não estava de acordo sobre vários pontos, mas me foi imposto não modificar nada — declarou o tabelião à revista. No primeiro testamento, redigido em 13 de junho, o tenor determinava a distribuição eqüitativa dos seus bens entre as quatro filhas. Não se sabe ao certo as razões dessa modificação. Uma amiga do cantor, inclusive, chegou a dar uma entrevista ao jornal La Stampa informando que o tenor estava cansado das reclamações de sua última esposa e pensava até em separação. Buonanno afirma ter questionado Pavarotti, antes da assinatura final, sobre os imóveis e os bens imobiliários de seu patrimônio norte-americano. — Mas em seu lugar interveio o advogado, afirmando que o valor dos imóveis estava em torno de 9 milhões de dólares e os outros bens em torno de 100 mil dólares. Diante desta afirmação, o cantor arregalou os olhos e disse que acreditava que o valor fosse muito maior — contou. Talento nato Vítima de câncer no pâncreas, Pavarotti, morreu aos 71 anos em casa, na sua cidade natal, Modena, em 5 de setembro. O amor pelo canto veio do seu pai, um padeiro do Exército italiano, que ajudou o jovem Luciano a descobrir a sua vocação. Sua carreira foi um exemplo de que a ópera não está reservada à elite. A insistência do cantor em popularizar a música erudita recebeu críticas dos puristas. Mas nem eles discutiram a força de sua voz. Pavarotti foi professor de escola primária durante 12 anos. Sua estréia no palco foi nos anos 60, numa apresentação solo no Covent Garden, em Londres. — Vai ser muito difícil alguém assumir esse lugar que o Pavarotti ocupou nos últimos 30 anos. Os outros tenores não têm a empatia com o público que ele tinha — afirma Heloisa Fischer, jornalista e comentarista de música clássica nas rádios CBN e Mec FM. Os anos 70 foram de consagração para o tenor. Os nove dós de peito seguidos que cantou durante La fille du Regiment, de Gaetano Donizetti, no Metropolitan Opera House de Nova York, em 1972, entrou para história. Nessa “Eu tenho a impressão de que o Pavarotti vai ser um caso único” Heloisa Fischer, jornalista e comentarista de música clássica ocasião, fez inúmeras aparições em TVs, aumentando sua visibilidade. Já era considerado um dos ícones da Itália no mundo, quando, em 1998, teve problemas com a Agência Tributária de seu país. Não pagou devidamente os impostos e, três anos mais tarde, aceitou pagar a dívida: 2,8 milhões de euros. Nos anos 90, sua popularidade aumentou ainda mais após uma turnê ao lado de José Carreras e Plácido Domingo. O ciclo de concertos dos Três Tenores começou na abertura da Copa de 1990, na Itália, onde foram vistos por cerca de 800 milhões de pessoas. As vendas dos discos de ópera dispararam. Premiado várias vezes com o Grammy, Pavarotti também ficou famoso por seu espírito solidário. O trabalho humanitário ficou mais visível em 1993. Na ocasião, ele decidiu organizar o primeiro de seus concertos beneficentes Pavarotti & Friends. Passou a realizar eventos anuais, em colaboração com artistas pop como Elton John e Bono (U2), até 2003. Ganhou o título de Embaixador da Paz das Nações Unidas. No Brasil, se apresentou sete vezes. A última vez foi em 2000, quando cantou ao lado de Maria Bethânia e Gal Costa, na Bahia, como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento. Com o trio de tenores, também se apresentou em São Paulo. O câncer começou a lhe afetar em 2006, o que o obrigou a cancelar vários compromissos, entre os quais um show com Roberto Carlos, marcado para Belo Horizonte. O Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro abriu um livro de condolências em razão da morte do cantor que será enviado para a Itália. Segundo o cônsul Massimo Bellelli, muitas pessoas prestaram suas homenagens. O governo italiano anunciou que os teatros Scala, em Milão, e o de Modena, reeditarão, em 2008, o concurso internacional de canto Luciano Pavarotti, cujo vencedor vai atuar nesses palcos. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro também fez uma sessão solene em homenagem ao tenor. A prefeitura da cidade, por sua vez, vai construir uma praça com o nome do cantor. Fluminense canta com o ídolo Em 1982, o concurso teve como vencedora a soprano Leila Guimarães. Nascida em Volta Redonda, na Região do Médio Paraíba do Estado do Rio, ela é a única artista brasileira de canto lírico detentora de um Emmy – o Oscar da TV. O prêmio foi recebido por sua atuação em La Bohéme, na Academy of Music of Philadelphia, quando cantou ao lado de Pavarotti. — O Pavarotti é representativo não só pela arte dele, que ficará registrada para o resto de nossas vidas, mas por ter sido um incentivador de cantores novos — diz a soprano. No dia 4 de outubro, o Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro e o Instituto Italiano de Cultura homenagearam o tenor com projeções de trechos da entrevista que o astro deu ao jornalista Roberto D’Ávila. Leila e seu marido, o crítico musical Marcus Góes, também estiveram presentes no evento. — Fiquei muito emocionada. Achei belíssimo porque causou emoção nas pessoas. Discutiu-se - 1990 – O tenor cantou, ao lado de José Carreras e Plácido Domingo, na abertura da Copa do Mundo, na Itália. - 1993 – Pavarotti cantou para mais de 500 mil pessoas em Nova Iorque e 300 mil em Paris. - Guinness Book – Está no livro dos recordes como o homem mais aplaudido (12 minutos), sendo obrigado a voltar ao palco 165 vezes. Ao lado dos dois tenores espanhóis, ostenta o recorde do disco de música clássica mais vendido de todos os tempos. - O cantor vendeu mais de 100 milhões de discos. a voz , a arte dele e o ser humano que foi Pavarotti. Foi uma noite significativa e um presente muito bonito do Consulado italiano. A figura dele que não morrerá nunca. Por duas vezes encontrei com ele na Itália vezes. Ele era um ser humano alegre. Gostava de fazer piadas. As quatro coisas que ele amava era: música, cavalos, comida e futebol. Portanto, os assuntos dele sempre giravam em torno disso — revela a soprano, que morou 12 anos na Itália. Para o crítico musical Marcus Góes, ele era o grande representante da música clássica: — Ele atraía o público, tornava maior as audiências dos espetáculos nos teatros e nas arenas. Ele, com sua capacidade de comunicação, contribuía para a divulgação de uma arte que é fácil de se chegar ao grande público — afirma o crítico, que diz Outubro 2007 / Cantor descansa após apresentação em palco italiano. Soprano Leila Guimarães, que ganhou concurso internacional, se apresenta ao lado de Pavarotti na peça La Bohéme, na Academy of Music of Philadelphia que os tenores são artigos de exportação da Itália. O crítico relembra ainda que o tenor, pouco antes de morrer, disse: “Ricordati me per la mia voce”. — Ele não queria ser lembrado por outras coisas se não por sua voz . Ela era muito bem colocada, muito bem emitida, dentro de uma tradição de pronúncia emiliana, que é sua origem. Ele nasceu em Modena. Lá, há uma tradição de pronúncia aberta dos sons das vogais da língua italiana. Isso foi se unir ao aparelho fonador dele. Dessa união, nasceu uma das vozes mais bem postadas da história do canto lírico — avalia Marcus Góes. ComunitàItaliana 21 articolo / notizie atualidade La finestra Daniele Mengacci [email protected] Stampa estera: Pluralità di informazioni Q Grupo Keystone uando le opinioni espresse in questa rubrica saranno in edicola, il nuovo palinsesto di Rai International sarà operativo. Frutto di un accordo tra il Governo e la Rai, il canale dedicato agli italiani all’estero si diversifica e si moltiplica per realizzare un desiderio di Romano Prodi: migliorare la quantità e qualità dell’informazione italiana all’estero e dare spazio a quella proveniente dall’estero in Italia. Rai International potenziata sarà visibile anche in Italia, avrà un canale di notizie, uno dedicato al meglio della produzione Rai e uno di sport; diminuirà gli aspetti turistico-gastronomici e folcloristici della gestione precedente per offrire allo spettatore una visione dell’Italia più attuale e reale. Il Presidente del Consiglio, a suo tempo, si era lamentato della poca quantità di notizie sull’Italia presentata dai media stranieri e, in occasione dell’accordo, ha dichiarato: “La firma della convenzione, (…) rappresenta la prima tessera di una politica più ampia e complessa che io voglio attuare per quanto riguarda il potenziamento degli strumenti dell’informazione”. Alcune considerazioni vanno fatte, sapendo che il Potere non ama molto la stampa libera e sempre trova modo di ammansirla, coccolarla se non minacciarla. La prima considerazione è sulla questione della pluralità dell’informazione, che deve essere garantita soprattutto quando 22 si tratta di un media in mano al Governo, come saranno, di fatto, l’informazione, la scelta e il modo di proporre le notizie. Poi si attribuiranno i tre canali con criteri antichi, secondo le pressioni dei partiti di maggioranza. E come reagirà l’opposizione? Il grande dubbio è che, come sta accadendo in Brasile con la TV Lula diretta da Franklin Martins, il nostro prode Prodi tenti di avere, a spese del contribuente, la sua televisione personale. In parallelo all’accordo con la Rai, il Governo ha stipulato un accordo con l’agenzia Ansa, trascurando altre agenzie nazionali, come Adn Kronos, o internazionali come Reuter, dando così un segnale di parzialità. La stampa italiana all’estero, che garantisce una pluralità di informazioni, rimane la cenerentola dei media. Il Governo ha preparato in agosto un Disegno di Legge per riformare tutto il settore dell’editoria, ma poco spazio ha dato alla stampa estera. Un progetto di legge dell’On. Merlo, eletto nella circoscrizione America Meridionale, propone il raddoppio dei fondi da quattro a otto milioni di euro. La distribuzione dei contributi è sempre avvenuta con il sistema detto “a pioggia”, eufemismo di distribuzione per criteri partitici, una razionalizzazione della loro attribuzione, imponendo una certificazione della distribuzione reale dei media che sarebbe opportuna, come lo stanziamento di fondi per la formazione dei giornalisti. Come il Governo, ed il Parlamento, decideranno di trattare la stampa estero sarà una prova dell’interesse, o della indifferenza, della Casta verso gli elettori italiani nel mondo. ComunitàItaliana / Outubro 2007 Ex-impiegato fa causa di 700mila reais all’Ambasciata italiana L’ amministratore di imprese Marco Antinoro ha deciso di fare causa all’Ambasciata d’Italia a Brasilia. Per oltre 28 anni, ha coperto una serie di funzioni all’interno dell’organo. Ma nel settembre 2005 è stato licenziato senza giusta causa. La sua sorpresa è stata ancor maggiore quando ha dovuto omologare la sua rescissione contrattuale. Nell’indennizzo, secondo lui, non constavano né il pagamento del Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), né le ferie. Senza pensarci due volte, Antinoro ha intrapreso una vertenza giudiziaria nel 2006. Agli inizi di questo mese, la giustizia ha battuto il martello a suo favore e ha calcolato la rescissione in circa R$ 700mila. Ma l’amministratore sottolinea: - Non ho ancora ricevuto nulla. Malgrado la giustizia abbia dato una scadenza di 48 ore per l’adempimento della prima sentenza, finora l’ex impiegato 56enne non ha ancora visto un soldo. Sorrette da accordi diplomatici firmati da più di quarant’anni, molte ambasciate e organi internazionali non rispettano la Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), legislazione che regola in Brasile la contrattazione di lavoratori formali. Nonostante nel 1990 il Supremo Tribunal Federal (STF) abbia creato una giurisprudenza che permette alla giustizia del lavoro di aprire processi contro questi organi, la Convenzione di Vienna garantisce ancora alle ambasciate l’immunità di esecuzione. Secondo l’accordo firmato, i locali della missione, i mobili e altri beni in essi contenuti, così come i mezzi di trasporto, non potranno essere oggetto di indagine, requisizione, pignoramento o misura di esecuzione. In pratica, ciò significa che i lavoratori riescono pure ad avere i loro diritti riconosciuti dai tribunali, solo che l’indennizzo alla fine non viene pagato. – Ho sempre lavorato con grande dedicazione e non sono stato rispettato quando sono stato mandato via – reclama. La lite giudiziaria di Antinoro contro l’Ambasciata d’Italia dura già da quasi due anni. Durante il periodo in cui ci ha lavorato, ha firmato successivi contratti di lavoro, rinnovati annualmente. All’epoca del suo licenziamento la scusa è stata il taglio di costi. – Quando sono andato a prelevare il mio FGTS, c’erano soltanto i valori referenti al 2005. Sono andato a far valere i miei diritti in tribunale. Dopo 28 anni, ti mettono in mezzo ad una strada senza nessuna spiegazione né diritti – si lamenta. L’Ambasciata d’Italia ha informato che da dieci anni segue la legislazione del lavoro brasiliana, contrattando nuovi impiegati che ricevono i contributi. La determinazione è partita dal governo italiano. Però gli impiegati di più vecchia data rimarranno sotto la legislazione italiana. Nel caso di Marco Antinoro, la rappresentazione ha informato che è in atto un ricorso alla sentenza e che, nel caso sia condannata in ultima istanza, accetterà la decisione. (F.L.) Agrifood: sussidi per imprese brasiliane L a Câmara de Comércio Italiana di Minas Gerais offre sussidi ad imprese brasiliane del settore agroalimentare per participare all’Agrifood. L’evento sarà tra il 16 e il 19 novembre, in Italia, ma gli imprenditori interessati a ricevere i sussidi dovranno entrare in contatto con la Câmara entro il 12 ottobre, data in cui si chiudono le iscrizioni. In questa seconda edizione, produttori ed imprenditori avranno l’opportunità di conoscere il Made in Italy, che consiste nell’uso e promozione di prodotti tipici italiani. Secondo la Coldiretti (organizzazione agricola italiana), nel 2006 il settore agroalimentare ha fatturato 110 miliardi di euro, il che rappresenta una crescita del 2,8% in rapporto al 2005. Il Made in Italy agroalimentare occupa il terzo posto in prodotti organici nel mondo dopo l’Australia e l’Argentina. Quando um comediante incomoda muita gente Beppe Grillo reúne multidões e denuncia a apatia da política italiana E le arrasta milhões de jovens pelas praças, mobiliza eleitores, desestabiliza a inércia do atual governo e põe à prova a suposta imparcialidade dos meios de comunicação da Itália. Não se trata de um astro do rock ou de um futuro aspirante à política. O fenômeno em questão atende pelo nome de Giuseppe Piero Grillo, o Beppe Grillo. O comediante organizou recentemente o evento denominado V-Day, com V de vaffanculo (palavrão italiano). Milhares de pessoas lotaram as principais praças italianas para aderir à proposta: criar um parlamento decente. Foram recolhidas mais de 300 mil assinaturas para uma petição que defende, por exemplo, a recusa da candidatura de políticos condenados pelo tribunal italiano e um número limitado de mandatos para os membros do Parlamento. Caso a proposta conquiste 500 mil assinaturas, assim como exige a lei italiana, poderá ser submetida a um referendo popular. Anelise Sanchez Correspondente • Roma — A manifestação foi organizada no dia 8 de setembro para lembrar que nesta data, em 1943, o rei fugia do país e a nação estava perdida, e até hoje nada mudou — comenta Grillo. O êxito do V-Day gerou polêmica. Alguns políticos e parte da imprensa chamaram Grillo de demagogo e o acusaram de populismo. Outros analistas consideram, no entanto, o seu radicalismo um alarme inegável da insatisfação popular. Basta pensar que mais de 34% dos italianos declararam a intenção de votar em Grillo, caso ele se candidatasse. — Isso demonstra que se antes eram os leitores de esquer- da que protestavam contra um governo de direita, hoje aqueles que elegeram Romano Prodi aumentam a voz contra o governo — comenta Paolo Mieli, diretor do Corriere della Sera. O blog do comediante na internet (http://www.beppegrillo. it) é um dos mais visitados na Itália, com cerca de 200 mil acessos diários, segundo dados do site de buscas Technorati. Transformouse em tempo recorde num poderoso canal de comunicação para os italianos descontentes com o imobilismo e a apatia da classe política italiana. Depois de cinco anos de governo Berlusconi, parte da popu- Outubro 2007 / lação esperava, com a esquerda no poder, que muitas promessas de campanha fossem cumpridas. Permanecem, no entanto, ainda pendentes: a luta contra o trabalho precário, o reconhecimento da união de homossexuais, a aprovação do chamado testamento biológico e a menor ingerência do Vaticano no país. Nesse contexto, Beppe Grillo e outros, como Nanni Moretti, cineasta e organizador de diversos comícios contra Silvio Berlusconi, evidenciam como a Itália de hoje tem sede de mudança. Valentina Colaiori, romana de 32 anos, lamenta a dificuldade de encontrar um trabalho e confessa sua preocupação com o futuro. — Apesar do diploma universitário, é difícil ser chamada para uma vaga que não seja de estágio não remunerado — desabafa, e prossegue: — Se um personagem como Grillo se auto-declara o porta-voz de pessoas como eu, não o recrimino. Apresentador do Festival de San Remo de 1978, Grillo já era famoso quando foi considerado pela edição européia da revista Time um dos heróis de 2005 no setor da informação. Isso porque se tornou porta-voz da indignação popular diante das denúncias que geraram a falência da Parmalat, em 2003. Beppe Grillo também representou um sério incômodo para Marco Provera, ex-presidente da Telecom Italia, durante a sua gestão na empresa. O comediante solicitou aos italianos que transferissem para ele o poder de suas ações minoritárias da companhia, para criar um impasse nas negociações da empresa, ao evitar que decisões como a da venda da holding Olimpia fossem tomadas, exclusivamente, pelos acionistas majoritários. — Venci doze causas contra a Telecom acusando a empresa de roubo e furto — diverte-se Grillo. ComunitàItaliana 23 capa capa Custódio Coimbra / Ag. O Globo Heróis e vilões usam farda Eroi e antieroi usano la divisa Paula Máiran, Anelise Sanchez (Roma),Nayra Garofle, Aline Buaes e Silvia Souza N ão foi à toa que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decidiu recorrer à Itália para tentar avançar no combate à violência e ao crime organizado no estado. O Rio, ou melhor, o Brasil inteiro tem mesmo muito a aprender com o país que asfixiou a máfia com a Operação Mãos Limpas. Entre tantas lições, a principal e mais difícil de aprender talvez seja a que se refere à construção de uma imagem digna e respeitada do profissional de segurança pública. Se no Brasil a população manifesta histórica desconfiança em relação a policiais – identificados como exemplos de ineficácia, truculência e corrupção –, na Itália esses profissionais são tratados como heróis nacionais, mais valorizados pela opinião pública do que magistrados, por exemplo. Basta comparar a reação popular à morte de policiais em cada país para se ver o tanto que a realidade brasileira dista anos luz da italiana. Causou comoção pública em toda a Itália e ocupou as manchetes dos jornais do país a morte, em fevereiro deste ano, do inspetor de polícia Filippo Raciti, de 38 anos, vítima de bomba em conflito após um jogo de futebol em Catania, na Sicilia. Na ocasião, o Campeonato Italiano foi suspenso, em luto. O caso – por sua gravidade – levou ministros e parlamentares ao sepultamento do policial. As leis de segurança em estádios no dia seguinte ao da sua morte já haviam se tornado mais duras. No Brasil, o assassinato de policiais é assunto banal, ainda mais em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Neste último estado, por exemplo, morre um policial a cada três dias, em média. Em abril, um cinegrafista amador flagrou o assassinato, com seis tiros, do soldado da Polícia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, de 27, em tentativa de assalto, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. No vídeo – exibido no www.diariodeumpm.net – aparece o policial, ferido, banhado em sangue, cambaleante, pedindo socorro pelas ruas. Ignorado por pedestres e motoristas, ele quase foi atropelado, até cair de vez numa calçada. O Brasil tem a aprender com a Itália especialmente no que se refere ao combate à corrupção policial. Esta alcançou níveis preocupantes na década de 80 e no início da década de 90, mas atualmente se mantém sob controle, com um índice que não ultrapassa 4%, segundo dados oficiais. Enquanto isso, no Brasil... 24 ComunitàItaliana / Outubro 2007 N on è un caso che il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abbia deciso di ricorrere all’Italia per tentare di migliorare la lotta alla violenza e al crimine organizzato nello stato. Rio, o meglio l’intero Brasile, hanno davvero molto da imparare dal paese che ha asfissiato la mafia con l’operazione Mani Pulite. Tra le tante lezioni, la principale e più difficile da imparare forse sarà quella che si riferisce alla costruzione di un’immagine degna e rispettata dei professionisti della pubblica sicurezza. Se in Brasile la popolazione manifesta una storica sfiducia nei poliziotti – identificati come esempio di inefficienza, truculenza e corruzione –, in Italia questi professionisti vengono trattati come eroi nazionali, più valorizzati dall’opinione pubblica dei magistrati, per esempio. Basta paragonare la reazione popolare alla morte di poliziotti nei due paesi per vedere che la realtà brasiliana è a anni luce di distanza da quella italiana. Ha causato commozione pubblica in tutta l’Italia e ha riempito i titoli dei giornali del paese la morte, nel febbraio di quest’anno, dell’ispettore di polizia Filippo Raciti, 38, vittima di una bomba in uno scontro avutosi dopo una partita di calcio a Catania, in Sicilia. Allora, il campionato italiano è stato sospeso, in lutto. Il caso – dovuto alla sua gravità – ha portato ministri e parlamentari al funerale del poliziotto. Le leggi di sicurezza negli stati all’indomani della sua morte erano già diventate più dure. In Brasile, l’omicidio di poliziotti è tema banale, ancor di più in metropoli come San Paolo e Rio de Janeiro. In quest’ultimo stato, ad esempio, muore un poliziotto ogni tre giorni, in media. In aprile, un videoamatore ha ripreso l’omicidio, causato da sei spari, del soldato della Polìcia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, 27, in un tentativo di rapina, a Engenho de Dentro, zona nord di Rio. Nel video – disponibile in www.diariodeumpm.net – si vede il poliziotto ferito, immerso nel sangue, mentre barcollando chiede aiuto per la strada. Ignorato da pedoni e automobilisti, è stato quasi investito prima di cadere sul marciapiede. Il Brasile può imparare dall’Italia specialmente ciò che riguarda la lotta contro la corruzione poliziesca, che ha raggiunto livelli preoccupanti negli anni ’80 e agli inizi degli anni ’90, ma che ora si mantiene sotto controllo, con indici che non passano il 4%, secondo dati ufficiali. Al contrario, in Brasile... Outubro 2007 / ComunitàItaliana 25 Gabriel de Paiva/Agência O Globo capa Polícia do Rio enfrenta protesto de moradores após morte de um menor no Morro da Mangueira Tropa de Choque de São Paulo invade a Faculdade de Direito da USP para retirar universitários Vinicius Pereira / Diario -SP Polizia di Rio affronta protesta di abitanti dopo la morte di un minorenne nel Morro da Mangueira Tropa de Choque di San Paolo invade la Faculdade de Direito della USP per portare via gli universitari Uma corporação de respeito No imaginário coletivo italiano, nenhuma outra categoria profissional impõe tanta autoridade e respeito quanto a polícia. Segundo pesquisa realizada em maio deste ano pelo Istituto Piepoli S.pA, a confiança nos policiais supera aquela dedicada aos magistrados e ao próprio Parlamento. Do universo de mil cidadãos entrevistados, 84% declararam confiar na polícia e 70% afirmaram que a própria sensação de segurança aumentou ou tem permanecido estável nos últimos meses. Não por acaso, os programas de televisão italianos que fazem alusão a tais profissionais, apresentam altos índices de audiência. Refletem a preferência nacional. Carabinieri, Distretto di Polizia, Gente di Mare, Il maresciallo Rocca e Don Matteo são apenas algumas das séries protagonizadas por personagens que representam as mais importantes instituições italianas de segurança; a Polizia di Stato e a Arma dei Carabinieri, além das forças armadas. O sucesso indiscutível de atores como, por exemplo, Luca Zingaretti, intérprete do comissário Salvo Montalbano – personagem criado pelo renomado escritor siciliano Andrea Camilleri – tornou-se tema de debate em âmbito acadêmico. “A imagem transmitida pelos personagens de tais séries televisivas contribuem com a construção de uma relação de confiança entre instituições e cidadãos”, comenta Milly Buonanno, docente de sociologia dos Processos Culturais e Comunicativos da Universidade La Sapienza, de Roma. Una corporazione di tutto rispetto Nell’immaginario collettivo italiano nessun altra categoria di professionisti impone così tanta autorità e rispetto quanto la polizia. Secondo sondaggi fatti nel maggio di quest’anno dall’Istituto Piepoli S.p.A., la fiducia nei poliziotti supera quella goduta dai magistrati e dallo stesso Parlamento. Dell’universo di mille cittadini intervistati, l’84% dichiara di avere fiducia nella polizia, e il 70% dice che la sensazione di sicurezza è aumentata o è rimasta inalterata negli ultimi mesi. Non è per caso che i programmi televisivi italiani che alludono a questi professionisti presentino alti indici di audience. Riflettono la preferenza nazionale. Carabinieri, Distretto di Polizia, Gente di Mare, Il maresciallo Rocca e Don Matteo sono soltanto alcune delle fiction i cui protagonisti rappresentano le più importanti istituzioni italiane di sicurezza: la Polizia di Stato e l’Arma dei Carabinieri, oltre alle Forze Armate. L’indiscutibile successo di attori come, ad esempio, Luca Zingaretti, che interpreta il commissario Salvo Montalbano – personaggio creato dal famoso scrittore siciliano Andrea Camilleri – è divenuto tema di dibattiti nel mondo accademico. “L’immagine trasmessa dai personaggi di queste fiction contribuisce alla costruzione di un rapporto di fiducia tra istituzioni e cittadini”, commenta Milly Buonanno, docente di Sociologia dei Processi Culturali e Comunicativi dell’Università La Sapienza, di Roma. L’immagine del poliziotto è così importante per la popolazione che la morte dell’ispettore di polizia Filippo Raciti, durante una partita di calcio tra le squadre Catania e Palermo, ha fatto muovere intere folle durante il suo funerale. Fenomeno di un’Italia che si rifiuta ad abituarsi alla violenza. Fascino sui giovani L’Arma dei Carabinieri è stata fondata il 9 agosto 1914 da re Vittorio Emanuele I di Savoia e, quest’anno, festeggia il suo 193o anniversario. Agli inizi, l’Arma contava su 805 uomini, di cui 476 a cavallo e 327 a terra, ma oggi conta su 118mila uomini. I carabinieri continuano ad affascinare migliaia di giovani. Gli uomini che appartengono all’Arma svolgono pattuglie militari in territorio nazionale e all’estero, difendono la sicurezza delle sedi diplomatiche e garantiscono la sicurezza pubblica italiana. Ogni membro assume uno dei cinque incarichi previsti (ufficiali, ispettori, sovrintendenti, appuntati e carabinieri) e ogni incarico viene suddiviso in vari livelli gerarchici. Il percorso per diventare un carabiniere prevede l’iscrizione a concorsi pubblici per l’Accademia Militare. I requisiti includono l’obbligo di essere cittadini italiani, un’età massima di 32 anni e una statura non inferiore a 1,70 per gli uomini e 1,65 per le donne, e studi superiori completi. Invece la Polizia di Stato, che spesso eserce funzioni analoghe a quelle dell’Arma dei Carabinieri, dispone di circa 200mila uomini. I suoi obiettivi: proteggere A figura do policial é tão importante para a população que a morte do inspetor de polícia Filippo Raciti durante uma partida de futebol entre os times Catania e Palermo movimentou multidões durante o seu funeral. Fenômeno de uma Itália que se recusa a se acostumar com a violência. ados são sold a s i a i c i l ban po iro os rra ur de e e u n g a J e ipo d icial io de “No R entam um t antes. O pol o a fic fr que en da pelos tra a luta contr e a ad n d d coman se empenha identi a n o e d as e er verdad privilegian udes máscul perceb t e , s o r i g v e i d s o m ini io p ão. A tar a aginár de prevenç l mili posta policia as. Neste im o está ex . e não ir o o e t t r n n r o o e r u r f f e)” g de con cia e do con M e do Bop paio, a i é d i ên a es (P o Sam da viol tituiçõ rnand ta social e F cultura inos das ins z i Lu entis s h nos, ci a até no 2 4 de análogas àquelas da Arma dei Carabinieri, tem cerca de 200 mil homens. O objetivo: proteger os cidadãos em setores especializados (polícia rodoviária, ferroviária, marítima, científica, imigração e comunicações). A carreira de carabiniere ou o ingresso na Polizia di Stato são muito disputados. A remuneração fixa de um membro da Arma varia de 15 mil euros anuais para um carabinieri a 23 mil euros (bruto) anuais para um tenente-coronel. Na Polizia di Stato, o salário médio é de 1.100 euros mensais, mais a indennità di rischio, soma que oscila de acordo com o tipo de risco enfrentado. O valor do seguro pago à família de um carabiniere morto em serviço também varia de acordo com a causa da morte. Cada carabiniere dispõe de um revólver Beretta modelo 92 FS, uma metralhadora Beretta modelo PM 12 S2, um fúzil Beretta 70/90 e uma metralhadora leve FN Minimi. Em missões especiais, o seu armamento inclui uma metralhadora heckler & Koch MPS, um fúzil Franchi SPAS 15 mil, uma carabina Maser 66 SP e um fúzil Accuracy International Mod. AWP. Casos de assassinato de carabinieri não são frequentes em solo nacional e, quando ocorrem, viram notícia. Fascínio sobre os jovens A Arma dei Carabinieri foi criada dia 9 de agosto de 1914 pelo rei Vittorio Emanuele I di Savoia e, neste ano, festeja o seu 193o aniversário. Inicialmente, a Arma contava com 805 homens, dos quais 476 a cavalo e 327 a pé, mas hoje conta com 118 mil homens. A figura do carabiniere continua a exercer fascínio sobre milhares de jovens. Os homens que compõem a Arma executam patrulhamentos militares em solo nacional e no exterior, defendem a segurança de sedes diplomáticas e garantem a segurança pública italiana. Cada membro assume um dos cinco cargos previstos (ufficiali, ispettori, sovrintendenti, appuntati e carabinieri) e cada cargo é subdividido em diversos níveis hierárquicos. O percurso para se tornar um carabiniere prevê a prestação de concurso público para a Accademia Militare. Os requisitos incluem a obrigatoriedade da cidadania italiana, idade máxima de 32 anos e estatura não inferior a 1,70 metro para homens e 1,65 metro para mulheres, e segundo grau completo. Já a Polizia di Stato, que muitas vezes exerce funções i cittadini in settori specializzati (polizia stradale, ferroviaria, marittima, scientifica, immigrazione e comunicazioni). La carriera dei carabinieri o l’entrata nella Polizia di Stato sono molto contese. La busta paga fissa di un agente dell’Arma va dai 15mila euro annuali per un carabinere a 23mila euro (lordi) annuali per un tenente-colonnello. Nella Polizia di Stato, lo stipendio medio è di 1.100 euro al mese più l’indennità di rischio, somma che oscilla a seconda del tipo di rischio affrontato. Il valore assicurativo pagato alla famiglia in caso di morte in servizio varia anch’esso secondo la causa mortis. Ogni carabiniere dispone di un revolver Beretta modello 92 FS, una mitragliatrice Beretta modello PM 12 S2, un fucile Beretta 70/90 e una mitragliatrice leggera FN Minimi. In missioni speciali, le sue armi includono una mitragliatrice Heckler & Koch MPS, un fucile Franchi SPAS 15mila, una carabina Maser 66 Polícia violenta São Paulo ainda é uma das cidades mais violentas do Brasil. Somente no primeiro semestre deste ano, mais de 80 pessoas morreram em confronto com po- SP e un fucile Accuracy International Modello AWP. Casi di omicidi di carabinieri non sono frequenti in Italia e, quando accadono, diventano notizia. Polizia violenta San Paolo è ancora una delle più violente città del Brasile. Solo nel primo semestre di quest’anno più di 80 persone sono morte in scontri con poliziotti militari nella capitale. Nel 2006, questo numero ha sorpassato le 250 persone, specialmente come risposta della polizia ad attacchi della fazione criminale Primeiro Comando da Capital (PCC). Ricercatrice del Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP), la sociologa Cristina Neme avvisa che la polizia di San Paolo è una delle più violente del paese, perdendo solo dalla polizia di Rio de Janeiro. Gli alti tassi di morti in scontri con la polizia sono, secondo lei, uno dei problemi più seri della sicurezza pubblica, così come la Série histórica de policiais militares mortos no estado do RJ PM Mortos Serviço PM Mortos Folga 140 120 100 118 104 119 133 111 111 117 80 60 40 43 20 24 50 33 27 24 20 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: EMG/PM1 — Trabalhado por NUNESP/ISP 26 ComunitàItaliana / Outubro 2007 Outubro 2007 / ComunitàItaliana 27 capa “Divers os s PM n ão os sentime o Rio de Jan ntos que se p e impo assam n eiro, o tência a se , policial sendo este c ntimento de vida de um o m envolve insegur u an os sonho m para todo que ao s c idadão. ça e frustra entrar Ser ções de para faz vê que er a diferen a corporação um jovem é muit o, muit ça e, com o p pensava em o difíc il, mud assar dos anos , ar cer tas cois oficial a ” s X., . da Pol ícia M de 37 ano s, ilitar do Ri o liciais militares na capital. Em 2006, esse número ultrapassou 250 pessoas, principalmente em resposta da polícia a ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEVUSP), a socióloga Cristina Neme alerta para o fato de a polícia de São Paulo ser uma das mais violentas do país, atrás apenas da polícia do Rio de Janeiro. As altas taxas de mortes em confrontos com a polícia são, segundo ela, um dos problemas mais sérios de segurança pública, assim como a corrupção. Segundo dados oficiais, a média de policiais militares demitidos ou expulsos desde 2002 em São Paulo gira em torno de 370 policiais por ano. — É preciso um maior controle das instituições policiais. Esse descontrole gera insegurança na população, pelo abuso de autoridade e uso de força desnecessário — defende. Profissão perigo Os cerca de 23 mil PMs da cidade de São Paulo, divididos entre oficiais e soldados, trabalham 12 horas por dia com descanso de 36 horas, e recebem saláriobase bruto que varia de cinco a nove salários-mínimos. Em caso de morte, o seguro paga à família 100 mil reais no estado de São Paulo, bem mais do que recebem viúvas e órfãos dos PMs do Rio (20 mil reais). O número de PMs mortos vem caindo em São Paulo, exceto por um pico em 2006, quando o PCC matou pelo menos 40 policiais, tornados em alvos de ataques em seus horários de folga. Segundo o capitão Marcel Lacerda Soffner, da Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública de SP, “não há como negar que esta é uma profissão de risco”. Ele cita uma pesquisa que revelou ser a principal preocupação dos policiais o medo de haver problemas de comunicação em casos de urgência. O estado investiu mais de 200 milhões de dólares em tecnologia de comunicação via rádio digital criptografada (que impede interceptações), na aquisição de viaturas, equipamentos de proteção e construção de hospitais. Mas, na opinião do presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do estado de São Paulo (Aopm), coronel Luiz Carlos dos Santos, tais investimentos não minimizam os riscos. ja ciais se i l o p s a do pouco maiori iculdade e a e u q f lia, i redito om muita d ade. Na Itá a, c a a d c A“ in mas egrid a étic ssa int te exigênci gação nesta, o e h r e e t t n or ri en realm ulo para ma biente de f usiva e de ob icial; l m m c í a p x t s e o ol e m num e dedicação ra do serviç ais têm e v i v s i d até fo ios, os polici policia ios idade n g alár os salár s i s d s r o a t m de i n me prio aixíss comple ndo dos pró er”. pelos b a é r t a a p e , s b l bat ai si ce no Bra egos inform , acabam re everiam com de empr mente es a quem d eserva da PM ca. e t n e ü r nt bli e, freq trafica - coronel da Segurança Pú o e h al d a Fil da Silv etário Nacion e t n e c r i - Sec José V lo e ex São Pau 28 ComunitàItaliana / Outubro 2007 corruzione. Secondo dati ufficiali, la media di poliziotti licenziati o espulsi dal 2002 a San Paolo si aggira sui 370 poliziotti all’anno. — Ci vuole un controllo maggiore delle istituzioni pubbliche. Questa mancanza di controllo genera insicurezza alla popolazione, dovuto agli abusi di autorità e all’uso di forza evitabili — difende. Professione pericolo I circa 23mila PMs di San Paolo, divisi tra ufficiali e soldati, lavorano 12 ore al giorno con un riposo di 36 ore, e guadagnano uno stipendio lordo che va dai 5 ai 9 stipendi minimi. In caso di morte, l’assicurazione paga alla famiglia 100mila reali nello stato di San Paolo, molto di più di quanto ricevono vedove e orfani dei PMs di Rio (20mila reali). Il numero di PMs morti diminuisce a San Paolo, a parte un aumento nel 2006, quando il PCC ha ucciso perlomeno 40 poliziot- ti, divenuti bersaglio di attacchi nel loro orario di riposo. Secondo il capitano Marcel Lacerda Soffner, della Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública di SP, “non si può negare che questa sia una professione di rischio”. Cita una ricerca che ha rivelato che la paura di avere problemi di comunicazione in casi urgenti sia la maggior preoccupazione dei poliziotti. Lo stato ha investito più di 200 milioni di dollari in tecnologia di comunicazione via radio digitale criptografata (che impedisce intercettazioni), in acquisto di vetture, equipaggiamenti di protezione e costruzione di ospedali. Ma, secondo il presidente dell’ Associação dos Oficiais da Polícia Militar dello stato di San Paolo (Aopm), colonnello Luiz Carlos dos Santos, questi investimenti non minimizzano i rischi. — È inutile fornire vetture, giubbotti antiproiettile, se il poliziotto non gode del diritto di Presidente Giorgio Napolitano desfila em carro de combate da polícia durante a festa dos 193 anos da Arma. Agentes com farda de gala se apresentam durante o evento comemorativo da corporação Il Presidente Giorgio Napolitano sfila su di un autocarro della polizia durante la festa dei 193 anni dell’Arma. Agenti della polizia in divisa di gala si presentano durante l’evento commemorativo della corporazione — De nada adianta fornecer viaturas, coletes à prova de bala, se o policial não tem direitos a condições básicas para viver com dignidade — afirma. Santos explica que os PMs vivem, a maioria, na periferia violenta, com as famílias sob permanente ameaça, e estressados por uma jornada dupla em bicos de segurança particular. — O policial vive sob tensão 24 horas, tanto no trabalho quanto no bairro em que vive — revela o coronel, e reitera: — O governo precisa investir no homem, caso contrário ele não terá o policial que a população deseja. Farda manchada O governador Sérgio Cabral estava na Itália, quando a PM estourou no Rio de Janeiro a Operação Duas Caras, no último 18 de setembro, para prender 56 policiais envolvidos num esquema de proteção a traficantes de drogas. Foram parar na cadeia 10% dos homens do 15º Batalhão de Polícia Militar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O governador tratou de interpretar com otimismo mais um fato a manchar a imagem da PM do Rio: — Nossa polícia investiga a nossa polícia. Nossos policiais militares e civis sérios e honestos estão trabalhando para limpar a polícia. Eu diria que o policial que está ligado ao tráfico de drogas é mais criminoso do que o próprio criminoso. De acordo com dados da Corregedoria Interna, a cada 25 horas um PM vai para a cadeia no Rio. Estima-se que, ao final deste ano, dos cerca de 38 mil PMs da corporação, vão passar de 350 os presos por desvios de conduta. No ano passado, ocorreram 334 prisões. Em três anos, houve mais de mil. A imagem do policial no Rio vai mal não é de hoje. Em pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (Cesec-Ucam), concluída em 2004, 11% dos entrevistados (2.250 pessoas) informaram ter sido vítimas de extorsão ou de tentativa de extorsão. Do total, 67,6% classificaram a PM como corrupta; 56,9%, como muito violenta e 82% como pouco eficiente no combate a crises, como as guerras do tráfico. O aniversário da Arma ocorreu pelas ruas do centro de Roma. A cavalaria montada da instituição também marcou presença na comemoração dos 193 anos L’anniversario dell’Arma si è avuto nelle vie del centro di Roma. Anche la cavalleria montata dell’istituzione si è fatta presente alla commemorazione dei 193 anni Disputa policial De acordo com o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei Ribeiro, a rivalidade entre corporações prejudica a segurança pública no estado. — Na Itália, o padrão de vida é alto e há uma única polícia, fardada, e um grupo de investigação. Lá não existe disputa. Aqui no Rio, além de ganharmos mal, ainda disputamos espaço. Isso é ruim para a sociedade e para as corporações — reflete. Ribeiro cita, por exemplo, a diferença entre os salários das polícias civil e militar do Rio: — Um soldado ganha, em média, 800 reais (bruto). Um detetive, de última escola, ganha uma diferença a mais de cerca de 600 reais. Segundo o presidente da Associação, é preciso haver um padrão federal único para as polícias. — Não existe uma política nacional de segurança pública. Fica a critério de cada governa- usufruire di condizioni basiche per vivere dignitosamente — afferma. Santos spiega che i PMs vivono, in maggior parte, nella violenta periferia, con le famiglie sotto minaccia costante, e stressati dovuto ad una doppia giornata come guardie di sicurezza private. — I poliziotti vivono sotto tensione 24 ore, tanto sul lavoro quanto nel quartiere dove vivono — rivela il colonnello, e ribadisce: — Il governo deve investire negli uomini, altrimenti non avrà i poliziotti che la popolazione desidera tanto. Divisa macchiata Il governatore Sérgio Cabral era in Italia quando la PM ha dato inizio, a Rio de Janeiro, all’Operação Duas Caras, il 18 settembre, Outubro 2007 / per arrestare 56 poliziotti coinvolti in uno schema di protezione a narcotrafficanti. Sono finiti in galera il 10% degli uomini del 15º Batalhão de Polícia Militar, a Duque de Caxias, nella Baixada Fluminense. Il governatore ha subito interpretato con ottimismo un altro fatto che macchia l’immagine della PM di Rio: — La nostra polizia indaga la nostra polizia. I nostri poliziotti militari e civili seri e onesti lavorano per ripulire la polizia. Io direi che il poliziotto legato al narcotraffico è più criminale dello stesso criminale. Secondo dati della Corregedoria Interna, ogni 25 ore un PM finisce in carcere a Rio. Si stima che, entro la fine di quest’anno, dei circa 38mila PMs della corporazione, saranno più di 350 in- ComunitàItaliana 29 intervista “O bom polic para ou vir e t ial tem que ser ent para sa ber lid ar compreen um pouco de ps ar der as circula pessoas; icólogo, e traba com as difer soc lha; e, enças nos loc iólogo, m ais ond riscos d atemático, para c e e sua ouve no curso e s ações. Isso t alcular os udo a g a ser r no dia ente -a-dia ígidos e ao m a chefe d esmo t prendemos empo e e segur G lá ança d o Consu iuseppe Piccar stico”s lado d d i, 36, a Itáli a no R io dor. Aí, com a carência de verbas, o PM fica em situação vulnerável e delicada — relata. Como solução, Ribeiro sugere uma mobilização social mais intensa. — Cabe à sociedade exigir mudanças. Não basta se comover somente com casos de repercussão, aqueles mais marcantes. A sociedade não pode ficar de braços cruzados — desabafa o coronel. Cooperação à vista A polícia do Rio de Janeiro vai receber lições italianas de combate à máfia. Um acordo de cooperação foi assunto, em setembro, de reuniões, na Itália, do governador Sérgio Cabral com o ministro do Interior, Giuliano Amato, responsável pela segurança interna do país, e com o procurador nacional Anti-Máfia, Emilio Ledone durante a visita da comitiva fuminense à Itália. O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, planeja viagem à Itália, neste ano, para detalhar o acordo. — Eles estão dispostos a traçar uma parceria. A idéia de cooperação atinge três setores: o operacional, com o Ministério do Interior e a polícia italiana; o combate ao crime, com o setor de inteligência deles; e o jurídico, com a Procuradoria Nacional Anti-Máfia — explica o governador, sobre a oportunidade do auxílio mútuo na repressão a crimes como tráfico internacional de drogas e pedofilia, assim como na captura de foragidos. Foi firmada parceria também para o treinamento de policiais e para o fornecimento de tecnologia para a luta contra crimes de comum interesse. — Estamos sempre dispostos a compartilhar estratégias e soluções para as nossas questões de segurança — afirma Beltrame. O consultor da Secretaria Nacional de Segurança, coronel Felipe Dantas, lembra que Brasil e Itália sempre mantiveram acordos na área de segurança pública. Como exemplo, cita o contrato de extradição bilateral, de 1989, ratificado em 93. A Coordenadoria de Combate aos Ilícitos Transnacionais (Cocit), do Ministério das Relações Exteriores, e a Interpol, também atua em parceria com a Itália no combate ao crime em nível nacional. — Temos acordos de cooperação no campo criminal e jurídico. Isso envolve o combate ao tráfico de mulheres e de órgãos, prostituição infantil e de homossexuais. O Brasil é um país que aderiu a Convenção de Palermo, de 99, e que tratou do combate ao crime organizado — afirma o coronel. , as ovo. Lá e p o d os s ndo , cuida com seus filh os s a u r s n a lhei n a conversar pessoas a b s a A r . t o ão t ália, r par tamen idadãos se d r o p “Na It m nos pedi m o c de c ê elhor ia e mães v o em desvio o. Políc ão há coisa m no p a p ã m t ui eles es para bater u dizer que n r os. Como aq de t o u s s o s m o a a P s o c os lig bem. ajudar orporação há d”o. r e d o p o mun a c d n a e u m do que q le os, te sabe , é um pr ob i, de 33 an n e g a ás lia cchin Brasil, ptos, isso, ali da Itá o Colba l c a r r u a e r G r M is co lado policia o Consu d e r e i carabin 30 ComunitàItaliana / Outubro 2007 carcerati per deviazione di comportamento. L’anno scorso, si sono avute 334 prigioni. In tre anni, più di mille. L’immagine dei poliziotti a Rio va male e non da oggi. In un sondaggio del Centro de Estudos de Segurança e Cidadania dell’Universidade Cândido Mendes (Cesec-Ucam), conclusa nel 2004, l’11% degli intervistati (2.250 persone) hanno detto di essere stati vittime di estorsione o di un tentativo di estorsione. Del totale, il 67,6% ha accusato di corruzione la PM; il 56,9% l’ha definita molto violenta e, l’82%, poco efficiente nella lotta a crisi come quella della lotta allo spaccio di stupefacenti. Antagonismi polizieschi Secondo il presidente dell’Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei Ribeiro, la rivalità tra le corporazioni è deleteria per la sicurezza pubblica dello stato. — In Italia, lo standard di vita è alto e c’è un’unica polizia, in divisa, e un gruppo investigativo. Là non ci sono rivalità. Qui a Rio, oltre a guadagnare male, ci contendiamo pure lo spazio. Questo è un male per la società e per le corporazioni — riflette. Ribeiro cita, ad esempio, la differenza tra gli stipendi dei poliziotti civili e militari a Rio: — Un soldato guadagna, in media, 800 reali (lordi). Un detective, con corso universitario, guadagna circa 600 reali in più. Secondo il presidente dell’Associação, dovrebbe esserci uno standard federale unico per le polizie. — Non esiste una politica nazionale di sicurezza pubblica. Rimane a criterio di ogni governatore. E allora, con la scarsezza di sussidi, il PM si trova in situazione vulnerabile e delicata — riporta. Come soluzione, Ribeiro suggerisce una mobilizzazione sociale più intensa. — È compito della società pretendere cambiamenti. Non basta commuoversi soltanto in casi famosi, che segnano di più. La società non può restare a braccia conserte — si sfoga il colonnello. Cooperazione all’orizzonte La polizia di Rio de Janeiro prenderà lezioni italiane sulla lotta alla mafia. Un accordo di cooperazione è stato tema, in settembre, di riunioni, in Italia, del governatore Sérgio Cabral con il ministro degli Interni, Giuliano Amato, responsabile della sicurezza interna del paese, e con il procuratore nazionale Antimafia, Emilio Ledone. Il segretario di Segurança Pública di Rio, José Mariano Beltrame, prepara un viaggio in Italia, quest’anno, per dettagliare l’accordo. — Loro sono disposti a tracciare una partnership. L’idea della cooperazione raggiunge tre settori: quello operativo, con il Ministero degli Interni e la polizia italiana; quello della lotta al crimine, con il loro settore di intelligenza; e quello giuridico, con la Procura Nazionale Antimafia — spiega il governatore, parlando dell’opportunità di aiuto mutuo nella repressione ai reati come quelli del traffico internazionale di stupefacenti e pedofilia, così come nella cattura di latitanti. È stata siglata una partnership anche per l’addestramento di poliziotti e per il rifornimento di tecnologia per la lotta contro reati di interesse comune. — Siamo sempre disposti a condividere strategie e soluzioni per i nostri problemi di sicurezza — afferma Beltrame. Il consulente della Secretaria Nacional de Segurança, colonnello Felipe Dantas, ricorda che Brasile e Italia hanno sempre mantenuto accordi nell’area della sicurezza pubblica. Come esempio, cita il contratto di estradizione bilaterale, del 1989, ratificato nel ’93. Anche la Coordenadoria de Combate aos Ilícitos Transnacionais (Cocit), del Ministério das Relações Exteriores, e l’Interpol, agiscono in accordo con l’Italia per la lotta ai reati a livello nazionale. — Disponiamo di accordi di cooperazione nel campo criminale e giuridico. Questo coinvolge la lotta al traffico di donne e di organi, prostituzione infantile e di omosessuali. Il Brasile è un paese che ha aderito alla Convenzione di Palermo, del ’99, che si è occupata della lotta al crimine organizzato — afferma il colonnello. Fotos: Divulgação capa L’italiano dietro le quinte di C “Tropa de Elite” Raramente un film nazionale è stato così atteso e ha causato tante polemiche come Tropa de Elite, di José Padilha. La produzione ha preso d’assalto il Brasile ancora prima della sua prima, prevista per questo mese. Prima una copia non autorizzata del film è apparsa in internet, disponibilizzata per il download a chiunque. Risultato: è andata a finire sui banchetti dei venditori ambulanti di Rio e San Paolo. Per completare, lo stesso Batalhão de Operações Especiais (Bope) di Rio ha aperto un processo in cui chiede la sospensione delle proiezioni del film, paventando un’eventuale danno all’immagine della corporazione. Richiesta negata. Alle spalle di questa confusione, un discendente di italiani: il paulista Bráulio Mantovani, 44 anni, uno degli sceneggiatori del film. In intervista a Comunità, tratta con disdegno il commercio pirata del film. Garantisce che la produzione non è diversa dalle altre in cui ha già lavorato e non è d’accordo con chi dice che il film crea uno spirito eroico del poliziotto. Laureato in Lettere presso la Pontifícia Universidade Católica (PUC) di San Paolo e con post laurea in Sceneggiatura Cinematografica conseguita presso l’Universidade de Madrid, Mantovani è stato lo sceneggiatore di un altro successo nazionale: Cidade de Deus, di Fernando Meirelles. Rosangela Comunale Outubro 2007 / omunitàItaliana – Tropa de Elite non ha avuto la prima. C’è una grande attesa perché si tratta di un film molto vicino alla realtà brasiliana, tanto per la questione della violenza poliziesca, quanto dovuto alla commercializzazione pirata del film. Qual è la tua opinione su tutto questo? Bráulio Mantovani – Quello che mi dà più fastidio nel caso di Tropa de Elite è che la copia pirata è una versione non completa. Le persone che vedono questo materiale non stanno vedendo il film come dovrebbe essere. L’abbiamo cambiato molto nel montaggio. Ed è molto migliore della versione pirata. CI - Qual è la tua posizione sull’idea secondo cui il film, da una parte dà un’impronta di eroismo alla truculenza poliziesca e, da un’altra, agisce come denunciatore di questa stessa violenza? BM – Io non credo che Tropa de Elite sia un film di banditi e gente cattiva. Chi è l’eroe nel film? Come un tipo che tortura senza pietà, uccide senza misericordia e maltratta bambini può essere un eroe? Qualcuno può essere ComunitàItaliana 31 intervista “A Roma e a Venezia, non mi perdo. Anche senza cartina. Credo di aver ereditato dall’Italia il piacere per i sentieri labirintici. Forse questo spiega la mia sceneggiatura del film Cidade de Deus” considerato un eroe per questo? Credo sia una follia. CI – Perché credi ci sia stato tutto questo impatto? BM – Ancor prima di qualsiasi polemica, il progetto è sempre stato speciale per me. Anzi, è un grande progetto. Ma credo che l’impatto del film si deva alla maniera come il tema è stato affrontato dai suoi realizzatori, come José Padilha [regista], per esempio. Anche se non avessi fatto parte del film, Tropa de Elite avrebbe fatto scalpore. E sono stati loro che hanno cominciato il progetto. Battiamogli le mani! CI – Come analizzi il comportamento del Bope nel mezzo di questa polemica? BM – Non ho molto da dire. Il film espone una struttura violenta, sia per la corruzione, sia per la violenza fisica. È naturale che la polizia sia infastidita dal film. CI – Quindi pensi che il film abbia un carattere denunciatore? BM – Chissà, aiuterà a cambiare qualcosa? Forse aiuterà a discutere il problema. Ma risolverlo, no di sicuro. CI – In cosa credi che Tropa de Elite sia diverso dagli altri tuoi lavori? BM – Non ci sono divergenze. Ci sono differenze. Tutti sono diversi. Ed è proprio questo che mi piace. Non ho voluto collaborare alla fiction e nemmeno al film Cidade dos Homens perché ho capito che avrei raccontato differenti versioni di una storia che avevo già raccontato. Non è invece il caso di nessuna sceneggiatura scritta dopo Cidade de Deus. CI – Ma quali sono le tue aspettative per la prima del film? 32 notizie BM – Spero che il film abbia successo, ma non si può mai sapere. Non esiste una formula di successo. Io sono molto orgoglioso di aver lavorato in Tropa de Elite. Sono stato molto felice di aver lavorato insieme a José Padilha. Vogliamo fare altri film insieme. CI – Oggi l’internet svolge un ruolo cruciale nella questione della pirateria. Cosa pensi possa essere fatto perché sia risolta? BM – Mancano meccanismi e strumenti di riscossione. La pirateria causa danni economici che non attingono gli sceneggiatori. CI – Quindi per te questo è indifferente? BM – In generale, mi preoccuperò della pirateria soltanto quando gli sceneggiatori cominceranno a guadagnare per i diritti d’autore da chi proietta i film. Per legge, avremmo questo diritto. Quando questo verrà rispettato, allora comincerò a preoccuparmene. CI – Cosí come Tropa de Elite, anche Cidade de Deus è un film che affronta la violenza tra poliziotti e narcotrafficanti. Per coincidenza, anch’esso è piaciuto alle masse. Avresti una spiegazione per questo? BM – Cidade de Deus è stato proiettato fuori concorso al Festival di Cannes. Da un momento all’altro è diventato il film più commentato del festival. Le 12 interviste che Fernando aveva fissato si sono trasformate in più di 100. Lí ho capito che potevamo avere successo. Ma in quel momento non ho neanche immaginato che avremmo potuto avere un successo così grande. È stata una grande esperienza. Ho scritto quello che volevo e come volevo. E ha funzionato. È un privilegio. È stato cosí positivo che se non farò mai più un film bello come questo non mi importerà. È valso per tutta la vita. CI – Hai già pensato di fare un lavoro rivolto in modo specifico alla saga italiana in Brasile o una qualsiasi opera di questo genere? O per te il tema è già diventato un luogo comune? BM – Il tema è già stato affrontato prima, ma ciò non significa che sia esaurito. È sempre possibile trovare buone storie. Secondo me, dipende tutto dalla storia. Se un giorno troverò una buona storia di italiani in Brasile, forse potrò scriverne la sceneggiatura. CI – Qual è il tuo regista preferito? ComunitàItaliana / Outubro 2007 BM – Sono fan di Antonioni. Blow up e Professione: reporter sono i miei due film preferiti. È difficile spiegarlo senza ricadere in luoghi comuni. L’uomo era semplicemente geniale. Non conosco bene il cinema italiano contemporaneo. È una mia pecca. CI – C’è chi dice che il grande cinema italiano non esiste più e non è neanche visto nei festival mondiali. Cosa ne pensi? BM – Purtroppo non seguo molto la cinematografia di nessun paese al di fuori del Brasile. Non è per campanilismo, ma proprio per mancanza di tempo. CI – Ti sei sempre dedicato a programmi educativi. Quando hai cominciato a coinvolgerti con sceneggiature per il cinema? BM – In realtà ho lavorato dieci anni nel cinema prima di fare programmi educativi. Negli anni ‘80, ho lavorato a documentari, ho scritto mediometraggi e ho dato inizio a progetti per lungometraggi che non sono mai andati avanti. Il problema è che il mercato per gli sceneggiatori di cinema è ancora molto incipiente in Brasile. È stato lavorando a serie educative per la TV che ho conosciuto Fernando Meirelles. E lui mi ha invitato a scrivere Cidade de Deus. E, allo stesso tempo, il mercato per gli sceneggiatori ha cominciato ad esistere. È stata una felice coincidenza. CI – Da dove viene l’ispirazione per scrivere per il cinema? BM – Io vivo di questo, quindi un buon cachet ispira sempre. Dal punto di vista creativo, ciò da cui traggo ispirazione è la difficoltà. Storie difficili da raccontare mi affascinano. CI – È vero che mancano sceneggiatori in Brasile e che questo porta ad un accumulo di lavori? Qual è il motivo di questa scarsezza? BM – Il fatto è che le persone contrattano sceneggiatori che hanno molta paura di rischiare. Fernando Meirelles ha corso un tremendo rischio quando mi ha chiamato. Ma pochi sono come lui. Le persone vogliono la garanzia di che la sceneggiatura verrà bene e tendono a chiamare sempre le stesse persone. È questo che produce l’accumulo di lavoro nelle mani di pochi. Bisogna dare opportunità ai ragazzi che stanno cominciando. CI – E quale lavoro ti ha reso più orgoglioso? BM – Cidade de Deus. Ha rotto tutte le barriere ed ha generato un impatto nel cinema di tutto il mondo. CI – Sei discendente da italiani da parte del nonno paterno, non è vero? Il tuo cognome Mantovani è una variante del nome originale ereditato da lui? BM – Non ho conosciuto il mio nonno paterno. Si chiamava Gaetano Mantoan. Ma è vero, il cognome è stato alterato dall’immigrazione in Brasile. È morto prima che nascessi. CI – E sei già andato in Italia a vedere la famiglia? BM – Ci sono stato quattro volte! L’adoro! Specialmente Roma e Venezia dove, tra l’altro, mia nonna materna Olga Folgarolli ha vissuto fino ai sette anni, prima di venire in Brasile. È deceduta quando avevo sei anni, ma me la ricordo molto bene, eravamo molto vicini. Nessun altro nipote le si poteva avvicinare quando c’ero io vicino. Io sono il più grande. Chi si azzardava ad abbracciare mia nonna, ce le prendeva! E, naturalmente, la pasta è ancora una delle tradizioni mantenute dalla mia famiglia. CI – Recentemente, l’Italia ha perso uno dei suoi tenori più popolari, Luciano Pavarotti. Cosa apprezzi di più della musica italiana? BM – Non sono mai stato fan di Pavarotti. Ma adoro Morricone. Conosco poco l’opera. Mi piace Verdi, ma Wagner mi impressiona di più. CI – Il popolo italiano ha una sensibilità e una grande rappresentatività nel mondo delle arti. Pensi di aver ereditato un qualcosa in questo senso? BM – Non lo so, ma quando sono andato in Italia la prima volta mi sono sentito a casa. Di solito mi perdo sempre. Mi perdo a San Paolo, dove sono nato e ho passato quasi tutta la mia vita. Invece a Roma e Venezia non mi perdo. Anche senza cartina. Credo di aver ereditato dall’Italia il gusto per i sentieri labirintici. Forse questo spiega la mia sceneggiatura di Cidade de Deus. CI – Hai già ottenuto la cittadinanza? BM – Non ce l’ho. Potrei averla, ma ho sempre voluto essere brasiliano. Ora che ho un figlio, sto pensando di chiedere la cittadinanza. In attesa della cittadinanza C irca 20mila firme sono state raccolte dai Comitati degli Italiani Residenti all’Estero (Comites) di tutto il Brasile, da consiglieri del Consiglio Generale degli Italiani all’estero (CGIE) e dalle associazioni per richiedere al governo e al parlamento italiani risposte concrete ed urgenti al problema delle “file d’attesa” per il riconoscimento del diritto alla cittadinanza italiana. Oggi ci sono nel mondo 800mila persone in attesa, di cui 500mila solo qui in Brasile. Per averne un’idea, l’Argentina conta su 173 impiegati distribuiti in 8 consolati. Qui, sono 98 per lo stesso numero di consolati. Ma questo divario non giustificherebbe questa situazione, visto che nei primi otto mesi del 2007 sono state concesse, in Brasile, soltanto 8.123 cittadinanze, contro le 22.922 concesse in Argentina. Una differenza ben superiore alla semplice proporzione tra il numero di impiegati nei rispettivi consolati. La commissione si è impegnata a seguire tutte le strade possibili per sensibilizzare il Consolato Generale a San Paolo [dove è maggiore l’accumulo di procedure in ritardo], l’Ambasciata Italiana in Brasile e tutte le istanze politicocostituzionali, per ricevere soddisfacenti spiegazioni del motivo di una situazione non più giustificabile di fronte ad una delle maggiori collettività italiane nel mondo. Vale supera Petrobras per la prima volta in Borsa L a Vale do Rio Doce, finalmente, ha sorpassato la Petrobras. Alla chiusura della Bovespa dell’ultimo 28 settembre, l’industria metallifera valeva US$ 156,393 miliardi, mentre la statale US$ 155,619. Il risultato fa sì che la Vale sia la maggior industria dell’America Latina in valore di mercato – perlomeno fino ad ora. Fin dalla privatizzazione, dieci anni fa, il suo prezzo in borsa è moltiplicato 15 volte. Sito della polizia premiato C amminare in nome della pace e in difesa dei diritti umani per tutti. La Marcia della Pace, realizzata questo mese, ha riunito in Umbria circa 200mila persone. Quest’anno, l’evento ha reso omaggio a Anna Politovskaya, giornalista russa assassinata un anno fa e a Aung San Suu Kyi, leader dell’opposizione birmanese e premio Nobel per la Pace, in carcere da anni. Lungo il percorso di 24 chilometri tra la capitale dell’Umbria, Perugia, e Assisi, la città di San Francesco, i partecipanti venuti da tutto il mondo, di tutte le confessioni e di tutti i quadri politici hanno chiesto che l’evento non sia solo simbolico, ma che sia accompagnato da azioni concrete a favore dei diritti umani. La Marcia della Pace, quest’anno organizzata da 200 associazioni e da movimenti pacifisti di 55 paesi, è trascorsa in un ambiente festivo. L’evento è stato creato nel 1961 dal filosofo pacifista Aldo Capitani. italian style atualidade Cresce venda ilegal de CDs e DVDs piratas no Brasil e na Itália A Rosangela Comunale músicas (e filmes) pela internet. Não há desculpas. As pessoas devem entender que podem ser pegas, indepen-dente da rede de troca de arquivos que usam. Você pode ser um dos acusados, caso uti-lize os serviços P2P (sistema de compartilhamento) — afirma, categórico, o presidente da IFPI, John Kennedy. O presidente da Federazione dell’Industria Musicale Italiana (Fimi), Enzo Mazza, acre-dita que esse trabalho conjunto possa ajudar a resolver o problema. — Ninguém gosta de ações penais. Mas hoje, devido a uma oferta legítima, sempre mais aberta, é necessário atingir, com eficácia, aqueles que favorecem a difusão da pirataria, provocando graves danos às empresas que Grupo Keystone Itália e o Brasil resolveram unir forças no combate à comercialização ilegal de CDs e DVDs. Os dois fazem parte de uma lista de 17 países que desenvolveram ações de com-bate à pirataria em parceria com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) – órgão que representa as gravadoras de todo o mundo. No Brasil, o filme Tropa de Elite se tornou um caso emblemático, fenômeno de vendas nas bancas de camelôs três meses antes do lançamento, ocorrido em outubro, com as salas de cinema mais vazias do que se esperava. — Em todas essas nações há serviços legais para a venda de 34 ComunitàItaliana / Outubro 2007 investem milhões de euros em música digital (e em filmes e jogos) — declara o executivo. A Itália tem feito o dever de casa ao intensificar o combate à pirataria cibernética. As estatísticas nos primeiros seis meses de 2007 mostram que aumentaram as apreensões de CDs e DVDs falsos no país europeu. A polícia italiana, além de estourar centrais de masterização, conseguiu apreender cerca de 820 mil CDs e 400 mil DVDs. Segundo as autoridades, essas ações reduziram as vendas ilegais nas ruas e afetaram a pirataria liga-da aos sistemas de compartilhamento de arquivos. Mas de 50 pessoas já foram denunci-adas à justiça. Em outra operação, foram apreendidos mais de 250 mil arquivos compartilhados ou duplicados. As prefeituras também entraram na briga. Expediram sanções administrati-vas ligadas à pirataria no valor de 20 milhões de euros. Na região da Campânia, o pro-blema é mais grave. A região já é conhecida como a capital italiana da produção e da difusão de produtos musicais ilegais. A polícia apreendeu na localidade 540 mil CDs e DVDs. Em segundo lugar está, o Lazio, com 450 mil apreensões, e a Sicília, com 150 mil. De acordo com o diretor-geral da gravadora EMI Group, Eric Nicoli, a era digital che-gou para provocar uma completa mudança na cultura e no comportamento na indústria fonográfica. — Não é fácil e nós devemos, naturalmente, lutar contra a pirataria de todas as formas. Não há dúvidas de que temos um compromisso com a inovação. E o verdadeiro foco é o consumi- Crime da classe A Segundo pesquisa do Instituto Ipsos, 1,1 bilhão de arquivos foram baixados de forma ilegal somente em 2005. No mesmo estudo, realizado em dez regiões metropolitanas brasileiras, constatou-se que 67% dos casos de pirataria eram praticados pelas classes A e B, 59% dos envolvidos com idades entre 15 e 24 anos. A banda larga tendo a prefe-rência de 69% desses grupos. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), o que prejudica a evo-lução do mercado brasileiro de música é a combinação de dois fatores: a pirataria física, representando mais de 40% do mercado fonográfico no Brasil, e a oferta de música gra-tuita pela internet. — Se contabilizarmos a pirataria digital e a física, esse número chega a 115 milhões de CDs por ano, contra 55 milhões da indústria legal. O Brasil é responsável por 1% do comércio legal de música no mundo, mas sua fatia no comércio ilegal é de 5% — alerta o presidente da ABPD, Paulo Rosa. Ginástica passiva Cerca de 10 minutos em pé no Pro Trainer equivalem a uma hora de exercícios com pesos. Com tecnologia DknDunlop, o aparelho garante efeito no tônus muscular no treinamento, na reabilitação e na prevenção da osteoporose. 1990 euros Modernidade Luxo Com tecnologia Edgem, este Motorola A1200 é um celular que funciona com o sistema Linux. Com display touch-screen de 2,4 polegadas, uma câmera de 2 megapixel e um viva-voz integrado, esta novidade da Motorola também tem rádio FM e um leitor multimídia. 349 euros www.motorola.it A coleção inteira custa 150 mil euros. Trata-se de uma verdadeira obra de arte para cozinha: um tesouro em panelas, decoradas com 200 diamantes de várias medidas e alças em ouro maciço. Disponíveis em Harrods (Londres). Entre os primeiros clientes da Fissler está Giorgio Locatelli, chef da locanda londinese. iPod Fotos: Divulgação A invasão dos piratas dor. Mas não da forma ilegal. A distribuição digital se tornará a melhor coisa que já aconteceu na indústria da música — analisa. Mesmo com o Brasil no IFPI, as autoridades têm demorado a agir. No episódio do va-zamento da cópia de Tropa de Elite, a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Pro-priedade Imaterial (DRCPIM), no Rio, abriu um inquérito que, no final, apontou um dos técnicos da produção como suspeito de ter feito a cópia ilegal do longa-metragem. Nada que tenha estancado a febre de vendas da versão pirateada do filme nas barracas de am-bulantes por todo o país. — É evidente que a circulação de cópias piratas causa problema ao desempenho comer-cial do filme. Isso traz prejuízos não só ao produtor ou ao distribuidor, mas ao conjunto do cinema brasileiro e ao mercado audiovisual no país. Tropa de Elite foi um dos filmes brasileiros mais esperados do ano. Teve um investimento de recursos que o põe entre os mais caros já realizados no país, com orçamento de R$ 10 milhões — diz o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel. A Apple renova completamente toda a gama de leitores musicais iPod. A empresa acaba de lançar um outro, o Touch, que tem um display de nove centímetros sensível ao tato. Ele possibilita navegar na internet e fazer conexão ao site iTunes para baixar músicas. Com memória de oito gibabytes, permite armazenar 250 músicas. Custa 299 euros. Se quiser um Touch com mais espaço, há o de 16 gigabytes, por 399 euros Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro. Outubro 2007 / ComunitàItaliana 35 aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut Doença silenciosa Grupo Keystone “Descoberta a doença e mantido o tratamento, as pessoas podem ter uma vida normal” Annunziata Sonia Fusaro, endocrinologista 36 ComunitàItaliana / Outubro 2007 buídos em 1,70 metro. Depois de várias dietas sem resultados, e com hipertensão, foi ao cardiologista e ele descobriu as taxas de T4 e T3 descontroladas. — Foi aí que percebemos o motivo pelo qual nunca consegui emagrecer. Hoje controlo o hipotireoidismo com remédios e faço exames de seis em seis meses — relata Lenilda, que enfrentou, recentemente, uma cirurgia para a retirada de um cisto do tireoglosso (cisto fibroso localizado no pescoço): — Fiquei preocupada porque tomei anestesia geral, mas correu tudo bem. Um simples exame de sangue identifica o problema em quem apresenta os sintomas. Ainda não há um motivo comprovado que explique o fato de as mulheres serem as principais vítimas da tireóide. Há suspeita de que isso possa estar relacionado com os hormônios femininos, até porque o risco do mau funcionamento ocorre, quase sempre, depois dos 40. Para que a tireóide funcione de forma adequada, existe uma dosagem mínima diária de iodo que deve ser consumida, cerca de 200 microgramas. Desde 1982, a população brasileira recebe suplementação de iodo por meio do sal iodado. As necessidades de iodo para o ser humano são variáveis, dependendo da idade, sexo, estado gestacional ou período de lactação, calor e umidade regionais, além de hábitos individuais de adição de sal ao alimento. Segundo o Instituto da Tireóide, em São Paulo, cerca de 15% das pessoas acima de 45 sofrem de problemas na glândula no país, ou seja, cerca de 10 milhões de pessoas. De acordo com estudo do Policlínico Universitário Agostino Gemelli di Roma, os problemas na tireóide aparecem na mesma proporção na população italiana. Grupo Keystone ma costuma aparecer, com mais freqüência, nas mulheres. Caso de Maria Cristina Abreu, de 29 anos, que sentia o coração disparar. — Meu coração disparava tão rápido que a sensação que eu tinha era a de que ia morrer — conta a assistente social, cujo problema foi controlado com tratamento à base de iodo radioativo. Os problemas na glândula podem ter inúmeras causas. Fatores genéticos e hereditários podem influenciar no funcionamento da tireóide, responsável pela produção dos hormônios T4 e T3. Estes estimulam o metabolismo. Segundo a endocrinologista Annunziata Sonia Fusaro, os sintomas variam de acordo com a doença. No hipotireoidismo podem ocorrer, por exemplo, sonolência, inchaço, ganho de peso e até alterações menstruais. — Depois de descoberta a doença e mantido o tratamento, as pessoas podem ter uma vida normal — garante a médica. A secretária Lenilda Lima, de 52, sempre foi uma “mulher grandona” como ela mesma se define. Depois de duas gestações, seu peso oscilava em torno de 80, 90 quilos, distri- Sexo seguro? A penas 50 % das mulheres italianas usam métodos contraceptivos seguros na hora do sexo. Esses são os dados de uma recente pesquisa feita pela Sociedade Italiana de Ginecologia e Obstetrícia (Sigo). O fator que chamou a atenção, segundo o relatório, diz respeito a primeira relação sexual, geralmente ocorrida entre os 17 anos. Uma em cada três adolescentes simplesmente ignora os preservativos. O resultado do trabalho foi apresentado na Primeira Jornada Mundial da Contracepção, no último dia 26. A pesquisa foi feita com 1,1mil mulheres. Reprodução gonistas PPAR gamma – remédios utilizados no tratamento de diabetes – inibem o crescimento celular. Os PPAR-gamma bloqueiam a produção excessiva de hormônios desencadeada por um anticorpo presente no sangue dos pacientes de hipertireoidismo. O hipertireoidismo é a produção excessiva de hormônios, já o hipotireoidismo consiste na baixa produção ou em nenhuma. Toda pessoa possui tireóide, mas o proble- Está na corpo! A Basta um curativo A Comissão Européia homologou o uso de um curativo para o tratamento do Mal de Alzheimer, que afeta 18 milhões de pessoas em todo o mundo. A notícia foi dada pelo grupo farmacêutico suíço Novartis. O novo medicamento reduz os efeitos secundários e permite que os princípios ativos sejam transferidos através da pele e do sangue, de modo contínuo, durante 24 horas. vida está estressante? Então é hora de observar a pele. Sim, a pela, pois é por ela, primeiramente, que as tensões são descarregadas. Segundo a médica Rita Viscovo, do Centro Médico Monterosa de Milão, os tecidos do corpo, assim como aparelho gastrointestinal, são os que mais sofrem com os males do mundo moderno. De acordo com a especialista, o estresse, em sua fase crônica, aumenta a liberação do hormônio cortisol endógeno, fazendo com que a doença cause desequilíbrio no organismo. Cuca legal P Grupo Keystone onolência, depressão, aumento ou perda de peso, tremores. Tantos sintomas diferentes podem resultar de um mesmo problema: o mau funcionamento de uma glândula chamada tireóide. Essa disfunção pode ser denominada como hipertireoidismo (doença de Graves) ou hipotireoidismo. Pesquisadores da Universidade de Firenze descobriram novos medicamentos para o tratamento da doença. Os cientistas demonstraram que os anta- ma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem mostrando que o caju pode ser um bom amigo daqueles que sofrem de pressão alta. O trabalho está sendo feito a partir da extração de uma resina (exsudato) extraída do caule do cajueiro. Passando por um processo de purificação, o material acaba se transformando em goma e, a partir daí, pode ser utilizado para produção de alimentos voltados para o tratamento da hipertensão. Grupo Keystone S Nayra Garofle U Ronaldo Salame Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento para o hipertireoidismo. Problemas na tiróide atingem 15% das populações brasileira e italiana Caju para hipertensos A dieta do sangue Q uem pensa que já ouviu tudo sobre dieta alimentar pode estar enganado. Dessa vez, a novidade vem do naturopata americano Peter D’Adamo, que defende a tese de que sangue e comida determinam a possibilidade do desenvolvimento de doenças como o câncer, esclerose, esquizofrenia e enfarto. A base nutricional do regime é classificar os alimentos de acordo com cada tipo sangüíneo. Quem tem sangue tipo A, segundo ele, não toleraria bem as carnes vermelhas, sendo mais indicado um cardápio vegetariano. Já os do tipo O não poderia abrir mão das proteínas animais. O ideal, no entanto, é consultar um especialista antes de descobrir o tipo sangüíneo. Bom sinal C resce o número de pesquisas sobre medicamentos na Itália. No ano passado, foram cerca de 700 estudos referentes ao setor, representando um aumento de 20% em relação a 2005. Os dados foram revelados no VI Relatório Nacional da Agência Italiana Farmacológica (Aifa). Entre os assuntos mais pesquisados estão as drogas antineoplásicas e as imunomodulatórias, seguidas pelos medicamentos para o sistema nervoso e pelos antimicrobianos de uso sistêmicos. Outubro 2007 ara os amantes da cozinha oriental, uma boa notícia: o curry, aquele condimento amarelado que da uma cor toda especial ao arroz, faz bem ao cérebro. A pesquisa foi divulgada no American Journal of Epdemiology. Segundo o estudo, a cúrcuma, um dos componentes do tempero, tem propriedade antioxidante e antiinflamatória. Os pesquisadores analisaram a relação entre os asiáticos – que têm o hábito de ingerir a especiaria – e suas funções cognitivas. Resultado: os que consomem o curry com mais freqüência receberam mais pontos quanto à capacidade intelectual. / ComunitàItaliana 37 problema no Novo e no Velho mundo Ano letivo italiano começa com carência de docentes, aumento de matrículas e livros mais caros. O Brasil, por sua vez, é o último colocado, entre 36 países, quando o assunto é investimento no setor N Rosangela Comunale ão é de hoje que as sucessivas crises no sistema educacional brasileiro põem à prova, a todo o instante, a capacidade administrativa dos profissionais do setor. Estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deste ano, confrontou dados de 36 países e mostrou que o Brasil investe pouco e mal em educação. O Rio, por exemplo, viveu um dos seus piores momentos no primeiro semestre de 2007, com redução no quadro dos profissionais que deixou cerca de 20 mil alunos sem aulas por mais de seis meses. A carência de professores, associada ao preço alto dos livros, pro- 38 voca crise semelhante na educação italiana, cujo ano letivo começou em setembro. — Foram interrompidos projetos de qualidade de ensino que já estavam implantados há anos. Isso sem contar com os cortes de docentes dedicados à educação para adultos — denuncia o secretário da Federazione dei Lavoratori della Conoscenza e da Confederazione Generale Italiana del Lavoro (FLC- CGIL), Enrico Panini. A iniciativa de diminuir o número de professores nas escolas partiu do próprio governo italiano. O Ministério da Economia entrou em rota de colisão com o da Educação quando tentou dispen- ComunitàItaliana / Outubro 2007 sar 19 mil profissionais no início do ano. Depois de uma queda-debraço, foram dispensados 11,5 mil professores. Na região da Lombardia, foram extintas 350 vagas de docentes, ao passo que houve, no mesmo período, um aumento de 16 mil estudantes. A situação é ainda pior na Sicília, no sul do país, com 1,12 mil professores a menos. O Lácio também teve uma baixa de 600 educadores, enquanto a cidade recebeu dois mil novos alunos. A professora italiana Vicenza Di Leo, que trabalha em uma escola no município de Sala Consilina, na região da Campânia, no sul da Itália, admite o problema, Drama à brasileira O problema da evasão na escola pública também é comum no Brasil. Aqui, a situação se agrava não só pela falta de professores, mas também por conta das salas superlotadas, baixos salários, dificuldades de acesso e violência em torno das unidades de ensino. Há a própria carência financeira de grande parte da população, que sequer tem dinheiro para pegar um ônibus da casa para a escola. E evasão escolar se eleva a níveis graves, ligada ao alto índice de repetência. — É o efeito dominó. O excesso de alunos, por exemplo, prejudica o método de ensino do professor. O aluno, por sua vez, não consegue se concentrar. Esse é um dos motivos que leva alunos e professores a desistirem — ressalta a pedagoga Sandra Bianchi. Para a especialista, a falta de recursos didáticos causa a desmotivação dos alunos. — Sem material, a aula torna-se chata. As escolas particulares brasileiras, por exemplo, têm recursos. Mas por conta da pressão do vestibular, o professor é obrigado a dar as aulas para cumprir o conteúdo. O mundo e a tecnologia avançaram, mas o sistema educacional, não — reflete Sandra. Uma das dirigentes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino do Rio de Janeiro (Sepe- RJ), a professora Dayse Oliveira, recorre ao sociólogo Otávio Ianni para explicar o fenômeno educacional que afeta os dois países: — Ianni dizia que isso é a “terceiromundialização” do primeiro mundo. É fruto da globalização e do projeto neoliberal. Há corte de verbas na Itália e no Brasil. Os educadores na França também entram em greve. Para minimizar o problema, só mesmo a integração dos trabalhadores. Estudo desanimador No estudo da OCDE, o Brasil aparece em último lugar no quesito gasto médio por estudante. O país desembolsa apenas 1.303 dólares (2.749 reais), o que corresponde a um décimo do valor aplicado, por exemplo, pelos Estados Unidos. O Chile, outro país da América do Sul a entrar na lista, investe 2.864 dólares (6.043 reais). O Brasil sai da lanterna, no entanto, quando os indicadores se referem ao nível superior. Segundo a pesquisa, são 9.019 dólares (19 mil reais) gastos por aluno ao ano. Assim, aproximase de nações como Espanha e Irlanda, ficando à frente da Coréia do Sul, na Ásia. O problema da falta de investimentos atinge o rendimento dos alunos. Prova disso, foi o levantamento feito entre os 190 mil “Foram interrompidos projetos de qualidade que já estavam sendo implementados há anos em algumas províncias. Isso sem contar com o corte nas vagas docentes voltados para a educação para adultos” Enrico Panini, secretáriogeral do FLC-CGIL Reprodução mas diz que a situação não chega a ser tão grave. — Eu diria que é critica, mas não grave. Sempre tivemos problemas com a falta de professores, principalmente com os temporários — diz Vicenza. Na tentativa de evitar uma evasão escolar – reduzida em 1,3 % entre 2005 e 2006 – o governo decidiu obrigar os jovens ao estudo até os 16 anos. — Trata-se de uma norma sensata. Há institutos que perdem 25% dos alunos. Eles não têm como se manter — justifica o ministro da Educação, Giuseppe Fioroni. Nem mesmo os livros escapam da crise educacional. Segundo dados da Federação dos Consumidores (Federconsumatori), houve um aumento de 5% no valor do material didático em relação ao ano passado. A despesa média por estudante chega a 320 euros. Divulgação Viviane Stonoga turismo educação O ministro da Educação, Fernando Haddad, fala sobre a crise do ensino médio e diz que solução virá em 15 anos. Estudantes italianos fazem outras atividades para suprir a falta de professores no início do ano letivo alunos de quase seis mil escolas – públicas e privadas de todo o país – que participam do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Sa-eb). Levantamento feito entre 1995 e 2005, mostra que as notas pioraram. Basta conferir os dados referentes a disciplinas consideradas primordiais, como Língua Portuguesa e Matemática. Na primeira, em 1995, a pontuação média foi de 188,3, caindo a 165,1 em 2001. Dois anos depois, houve uma pequena recuperação, chegando a 169,4 e, em 2005, os alunos receberam 172,3 pontos. Em Matemática, a média subiu de 177,1 para 182,4 entre 2003 e 2005. Mas o resultado ainda se mostra pior do que o de dez anos antes, quando a média alcançou 190,6. Ao analisar os dados do Saeb, o ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad, revelou que o ensino médio vive “uma crise aguda”, mas ele revela otimismo ao dizer que há chances de melhora na qualidade do ensino em dez ou 15 anos. Segundo ele, em 2004, o governo acreditou que, caso fossem ampliadas as oportunidades de acesso à educação superior – através de programas como Universidade Para Todos (ProUni) e a expansão de universidades federais – a qualidade do ensino médio cresceria. — Imaginávamos que essas providências pudessem ajudar o ensino médio a dar uma nova perspectiva para a juventude, mas os indicadores, pelo menos até 2005, demonstraram que as iniciativas não tiveram o impacto esperado — admite. Para o ministro, a solução é a expansão das escolas técnicas federais. O governo prevê aumentar o número de unidades até 2010, passando das atuais 140 para 354. Haddad defende que, no longo prazo, seja estabelecida uma meta de criação de mil unidades federais profissionalizantes. Segundo ele, a manutenção desses estabelecimentos demandaria recursos anu — Não podemos dar uma formação geral de primeiro mundo para alguns jovens e, para outros, uma formação técnica para um sistema produtivo obsoleto. Temos que combinar virtuosamente essas duas dimensões — conclui. ca de soluções. Durante a missão fluminense na Itália, houve a assinatura, em Milão, de projeto de intercâmbio entre a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a Escola Politécnica de Milão. Parece pouco, mas não deixa de representar um esforço. — A intenção é possibilitar uma estadia de seis meses, em cada país, de nossos estudantes. Temos cursos importantes, como os de desenho industrial e de engenharia que podem interessar a eles. Por outro lado, sabemos da tradição deles em física e química — explica o secretário estadual de Educação, Nelson Maculan. Intercâmbio Com tantos problemas em comum na área de educação, Brasil e Itália decidiram se unir na bus- Outubro 2007 / ComunitàItaliana 39 Fotos: Bruno de Lima literatura Biennale da A record, ma pochi lettori In un anno di Bienal Internacional do Livro a Rio, il mercato editoriale si riscalda. Malgrado le statistiche dell’Unesco abbiano informato che il brasiliano legge in media solo 1,8 libro all’anno, secondo sondaggi della Câmara Brasileira do Livro, appena nel 2006 sono stati pubblicati 46.026 titoli, il che ha originato una produzione di 320.636.824 copie e un fatturato di oltre 2,8 miliardi di reali. Invece, in Italia, dati del 2005 provano che il segmento editoriale ha prodotto 3,621 miliardi di euro, facendola divenire il quarto miglior mercato d’Europa Sílvia Souza 40 ComunitàItaliana / Outubro 2007 nche se con il maggior pubblico della storia dell’evento, e cioè 640mila visitatori, la XIII Bienal do Livro di quest’anno, avutasi a settembre al Riocentro, è servita anche per dimostrare che il mercato editoriale brasiliano e italiano presentano ancora un buon margine di crescita. Dati del sondaggio Retrato da Leitura no Brasil, realizzato dalla Câmara Brasileira do Livro (CBL), dimostrano che il 61% dei brasiliani adulti alfabetizzati hanno pochissimo o nessun contatto con libri. L’Associazione Italiana di Editori indica inoltre che il 40% delle famiglie del paese europeo non ha l’abitudine di leggere. In Brasile, ad esempio, il libro è ancora visto come un prodotto caro e rivolto specialmente alle élite. Infatti, secondo la CBL, non è una coincidenza il fatto che l’89% dei comuni del paese non abbiano librerie e che circa 17 milioni di persone ammettano di non apprezzare la lettura. Ma malgrado questo il paese occupa l’ottavo posto nel mercato editoriale del mondo in termini di produzione e vendita. Eventi come la Bienal di Rio hanno giustamente come obiettivo quello di popolarizzare sempre di più l’abitudine alla lettura. Gli editori dicono che questo è il momento di accattivarsi i lettori, di dar fondo a testi che incitino a lo svago e a successi internazionali. Le proiezioni per il fatturato dell’evento rivelano, però, che questo si è mantenuto stabile: il valore si è praticamente mantenuto dal 2005 al 2006, malgrado la permanenza del pubblico nell’evento sia passata dalle tre alle quattro ore. L’anno scorso, sono stati venduti 2,3 milioni di libri, con un fatturato di 41,5 milioni di reali. Il bilancio di quest’anno non è stato ancora reso pubblico, ma la stima è che il valore non passi di 42 milioni di reali, frutto della vendita dei libri. — Il libro dialoga con il cinema, la televisione e il teatro. È un prodotto, un oggetto di consumo. Saper orchestrare la rete di informazioni di cui ha bisogno è vitale. Abbiamo oltre 200 case editrici in un paese dove ogni persona legge 1,8 libro all’anno. Occupare una posizione privilegiata nelle centinaia di librerie diventa una battaglia — valuta Isa Pessoa, direttrice editoriale dell’Objetiva. Il grande richiamo per il pubblico sono le conferenze, le sessioni di autografi e i lanci. Quest’anno, la biennale ha contato sulla partecipazione di 362 autori nazionali e internazionali. L’obiettivo di questa edizione della biennale è stato quello di dimostrare che, attraverso la lettura, si può creare un ambiente culturale molto più interessante di quelli in cui i libri sono sugli scaffali, come se fossero oggetti d’arredamento. — Abbiamo un programma culturale. La Bienal è un evento familiare per tutte le età. È una festa letteraria in cui le persone sempre più prendono coscienza dell’importanza della lettura — descrive il presidente del Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Paulo Rocco. Com’era successo nell’anno dedicato specialmente all’Italia, nel 2003, la Bienal ha reso omaggio quest’anno alle tre Americhe, sfruttando i festeggiamenti dei Jogos Pan-americanos. Con le attrattive, duemila scuole hanno organizzato gite alla Fiera, il che ha fruttato la visita di 173mila studenti. Di questo totale, oltre il 40% delle persone passateci avevano tra i 15 e i 24 anni. Richiamo Italiano L’Italia è stata rappresentata alla Bienal anche quest’anno dall’Istituto Italiano di Cultura, che ha allestito uno stand insieme alla Livraria Leonardo da Vinci. Case editrici come Record, Companhia das Letras e Rocco pubblicano anche scrittori italiani. Anzi, in quest’ultima spiccavano Valerio Massimo Manfredi, Antonio Tabucchi e lo psichiatra Willy Pasini, autore dei libri Ciúme e A auto-estima, pubblicati recentemente dalla casa editrice. E uno dei nomi più popolari della “women’s fiction” italiana, Sveva Casati Modignani, autrice di Desesperadamente Giulia, appena lanciato qui, è la punta di lancia della Record per attrarre nuovi lettori in Brasile. La scrittrice ha già pubblicato 14 romanzi, che hanno venduto circa dieci milioni di volumi. — Dovuto alla sua cultura e produzione unici, l’Italia è già stato un paese festeggiato alla Bienal do Livro. Jorge Amado, Clarice Lispector e Paulo Coelho sono sicuramente gli autori brasiliani preferiti dagli italiani. Lo scambio letterario tra i paesi è intenso e ci impegniamo molto per allargare questa conoscenza mutua — afferma Rocco. Per avere dati più aggiornati del mercato brasiliano, la CBL dovrà realizzare un nuovo sondaggio entro la fine di quest’anno. Secondo il presidente dell’entità, Roseli Boschini, il profilo del lettore sta cambiando. — Continuiamo a lavorare su un universo di 26mila lettori e sulla media nazionale di 1,8 libri letti per abitante ogni anno, dati del sondaggio del 2000. Ma a Rio Grande do Sul, l’indice di lettura è di 5,5 libri all’anno. Oggi, il libro sembra sia più al centro delle attenzioni che dieci anni fa. Nuove fiere e festival di letteratura vengono realizzate in tutto il paese, il che stimola la convivenza con i libri, anche senza una buona rete di biblioteche e con poche librerie — analizza. Nelle edicole Mentre in Brasile il tentativo di far divenire i libri prodotti più Provando che riunisce generazioni, genitori e figli si divertono con i prodotti della biennale. Il presidente dello Snel, Paulo Rocco (a destra) crede a buoni numeri di vendita vendibili ha cominciato a prendere corpo negli anni ’90, l’Italia presenta una rete più solida da più tempo. Una delle maniere di commercializzare più conosciuta nello Stivale è la vendita accoppiata a giornali e riviste. Si arriva a 40mila copie. Ma nemmeno questo dà al paese la garanzia di abituare le persone alla lettura. Tra le grandi nazioni europee, è quella che presenta il peggior indice di lettura, molto simile a quello brasiliano. Secondo l’Associazione Italiana di Editori, il 55,9% della popolazione con più di sette anni d’età dichiara di aver letto perlomeno un libro durante l’anno, escludendo i libri scolastici. Secondo il vice direttore dell’Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE), Gianni Loreti, circa il 40% delle famiglie non legge. Dice anche che questi numeri sono gli stessi da 10 anni. — Solo il 20,5% delle donne e il 18,2% degli uomini hanno l’abitudine di leggere. Tra i giovani, dai 6 ai 24 anni, il 70% legge più della media della popolazione (60,5%). Ma questi giovani lettori leggono da uno a tre libri all’anno al massimo. E una quota del 26,8% non legge in assoluto — sottolinea Loreti. Ma anche così il mercato editoriale italiano è il quarto maggiore in Europa e, nel 2005, con 3,621 miliardi di euro di fattura- Outubro 2007 / to su prezzi di copertina, ha ottenuto il sesto posto nel ranking mondiale. — Sono tremila case editrici che fanno parte del mercato in modo sicuro e continuo. La spesa degli italiani con i libri è quasi il doppio di ciò che spendono comprando riviste e periodici nelle edicole. Sono 3,621 miliardi di euro contro 885 miliardi, il 79% in più, ad esempio, delle spese per l’acquisto di giornali — enfatizza. Loreti sottolinea inoltre che la produzione italiana è caratterizzata da un elevato numero di traduzioni. Ogni quattro titoli pubblicati, uno è il risultato di una traduzione straniera: — Se da una parte l’importazione dei diritti d’autore è aumentata del 7,4% tra il 2001 e il 2007, da un’altra oggi la capacità di vendere su mercati internazionali titoli e autori italiani è aumentata del 32,2%. ComunitàItaliana 41 musica La nuova culla del jazz — Una volta mi ha cercato una ragazza che voleva organizzare un festival di jazz italiano in Brasile. Ma l’idea non è andata avanti. Credo per mancanza di sponsor. Ma era già stato significativo. In altri tempi questo sarebbe stato impossibile. Le cose sono cambiate Il ricercatore comunque dice che la tendenza italiana per il jazz non è recente. Secondo lui, i musicisti italiani dimostrano talento in questo stile fin dagli anni ’30. — Com’è il caso del chitarrista jazz Stéphane Grappelli, figlio di italiani. Ci sono anche il batterista di Duke Ellington, Louie Bellson. Pochi conoscono il suo vero nome: Luigi. E al figlio di Mussolini piaceva molto suonare jazz. Molta gente di famiglia italiana appartenevano al mondo del jazz già a quell’epoca — racconta, ricordando che il Tim Festival di quest’anno avrà una notte dedicata specialmente al jazz europeo. Dopo il successo alla presentazione del pianista Stefano Bollani nella passata edizione, il TIM Festival di quest’anno consacra l’Italia nel mondo jazzistico con concerti della cantante Roberta Gambarini e del sassofonista Stefano di Battista S e il tema è il jazz, il punto di riferimento nel mondo è… l’Italia. Proprio cosí. Uno dei più sofisticati generi musicali del mondo si prende le distanze dalla sua culla di origine, il sud degli Stati Uniti, per garantire splendore agli astri italiani. Al TIM Festival di quest’anno – dal 26 al 31 di questo mese a Rio de Janeiro, San Paolo, Curitiba e Espírito Santo –, tra i più attesi dal pubblico ci sono la cantante Roberta Gambarini e il sassofonista Stefano Di Battista. L’anno scorso, il programma del festival aveva già portato in Brasile il pianista Stefano Bollani, vincitore quest’anno dell’European Jazz Prize. Il produttore, ricercatore, giornalista e musicologo Zuza Homem de Melo, curatore di jazz del festival, spiega il fenomeno jazzistico italiano. — Da cinque anni a questa parte non abbiamo più soltanto un unico nome italiano dello stile. Ci sono molti musicisti che frequentano i festival europei di jazz. Grazie a questo, le case discografiche si sono impegnate alla loro distribuzione degli USA. Ciò ha favorito la divulgazione — spiega Zuza, frequentatore di festival europei e americani. Secondo il produttore, nel 2005 gli italiani si sono distinti, per esempio, nelle presentazioni a Montreal, in Canada. — Questo (il successo del jazz italiano) viene percepito da chi frequenta i festival in Europa e negli Stati Uniti — dice lo specialista che, l’anno scorso, ci ha tenuto ad accompagnare l’Umbria Jazz Festival, a Perugia. Zuza ha anche notato che il Brasile rivolge sempre più le sue attenzioni al jazz italiano. E cita un esempio: 42 ComunitàItaliana / Outubro 2007 Fotos: Divulgação Rosangela Comunale Concetti e affinità Perlomeno una cosa è diversa nell’edizione 2007 del TIM Festival: il programma sarà tematico, unendo gli artisti a seconda dei concetti o affinità musicali. L’evento riunirà 26 artisti internazionali e 13 nazionali, selezionati da un gruppo di cinque curatori: Zuza Homem de Mello, Zé Nogueira, Hermano Vianna, Ronaldo Lemos e Pedro Albuquerque. La lista include, ad esempio, la veterana Björk; le nuove bande rock The Killers e Arctic Monkeys; il pianista prodigio russo Eldar, di soli 20 anni; l’avanguardista jazz Cecil Taylor, 78; la banda di rock dell’attrice Juliette Lewis; le muse Cat Power e Feist; le rivelazioni brasiliane Ribelle e Profeto Axial; i DJ Alexandre Herchcovitch e Johnny Luxo; il DJ Marlboro; la banda della cantante svedese Neneh Cherry. A San Paolo, ci saranno cinque giorni di concerti, dal 25 al 29 ottobre, nella discoteca The Week (26), nell’Auditório Ibirapuera e nell’arena Skol Anhembi. L’edizione carioca avrà luogo di nuovo alla Marina da Glória, zona sud di Rio, con presentazioni il 26 e il 27. A Vitória, dal 27 al 29, il programma andrà dal jazz a nomi del pop. Per concludere l’evento, le principali attrattive del festival si riuniranno a Curitiba il 31, nella Pedreira Paulo Leminski. Altre informazioni sul festival nel sito www.timfestival.com.br. Voce cristallina Il talento italiano della cantante Roberta Gambarini è stato incentivato subito dopo essere stata conosciuta negli Stati Uniti, culla storica del jazz. In appena due settimane in terre americane, per studiare al New England Conservatory, di Boston, è arrivata al terzo posto al Thelonious Monk International Jazz Vocal Competition, em 1998. Alcuni critici la paragonano da allora alla diva Ella Fitzgerald, dovuto al timbro della sua voce e alla sua intonazione. Roberta ha già accompagnato musicisti del livello di Roy Hargrove, Michael Brecker, Ron Carter, Herbie Hancock e Toots Thielemans, tra gli altri. Oltre alla sua tecnica, ammirata da molti, il discreto accento quando canta in inglese diventa uno charme in più. Secondo Victor L. Schermer, del sito internet specializzato All About Jazz, Gambarini forse “è la prima cantante a riuscire a imprimere in modo totale nello scatting influenze del bebop e del post-bop, facendo con la voce ciò che Charlie Parker faceva col sax alto. In questo senso, lei è unica anche tra le maggiori cantanti di jazz, contemporanee o del passato”. Virtuoso al sax Il sassofonista Stefano Di Battista, 29, era già conosciuto gra- Il sassofonista Stefano Di Battista (foto pagina anteriore) si presenterà con il suo Quartet (sopra) a Rio e San Paolo. La cantante Roberta Gambarini, che farà due presentazioni, viene paragonata a Ella Fitzgerald. Zuza Homem de Mello (sotto) dice che la crescita del jazz italiano non è una novità zie ad un periodo passato nel sestetto di Michel Petrucciani, un contratto con la casa discografica americana Blue Note e dischi incisi accanto a musicisti come il batterista di John Coltrane, Elvin Jones. Il virtuosismo dell’italiano si rivela tanto al sax alto quanto al soprano. E il suo lavoro apre spazio a stili molto diversi come il bebop, il jazz rock e la bossa nova. Questa versatilità gli ha permesso di suonare con grandi strumentisti come Claude Nougaro e Michael Brecker, tra gli altri. Outubro 2007 / La sua storia nella musica è cominciata a 16 anni, ma ha ricevuto il primo premio al Conservatorio di Roma a 21 anni. Nel 1994 era già a Parigi – uno dei points europei del jazz – dove ha lavorato con il batterista e compositore Aldo Romano. Più tardi, nella National Jazz Orchestra, è diventato uno dei principali solisti. Nel 1997, ha creato un suo proprio gruppo, un quintetto, e ha lanciato il suo primo album, Volare, punto di partenza di innumerevoli tournée. Di Batista e Gambarini si presentano a San Paolo il 26 e a Rio il 27 di questo mese. ComunitàItaliana 43 Roma notizie Anelise Sanchez (interina) Lusso, economia e potenza L Surpresa inesperada P Divulgação Fotos: Reprodução ara os turistas de passagem pela capital italiana, é impensável não dedicar grande parte do próprio roteiro aos lugares mais conhecidos da cidade. Contudo, nem sempre os locais mais fascinantes são aqueles citados nos principais guias turísticos. Para quem tiver tempo, vale a pena ir a um lugar muito especial localizado no bairro de Aventino. Peça a um motorista de táxi para levá-lo até o portão da antiga Ordem de Malta, próximo à igreja de Sant’Alessio. Chegando lá, aproxime-se do olho mágico de tal portão e aprecie a vista deslumbrante da cúpula do Vaticano a sua frente. Satisfação garantida. a nuova linea di furgoni Iveco Daily arriva questo mese ai mercati piena di novità. Oltre ad un portabagagli più capiente, il suo motore moderno e più potente rende possibile un consumo inferiore di carburante. Il design esterno è firmato dall’italiano Giorgetto Giugiaro. I nuovi veicoli Iveco sono costruiti su di un telaio leggero e resistente. La maggioranza dei vantaggi tecnologici della gamma Iveco Daily viene dal nuovo motore a diesel high speed Iveco F1C. A novembre, un’altra sopresa: la nuova gamma Iveco Stralis. Consacrata per la robustezza, il minore consumo di carburante del segmento di macchine pesanti e un’eccellente produttività, la nuova famiglia Stralis dell’Iveco usa ora una cabina dalle linee esterne eleganti e aerodinamiche, oltre ad un interno pratico, lussuoso e comodo per l’autista. “Il nuovo Stralis consoliderà la linea di macchine pesanti dell’Iveco come il miglior prodotto di questa categoria in Brasile, affiancando alla sua tradizionale economia di carburante la sofisticazione e la comodità della sua nuova cabina” dice l’ingegnere Renato Mastrobuono. Multa per chi sporca la città Sabor antigo A Fantástica Fábrica de Chocolate existe e tem endereço: Roma. Para os amantes da guloseima, a reinauguração da Società Azionaria Industria Dolciaria (Said) não se limitou às imagens do filme que ganhou nova adaptação, em 2005, nas mãos do cineasta Tim Burton. Fundada em 1923, a Said, que havia sido destruída com o bombardeio ocorrido em 1943, voltou a funcionar a pleno vapor. Além de ter sido transformada em museu do chocolate, já está produzindo barras de puro cacau. Os visitantes podem apreciar de perto as técnicas utilizadas pelo laboratório, consultar os livros de uma biblioteca temática e degustar algumas das mil tentações da fábrica. A pizza com chocolate amargo e os bombons de ricota são algumas das especialidades mais apreciadas e vendidas. Informações: SAID Via Tiburtina 135 (00185) 39 064469204 (tel), e-mail: [email protected] 44 ComunitàItaliana / Lar de Mussolini aberto ao público C om um investimento estimado em 5,5 milhões de euros e um exaustivo trabalho de restauração de vinte meses, a prefeitura de Roma reinagurou um importante espaço público histórico da capital italiana: a charmosa Villa Torlonia, localizada no interior de um parque na Via Nomentana. O local foi residência oficial de Benito Mussolini, entre 1925 e 1943. Conta-se que o ditador alugou o espaço por um custo simbólico de uma lira ao mês. Atualmente, além de sua beleza natural, o parque de Villa Torlonia abriga dois museus principais: a Casina delle Civette e o Casino Nobile. A mais imponente é a Casina delle Civette (Casinha das Corujas), uma construção idealizada em 1839 por Giuseppe Jappelli, também tendo servido de residência para o príncipe Giovanni Torlonia. O nome atribuído ao museu deriva de sua decoração interna, caracterizada por oníricos vitrais de corujas. Já o Casino Nobile possui uma estrutura famosa por ter sido decorada por artitas das escolas de Thorvaldsen e Canova. Outubro 2007 Outra área que marca historicamente a vila é o refúgio anti-aéreo subterrâneo, construído durante a permanência de Mussolini no local. As surpresas, no entanto, não param por aí. Em 1919, a vila foi alvo de uma surpreendente descoberta: um cemitério hebraico. Por esse motivo, o atual prefeito de Roma, Walter Veltroni, anunciou para outubro de 2008 a construção do museu da Shoah. Com a morte do príncipe Torlonia, a vila enfrentou um período difícil. Em 1944, foi ocupada por um comando militar angloamericano, tendo sido comprada pela prefeitura da capital em 1978. Hoje, ela oferece aos turistas do mundo todo a chance de conhecer sua beleza. Informações: Musei di Villa Torlonia Via Nomentana, 70 Horário: de 1° de outubro ao último sábado deste mês: 9h – 17h Do último domingo de outubro a fevereiro de 2008: 9h – 16h30 L a AMA, gruppo italiano che si occupa della raccolta dei rifiuti a Roma, ha dato inizio ad una campagna di pulizia della città con la distribuzione di volantini sulle nuove regole. Chi non rispetterà le norme verrà multato. La punizione spazia dai 50 ai 300 euro e sarà applicata a coloro che non faranno la raccolta differenziata, non raccoglieranno le feci dei loro cani, butteranno cicche di sigarette per terra o parcheggeranno di fronte ai cassonetti. Trenta impiegati preparati dall’azienda faranno i controlli per le vie della città. Si vorrebbe arrivare ad un numero pari a 250 entro la fine dell’anno. Inoltre, sarà impiantato un servizio di raccolta di feci animali lasciate nelle vie e sui marciapiedi. Omaggio d’oro L a giornalista, imprenditrice di marketing, professoressa universitaria e scrittrice Silvana Selmi Dei Gontijo ha ricevuto, a settembre, la medaglia d’oro concessa annualmente dalla Camera di Commercio, Industria e Artigianato di Lucca, dal governo della Provincia e dall’Associazione Lucchesi nel Mondo. L’omaggio viene assegnato a 15 personalità che, anche se fuori dall’Italia, valorizzano la Toscana. Silvana ha ricevuto la medaglia dalle mani del presidente della Provincia, Stefano Bacelli. Discendenti veneti a Minas in festa C on il supporto di Comunità, circa 300 membri dell’Associação Vêneta Solidarietà do Vale Médio Rio Doce di Minas Gerais (Avesol) festeggiano il primo anno dell’istituzione. Riunendo quattro generazioni di discendenti di immigranti, la festa ha avuto luogo il 2 settembre ed ha avuto come punto di partenza la messa celebrata presso la chiesa di Santa Luzia. C’è stato anche un pranzo comunitario dove si è condiviso polenta, formaggi, vino, pane e crostoli. Canzoni italiane hanno dato il tono all’ambiente riempito dagli abitanti dei comuni di Resplender, Itueta, Santa Rita do Ituêto e Aimorés. Durante i festeggiamenti sono stati sorteggiati due abbonamenti annuali a Comunità e cinque magliette per gli associati dell’Avesol. A novembre, una delegazione della União dos Vênetos no Mundo verrà a conoscere la Vale do Médio Rio Doce e firmerà un gemellaggio con l’Avesol. Polizia arresta Cacciola a Monaco C ondannato a 13 anni di prigione dalla Justiça Federal di Rio per DESVIO di denaro pubblico e gestione fraudolente della sua banca, Marka, Salvatore Cacciola è stato arrestato dall’Interpol a Monaco il 15 settembre. La giustizia del Principato analizza la richiesta di estradizione dell’ex banchiere, che dovrà anche ser sottoposta al principe Albert II, capo dell’Esecutivo. I suoi avvocati hanno cercato di entrare con una richiesta di habeas corpus al Supremo Tribunal Federal, ma gli è stato negato. L’ex banchiere era stato arrestato nel luglio del 2000, ma è fuggito a Roma dopo aver goduto del beneficio di un certificato giudiziario di rilascio firmato dal ministro Marco Aurélio Mello. Il Ministério da Justiça temeva che una nuova disposizione preliminare permettesse all’ex banchiere un’altra fuga verso l’Italia, che aveva già negato l’estradizione garantita dalla sua cittadinanza italiana. Cacciola gode di doppia cittadinanza.. Nella petizione, la difesa sosteneva che, durante il suo soggiorno in Italia, Cacciola sarebbe rimasto a disposizione della giustizia brasiliana, per mezzo del suo difensore. Per questo, secondo la difesa, non avrebbe avuto un senso l’argomento della giustizia di Rio che ha decretato la prigione preventiva dell’ex banchiere sostenendo che era un latitante. Gli avvocati di Cacciola affermano inoltre che si starebbero violando i principi del dovuto processo legale e della presunta innocenza. L’habeas-corpus chiede preliminarmente la sospensione del mandato di prigione preventiva contro Cacciola, con immediata comunicazione della decisione all’Interpol e alle autorità del Principato di Monaco. Cacciola è accusato di aver ottenuto informazioni privilegiate e vantaggi indebiti dal Banco Central nel momento della svalutazione del Real, nel 1999. Con l’operazione, l’erario avrebbe subito un danno di R$ 1,5 miliardo. Outubro 2007 / ComunitàItaliana 45 Firenze cinema No Festival do Rio, nasce uma parceria ítalo-brasileira para a realização de produções de filmes e documentários. Mostra de cinema em São Paulo se transforma em oportunidade de debate sobre a crise na produção cinematográfica italiana O 46 Divulgação cinema italiano brilhou nesta última edição do Festival do Rio, de 20 de setembro a 4 de outubro. A co-produção ítalo-brasileira Estômago, de Marcos Jorge, ganhou os prêmios de melhor direção e júri popular, além de melhor ator para João Miguel. Mas a novidade mais importante ocorreu fora da tela grande. O Instituto Luce e a Cinecittá Holding, instituições estatais italianas, e a Agência Nacional de Cinema, assinaram um protocolo de intenções para a criação de novas parcerias cinematográficas entre Itália e Brasil. — Acho ótimo essa iniciativa. Com Estômago provamos ser possível colocar em prática o Acordo Bilateral de Co-produção firmado entre o Brasil e a Itália nos anos 70. A co-produção é o caminho natural para o cinema brasileiro. Especialmente com a Itália, país que amo profundamente e que considero como minha segunda casa — disse o premiado Marcos Jorge, acrescentando já ter morado na Itália. A partir da parceria, cineastas e produtores vão poder contar com mais verbas para o desenvolvimento de projetos que serão selecionados a partir do ano que vem. Já há na pauta pelos menos três projetos de co-produção Brasil/Itália em discussão. O documento final será assinado neste mês, no Festival de Cinema de Roma, e vai entrar em vigor em 2008 — diz o diretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio, Rubens Piovano. O evento exibiu mais de 300 filmes inéditos no Brasil e na maior parte do mundo. Houve oito títulos italianos distribuídos em diversas mostras, entre os quais Riparo, de Marco Puccioni (que esteve no Rio com o seu produtor, Mário Mazzarotto), Haiti Cherie, de Cláudio del Punta e A garota do lago, de Andrea Molaioli. Divulgação Nayra Garofle e Bruna Cenço — Todo ano procuramos estar atentos às novidades que consideramos apropriadas. Sejam clássicos ou filmes de diretores já consagrados. Este ano havia películas interessantes, como La ragazza del lago, de Molaioli, Riparo, de Marco Puccioni e Haiti querido, de Claudio Del Punta, jovens e promissores diretores — afirma Piovano. Três co-produções ítalo-brasileiras presentes no Festival do Rio demonstram que já há uma relação entre os dois países: Estômago, do brasileiro Marcos Jorge, que esteve na mostra Première Brasil, desta edição do Festival do Rio; Anita Garibaldi, do italiano Aurélio Grimaldi, rodado integralmente no Brasil, e Observadores de Pássaros, do ítaloargentino Marco Bechis, filmado também aqui. ComunitàItaliana / Outubro 2007 A produção ítalo-brasileira Estômago arrebatou três prêmios no Festival do Rio. A modelo e atriz italiana Elena Santarelli dar o ar da sua graça na comédia Sexi Mercado em crise São Paulo também brindou o cinema italiano. Lá, no entanto a Terceira Semana de Cinema Contemporâneo Italiano, realizada de 27 de setembro a 4 de outubro, serviu para lançar os holofotes sobre uma crise no mercado cinematográfico da Itália. Atores, diretores e sindicalistas oriundos da bota promoveram durante o evento um grande debate sobre o tema e revelaram preocupação, especialmente, com a falta de renovação no setor. Do país que já exportou filmes assinados por talentos como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini e Luchino Visconti, Francesco Amato, diretor de Ma che faccio qui!, demonstrou preocupação com a crise. — Hoje, ainda é muito complicado conseguir financiamentos para o cinema. É preciso investir em equipamentos e em pessoal. Do contrário, não será possível pensar em um futuro para o cinema italiano — desabafa. Para o diretor, a Itália tem feito muitos filmes ruins e alguns muito bons. Entretanto, ele argumenta que a falta de dinheiro, as carências tecnológicas e a disputa por público com o cinema dos Estados Unidos, são os maiores problemas enfrentados. O ator Antônio Catania, do elenco de Liscio, identificou a falta de divulgação das produções italianas mais recentes como um dos problemas. — O cinema italiano é conhecido muito pelos filmes mais antigos, como os de Fellini. Já os atuais são pouco divulgados — avalia. A presidente do Sindicato dos Jornalistas Cinematográficos da Itália, Laura Delli Colli, admitiu a existência de dificuldades, mas demonstrou otimismo ao apontar sinais de que o cinema italiano começa a se recuperar: — Há roteiristas e diretores que estão fazendo um novo tipo de cinema, com temas que agradam mais aos jovens. É lógico que não vamos deixar de ter o famoso estilo de cinema italiano, mas é importante que haja essa renovação. É importante que os mais jovens venham ao cinema. No primeiro semestre do ano, a cada 20 filmes exibidos, seis eram italianos. É um número bem melhor do que havia tempos atrás. Laura não descarta a exigência do mercado de se criar produções mais rentáveis. — Há um desejo de fazer filmes mais comerciais para que a atividade seja rentável — admite. Foram exibidos durante a mostra, além de Ma che ci faccio qui! (Itália, 2007), de Francesco Amato, e de Liscio (Itália, 2006), de Claudio Antonini: In memoria di me (Itália, 2007), de Savério Costanzo; Tutte le donne della mia vita (Itália, 2006), de Simona Izzo; e Last Minute Marocco (Itália, 2007), de Francesco Falaschi. Para saber mais sobre os filmes, vale visitar o site da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria (Italcam) - www.italcam.com.br . Bardini Project Fotos: Reprodução Salve a telona! Giordano Iapalucci I l Giardino Bardini a Firenze, in cima ad uno dei più pittoreschi angoli della città, ospita la mostra di Michele Dantini, artista e critico, autore di alcuni diari di viaggio, i cui lavori utilizzano spesso linguaggi diversi come fotografia, disegno, suoni e video-installazioni. Il Bardini Project si rivolge principalmente alla costante interazione tra mondo umano e naturale creando cammini nuovi ed originali tra architettura, arte, zoologia e botanica. Dal lunedì alla domenica dalle 8.15 alle 18.30. Info: www.tusciaelecta.it XXV Mostra Antiquariato I n questo inizio di autunno fiorentino è senza dubbio da rilevare la Mostra Mercato Internazionale dell’Antiquariato. È sicuramente la più antica in Italia e una delle più importanti del suo genere nel mondo. Nasce nel 1959 a Palazzo Strozzi dall’intuito di Luigi Bellini. Per problemi logistici, ne perderà la sede nel 1997 ad appannaggio di Palazzo Corsini. Da quella prima edizione l’evento si Festival della Creatività A è sempre più trasformato in un fatto culturale che ha attirato nella capitale toscana ormai da anni anche i protagonisti del jet-set mondiale. Si prevedono circa 80 espositori italiani e quasi una ventina di stranieri. Novità del 2007 sarà la presenza di alcuni galleristi di livello internazionale con opere di arte moderna. Palazzo Corsini 29 settembre-7 ottobre. Dalle 10.30 alle 20.00. Ingresso 10 euro. fine ottobre, presso la Fortezza da Basso di Firenze grande appuntamento con la seconda edizione del Festival della Creatività con la grande promozione della Regione Toscana. Il palinsesto sarà pieno di incontri, convegni e dibattiti con grandi rappresentanti della cultura contemporanea, del design e della scena musicale italiana e internazionale. Tra i temi del giorno di apertura il più dibattuto sarà: ‘Creatività e Competitività: il sistema Italia e il mercato globale’. Tra i grandi ospiti Derrik De Kerckhove, designer newyorkese che ha trasformato radicalmente le tecniche pubblicitarie degli ultimi anni. 40.000 m2 di superficie espositiva, 400 eventi e 1600 artisti vi aspettano. www.festivaldellacreativita.it. Lucio Dalla in concerto È sicuramente un piacevole ritorno quello di Lucio Dalla, dopo ormai diversi anni di assenza dai palchi fiorentini. Saranno due serate, il 27 e il 28 novembre all’insegna di pezzi famosi del passato ma anche di quelli inediti del suo nuovo cd. Tra questi anche “Due dita sotto il cielo” dedicata all’amico e campione del motociclismo mondiale Valentino Rossi. Dalla, artista bolognese la cui passione per i motori è sempre stata grande, dedicò, ormai qualche anno fa, una canzone anche al grande campione Ayrton Senna. Presso il Teatro Verdi di Firenze. Prezzi dai 22 ai 50 euro. Info: www.bitconcerti.it. Outubro 2007 Argan: opere grafiche P er chi fosse appassionato dell’arte grafica è interessante segnalare l’inaugurazione a Pisa, presso il Museo della Grafica, una mostra, dal titolo “Segni Multipli. Opere grafiche dalla donazione Argan”. L’esposizione dedica i suoi spazi ai grandi protagonisti della cultura grafica contemporanea del secondo novecento. Argan ha da sempre interpretato i temi legati alla funzione sociale ed educativa dell’arte, dal cubismo all’astrattismo di Ricasso, Moore e De Stijl in cui i presupposti teorici della stessa arte venivano rimessi in discussione. In programma fino al 28 dicembre presso Palazzo Lanfranchi di Pisa. 15.0019.00. Ingresso libero. / ComunitàItaliana 47 comportamento Vita rappresentata nell’arte Pronipote di italiani, Horácio Storani fa parte della troupe circense che emoziona platee a Rio C Rafaela Giordano to a Nova Friburgo e pronipote di italiani. La scena è una delle tante che fanno parte di Vida de Artista, a arte de construir um espetáculo, produzione del programma del circo sociale Crescer e Viver, in cartellone fino alla fine di ottobre sotto il tendone della Praça Onze, al centro di Rio. Horácio è una delle 17 stelle dello spettacolo che riunisce danza, teatro, musica e, è chiaro, molti numeri circensi, acrobazie, contorsionismi e giochi di prestigio. Ma l’artista si è scoperto pagliaccio a 16 anni, un po’ per caso, quando ancora abitava con la famiglia a Nova Friburgo, sulle montagne fluminensi. — Sono sempre stato portato per la vita di pagliaccio. Da piccolo, mettevo in scena spettacolini diretti da mia madre, ma il tutto è successo soltanto quan- Fotos: Ierê Ferreira on un bel vestito bordeaux, la pallina rossa sulla punta del naso e suonando antiche arie alla fisarmonica, Horácio Storani entra lentamente nella pista del circo Lona do Crescer e Viver. Da solo in scena, dimostra abilità allo strumento, ma il pubblico non ha bisogno di aspettare neanche un minuto per conoscere il lato comico dell’artista 22enne, na- do ho fatto parte di un gruppo di musica nell’adolescenza, che si dedicava alla cultura popolare brasiliana e c’erano degli integranti che facevano parte di un gruppo di teatro formato da pagliacci – si ricorda. La traiettoria legata alla comicità è cominciata da quel momento. Uno dei lavori realizzati dalla troupe è stato il teatro di strada. In quel momento, usare il naso rosso era già diventata una routine. Non è passato molto tempo e Horácio ha conosciuto e voluto studiare alla Escola Nacional de Circo, a Rio. Prima aveva frequentato un’officina di ferie, da cui è nata la passione per il circo e la voglia di diventare un artista. È entrato nella prima fase ed è stato approvato nella selezione. E allora ha deciso di trasferirsi a Rio. Ma aveva un problema: non aveva dove abitare. Con l’aiuto di un’amica ha trovato da dormire presso uno studio medico. La cosa strana era che lui poteva entrare a “casa” dopo le 22.00, quando finivano le visite ai pazienti. — Ero già completamente appassionato dell’arte circense. In fondo, credo di aver sempre voluto proprio questo — ricorda. Crescer e viver Obbligato a perdere tempo prima di tornare allo studio medico, il pagliaccio, allora, ha creato l’abitudine di camminare per la città. È stato in una di queste passeggiate che ha trovato il tendone del progetto Crescer e Viver, situato a Praça Onze, a Cidade Nova. Ha deciso di entrarci, presentato da Junior Perim, coordinatore esecutivo del programma sociale, anche lui discendente da italiani di Cappella Maggiore, nel Veneto. Hanno chiacchierato un po’ e Junior ha chiamato Horácio per partecipare ad un’officina. Dopo una settimana di lezioni, è stato invitato a far parte della troupe di artisti che facevano le prove nei locali del programma. Qualche tempo dopo, è stato presidente del gruppo che ha anche fatto presentazioni non professioniste. Ma la professionalizzazione non era lontana. Ancora nella troupe, Horácio ha deciso di partecipare ad un’audizione che era realizzata nel Crescer e Viver. Una delle direttrici del progetto, Alice Viveiros de Castro, stava già scegliendo gli integranti del progetto sociale che avrebbero fatto parte della produzione Vida de artista. Lo spettacolo era atteso con perseveranza dai coordinatori del progetto. Sono stati mesi per cercare gli sponsor. Alla fine, la Petrobras ha deciso di scommettere sul gruppo e ha reso disponibili R$ 300mila. Il clima all’audizione era di totale nervosismo. Gran parte degli artisti formati sotto il tendone del Crescer e Viver, non solo di Rio de Janeiro ma anche di São Gonçalo, sono entrati nella selezione. Il fatto curioso è che, al contrario del previsto, c’era più un tifo di tutti per tutti che una lotta aggressiva tra i partecipanti. Alla fine, l’atteso risultato. Venti nomi annunciati. E Horácio era tra loro. La scena scelta per l’audizione era stata quella della presentazione di un pagliaccio. Vita da Artista Passata l’euforia del giorno della selezione, il gruppo è piombato nel lavoro, ma diversamente da come si immaginavano tutti, gli esercizi non erano sul tappeto elastico, sul trapezio o giochi di 48 ComunitàItaliana / Outubro 2007 Il pagliaccio Horácio Storani durante le prove (sopra). Troupe del progetto Crescer e Viver mette in scena lo spettacolo Vida de Artista (in alto a destra) e posa prima della presentazione (destra). Il coordinatore esecutivo del progetto Júnior Perim prestigio. Cominciavano le lezioni di postura, comportamento e perfino esercizi per la presentazione di artisti. Acrobazie e giochi di prestigio li sapevano fare tutti, ma ci voleva ancora una rifinitura. — Credo che queste lezioni siano importanti perché ci fanno sentire più sicuri. È sempre meglio poter perfezionare le nostre tecniche. Ognuno ha un suo stile - ha spiegato. Il suoamico di palco FAusto Tenorio, 23 anni, altro pagliaccio della troupe, completa: — La convivenza ha reso evidenti le differenze e abbiamo dovuto imparare a affrontare tutto questo per mantenere l’amicizia fino alla fine delle prove. Dei 20 integranti selezionati all’inizio, al primo spettacolo ne sono arrivati 17. Alcune evasioni sono state dovute anche al forte ritmo di allenamento. Durante le ferie scolastiche di luglio la maggior parte degli artisti frequenta la scuola, che è una delle esigenze per entrare nel programma sociale. Gli artisti rimangono la maggior parte del tempo sotto il tendone della Praça Onze. E così è stato durante sei mesi, in cui hanno imparato molto di più che mostrare sicurezza in scena. — Abbiamo cominciato da un lavoro non proprio circense, che cercava di incentivare gli artisti a divenire più sicuri di loro, per poi entrare nella parte tecnica propriamente detta — ha spiegato Ana Luisa Cardoso, pagliaccia Margarida. Per questa parte tecnica, il Crescer e Viver ha chiamato tre professionisti esperienti: Lurian Duarte, per la parte di coreografie acrobatiche ed equilibrio; Cristina Moura, per le coreografie aeree e contorsioni; e Alexandre Souto, per le coreografie sul trampolino. Tutto lo sforzo è valso la pena. Al suono di una bellissima musica composta da Daniel Gonzaga, figlio di Gonzaguinha, e con l’illuminazione di Aurélio de Simoni, hanno realizzato una presentazione armoniosa e compiuta per conquistare il pubblico. Soddisfacendo la troupe e, specialmente, i coordinatori del Crescer e Viver, lo spettacolo ha conquistato la platea durante le due prime settimane e la stagione è stata prorogata fino alla fine di ottobre. — La proposta di Vida de Artista è quella di tagliare il cordone ombelicale di questi ragazzi Outubro 2007 / che non possono restare attaccati all’istituzione — ha detto Júnior Perim, dicendo inoltre che oltre a questo lo spettacolo aiuta i giovani artisti a poter intravedere non soltanto un futuro nel circo, teatro o musica, ma di portare avanti una vita, d’ora in poi, realmente dedicata all’arte. Progetto nato da un sogno Vida de Artista, a arte de construir um espetáculo è soltanto una delle realizzazioni del Crescer e Viver. Il programma sociale, nato ispirandosi al samba-enredo Um sonho possível. Crescer e Viver agora é lei, della scuola di samba Unidos do Porto da Pedra, mantiene due unità di attività socioculturali: una a São Gonçalo e l’altra a Rio de Janeiro. Il coordinatore esecutivo, Junior Perim, e il coordinatore esecutivo aggiunto, Vinicius Daumas, hanno fondato il Crescer e Viver e ancora oggi sono i maggiori responsabili della manutenzione del programma, che assiste 300 bambini bisognosi. ComunitàItaliana 49 Milão moda Andrea Monteiro Guilherme Aquino Perfume de Milão P Fotos: Guilherme Aquino assear pelas ruas de Milão, é, sem dúvida, uma forma de apreciar a memória arquitetônica de uma época. Construções antigas e sobreviventes à Segunda Guerra foram incorporadas a plantas de novas obras. Nas entradas dos palácios, os estilos se diferenciam. Há portões de ferro em arte liberty ou colunas de pedra de granito. Estátuas e bustos de deuses gregos estão por toda parte e, para completar, magnólias exalam o seu perfume numa oferenda dos deuses aos pedestres. Fome de fotos O liviero Toscani sempre foi sinônimo de polêmica. Desde a década de 90, quando fazia anúncios para a Benetton, o fotógrafo carrega seus trabalhos com doses cavalares de controvérsia. Na sua mais recente produção, ele convidou a modelo franseca Isabelle Caro, que pesa apenas 31 quilos, para protagonizar a campanha da grife Nolita explorando a anorexia. A modelo luta contra a doença há 15 anos. O resultado? Bom, o Corriere della Sera se Teatro Filodrammatici A inda que esteja ao lado do imponente Scala de Milão, o Teatro Filodrammatici tem lá o seu brilho próprio. Inaugurado em 1800 como Teatro Patriottico, o prédio foi parcialmente destruído durante o bombardeio de 1943, quando chegou a funcionar como cinema. Em 1970, foi totalmente reformado. Sua fachada em estilo liberty, tendo como destaque esculturas em ferro de galhos, folhas e flores, fazem dele uma das jóias arquitetônicas da cidade. O espaço tem capacidade para 200 espectadores. Até o dia 21 deste mês, estará em cartaz a peça musical de Lev Tolstoj, Sonata a Kreutzer. Outras informações podem ser encontradas no site: www.tieffeteatro.it. 50 ComunitàItaliana Click anônimo A revista National Geographic resolveu explorar o talento fotográfico dos seus leitores italianos. Para isso, tomou uma iniciativa inusitada ao transformar ruas e galerias do Centro de Milão em corredor para uma mostra itinerante. A seleção envolveu quatro temas: o mundo animal, o ser humano, reportagens e paisagens. O resultado final pode ser apreciado em 32 trabalhos. Imagens capturadas por turistas italianos ao redor do mundo ou pelos próprios moradores da cidade. Um dos pontos altos da mostra é a Via San Paolo, no Centro. As fotos vão ficar em exposição durante o período do outono. / Outubro 2007 recusou a publicar a foto, seguido da imprensa francesa, onde não foi permitida sequer a instalação de cartazes da grife. Em Milão, a campanha ganhou os outdoors da cidade durante a Semana da Moda, divindo a atenção com o evento. Conclusão: a prefeitura da cidade acabou pedindo aos proprietários da Nolita que retirassem a campanha das ruas. A publicidade, no entanto, ganhou apoio da ministra da Saúde, Livia Truco, que a viu como um seviço de utilidade pública. Arte italiana D epois de vestir uma de suas salas com as criações da estilista inglesa Vivienne Westwood, o Palazzo Reale resolveu abrir as portas para uma mostra sobre a pintura italiana dos últimos 40 anos. Artistas plásticos menos conhecidos, como Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli e Renato Guttuso, estão nesse painel. Vittorio Sgarbi, curador das obras e secretário de Cultura de Milão, conseguiu reunir mais de cem quadros, que revelam um período rico, mas pouco conhecido, da pintura artística italiana. Mesmo para quem não tem intimidade com esses artistas, a mostra vale a pena, para se conhecer a produção dessa geração. Mais informacões: www.omun.milano.it/palazzoreale/. Fenômeno fashion no Planalto Central Com a Itália como fonte de referência, Brasília desponta no cenário da moda nacional como novo pólo de grifes de luxo B rasília não só tem produzido moda com excelência como tem ainda organizado importantes eventos, caso do Capital Fashion Week (CFW) e do Brasília Fashion Festival (BFF). Além do mais, a Polimoda, renomada escola de alta costura de Florença, tornou-se destino da nova geração de filhos de empresários do setor de vestuário. Estes têm partido em levas, rumo à Itália, para desvendar os segredos do glamouroso negócio das grifes de luxo. De volta à terra natal, semeiam uma promissora era para a moda local. — A Itália é o berço da moda e estudar em Florença foi mesmo muito proveitoso — reconhece a estilista Andréa Monteiro, que fez o curso de gestão de coleção na Polimoda. Depois de passar mais de quatro anos na Itália e de estagiar em diversas grifes de altacostura durante a sua temporada na Europa, a jovem brasiliense realizou o seu primeiro desfile na terceira edição do BFF, com o tema Do lixo ao luxo. — O curso na Itália foi muito bom porque aprendi a pesquisar outros materiais — conta. Críticos e consultorias especializadas já referendam o CFW como o terceiro melhor evento do gênero de moda no Brasil. Há três anos, o encontro mobiliza Aline Buaes e Fábio Lino um grupo cada vez mais maduro de estilistas, produtores e lojistas do Distrito Federal e do CentroOeste. A edição deste ano contou com a presença das atrizes Grazi Massafera e Carol Castro. — Os investimentos que esses empresários fazem estudando na Itália têm fortalecido a cidade como pólo de moda — afirma Márcia Lima, produtora executiva do evento. Criado em 2005 para projetar os valores de Brasília e do Centro-Oeste, o CFW introduz estilistas, marcas e modelos da região no calendário nacional da moda. Este ano, o evento trouxe mais uma novidade: o Capital Business, espaço voltado para a realização de negócios especificamente para aquele segmento. — O espaço é importante, pois o setor movimenta em Brasília mais de 470 milhões de reais por ano — ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste), Márcio Franca, entidade que reúne fábricas e malharias. O Quadrilátero do Luxo Por outro lado, o bairro dos Jardins, em São Paulo, tornou-se reduto de consumo de luxo. Por suas ruas, em frenético vai-e-vem, circula gente disposta a pagar 780 reais por um sutiã (La Perla) ou dois mil reais por uma calça jeans (Diesel). No burburinho de grifes nacionais e internacionais, as marcas italianas saem na frente e ditam as regras no espaço urbano batizado de Quadrilátero da Moda. Paira no ar o barulhinho provocado pelo roçar de um sem número de bolsas de compras com assinaturas Armani, Bulgari, Versace e Roberto Cavalli nas ruas Doutor Melo Alves, Estados Unidos, Padre João Manuel e Alameda Tietê. Estas formam o coração do quadrilátero, vazado pela Rua Oscar Freire, onde estão a La Perla e a Diesel – esta famosa pelo caimento dos jeans, que emolduram mulheres elegantes e descoladas como Fernanda Lima, Carolina Ferraz e Fernanda Torres. As grifes italianas chegaram ao Brasil nos anos 90, quando uma política de abertura comercial para importações trouxe ao país as últimas novidades do mercado internacional. Segundo fontes do meio, as filiais brasileiras estão entre as mais rentáveis do mundo. La Perla, por exemplo, sinônimo de qualidade artesanal em lingerie da Bolonha, arrebata celebridades como as top models Raika e Shirley Mallman. Quando chegou ao Brasil, há 13 anos, a grife instituiu uma nova cultura de roupas íntimas bem desenhadas e Marina Mariutti, responsável pela vinda da marca ao Bra- Outubro 2007 / sil e atual gerente-administrativa do grupo, explica essa febre: — La Perla trouxe variedade de cores, modelos e tecnologia. Marina confirma que a loja do Brasil é uma das que mais vendem no mundo. Segundo ela, isso levou o fabricante a criar modelos especialmente para as brasileiras, como o reggiseno carioca e o slip brasiliana. Do fenômeno denominado Quadrilátero da Moda derivou, por exemplo, a criação do termo Diesel Important People (DIP), modo peculiar com que a grife italiana se refere aos seus clientes VIPs. Seu tecido macio e de ótimo acabamento, conquistou gente como o apresentador Luciano Huck e a DJ da MTV Didi Wagner. O preço salgado varia entre 500 a 2 mil reais. Ainda assim, a Diesel no Brasil chega a vender 90 mil peças por ano. ComunitàItaliana 51 il lettore racconta religião epórter L á se vão muitos anos... Mas a lembrança é viva e permanente. Quando eu era criança, meus pais sempre recebiam os seus familiares em nossa casa, em Castelo, interior do Espírito Santo. Eles moravam em locais de fazendas onde não havia recursos como os que existiam em Castelo. Apesar de bem pequena, lembro de que lá havia comércio de tecidos, poucos médicos, etc. Recordo-me bem que numa dessas vezes recebemos um tio, muito querido, isso há mais ou menos uns 47 anos. Como de costume, ao cair da tarde, meu pai e ele conversavam sentados, e nunca mais esqueci aquele momento. Eles relembravam o tempo em que plantavam café, na década de 20 ou 30. Na época da colheita, precisavam saber da cotação no mercado. Nesse tempo, meu pai era solteiro e morava em uma fazenda em Pindobas. Para ter acesso a essa informação, era preciso sair daquela localidade e enfrentar uma viagem até Castelo, onde meu pai veio a se casar com a minha mãe. Era uma viagem sacrificante. Tinham que levantar de madrugada, preparar os cavalos e seguir para Castelo. O percurso era difícil e a estrada estreita cruzava as matas. A viagem demorava em média 12 horas. Eles pernoitavam na cidade e, no dia seguinte, dependendo de haver meio de transporte disponível, seguiam para Cachoeiro. Tudo isso para poder ler o jornal. Depois de checar a informação, faziam o caminho de volta, com igual dificuldade. Além da difi- 52 ComunitàItaliana / Arquivo pe ssoal Depoimento à r za Sílvia Sou culdade de transporte, eles ainda dependiam das condições climáticas. Tudo era muito intenso. E aí me lembro bem do meu tio dizendo assim: “Pois é João, é claro que depois de tanto tempo para chegar de volta e até vender o café, o preço já não era mais aquele”. Os dois ficavam, ali, sentados, refletindo sobre as dificuldades de se obter uma informação naquela época. Ao mesmo tempo, se sentiam felizes e vitoriosos: Agora, “ nós temos o rádio”. Eles se sentiam orgulhosos por continuar uma luta de seus pais, que deixaram sua pátria mãe, a Itália, e adotaram o Brasil como a única esperança de vida... Hoje, fico pensando... E se eles vivessem nos dias de hoje com tanta tecnologia e avanço em tudo no mundo? Não há como saber se eles se adaptariam a todas essas mudanças por que o mundo passa. Mas certamente ficariam felizes em ver que grande parte dos ensinamentos que recebemos, ainda crianças, são seguidos até hoje. O meu avô veio de Veneza para o Brasil no final do século 19. Aqui ele teve 16 filhos, incluindo meu pai, e se estabeleceu em Venda Nova do Imigrante (ES). Se estivessem vivos, veriam como a família se tornou numerosa e como se mantém unida na preservação dos laços com as tradições italianas. Dos costumes que eu e todos os primos adotamos, sem dúvida, o que diz respeito à religiosidade é o mais notável. Aqui, todos são batizados na Igreja Católica, fizeram a primeira-comunhão e são crismados. Outubro 2007 Ir à missa aos domingos é de lei, assim como almoçarmos juntos. A família fica toda reunida sem televisão ligada ou celular. Se for para atender o telefone, tem que ser por um motivo muito importante. O almoço é sagrado e não pode ser interrompido. Gosto de cozinhar os pratos típicos da culinária italiana: uma boa massa, polenta e, claro, puína, que é um queijo tipo ricota. Adoramos saborear essas receitas que herdamos de nossos antepassados, e tudo acompanhado com um bom vinho... Deixei Venda Nova em 1971 para morar no Rio de Janeiro. São muitas histórias e lembranças. Ainda recebo jornal, livros, revistas e calendários semestralmente da Comune di Salzano. Infelizmente, ainda não tive condições de visitar a terra dos meus avós. Mas em 2008 pretendo ir com meus irmãos e primos. Enquanto isso, treinamos nossa memória no Encontro da Família Scabello (ENFASCA). Nesses dias, no segundo final de semana de janeiro, revivemos a nossa história celebrando uma missa. Fazemos um festival gastronômico com almoço e lanche. Tentamos passar às novas gerações a importância desse convívio, do aprendizado da língua, da cultura. Assim, mantemos vivo o nosso passado sem nunca abandonarmos nossas origens. Rio de Janeiro (RJ) Madalena Scabello, 55 anos Mande sua história com material fotográfico para: [email protected] bem perto do céu, no alto do Morro do Cavalão, em Niterói, na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, que a fé ítalo-brasileira encontra um importante testemunho. Ali, por admiração e devoção ao sacerdócio, um religioso, com a ajuda dos seus fiéis, dedica-se a dar início à construção de uma capela em homenagem a São Pio de Pietrelcina, mais conhecido como padre Pio, venerado santo italiano. Longe de sentir a missão como uma penitência, mas tomado pela força de sua crença, padre Carmine Pascale, coordenador da Paróquia de São Judas Tadeu – que abrange o morro –, pensa apenas em dar prosseguimento, com a obra, aos ensinamentos cristãos pregados por Pietrelcina. Foi o santo italiano quem lavrou a seguinte frase célebre: “Quero ser apenas um pobre frade que reza”. Descendente de italianos, padre Carmine, desde 2001 na paróquia, localizada na divisa entre os bairros de Icaraí e São Francisco, não teve dificuldade em escolher o seu santo de devoção. E a iniciativa da construção da igreja partiu dele mesmo. Segundo o religioso, as obras devem começar nos próximos meses. Junto da capela, ainda serão construídas salas de catequese e um jardim. — Padre Pio era incansável em seu trabalho. Virei devoto na primeira vez que ouvi sua história. Sou filho de italianos que migraram para o Brasil. Sempre existiu essa minha relação com o país dele e toda a religiosidade que nele se insere. Na Itália, a veneração a esse santo é muito grande. Há estátuas e monumentos nas praças de norte a sul — conta Carmine, que organizou uma peregrinação paroquial ao local onde vivia Pio, e completa: — A viagem aconteceu em 2005. Participaram 35 membros da paróquia. Ficamos três dias na cidade e tivemos um frade como nosso guia. Passamos no quarto onde ele dormia, onde fazia suas orações, enfim, foi um momento emocionante. Trouxemos inclusive uma imagem dele que será colocada na capela. Nascido Francesco Forgione, em 25 de maio de 1887, a exemplo de São Francisco, padre Pio dedicou sua vida a ajudar aos pobres. Os que viviam ao seu redor Fotos: Bruno de Lima É no disposição a ss o n a s cnologia ssado diversas te s à io e emória o pa m m m a E ss o n m ervar e sta orâneo, cons p m te n origens. Ne o c s a o m o c mund s o r os laç oão de perpetua a m r fo o seu pai J a m m o c éu ta n o c llo nos ao lena Scabe a d a M igraram par , o im ã e u ediç q s o n de italia do e ello, filho b a c S ter informa ta n s a ti m e s Bap a r fazia pa pleno de 1920, s o id s o n ele que, em il ia b sa Bras l a café. M riam lantação de p a d mails torna r e e iv e v is a it sobre ig ráficas d ou uinas fotog q á m igração deix , 1 im 2 a e u q século o d ívido lega panhar o v m Santo. o c a l e ív o Espírito poss n , te n a r ig ova do Im em Venda N Devoção ítalobrasileira Conhecido pela cura aos enfermos e pela atenção que dedicava a sua comunidade, São Pio de Pietrelcina, venerado na Itália, terá, por iniciativa de um padre, uma capela erguida em sua homenagem, em Niterói Sílvia Souza foram testemunhas das sementes que ele espalhou: sinais da intimidade que demonstrava ter com Deus. Ele foi o primeiro sacerdote cujo corpo apresentou os estigmas da crucificação de Jesus Cristo. A devoção dos italianos a padre Pio pode ser comparada, no Brasil, ao culto a santos como São Judas Tadeu e Santo Antônio. Segundo padre Carmine, por ser um santo dos nossos dias, a identificação dos fiéis com suas obras e seus feitos parece aumentar, passados 39 anos da sua morte, ocorrida em 1968. — Para ele, presidir a Santa Missa, dirigir almas e administrar o sacramento da Penitência eram a razão de sua vida, sintetizada, portanto, em dois pilares: oração e caridade — explica o pároco. Dentre o grupo que esteve na Itália, a professora aposentada Gelsa Ribeiro de Oliveira tinha um motivo especial para agradecer a São Pio. Segundo ela, que perdeu um filho que teve leucemia, foi o santo que intercedeu para que o menino não sofresse. — Fui à Itália pedir a bênção para minha família. Mas minha relação com São Pio vem da década de 1970. Naquela época, não havia cura para a leucemia e os médicos disseram que meu Outubro 2007 / filho teria só três meses de vida. Disseram que ele perderia cabelo e ficaria cego. Mas nada disso aconteceu, pois roguei a padre Pio. Meu filho só morreu dois anos depois que a doença já havia sido descoberta — recorda a aposentada, que ainda pretende voltar a Pietrelcina e a Rotondo, cidades onde o padre Pio viveu. A vida do Santo Nascido de uma prole de sete irmãos, Francesco Forgione foi batizado pelos seus pais, Grazio Forgione e Maria Giuseppa De Nunzio, no dia seguinte ao seu nascimento. Ainda criança, recomendava aos adultos que recorressem ao seu anjo da guarda para estar mais perto de Deus. Aos 15 anos, entrando no noviciado, adotou o nome de “frei Pio”. Vestiu o hábito em 22 de janeiro de 1903, tendo sido ordenado padre em 10 de agosto de 1910. Acolhia em si o sofrimento do povo que o procurava. Os casos mais urgentes e complicados, o frade confiava a Nossa Senhora. Transferido para San Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte (em 23 de setembro de 1968), recebeu nas mãos, nos pés e no lado do coração a impressão dos sinais da crucifixão de Jesus, desaparecidos 50 anos depois, às vésperas de sua morte. Segundo a Igreja, torturado e testado muitas vezes, padre Pio costumava chamar o diabo de Barba Azul. Construiu a Casa Alívio do Sofrimento, hospital que viria a ser referencial em toda a Europa. Entre os muitos milagres, ficou para a história a cura do pequeno Matteo Pio Colella, em San Giovanni Rotondo. Dom Luigi Orione também contava que, em 1925, sendo um dos tantos devotos de Santa Teresa de Lisieux, estava na Praça de São Pedro para as celebrações em honra da mística francesa quando, inesperadamente, lhe apareceu padre Pio. Mas segundo relato de amigos e fiéis, padre Pio nunca saiu do convento para o qual foi enviado em 1918. Pio tornou-se santo em 16 de junho de 2002, proclamado pelo pontífice João Paulo II. No Brasil, há pelo menos uma ermida, no Rio Grande do Sul, e uma paróquia, em Brasília, dedicadas ao Santo. A capela do Morro do Cavalão será a próxima. ComunitàItaliana 53 comunità Una “mappa” dell’Italia al sud di Rio Immigranti arrivano a Rio nella seconda metà del XIX secolo e trasformano Porto Real, Valença e Barra do Piraí in una città con presenza massiccia di discendenti dalle più svariate regioni italiane Q Nayra Garofle scia dubbi: la colonizzazione italiana ci ha messo radici. E in un modo molto particolare. A Porto Real, ad esempio, la maggior parte degli oriundi si riunisce intorno agli stessi valori e cultura, con un’origine familiare comune, dell’Emilia Romagna. A Valença, destino di immigranti delle più svariate regioni italiane, accade un fenomeno contrario. Fotos: Nayra Garofle uando il tema è l’Italia, la gente di San Paolo e del sud rappresenta, in Brasile, il primo riferimento dell’immigrazione. Comunque, il suono della tarantella che viene dal sud dello stato di Rio non la- La storia racconta che la seconda metà del XIX secolo è stata segnata dall’arrivo degli italiani in Brasile. La maggior parte era formata da braccianti, artigiani e abitanti poveri delle regioni Trentino, Friuli e Veneto, così come della Calabria, Sicilia e Abruzzo. Nelle valigie, il sogno di un futuro migliore. I dati storici dimostrano che l’arrivo dei ‘fratelli’ dalle nostre parti coincidono con la venuta dell’imperatrice Dona Teresa Cristina, principessa del Regno di Napoli, sposata con l’imperatore Dom Pedro II. In questo contesto, il sud fluminense diviene un porto sicuro degli immigranti italiani. Città come Porto Real, Va- lença e Barra do Piraí hanno un posto d’onore in questo scenario. — Non abbiamo rilevamenti recenti, ma si calcola qualcosa come circa trecento famiglie italiane da queste parti — dice Laércio Marassi, presidente dell’Associação Vittorio Emanuele II (Ave II) di Porto Real. La città, ex distretto di Resende, presenta un’area di 51 chilometri quadrati. E i suoi 12mila abitanti respirano cultura italiana. Là, la maggior parte degli immigranti provengono dalla provincia di Modena, in Emilia-Romagna. Ma ci sono anche persone venute dalla Calabria, dal Veneto e da Lucca, in Toscana. Dovuto a questa grande presenza, un gruppo di discendenti di italiani ha creato, nel 1989, la Ave II, che ha cominciato a funzionare soltanto nel 1996, dopo la trasformazione della città in capoluogo di provincia. L’obiettivo dell’associazione è giustamente quello di riscattare e mantenere le tradizioni della cultura nella regione. — Fin da quell’epoca, l’associazione ha ottenuto che il comune di Porto Real firmasse un patto di amicizia con le città italiane Concordia sulla Cecchia e Novi di Modena. Manteniamo un gruppo di danze tipiche, formato da adolescenti, che si chiama “Le piccole ballerine” — racconta Marassi, evidenziando anche che la Ave II conta su di un programma di radio che, oltre a divulgare la storia della città, trasmette canzoni italiane. Tutti gli anni, a giugno, la città si veste di bianco, rosso e verde per festeggiare la festa della cultura italiana. Marassi dice che l’evento viene realizzato dalle 160 persone che fanno parte dell’associazione. Ma si lamenta della timida partecipazione dei suoi integranti: — Molte altre misure debbono essere adottate perché la nostra storia sia conosciuta, amata e preservata. Degli esempi sono la creazione della Casa do Imigrante, perché è un punto di riferimento, l’inserimento di corsi di italiano nelle scuole della città, il conseguimento della cittadinanza italiana da parte dei discendenti e il consolato, oltre allo sforzo in questo senso di altre istituzioni presenti nella nostra città. A Valença Al contrario di Porto Real, che presenta una colonizzazione più uniforme perché ha concentrato discendenti di una stessa regione, Valença ha ricevuto immigranti da diverse parti dell’Italia. Per rafforzare lo spirito comunitario tra gli oriundi – compromessa dalle origini diverse – il corrispondente consolare Serafino Antimo Sevastamo sta organizzando la prima iscrizione di famiglie italo-brasiliane della città. Per sapere le loro origini, Savastamo ha già registrato 360 persone. — Faremo ricerche sui loro luoghi d’origine. In questo momento non ci preoccupiamo di feste o eventi legati alla cultura italiana. L’importante è far sì che queste persone sentano orgoglio di essere discendenti. Vogliamo risvegliare in loro l’interesse in questo — spiega il corrispondente consolare. Secondo lui, l’importanza della grande colonia a Valença può essere verificata dai lavori pubblici fatti e che si stanno facendo nella città: — La collettività italiana e di oriundi a Valença differisce dalle altre colonie della regione del Médio Paraíba, dato che è formata da famiglie venute da tutte le regioni italiane, non soltanto da un determinato comune di quel paese. Storia secolare La prima colonia risale al 1880, e mise le sue radici nella Fazenda Santo Antônio do Paio. Centinaia di famiglie arrivarono per lavorare nelle coltivazioni di caffè. Ma dato che la domanda 54 ComunitàItaliana / Outubro 2007 Il corrispondente consolare Serafino Sevastamo organizza il registro di famiglie italiane a Valença. Nella città, il museo Capitão Pitalunga conserva la storia della Seconda Guerra Mondiale era grande, molte di esse furono smistate in altre fazendas. — Con il declinio del ciclo del caffè e con i risparmi accumulati in lunghe e dure giornate di lavoro, dei gruppi se ne andarono dalle fazendas e misero radici a Valença, aprendo piccoli negozi. Realizzavano attività come quelle di artigiani, manovali, fabbri, calzolai, sarti, venditori ambulanti, lavandaie, falegnami e anche quelle di piccoli produttori vinicoli — afferma Sevastamo. Tra i tanti punti turistici, come le fazendas che raccontano la storia del Brasile del XIX secolo, Valença ospita anche il Museu Militar Capitão Pitaluga. Fondato nel Primeiro Esquadrão de Cavalaria Mecanizado – Esquadrão Tenente Amaro, il museo preserva la storia della Seconda Guerra Mondiale. La sua collezione è formata da documenti originali e fotocopie, fotografie, armi, medaglie, divise e materiali ospedalieri. Fatti e ricordi di un’epoca che segna la presenza e la partecipazione effettiva del Brasile nella campagna in Italia e, specialmente, della Cavalaria Brasileira, di cui il Primeiro Esquadrão era l’unica unità dell’arma a integrare questo momento storico. — Oltre al materiale che già avevamo, abbiamo ricevuto molti donativi che hanno permesso di comporre la collezione. Credo sia una maniera di preservare la storia e farla vedere a coloro che lo visitano — racconta il sottotenente Gerson Romano, spiegando che il capitano Pitaluga, oriundo, fu il comandante che condusse l’Unidade durante la maggior parte del periodo della guerra. Oltre alle fazendas e al museo, c’è inoltre la Casa Léa Penta- gna. Donna all’avanguardia per la sua epoca, Léa si avvicinò all’arte grazie al fratello Vito, un poeta nato. Spesso cedeva la sua casa per pranzi dell’Academia Valenciana de Letras, che è servita da scenario per il film “A casa assassinada”, del regista Paulo César Saraceni negli anni ’70. Oggi lo spazio apre le sue porte per conferenze, corsi, esposizioni, proiezioni di video e concerti di musica classica e popolare, oltre a ricevere turisti. Situata nel quartiere Benfica, la casa è stata ristrutturata nel 2000. La famiglia Pentagna è stata molto influente a Valença ed era proprietaria di molte fazendas e della fabbrica di tessuti Santa Rosa. A Barra do Piraí Situata a 122 chilometri da Rio e con circa 70mila abitanti, Barra do Piraí è un’altra città del sud fluminense a presentare forti legami con l’Italia. Il corrispondente consolare e Secretário Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Roberto Monzo Filho, crede che lì vivano più di 140 famiglie discendenti da italiani. — Abbiamo fatto un rilevamento preliminare e registrato queste famiglie. Stiamo cominciando quest’attività per avere un’idea di questa realtà. Ciò aiuterà a impostare i nostri progetti — dice Monzo, mettendo in risalto che i discendenti di italiani di Barra do Piraí sono oriundi di Campania e Calabria. Nel 2006 è stato siglato un gemellaggio con Paola, in Italia. Ossia, Barra do Piraí e Paola sono, oggigiorno, città sorelle. — Il primo passo è stata la venuta di una comitiva del con- Outubro 2007 / solato, guidata dal console generale Ernesto Massimo Bellelli. Hanno potuto constatare la presenza di una numerosa colonia nel nostro comune. In seguito, dopo vari contatti, l’anno scorso abbiamo ricevuto la visita del sindaco di Paola, accompagnato da deputati e dall’ex comandante dei carabinieri di Paola, Elio Rocca, e allora abbiamo realizzato la cerimonia di firma del gemellaggio — spiega il corrispondente consolare. Dopo la visita della comitiva, il deputato provinciale Christiano Almeida (PSDB), per mezzo di un progetto di legge, ha creato il Dia da Colônia Italiana, festeggiato ufficialmente il 29 ottobre. Quest’anno sarà la prima volta che verrà organizzata una festa. Il distretto di Ipiabas sarà uno dei centri dell’evento, che già conta su di una rete di locande e ristoranti, e inoltre offre il suo patrimonio storico. — Attraverso la culinaria, l’architettura, la cultura e gli eventi, vogliamo dare un’identità italiana a Ipiabas, trasformandola in una piccola Italia — racconta Monzo. Fin dai tempi dell’unione di Paola e Barra do Piraí, Monzo dice che la valorizzazione della cultura italiana nel comune fluminense è aumentata sempre di più. — C’è stata una grande ricettività da parte di tutti, non soltanto degli immigranti e discendenti, ma anche di coloro che hanno simpatia per la cultura italiana. Tra il Brasile e l’Italia c’è una grande identificazione. Abbiamo sentito che tutto ciò che è legato a questo paese piace molto ai brasiliani — rivela. ComunitàItaliana 55 Sapori d’Italia turismo Orient Express à milanesa Empresa de transporte público lança em Milão roteiro turístico noturno sobre trilhos, em um trem-restaurante de luxo Anelise Sanchez F Correspondente • Roma amosa por ditar regras de elegância e de sofisticação que se espalham pelo mundo, Milão resolveu lançar uma nova moda noturna. E sobre trilhos. Imagine poder circular pelos lugares mais pitorescos da cidade a bordo de um trem de 1928? Pois é isso mesmo. Por iniciativa da Azienda Trasporti Milanesi (ATM), empresa que administra o transporte público na capital lombarda, o ATMosfera – nome dado ao transporte – já pode ser visto circulando pelos principais pontos turísticos da cidade. Totalmente reformado, o trem, com seus 24 lugares, tem uma decoração colonial, cujo cenário recria o ambiente do Orient Express, meio de ligação entre Paris Gare de L’Est e Istambul, e que serviu de inspiração para a escritora Agatha Christhie lançar um livro com o mesmo nome. Além de admirar os momumentos mais belos da cidade durante a noite, os passageiros ainda têm opção de jantar. O preço? Cin- 56 Luxo e requinte para conhecer e apreciar a arte milanesa qüenta euros. A idéia agradou tanto que os lugares disponíveis no ATMosfera foram reservados até janeiro de 2008. Diariamente, às 20h, pontualmente, o trem parte da Piazza Castello, esquina com o Largo Cairoli, e segue um itinerário que oferece visitas por pontos como Foro Buonaparte e o charmoso Castello Sforzesco, monumento construído no século XV pelo ComunitàItaliana / Outubro 2007 duque Francesco Sforza que conquistou o status de um dos símbolos de Milão. Em seguida, o trem atravessa as vias Tivoli, e Ponte Vetero, piazzale Cadorna, via Vincenzo Monti, via Pagano, corso Sempione e o Arco della Pace. A praça do cemitério momumental, a praça da Repubblica, a via Turati e o Museo della Permanente, como é chamada a exposição de Belas Artes criada em 1870, também não ficaram de fora do passeio. Outros lugares imperdíveis que fazem parte do itinerário do trem são a Via Manzoni e o Teatro alla Scala, reinaugurado em 2004, o Museo Diocesano e o Naviglio Grande, que hospeda um mercado de antiquidades. O passeio dura cerca de duas horas e meia. O jantar, preparado pelo Gruppo Pellegrini Ristorazione, pode ser elaborado com pratos à base de carnes, peixes ou com ingredientes vegetarianos. Estão incluídos aperitivos, uma entrada, um primo piatto, um secondo piatto, uma sobremesa, café, água e vinho para duas pessoas. Ultimamente, os pratos mais pedidos são a mini-torta de cogumelos perfumados com timo e polenta, lasanha ao molho branco e pinoli, carne de vitela com batatas crocantes ao porto, flan de chocolate amargo com peras ao gengibre, sopa de grão de bico com vinagre balsâmico e camarões. A carta de vinhos ofecere Barbera Oltrepò Pavese, o Fermentino Terre Fenice e Chardonnay Mandrarossa. As reservas podem ser agendadas por telefone, de terça a domingo, exceto feriados. Os pedidos devem ser feitos até às 19h30 do dia anterior, discando para o número 800-80.81-81 (válido somente em território italiano). Em caso de desistência, a ATM pede aos clientes que comuniquem a decisão à empresa até às 15h30 do dia anterior. O ATMosfera aceita somente o pagamento em dinheiro ou cartão de crédito de bandeiras Visa, Visa Electron, American Express e Mastercard. Aline Buaes O piatto favorito do Jô Sapori d’Italia apresenta, nesta edição, um novo e especial tempero. A coluna de gastronomia de Comunità – que já garantia ao leitor a indicação das melhores casas especializadas na cozinha mediterrânea, no Brasil e na Itália –, passa a oferecer, a partir desta edição, um algo mais: as preciosas dicas de personalidades amantes da boa comida italiana de seus restaurantes e pratos preferidos. E a coluna reestréia, em seu novo formato, com um convidado de peso: o apresentador e humorista Jô Soares R io de Janeiro – Jô é assíduo freqüentador de um dos italianos mais tradicionais de São Paulo: o Jardim de Napoli. E, diga-se de passagem, costuma sempre saborear os mesmos pratos. Entre as suas preferências estão o Polpettone, bastante famoso na casa e que tem uma receita guardada a sete chaves pelos proprietários, e a Berinjela à Parmegiana. O Jardim de Napoli fica perto da casa de Jô, no bairro de Higienópolis, e o humorista é velho conhecido dos funcionários do restaurante, acostumados a lidar com as celebridades que vivem no bairro nobre da capital. O lugar também é freqüentado, por exemplo, pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e pela escritora Maria Adelaide Amaral. Trata-se de uma legítima casa napolitana, que desde 1949 procura manter a qualidade e o ambiente familiar. A história do restaurante é narrada em detalhes no livro Alla Napoletana, lançado recentemente pela Editora Boccato, e se mistura à própria história da imigração italiana em São Paulo. A cantina foi fundada por Francesco Buonerba, ou apenas Don Ciccio, que criou o aclamado Polpettone alla Parmigiana, espécie de almôndega de carne empanada com farinha de rosca, recheada com mozzarella, al sugo, com queijo parmesão. O prato mantém o restaurante há anos no topo dos mais recomendados pelos críticos gastronômicos de São Paulo. Os proprietários, que não divulgam a receita, decidiram ir ainda mais longe: — Resolvemos patentear O humorista, apresentador e escritor a invenção. Foi o modo que Jô Soares é fã das massas italianas Melanzana a Parmegiana Ingredientes: Três berinjelas grandes; 500 gramas de queijo mussarela; 500 gramas de queijo parmesão ralado; 800 mililitros de molho ao sugo; 10 ovos; 1quilo de farinha de trigo. Modo de Preparo: Cortar a berinjela em fatias, passar na farinha de trigo, depois passar no ovo batido. Fritar em óleo bem quente, depois reservar em uma peneira para escorrer o óleo. Untar uma forma retangular com o molho al sugo. Fazer camadas intercaladas de fatias de berinjela, mussarela, molho ao sugo e queijo parmesão. Terminar a última camada com mussarela. Colocar no forno aquecido a 180 graus durante 20 minutos. Para finalizar, cobrir com molho al sugo e queijo parmesão. Gerente da casa há quase 50 anos, Adolfo Scardovelli sugere para acompanhar o prato o vinho tinto seco Chianti Classico Castello di Querceto. encontramos para conter a concorrência — explica Chico Buonerba, um dos donos do estabelecimento. Além do Polpettone, Jô Soares também costuma comer um prato mais leve e mais simples de preparar, e que, segundo os proprietários, ele consome com muito mais freqüência: o Melanzana alla Parmeggiana. Serviço: Restaurante Jardim de Napoli Rua Martinico Prado, 463. Higienópolis, São Paulo. Telefone: (11) 3666-3022 Outubro 2007 / ComunitàItaliana 57 La gente, il posto Claudia Monteiro de Castro oma é a cidade das fontes. Passeando pelas praças e pelas ruas, tem sempre aquele fundo sonoro do burbulhar de suas águas. Algumas fontes monumentais, como a Fontana di Trevi, nem precisam de cartão de visita, de tanto que foram fotografadas e filmadas. Mas muitas fontes menores, jóias raras, também têm seu charme. Uma das mais graciosas fontes de Roma é a Fonte das Tartarugas. Fica na Piazza Mattei, no coração no Ghetto, bairro judeu de Roma, no centro histórico da cidade. Construída entre 1581 e 1588, quem desenhou o projeto foi Giacomo della Porta, autor da maioria das fontes romanas construídas no século XVI. Restaurada recentemente, a fonte está tinindo, exibindo seus vários tipos de mármore de cores diferentes: da África, de Carrara e da Turquia. Na fonte há quatro estátuas de bronze de quatro rapazes, todos com uma mão erguida, que tentam tocar as tartarugas que se encontram logo acima. Somente um deles “consegue” tocar a tar- E Claudia Monteiro de Castro R Fonte das Tartarugas Os italianos e as massas xistem mais tipos de macarrão no universo do que supõe nossa vã filosofia. Na Itália, cada região oferece uma grande variedade, diversos formatos, divididos em duas famílias: massa longa, como o spaghetti e massa curta, como o penne. Mas cuidado. Os italianos não brincam em serviço. Massa é papo sério. Não é só ir fazendo a massa e colocar qualquer molho em cima. Cada molho requer um tipo de pasta. E se a combinação for perfeita, os italianos dizem: “è la morte sua”. Assim, o molho carbonara fica ótimo com spaghetti ou rigatoni. Já para a amatriciana (molho de tomate com queijo de ovelha e bacon) o ideal é usar o bucatini, spaghetti gordinho com furinho no meio, pois o molho entra pelo furinho, mistura-se bem e como resultado, nenhuma camisa sobrevive ao splish splash dessa combinação mortal. O cacio e pepe, simplesmente queijo de ovelha com pimenta do reino, fica bom no tonnarelli, um spaghetti mais ondulado. O orecchiette, que como o próprio nome diz tem o formato de pequenas orelhas, fica bom com cime di rapa, uma espécie de primo do 58 taruga. Segundo os estudiosos, trata-se de São João Batista. Uma das lendas populares conta que Antonio Mattei, cujo prédio tinha vista para a praça, mandou construir a fonte da noite para o dia para impressionar o futuro sogro, que titubeava em dar a mão de sua filha a Mattei, nobre, mas squattrinato, ou seja “duro”. Com o ego ferido e louco para conquistar a amada e o sogro, Mattei providenciou a construção da fonte em tempo recorde. Em seguida, chamou a sua amada e seu pai para dar uma conferida no visual, e apreciar da janela a maravilhosa fonte. E disse: “Ecco cosa è capace di realizzare in poche ore uno ‘squattrinato’ Mattei”. E assim, o casamento foi confirmado. Depois, Mattei mandou murar a janela, para que ninguém mais pudesse ter este privilégio. A lenda é pura invenção, afinal, o prédio foi construído em 1616, quase trinta anos depois que a fonte estava pronta. Mesmo assim, os romanos adoram contar essa história. ComunitàItaliana / Outubro 2007 brócoli, e é um dos pratos mais típicos da região da Puglia. E assim por diante. Quer ver italiano chiar? É só inverter as combinações e colocar o molho com a massa errada. Certa vez, no início da minha estadia em Roma, tendo na dispensa e na geladeira poucas opções (ovo, bacon, queijo e fettuccine), só me restou a alternativa de fazer fettuccine alla carbonara. O supermercado estava fechado (ou eu estava com preguiça? Não me lembro). Chamei minha grande amiga italiana, Valentina, que sempre me brindou com ensinamentos culturais, e me iniciou nos mistérios do fogão para saborear minha refeição. Ao ver a pasta pronta ela teve um chilique. Arregalou os olhos, começou a movimentar os braços, protestar, como se eu tivesse acabado de cometer um crime. “Fettuccine com carbonara??!!! Que horror! Não combina!!!” Na Itália, para certas coisas, até existe o jeitinho brasileiro. Mas molho e massa são coisas sagradas. Tem que segurar o impulso de inventar coisas mirabolantes. Na massa deles, ninguém bota mão. Outubro 2007 / ComunitàItaliana 61