La - Comunità Italiana

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La - Comunità Italiana
A
m a i o r
m í d i a
d a
c o m u n i d a d e
í t a l o - b r a s i l e i r a
www.comunitaitaliana.com
Ano XIV – Nº 112
ISSN 1676-3220
R$ 10,90
Rio de Janeiro, outubro de 2007
Chame o
carabiniere!
Às voltas com uma polícia contaminada
por agentes truculentos e corruptos,
o governo brasileiro recorre ao
modelo italiano de segurança
pública para conter o crime
Em edição bilíngüe
Tropa de Elite: exclusiva com roteirista Bráulio Mantovani
fazendo seu papel.
Para falar com nossos representantes,
ligue (21) 2722-0181 ou escreva para
[email protected]
Custódio Coimbra / Ag. O Globo
24
CAPA Lição contra o crime
Dois retratos distintos de uma mesma profissão:
o policial militar. Enquanto no Brasil boa parte da
corporação é vista com desconfiança, na Itália o carabiniere
não só tem o respeito como a credibilidade da população.
O país recorre às táticas italianas de combate ao crime.
Atualidade
Editorial
Líderes e heróis..............................................................................06
Família briga pela herança do tenor Luciano Pavarotti,
morto no mês passado, na Itália, vítima de câncer..........................20
Cose Nostre
Intervista
Júri do Miss Itália 2007 “cria” o quesito bumbum
para dar sua nota final às candidatas do concurso...........................07
Política
Comitiva do Governo do Estado do Rio volta da Itália com promessas
de investimentos em setores estratégicos.................................................14
Economia
Saúde
Pesquisadores italianos acabam de criar um
novo medicamento para o hipertireoidismo......................................36
Cultura
Representantes do cinema brasileiro e italiano
formalizam parceira para produções futuras...................................46
Atualidade
Beppe Grillo
Comediante italiano mobiliza
população criticando as
instituições, os políticos e os
empresários do país
4
38
Anissa Thompson
23
Divulgação
Divulgação
Divulgação
Associação de agricultores italianos cria projeto para
estimular a produção regional e reduzir a poluição....................................18
Bráulio Mantovani, sceneggiatore di Tropa de Elite, parla della
pirateria del film, che era già venduto prima della sua proiezione.....31
Educação
Crise escolar
A exemplo do Brasil, Itália
começa o ano letivo sofrendo com
a falta de professores. Governo
corta 11,5 mil profissionais
ComunitàItaliana
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Moda
Brasília fashion
A capital federal do país começa
a despontar no mundo da moda
com filhos de empresários indo a
Florença estudar na Polimoda
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Turismo
Passeio gastronômico
Empresa de transporte lança
uma novidade em Milão:
jantar a bordo de um trem
conhecendo a cidade
COSE NOSTRE
Julio Vanni
FUNDADA EM MARÇO DE 1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
A
VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani
Publicação Mensal e Produção:
Editora Comunità Ltda.
Tiragem: 30.000 exemplares
E
coa Itália afora um grito de indignação diante do acúmulo de mazelas resultantes de um período um tanto decepcionante de pasmaceira governamental. Não
se trata exatamente de um grito, mas da gargalhada sarcástica do comediante
Beppe Grillo, o principal crítico da política italiana no momento. O sucesso do artista
não ocorre por acaso.
A se levar em consideração a mobilização de multidões em torno de Beppe, os
filhos da bota parecem não estar nem um pouco satisfeitos com os rumos políticos do
país, carente – talvez por razões históricas e sócio-culturais – de uma liderança forte,
de alguém para lhes indicar um rumo, ainda que utópico. Pelo menos essa é a opinião
de uma parcela pensante da população italiana.
Na falta de um líder político legítimo, os italianos se contentam em reagir com
bom humor à fase de estagnação do poder público: elegem Beppe como uma espécie
de messias do deboche, pelo caráter irônico da mais nova
paixão nacional.
O humorista pode ter lá o seu inegável valor, como
pivô de um fenômeno de massa, mas a Itália ainda pode se
orgulhar de possuir não apenas um, mas uma legião de heróis de verdade, ainda que anônimos: os seus carabinieri e
os agentes da Polizia di Stato.
Os carabinieri, em especial, podem se orgulhar de
sua fama internacional. E ainda podem guardar no peito
um valor – baseado nos princípios da autoridade e do respeito públicos – de dar inveja aos policiais brasileiros, por
exemplo.
Policiais militares brasileiros, especialmente os do Rio
Pietro Petraglia
de Janeiro, estão mais acostumados ao desprezo da populaEditor
ção. Quando honestos e trabalhando de fato pela segurança
da população, ainda assim não conseguem se livrar do risco da morte estúpida, da
necessidade de completar o salário em bicos, e de uma terrível má fama impingida a
toda a tropa por culpa de boa parte de seus pares – corrompida e deformada por uma
cultura corporativa da violência.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, marcou um gol e tanto quando
decidiu buscar auxílio na Itália – em meio à missão empresarial no país europeu – para incrementar a segurança pública no estado. O governo federal brasileiro também
não abre mão dessa parceria com a polícia italiana, instituição de mais prestígio em
seu país do que a própria Justiça.
Mas se a imagem da polícia se mantém em alta, não se pode dizer o mesmo da
educação. Difícil explicar o abrupto corte de professores da rede pública de ensino
que prejudica o ano letivo e toda uma geração de estudantes. O que podem esperar
do futuro jovens nascidos no primeiro mundo, mas afetados por um mal comum às
crianças e adolescentes de países menos desenvolvidos, como o Brasil? Tanto estes como aqueles merecem e têm o direito a uma formação digna. Afinal, serão os líderes e
heróis do amanhã. Mas ainda é tempo de o poder público rever os seus conceitos, na
Itália e no Brasil. Boa leitura!
Esta edição foi concluída em:
11/10/2007 às 10:00h
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ComunitàItaliana está aberta às contribuições
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
e estrangeiros. Os artigos assinados são de
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editorial
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori
e sprimono, nella massima libertà, personali
opinioni che non riflettono necessariamente il
pensiero della direzione.
ISSN 1676-3220
ComunitàItaliana
Justiça italiana arquivou a investigação criminal sobre a morte
do ditador Benito Mussolini. Neto do “Il Duce”, Guido Mussolini
questiona a versão oficial sobre a morte do avô, que teria sido executado por um companheiro de partido quando fugia das forças aliadas,
na Segunda Guerra Mundial. Segundo Luciano Randazzo, advogado do
neto do ex-ditador, o caso pode ser levado à Justiça internacional.
Guido Mussolini pensa em deixar a investigação a cargo de um fórum
semelhante ao do Tribunal Criminal Internacional, em Haia. Mussolini
morreu em abril de 1945 e os últimos momentos do ditador são cercados de especulações.
O
s brasileiros encabeçam um ranking das nacionalidades que
mais acreditam em publicidade. A pesquisa foi feita entre 47
países pesquisados pela consultoria Nielsen. Enquanto dois em cada
três brasileiros (67%) disseram confiar em propagandas, os italianos
só perdem para os dinamarqueses na relação de desconfiança. A pesquisa, feita por internet com cerca de 24,5 mil pessoas, teve como
objetivo medir a credibilidade de cada meio utilizado para fins publicitários. Entre os italianos, 32% disseram desconfiar das peças apresentadas e o boca-a-boca funciona melhor que jornais e televisão.
Gastadores
Perversão
U
m estudo da Confindustria, principal entidade
do empresariado italiano, revela que o Parlamento italiano
é o que mais gasta na Europa.
De acordo com o levantamento, o financiamento público
dos partidos custa aos contribuintes 200,8 milhões de euros ao ano. O relatório mostra
ainda que o custo médio do
parlamentar italiano chega a
1,5 milhão de euros. A lista continua com Alemanha,
861.812 euros; França, com
845.622 euros; Reino Unido, com 348.397; e Espanha,
com 257.330 euros. Além disso, cada italiano gasta 16,3
euros para a manutenção da
Câmara dos Deputados. A Itália também ocupa a primeira
posição quando o assunto é o
salário dos seus parlamentares. Os 78 deputados ganham
quase 150 mil euros por ano.
U
Ansa
Diretor: Julio Cezar Vanni
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Brasileiros crêem,
italianos desconfiam
Arquivado
P
referência nacional no Brasil, o bumbum feminino, quem diria, virou quesito de avaliação no concurso Miss Itália 2007.
O estilista argentino Guillermo Mariotto, um dos jurados, pediu
às candidatas que ficassem de costas, pois, segundo ele, isso o
ajudaria em sua decisão. Dito e feito. Na prova dos nove, sagrouse campeã Silvia Battisti, de 18 anos. A festa foi transmitida
pela TV Raiuno. “Se falta essa parte, não posso julgar”, justificou Mariotto. Ele também criticou as candidatas que procuram se
parecer com as norte-americanas que, além de emagrecer demais,
acabam ficando com um bumbum flácido e cheio de estrias. Silvia,
que representou a região de Veneto, nasceu em Verona. Ela tem
1,80 metro de altura e freqüenta o último ano do Liceu Esportivo
(ensino médio no Brasil, com ênfase em práticas esportivas).
Nas areias de Copa
A
seleção italiana de beach soccer desembarca no Rio no próximo dia
30. Os jogadores vão participar do campeonato Mundial de Beach
Soccer 2007, que acontece de 1º a 11 de novembro na praia de Copacabana. A Itália estréia na competição no dia 3. Dois dias depois, será oferecida uma festa no consulado da Itália do Rio para recepcionar os atletas.
Em iate ecológico
O
empresário italiano Luciano Benetton, presidente da grife que
leva seu sobrenome, dará a volta ao mundo a bordo de seu
iate ecológico. O iate de Benetton, batizado de “Tribù”, é a primeira embarcação que obteve o Green Star, certificado de respeito ao
meio-ambiente, que até agora havia sido dado somente a navios de
cruzeiro. Ele é equipado com um sistema de coleta de águas poluídas que são tratadas e retidas durante dias.
ma pesquisa da ECPAT,
organização internacional de combate à prostituição infantil, revelou que
pelo menos 100 mil italianos fazem turismo sexual,
colocando a Itália em quinto lugar no ranking da entidade. A situação é mais grave nos Estados Unidos, na
Alemanha, na França e na
Austrália. Segundo a ECPAT,
geralmente os envolvidos
são jovens, que pagam sem
negociar o preço. Cubanas,
quenianas e venezuelanas
são os principais alvos. Marco Scarpati, presidente da
ECPAT na Itália, diz que os
italianos são responsáveis
por cerca de 20% das propostas de prostituição infantil no Quênia. Eles também fazem turismo sexual
na Venezuela, em Cuba, no
Brasil e na Tailândia.
Elas sonham trair
S
inal de alerta para os maridos italianos. Uma pesquisa feita pela
revista Grazia mostrou que 40% das mulheres gostariam de trair o
parceiro. O levantamento, feito por escrito, contou com a participação
de 15 mil italianas. Mais ainda. Pelo menos 55% delas admitiram já
ter simulado um orgasmo. Para tranqüilizar os maridos, no entanto, a
pesquisa também revela que 80% delas nunca traíram.
É proibido fumar!
A
Itália resolveu entrar na guerra contra o fumo. Dentro da campanha Ganhar Saúde, do Ministério da Saúde, o governo criou o
projeto Estações sem Fumo, cujo objetivo é diminuir o índice de fumantes dentro da gares. O transporte ferroviário no país corresponde
a 50% do tráfego nacional. A campanha abrange 82 estações. O governo também estuda aplicações de sanções para os transgressores.
Entretenimento com cultura e informação
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opinião
serviço
agenda cultural
frases
Salão Nacional do Vinho Novo (Vicenza) – Reunindo produtores para a apreciação da primeira garrafa do vinho novo, o encontro
contribui para o desenvolvimento do conhecimento e comercialização dos vinhos. Em sua última edição, o evento recebeu
7.781 visitantes e contou com
90 expositores. O próximo Salão
Nacional acontece no dia 5 de
novembro, das 10h às 20h. Informações www.vinonovello.org.
Festa das Tradições (SC) – Até o
dia 14 de outubro, as heranças
“Strumentalizzare un problema
serio come l’anoressia per
vendere abbigliamento? Non so
come ciò possa essere accettato
o, peggio, come possa essere
appoggiato”,
“Mangio tutto, faccio sport e
sono sana”,
Silvia Battisti, Miss Italia,
riferendosi alle critiche che riceve
dovuto all’essere molto magra ed
essere chiamata Miss Anoressica.
Alberto Contri, presidente
dell’Associazione Pubblicità
Progresso, parlando della
campagna di Oliviero Toscani che
ha ricevuto l’avallo del Ministero
della Salute italiano.
“C’erano i
tenori e c’era
Pavarotti”,
Fotos: Divulgação
“Non mi fido più di Alonso”,
Franco Zeffirelli,
regista italiano.
na estante
na Yayá (CPC / USP Rua Mayor
Diogo, 353 – Bela Vista) abriga até dia 21 de outubro uma
mostra de trabalhos no campo da gravura da artista Anita
Malfatti. Resultado da parceria
entre o Instituto de Estudos
Brasileiros (IEB-USP) e o Centro de Preservação Cultural, a
coletânea traz impressões póstumas documentais de matrizes, além de outras peculiaridades do trabalho da artista.
A visitação ocorre de domingo
a sexta-feira, das 10h às 16h.
Outras informações podem ser
obtidas no site http://www.
usp.br/cpc/v1/ e através do
telefone (11) 3106-3562.
Ecomondo (Rimini) – Dedicada aos
temas de sustentabilidade energética, a Ecomondo teve nos últimos anos um incremento de
70%. Os visitantes participarão
de apresentações de tecnologias
inovadoras no setor de energias
renováveis, de workshops internacionais e de rodadas de negócios.
De 7 a 10 de novembro. Mais informações: www.ecomondo.com.
click do leitor
Arquivo pessoal
Lewis Hamilton dopo la polemica
iniziata dal pilota spagnolo,
in cui ha rubato informazioni
segrete della Ferrari e
ha danneggiato
la McLaren
nel Mondiale
Costruttori.
culturais deixadas pelos povos
que ajudaram a formar o que hoje é Joinvile serão resgatadas.
Literatura, artes, dança, folclore,
artesanato e gastronomia alemã,
suíça, norueguesa e italiana são
os destaques da festa, que contará com apresentações do grupo
Ragazzi Del Mont e o concurso
Reginella. Local: Sociedade Rio
da Prata, Pirabeiraba. Outras informações: www.promotur.com.
br ou (47) 3453-2663.
Anita Malfatti Gravadora: Uma recuperação (SP) – A Casa de Do-
enquete
Jornal britânico diz que Hamilton exibe o mesmo
estilo de Senna. Você concorda?
Não - 61,5%
Sim - 38,5%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 25 a 28 de setembro.
Anorexia é combatida com campanha
chocante na Itália. Você conhece
alguém que sofre da doença?
Não - 66,7%
Cosa Nostra A história da organização criminosa mais famosa do mundo. A obra de John Sickie narra com detalhes
acontecimentos entorno da
máfia siciliana que, durante
muitos anos, com uma aura
romanesca, permaneceu cercada de mistérios e segredos.
Suas raízes se confundem com
a própria formação do estado
italiano. Edições 70, 485 págs.; R$126.
Diálogos sobre a Tecnologia
do Cinema Brasileiro O livro de
Paulo B. C. Schettino é resultado
de pesquisa realizada com recursos da Fapesp. Refazendo o percurso evolutivo do cinema brasileiro, ele recupera a história da
técnica e dos profissionais que
contribuíram para a construção
do que poderia ter se tornado
uma grande indústria. Ateliê
Editorial, 396 págs.; preço sob
consulta.
cartas
“V
Sim - 33,3%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 22 a 24 de setembro.
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H
omenageio meu pai Henrique com esta linda foto feita em
janeiro deste ano na Piazza S.Marco de Veneza, enquanto eu
morava em Firenze. Mio babbo foi até lá passar o Natal e o Ano
Novo comigo e com nossa família trentina, por isso, demos um
pulinho em Veneza. Os pombos fazem parte do cenário romântico
que envolve a cidade, encantam crianças e fascinam milhares de
turistas. Não imagino a belíssima praça sem a presença dos pombos. Vivam os pombos venezianos...
Aline Nardelli - Angra dos Reis, RJ - por e-mail
Mande sua foto comentada para esta coluna
pelo e-mail: [email protected]
“F
i scrivo per complimentarmi con Ezio Maranesi, autore di
un bellissimo articolo sul voto degli italiani all’estero.
L’articolo dice, finalmente, le cose come stanno e soprattutto arriva “dritto”, senza peli sulla lingua, all’unica conclusione possibile:
quella della riforma della cittadinanza. Grazie Signor Maranesi!”
iquei encantada com a matéria sobre as cidadezinhas medievais conhecidas como Cinque Terre. As fotos mostraram
como elas são lindas, de um colorido surpreendente e de uma
paisagem exuberante. É uma boa dica para quem está com viagem
marcada para a Itália. Valeu mesmo!”
Andrea Amati,
São Paulo, SP — por e-mail
Kátia M. de Souza,
Santos, SP — por e-mail
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opinione
opinione
Libia: l’acqua
del Sahara
Un’iniziativa affascinante e sconosciuta
L
Franco Urani
e vicende della Libia sono
state strettamente legate
a quelle italiane dal 1911 anno della conquista del paese che apparteneva all’immenso
Impero Ottomano – fino all’inizio
del 1943 quando, dopo una lunga
guerra iniziata nel ‘40 con alterne vicende, era stata sgombrata
dall’esercito italiano con gli allora alleati tedeschi ed occupata
dalle truppe inglesi.
La Libia è molto grande territorialmente, circa 1,7 milioni di
Km2, popolazione valutata a un 5
milioni di abitanti prevalentemente di origine arabo/berbera quasi
tutti mussulmani sunniti (all’incirca triplicata negli ultimi 60 anni), concentrata sulla fascia litoranea mediterranea rappresentata
da Tripolitania e Cirenaica, di antica colonizzazione romana, sede
delle principali città, collegamenti
stradali e modesta agricoltura.
Nel periodo di occupazione,
l’Italia si era assai impegnata:
militarmente nel 1911 in Tripolitania e Cirenaica contro le forze turche; poi in una guerra dura, ingrata e poco conosciuta
protrattasi per vari anni dopo il
1930, per l’occupazione dell’interno del paese in gran parte
costituito dall’immenso deserto del Sahara con alcune oasi e
vie carovaniere, contro le bande
armate delle popolazioni native,
operazioni queste dirette prima
dal generale Graziani e poi dal
maresciallo Italo Balbo. Questo
aveva anche promosso una vasta colonizzazione agricola della fascia costiera con immigrazione di famiglie italiane, specie
di origine meridionale, valutabile
a un 200/300.000 persone, che
lavorarono intensamente per la
costruzione dell’infrastruttura,
irrigazione e colonizzazione dei
terreni potenzialmente agibili,
con inevitabili problemi di con-
10
vivenza con la locale popolazione araba.
Quindi, come poi accaduto
su più vasta scala in Etiopia, anche in Libia l’occupazione italiana costituì, nell’ottica fascista di
allora, un serio e vano perseguimento nell’ambito nazionale di
sbocchi di lavoro per il nostro eccesso di popolazione, con ingenti
investimenti senza ritorno per la
sconfitta militare del 1943 e successivo rientro coatto di praticamente tutta la popolazione italiana lì trasferita e pagamento di
pesanti indennità alla Libia.
Dal 1943 al 1951 la Libia fu
occupata dai franco/inglesi, diventando poi uno Stato indipendente e monarchico fino al 1969
quando il Col. Gheddafi depose
con un golpe il Re Idris, instaurando la repubblica e la sua dittatura personale che dura ormai
da quasi 40 anni.
Le relazioni economiche con
l’Italia restarono intense per motivi geografici e tradizioni, perdurando ancora qualche risentimento libico nei nostri confronti,
nonostante le opere realizzate durante il periodo di colonizzazione
e le indennità del post guerra.
La dittatura di Gheddafi, ricca di folclore e autoritarismo,
creò non pochi contrasti internazionali per atti di terrorismo in
cui fu pioniere condannati anche
dall’ONU, evolvendo peraltro da
alcuni anni su posizioni più moderate ed aperte alla collaborazione internazionale.
Infatti in questo paese, che
era considerato poverissimo, si
stanno scoprendo nella zona sahariana ricche ed insospettate
risorse che purtroppo non erano
state rilevate durante l’occupazione italiana.
Innanzitutto, e da tempo,
grandi giacimenti di petrolio e
gas sparsi un po’ in tutto il terri-
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torio libico, con attuale produzione di 1,7 milioni di barili al giorno (all’incirca corrispondente a
quella brasiliana) e riserve finora
appurate di un 40 miliardi di barili. Varie multinazionali operano
nel settore in accordo con il Governo libico e può affermarsi che
tutta l’economia del paese gira
attorno alle esportazioni di petrolio e gas, consentendo un reddito
pro-capite di oltre $ 6.000, assai
elevato per l’Africa, che consente
– nonostante le elevate spese militari e probabilmente del regime
– importanti investimenti nelle
infrastrutture, istruzione, sanità.
La seconda iniziativa di cui
solo ora si comincia a parlare è
quello del GREAT MAN MADE RIVER, e cioè il grande fiume artificiale che, nel suo genere, sarà una delle opere più grandi del
mondo.
L’iniziativa è scaturita dalla
scoperta verso gli anni ‘80, nella
zona dell’oasi di Kufra ai confini tra Libia, Egitto e Ciad, di un
immenso bacino sotterraneo di
acqua fossile a grande profondità che si sarebbe formato tra
40.000 e 20.000 anni fa, quando
il Sahara era una ricca selva tropicale con elevata piovosità.
E’ probabile che esso abbracci, oltre alla Libia, anche le zone circostanti di Egitto, Ciad e
Sudan, ma solo la Libia – per la
stabilità della dittatura Gheddafi, scarsa popolazione, elevati
introiti del petrolio, assenze di
guerre – aveva la possibilità di
buttarsi in questa impresa grandiosa iniziata nel 1984.
Il 23 Agosto 2007 è stata
inaugurata la prima tappa costituita dalla perforazione di 1.300
pozzi d’acqua a grande profondità
e realizzazione del GRAND OMAR
MUKTAR RESERVOIR di cui è iniziato il riempimento, il secondo
maggior lago artificiale del mon-
do con capacità di 25 milioni di
m3. L’investimento, in 23 anni di
lavoro, è stato di circa 14 miliardi di dollari e il 70% delle opere è stato realizzato da imprese
libiche.
Nella seconda tappa che inizia ora, si prevede la realizzazione del cosiddetto grande fiume,
e cioè tubature del diametro di
ben 4 metri che dal lago artificiale raggiungeranno, con un
percorso di circa 2.000 km, varie
località della Tripolitania e Cirenaica con portata di 6 milioni di
m3 al giorno e previsto utilizzo
agricolo per il 70%, che dovrebbe
consentire l’espansione dell’area
coltivata della costa libica dagli
attuali 2 milioni di ettari a 12
milioni (un’area grande quanto
mezzo Piemonte), con possibilità
di emancipare la Libia dall’importazione di alimenti e trasformarla
anzi in esportatrice.
Questa seconda fase dovrebbe durare una decina d’anni e
costare circa 11 miliardi di dollari (ma gli introiti del petrolio
che ha superato quota 80 US$ al
barile, potrebbero essere tali da
consentire di abbreviare i tempi
di realizzazione). E le riserve del
bacino sotterraneo di Kufra sono tali che si parla in Libia di un
progetto in studio che si svolgerebbe nei prossimi 50 anni, beneficiando pure parte della sua
zona desertica.
E’ probabile che il sottosuolo dell’immenso Sahara nasconda
altri tesori d’acqua e che quindi esistano per questo poverissimo territorio possibilità finora impensate di sviluppo, anche
considerando la possibilità, per
l’estrazione e pompaggio, di ricorrere all’energia solare. I problemi per gli altri paesi potenzialmente interessati sono le
guerre intestine, l’esplosione
della popolazione, i governi instabili, la mancanza di fondi. Si
tratterebbe quindi di operazioni
solo risolvibili con profonde revisioni delle politiche interne coniugate ad ingenti investimenti
internazionali.
La Libia, grazie alle sue particolari condizioni, ha comunque il
merito di avere indicato con coraggio e decisione una via importante da perseguire. Speriamo
che questa imponente operazione possa continuare con successo, almeno fino al compimento
della seconda tappa.
Perché sono orgoglioso
del mio paese
Motivi di orgoglio per la terra della DUCATI
N
el 1870 l’accademico delle lettere Celso Affonso
dedicava ai figli un saggio nel quale descriveva
i motivi per cui dovevano essere
orgogliosi del loro paese. “Nessun
paese - scriveva Affonso - è più
degno, più ricco di fondate promesse, più invidiabile” del Brasile. L’opera è un inno alla patria,
ed è citata sia dai nazionalisti
per esaltare i cuori, sia da coloro che, per scherzo, per scherno
o sul serio, non si “ufanano” di
tante cose storte.
Il titolo dell’opera mi tornò
alla mente leggendo le ripetute
vittorie della Ducati nelle corse di campionato del mondo di
moto nella categoria più prestigiosa, la MotoGP. Se alle vittorie della Ducati sommiamo quelle
dell’Aprilia nelle categorie minori, vediamo che le moto italiane
hanno il dominio tecnologico assoluto di fronte allo strapotere
economico delle case giapponesi. Abbiamo di che “ufanarci”.
Nell’immediato dopoguerra,
l’industria italiana nacque e prosperò con prepotenza. L’industria
della moto vantava varie marche:
Guzzi, Gilera, Morini, MV, Laverda, Aprilia e, più tardi, i mitici
prodotti Vespa e Lambretta. Ricordo, con molti rimpianti, il mio
Galletto Guzzi, che partiva solo
“a spinta”. Queste case ebbero la
loro gloria ma soffrirono un rapido declino di fronte all’offensiva giapponese. Honda, Kawasaki,
Yamaha, Suzuky, ecc. copiarono
bene, svilupparono meglio e assunsero il dominio del mercato
mondiale, che ancora detengono.
Le marche italiane sparirono dal
mercato; nel mondo sopravvissero Triumph e Harley Davidson che
valorizzarono il marchio dandogli
caratteristiche proprie.
In Italia il gruppo Piaggio,
diretto da R. Colaninno, raccolse
Ezio Maranesi
negli ultimi anni le nostre marche
gloriose e ne rigenerò alcune. Alla veneta Aprilia (120.000 moto
vendute, 320 milioni di fatturato
nel 2006) è stato dato il mandato
di correre e vincere, e sta vincendo tutto nelle classi 125 e 250. È
già stata e sarà di nuovo campione del mondo. Un miracolo: alla
faccia dei poderosi giapponesi
che le corrono appresso.
Il miracolo Ducati è ancora più sorprendente. L’impresa
bolognese nasce nel 1926, nel
1946 produce il ciclomotore Cucciolo, passa in varie mani e oggi è interamente italiana e indipendente. È una piccola impresa:
1000 dipendenti, 32.000 moto
vendute, 257 milioni di fatturato nel 2006. Corre nella massima
categoria, la più importante, e
sta vincendo alla grande il campionato del mondo, sempre alla
faccia degli attoniti, poderosi
giapponesi, che producono milioni di moto, fatturano miliardi,
investono nelle corse somme da
favola e ingaggiano i migliori piloti, tra i quali il nostro grande
Valentino Rossi, “the doctor”, in
evasione fiscale secondo il fisco.
In un’epoca del mondo in cui
vi sono poche cose di cui essere
orgogliosi, sento orgoglio per la
Ducati. Padano della bassa, emiliano per simpatia, riconosco nei
1000 dipendenti Ducati la mia
gente. Gente che fa le Ferrari, le
Maserati, le Lamborghini, gente
dai gusti forti: culatello, cappelletti, succulente lasagne, parmigiano, aceto balsamico e lambrusco, gente della terra di Verdi,
della cultura della lirica, di fertili
pianure e dolci colline.
Ducati nasce dalla forte passione e dalla competenza, quasi
genetica, per i motori di questa
gente che vive nel fazzoletto di
terra che va da Modena a Bologna, e dalla fede di pochi uomini.
Gli scandali e la noia stanno
seppellendo la Formula 1,
ma il nostro cuore batte
ancora, solo e sempre per la Ferrari. La Ducati, rossa anch’essa,
ci dà forti emozioni e vince più
della Ferrari, contro avversari immensamente più potenti. Ma della Ducati si parla e si scrive poco.
Non fa notizia.
Si parla male dei politici. Prodi, alcuni giorni fa a Porta a Porta [programma televisivo Rai], li
difese dicendo che la società italiana, che li ha votati, non è migliore. C’è qualcosa di vero, purtroppo, in questa affermazione,
ma non posso evitare di pensare
che se l’Italia fosse fatta a immagine e somiglianza di questa piccola grande parte
dell’Emilia, sarebbe una terra
fantastica.
“Se l’Italia fosse
fatta a immagine
e somiglianza di
questa piccola
grande parte
dell’Emilia,
sarebbe una terra
fantastica”
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ComunitàItaliana
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opinione
marco lucchesi / artigo
Il 14 ottobre si vota in Italia e all’estero per le “primarie”
del Partito Democratico. Un tentativo di rispondere alla
progressiva disaffezione della gente nei confronti della politica
I
l 14 ottobre alcuni milioni di italiani partecipano ad
un evento inedito per la già
matura democrazia repubblicana: mi riferisco alle elezioni “primarie” (cioè dirette) del
Segretario Nazionale del ‘Partito
Democratico’ e dei componenti
dell’Assemblea Costituente del
nuovo soggetto politico italiano.
Si tratta di un momento particolarmente importante e degno
di nota, per una serie di fattori:
1- In primo luogo perché è
raro in politica assistere alla nascita di una nuova formazione
che, invece di dividere i partiti
già esistenti, è il risultato della
‘somma’ di organizzazioni forti e
consolidate.
Il PD (Partito Democratico)
nasce infatti dalla sostanziale
unione delle due principali formazioni politiche che sostengono oggi il governo di centrosinistra guidato da Romano Prodi: i
Democratici di Sinistra (DS) e la
Margherita.
2 – In secondo luogo per la
forma scelta per dare vita al nuovo partito e, in particolare, al
suo leader: la decisione, appunto, di far scegliere ai militanti di
base, ai simpatizzanti e non solo
Fabio Porta
agli “iscritti” la linea politica e
la nuova classe dirigente.
3 – Per noi, italiani residenti all’estero, è giusto evidenziare
un terzo elemento di novità: per
la seconda volta (la prima furono
le famose “primarie” che indicarono in Prodi il candidato a Primo Ministro per “L’Ulivo”) siamo
chiamati da una formazione politica ad esprimerci su decisioni
vitali e importanti per il futuro
della politica italiana.
E, in questo caso, anche con
la possibilità di concorrere – con
propri candidati – all’elezione
non solo del Segretario Nazionale
ma anche dei membri dell’Assemblea Costituente del Partito.
Tutti questi dati possono apparire banali, o tuttalpiù questioni interne alla vita di una
organizzazione politica, e quindi non di interesse generale o di
dibattito pubblico.
Non credo sia cosí, e questo
proprio in relazione alla progressiva crisi di disaffezione della
gente, soprattutto dei giovani,
rispetto alla politica.
Un fenomeno, come sappiamo bene, non solo italiano; qui
in Brasile ne abbiamo quotidianamente una riprova, e non cre-
do che Italia e Brasile siano casi
isolati, al contrario.
Esiste in tutto il mondo una
ricerca di un modo nuovo di fare politica, di recuperare la reale
partecipazione dei cittadini alla
vita delle istituzioni democratiche; una questione di non facile
soluzione e comunque vitale per
il futuro della convivenza civile
dei e tra i popoli.
Allo stesso tempo, quasi a
fare da contraltare a questa ricerca, si acutizzano sempre più
i fenomeni dell’antipolitica, la
protesta più o meno giustificata contro tutto e tutti, la rivolta
morale capace sicuramente di delegittimare ma non, con la stessa
energia, di indicare nuove e possibili strade da seguire.
Mi riferisco, per esempio, alla mobilitazione causata in Italia
dall’attore comico Beppe Grillo,
che nel giro di poche settimane ha
saputo coagulare intorno a sé un
sentimento ‘trasversale’ di sfiducia
e distacco dell’opinione pubblica
italiana dalle istituzioni.
La gente è lontana dalla politica o la politica non riesce più a
stare vicino alla gente?
Il dubbio amletico mi fa venire in mente recenti (ma anche
M
Silêncio
e Verdade
eu amigo Viorel Pîrligras, poeta e artista plástico romeno –
impressionado com o que considera excessivo na imprensa
literária de nossos dias – me pergunta se as coisas no Brasil
ainda guardavam algum resquício de pudor, se havia ataques
e difamações em nosso meio e como reagiam os escritores. Disse-lhe de
pronto que o assunto não me interessava. Que aprendi com Machado de
Assis a me ater ao plano da obra e das idéias. Que não atacava ninguém
e tampouco me defendia do que quer que fosse. Bastava-me o trabalho
sério e consciencioso dentro dos livros. O combate de idéias, de dentro,
e não o de pessoas, e além do horizonte ético e literário. Disse que no
Brasil – salvo raras exceções – havíamos alcançado um estágio relevante. Dei a Viorel uma idéia da altura de Machado, a partir de alguns trechos que transcrevo abaixo e subscrevo com todas as minhas forças.
“Não te envolvas em polêmicas de nenhum gênero, nem políticas, nem
literárias, nem quaisquer outras; de outro modo verás que passas de
honrada a desonesta, de modesta a pretensiosa, e em um abrir e fechar de olhos perdes o que tinhas e o que eu te fiz ganhar.”
*
“Estabelecei a crítica, mas a crítica fecunda e não a estéril, que nos
aborrece e nos mata, que não reflete nem discute, que abate por capricho ou levanta por vaidade; estabelecei a crítica pensadora sincera, perseverante, elevada –, será esse o meio de reerguer os ânimos,
promover os estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos;
condenai o ódio, a camaradagem e a indiferença – essas três chagas
da crítica de hoje –, ponde em lugar delas, a sinceridade, a solicitude
e a justiça - e só assim que teremos uma grande literatura.”
*
“Para que a crítica seja mestra, é preciso que seja imparcial – armada
contra a insuficiência dos seus amigos, solícita pelo mérito dos seus
adversários – e neste ponto a melhor lição que eu poderia apresentar
aos olhos do crítico, seria aquela expressão de Cícero, quando César
mandava levantar as estátuas de Pompeu: – É levantando as estátuas
de teu inimigo que consolidas as tuas próprias estátuas”.
*
“O crítico deve ser independente – independente em tudo e de tudo
– independente da vaidade dos autores e da vaidade própria. Não deve curar de inviolabilidades literárias, nem de cegas adorações; mas
também deve ser independente das sugestões do orgulho, e das imposições do amor-próprio. A profissão do crítico deve ser uma luta constante contra todas essas dependências pessoais, que desautoram os
seus juízos, sem deixar de perverter a opinião.”
*
“Criticados que se desforçam da crítica literária com impropérios dão
logo idéia de uma imensa mediocridade - ou de uma fatuidade sem
freio - ou de ambas as coisas; e para lances tais é que o talento, quando verdadeiro e modesto, deve reservar o silêncio do desdém: Non ragionar di lor, ma guarda e passa.”
Grupo Keystone
Maometto e
la montagna
antiche) discussioni all’interno della comunità italiana che
vive in Brasile. Quante volte,
nelle nostre riunioni, abbiamo
criticato o lamentato l’assenza dei giovani dalle nostre associazioni, dagli organismi di
rappresentanza degli interessi
degli italiani all’estero? Fino
a quando, in una di queste riunioni, ci si è domandati se invece di aspettare un’improbabile
e forse ingiustificata partecipazione di una non ben definita
“comunità giovanile” a riunioni
lunghe e noiose non fosse il caso di andare incontro alle giovani generazioni incontrandole
nei loro luoghi naturali di socializzazione: scuole, università, bar, teatri…
Non c’era bisogno di scomodare il solito ‘Maometto e la sua
montagna’, ma quello è stato
fatto e che ha funzionato: sono
testimone e protagonista di alcuni incontri all’interno del nostro Brasile con studenti universitari interessatissimi al rapporto
con l’Italia e – attraverso l’Italia – l’Unione Europea; incontri
avvenuti presso le Facoltà universitarie, in auditorium pieni
di ragazzi impegnati e disposti
a coinvolgersi in attività e progetti concreti.
È di questo che la politica ha
bisogno oggi, in Italia come in
Brasile.
Di un’inversione di marcia
forte e decisa, di un processo di
rinnovamento che sappia ‘partire
dal basso’ non a parole ma con
gesti e iniziative concrete.
Le “primarie” del 14 ottobre
non costituiscono certo l’unica risposta possibile. Si tratta
però di un passo nella direzione
giusta. Dieci, cento, mille passi nella stessa direzione possono
fare la differenza.
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ComunitàItaliana
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Fotos: Carlos Magno
política
Nos corredores da Cofindustria, o presidente da instituição e anfitrião, Luca Cordero di Montezemolo,
acompanha o governador Sérgio Cabral, sendo observado de perto pelo presidente da Firjan, Eduardo
Eugênio Gouveia Vieira e o embaixador do Brasil em Roma, Adhemar Barradian
Missão cumprida:
Itália e Rio de
mãos dadas
Comitiva do governo do Estado que esteve em Roma e Milão volta da Europa com
parcerias firmadas e previsão de investimento da ordem de 50 milhões de dólares
A
Marcus Alencar, do Rio, e Guilherme Aquino, de Milão
ntes de embarcar para a
Itália, liderando a primeira grande missão política e comercial do Estado do Rio, com cerca de 50
autoridades e empresários, o
governador Sérgio Cabral sonhava alto. Mas enfim os seus prognósticos se confirmaram. Cabral
retornou com uma previsão de
investimentos da ordem de 52
milhões de dólares para os pró-
ximos cinco anos, nos setores de
petroquímica, siderurgia, metalmecânica e de infra-estrutura.
Também fechou parcerias nas
áreas de transporte, educação e
segurança pública.
Roma e Milão foram os pólos das negociações durante cincos dias (17 a 21 de setembro).
Na bagagem, um entrave capaz
de prejudicar qualquer diálogo:
a fama internacional de violên-
cia e corrupção no estado. Mas
o governador soube contornar
obstáculos como esse e obteve
do governo italiano até mesmo o
compromisso de colaboração para promover o avanço na segurança pública do Rio.
Cabral fez um balanço positivo da viagem, que começou em
Roma, com uma apresentação do
Rio aos italianos, e terminou em
Milão, onde ficou acertado, para
2008, um fórum de trabalho organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan) e a Confederação das Indústrias Italianas (Confindústria).
Estas mesmas entidades uniram
esforços para viabilizar a visita da
comitiva fluminense à Itália.
No evento do ano que vem,
será a vez de o Rio receber uma
delegação de empresários italianos interessados em abrir negócios no estado. O fórum vai coincidir justamente com o início
dos investimentos no Complexo
Petroquímico de Itaboraí. A Petrobras espera começar a construção da refinaria do complexo
já no próximo ano.
— O objetivo era estreitar
laços econômicos e comerciais.
Hoje, escolher o Rio de Janeiro como o destino desses investimentos é decidir por um local
que reúne um conjunto de oportunidades e soluções únicas, como as vantagens oferecidas em
termos de logística, indústrias,
serviços e belezas naturais —
avalia o governador, para quem
o país oferece um panorama positivo do ponto de vista econômico, além de uma estabilidade
político-institucional.
A agenda do governador foi
atribulada na Itália: fóruns com
empresários e investidores na
Confindústria, encontros políticos, entre eles com o premier Romano Prodi, com o ministro do
Interior, Giuliano Amato e com o
procurador nacional Anti-Máfia,
Emilio Ledone; participação em
eventos culturais; e, claro, uma
audiência com o Papa Bento XVI.
Segundo Cabral, o PIB do estado, que representa 67% do PIB
nacional, se iguala ao de países
como Chile, Colômbia e Israel, o
que demonstra a força econômica
e a diversidade do parque industrial fluminense. Para ele, o anúncio da construção do Complexo
Petroquímico de Itaboraí e a realização de melhorias no Porto de
Itaguaí fizeram com que o estado
aumentasse o seu poder de atrair
investimentos de capital estrangeiro. Além disso, o governador
demonstra confiança no potencial existente em setores-chaves:
— Somos fortes no setor de
petróleo e gás, na siderurgia, no
setor químico-farmacêutico, na
indústria naval e automobilística, no setor gráfico e na indústria de transformação. Somos
também muito desenvolvidos na
área de tecnologia da informação, com uma importante produção de software. Além disso,
possuímos centros de pesquisa
e de desenvolvimento de excelência nas áreas de biotecnologia, energia, informática e em
diversas áreas de engenharia.
A mão-de-obra é extremamente
qualificada.
Para embasar seus dados,
Cabral lembra que a Bacia de
Campos produz 85% do petróleo
nacional (1,6 milhão de barris/dia) e cerca de 22 milhões
de metros cúbicos de gás natural por dia. A produção deve
aumentar para 40 milhões de
metros cúbicos/dia, em 2008.
O governador comemora ainda
o fato de que a Petrobras vai
construir no Rio, até o final do
próximo ano, o primeiro píer no
Brasil para atracação de navios
transportadores de Gás Natural
Liquefeito (GNL). Isso vai garantir, segundo ele, a produção
de 14 milhões de metros cúbicos/dia do combustível.
De acordo com o governador,
o Rio conta, desde 2005, com o
Pólo Gás-Químico de Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense,
onde se produz o gás natural para a fabricação de produtos plásticos. Em torno dele, já se instalaram mais de 30 indústrias de
transformação. E o estado desenvolve também iniciativas na área
de energia renovável, sendo o
precursor na produção de etanol,
utilizado como combustível automotivo, e no desenvolvimento de
tecnologia e implantação de plantas de produção de biodiesel.
Avaliação das rodadas de negócios
Roma – Perspectivas Comerciais
58%
Importação
Exportação
33%
Joint-Venture
33%
Transf. de Tecnologia
33%
25%
Representação
Licença/Franquias
Outras
17%
33%
Fonte: Firjan / Sebraerj
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ComunitàItaliana
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Outubro 2007
— Também existem hoje no
estado sete empreendimentos
para a produção de energia eólica. Passamos por uma fase de
grandes investimentos nessa
área de energia — constata, ao
informar que são previstos investimentos de mais de 50 bilhões
de reais somente nesse setor.
Negócios concretos
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio
Bueno, é outro que se mostra
satisfeito com os resultados da
missão oficial à Itália. Ele integrou a delegação de cinco secretários de estado que realizou
diversos encontros com representantes de entidades empresariais italianas e empresas interessadas em investir no Rio.
Entre os resultados concretos
dos contatos, que envolveram
também empresários fluminenses, está, por exemplo, a instalação de uma fábrica de fogões
industriais da brasileira Falmec (fabricante de coifas), numa joint-venture com a italiana
Smeg. O empreendimento, que
vai demandar um investimento de 10 milhões de reais, abrirá caminho para criação de um
pólo metal-mecânico em Bangu,
na Zona Oeste da cidade do Rio
de Janeiro.
Em outro setor econômico,
a Ecis anunciou a intenção de
investir 20 milhões de dólares
em uma unidade de produção
de equipamentos para o setor
de petróleo – a empresa já tem
a Petrobras como cliente. Para
concretizar essa vontade, pediu
apenas que o governo estadual
a ajude na busca de um parceiro
local e de um terreno adequado
para as suas atividades. Dentro
desse bojo, a Logan C, empresa de soluções de meio ambiente para indústrias poluidoras,
negociou com os italianos cinco
milhões de euros em crédito de
1 - O presidente da Região do
Lazio, Piero Marrazzo, recebe o
governador do Rio em sua sede;
2 - Cabral e o presidente da
Firjan, Eduardo Gouveia discutem
idéias na Embaixada brasileira; 3 Acompanhado pelo bispo Santoro,
Cabral é recebido pelo papa
Bento XVI; 4 - O premier Romano
Prodi ficou durante uma hora com
Cabral na sede do governo; 5 Governador conversa com Letizia
Urbani, representante da
Região de Marche
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Fotos: Carlos Magno
política
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1 - Na Confederação dos Armadores
Italianos (Confitarma), Cabral
conseguiu atrair atenção dos
investidores para as vantagens
oferecidas no setor pelo Estado do
Rio; 2 - No Senado italiano, o vicepresidente da Casa, Milziade Caprili
fala da maior atenção da instituição
em relação ao Brasil; 3 - Vice-ministra
de Educação Mariangela Bastico
elogia planos para rede pública do Rio
carbono. Essa operação vai gerar, pelo menos, 300 empregos
diretos e vai evitar que 1,5 tonelada de lixo chegue, por dia,
ao aterro sanitário de Gramacho,
em Duque de Caxias.
— Foi a viagem mais produtiva que fiz como secretário de
Desenvolvimento. Os italianos
da Ecis querem vir para o país.
Já têm até financiamento bancário aprovado. E a joint venture
entre a Falmec e a Smeg vai criar
40 empregos diretos. Há negociações ainda com a Prima e a
Salvagine, do mesmo setor —
diz o secretário.
Já a Fin, outra empresa do
setor metal-mecânico, também
demonstrou interesse em vir para o Rio. Seu negócio seria a fabricação de helicópteros. E outra
que acendeu o sinal verde para
o estado foi a Eni, esta do setor
petrolífero. O secretário acredita
que o esforço do governo do Rio
em atrair novos investidores estrangeiros e diversificar as exportações fluminenses foi compensador, no sentido de gerar empregos
e renda, incremento econômico e
arrecadação fiscal. Sem falar no
intercâmbio para a busca de soluções em políticas públicas.
16
2
3
Transporte Ítalo-Fluminense
Os italianos também foram convidados pelo governador Sérgio
Cabral a investir no transporte marítimo de passageiros no
Rio. Durante palestra para um
grupo de empresários italianos,
na Confitarma, em Roma, o governador Sérgio Cabral, ao lado
do secretário estadual de Transporte, Júlio Lopes, garantiu que
ainda este ano entrará em operação a linha das barcas Rio-São
ComunitàItaliana
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Outubro 2007
Gonçalo e pediu, sem volteios, a
participação do capital italiano
no projeto.
O secretário Julio Lopes contou que o pedido ocorreu depois
de o executivo do setor naval Rodrigues Cantiello Navalli ter revelado o seu interesse na expansão
das linhas hidroviárias de transporte de passageiros. Segundo
Lopes, o governador não perdeu
a deixa e admitiu haver ainda a
necessidade de parceiros para
poder tocar o empreendimento.
A ligação por barcas entre Rio e
São Gonçalo é uma novela que se
arrasta desde o governo Marcello
Alencar (1994 a 1998). Na época, foi criado o programa de privatização dos serviços públicos
estaduais, que já previa um estudo de viabilidade referente ao
trajeto. O projeto, no entanto,
jamais saiu do papel.
Durante a missão, foram traçadas novas estratégias para
a implantação do trem de alta
velocidade (TAV), popularmente chamado de trem-bala, entre
Rio de Janeiro e São Paulo. Tanto em Roma quanto em Milão,
o governador e o secretário de
Transportes buscaram acordos
na tentativa de viabilizar o projeto. A comitiva esteve reunida
com representantes da Alstom e
da Breda, empresas líderes mundiais no mercado trens de alta
velocidade.
— A visita às instalações da
Alstom e da Breda foi importante. Pudemos conhecer as tecnologias de ponta que hoje existem
no mercado. Enquanto no Brasil
estamos discutindo o primeiro
trem de alta velocidade, muitos
países da Europa já utilizam esse
serviço. A França, por exemplo,
está trocando, a partir de 2009, o
atual sistema por um de altíssima
velocidade, em que os trens atingem mais de 400 km/h. Quando
assinamos a criação de um grupo de trabalho com São Paulo, o
governador José Serra disse que
esse projeto era uma fatalidade
histórica. E é mesmo. O trem-bala entre Rio e São Paulo tem que
sair do papel. E não vamos abrir
mão disso — defendeu Lopes.
Não será por falta de apoio e
de apelo, no entanto, que o governo vai ficar sem o trem-bala.
Em reunião com empresários do
setor de transporte ferroviário, a
comitiva fluminense enfatizou,
inúmeras vezes, a importância
que o projeto tem para estado.
O governador revelou que conta
agora até mesmo com o apoio do
primeiro-ministro do país.
— Tive um encontro com o
premier Romano Prodi que durou
cerca de uma hora. Ele se mostrou
particularmente interessado no
projeto do trem-bala — disse o
governador, e completou: — Ele
demonstrou todo o interesse no
projeto. Entretanto, fiz questão
de esclarecer que isso passa por
um ajuste com o governo federal
brasileiro, afinal a ministra Dilma Rousseff é a coordenadora do
projeto. Expliquei ao premier que
os governos do Rio e de São Paulo criaram um grupo de trabalho
para estimular e produzir resultados rápidos, para tentar tirar o
projeto do papel. Várias empresas
européias presentes no encontro
demonstraram interesse em participar do projeto — revela Cabral.
O governador e o secretário
se reuniram também com representantes da Italplan, empresa
italiana de engenharia que, a pedido do governo federal, elaborou o estudo de viabilidade do
trem-bala brasileiro. Atualmente,
o projeto está servindo de base
para as análises de execução do
empreendimento. Lopes ainda
teve a oportunidade de experimentar o trem de alta velocidade
Roma-Milão, numa velocidade de
200 km/h. O secretário aproveitou para conhecer as instalações
da ferrovia.
A missão fluminense à Itália
foi organizada pela Subsecretaria de Relações Internacionais
do governo estadual, em parceria com Firjan, Confindustria, Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro,
Embaixada do Brasil em Roma,
Consulado brasileiro em Milão,
Embaixada da Itália em Brasília
e Consulado italiano no Rio de
Janeiro. A delegação governamental foi composta ainda pelos
secretários Joaquim Levy (Fazenda), Julio Lopes (Transportes),
Eduardo Paes (Turismo, Esporte e
Lazer) e Nelson Maculan (Educa-
ção), pelo presidente da Faperj,
Ruy Marques, e pelos sub-secretários Ernesto Rubarth (Relações
Internacionais) e Adriana Novis
(Cerimonial).
Promessas para 2008
Para o próximo ano, está prevista
a vinda de uma comitiva italiana ao Rio em retribuição à visita fluminense à bota. A idéia do
evento surgiu em Milão, durante
encontro do governador Sérgio
Cabral com o executivo Luca Cordero di Montezemolo, presidente
da Cofindustria e da Ferrari. O vice-presidente da Promos, agência
especial da Câmara de Comercio
de Milão, e presidente da Associação Italiana do Comercio Exterior, Cláudio Rotti, confirmaram o
interesse dos empresários do país em relação a investimentos futuros na região fluminense.
— Temos uma rede sólida de
contatos entre a Itália e a América Latina. Sabemos que o Rio
tem a segunda economia do Brasil e um papel muito importante.
A esta altura, eu creio que o que
estamos assistindo é uma continuação do que ocorreu em Nova
Friburgo (município fluminense
da Região Serrana), em 2004,
quando firmamos uma parceria
com 12 empresas do setor de
moda íntima e de praia — afirma Rotti.
De acordo com o empresário,
ampliar as relações comerciais
com Brasil é uma das prioridades dos investidores italianos.
Ele diz que a solidi-ficação da
democracia e o bom momento
econômico brasileiro creden-
Avaliação das rodadas de negócios
Milão – Perspectivas Comerciais
56%
Joint-Venture
33%
Exportação
Importação
22%
Transf. de Tecnologia 22%
Representação 11%
Outras
33%
Fonte: Firjan / Sebraerj
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1 - Pelas ruas de Milão, Eduardo
Gouveia, Cabral e o secretário
de Desenvolvimento Júlio Bueno
aproveitam um momento de
relax para saborear um gelato;
2 - Montezemolo brinca e convida
Cabral para ser o próximo piloto
da escuderia Ferrari; 3 - Imprensa
brasileira e italiana acompanharam
de perto a missão
ciam o país como opção para investimentos estrangeiros.
Segundo Rotti, a Promos tem
grande interesse em apoiar o
desenvolvimento de países como o Brasil, já que essa é uma
forma de criar oportunidades
de negócios para empresas italianas. Rotti revela ainda que a
entidade movimentou, somente
em 2006, 6,27 bilhões de dólares no comércio bilateral.
Antes mesmo do encontro de
2008, a Promos já fecha negócios
com o Brasil. Ainda neste mês, a
entidade pretende por à disposição dos seus clientes brasileiros uma linha de crédito de cerca
de 100 milhões de euros. O recurso vai servir para a aquisição
de maquinários italianos. Ciente
dessas negociações, o governador Sérgio Cabral pretende incentivá-las. Segundo ele, o volume
de trocas comerciais entre ambos
os países deve subir para 7,5 bilhões de dólares neste ano.
Outubro 2007
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3
Números da missão
A Firjan realizou uma pesquisa entre empresários e representantes
de empresas brasileiros e italianos
que estiveram nas recentes rodadas
de negociações em Roma e Milão.
Ao todo, houve 292 reuniões de
negócios com o envolvimento de
185 participantes. Dos entrevistados, 89% consideraram o resultado
da missão positivo. E 67% o avaliaram como bom e 22% como ótimo.
Outros 11% não responderam ao
questionário. Em Roma, o valor declarado na pesquisa como a expectativa futura de negociações no Rio
ficou em 73 milhões de euros. Em
Milão, onde foi fechado um negócio na ordem de cinco milhões de
euros (Logan C), essa expectativa
foi de 10 milhões de euros.
ComunitàItaliana
17
economia
economia
Comer, beber
e viver melhor
Itália lança o Menù a KM 0, projeto que valoriza agricultura local e redução da emissão de gás carbônico
pelo menos 15% de produtos locais nos pratos.
Passaram a compor o cardápio
do Vitanova vinho, azeite, frutas,
verduras e a grappa, destilado tipicamente vêneto, adquiridos diretamente dos produtores agrícolas
da região. O queijo grana padano,
servido no restaurante, por exemplo, percorre somente 24 quilômetros; o vinho, 28; o repolho, 16; e
o azeite, 27 quilômetros.
— Pode parecer uma provocação, mas essa iniciativa, além
de promover o território, educa
clientes e proprietários de restaurantes a optarem por produtos da
estação — afirma Franco Pasquali, secretário geral da Coldiretti.
A iniciativa da associação
vem ganhando força e adesão no
país. O circuito Menu a KM 0 já
conta com 15 restaurantes, além
de algumas sorveterias. Neste
setor, a primeira a receber o selo KM foi a San Zeno, no centro
de Verona. P ara preparar as suas
especialidades, o estabelecimento tem utilizado leite, ovos e frutas locais, o que, em tese, acaba produzindo também um saber
bem regional. Caso do sorvete
de amoras de Valpolicella, do de
castanhas das montanhas de San
Zeno e do de cerejas selvagens. O
selo também já foi concedido a
bares de Treviso e até a um refeitório em Rovigo.
Grupo Keystone
omer e beber na Itália está deixando de ser o simples hábito de sentar-se à
mesa. O ingrediente ecológico, nas mãos que adicionam
aos pratos o tempero da vida,
confere, aos poucos, um novo sabor de responsabilidade ambiental à comida italiana. Tal fenômeno resulta, em grande parte, da
iniciativa da Coldiretti – associação que representa os agricultores
italianos – de criar o Menu a KM
0, para incentivar restaurantes a
preparar pratos, preferencialmente, com alimentos de produção
local. O objetivo: diminuir a necessidade de transporte da matéria-prima culinária, para reduzir,
conseqüentemente, a emissão de
gás carbônico na atmosfera.
A idéia surgiu primeiro nos
Estados Unidos. Lá, a chef Alice
Waters, proprietária do Chez Panisse, na cidade de Berkley, introduziu no cardápio do restaurante legumes, frutas e verduras
produzidos pelos camponeses da
região. Ou seja: se os alimentos
da estação são ervilhas, batatas
e maçãs, estes passam a ser ingredientes de suas receitas.
O projeto cruzou o oceano e
foi parar na mesa italiana. Em julho deste ano, o restaurante Vitanova, em Padova, foi o primeiro a receber o selo Menu a KM 0,
concedido aqueles que utilizam
18
ComunitàItaliana
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Outubro 2007
Divulgação
C
Anelise Sanchez
Correspondente • Roma
Mapa da Coldiretti com a localização dos restaurantes e
os trechos percorridos pelos produtores
— Para transportar um quilo
de cerejas argentinas até Roma,
são percorridos 13 mil quilômetros, o que representa uma emissão na atmosfera de 16,2 quilos
de gás carbônico. E os oito mil
quilômetros de viagem feitos por
um quilo de pêssegos da África do
Sul até a Itália lançam no ar 7,4
quilos de CO2 — revela Pasquali.
Mas nem todo mundo parece
satisfeito com o Menu a KM 0. Há
críticas de organismos internacionais, que acusam a Coldiretti
da prática de protecionismo econômico. Isso porque a entidade
tem exercido forte papel na promoção do movimento chamado
Made in Italy no exterior. Parte
dos italianos reclama que a nova política renega o consumo de
produtos importados. A despeito
das ofensivas, a Coldiretti avança
em seu projeto. O próximo passo:
criar uma lei nacional para beneficiar, com a garantia da obrigatoriedade da compra de produtos
locais, creches, escolas e hospitais. Tal proposta já foi assinada
por 25 mil pessoas.
— O conselho da região do
Vêneto demonstra grande interesse pela nossa proposta legislativa, que vem conquistando o
consenso dos cidadãos e dos empresários — sustenta o presidente da Coldiretti Vêneto, Giorgio
Piazza.
Grupo Keystone
S
e a Previdência já era vista como a grande vilã do
déficit público brasileiro,
o governo agora terá que
pisar no acelerador para por em
prática uma reforma do setor. Um
estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), com
base em dados de 113 nações,
fornecidos pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), classifica o
Brasil como o 14º país no mundo
que mais gasta com previdência.
A Itália lidera esse ranking. Mas
não é o que parece.
Pela posição que ocupa na
pesquisa, o Brasil pode ser agrupado junto de países onde, além
da população envelhecida, há o
desenvolvimento avançado do
bem-estar social ou daquilo que
chamam de proteção social. Desse grupo, liderado pela Itália, fazem parte ainda Alemanha, França, Suíça, Bélgica e Suécia. Isso
embora a realidade brasileira ainda esteja muito distante, no que
se refere à qualidade de vida, da
que existe no primeiro mundo.
O Ipea mediu a parte do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país que é destinada à rede
de pensões e aposentadorias. No
Brasil, a previdência consome
11,7% do PIB. De cada dez reais
produzidos no país, um se destina ao pagamento de benefícios.
Na Itália, essa margem chega a
17,6% do PIB.
Os dados utilizados no cálculo incluíram o pagamento das
aposentadorias públicas e privadas, por tempo de contribuição,
e benefícios como a aposentadoria rural e as pensões por idade.
O estudo vai servir de base para discussões e sugestões sobre a
reforma da previdência brasileira.
— É razoável imaginar que um
país europeu esteja numa posição
mais elevada que o Brasil, pois
geralmente é uma economia com
uma população muito mais velha.
Mas dadas às características desses países, deve-se verificar se o
montante do gasto não vai afetar
as reservas e projeções econômicas. Se compararmos a razão de
dependência, veremos que, na Itália, há 30 pessoas com mais de 65
anos, para cada 100 pessoas, entre 15 e 64 anos. Já no Brasil, são
9 idosos para cada 100 pessoas,
entre 15 e 64 anos — explica Marcelo Abi-Ramia, um dos economistas responsáveis pelo estudo.
Tão ágil
quanto
cara
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) revela que a Itália é o país que mais gasta do
seu Produto Interno Bruto (PIB) com a previdência.
Numa lista de 113 países, Brasil ocupa a 14ª posição
Sílvia Souza
Para concluir que os gastos
brasileiros são elevados, além da
razão de dependência, os economistas do Ipea analisaram variáveis como a relação entre aposentadoria e a renda per capita, a
quantidade de contribuintes para
o regime previdenciário, as alíquotas de contribuição e a idade
mínima para a aposentadoria.
O valor médio dos benefícios recebidos por aposentados e
pensionistas brasileiros, em relação à renda per capita do país,
está acima da média dos outros
países analisados. No Brasil, os
benefícios representam 59,4% da
renda per capita. Nos outros países, 48,5%.
Dos 113 países da amostra,
o Brasil e a Itália estão entre os
que não têm limites claros de idade mínima para aposentadoria.
Embora as mudanças mais recentes nas regras brasileiras tenham
estabelecido idade mínima para
quem entra no sistema – o estudo diz que esse fator não é positivo –, não se pode afirmar ainda
se o país tem idade mínima para
aposentadoria. Isto porque ainda
é possível se aposentar apenas
pelo tempo de contribuição.
Os dados reafirmam índices
apresentados por outra pesquisa do Ipea, realizada no início do
ano. Esta revelou que as aposentadorias e as pensões brasileiras
Outubro 2007
/
representaram 70% das despesas
do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) em 2006, recursos
na ordem de 165 bilhões de reais.
Assim como o estudo recente de Marcelo Abi-Ramia e Rogério Boueri, o estudo do Ipea
comprova que as atuais regras de
concessão de aposentadoria e de
pensões contribuem para o déficit previdenciário, que chegou a
42 bilhões de reais, em 2006, e
tem previsão de subir para 47 bilhões de reais neste ano.
— Nosso objetivo é mostrar
outras possibilidades e promover
a discussão do tema. Em se tratando de reformas, Chile, Colômbia e Equador passaram por um
processo de capitalização da previdência. Nesses países, ela deixou de ser financiada pelo estado
para ser paga de acordo com o
acúmulo da contribuição da pessoa beneficiada. Essa transição
reduziu os gastos daqueles países. Mas acho difícil o Brasil fazer essa modificação por causa
dos custos elevados — diz.
Segundo Abi-Ramia, ainda
que o Brasil trocasse o regime de
repartição pelo de capitalização,
num espaço de 10 a 20 anos, não
haveria redução de custos. A contribuição de quem hoje está na
ativa iria para um fundo de aplicação, fazendo o governo perder
recursos da arrecadação.
— Há uma reação em cadeia
no Brasil: o imposto alto cria problemas para os negócios, desestimula a atividade econômica e gera dificuldade de tocar o negócio.
Por outro lado, deixa-se de canalizar recursos para saúde, educação e outras áreas de interesse
que poderiam ser prioritárias.
Trunfos brasileiros
Alheia às questões mais pertinentes à economia de recursos, a
coordenadora do Instituto Nacional de Assistência Social italiana
no Rio de Janeiro, Rita Martire,
não só enxerga pontos positivos
no sistema previdenciário brasileiro, como diz que ele é melhor
do que o italiano:
— Mas quando o tema é uma
comparação entre os sistemas,
são nítidos os avanços no Brasil. O sistema brasileiro é um dos
mais rápidos do mundo. Há casos
de pensões que são liberadas em
20 dias, enquanto para o mesmo
caso, na Itália, demora em média
um ano — diz.
ComunitàItaliana
19
atualidade
Briga pela
herança
do tenor
Patrimônio de Luciano Pavarotti, avaliado em 200
milhões de euros, gera briga entre parentes do tenor
C
Nayra Garofle
onsiderado o maior tenor
do mundo desde o desaparecimento de Enrico
Caruso, em 1921, Luciano Pavarotti se popularizou por
sua capacidade vocal e carisma.
Arrebatou platéias no mundo to-
20
do nos mais diferentes palcos por
onde passou. Agora, pouco mais
de um mês depois da sua morte,
o público assiste a um novo espetáculo. Só que dessa vez, ele
é proporcionado pela família do
cantor, que já começa a brigar
pela herança de mais de 200 milhões de euros deixados pelo
artista. O cantor vendeu
mais de 100 milhões
de discos e era proprietário de vários
imóveis por todo
o mundo – Itália, Mônaco e
Estados Unidos.
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
A disputa pela fortuna veio
à tona depois que a imprensa
italiana divulgou que o cantor
havia redefinido o destino dos
seus bens. No novo testamento,
feito em 29 de julho, Pavarotti recorreu ao tabelião Luciano
Buonanno, na presença de duas testemunhas, para deixar todos os imóveis dos Estados Unidos para a sua segunda esposa,
contrariando, assim, as filhas
e a ex-mulher do primeiro casamento. A família tem negado
a briga, mas o tabelião veio a
público falar que foi obrigado a
aceitar os termos do texto, apesar de ter discordado de alguns
pontos.
Em 1960, Pavarotti se casou
com Ardua Veroni, com quem
teve três filhas, e se divorciou
em 1995. Em 2003, teve a
sua quarta filha com Nicoleta
Mantovani, trinta anos mais
nova, com quem se casou
no mesmo ano. As filhas do
primeiro casamento chegaram a divulgar um comunicado por meio do qual
reclamavam das “falsas
informações e odiosos
boatos que têm circulado
na Itália e em outros países”. Em entrevista à revista
italiana Diva e Donna, Buonanno confirmou o episódio.
No documento – o chamado
“testamento americano” –,
Pavarotti deixa para a mulher
Nicoletta todos os bens nos Estados Unidos.
— Eu não estava de acordo
sobre vários pontos, mas me foi
imposto não modificar nada —
declarou o tabelião à revista.
No primeiro testamento, redigido em 13 de junho, o tenor
determinava a distribuição eqüitativa dos seus bens entre as
quatro filhas. Não se sabe ao certo as razões dessa modificação.
Uma amiga do cantor, inclusive,
chegou a dar uma entrevista ao
jornal La Stampa informando que
o tenor estava cansado das reclamações de sua última esposa e
pensava até em separação. Buonanno afirma ter questionado Pavarotti, antes da assinatura final,
sobre os imóveis e os bens imobiliários de seu patrimônio norte-americano.
— Mas em seu lugar interveio o advogado, afirmando que
o valor dos imóveis estava em
torno de 9 milhões de dólares e
os outros bens em torno de 100
mil dólares. Diante desta afirmação, o cantor arregalou os olhos
e disse que acreditava que o valor fosse muito maior — contou.
Talento nato
Vítima de câncer no pâncreas,
Pavarotti, morreu aos 71 anos em
casa, na sua cidade natal, Modena, em 5 de setembro. O amor
pelo canto veio do seu pai, um
padeiro do Exército italiano, que
ajudou o jovem Luciano a descobrir a sua vocação. Sua carreira
foi um exemplo de que a ópera
não está reservada à elite. A insistência do cantor em popularizar a música erudita recebeu críticas dos puristas. Mas nem eles
discutiram a força de sua voz.
Pavarotti foi professor de escola primária durante 12 anos. Sua
estréia no palco foi nos anos 60,
numa apresentação solo no Covent Garden, em Londres.
— Vai ser muito difícil alguém assumir esse lugar que o
Pavarotti ocupou nos últimos 30
anos. Os outros tenores não têm
a empatia com o público que ele
tinha — afirma Heloisa Fischer,
jornalista e comentarista de música clássica nas rádios CBN e
Mec FM.
Os anos 70 foram de consagração para o tenor. Os nove dós
de peito seguidos que cantou durante La fille du Regiment, de Gaetano Donizetti, no Metropolitan
Opera House de Nova York, em
1972, entrou para história. Nessa
“Eu tenho a
impressão de
que o Pavarotti
vai ser um
caso único”
Heloisa Fischer,
jornalista e comentarista
de música clássica
ocasião, fez inúmeras aparições
em TVs, aumentando sua visibilidade. Já era considerado um dos
ícones da Itália no mundo, quando, em 1998, teve problemas
com a Agência Tributária de seu
país. Não pagou devidamente os
impostos e, três anos mais tarde,
aceitou pagar a dívida: 2,8 milhões de euros. Nos anos 90, sua
popularidade aumentou ainda
mais após uma turnê ao lado de
José Carreras e Plácido Domingo. O ciclo de concertos dos Três
Tenores começou na abertura da
Copa de 1990, na Itália, onde foram vistos por cerca de 800 milhões de pessoas. As vendas dos
discos de ópera dispararam.
Premiado várias vezes com
o Grammy, Pavarotti também ficou famoso por seu espírito solidário. O trabalho humanitário
ficou mais visível em 1993. Na
ocasião, ele decidiu organizar o
primeiro de seus concertos beneficentes Pavarotti & Friends. Passou a realizar eventos anuais, em
colaboração com artistas pop como Elton John e Bono (U2), até
2003. Ganhou o título de Embaixador da Paz das Nações Unidas.
No Brasil, se apresentou sete vezes. A última vez foi em
2000, quando cantou ao lado de
Maria Bethânia e Gal Costa, na
Bahia, como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento. Com o trio de tenores, também se apresentou em
São Paulo. O câncer começou
a lhe afetar em 2006, o que o
obrigou a cancelar vários compromissos, entre os quais um
show com Roberto Carlos, marcado para Belo Horizonte.
O Consulado Geral da Itália
do Rio de Janeiro abriu um livro de condolências em razão
da morte do cantor que será enviado para a Itália. Segundo o
cônsul Massimo Bellelli, muitas
pessoas prestaram suas homenagens. O governo italiano anunciou que os teatros Scala, em Milão, e o de Modena, reeditarão,
em 2008, o concurso internacional de canto Luciano Pavarotti,
cujo vencedor vai atuar nesses
palcos. A Câmara Municipal do
Rio de Janeiro também fez uma
sessão solene em homenagem ao
tenor. A prefeitura da cidade, por
sua vez, vai construir uma praça
com o nome do cantor.
Fluminense canta com o ídolo
Em 1982, o concurso teve como
vencedora a soprano Leila Guimarães. Nascida em Volta Redonda, na Região do Médio Paraíba
do Estado do Rio, ela é a única
artista brasileira de canto lírico
detentora de um Emmy – o Oscar da TV. O prêmio foi recebido
por sua atuação em La Bohéme,
na Academy of Music of Philadelphia, quando cantou ao lado de
Pavarotti.
— O Pavarotti é representativo não só pela arte dele, que
ficará registrada para o resto de
nossas vidas, mas por ter sido um
incentivador de cantores novos
— diz a soprano.
No dia 4 de outubro, o Consulado Geral da Itália do Rio de
Janeiro e o Instituto Italiano de
Cultura homenagearam o tenor
com projeções de trechos da entrevista que o astro deu ao jornalista Roberto D’Ávila. Leila e seu
marido, o crítico musical Marcus
Góes, também estiveram presentes no evento.
— Fiquei muito emocionada.
Achei belíssimo porque causou
emoção nas pessoas. Discutiu-se
- 1990 – O tenor cantou, ao lado de José Carreras e Plácido Domingo, na abertura da Copa do Mundo, na Itália.
- 1993 – Pavarotti cantou para mais de 500 mil pessoas em Nova
Iorque e 300 mil em Paris.
- Guinness Book – Está no livro dos recordes como o homem mais
aplaudido (12 minutos), sendo obrigado a voltar ao palco 165
vezes. Ao lado dos dois tenores espanhóis, ostenta o recorde do
disco de música clássica mais vendido de todos os tempos.
- O cantor vendeu mais de 100 milhões de discos.
a voz , a arte dele e o ser humano
que foi Pavarotti. Foi uma noite
significativa e um presente muito bonito do Consulado italiano.
A figura dele que não morrerá
nunca. Por duas vezes encontrei
com ele na Itália vezes. Ele era
um ser humano alegre. Gostava
de fazer piadas. As quatro coisas
que ele amava era: música, cavalos, comida e futebol. Portanto,
os assuntos dele sempre giravam em torno disso — revela
a soprano, que morou 12 anos
na Itália.
Para o crítico musical Marcus
Góes, ele era o grande representante da música clássica:
— Ele atraía o público, tornava maior as audiências dos espetáculos nos teatros e nas arenas. Ele, com sua capacidade de
comunicação, contribuía para a
divulgação de uma arte que é fácil de se chegar ao grande público — afirma o crítico, que diz
Outubro 2007
/
Cantor descansa após apresentação
em palco italiano. Soprano Leila
Guimarães, que ganhou concurso
internacional, se apresenta ao lado
de Pavarotti na peça La Bohéme, na
Academy of Music of Philadelphia
que os tenores são artigos de exportação da Itália.
O crítico relembra ainda que
o tenor, pouco antes de morrer,
disse: “Ricordati me per la mia
voce”.
— Ele não queria ser lembrado por outras coisas se não por
sua voz . Ela era muito bem colocada, muito bem emitida, dentro de uma tradição de pronúncia
emiliana, que é sua origem. Ele
nasceu em Modena. Lá, há uma
tradição de pronúncia aberta dos
sons das vogais da língua italiana. Isso foi se unir ao aparelho
fonador dele. Dessa união, nasceu uma das vozes mais bem postadas da história do canto lírico
— avalia Marcus Góes.
ComunitàItaliana
21
articolo / notizie
atualidade
La finestra
Daniele Mengacci
[email protected]
Stampa estera:
Pluralità di informazioni
Q
Grupo Keystone
uando le opinioni espresse
in questa rubrica saranno in
edicola, il nuovo palinsesto di
Rai International sarà operativo.
Frutto di un accordo tra il
Governo e la Rai, il canale dedicato agli italiani all’estero si diversifica e si moltiplica per realizzare un desiderio di Romano
Prodi: migliorare la quantità e
qualità dell’informazione italiana
all’estero e dare spazio a quella
proveniente dall’estero in Italia.
Rai International potenziata
sarà visibile anche in Italia, avrà
un canale di notizie, uno dedicato al meglio della produzione
Rai e uno di sport; diminuirà gli
aspetti turistico-gastronomici e
folcloristici della gestione precedente per offrire allo spettatore
una visione dell’Italia più attuale
e reale.
Il Presidente del Consiglio,
a suo tempo, si era lamentato
della poca quantità di notizie
sull’Italia presentata dai media
stranieri e, in occasione dell’accordo, ha dichiarato: “La firma
della convenzione, (…) rappresenta la prima tessera di una politica più ampia e complessa che
io voglio attuare per quanto riguarda il potenziamento degli
strumenti dell’informazione”.
Alcune considerazioni vanno fatte, sapendo che il Potere
non ama molto la stampa libera e
sempre trova modo di ammansirla, coccolarla se non minacciarla.
La prima considerazione è
sulla questione della pluralità
dell’informazione, che deve essere garantita soprattutto quando
22
si tratta di un media in mano al
Governo, come saranno, di fatto,
l’informazione, la scelta e il modo di proporre le notizie. Poi si
attribuiranno i tre canali con criteri antichi, secondo le pressioni
dei partiti di maggioranza. E come reagirà l’opposizione?
Il grande dubbio è che, come
sta accadendo in Brasile con la
TV Lula diretta da Franklin Martins, il nostro prode Prodi tenti
di avere, a spese del contribuente, la sua televisione personale.
In parallelo all’accordo con la
Rai, il Governo ha stipulato un
accordo con l’agenzia Ansa, trascurando altre agenzie nazionali,
come Adn Kronos, o internazionali come Reuter, dando così un
segnale di parzialità.
La stampa italiana all’estero, che garantisce una pluralità
di informazioni, rimane la cenerentola dei media. Il Governo ha preparato in agosto un
Disegno di Legge per riformare
tutto il settore dell’editoria, ma
poco spazio ha dato alla stampa estera.
Un progetto di legge dell’On.
Merlo, eletto nella circoscrizione
America Meridionale, propone il
raddoppio dei fondi da quattro a
otto milioni di euro.
La distribuzione dei contributi è sempre avvenuta con il sistema detto “a pioggia”, eufemismo
di distribuzione per criteri partitici, una razionalizzazione della loro attribuzione, imponendo
una certificazione della distribuzione reale dei media che sarebbe opportuna, come lo stanziamento di fondi per la formazione
dei giornalisti.
Come il Governo, ed il Parlamento, decideranno di trattare
la stampa estero sarà una prova
dell’interesse, o della indifferenza, della Casta verso gli elettori
italiani nel mondo.
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
Ex-impiegato fa causa di 700mila
reais all’Ambasciata italiana
L’
amministratore di imprese Marco Antinoro ha deciso di fare causa all’Ambasciata d’Italia a Brasilia. Per oltre 28 anni, ha coperto una serie di funzioni all’interno dell’organo. Ma
nel settembre 2005 è stato licenziato senza giusta causa. La sua
sorpresa è stata ancor maggiore quando ha dovuto omologare
la sua rescissione contrattuale. Nell’indennizzo, secondo lui, non
constavano né il pagamento del Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), né le ferie. Senza pensarci due volte, Antinoro ha
intrapreso una vertenza giudiziaria nel 2006. Agli inizi di questo
mese, la giustizia ha battuto il martello a suo favore e ha calcolato la rescissione in circa R$ 700mila. Ma l’amministratore sottolinea: - Non ho ancora ricevuto nulla.
Malgrado la giustizia abbia dato una scadenza di 48 ore per
l’adempimento della prima sentenza, finora l’ex impiegato 56enne non ha ancora visto un soldo. Sorrette da accordi diplomatici
firmati da più di quarant’anni, molte ambasciate e organi internazionali non rispettano la Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
legislazione che regola in Brasile la contrattazione di lavoratori
formali. Nonostante nel 1990 il Supremo Tribunal Federal (STF) abbia creato una giurisprudenza che permette alla giustizia del lavoro di aprire processi contro questi organi, la Convenzione di Vienna garantisce ancora alle ambasciate l’immunità di esecuzione.
Secondo l’accordo firmato, i locali della missione, i mobili e
altri beni in essi contenuti, così come i mezzi di trasporto, non
potranno essere oggetto di indagine, requisizione, pignoramento
o misura di esecuzione. In pratica, ciò significa che i lavoratori
riescono pure ad avere i loro diritti riconosciuti dai tribunali, solo
che l’indennizzo alla fine non viene pagato.
– Ho sempre lavorato con grande dedicazione e non sono stato rispettato quando sono stato mandato via – reclama.
La lite giudiziaria di Antinoro contro l’Ambasciata d’Italia dura già da quasi due anni. Durante il periodo in cui ci ha lavorato,
ha firmato successivi contratti di lavoro, rinnovati annualmente.
All’epoca del suo licenziamento la scusa è stata il taglio di costi.
– Quando sono andato a prelevare il mio FGTS, c’erano soltanto i valori referenti al 2005. Sono andato a far valere i miei diritti in tribunale. Dopo 28 anni, ti mettono in mezzo ad una strada
senza nessuna spiegazione né diritti – si lamenta.
L’Ambasciata d’Italia ha informato che da dieci anni segue la
legislazione del lavoro brasiliana, contrattando nuovi impiegati che
ricevono i contributi. La determinazione è partita dal governo italiano. Però gli impiegati di più vecchia data rimarranno sotto la legislazione italiana. Nel caso di Marco Antinoro, la rappresentazione
ha informato che è in atto un ricorso alla sentenza e che, nel caso
sia condannata in ultima istanza, accetterà la decisione. (F.L.)
Agrifood: sussidi
per imprese brasiliane
L
a Câmara de Comércio Italiana di Minas Gerais offre sussidi ad imprese brasiliane del settore agroalimentare per participare all’Agrifood. L’evento sarà tra il 16 e il 19 novembre, in Italia, ma gli imprenditori interessati a ricevere i sussidi dovranno entrare in contatto con
la Câmara entro il 12 ottobre, data in cui si chiudono le iscrizioni. In
questa seconda edizione, produttori ed imprenditori avranno l’opportunità di conoscere il Made in Italy, che consiste nell’uso e promozione
di prodotti tipici italiani. Secondo la Coldiretti (organizzazione agricola italiana), nel 2006 il settore agroalimentare ha fatturato 110 miliardi di euro, il che rappresenta una crescita del 2,8% in rapporto al
2005. Il Made in Italy agroalimentare occupa il terzo posto in prodotti
organici nel mondo dopo l’Australia e l’Argentina.
Quando um
comediante
incomoda
muita gente
Beppe Grillo reúne multidões e denuncia a apatia da política italiana
E
le arrasta milhões de jovens
pelas praças, mobiliza eleitores, desestabiliza a inércia do atual governo e põe
à prova a suposta imparcialidade dos meios de comunicação da
Itália. Não se trata de um astro
do rock ou de um futuro aspirante
à política. O fenômeno em questão atende pelo nome de Giuseppe Piero Grillo, o Beppe Grillo.
O comediante organizou recentemente o evento denominado
V-Day, com V de vaffanculo (palavrão italiano). Milhares de pessoas lotaram as principais praças
italianas para aderir à proposta:
criar um parlamento decente.
Foram recolhidas mais de 300
mil assinaturas para uma petição que defende, por exemplo,
a recusa da candidatura de políticos condenados pelo tribunal
italiano e um número limitado
de mandatos para os membros
do Parlamento. Caso a proposta
conquiste 500 mil assinaturas,
assim como exige a lei italiana,
poderá ser submetida a um referendo popular.
Anelise Sanchez
Correspondente • Roma
— A manifestação foi organizada no dia 8 de setembro para lembrar que nesta data, em
1943, o rei fugia do país e a nação estava perdida, e até hoje
nada mudou — comenta Grillo.
O êxito do V-Day gerou polêmica. Alguns políticos e parte da
imprensa chamaram Grillo de demagogo e o acusaram de populismo. Outros analistas consideram,
no entanto, o seu radicalismo um
alarme inegável da insatisfação
popular. Basta pensar que mais
de 34% dos italianos declararam
a intenção de votar em Grillo, caso ele se candidatasse.
— Isso demonstra que se antes eram os leitores de esquer-
da que protestavam contra um
governo de direita, hoje aqueles
que elegeram Romano Prodi aumentam a voz contra o governo
— comenta Paolo Mieli, diretor
do Corriere della Sera.
O blog do comediante na internet (http://www.beppegrillo.
it) é um dos mais visitados na Itália, com cerca de 200 mil acessos
diários, segundo dados do site de
buscas Technorati. Transformouse em tempo recorde num poderoso canal de comunicação para
os italianos descontentes com o
imobilismo e a apatia da classe
política italiana.
Depois de cinco anos de governo Berlusconi, parte da popu-
Outubro 2007
/
lação esperava, com a esquerda
no poder, que muitas promessas
de campanha fossem cumpridas.
Permanecem, no entanto, ainda
pendentes: a luta contra o trabalho precário, o reconhecimento da união de homossexuais,
a aprovação do chamado testamento biológico e a menor ingerência do Vaticano no país. Nesse
contexto, Beppe Grillo e outros,
como Nanni Moretti, cineasta e
organizador de diversos comícios
contra Silvio Berlusconi, evidenciam como a Itália de hoje tem
sede de mudança.
Valentina Colaiori, romana de
32 anos, lamenta a dificuldade de
encontrar um trabalho e confessa
sua preocupação com o futuro.
— Apesar do diploma universitário, é difícil ser chamada para
uma vaga que não seja de estágio não remunerado — desabafa,
e prossegue: — Se um personagem como Grillo se auto-declara
o porta-voz de pessoas como eu,
não o recrimino.
Apresentador do Festival de
San Remo de 1978, Grillo já era
famoso quando foi considerado
pela edição européia da revista
Time um dos heróis de 2005 no
setor da informação. Isso porque
se tornou porta-voz da indignação popular diante das denúncias
que geraram a falência da Parmalat, em 2003.
Beppe Grillo também representou um sério incômodo para Marco Provera, ex-presidente
da Telecom Italia, durante a sua
gestão na empresa. O comediante solicitou aos italianos que
transferissem para ele o poder
de suas ações minoritárias da
companhia, para criar um impasse nas negociações da empresa,
ao evitar que decisões como a da
venda da holding Olimpia fossem
tomadas, exclusivamente, pelos
acionistas majoritários.
— Venci doze causas contra
a Telecom acusando a empresa
de roubo e furto — diverte-se
Grillo.
ComunitàItaliana
23
capa
capa
Custódio Coimbra / Ag. O Globo
Heróis e vilões
usam farda
Eroi e antieroi usano la divisa
Paula Máiran, Anelise Sanchez (Roma),Nayra Garofle, Aline Buaes e Silvia Souza
N
ão foi à toa que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decidiu recorrer à Itália para tentar avançar no
combate à violência e ao crime organizado no estado. O Rio, ou melhor, o Brasil inteiro tem mesmo muito a
aprender com o país que asfixiou a máfia com a Operação Mãos Limpas. Entre tantas lições, a principal e mais
difícil de aprender talvez seja a que se refere à construção de uma imagem digna e respeitada do profissional de
segurança pública. Se no Brasil a população manifesta histórica desconfiança em relação a policiais – identificados como exemplos
de ineficácia, truculência e corrupção –, na Itália esses profissionais são tratados como heróis nacionais, mais valorizados pela
opinião pública do que magistrados, por exemplo.
Basta comparar a reação popular à morte de policiais em cada país para se ver o tanto que a realidade brasileira dista anos
luz da italiana. Causou comoção pública em toda a Itália e ocupou as manchetes dos jornais do país a morte, em fevereiro deste
ano, do inspetor de polícia Filippo Raciti, de 38 anos, vítima de bomba em conflito após um jogo de futebol em Catania, na Sicilia.
Na ocasião, o Campeonato Italiano foi suspenso, em luto. O caso – por sua gravidade – levou ministros e parlamentares ao
sepultamento do policial. As leis de segurança em estádios no dia seguinte ao da sua morte já haviam se tornado mais duras.
No Brasil, o assassinato de policiais é assunto banal, ainda mais em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Neste
último estado, por exemplo, morre um policial a cada três dias, em média. Em abril, um cinegrafista amador flagrou o assassinato,
com seis tiros, do soldado da Polícia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, de 27, em tentativa de assalto, no Engenho de Dentro,
Zona Norte do Rio. No vídeo – exibido no www.diariodeumpm.net – aparece o policial, ferido, banhado em sangue, cambaleante,
pedindo socorro pelas ruas. Ignorado por pedestres e motoristas, ele quase foi atropelado, até cair de vez numa calçada.
O Brasil tem a aprender com a Itália especialmente no que se refere ao combate à corrupção policial. Esta alcançou níveis
preocupantes na década de 80 e no início da década de 90, mas atualmente se mantém sob controle, com um índice que não
ultrapassa 4%, segundo dados oficiais. Enquanto isso, no Brasil...
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N
on è un caso che il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abbia deciso di ricorrere all’Italia per tentare di
migliorare la lotta alla violenza e al crimine organizzato nello stato. Rio, o meglio l’intero Brasile, hanno davvero
molto da imparare dal paese che ha asfissiato la mafia con l’operazione Mani Pulite. Tra le tante lezioni, la
principale e più difficile da imparare forse sarà quella che si riferisce alla costruzione di un’immagine degna e
rispettata dei professionisti della pubblica sicurezza. Se in Brasile la popolazione manifesta una storica sfiducia nei poliziotti
– identificati come esempio di inefficienza, truculenza e corruzione –, in Italia questi professionisti vengono trattati come eroi
nazionali, più valorizzati dall’opinione pubblica dei magistrati, per esempio.
Basta paragonare la reazione popolare alla morte di poliziotti nei due paesi per vedere che la realtà brasiliana è a anni luce di
distanza da quella italiana. Ha causato commozione pubblica in tutta l’Italia e ha riempito i titoli dei giornali del paese la morte, nel
febbraio di quest’anno, dell’ispettore di polizia Filippo Raciti, 38, vittima di una bomba in uno scontro avutosi dopo una partita di
calcio a Catania, in Sicilia. Allora, il campionato italiano è stato sospeso, in lutto. Il caso – dovuto alla sua gravità – ha portato ministri
e parlamentari al funerale del poliziotto. Le leggi di sicurezza negli stati all’indomani della sua morte erano già diventate più dure.
In Brasile, l’omicidio di poliziotti è tema banale, ancor di più in metropoli come San Paolo e Rio de Janeiro. In quest’ultimo
stato, ad esempio, muore un poliziotto ogni tre giorni, in media. In aprile, un videoamatore ha ripreso l’omicidio, causato da sei
spari, del soldato della Polìcia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, 27, in un tentativo di rapina, a Engenho de Dentro, zona
nord di Rio. Nel video – disponibile in www.diariodeumpm.net – si vede il poliziotto ferito, immerso nel sangue, mentre barcollando
chiede aiuto per la strada. Ignorato da pedoni e automobilisti, è stato quasi investito prima di cadere sul marciapiede.
Il Brasile può imparare dall’Italia specialmente ciò che riguarda la lotta contro la corruzione poliziesca, che ha raggiunto
livelli preoccupanti negli anni ’80 e agli inizi degli anni ’90, ma che ora si mantiene sotto controllo, con indici che non passano
il 4%, secondo dati ufficiali. Al contrario, in Brasile...
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Gabriel de Paiva/Agência O Globo
capa
Polícia do Rio enfrenta protesto
de moradores após morte de um
menor no Morro da Mangueira
Tropa de Choque de São Paulo
invade a Faculdade de Direito da
USP para retirar universitários
Vinicius Pereira / Diario -SP
Polizia di Rio affronta protesta
di abitanti dopo la morte di un
minorenne nel Morro da Mangueira
Tropa de Choque di San Paolo
invade la Faculdade de Direito della
USP per portare via gli universitari
Uma corporação de respeito
No imaginário coletivo italiano,
nenhuma outra categoria profissional impõe tanta autoridade e respeito quanto a polícia.
Segundo pesquisa realizada em
maio deste ano pelo Istituto Piepoli S.pA, a confiança nos policiais supera aquela dedicada aos
magistrados e ao próprio Parlamento. Do universo de mil cidadãos entrevistados, 84% declararam confiar na polícia e 70%
afirmaram que a própria sensação de segurança aumentou ou
tem permanecido estável nos últimos meses.
Não por acaso, os programas
de televisão italianos que fazem alusão a tais profissionais,
apresentam altos índices de audiência. Refletem a preferência
nacional. Carabinieri, Distretto
di Polizia, Gente di Mare, Il maresciallo Rocca e Don Matteo são
apenas algumas das séries protagonizadas por personagens que
representam as mais importantes instituições italianas de segurança; a Polizia di Stato e a
Arma dei Carabinieri, além das
forças armadas.
O sucesso indiscutível de
atores como, por exemplo, Luca
Zingaretti, intérprete do comissário Salvo Montalbano – personagem criado pelo renomado
escritor siciliano Andrea Camilleri – tornou-se tema de debate
em âmbito acadêmico. “A imagem transmitida pelos personagens de tais séries televisivas
contribuem com a construção
de uma relação de confiança
entre instituições e cidadãos”,
comenta Milly Buonanno, docente de sociologia dos Processos Culturais e Comunicativos
da Universidade La Sapienza,
de Roma.
Una corporazione di tutto rispetto
Nell’immaginario collettivo italiano nessun altra categoria di
professionisti impone così tanta
autorità e rispetto quanto la polizia. Secondo sondaggi fatti nel
maggio di quest’anno dall’Istituto
Piepoli S.p.A., la fiducia nei poliziotti supera quella goduta dai
magistrati e dallo stesso Parlamento. Dell’universo di mille cittadini intervistati, l’84% dichiara
di avere fiducia nella polizia, e il
70% dice che la sensazione di sicurezza è aumentata o è rimasta
inalterata negli ultimi mesi.
Non è per caso che i programmi televisivi italiani che alludono
a questi professionisti presentino
alti indici di audience. Riflettono la preferenza nazionale. Carabinieri, Distretto di Polizia, Gente di Mare, Il maresciallo Rocca e
Don Matteo sono soltanto alcune delle fiction i cui protagonisti
rappresentano le più importanti
istituzioni italiane di sicurezza:
la Polizia di Stato e l’Arma dei Carabinieri, oltre alle Forze Armate.
L’indiscutibile successo di
attori come, ad esempio, Luca Zingaretti, che interpreta il
commissario Salvo Montalbano
– personaggio creato dal famoso scrittore siciliano Andrea Camilleri – è divenuto tema di dibattiti nel mondo accademico.
“L’immagine trasmessa dai personaggi di queste fiction contribuisce alla costruzione di un
rapporto di fiducia tra istituzioni e cittadini”, commenta Milly
Buonanno, docente di Sociologia
dei Processi Culturali e Comunicativi dell’Università La Sapienza, di Roma.
L’immagine del poliziotto è
così importante per la popolazione che la morte dell’ispettore di polizia Filippo Raciti, durante una partita di calcio tra le
squadre Catania e Palermo, ha
fatto muovere intere folle durante il suo funerale. Fenomeno di
un’Italia che si rifiuta ad abituarsi alla violenza.
Fascino sui giovani
L’Arma dei Carabinieri è stata
fondata il 9 agosto 1914 da re
Vittorio Emanuele I di Savoia
e, quest’anno, festeggia il suo
193o anniversario. Agli inizi,
l’Arma contava su 805 uomini,
di cui 476 a cavallo e 327 a terra, ma oggi conta su 118mila
uomini.
I carabinieri continuano ad
affascinare migliaia di giovani. Gli uomini che appartengono all’Arma svolgono pattuglie
militari in territorio nazionale e
all’estero, difendono la sicurezza
delle sedi diplomatiche e garantiscono la sicurezza pubblica italiana. Ogni membro assume uno
dei cinque incarichi previsti (ufficiali, ispettori, sovrintendenti,
appuntati e carabinieri) e ogni
incarico viene suddiviso in vari
livelli gerarchici.
Il percorso per diventare un
carabiniere prevede l’iscrizione
a concorsi pubblici per l’Accademia Militare. I requisiti includono l’obbligo di essere cittadini
italiani, un’età massima di 32
anni e una statura non inferiore a 1,70 per gli uomini e 1,65
per le donne, e studi superiori
completi.
Invece la Polizia di Stato, che
spesso eserce funzioni analoghe
a quelle dell’Arma dei Carabinieri, dispone di circa 200mila uomini. I suoi obiettivi: proteggere
A figura do policial é tão importante para a população que a
morte do inspetor de polícia Filippo Raciti durante uma partida
de futebol entre os times Catania
e Palermo movimentou multidões
durante o seu funeral. Fenômeno
de uma Itália que se recusa a se
acostumar com a violência.
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análogas àquelas da Arma dei Carabinieri, tem cerca de 200 mil
homens. O objetivo: proteger os
cidadãos em setores especializados (polícia rodoviária, ferroviária, marítima, científica, imigração e comunicações).
A carreira de carabiniere ou
o ingresso na Polizia di Stato são
muito disputados. A remuneração
fixa de um membro da Arma varia de 15 mil euros anuais para um
carabinieri a 23 mil euros (bruto)
anuais para um tenente-coronel.
Na Polizia di Stato, o salário médio
é de 1.100 euros mensais, mais a
indennità di rischio, soma que oscila de acordo com o tipo de risco enfrentado. O valor do seguro
pago à família de um carabiniere
morto em serviço também varia de
acordo com a causa da morte.
Cada carabiniere dispõe de
um revólver Beretta modelo 92
FS, uma metralhadora Beretta
modelo PM 12 S2, um fúzil Beretta 70/90 e uma metralhadora
leve FN Minimi. Em missões especiais, o seu armamento inclui
uma metralhadora heckler & Koch MPS, um fúzil Franchi SPAS 15
mil, uma carabina Maser 66 SP e
um fúzil Accuracy International
Mod. AWP.
Casos de assassinato de carabinieri não são frequentes em
solo nacional e, quando ocorrem,
viram notícia.
Fascínio sobre os jovens
A Arma dei Carabinieri foi criada dia 9 de agosto de 1914 pelo
rei Vittorio Emanuele I di Savoia
e, neste ano, festeja o seu 193o
aniversário. Inicialmente, a Arma
contava com 805 homens, dos
quais 476 a cavalo e 327 a pé, mas
hoje conta com 118 mil homens.
A figura do carabiniere continua a exercer fascínio sobre milhares de jovens. Os homens que
compõem a Arma executam patrulhamentos militares em solo
nacional e no exterior, defendem
a segurança de sedes diplomáticas e garantem a segurança pública italiana. Cada membro assume um dos cinco cargos previstos
(ufficiali, ispettori, sovrintendenti, appuntati e carabinieri) e cada
cargo é subdividido em diversos
níveis hierárquicos.
O percurso para se tornar um
carabiniere prevê a prestação de
concurso público para a Accademia Militare. Os requisitos incluem a obrigatoriedade da cidadania italiana, idade máxima de
32 anos e estatura não inferior
a 1,70 metro para homens e 1,65
metro para mulheres, e segundo
grau completo.
Já a Polizia di Stato, que
muitas vezes exerce funções
i cittadini in settori specializzati
(polizia stradale, ferroviaria, marittima, scientifica, immigrazione
e comunicazioni).
La carriera dei carabinieri o
l’entrata nella Polizia di Stato sono molto contese. La busta paga
fissa di un agente dell’Arma va
dai 15mila euro annuali per un
carabinere a 23mila euro (lordi)
annuali per un tenente-colonnello. Nella Polizia di Stato, lo stipendio medio è di 1.100 euro al
mese più l’indennità di rischio,
somma che oscilla a seconda del
tipo di rischio affrontato. Il valore assicurativo pagato alla famiglia in caso di morte in servizio varia anch’esso secondo la
causa mortis.
Ogni carabiniere dispone di
un revolver Beretta modello 92
FS, una mitragliatrice Beretta
modello PM 12 S2, un fucile Beretta 70/90 e una mitragliatrice
leggera FN Minimi. In missioni speciali, le sue armi includono una mitragliatrice Heckler &
Koch MPS, un fucile Franchi SPAS
15mila, una carabina Maser 66
Polícia violenta
São Paulo ainda é uma das cidades mais violentas do Brasil.
Somente no primeiro semestre
deste ano, mais de 80 pessoas
morreram em confronto com po-
SP e un fucile Accuracy International Modello AWP.
Casi di omicidi di carabinieri non sono frequenti in Italia
e, quando accadono, diventano
notizia.
Polizia violenta
San Paolo è ancora una delle più
violente città del Brasile. Solo
nel primo semestre di quest’anno più di 80 persone sono morte
in scontri con poliziotti militari nella capitale. Nel 2006, questo numero ha sorpassato le 250
persone, specialmente come risposta della polizia ad attacchi
della fazione criminale Primeiro
Comando da Capital (PCC).
Ricercatrice del Núcleo de
Estudos da Violência da USP
(NEV-USP), la sociologa Cristina Neme avvisa che la polizia di
San Paolo è una delle più violente del paese, perdendo solo
dalla polizia di Rio de Janeiro.
Gli alti tassi di morti in scontri
con la polizia sono, secondo lei,
uno dei problemi più seri della
sicurezza pubblica, così come la
Série histórica de policiais militares mortos no estado do RJ
PM Mortos Serviço
PM Mortos Folga
140
120
100
118
104
119
133
111
111
117
80
60
40
43
20
24
50
33
27
24
20
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: EMG/PM1 — Trabalhado por NUNESP/ISP
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2006, esse número ultrapassou
250 pessoas, principalmente em
resposta da polícia a ataques da
facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEVUSP), a socióloga Cristina Neme
alerta para o fato de a polícia de
São Paulo ser uma das mais violentas do país, atrás apenas da
polícia do Rio de Janeiro. As altas taxas de mortes em confrontos com a polícia são, segundo
ela, um dos problemas mais sérios de segurança pública, assim
como a corrupção. Segundo dados oficiais, a média de policiais
militares demitidos ou expulsos
desde 2002 em São Paulo gira em
torno de 370 policiais por ano.
— É preciso um maior controle das instituições policiais.
Esse descontrole gera insegurança na população, pelo abuso de
autoridade e uso de força desnecessário — defende.
Profissão perigo
Os cerca de 23 mil PMs da cidade de São Paulo, divididos entre oficiais e soldados, trabalham
12 horas por dia com descanso
de 36 horas, e recebem saláriobase bruto que varia de cinco a
nove salários-mínimos. Em caso
de morte, o seguro paga à família
100 mil reais no estado de São
Paulo, bem mais do que recebem
viúvas e órfãos dos PMs do Rio
(20 mil reais).
O número de PMs mortos vem
caindo em São Paulo, exceto por
um pico em 2006, quando o PCC
matou pelo menos 40 policiais,
tornados em alvos de ataques em
seus horários de folga.
Segundo o capitão Marcel
Lacerda Soffner, da Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública de SP, “não há
como negar que esta é uma profissão de risco”. Ele cita uma
pesquisa que revelou ser a principal preocupação dos policiais
o medo de haver problemas de
comunicação em casos de urgência. O estado investiu mais
de 200 milhões de dólares em
tecnologia de comunicação via
rádio digital criptografada (que
impede interceptações), na
aquisição de viaturas, equipamentos de proteção e construção de hospitais.
Mas, na opinião do presidente da Associação dos Oficiais da
Polícia Militar do estado de São
Paulo (Aopm), coronel Luiz Carlos dos Santos, tais investimentos não minimizam os riscos.
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corruzione. Secondo dati ufficiali, la media di poliziotti licenziati o espulsi dal 2002 a San Paolo si aggira sui 370 poliziotti
all’anno.
— Ci vuole un controllo maggiore delle istituzioni pubbliche.
Questa mancanza di controllo
genera insicurezza alla popolazione, dovuto agli abusi di autorità e all’uso di forza evitabili
— difende.
Professione pericolo
I circa 23mila PMs di San Paolo,
divisi tra ufficiali e soldati, lavorano 12 ore al giorno con un
riposo di 36 ore, e guadagnano
uno stipendio lordo che va dai 5
ai 9 stipendi minimi. In caso di
morte, l’assicurazione paga alla
famiglia 100mila reali nello stato di San Paolo, molto di più di
quanto ricevono vedove e orfani
dei PMs di Rio (20mila reali).
Il numero di PMs morti diminuisce a San Paolo, a parte un
aumento nel 2006, quando il PCC
ha ucciso perlomeno 40 poliziot-
ti, divenuti bersaglio di attacchi
nel loro orario di riposo.
Secondo il capitano Marcel
Lacerda Soffner, della Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública di SP, “non si
può negare che questa sia una
professione di rischio”. Cita una
ricerca che ha rivelato che la
paura di avere problemi di comunicazione in casi urgenti sia
la maggior preoccupazione dei
poliziotti. Lo stato ha investito più di 200 milioni di dollari
in tecnologia di comunicazione
via radio digitale criptografata
(che impedisce intercettazioni),
in acquisto di vetture, equipaggiamenti di protezione e costruzione di ospedali. Ma, secondo il
presidente dell’ Associação dos
Oficiais da Polícia Militar dello
stato di San Paolo (Aopm), colonnello Luiz Carlos dos Santos,
questi investimenti non minimizzano i rischi.
— È inutile fornire vetture,
giubbotti antiproiettile, se il poliziotto non gode del diritto di
Presidente Giorgio Napolitano desfila em carro de combate da polícia
durante a festa dos 193 anos da Arma. Agentes com farda de gala se
apresentam durante o evento comemorativo da corporação
Il Presidente Giorgio Napolitano sfila su di un autocarro della polizia
durante la festa dei 193 anni dell’Arma. Agenti della polizia in divisa di gala
si presentano durante l’evento commemorativo della corporazione
— De nada adianta fornecer
viaturas, coletes à prova de bala,
se o policial não tem direitos a
condições básicas para viver com
dignidade — afirma.
Santos explica que os PMs vivem, a maioria, na periferia violenta, com as famílias sob permanente ameaça, e estressados
por uma jornada dupla em bicos
de segurança particular.
— O policial vive sob tensão
24 horas, tanto no trabalho quanto no bairro em que vive — revela o coronel, e reitera: — O governo precisa investir no homem,
caso contrário ele não terá o policial que a população deseja.
Farda manchada
O governador Sérgio Cabral estava na Itália, quando a PM estourou no Rio de Janeiro a Operação Duas Caras, no último 18 de
setembro, para prender 56 policiais envolvidos num esquema de
proteção a traficantes de drogas.
Foram parar na cadeia 10% dos
homens do 15º Batalhão de Polícia Militar, em Duque de Caxias,
na Baixada Fluminense. O governador tratou de interpretar com
otimismo mais um fato a manchar a imagem da PM do Rio:
— Nossa polícia investiga a
nossa polícia. Nossos policiais
militares e civis sérios e honestos estão trabalhando para limpar a polícia. Eu diria que o policial que está ligado ao tráfico de
drogas é mais criminoso do que o
próprio criminoso.
De acordo com dados da Corregedoria Interna, a cada 25 horas um PM vai para a cadeia no
Rio. Estima-se que, ao final deste ano, dos cerca de 38 mil PMs
da corporação, vão passar de 350
os presos por desvios de conduta. No ano passado, ocorreram
334 prisões. Em três anos, houve
mais de mil.
A imagem do policial no Rio
vai mal não é de hoje. Em pesquisa do Centro de Estudos de
Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (Cesec-Ucam), concluída em 2004,
11% dos entrevistados (2.250
pessoas) informaram ter sido vítimas de extorsão ou de tentativa de extorsão. Do total, 67,6%
classificaram a PM como corrupta; 56,9%, como muito violenta
e 82% como pouco eficiente no
combate a crises, como as guerras do tráfico.
O aniversário da Arma ocorreu
pelas ruas do centro de Roma.
A cavalaria montada da instituição
também marcou presença na
comemoração dos 193 anos
L’anniversario dell’Arma si è avuto
nelle vie del centro di Roma.
Anche la cavalleria montata
dell’istituzione si è fatta presente
alla commemorazione dei 193 anni
Disputa policial
De acordo com o presidente da
Associação de Praças da Polícia
Militar e do Corpo de Bombeiros
do Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei Ribeiro, a rivalidade entre
corporações prejudica a segurança pública no estado.
— Na Itália, o padrão de vida é alto e há uma única polícia,
fardada, e um grupo de investigação. Lá não existe disputa. Aqui
no Rio, além de ganharmos mal,
ainda disputamos espaço. Isso é
ruim para a sociedade e para as
corporações — reflete.
Ribeiro cita, por exemplo, a
diferença entre os salários das
polícias civil e militar do Rio:
— Um soldado ganha, em
média, 800 reais (bruto). Um detetive, de última escola, ganha
uma diferença a mais de cerca de
600 reais.
Segundo o presidente da Associação, é preciso haver um
padrão federal único para as
polícias.
— Não existe uma política
nacional de segurança pública.
Fica a critério de cada governa-
usufruire di condizioni basiche
per vivere dignitosamente — afferma. Santos spiega che i PMs
vivono, in maggior parte, nella
violenta periferia, con le famiglie sotto minaccia costante, e
stressati dovuto ad una doppia
giornata come guardie di sicurezza private.
— I poliziotti vivono sotto
tensione 24 ore, tanto sul lavoro
quanto nel quartiere dove vivono
— rivela il colonnello, e ribadisce: — Il governo deve investire
negli uomini, altrimenti non avrà
i poliziotti che la popolazione
desidera tanto.
Divisa macchiata
Il governatore Sérgio Cabral era
in Italia quando la PM ha dato
inizio, a Rio de Janeiro, all’Operação Duas Caras, il 18 settembre,
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per arrestare 56 poliziotti coinvolti in uno schema di protezione a narcotrafficanti. Sono finiti
in galera il 10% degli uomini del
15º Batalhão de Polícia Militar,
a Duque de Caxias, nella Baixada Fluminense. Il governatore ha
subito interpretato con ottimismo un altro fatto che macchia
l’immagine della PM di Rio:
— La nostra polizia indaga la
nostra polizia. I nostri poliziotti
militari e civili seri e onesti lavorano per ripulire la polizia. Io
direi che il poliziotto legato al
narcotraffico è più criminale dello stesso criminale.
Secondo dati della Corregedoria Interna, ogni 25 ore un PM
finisce in carcere a Rio. Si stima
che, entro la fine di quest’anno,
dei circa 38mila PMs della corporazione, saranno più di 350 in-
ComunitàItaliana
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dor. Aí, com a carência de verbas, o PM fica em situação vulnerável e delicada — relata.
Como solução, Ribeiro sugere uma mobilização social mais
intensa.
— Cabe à sociedade exigir
mudanças. Não basta se comover somente com casos de repercussão, aqueles mais marcantes. A sociedade não pode
ficar de braços cruzados — desabafa o coronel.
Cooperação à vista
A polícia do Rio de Janeiro vai receber lições italianas de combate
à máfia. Um acordo de cooperação foi assunto, em setembro, de
reuniões, na Itália, do governador Sérgio Cabral com o ministro
do Interior, Giuliano Amato, responsável pela segurança interna
do país, e com o procurador nacional Anti-Máfia, Emilio Ledone durante a visita da comitiva
fuminense à Itália. O secretário
de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, planeja viagem à Itália, neste ano, para detalhar o acordo.
— Eles estão dispostos a
traçar uma parceria. A idéia de
cooperação atinge três setores:
o operacional, com o Ministério
do Interior e a polícia italiana;
o combate ao crime, com o setor
de inteligência deles; e o jurídico, com a Procuradoria Nacional
Anti-Máfia — explica o governador, sobre a oportunidade do
auxílio mútuo na repressão a crimes como tráfico internacional
de drogas e pedofilia, assim como na captura de foragidos.
Foi firmada parceria também
para o treinamento de policiais e
para o fornecimento de tecnologia para a luta contra crimes de
comum interesse.
— Estamos sempre dispostos
a compartilhar estratégias e soluções para as nossas questões de
segurança — afirma Beltrame.
O consultor da Secretaria Nacional de Segurança, coronel Felipe Dantas, lembra que Brasil e
Itália sempre mantiveram acordos na área de segurança pública.
Como exemplo, cita o contrato de
extradição bilateral, de 1989, ratificado em 93. A Coordenadoria
de Combate aos Ilícitos Transnacionais (Cocit), do Ministério das
Relações Exteriores, e a Interpol,
também atua em parceria com a
Itália no combate ao crime em
nível nacional.
— Temos acordos de cooperação no campo criminal e jurídico.
Isso envolve o combate ao tráfico
de mulheres e de órgãos, prostituição infantil e de homossexuais. O
Brasil é um país que aderiu a Convenção de Palermo, de 99, e que
tratou do combate ao crime organizado — afirma o coronel.
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30
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
carcerati per deviazione di comportamento. L’anno scorso, si
sono avute 334 prigioni. In tre
anni, più di mille.
L’immagine dei poliziotti a Rio va male e non da oggi. In un sondaggio del Centro
de Estudos de Segurança e Cidadania dell’Universidade Cândido
Mendes (Cesec-Ucam), conclusa nel 2004, l’11% degli intervistati (2.250 persone) hanno
detto di essere stati vittime di
estorsione o di un tentativo di
estorsione. Del totale, il 67,6%
ha accusato di corruzione la PM;
il 56,9% l’ha definita molto violenta e, l’82%, poco efficiente
nella lotta a crisi come quella
della lotta allo spaccio di stupefacenti.
Antagonismi polizieschi
Secondo il presidente dell’Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do
Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei
Ribeiro, la rivalità tra le corporazioni è deleteria per la sicurezza
pubblica dello stato.
— In Italia, lo standard di
vita è alto e c’è un’unica polizia, in divisa, e un gruppo investigativo. Là non ci sono rivalità. Qui a Rio, oltre a guadagnare
male, ci contendiamo pure lo
spazio. Questo è un male per la
società e per le corporazioni —
riflette.
Ribeiro cita, ad esempio, la
differenza tra gli stipendi dei poliziotti civili e militari a Rio:
— Un soldato guadagna, in
media, 800 reali (lordi). Un detective, con corso universitario,
guadagna circa 600 reali in più.
Secondo il presidente dell’Associação, dovrebbe esserci uno
standard federale unico per le
polizie.
— Non esiste una politica
nazionale di sicurezza pubblica.
Rimane a criterio di ogni governatore. E allora, con la scarsezza
di sussidi, il PM si trova in situazione vulnerabile e delicata
— riporta.
Come soluzione, Ribeiro suggerisce una mobilizzazione sociale più intensa.
— È compito della società
pretendere cambiamenti. Non
basta commuoversi soltanto
in casi famosi, che segnano di
più. La società non può restare
a braccia conserte — si sfoga il
colonnello.
Cooperazione all’orizzonte
La polizia di Rio de Janeiro prenderà lezioni italiane sulla lotta
alla mafia. Un accordo di cooperazione è stato tema, in settembre, di riunioni, in Italia, del
governatore Sérgio Cabral con il
ministro degli Interni, Giuliano
Amato, responsabile della sicurezza interna del paese, e con il
procuratore nazionale Antimafia, Emilio Ledone. Il segretario
di Segurança Pública di Rio, José Mariano Beltrame, prepara un
viaggio in Italia, quest’anno, per
dettagliare l’accordo.
— Loro sono disposti a tracciare una partnership. L’idea della cooperazione raggiunge tre
settori: quello operativo, con il
Ministero degli Interni e la polizia italiana; quello della lotta
al crimine, con il loro settore di
intelligenza; e quello giuridico,
con la Procura Nazionale Antimafia — spiega il governatore, parlando dell’opportunità di
aiuto mutuo nella repressione
ai reati come quelli del traffico
internazionale di stupefacenti e
pedofilia, così come nella cattura di latitanti.
È stata siglata una partnership anche per l’addestramento
di poliziotti e per il rifornimento
di tecnologia per la lotta contro
reati di interesse comune.
— Siamo sempre disposti a
condividere strategie e soluzioni
per i nostri problemi di sicurezza
— afferma Beltrame.
Il consulente della Secretaria Nacional de Segurança, colonnello Felipe Dantas, ricorda
che Brasile e Italia hanno sempre mantenuto accordi nell’area
della sicurezza pubblica. Come esempio, cita il contratto di
estradizione bilaterale, del 1989,
ratificato nel ’93. Anche la Coordenadoria de Combate aos Ilícitos Transnacionais (Cocit), del
Ministério das Relações Exteriores, e l’Interpol, agiscono in accordo con l’Italia per la lotta ai
reati a livello nazionale.
— Disponiamo di accordi di
cooperazione nel campo criminale e giuridico. Questo coinvolge
la lotta al traffico di donne e di
organi, prostituzione infantile e
di omosessuali. Il Brasile è un
paese che ha aderito alla Convenzione di Palermo, del ’99, che
si è occupata della lotta al crimine organizzato — afferma il colonnello.
Fotos: Divulgação
capa
L’italiano dietro
le quinte di C
“Tropa de Elite”
Raramente un film nazionale è stato così atteso e ha causato tante polemiche come Tropa
de Elite, di José Padilha. La produzione ha preso d’assalto il Brasile ancora prima della
sua prima, prevista per questo mese. Prima una copia non autorizzata del film è apparsa
in internet, disponibilizzata per il download a chiunque. Risultato: è andata a finire sui
banchetti dei venditori ambulanti di Rio e San Paolo. Per completare, lo stesso Batalhão
de Operações Especiais (Bope) di Rio ha aperto un processo in cui chiede la sospensione
delle proiezioni del film, paventando un’eventuale danno all’immagine della corporazione.
Richiesta negata. Alle spalle di questa confusione, un discendente di italiani: il paulista
Bráulio Mantovani, 44 anni, uno degli sceneggiatori del film. In intervista a Comunità,
tratta con disdegno il commercio pirata del film. Garantisce che la produzione non è diversa
dalle altre in cui ha già lavorato e non è d’accordo con chi dice che il film crea uno spirito eroico
del poliziotto. Laureato in Lettere presso la Pontifícia Universidade Católica (PUC) di San
Paolo e con post laurea in Sceneggiatura Cinematografica conseguita presso l’Universidade
de Madrid, Mantovani è stato lo sceneggiatore di un altro successo nazionale: Cidade de
Deus, di Fernando Meirelles.
Rosangela Comunale
Outubro 2007
/
omunitàItaliana – Tropa
de Elite non ha avuto la
prima. C’è una grande attesa perché si tratta di un
film molto vicino alla realtà brasiliana, tanto per la questione
della violenza poliziesca, quanto
dovuto alla commercializzazione
pirata del film. Qual è la tua opinione su tutto questo?
Bráulio Mantovani – Quello che mi
dà più fastidio nel caso di Tropa
de Elite è che la copia pirata è una
versione non completa. Le persone
che vedono questo materiale non
stanno vedendo il film come dovrebbe essere. L’abbiamo cambiato
molto nel montaggio. Ed è molto
migliore della versione pirata.
CI - Qual è la tua posizione sull’idea
secondo cui il film, da una parte
dà un’impronta di eroismo alla
truculenza poliziesca e, da un’altra, agisce come denunciatore di
questa stessa violenza?
BM – Io non credo che Tropa de
Elite sia un film di banditi e gente cattiva. Chi è l’eroe nel film?
Come un tipo che tortura senza
pietà, uccide senza misericordia
e maltratta bambini può essere
un eroe? Qualcuno può essere
ComunitàItaliana
31
intervista
“A Roma e a Venezia,
non mi perdo. Anche
senza cartina. Credo
di aver ereditato
dall’Italia il piacere
per i sentieri
labirintici. Forse
questo spiega la mia
sceneggiatura del
film Cidade de Deus”
considerato un eroe per questo?
Credo sia una follia.
CI – Perché credi ci sia stato tutto questo impatto?
BM – Ancor prima di qualsiasi polemica, il progetto è sempre stato speciale per me. Anzi,
è un grande progetto. Ma credo
che l’impatto del film si deva alla maniera come il tema è stato
affrontato dai suoi realizzatori,
come José Padilha [regista], per
esempio. Anche se non avessi
fatto parte del film, Tropa de Elite avrebbe fatto scalpore. E sono
stati loro che hanno cominciato
il progetto. Battiamogli le mani!
CI – Come analizzi il comportamento del Bope nel mezzo di
questa polemica?
BM – Non ho molto da dire. Il
film espone una struttura violenta, sia per la corruzione, sia per
la violenza fisica. È naturale che
la polizia sia infastidita dal film.
CI – Quindi pensi che il film abbia
un carattere denunciatore?
BM – Chissà, aiuterà a cambiare
qualcosa? Forse aiuterà a discutere il problema. Ma risolverlo,
no di sicuro.
CI – In cosa credi che Tropa de
Elite sia diverso dagli altri tuoi
lavori?
BM – Non ci sono divergenze. Ci
sono differenze. Tutti sono diversi. Ed è proprio questo che mi
piace. Non ho voluto collaborare
alla fiction e nemmeno al film Cidade dos Homens perché ho capito che avrei raccontato differenti
versioni di una storia che avevo
già raccontato. Non è invece il
caso di nessuna sceneggiatura
scritta dopo Cidade de Deus.
CI – Ma quali sono le tue aspettative per la prima del film?
32
notizie
BM – Spero che il film abbia successo, ma non si può mai sapere.
Non esiste una formula di successo. Io sono molto orgoglioso
di aver lavorato in Tropa de Elite.
Sono stato molto felice di aver
lavorato insieme a José Padilha.
Vogliamo fare altri film insieme.
CI – Oggi l’internet svolge un ruolo cruciale nella questione della
pirateria. Cosa pensi possa essere fatto perché sia risolta?
BM – Mancano meccanismi e strumenti di riscossione. La pirateria
causa danni economici che non
attingono gli sceneggiatori.
CI – Quindi per te questo è indifferente?
BM – In generale, mi preoccuperò della pirateria soltanto quando
gli sceneggiatori cominceranno a
guadagnare per i diritti d’autore
da chi proietta i film. Per legge,
avremmo questo diritto. Quando
questo verrà rispettato, allora
comincerò a preoccuparmene.
CI – Cosí come Tropa de Elite, anche Cidade de Deus è un film che
affronta la violenza tra poliziotti
e narcotrafficanti. Per coincidenza, anch’esso è piaciuto alle
masse. Avresti una spiegazione
per questo?
BM – Cidade de Deus è stato proiettato fuori concorso al Festival di
Cannes. Da un momento all’altro è
diventato il film più commentato
del festival. Le 12 interviste che
Fernando aveva fissato si sono trasformate in più di 100. Lí ho capito che potevamo avere successo.
Ma in quel momento non ho neanche immaginato che avremmo potuto avere un successo così grande. È stata una grande esperienza.
Ho scritto quello che volevo e come volevo. E ha funzionato. È un
privilegio. È stato cosí positivo che
se non farò mai più un film bello
come questo non mi importerà. È
valso per tutta la vita.
CI – Hai già pensato di fare un lavoro rivolto in modo specifico alla saga italiana in Brasile o una
qualsiasi opera di questo genere? O per te il tema è già diventato un luogo comune?
BM – Il tema è già stato affrontato prima, ma ciò non significa
che sia esaurito. È sempre possibile trovare buone storie. Secondo me, dipende tutto dalla storia.
Se un giorno troverò una buona
storia di italiani in Brasile, forse
potrò scriverne la sceneggiatura.
CI – Qual è il tuo regista preferito?
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
BM – Sono fan di Antonioni. Blow
up e Professione: reporter sono i
miei due film preferiti. È difficile
spiegarlo senza ricadere in luoghi comuni. L’uomo era semplicemente geniale. Non conosco
bene il cinema italiano contemporaneo. È una mia pecca.
CI – C’è chi dice che il grande cinema italiano non esiste più e
non è neanche visto nei festival
mondiali. Cosa ne pensi?
BM – Purtroppo non seguo molto
la cinematografia di nessun paese al di fuori del Brasile. Non
è per campanilismo, ma proprio
per mancanza di tempo.
CI – Ti sei sempre dedicato a programmi educativi. Quando hai
cominciato a coinvolgerti con
sceneggiature per il cinema?
BM – In realtà ho lavorato dieci anni nel cinema prima di fare
programmi educativi. Negli anni
‘80, ho lavorato a documentari,
ho scritto mediometraggi e ho
dato inizio a progetti per lungometraggi che non sono mai andati avanti. Il problema è che il
mercato per gli sceneggiatori di
cinema è ancora molto incipiente in Brasile. È stato lavorando a
serie educative per la TV che ho
conosciuto Fernando Meirelles. E
lui mi ha invitato a scrivere Cidade de Deus. E, allo stesso tempo,
il mercato per gli sceneggiatori
ha cominciato ad esistere. È stata una felice coincidenza.
CI – Da dove viene l’ispirazione
per scrivere per il cinema?
BM – Io vivo di questo, quindi un
buon cachet ispira sempre. Dal
punto di vista creativo, ciò da
cui traggo ispirazione è la difficoltà. Storie difficili da raccontare mi affascinano.
CI – È vero che mancano sceneggiatori in Brasile e che questo porta ad un accumulo di lavori? Qual
è il motivo di questa scarsezza?
BM – Il fatto è che le persone
contrattano sceneggiatori che
hanno molta paura di rischiare.
Fernando Meirelles ha corso un
tremendo rischio quando mi ha
chiamato. Ma pochi sono come
lui. Le persone vogliono la garanzia di che la sceneggiatura
verrà bene e tendono a chiamare
sempre le stesse persone. È questo che produce l’accumulo di lavoro nelle mani di pochi. Bisogna dare opportunità ai ragazzi
che stanno cominciando.
CI – E quale lavoro ti ha reso più
orgoglioso?
BM – Cidade de Deus. Ha rotto
tutte le barriere ed ha generato
un impatto nel cinema di tutto
il mondo.
CI – Sei discendente da italiani
da parte del nonno paterno, non
è vero? Il tuo cognome Mantovani è una variante del nome originale ereditato da lui?
BM – Non ho conosciuto il mio
nonno paterno. Si chiamava Gaetano Mantoan. Ma è vero, il cognome è stato alterato dall’immigrazione in Brasile. È morto
prima che nascessi.
CI – E sei già andato in Italia a vedere la famiglia?
BM – Ci sono stato quattro volte! L’adoro! Specialmente Roma
e Venezia dove, tra l’altro, mia
nonna materna Olga Folgarolli ha vissuto fino ai sette anni,
prima di venire in Brasile. È deceduta quando avevo sei anni,
ma me la ricordo molto bene,
eravamo molto vicini. Nessun
altro nipote le si poteva avvicinare quando c’ero io vicino. Io
sono il più grande. Chi si azzardava ad abbracciare mia nonna,
ce le prendeva! E, naturalmente, la pasta è ancora una delle
tradizioni mantenute dalla mia
famiglia.
CI – Recentemente, l’Italia ha
perso uno dei suoi tenori più popolari, Luciano Pavarotti. Cosa
apprezzi di più della musica italiana?
BM – Non sono mai stato fan di
Pavarotti. Ma adoro Morricone.
Conosco poco l’opera. Mi piace
Verdi, ma Wagner mi impressiona di più.
CI – Il popolo italiano ha una
sensibilità e una grande rappresentatività nel mondo delle arti.
Pensi di aver ereditato un qualcosa in questo senso?
BM – Non lo so, ma quando sono andato in Italia la prima volta
mi sono sentito a casa. Di solito mi perdo sempre. Mi perdo a
San Paolo, dove sono nato e ho
passato quasi tutta la mia vita.
Invece a Roma e Venezia non mi
perdo. Anche senza cartina. Credo di aver ereditato dall’Italia il
gusto per i sentieri labirintici.
Forse questo spiega la mia sceneggiatura di Cidade de Deus.
CI – Hai già ottenuto la cittadinanza?
BM – Non ce l’ho. Potrei averla, ma
ho sempre voluto essere brasiliano.
Ora che ho un figlio, sto pensando
di chiedere la cittadinanza.
In attesa della cittadinanza
C
irca 20mila firme sono state raccolte dai Comitati degli Italiani Residenti all’Estero (Comites) di tutto il Brasile, da consiglieri del Consiglio Generale degli Italiani all’estero (CGIE) e
dalle associazioni per richiedere al governo e al parlamento italiani risposte concrete ed urgenti al problema delle “file d’attesa”
per il riconoscimento del diritto alla cittadinanza italiana. Oggi
ci sono nel mondo 800mila persone in attesa, di cui 500mila solo
qui in Brasile. Per averne un’idea, l’Argentina conta su 173 impiegati distribuiti in 8 consolati. Qui, sono 98 per lo stesso numero
di consolati. Ma questo divario non giustificherebbe questa situazione, visto che nei primi otto mesi del 2007 sono state concesse,
in Brasile, soltanto 8.123 cittadinanze, contro le 22.922 concesse
in Argentina. Una differenza ben superiore alla semplice proporzione tra il numero di impiegati nei
rispettivi consolati. La commissione si è impegnata a seguire tutte le
strade possibili per sensibilizzare il
Consolato Generale a San Paolo [dove è maggiore l’accumulo di procedure in ritardo], l’Ambasciata Italiana
in Brasile e tutte le istanze politicocostituzionali, per ricevere soddisfacenti spiegazioni del motivo di una
situazione non più giustificabile di
fronte ad una delle maggiori collettività italiane nel mondo.
Vale supera Petrobras
per la prima volta in Borsa
L
a Vale do Rio Doce, finalmente, ha sorpassato la Petrobras. Alla
chiusura della Bovespa dell’ultimo 28 settembre, l’industria metallifera valeva US$ 156,393 miliardi, mentre la statale US$ 155,619.
Il risultato fa sì che la Vale sia la maggior industria dell’America Latina in valore di mercato – perlomeno fino ad ora. Fin dalla privatizzazione, dieci anni fa, il suo prezzo in borsa è moltiplicato 15 volte.
Sito della polizia premiato
C
amminare in nome della pace e in difesa dei diritti umani per
tutti. La Marcia della Pace, realizzata questo mese, ha riunito in
Umbria circa 200mila persone. Quest’anno, l’evento ha reso omaggio a
Anna Politovskaya, giornalista russa assassinata un anno fa e a Aung
San Suu Kyi, leader dell’opposizione birmanese e premio Nobel per la
Pace, in carcere da anni. Lungo il percorso di 24 chilometri tra la capitale dell’Umbria, Perugia, e Assisi, la città di San Francesco, i partecipanti venuti da tutto il mondo, di tutte le confessioni e di tutti i
quadri politici hanno chiesto che l’evento non sia solo simbolico, ma
che sia accompagnato da azioni concrete a favore dei diritti umani.
La Marcia della Pace, quest’anno organizzata da 200 associazioni e da
movimenti pacifisti di 55 paesi, è trascorsa in un ambiente festivo.
L’evento è stato creato nel 1961 dal filosofo pacifista Aldo Capitani.
italian style
atualidade
Cresce venda ilegal de CDs e DVDs piratas no Brasil e na Itália
A
Rosangela Comunale
músicas (e filmes) pela internet.
Não há desculpas. As pessoas devem entender que podem ser pegas, indepen-dente da rede de
troca de arquivos que usam. Você
pode ser um dos acusados, caso
uti-lize os serviços P2P (sistema
de compartilhamento) — afirma,
categórico, o presidente da IFPI,
John Kennedy.
O presidente da Federazione dell’Industria Musicale Italiana (Fimi), Enzo Mazza, acre-dita
que esse trabalho conjunto possa
ajudar a resolver o problema.
— Ninguém gosta de ações
penais. Mas hoje, devido a uma
oferta legítima, sempre mais
aberta, é necessário atingir, com
eficácia, aqueles que favorecem
a difusão da pirataria, provocando graves danos às empresas que
Grupo Keystone
Itália e o Brasil resolveram unir forças no combate à comercialização
ilegal de CDs e DVDs. Os
dois fazem parte de uma lista
de 17 países que desenvolveram
ações de com-bate à pirataria em
parceria com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) – órgão que representa
as gravadoras de todo o mundo.
No Brasil, o filme Tropa de Elite
se tornou um caso emblemático,
fenômeno de vendas nas bancas
de camelôs três meses antes do
lançamento, ocorrido em outubro, com as salas de cinema mais
vazias do que se esperava.
— Em todas essas nações há
serviços legais para a venda de
34
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
investem milhões de euros em
música digital (e em filmes e jogos) — declara o executivo.
A Itália tem feito o dever de
casa ao intensificar o combate
à pirataria cibernética. As estatísticas nos primeiros seis meses
de 2007 mostram que aumentaram as apreensões de CDs e DVDs
falsos no país europeu. A polícia
italiana, além de estourar centrais de masterização, conseguiu
apreender cerca de 820 mil CDs
e 400 mil DVDs. Segundo as autoridades, essas ações reduziram
as vendas ilegais nas ruas e afetaram a pirataria liga-da aos sistemas de compartilhamento de
arquivos. Mas de 50 pessoas já
foram denunci-adas à justiça.
Em outra operação, foram
apreendidos mais de 250 mil arquivos compartilhados ou duplicados. As prefeituras também
entraram na briga. Expediram
sanções administrati-vas ligadas
à pirataria no valor de 20 milhões
de euros. Na região da Campânia,
o pro-blema é mais grave. A região já é conhecida como a capital italiana da produção e da
difusão de produtos musicais
ilegais. A polícia apreendeu na
localidade 540 mil CDs e DVDs.
Em segundo lugar está, o Lazio, com 450 mil apreensões,
e a Sicília, com 150 mil.
De acordo com o diretor-geral da gravadora EMI Group, Eric
Nicoli, a era digital che-gou para
provocar uma completa mudança
na cultura e no comportamento
na indústria fonográfica.
— Não é fácil e nós devemos, naturalmente, lutar contra
a pirataria de todas as formas.
Não há dúvidas de que temos um
compromisso com a inovação. E
o verdadeiro foco é o consumi-
Crime da classe A
Segundo pesquisa do Instituto
Ipsos, 1,1 bilhão de arquivos foram baixados de forma ilegal somente em 2005. No mesmo estudo, realizado em dez regiões
metropolitanas brasileiras, constatou-se que 67% dos casos de
pirataria eram praticados pelas
classes A e B, 59% dos envolvidos com idades entre 15 e 24
anos. A banda larga tendo a prefe-rência de 69% desses grupos.
Para a Associação Brasileira
dos Produtores de Discos (ABPD),
o que prejudica a evo-lução do
mercado brasileiro de música é a
combinação de dois fatores: a pirataria física, representando mais
de 40% do mercado fonográfico
no Brasil, e a oferta de música
gra-tuita pela internet.
— Se contabilizarmos a pirataria digital e a física, esse número chega a 115 milhões de CDs
por ano, contra 55 milhões da indústria legal. O Brasil é responsável por 1% do comércio legal
de música no mundo, mas sua fatia no comércio ilegal é de 5%
— alerta o presidente da ABPD,
Paulo Rosa.
Ginástica
passiva
Cerca de 10 minutos
em pé no Pro Trainer
equivalem a uma hora
de exercícios com pesos.
Com tecnologia DknDunlop, o aparelho
garante efeito no tônus
muscular no treinamento,
na reabilitação e na
prevenção da osteoporose.
1990 euros
Modernidade
Luxo
Com tecnologia Edgem, este
Motorola A1200 é um celular
que funciona com o sistema
Linux. Com display touch-screen
de 2,4 polegadas, uma câmera
de 2 megapixel e um viva-voz
integrado, esta novidade da
Motorola também tem rádio FM
e um leitor multimídia.
349 euros www.motorola.it
A coleção inteira custa 150 mil euros. Trata-se
de uma verdadeira obra de arte para cozinha:
um tesouro em panelas, decoradas com 200
diamantes de várias medidas e alças em ouro
maciço. Disponíveis em Harrods (Londres).
Entre os primeiros clientes da Fissler está Giorgio
Locatelli, chef da locanda londinese.
iPod
Fotos: Divulgação
A invasão
dos piratas
dor. Mas não da forma ilegal. A
distribuição digital se tornará a
melhor coisa que já aconteceu na
indústria da música — analisa.
Mesmo com o Brasil no IFPI,
as autoridades têm demorado a
agir. No episódio do va-zamento
da cópia de Tropa de Elite, a Delegacia de Repressão aos Crimes
contra a Pro-priedade Imaterial
(DRCPIM), no Rio, abriu um inquérito que, no final, apontou
um dos técnicos da produção como suspeito de ter feito a cópia
ilegal do longa-metragem. Nada
que tenha estancado a febre de
vendas da versão pirateada do
filme nas barracas de am-bulantes por todo o país.
— É evidente que a circulação
de cópias piratas causa problema
ao desempenho comer-cial do filme. Isso traz prejuízos não só ao
produtor ou ao distribuidor, mas
ao conjunto do cinema brasileiro
e ao mercado audiovisual no país.
Tropa de Elite foi um dos filmes
brasileiros mais esperados do ano.
Teve um investimento de recursos
que o põe entre os mais caros já
realizados no país, com orçamento de R$ 10 milhões — diz o presidente da Agência Nacional do
Cinema (Ancine), Manoel Rangel.
A Apple renova completamente toda a gama de leitores musicais iPod.
A empresa acaba de lançar um outro, o Touch, que tem um display de
nove centímetros sensível ao tato. Ele possibilita navegar na internet e
fazer conexão ao site iTunes para baixar músicas. Com memória de oito
gibabytes, permite armazenar 250 músicas. Custa 299 euros. Se quiser um
Touch com mais espaço, há o de 16 gigabytes, por 399 euros
Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro.
Outubro 2007
/
ComunitàItaliana
35
aluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut
Doença silenciosa
Grupo Keystone
“Descoberta
a doença e
mantido o
tratamento, as
pessoas podem
ter uma vida
normal”
Annunziata Sonia Fusaro,
endocrinologista
36
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
buídos em 1,70 metro. Depois de
várias dietas sem resultados, e
com hipertensão, foi ao cardiologista e ele descobriu as taxas
de T4 e T3 descontroladas.
— Foi aí que percebemos o
motivo pelo qual nunca consegui
emagrecer. Hoje controlo o hipotireoidismo com remédios e faço exames de seis em seis meses
— relata Lenilda, que enfrentou,
recentemente, uma cirurgia para
a retirada de um cisto do tireoglosso (cisto fibroso localizado
no pescoço): — Fiquei preocupada porque tomei anestesia geral,
mas correu tudo bem.
Um simples exame de sangue
identifica o problema em quem
apresenta os sintomas. Ainda não
há um motivo comprovado que explique o fato de as mulheres serem
as principais vítimas da tireóide.
Há suspeita de que isso possa estar relacionado com os hormônios
femininos, até porque o risco do
mau funcionamento ocorre, quase
sempre, depois dos 40.
Para que a tireóide funcione
de forma adequada, existe uma
dosagem mínima diária de iodo
que deve ser consumida, cerca de
200 microgramas. Desde 1982, a
população brasileira recebe suplementação de iodo por meio
do sal iodado. As necessidades
de iodo para o ser humano são
variáveis, dependendo da idade,
sexo, estado gestacional ou período de lactação, calor e umidade regionais, além de hábitos
individuais de adição de sal ao
alimento.
Segundo o Instituto da Tireóide, em São Paulo, cerca de 15%
das pessoas acima de 45 sofrem
de problemas na glândula no país, ou seja, cerca de 10 milhões
de pessoas. De acordo com estudo do Policlínico Universitário Agostino Gemelli di Roma, os
problemas na tireóide aparecem
na mesma proporção na população italiana.
Grupo Keystone
ma costuma aparecer, com mais
freqüência, nas mulheres. Caso de
Maria Cristina Abreu, de 29 anos,
que sentia o coração disparar.
— Meu coração disparava tão
rápido que a sensação que eu tinha era a de que ia morrer — conta a assistente social, cujo problema foi controlado com tratamento
à base de iodo radioativo.
Os problemas na glândula podem ter inúmeras causas. Fatores
genéticos e hereditários podem
influenciar no funcionamento da
tireóide, responsável pela produção dos hormônios T4 e T3. Estes
estimulam o metabolismo.
Segundo a endocrinologista
Annunziata Sonia Fusaro, os sintomas variam de acordo com a
doença. No hipotireoidismo podem ocorrer, por exemplo, sonolência, inchaço, ganho de peso e
até alterações menstruais.
— Depois de descoberta a
doença e mantido o tratamento, as pessoas podem ter
uma vida normal — garante a médica.
A secretária Lenilda Lima, de 52, sempre
foi uma “mulher grandona” como ela mesma se
define. Depois de duas
gestações, seu peso
oscilava em torno de
80, 90 quilos, distri-
Sexo seguro?
A
penas 50 % das mulheres italianas
usam métodos contraceptivos seguros na hora do sexo. Esses são os dados
de uma recente pesquisa feita pela Sociedade Italiana de Ginecologia e Obstetrícia
(Sigo). O fator que chamou a atenção, segundo o relatório, diz respeito a primeira
relação sexual, geralmente ocorrida entre
os 17 anos. Uma em cada três adolescentes simplesmente ignora os preservativos.
O resultado do trabalho foi apresentado na
Primeira Jornada Mundial da Contracepção, no último dia 26. A pesquisa foi feita
com 1,1mil mulheres.
Reprodução
gonistas PPAR gamma – remédios
utilizados no tratamento de diabetes – inibem o crescimento celular. Os PPAR-gamma bloqueiam
a produção excessiva de hormônios desencadeada por um anticorpo presente no sangue dos pacientes de hipertireoidismo.
O hipertireoidismo é a produção excessiva de hormônios, já o
hipotireoidismo consiste na baixa
produção ou em nenhuma. Toda pessoa
possui tireóide, mas o
proble-
Está na corpo!
A
Basta um curativo
A
Comissão Européia homologou o uso de
um curativo para o tratamento do Mal
de Alzheimer, que afeta 18 milhões de pessoas em todo o mundo. A notícia foi dada pelo grupo farmacêutico suíço Novartis. O novo
medicamento reduz os efeitos secundários e
permite que os princípios ativos sejam transferidos através da pele e do sangue, de modo
contínuo, durante 24 horas.
vida está estressante? Então é hora
de observar a pele. Sim, a pela, pois
é por ela, primeiramente, que as tensões
são descarregadas. Segundo a médica Rita Viscovo, do Centro Médico Monterosa
de Milão, os tecidos do corpo, assim como aparelho gastrointestinal, são os que
mais sofrem com os males do mundo moderno. De acordo com a especialista, o
estresse, em sua fase crônica, aumenta
a liberação do hormônio cortisol endógeno, fazendo com que a doença cause
desequilíbrio no organismo.
Cuca legal
P
Grupo Keystone
onolência, depressão, aumento ou perda de peso,
tremores. Tantos sintomas
diferentes podem resultar
de um mesmo problema: o mau
funcionamento de uma glândula
chamada tireóide. Essa disfunção
pode ser denominada como hipertireoidismo (doença de Graves) ou
hipotireoidismo. Pesquisadores da
Universidade de Firenze descobriram novos medicamentos para o
tratamento da doença.
Os cientistas
demonstraram
que os anta-
ma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) vem mostrando que o caju pode
ser um bom amigo daqueles que sofrem
de pressão alta. O trabalho está sendo
feito a partir da extração de uma resina
(exsudato) extraída do caule do cajueiro.
Passando por um processo de purificação, o material acaba se transformando
em goma e, a partir daí, pode ser utilizado para produção de alimentos voltados
para o tratamento da hipertensão.
Grupo Keystone
S
Nayra Garofle
U
Ronaldo Salame
Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento para o hipertireoidismo.
Problemas na tiróide atingem 15% das populações brasileira e italiana
Caju para
hipertensos
A dieta do sangue
Q
uem pensa que já ouviu tudo sobre dieta alimentar pode estar enganado. Dessa vez, a novidade vem do naturopata americano Peter D’Adamo, que defende a tese de
que sangue e comida determinam a possibilidade do desenvolvimento de doenças como
o câncer, esclerose, esquizofrenia e enfarto.
A base nutricional do regime é classificar os
alimentos de acordo com cada tipo sangüíneo. Quem tem sangue tipo A, segundo ele,
não toleraria bem as carnes vermelhas, sendo mais indicado um cardápio vegetariano.
Já os do tipo O não poderia abrir mão das
proteínas animais. O ideal, no entanto, é
consultar um especialista antes de descobrir
o tipo sangüíneo.
Bom sinal
C
resce o número de pesquisas sobre medicamentos na Itália. No
ano passado, foram cerca de 700 estudos referentes ao setor, representando
um aumento de 20% em relação a 2005.
Os dados foram revelados no VI Relatório Nacional da Agência Italiana Farmacológica (Aifa). Entre os assuntos mais
pesquisados estão as drogas antineoplásicas e as imunomodulatórias, seguidas pelos medicamentos para o sistema
nervoso e pelos antimicrobianos de uso
sistêmicos.
Outubro 2007
ara os amantes da cozinha oriental, uma
boa notícia: o curry, aquele condimento amarelado que da uma cor toda especial
ao arroz, faz bem ao cérebro. A pesquisa foi
divulgada no American Journal of Epdemiology. Segundo o estudo, a cúrcuma, um dos
componentes do tempero, tem propriedade
antioxidante e antiinflamatória. Os pesquisadores analisaram a relação entre os asiáticos – que têm o hábito de ingerir a especiaria – e suas funções cognitivas. Resultado:
os que consomem o curry com mais freqüência receberam mais pontos quanto à capacidade intelectual.
/
ComunitàItaliana
37
problema no Novo
e no Velho mundo
Ano letivo italiano começa com carência de docentes, aumento de
matrículas e livros mais caros. O Brasil, por sua vez, é o último
colocado, entre 36 países, quando o assunto é investimento no setor
N
Rosangela Comunale
ão é de hoje que as sucessivas crises no sistema educacional brasileiro
põem à prova, a todo o
instante, a capacidade administrativa dos profissionais do setor.
Estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE), deste ano,
confrontou dados de 36 países
e mostrou que o Brasil investe
pouco e mal em educação. O Rio,
por exemplo, viveu um dos seus
piores momentos no primeiro semestre de 2007, com redução no
quadro dos profissionais que deixou cerca de 20 mil alunos sem
aulas por mais de seis meses. A
carência de professores, associada ao preço alto dos livros, pro-
38
voca crise semelhante na educação italiana, cujo ano letivo
começou em setembro.
— Foram interrompidos projetos de qualidade de ensino que
já estavam implantados há anos.
Isso sem contar com os cortes
de docentes dedicados à educação para adultos — denuncia
o secretário da Federazione dei
Lavoratori della Conoscenza e da
Confederazione Generale Italiana del Lavoro (FLC- CGIL), Enrico
Panini.
A iniciativa de diminuir o número de professores nas escolas
partiu do próprio governo italiano. O Ministério da Economia entrou em rota de colisão com o da
Educação quando tentou dispen-
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
sar 19 mil profissionais no início
do ano. Depois de uma queda-debraço, foram dispensados 11,5
mil professores.
Na região da Lombardia, foram extintas 350 vagas de docentes, ao passo que houve, no
mesmo período, um aumento de
16 mil estudantes. A situação é
ainda pior na Sicília, no sul do
país, com 1,12 mil professores
a menos. O Lácio também teve
uma baixa de 600 educadores,
enquanto a cidade recebeu dois
mil novos alunos.
A professora italiana Vicenza
Di Leo, que trabalha em uma escola no município de Sala Consilina, na região da Campânia, no
sul da Itália, admite o problema,
Drama à brasileira
O problema da evasão na escola pública também é comum no
Brasil. Aqui, a situação se agrava
não só pela falta de professores,
mas também por conta das salas
superlotadas, baixos salários, dificuldades de acesso e violência
em torno das unidades de ensino. Há a própria carência financeira de grande parte da população, que sequer tem dinheiro
para pegar um ônibus da casa
para a escola. E evasão escolar
se eleva a níveis graves, ligada
ao alto índice de repetência.
— É o efeito dominó. O excesso de alunos, por exemplo,
prejudica o método de ensino do
professor. O aluno, por sua vez,
não consegue se concentrar. Esse
é um dos motivos que leva alunos
e professores a desistirem — ressalta a pedagoga Sandra Bianchi.
Para a especialista, a falta de
recursos didáticos causa a desmotivação dos alunos.
— Sem material, a aula torna-se chata. As escolas particulares brasileiras, por exemplo,
têm recursos. Mas por conta da
pressão do vestibular, o professor é obrigado a dar as aulas para cumprir o conteúdo. O mundo
e a tecnologia avançaram, mas o
sistema educacional, não — reflete Sandra.
Uma das dirigentes do Sindicato Estadual dos Profissionais de
Ensino do Rio de Janeiro (Sepe-
RJ), a professora Dayse Oliveira,
recorre ao sociólogo Otávio Ianni
para explicar o fenômeno educacional que afeta os dois países:
— Ianni dizia que isso é a
“terceiromundialização” do primeiro mundo. É fruto da globalização e do projeto neoliberal.
Há corte de verbas na Itália e no
Brasil. Os educadores na França
também entram em greve. Para
minimizar o problema, só mesmo
a integração dos trabalhadores.
Estudo desanimador
No estudo da OCDE, o Brasil aparece em último lugar no quesito gasto médio por estudante. O
país desembolsa apenas 1.303
dólares (2.749 reais), o que corresponde a um décimo do valor
aplicado, por exemplo, pelos Estados Unidos. O Chile, outro país
da América do Sul a entrar na lista, investe 2.864 dólares (6.043
reais). O Brasil sai da lanterna,
no entanto, quando os indicadores se referem ao nível superior.
Segundo a pesquisa, são 9.019
dólares (19 mil reais) gastos por
aluno ao ano. Assim, aproximase de nações como Espanha e Irlanda, ficando à frente da Coréia
do Sul, na Ásia.
O problema da falta de investimentos atinge o rendimento dos
alunos. Prova disso, foi o levantamento feito entre os 190 mil
“Foram
interrompidos
projetos de
qualidade que já
estavam sendo
implementados há
anos em algumas
províncias. Isso
sem contar com
o corte nas vagas
docentes voltados
para a educação
para adultos”
Enrico Panini, secretáriogeral do FLC-CGIL
Reprodução
mas diz que a situação não chega
a ser tão grave.
— Eu diria que é critica, mas
não grave. Sempre tivemos problemas com a falta de professores, principalmente com os temporários — diz Vicenza.
Na tentativa de evitar uma
evasão escolar – reduzida em
1,3 % entre 2005 e 2006 – o governo decidiu obrigar os jovens
ao estudo até os 16 anos.
— Trata-se de uma norma
sensata. Há institutos que perdem 25% dos alunos. Eles não
têm como se manter — justifica
o ministro da Educação, Giuseppe Fioroni.
Nem mesmo os livros escapam
da crise educacional. Segundo dados da Federação dos Consumidores (Federconsumatori), houve
um aumento de 5% no valor do
material didático em relação ao
ano passado. A despesa média por
estudante chega a 320 euros.
Divulgação
Viviane Stonoga
turismo
educação
O ministro da Educação, Fernando Haddad, fala sobre a crise do ensino médio e diz que solução virá em 15 anos.
Estudantes italianos fazem outras atividades para suprir a falta de professores no início do ano letivo
alunos de quase seis mil escolas
– públicas e privadas de todo o
país – que participam do Sistema
de Avaliação da Educação Básica (Sa-eb). Levantamento feito
entre 1995 e 2005, mostra que
as notas pioraram. Basta conferir
os dados referentes a disciplinas
consideradas primordiais, como
Língua Portuguesa e Matemática.
Na primeira, em 1995, a pontuação média foi de 188,3, caindo
a 165,1 em 2001. Dois anos depois, houve uma pequena recuperação, chegando a 169,4 e, em
2005, os alunos receberam 172,3
pontos. Em Matemática, a média
subiu de 177,1 para 182,4 entre
2003 e 2005. Mas o resultado
ainda se mostra pior do que o de
dez anos antes, quando a média
alcançou 190,6.
Ao analisar os dados do Saeb,
o ministro da Educação do Brasil,
Fernando Haddad, revelou que
o ensino médio vive “uma crise
aguda”, mas ele revela otimismo
ao dizer que há chances de melhora na qualidade do ensino em
dez ou 15 anos. Segundo ele, em
2004, o governo acreditou que,
caso fossem ampliadas as oportunidades de acesso à educação
superior – através de programas
como Universidade Para Todos
(ProUni) e a expansão de universidades federais – a qualidade do
ensino médio cresceria.
— Imaginávamos que essas
providências pudessem ajudar
o ensino médio a dar uma nova perspectiva para a juventude,
mas os indicadores, pelo menos
até 2005, demonstraram que as
iniciativas não tiveram o impacto esperado — admite.
Para o ministro, a solução
é a expansão das escolas técnicas federais. O governo prevê
aumentar o número de unidades
até 2010, passando das atuais
140 para 354. Haddad defende
que, no longo prazo, seja estabelecida uma meta de criação de
mil unidades federais profissionalizantes. Segundo ele, a manutenção desses estabelecimentos
demandaria recursos anu
— Não podemos dar uma formação geral de primeiro mundo
para alguns jovens e, para outros,
uma formação técnica para um
sistema produtivo obsoleto. Temos que combinar virtuosamente
essas duas dimensões — conclui.
ca de soluções. Durante a missão
fluminense na Itália, houve a assinatura, em Milão, de projeto de
intercâmbio entre a Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)
e a Escola Politécnica de Milão.
Parece pouco, mas não deixa de
representar um esforço.
— A intenção é possibilitar
uma estadia de seis meses, em
cada país, de nossos estudantes.
Temos cursos importantes, como
os de desenho industrial e de engenharia que podem interessar a
eles. Por outro lado, sabemos da
tradição deles em física e química
— explica o secretário estadual de
Educação, Nelson Maculan.
Intercâmbio
Com tantos problemas em comum na área de educação, Brasil
e Itália decidiram se unir na bus-
Outubro 2007
/
ComunitàItaliana
39
Fotos: Bruno de Lima
literatura
Biennale da A
record, ma
pochi lettori
In un anno di Bienal Internacional do Livro a Rio, il mercato editoriale
si riscalda. Malgrado le statistiche dell’Unesco abbiano informato che il
brasiliano legge in media solo 1,8 libro all’anno, secondo sondaggi della
Câmara Brasileira do Livro, appena nel 2006 sono stati pubblicati
46.026 titoli, il che ha originato una produzione di 320.636.824 copie
e un fatturato di oltre 2,8 miliardi di reali. Invece, in Italia, dati del
2005 provano che il segmento editoriale ha prodotto 3,621 miliardi di
euro, facendola divenire il quarto miglior mercato d’Europa
Sílvia Souza
40
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
nche se con il maggior
pubblico della storia
dell’evento, e cioè 640mila visitatori, la XIII Bienal
do Livro di quest’anno, avutasi a
settembre al Riocentro, è servita
anche per dimostrare che il mercato editoriale brasiliano e italiano presentano ancora un buon
margine di crescita. Dati del sondaggio Retrato da Leitura no Brasil, realizzato dalla Câmara Brasileira do Livro (CBL), dimostrano
che il 61% dei brasiliani adulti
alfabetizzati hanno pochissimo o
nessun contatto con libri. L’Associazione Italiana di Editori indica
inoltre che il 40% delle famiglie
del paese europeo non ha l’abitudine di leggere.
In Brasile, ad esempio, il libro è ancora visto come un prodotto caro e rivolto specialmente
alle élite. Infatti, secondo la CBL,
non è una coincidenza il fatto
che l’89% dei comuni del paese
non abbiano librerie e che circa
17 milioni di persone ammettano
di non apprezzare la lettura. Ma
malgrado questo il paese occupa
l’ottavo posto nel mercato editoriale del mondo in termini di produzione e vendita.
Eventi come la Bienal di Rio
hanno giustamente come obiettivo quello di popolarizzare sempre
di più l’abitudine alla lettura. Gli
editori dicono che questo è il momento di accattivarsi i lettori, di
dar fondo a testi che incitino a
lo svago e a successi internazionali. Le proiezioni per il fatturato dell’evento rivelano, però, che
questo si è mantenuto stabile: il
valore si è praticamente mantenuto dal 2005 al 2006, malgrado la permanenza del pubblico
nell’evento sia passata dalle tre alle quattro ore. L’anno scorso, sono
stati venduti 2,3 milioni di libri,
con un fatturato di 41,5 milioni
di reali. Il bilancio di quest’anno
non è stato ancora reso pubblico,
ma la stima è che il valore non
passi di 42 milioni di reali, frutto
della vendita dei libri.
— Il libro dialoga con il cinema, la televisione e il teatro. È
un prodotto, un oggetto di consumo. Saper orchestrare la rete
di informazioni di cui ha bisogno
è vitale. Abbiamo oltre 200 case editrici in un paese dove ogni
persona legge 1,8 libro all’anno.
Occupare una posizione privilegiata nelle centinaia di librerie
diventa una battaglia — valuta
Isa Pessoa, direttrice editoriale
dell’Objetiva.
Il grande richiamo per il
pubblico sono le conferenze, le
sessioni di autografi e i lanci.
Quest’anno, la biennale ha contato sulla partecipazione di 362
autori nazionali e internazionali. L’obiettivo di questa edizione
della biennale è stato quello di
dimostrare che, attraverso la lettura, si può creare un ambiente
culturale molto più interessante
di quelli in cui i libri sono sugli
scaffali, come se fossero oggetti
d’arredamento.
— Abbiamo un programma
culturale. La Bienal è un evento
familiare per tutte le età. È una
festa letteraria in cui le persone
sempre più prendono coscienza
dell’importanza della lettura —
descrive il presidente del Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Paulo Rocco.
Com’era successo nell’anno
dedicato specialmente all’Italia,
nel 2003, la Bienal ha reso omaggio quest’anno alle tre Americhe,
sfruttando i festeggiamenti dei
Jogos Pan-americanos. Con le attrattive, duemila scuole hanno
organizzato gite alla Fiera, il che
ha fruttato la visita di 173mila
studenti. Di questo totale, oltre
il 40% delle persone passateci
avevano tra i 15 e i 24 anni.
Richiamo Italiano
L’Italia è stata rappresentata alla
Bienal anche quest’anno dall’Istituto Italiano di Cultura, che ha
allestito uno stand insieme alla
Livraria Leonardo da Vinci. Case
editrici come Record, Companhia
das Letras e Rocco pubblicano
anche scrittori italiani. Anzi, in
quest’ultima spiccavano Valerio
Massimo Manfredi, Antonio Tabucchi e lo psichiatra Willy Pasini, autore dei libri Ciúme e A
auto-estima, pubblicati recentemente dalla casa editrice.
E uno dei nomi più popolari
della “women’s fiction” italiana,
Sveva Casati Modignani, autrice
di Desesperadamente Giulia, appena lanciato qui, è la punta di
lancia della Record per attrarre
nuovi lettori in Brasile. La scrittrice ha già pubblicato 14 romanzi, che hanno venduto circa
dieci milioni di volumi.
— Dovuto alla sua cultura e
produzione unici, l’Italia è già
stato un paese festeggiato alla
Bienal do Livro. Jorge Amado,
Clarice Lispector e Paulo Coelho
sono sicuramente gli autori brasiliani preferiti dagli italiani. Lo
scambio letterario tra i paesi è
intenso e ci impegniamo molto
per allargare questa conoscenza
mutua — afferma Rocco.
Per avere dati più aggiornati
del mercato brasiliano, la CBL dovrà realizzare un nuovo sondaggio entro la fine di quest’anno.
Secondo il presidente dell’entità,
Roseli Boschini, il profilo del lettore sta cambiando.
— Continuiamo a lavorare su
un universo di 26mila lettori e
sulla media nazionale di 1,8 libri
letti per abitante ogni anno, dati
del sondaggio del 2000. Ma a Rio
Grande do Sul, l’indice di lettura
è di 5,5 libri all’anno. Oggi, il libro sembra sia più al centro delle attenzioni che dieci anni fa.
Nuove fiere e festival di letteratura vengono realizzate in tutto
il paese, il che stimola la convivenza con i libri, anche senza
una buona rete di biblioteche e
con poche librerie — analizza.
Nelle edicole
Mentre in Brasile il tentativo di
far divenire i libri prodotti più
Provando che riunisce generazioni,
genitori e figli si divertono con i
prodotti della biennale. Il presidente
dello Snel, Paulo Rocco (a destra)
crede a buoni numeri di vendita
vendibili ha cominciato a prendere corpo negli anni ’90, l’Italia
presenta una rete più solida da
più tempo. Una delle maniere di
commercializzare più conosciuta
nello Stivale è la vendita accoppiata a giornali e riviste. Si arriva a 40mila copie. Ma nemmeno
questo dà al paese la garanzia di
abituare le persone alla lettura.
Tra le grandi nazioni europee, è
quella che presenta il peggior
indice di lettura, molto simile a
quello brasiliano. Secondo l’Associazione Italiana di Editori,
il 55,9% della popolazione con
più di sette anni d’età dichiara
di aver letto perlomeno un libro
durante l’anno, escludendo i libri
scolastici. Secondo il vice direttore dell’Instituto Italiano para
o Comércio Exterior (ICE), Gianni Loreti, circa il 40% delle famiglie non legge. Dice anche che
questi numeri sono gli stessi da
10 anni.
— Solo il 20,5% delle donne e il 18,2% degli uomini hanno l’abitudine di leggere. Tra i
giovani, dai 6 ai 24 anni, il 70%
legge più della media della popolazione (60,5%). Ma questi giovani lettori leggono da uno a tre
libri all’anno al massimo. E una
quota del 26,8% non legge in assoluto — sottolinea Loreti.
Ma anche così il mercato editoriale italiano è il quarto maggiore in Europa e, nel 2005, con
3,621 miliardi di euro di fattura-
Outubro 2007
/
to su prezzi di copertina, ha ottenuto il sesto posto nel ranking
mondiale.
— Sono tremila case editrici
che fanno parte del mercato in
modo sicuro e continuo. La spesa
degli italiani con i libri è quasi il
doppio di ciò che spendono comprando riviste e periodici nelle
edicole. Sono 3,621 miliardi di
euro contro 885 miliardi, il 79%
in più, ad esempio, delle spese
per l’acquisto di giornali — enfatizza.
Loreti sottolinea inoltre che
la produzione italiana è caratterizzata da un elevato numero di
traduzioni. Ogni quattro titoli
pubblicati, uno è il risultato di
una traduzione straniera:
— Se da una parte l’importazione dei diritti d’autore è aumentata del 7,4% tra il 2001 e il
2007, da un’altra oggi la capacità di vendere su mercati internazionali titoli e autori italiani è
aumentata del 32,2%.
ComunitàItaliana
41
musica
La nuova
culla
del jazz
— Una volta mi ha cercato
una ragazza che voleva organizzare un festival di jazz italiano
in Brasile. Ma l’idea non è andata avanti. Credo per mancanza di
sponsor. Ma era già stato significativo. In altri tempi questo sarebbe stato impossibile. Le cose
sono cambiate
Il ricercatore comunque dice
che la tendenza italiana per il jazz
non è recente. Secondo lui, i musicisti italiani dimostrano talento
in questo stile fin dagli anni ’30.
— Com’è il caso del chitarrista jazz Stéphane Grappelli,
figlio di italiani. Ci sono anche
il batterista di Duke Ellington,
Louie Bellson. Pochi conoscono
il suo vero nome: Luigi. E al figlio di Mussolini piaceva molto
suonare jazz. Molta gente di famiglia italiana appartenevano al
mondo del jazz già a quell’epoca — racconta, ricordando che il
Tim Festival di quest’anno avrà
una notte dedicata specialmente
al jazz europeo.
Dopo il successo alla presentazione del pianista
Stefano Bollani nella passata edizione, il TIM
Festival di quest’anno consacra l’Italia nel mondo
jazzistico con concerti della cantante Roberta
Gambarini e del sassofonista Stefano di Battista
S
e il tema è il jazz, il punto di riferimento nel mondo è… l’Italia. Proprio cosí. Uno dei più sofisticati generi musicali del
mondo si prende le distanze dalla sua culla di origine, il sud
degli Stati Uniti, per garantire splendore agli astri italiani.
Al TIM Festival di quest’anno – dal 26 al 31 di questo mese a Rio de
Janeiro, San Paolo, Curitiba e Espírito Santo –, tra i più attesi dal
pubblico ci sono la cantante Roberta Gambarini e il sassofonista Stefano Di Battista.
L’anno scorso, il programma del festival aveva già
portato in Brasile il pianista Stefano Bollani, vincitore quest’anno dell’European Jazz Prize. Il produttore, ricercatore, giornalista e musicologo Zuza Homem de Melo, curatore di jazz del festival,
spiega il fenomeno jazzistico italiano.
— Da cinque anni a questa parte non abbiamo più soltanto un unico nome italiano dello
stile. Ci sono molti musicisti che frequentano i
festival europei di jazz. Grazie a questo, le case
discografiche si sono impegnate alla loro distribuzione degli USA. Ciò ha favorito la divulgazione — spiega Zuza, frequentatore di festival europei e americani.
Secondo il produttore, nel 2005 gli italiani si
sono distinti, per esempio, nelle presentazioni a
Montreal, in Canada.
— Questo (il successo del jazz italiano) viene percepito da chi frequenta i festival in Europa e negli Stati Uniti — dice lo specialista
che, l’anno scorso, ci ha tenuto ad accompagnare l’Umbria Jazz Festival, a Perugia.
Zuza ha anche notato che il Brasile
rivolge sempre più le sue attenzioni al
jazz italiano. E cita un esempio:
42
ComunitàItaliana
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Outubro 2007
Fotos: Divulgação
Rosangela Comunale
Concetti e affinità
Perlomeno una cosa è diversa
nell’edizione 2007 del TIM Festival: il programma sarà tematico,
unendo gli artisti a seconda dei
concetti o affinità musicali.
L’evento riunirà 26 artisti internazionali e 13 nazionali, selezionati da un gruppo di cinque curatori: Zuza Homem de Mello, Zé
Nogueira, Hermano Vianna, Ronaldo Lemos e Pedro Albuquerque.
La lista include, ad esempio,
la veterana Björk; le nuove bande rock The Killers e Arctic Monkeys; il pianista prodigio russo
Eldar, di soli 20 anni; l’avanguardista jazz Cecil Taylor, 78; la
banda di rock dell’attrice Juliette
Lewis; le muse Cat Power e Feist;
le rivelazioni brasiliane Ribelle
e Profeto Axial; i DJ Alexandre
Herchcovitch e Johnny Luxo; il
DJ Marlboro; la banda della cantante svedese Neneh Cherry.
A San Paolo, ci saranno cinque giorni di concerti, dal 25 al
29 ottobre, nella discoteca The
Week (26), nell’Auditório Ibirapuera e nell’arena Skol Anhembi.
L’edizione carioca avrà luogo di
nuovo alla Marina da Glória, zona
sud di Rio, con presentazioni il
26 e il 27. A Vitória, dal 27 al 29,
il programma andrà dal jazz a nomi del pop. Per concludere l’evento, le principali attrattive del festival si riuniranno a Curitiba il
31, nella Pedreira Paulo Leminski.
Altre informazioni sul festival nel
sito www.timfestival.com.br.
Voce cristallina
Il talento italiano della cantante
Roberta Gambarini è stato incentivato subito dopo essere stata conosciuta negli Stati Uniti,
culla storica del jazz. In appena
due settimane in terre americane, per studiare al New England
Conservatory, di Boston, è arrivata al terzo posto al Thelonious
Monk International Jazz Vocal
Competition, em 1998. Alcuni
critici la paragonano da allora
alla diva Ella Fitzgerald, dovuto
al timbro della sua voce e alla
sua intonazione.
Roberta ha già accompagnato
musicisti del livello di Roy Hargrove, Michael Brecker, Ron Carter, Herbie Hancock e Toots Thielemans, tra gli altri. Oltre alla
sua tecnica, ammirata da molti,
il discreto accento quando canta in inglese diventa uno charme
in più. Secondo Victor L. Schermer, del sito internet specializzato All About Jazz, Gambarini forse “è la prima cantante a riuscire
a imprimere in modo totale nello scatting influenze del bebop
e del post-bop, facendo con la
voce ciò che Charlie Parker faceva col sax alto. In questo senso,
lei è unica anche tra le maggiori
cantanti di jazz, contemporanee
o del passato”.
Virtuoso al sax
Il sassofonista Stefano Di Battista, 29, era già conosciuto gra-
Il sassofonista Stefano Di Battista
(foto pagina anteriore) si presenterà
con il suo Quartet (sopra) a
Rio e San Paolo. La cantante
Roberta Gambarini, che farà due
presentazioni, viene paragonata a
Ella Fitzgerald. Zuza Homem de
Mello (sotto) dice che la crescita del
jazz italiano non è una novità
zie ad un periodo passato nel sestetto di Michel Petrucciani, un
contratto con la casa discografica americana Blue Note e dischi
incisi accanto a musicisti come
il batterista di John Coltrane, Elvin Jones.
Il virtuosismo dell’italiano
si rivela tanto al sax alto quanto al soprano. E il suo lavoro
apre spazio a stili molto diversi
come il bebop, il jazz rock e la
bossa nova. Questa versatilità
gli ha permesso di suonare con
grandi strumentisti come Claude Nougaro e Michael Brecker,
tra gli altri.
Outubro 2007
/
La sua storia nella musica è cominciata a 16 anni, ma ha ricevuto il primo premio al Conservatorio
di Roma a 21 anni. Nel 1994 era
già a Parigi – uno dei points europei del jazz – dove ha lavorato con
il batterista e compositore Aldo
Romano. Più tardi, nella National
Jazz Orchestra, è diventato uno
dei principali solisti. Nel 1997,
ha creato un suo proprio gruppo,
un quintetto, e ha lanciato il suo
primo album, Volare, punto di partenza di innumerevoli tournée.
Di Batista e Gambarini si presentano a San Paolo il 26 e a Rio
il 27 di questo mese.
ComunitàItaliana
43
Roma
notizie
Anelise Sanchez (interina)
Lusso, economia e potenza
L
Surpresa inesperada
P
Divulgação
Fotos: Reprodução
ara os turistas de passagem pela capital italiana, é impensável não dedicar
grande parte do próprio roteiro aos lugares
mais conhecidos da cidade. Contudo, nem
sempre os locais mais fascinantes são aqueles citados nos principais guias turísticos.
Para quem tiver tempo, vale a pena ir a um
lugar muito especial localizado no bairro
de Aventino. Peça a um motorista de táxi
para levá-lo até o portão da antiga Ordem
de Malta, próximo à igreja de Sant’Alessio.
Chegando lá, aproxime-se do olho mágico
de tal portão e aprecie a vista deslumbrante
da cúpula do Vaticano a sua frente. Satisfação garantida.
a nuova linea di furgoni Iveco Daily arriva questo mese ai
mercati piena di novità. Oltre ad un portabagagli più capiente, il suo motore moderno e più potente rende possibile un consumo inferiore di carburante. Il design esterno è firmato dall’italiano
Giorgetto Giugiaro. I nuovi veicoli Iveco sono costruiti su di un telaio leggero e resistente. La maggioranza dei vantaggi tecnologici
della gamma Iveco Daily viene dal nuovo motore a diesel high speed Iveco F1C. A novembre, un’altra sopresa: la nuova gamma Iveco
Stralis. Consacrata per la robustezza, il minore consumo di carburante del segmento di macchine pesanti e un’eccellente produttività, la nuova famiglia Stralis dell’Iveco usa ora una cabina dalle
linee esterne eleganti e aerodinamiche, oltre ad un interno pratico, lussuoso e comodo per l’autista. “Il nuovo Stralis consoliderà
la linea di macchine pesanti dell’Iveco come il miglior
prodotto di questa categoria
in Brasile, affiancando alla
sua tradizionale economia di
carburante la sofisticazione e
la comodità della sua nuova
cabina” dice l’ingegnere Renato Mastrobuono.
Multa per chi sporca la città
Sabor antigo
A
Fantástica Fábrica de Chocolate
existe e tem endereço: Roma. Para
os amantes da guloseima, a reinauguração da Società Azionaria Industria Dolciaria (Said) não se limitou às imagens
do filme que ganhou nova adaptação, em
2005, nas mãos do cineasta Tim Burton.
Fundada em 1923, a Said, que havia sido
destruída com o bombardeio ocorrido em
1943, voltou a funcionar a pleno vapor.
Além de ter sido transformada em museu
do chocolate, já está produzindo barras
de puro cacau. Os visitantes podem apreciar de perto as técnicas utilizadas pelo laboratório, consultar os livros de uma
biblioteca temática e degustar algumas
das mil tentações da fábrica. A pizza com
chocolate amargo e os bombons de ricota são algumas das especialidades mais
apreciadas e vendidas.
Informações:
SAID
Via Tiburtina 135 (00185)
39 064469204 (tel),
e-mail: [email protected]
44
ComunitàItaliana
/
Lar de Mussolini
aberto ao público
C
om um investimento estimado em
5,5 milhões de euros e um exaustivo trabalho de restauração de vinte meses, a prefeitura de Roma reinagurou
um importante espaço público histórico da
capital italiana: a charmosa Villa Torlonia,
localizada no interior de um parque na Via
Nomentana. O local foi residência oficial de
Benito Mussolini, entre 1925 e 1943. Conta-se que o ditador alugou o espaço por um
custo simbólico de uma lira ao mês.
Atualmente, além de sua beleza natural, o parque de Villa Torlonia abriga dois
museus principais: a Casina delle Civette e
o Casino Nobile.
A mais imponente é a Casina delle Civette (Casinha das Corujas), uma construção idealizada em 1839 por Giuseppe Jappelli, também tendo servido de residência
para o príncipe Giovanni Torlonia. O nome
atribuído ao museu deriva de sua decoração interna, caracterizada por oníricos vitrais de corujas. Já o Casino Nobile possui
uma estrutura famosa por ter sido decorada por artitas das escolas de Thorvaldsen
e Canova.
Outubro 2007
Outra área que marca historicamente
a vila é o refúgio anti-aéreo subterrâneo,
construído durante a permanência de Mussolini no local. As surpresas, no entanto,
não param por aí.
Em 1919, a vila foi alvo de uma surpreendente descoberta: um cemitério hebraico. Por esse motivo, o atual prefeito
de Roma, Walter Veltroni, anunciou para
outubro de 2008 a construção do museu
da Shoah.
Com a morte do príncipe Torlonia, a vila enfrentou um período difícil. Em 1944,
foi ocupada por um comando militar angloamericano, tendo sido comprada pela prefeitura da capital em 1978. Hoje, ela oferece aos turistas do mundo todo a chance de
conhecer sua beleza.
Informações:
Musei di Villa Torlonia
Via Nomentana, 70
Horário: de 1° de outubro ao último sábado deste mês: 9h – 17h
Do último domingo de outubro a fevereiro
de 2008: 9h – 16h30
L
a AMA, gruppo italiano che si occupa della raccolta dei rifiuti a Roma, ha dato inizio ad una campagna di pulizia della città con la distribuzione di volantini sulle nuove regole. Chi
non rispetterà le norme verrà multato. La punizione spazia dai 50
ai 300 euro e sarà applicata a coloro che non faranno la raccolta
differenziata, non raccoglieranno le feci dei loro cani, butteranno
cicche di sigarette per terra o parcheggeranno di fronte ai cassonetti. Trenta impiegati preparati dall’azienda faranno i controlli
per le vie della città. Si vorrebbe arrivare ad un numero pari a 250
entro la fine dell’anno. Inoltre, sarà impiantato un servizio di raccolta di feci animali lasciate nelle vie e sui marciapiedi.
Omaggio d’oro
L
a giornalista, imprenditrice di marketing, professoressa universitaria e scrittrice Silvana Selmi Dei Gontijo ha ricevuto, a
settembre, la medaglia d’oro concessa annualmente dalla Camera
di Commercio, Industria e Artigianato di Lucca, dal governo della
Provincia e dall’Associazione Lucchesi nel Mondo. L’omaggio viene
assegnato a 15 personalità che, anche se fuori dall’Italia, valorizzano la Toscana. Silvana ha ricevuto la medaglia dalle mani del
presidente della Provincia, Stefano Bacelli.
Discendenti veneti a Minas in festa
C
on il supporto di Comunità, circa 300 membri dell’Associação Vêneta Solidarietà do Vale Médio Rio Doce di Minas
Gerais (Avesol) festeggiano il primo anno dell’istituzione. Riunendo quattro generazioni di discendenti di immigranti, la festa ha
avuto luogo il 2 settembre ed ha avuto come punto di partenza
la messa celebrata presso la chiesa di Santa Luzia. C’è stato anche un pranzo comunitario dove si è condiviso polenta, formaggi,
vino, pane e crostoli. Canzoni italiane hanno dato il tono all’ambiente riempito dagli abitanti dei comuni di Resplender, Itueta,
Santa Rita do Ituêto e Aimorés. Durante i festeggiamenti sono
stati sorteggiati due abbonamenti annuali a Comunità e cinque
magliette per gli associati dell’Avesol. A novembre, una delegazione della União dos Vênetos no Mundo verrà a conoscere la Vale
do Médio Rio Doce e firmerà un gemellaggio con l’Avesol.
Polizia arresta Cacciola a Monaco
C
ondannato a 13 anni di prigione dalla Justiça Federal di Rio
per DESVIO di denaro pubblico e gestione fraudolente della
sua banca, Marka, Salvatore Cacciola è stato arrestato dall’Interpol a Monaco il 15 settembre. La giustizia del Principato analizza
la richiesta di estradizione dell’ex banchiere, che dovrà anche ser
sottoposta al principe Albert II, capo dell’Esecutivo. I suoi avvocati hanno cercato di entrare con una richiesta di habeas corpus
al Supremo Tribunal Federal, ma gli è stato negato. L’ex banchiere
era stato arrestato nel luglio del 2000, ma è fuggito a Roma dopo aver goduto del beneficio di un certificato giudiziario di rilascio firmato dal ministro Marco Aurélio Mello. Il Ministério da Justiça temeva che una nuova disposizione preliminare permettesse
all’ex banchiere un’altra fuga verso l’Italia, che aveva già negato
l’estradizione garantita dalla sua cittadinanza italiana. Cacciola
gode di doppia cittadinanza..
Nella petizione, la difesa sosteneva che, durante il suo soggiorno in Italia, Cacciola sarebbe rimasto a disposizione della
giustizia brasiliana, per mezzo del suo difensore. Per questo, secondo la difesa, non avrebbe avuto un senso l’argomento della
giustizia di Rio che ha decretato la prigione preventiva dell’ex
banchiere sostenendo che era un latitante. Gli avvocati di Cacciola affermano inoltre che si starebbero violando i principi del dovuto processo legale e della presunta innocenza. L’habeas-corpus
chiede preliminarmente la sospensione del mandato di prigione
preventiva contro Cacciola, con immediata comunicazione della decisione all’Interpol e alle autorità del Principato di Monaco.
Cacciola è accusato di aver ottenuto informazioni privilegiate e
vantaggi indebiti dal Banco Central nel momento della svalutazione del Real, nel 1999. Con l’operazione, l’erario avrebbe subito
un danno di R$ 1,5 miliardo.
Outubro 2007
/
ComunitàItaliana
45
Firenze
cinema
No Festival do Rio, nasce uma parceria ítalo-brasileira para a realização de produções
de filmes e documentários. Mostra de cinema em São Paulo se transforma em
oportunidade de debate sobre a crise na produção cinematográfica italiana
O
46
Divulgação
cinema italiano brilhou
nesta última edição do
Festival do Rio, de 20 de
setembro a 4 de outubro.
A co-produção ítalo-brasileira Estômago, de Marcos Jorge, ganhou
os prêmios de melhor direção e
júri popular, além de melhor ator
para João Miguel. Mas a novidade mais importante ocorreu fora
da tela grande. O Instituto Luce
e a Cinecittá Holding, instituições
estatais italianas, e a Agência Nacional de Cinema, assinaram um
protocolo de intenções para a
criação de novas parcerias cinematográficas entre Itália e Brasil.
— Acho ótimo essa iniciativa.
Com Estômago provamos ser possível colocar em prática o Acordo
Bilateral de Co-produção firmado
entre o Brasil e a Itália nos anos
70. A co-produção é o caminho
natural para o cinema brasileiro.
Especialmente com a Itália, país que amo profundamente e que
considero como minha segunda
casa — disse o premiado Marcos
Jorge, acrescentando já ter morado na Itália.
A partir da parceria, cineastas e produtores vão poder contar
com mais verbas para o desenvolvimento de projetos que serão
selecionados a partir do ano que
vem. Já há na pauta pelos menos três projetos de co-produção
Brasil/Itália em discussão.
O documento final será assinado neste mês, no Festival de
Cinema de Roma, e vai entrar em
vigor em 2008 — diz o diretor do
Instituto Italiano de Cultura do
Rio, Rubens Piovano.
O evento exibiu mais de 300
filmes inéditos no Brasil e na
maior parte do mundo. Houve oito
títulos italianos distribuídos em
diversas mostras, entre os quais
Riparo, de Marco Puccioni (que
esteve no Rio com o seu produtor,
Mário Mazzarotto), Haiti Cherie,
de Cláudio del Punta e A garota
do lago, de Andrea Molaioli.
Divulgação
Nayra Garofle e Bruna Cenço
— Todo ano procuramos estar
atentos às novidades que consideramos apropriadas. Sejam clássicos ou filmes de diretores já consagrados. Este ano havia películas
interessantes, como La ragazza del
lago, de Molaioli, Riparo, de Marco
Puccioni e Haiti querido, de Claudio Del Punta, jovens e promissores diretores — afirma Piovano.
Três co-produções ítalo-brasileiras presentes no Festival do
Rio demonstram que já há uma
relação entre os dois países: Estômago, do brasileiro Marcos Jorge, que esteve na mostra Première Brasil, desta edição do Festival
do Rio; Anita Garibaldi, do italiano Aurélio Grimaldi, rodado
integralmente no Brasil, e Observadores de Pássaros, do ítaloargentino Marco Bechis, filmado
também aqui.
ComunitàItaliana
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Outubro 2007
A produção ítalo-brasileira
Estômago arrebatou três prêmios
no Festival do Rio. A modelo e atriz
italiana Elena Santarelli dar o ar da
sua graça na comédia Sexi
Mercado em crise
São Paulo também brindou o cinema italiano. Lá, no entanto a Terceira Semana de Cinema Contemporâneo Italiano, realizada de 27
de setembro a 4 de outubro, serviu
para lançar os holofotes sobre uma
crise no mercado cinematográfico
da Itália. Atores, diretores e sindicalistas oriundos da bota promoveram durante o evento um grande
debate sobre o tema e revelaram
preocupação, especialmente, com
a falta de renovação no setor.
Do país que já exportou filmes
assinados por talentos como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini e Luchino
Visconti, Francesco Amato, diretor
de Ma che faccio qui!, demonstrou
preocupação com a crise.
— Hoje, ainda é muito complicado conseguir financiamentos
para o cinema. É preciso investir
em equipamentos e em pessoal.
Do contrário, não será possível
pensar em um futuro para o cinema italiano — desabafa.
Para o diretor, a Itália tem
feito muitos filmes ruins e alguns
muito bons. Entretanto, ele argumenta que a falta de dinheiro, as
carências tecnológicas e a disputa por público com o cinema dos
Estados Unidos, são os maiores
problemas enfrentados.
O ator Antônio Catania, do
elenco de Liscio, identificou a
falta de divulgação das produções italianas mais recentes como um dos problemas.
— O cinema italiano é conhecido muito pelos filmes mais antigos,
como os de Fellini. Já os atuais são
pouco divulgados — avalia.
A presidente do Sindicato dos
Jornalistas Cinematográficos da
Itália, Laura Delli Colli, admitiu
a existência de dificuldades, mas
demonstrou otimismo ao apontar
sinais de que o cinema italiano
começa a se recuperar:
— Há roteiristas e diretores que estão fazendo um novo
tipo de cinema, com temas que
agradam mais aos jovens. É lógico que não vamos deixar de ter o
famoso estilo de cinema italiano,
mas é importante que haja essa
renovação. É importante que os
mais jovens venham ao cinema.
No primeiro semestre do ano, a
cada 20 filmes exibidos, seis eram
italianos. É um número bem melhor do que havia tempos atrás.
Laura não descarta a exigência do mercado de se criar produções mais rentáveis.
— Há um desejo de fazer filmes mais comerciais para que a
atividade seja rentável — admite.
Foram exibidos durante a mostra, além de Ma che ci faccio qui!
(Itália, 2007), de Francesco Amato, e de Liscio (Itália, 2006), de
Claudio Antonini: In memoria di
me (Itália, 2007), de Savério Costanzo; Tutte le donne della mia vita (Itália, 2006), de Simona Izzo;
e Last Minute Marocco (Itália,
2007), de Francesco Falaschi. Para
saber mais sobre os filmes, vale visitar o site da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria (Italcam) - www.italcam.com.br .
Bardini Project
Fotos: Reprodução
Salve a telona!
Giordano Iapalucci
I
l Giardino Bardini a Firenze, in cima ad
uno dei più pittoreschi angoli della città,
ospita la mostra di Michele Dantini, artista
e critico, autore di alcuni diari di viaggio, i
cui lavori utilizzano spesso linguaggi diversi
come fotografia, disegno, suoni e video-installazioni. Il Bardini Project si rivolge principalmente alla costante interazione tra mondo umano e naturale creando cammini nuovi
ed originali tra architettura, arte, zoologia e
botanica. Dal lunedì alla domenica dalle 8.15
alle 18.30. Info: www.tusciaelecta.it
XXV Mostra
Antiquariato
I
n questo inizio di autunno fiorentino è senza dubbio da rilevare la Mostra Mercato Internazionale dell’Antiquariato. È sicuramente la più antica in
Italia e una delle più importanti del suo
genere nel mondo. Nasce nel 1959 a Palazzo Strozzi dall’intuito di Luigi Bellini.
Per problemi logistici, ne perderà la sede
nel 1997 ad appannaggio di Palazzo Corsini. Da quella prima edizione l’evento si
Festival della Creatività
A
è sempre più trasformato in un fatto culturale che ha attirato nella capitale toscana ormai da anni anche i protagonisti del
jet-set mondiale. Si prevedono circa 80
espositori italiani e quasi una ventina di
stranieri. Novità del 2007 sarà la presenza
di alcuni galleristi di livello internazionale
con opere di arte moderna. Palazzo Corsini
29 settembre-7 ottobre. Dalle 10.30 alle
20.00. Ingresso 10 euro.
fine ottobre, presso la Fortezza da Basso di
Firenze grande appuntamento con la seconda edizione del Festival della Creatività con la
grande promozione della Regione Toscana. Il palinsesto sarà pieno di incontri, convegni e dibattiti con grandi rappresentanti della cultura contemporanea, del design e della scena musicale
italiana e internazionale. Tra i temi del giorno di
apertura il più dibattuto sarà: ‘Creatività e Competitività: il sistema Italia e il mercato globale’.
Tra i grandi ospiti Derrik De Kerckhove, designer
newyorkese che ha trasformato radicalmente le
tecniche pubblicitarie degli ultimi anni. 40.000
m2 di superficie espositiva, 400 eventi e 1600 artisti vi aspettano. www.festivaldellacreativita.it.
Lucio Dalla in concerto
È
sicuramente un piacevole ritorno
quello di Lucio Dalla, dopo ormai diversi anni di assenza dai palchi fiorentini.
Saranno due serate, il 27 e il 28 novembre
all’insegna di pezzi famosi del passato ma
anche di quelli inediti del suo nuovo cd.
Tra questi anche “Due dita sotto il cielo”
dedicata all’amico e campione del motociclismo mondiale Valentino Rossi. Dalla, artista bolognese la cui passione per i
motori è sempre stata grande, dedicò, ormai qualche anno fa, una canzone anche
al grande campione Ayrton Senna. Presso
il Teatro Verdi di Firenze. Prezzi dai 22 ai
50 euro. Info: www.bitconcerti.it.
Outubro 2007
Argan:
opere grafiche
P
er chi fosse appassionato dell’arte grafica è interessante segnalare l’inaugurazione a Pisa, presso il Museo della Grafica, una mostra, dal titolo
“Segni Multipli. Opere grafiche dalla donazione Argan”. L’esposizione dedica i
suoi spazi ai grandi protagonisti della
cultura grafica contemporanea del secondo novecento. Argan ha da sempre
interpretato i temi legati alla funzione
sociale ed educativa dell’arte, dal cubismo all’astrattismo di Ricasso, Moore e
De Stijl in cui i presupposti teorici della
stessa arte venivano rimessi in discussione. In programma fino al 28 dicembre
presso Palazzo Lanfranchi di Pisa. 15.0019.00. Ingresso libero.
/
ComunitàItaliana
47
comportamento
Vita
rappresentata
nell’arte
Pronipote di italiani, Horácio Storani fa parte
della troupe circense che emoziona platee a Rio
C
Rafaela Giordano
to a Nova Friburgo e pronipote
di italiani.
La scena è una delle tante che
fanno parte di Vida de Artista, a
arte de construir um espetáculo,
produzione del programma del circo sociale Crescer e Viver, in cartellone fino alla fine di ottobre
sotto il tendone della Praça Onze, al centro di Rio. Horácio è una
delle 17 stelle dello spettacolo
che riunisce danza, teatro, musica
e, è chiaro, molti numeri circensi,
acrobazie, contorsionismi e giochi
di prestigio. Ma l’artista si è scoperto pagliaccio a 16 anni, un po’
per caso, quando ancora abitava
con la famiglia a Nova Friburgo,
sulle montagne fluminensi.
— Sono sempre stato portato
per la vita di pagliaccio. Da piccolo, mettevo in scena spettacolini diretti da mia madre, ma il
tutto è successo soltanto quan-
Fotos: Ierê Ferreira
on un bel vestito bordeaux, la pallina rossa sulla
punta del naso e suonando antiche arie alla fisarmonica, Horácio Storani entra
lentamente nella pista del circo
Lona do Crescer e Viver. Da solo in scena, dimostra abilità allo strumento, ma il pubblico non
ha bisogno di aspettare neanche
un minuto per conoscere il lato
comico dell’artista 22enne, na-
do ho fatto parte di un gruppo
di musica nell’adolescenza, che
si dedicava alla cultura popolare brasiliana e c’erano degli integranti che facevano parte di un
gruppo di teatro formato da pagliacci – si ricorda.
La traiettoria legata alla comicità è cominciata da quel momento. Uno dei lavori realizzati
dalla troupe è stato il teatro di
strada. In quel momento, usare
il naso rosso era già diventata
una routine. Non è passato molto tempo e Horácio ha conosciuto e voluto studiare alla Escola
Nacional de Circo, a Rio. Prima
aveva frequentato un’officina di
ferie, da cui è nata la passione
per il circo e la voglia di diventare un artista.
È entrato nella prima fase ed
è stato approvato nella selezione. E allora ha deciso di trasferirsi a Rio. Ma aveva un problema: non aveva dove abitare. Con
l’aiuto di un’amica ha trovato da
dormire presso uno studio medico. La cosa strana era che lui
poteva entrare a “casa” dopo le
22.00, quando finivano le visite
ai pazienti.
— Ero già completamente appassionato dell’arte circense. In
fondo, credo di aver sempre voluto
proprio questo — ricorda.
Crescer e viver
Obbligato a perdere tempo prima di tornare allo studio medico, il pagliaccio, allora, ha creato l’abitudine di camminare per
la città. È stato in una di queste passeggiate che ha trovato
il tendone del progetto Crescer
e Viver, situato a Praça Onze, a
Cidade Nova. Ha deciso di entrarci, presentato da Junior Perim, coordinatore esecutivo del
programma sociale, anche lui discendente da italiani di Cappella Maggiore, nel Veneto. Hanno
chiacchierato un po’ e Junior ha
chiamato Horácio per partecipare ad un’officina. Dopo una settimana di lezioni, è stato invitato
a far parte della troupe di artisti
che facevano le prove nei locali del programma. Qualche tempo dopo, è stato presidente del
gruppo che ha anche fatto presentazioni non professioniste.
Ma la professionalizzazione
non era lontana. Ancora nella troupe, Horácio ha deciso di
partecipare ad un’audizione che
era realizzata nel Crescer e Viver.
Una delle direttrici del progetto, Alice Viveiros de Castro, stava già scegliendo gli integranti
del progetto sociale che avrebbero fatto parte della produzione Vida de artista. Lo spettacolo era atteso con perseveranza
dai coordinatori del progetto.
Sono stati mesi per cercare gli
sponsor. Alla fine, la Petrobras
ha deciso di scommettere sul
gruppo e ha reso disponibili R$
300mila.
Il clima all’audizione era di
totale nervosismo. Gran parte
degli artisti formati sotto il tendone del Crescer e Viver, non solo di Rio de Janeiro ma anche di
São Gonçalo, sono entrati nella
selezione. Il fatto curioso è che,
al contrario del previsto, c’era
più un tifo di tutti per tutti che
una lotta aggressiva tra i partecipanti. Alla fine, l’atteso risultato. Venti nomi annunciati.
E Horácio era tra loro. La scena
scelta per l’audizione era stata
quella della presentazione di un
pagliaccio.
Vita da Artista
Passata l’euforia del giorno della
selezione, il gruppo è piombato
nel lavoro, ma diversamente da
come si immaginavano tutti, gli
esercizi non erano sul tappeto
elastico, sul trapezio o giochi di
48
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
Il pagliaccio Horácio Storani durante
le prove (sopra). Troupe del progetto
Crescer e Viver mette in scena
lo spettacolo Vida de Artista (in
alto a destra) e posa prima della
presentazione (destra). Il coordinatore
esecutivo del progetto Júnior Perim
prestigio. Cominciavano le lezioni di postura, comportamento e
perfino esercizi per la presentazione di artisti. Acrobazie e giochi di prestigio li sapevano fare
tutti, ma ci voleva ancora una rifinitura.
— Credo che queste lezioni
siano importanti perché ci fanno sentire più sicuri. È sempre
meglio poter perfezionare le nostre tecniche. Ognuno ha un suo
stile - ha spiegato. Il suoamico
di palco FAusto Tenorio, 23 anni, altro pagliaccio della troupe,
completa: — La convivenza ha
reso evidenti le differenze e
abbiamo dovuto imparare a affrontare tutto questo per mantenere l’amicizia fino alla fine
delle prove.
Dei 20 integranti selezionati all’inizio, al primo spettacolo ne sono arrivati 17. Alcune
evasioni sono state dovute anche al forte ritmo di allenamento. Durante le ferie scolastiche
di luglio la maggior parte degli
artisti frequenta la scuola, che
è una delle esigenze per entrare
nel programma sociale. Gli artisti rimangono la maggior parte
del tempo sotto il tendone della
Praça Onze. E così è stato durante sei mesi, in cui hanno imparato molto di più che mostrare
sicurezza in scena.
— Abbiamo cominciato da
un lavoro non proprio circense,
che cercava di incentivare gli artisti a divenire più sicuri di loro, per poi entrare nella parte
tecnica propriamente detta — ha
spiegato Ana Luisa Cardoso, pagliaccia Margarida.
Per questa parte tecnica, il
Crescer e Viver ha chiamato tre
professionisti esperienti: Lurian
Duarte, per la parte di coreografie acrobatiche ed equilibrio;
Cristina Moura, per le coreografie aeree e contorsioni; e Alexandre Souto, per le coreografie
sul trampolino. Tutto lo sforzo è valso la pena. Al suono di
una bellissima musica composta da Daniel Gonzaga, figlio di
Gonzaguinha, e con l’illuminazione di Aurélio de Simoni, hanno realizzato una presentazione
armoniosa e compiuta per conquistare il pubblico. Soddisfacendo la troupe e, specialmente, i coordinatori del Crescer e
Viver, lo spettacolo ha conquistato la platea durante le due
prime settimane e la stagione è
stata prorogata fino alla fine di
ottobre.
— La proposta di Vida de Artista è quella di tagliare il cordone ombelicale di questi ragazzi
Outubro 2007
/
che non possono restare attaccati all’istituzione — ha detto Júnior Perim, dicendo inoltre che
oltre a questo lo spettacolo aiuta
i giovani artisti a poter intravedere non soltanto un futuro nel
circo, teatro o musica, ma di portare avanti una vita, d’ora in poi,
realmente dedicata all’arte.
Progetto nato da un sogno
Vida de Artista, a arte de construir um espetáculo è soltanto una
delle realizzazioni del Crescer e
Viver. Il programma sociale, nato ispirandosi al samba-enredo
Um sonho possível. Crescer e Viver
agora é lei, della scuola di samba
Unidos do Porto da Pedra, mantiene due unità di attività socioculturali: una a São Gonçalo e
l’altra a Rio de Janeiro. Il coordinatore esecutivo, Junior Perim, e
il coordinatore esecutivo aggiunto, Vinicius Daumas, hanno fondato il Crescer e Viver e ancora
oggi sono i maggiori responsabili
della manutenzione del programma, che assiste 300 bambini bisognosi.
ComunitàItaliana
49
Milão
moda
Andrea Monteiro
Guilherme Aquino
Perfume de Milão
P
Fotos: Guilherme Aquino
assear pelas ruas de Milão, é, sem dúvida, uma forma de apreciar a memória
arquitetônica de uma época. Construções
antigas e sobreviventes à Segunda Guerra foram incorporadas a plantas de novas
obras. Nas entradas dos palácios, os estilos
se diferenciam. Há portões de ferro em arte liberty ou colunas de pedra de granito.
Estátuas e bustos de deuses gregos estão
por toda parte e, para completar, magnólias
exalam o seu perfume numa oferenda dos
deuses aos pedestres.
Fome de fotos
O
liviero Toscani sempre foi sinônimo de polêmica. Desde a década de 90, quando fazia anúncios para a Benetton, o fotógrafo carrega seus trabalhos com doses cavalares de
controvérsia. Na sua mais recente produção, ele convidou a modelo franseca
Isabelle Caro, que pesa apenas 31 quilos,
para protagonizar a campanha da grife
Nolita explorando a anorexia. A modelo luta contra a doença há 15 anos. O
resultado? Bom, o Corriere della Sera se
Teatro Filodrammatici
A
inda que esteja ao lado do imponente Scala de Milão, o Teatro Filodrammatici tem lá o seu brilho próprio.
Inaugurado em 1800 como Teatro Patriottico, o prédio foi parcialmente destruído durante o bombardeio de 1943,
quando chegou a funcionar como cinema. Em 1970, foi totalmente reformado. Sua fachada em estilo liberty, tendo como destaque esculturas em ferro
de galhos, folhas e flores, fazem dele
uma das jóias arquitetônicas da cidade. O espaço tem capacidade para 200
espectadores. Até o dia 21 deste mês,
estará em cartaz a peça musical de Lev
Tolstoj, Sonata a Kreutzer. Outras informações podem ser encontradas no site:
www.tieffeteatro.it.
50
ComunitàItaliana
Click anônimo
A
revista National Geographic resolveu
explorar o talento fotográfico dos
seus leitores italianos. Para isso, tomou
uma iniciativa inusitada ao transformar ruas e galerias do Centro de Milão em corredor para uma mostra itinerante. A seleção
envolveu quatro temas: o mundo animal,
o ser humano, reportagens e paisagens. O
resultado final pode ser apreciado em 32
trabalhos. Imagens capturadas por turistas italianos ao redor do mundo ou pelos próprios moradores da cidade. Um dos
pontos altos da mostra é a Via San Paolo,
no Centro. As fotos vão ficar em exposição
durante o período do outono.
/
Outubro 2007
recusou a publicar a foto, seguido da imprensa francesa, onde não foi permitida
sequer a instalação de cartazes da grife. Em Milão, a campanha ganhou os outdoors da cidade durante a Semana da
Moda, divindo a atenção com o evento.
Conclusão: a prefeitura da cidade acabou
pedindo aos proprietários da Nolita que
retirassem a campanha das ruas. A publicidade, no entanto, ganhou apoio da
ministra da Saúde, Livia Truco, que a viu
como um seviço de utilidade pública.
Arte italiana
D
epois de vestir uma de suas salas com as
criações da estilista inglesa Vivienne Westwood, o Palazzo Reale resolveu abrir as portas
para uma mostra sobre a pintura italiana dos últimos 40 anos. Artistas plásticos menos conhecidos, como Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli
e Renato Guttuso, estão nesse painel. Vittorio
Sgarbi, curador das obras e secretário de Cultura
de Milão, conseguiu reunir mais de cem quadros,
que revelam um período rico, mas pouco conhecido, da pintura artística italiana. Mesmo para
quem não tem intimidade com esses artistas, a
mostra vale a pena, para se conhecer a produção
dessa geração. Mais informacões: www.omun.milano.it/palazzoreale/.
Fenômeno fashion
no Planalto Central
Com a Itália como fonte de referência, Brasília desponta no cenário da moda nacional como novo pólo de grifes de luxo
B
rasília não só tem produzido moda com excelência
como tem ainda organizado importantes eventos, caso do Capital Fashion Week
(CFW) e do Brasília Fashion Festival (BFF). Além do mais, a Polimoda, renomada escola de alta
costura de Florença, tornou-se
destino da nova geração de filhos
de empresários do setor de vestuário. Estes têm partido em levas,
rumo à Itália, para desvendar os
segredos do glamouroso negócio
das grifes de luxo. De volta à terra natal, semeiam uma promissora era para a moda local.
— A Itália é o berço da moda
e estudar em Florença foi mesmo
muito proveitoso — reconhece
a estilista Andréa Monteiro, que
fez o curso de gestão de coleção
na Polimoda.
Depois de passar mais de
quatro anos na Itália e de estagiar em diversas grifes de altacostura durante a sua temporada
na Europa, a jovem brasiliense
realizou o seu primeiro desfile na
terceira edição do BFF, com o tema Do lixo ao luxo.
— O curso na Itália foi muito
bom porque aprendi a pesquisar
outros materiais — conta.
Críticos e consultorias especializadas já referendam o CFW
como o terceiro melhor evento
do gênero de moda no Brasil. Há
três anos, o encontro mobiliza
Aline Buaes e Fábio Lino
um grupo cada vez mais maduro
de estilistas, produtores e lojistas
do Distrito Federal e do CentroOeste. A edição deste ano contou
com a presença das atrizes Grazi
Massafera e Carol Castro.
— Os investimentos que esses empresários fazem estudando
na Itália têm fortalecido a cidade como pólo de moda — afirma
Márcia Lima, produtora executiva
do evento.
Criado em 2005 para projetar
os valores de Brasília e do Centro-Oeste, o CFW introduz estilistas, marcas e modelos da região
no calendário nacional da moda.
Este ano, o evento trouxe mais
uma novidade: o Capital Business, espaço voltado para a realização de negócios especificamente para aquele segmento.
— O espaço é importante,
pois o setor movimenta em Brasília mais de 470 milhões de reais
por ano — ressalta o presidente
do Sindicato das Indústrias do
Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste), Márcio Franca, entidade
que reúne fábricas e malharias.
O Quadrilátero do Luxo
Por outro lado, o bairro dos Jardins, em São Paulo, tornou-se reduto de consumo de luxo. Por suas
ruas, em frenético vai-e-vem, circula gente disposta a pagar 780
reais por um sutiã (La Perla) ou
dois mil reais por uma calça jeans
(Diesel). No burburinho de grifes
nacionais e internacionais, as marcas italianas saem na frente e ditam as regras no espaço urbano
batizado de Quadrilátero da Moda.
Paira no ar o barulhinho provocado pelo roçar de um sem número de bolsas de compras com
assinaturas Armani, Bulgari, Versace e Roberto Cavalli nas ruas
Doutor Melo Alves, Estados Unidos, Padre João Manuel e Alameda Tietê. Estas formam o coração
do quadrilátero, vazado pela Rua
Oscar Freire, onde estão a La Perla e a Diesel – esta famosa pelo
caimento dos jeans, que emolduram mulheres elegantes e descoladas como Fernanda Lima, Carolina Ferraz e Fernanda Torres.
As grifes italianas chegaram
ao Brasil nos anos 90, quando uma política de abertura comercial para importações trouxe
ao país as últimas novidades do
mercado internacional. Segundo
fontes do meio, as filiais brasileiras estão entre as mais rentáveis do mundo.
La Perla, por exemplo, sinônimo de qualidade artesanal em
lingerie da Bolonha, arrebata celebridades como as top models
Raika e Shirley Mallman. Quando
chegou ao Brasil, há 13 anos, a
grife instituiu uma nova cultura
de roupas íntimas bem desenhadas e Marina Mariutti, responsável pela vinda da marca ao Bra-
Outubro 2007
/
sil e atual gerente-administrativa
do grupo, explica essa febre:
— La Perla trouxe variedade
de cores, modelos e tecnologia.
Marina confirma que a loja do
Brasil é uma das que mais vendem no mundo. Segundo ela, isso
levou o fabricante a criar modelos especialmente para as brasileiras, como o reggiseno carioca
e o slip brasiliana.
Do fenômeno denominado
Quadrilátero da Moda derivou, por
exemplo, a criação do termo Diesel Important People (DIP), modo peculiar com que a grife italiana se refere aos seus clientes
VIPs. Seu tecido macio e de ótimo acabamento, conquistou gente como o apresentador Luciano
Huck e a DJ da MTV Didi Wagner.
O preço salgado varia entre 500 a
2 mil reais. Ainda assim, a Diesel
no Brasil chega a vender 90 mil
peças por ano.
ComunitàItaliana
51
il lettore racconta
religião
epórter
L
á se vão muitos anos... Mas
a lembrança é viva e permanente. Quando eu era
criança, meus pais sempre recebiam os seus familiares em
nossa casa, em Castelo, interior do
Espírito Santo. Eles moravam em
locais de fazendas onde não havia recursos como os que existiam
em Castelo. Apesar de bem pequena,
lembro de que lá havia comércio de
tecidos, poucos médicos, etc.
Recordo-me bem que numa dessas vezes recebemos um tio, muito
querido, isso há mais ou menos uns
47 anos. Como de costume, ao cair
da tarde, meu pai e ele conversavam sentados, e nunca mais esqueci
aquele momento. Eles relembravam
o tempo em que plantavam café,
na década de 20 ou 30. Na época
da colheita, precisavam saber da
cotação no mercado. Nesse tempo,
meu pai era solteiro e morava em
uma fazenda em Pindobas. Para ter
acesso a essa informação, era preciso
sair daquela localidade e enfrentar uma viagem até Castelo, onde
meu pai veio a se casar com a minha mãe.
Era uma viagem sacrificante.
Tinham que levantar de madrugada, preparar os cavalos e seguir para Castelo. O percurso era difícil e
a estrada estreita cruzava as matas.
A viagem demorava em média 12
horas. Eles pernoitavam na cidade
e, no dia seguinte, dependendo de
haver meio de transporte disponível, seguiam para Cachoeiro. Tudo
isso para poder ler o jornal.
Depois de checar a informação, faziam o caminho de volta, com
igual dificuldade. Além da difi-
52
ComunitàItaliana
/
Arquivo pe
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Depoimento à r za
Sílvia Sou
culdade de transporte, eles ainda
dependiam das condições climáticas. Tudo era muito intenso. E aí
me lembro bem do meu tio dizendo assim: “Pois é João, é claro que
depois de tanto tempo para chegar de volta e até vender o café, o
preço já não era mais aquele”.
Os dois ficavam, ali, sentados,
refletindo sobre as dificuldades de
se obter uma informação naquela
época. Ao mesmo tempo, se sentiam
felizes e vitoriosos: Agora,
“
nós temos
o rádio”. Eles se sentiam orgulhosos por continuar uma luta de seus
pais, que deixaram sua pátria mãe,
a Itália, e adotaram o Brasil como
a única esperança de vida...
Hoje, fico pensando... E se eles
vivessem nos dias de hoje com tanta tecnologia e avanço em tudo no
mundo?
Não há como saber se eles se
adaptariam a todas essas mudanças
por que o mundo passa. Mas certamente ficariam felizes em ver
que grande parte dos ensinamentos que recebemos, ainda crianças,
são seguidos até hoje.
O meu avô veio de Veneza para o Brasil no final do século 19.
Aqui ele teve 16 filhos, incluindo
meu pai, e se estabeleceu em Venda
Nova do Imigrante (ES). Se estivessem vivos, veriam como a família
se tornou numerosa e como se mantém unida na preservação dos laços
com as tradições italianas.
Dos costumes que eu e todos os
primos adotamos, sem dúvida, o que
diz respeito à religiosidade é o
mais notável. Aqui, todos são batizados na Igreja Católica, fizeram a
primeira-comunhão e são crismados.
Outubro 2007
Ir à missa aos domingos é de lei,
assim como almoçarmos juntos.
A família fica toda reunida
sem televisão ligada ou celular. Se
for para atender o telefone, tem
que ser por um motivo muito importante. O almoço é sagrado e não
pode ser interrompido. Gosto de
cozinhar os pratos típicos da culinária italiana: uma boa massa, polenta e, claro, puína, que é um
queijo tipo ricota. Adoramos saborear essas receitas que herdamos de
nossos antepassados, e tudo acompanhado com um bom vinho...
Deixei Venda Nova em 1971 para morar no Rio de Janeiro. São
muitas histórias e lembranças. Ainda recebo jornal, livros, revistas
e calendários semestralmente da
Comune di Salzano.
Infelizmente, ainda não tive condições de visitar a terra dos
meus avós. Mas em 2008 pretendo
ir com meus irmãos e primos. Enquanto isso, treinamos nossa memória no Encontro da Família Scabello (ENFASCA). Nesses dias, no
segundo final de semana de janeiro, revivemos a nossa história
celebrando uma missa. Fazemos um
festival gastronômico com almoço
e lanche. Tentamos passar às novas
gerações a importância desse convívio, do aprendizado da língua,
da cultura. Assim, mantemos vivo
o nosso passado sem nunca abandonarmos nossas origens.
Rio de Janeiro (RJ)
Madalena Scabello,
55 anos
Mande sua história com material fotográfico para:
[email protected]
bem perto do céu, no alto
do Morro do Cavalão, em
Niterói, na Região Metropolitana do Estado do Rio
de Janeiro, que a fé ítalo-brasileira encontra um importante
testemunho. Ali, por admiração
e devoção ao sacerdócio, um religioso, com a ajuda dos seus fiéis,
dedica-se a dar início à construção de uma capela em homenagem a São Pio de Pietrelcina,
mais conhecido como padre Pio,
venerado santo italiano.
Longe de sentir a missão como uma penitência, mas tomado pela força de sua crença, padre Carmine Pascale, coordenador
da Paróquia de São Judas Tadeu
– que abrange o morro –, pensa
apenas em dar prosseguimento,
com a obra, aos ensinamentos
cristãos pregados por Pietrelcina.
Foi o santo italiano quem lavrou a
seguinte frase célebre: “Quero ser
apenas um pobre frade que reza”.
Descendente de italianos, padre Carmine, desde 2001 na paróquia, localizada na divisa entre
os bairros de Icaraí e São Francisco, não teve dificuldade em escolher o seu santo de devoção. E a
iniciativa da construção da igreja
partiu dele mesmo. Segundo o religioso, as obras devem começar
nos próximos meses. Junto da capela, ainda serão construídas salas de catequese e um jardim.
— Padre Pio era incansável
em seu trabalho. Virei devoto na
primeira vez que ouvi sua história. Sou filho de italianos que
migraram para o Brasil. Sempre
existiu essa minha relação com
o país dele e toda a religiosidade que nele se insere. Na Itália,
a veneração a esse santo é muito grande. Há estátuas e monumentos nas praças de norte a sul
— conta Carmine, que organizou
uma peregrinação paroquial ao
local onde vivia Pio, e completa:
— A viagem aconteceu em
2005. Participaram 35 membros
da paróquia. Ficamos três dias na
cidade e tivemos um frade como
nosso guia. Passamos no quarto
onde ele dormia, onde fazia suas
orações, enfim, foi um momento
emocionante. Trouxemos inclusive uma imagem dele que será colocada na capela.
Nascido Francesco Forgione,
em 25 de maio de 1887, a exemplo de São Francisco, padre Pio
dedicou sua vida a ajudar aos pobres. Os que viviam ao seu redor
Fotos: Bruno de Lima
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Devoção
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Conhecido pela cura aos enfermos e pela
atenção que dedicava a sua comunidade,
São Pio de Pietrelcina, venerado na Itália,
terá, por iniciativa de um padre, uma capela
erguida em sua homenagem, em Niterói
Sílvia Souza
foram testemunhas das sementes
que ele espalhou: sinais da intimidade que demonstrava ter com
Deus. Ele foi o primeiro sacerdote
cujo corpo apresentou os estigmas
da crucificação de Jesus Cristo.
A devoção dos italianos a padre Pio pode ser comparada, no
Brasil, ao culto a santos como
São Judas Tadeu e Santo Antônio. Segundo padre Carmine, por
ser um santo dos nossos dias, a
identificação dos fiéis com suas
obras e seus feitos parece aumentar, passados 39 anos da sua
morte, ocorrida em 1968.
— Para ele, presidir a Santa
Missa, dirigir almas e administrar
o sacramento da Penitência eram
a razão de sua vida, sintetizada,
portanto, em dois pilares: oração
e caridade — explica o pároco.
Dentre o grupo que esteve na
Itália, a professora aposentada
Gelsa Ribeiro de Oliveira tinha
um motivo especial para agradecer a São Pio. Segundo ela, que
perdeu um filho que teve leucemia, foi o santo que intercedeu
para que o menino não sofresse.
— Fui à Itália pedir a bênção para minha família. Mas minha relação com São Pio vem da
década de 1970. Naquela época,
não havia cura para a leucemia
e os médicos disseram que meu
Outubro 2007
/
filho teria só três meses de vida.
Disseram que ele perderia cabelo e ficaria cego. Mas nada disso aconteceu, pois roguei a padre Pio. Meu filho só morreu dois
anos depois que a doença já havia sido descoberta — recorda a
aposentada, que ainda pretende
voltar a Pietrelcina e a Rotondo,
cidades onde o padre Pio viveu.
A vida do Santo
Nascido de uma prole de sete
irmãos, Francesco Forgione foi
batizado pelos seus pais, Grazio
Forgione e Maria Giuseppa De
Nunzio, no dia seguinte ao seu
nascimento. Ainda criança, recomendava aos adultos que recorressem ao seu anjo da guarda
para estar mais perto de Deus.
Aos 15 anos, entrando no noviciado, adotou o nome de “frei
Pio”. Vestiu o hábito em 22 de
janeiro de 1903, tendo sido ordenado padre em 10 de agosto
de 1910. Acolhia em si o sofrimento do povo que o procurava.
Os casos mais urgentes e complicados, o frade confiava a Nossa Senhora. Transferido para San
Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte (em 23 de setembro de 1968), recebeu nas
mãos, nos pés e no lado do coração a impressão dos sinais da
crucifixão de Jesus, desaparecidos 50 anos depois, às vésperas
de sua morte.
Segundo a Igreja, torturado e testado muitas vezes, padre
Pio costumava chamar o diabo de
Barba Azul. Construiu a Casa Alívio do Sofrimento, hospital que
viria a ser referencial em toda a
Europa. Entre os muitos milagres,
ficou para a história a cura do
pequeno Matteo Pio Colella, em
San Giovanni Rotondo. Dom Luigi
Orione também contava que, em
1925, sendo um dos tantos devotos de Santa Teresa de Lisieux, estava na Praça de São Pedro para
as celebrações em honra da mística francesa quando, inesperadamente, lhe apareceu padre Pio.
Mas segundo relato de amigos
e fiéis, padre Pio nunca saiu do
convento para o qual foi enviado
em 1918. Pio tornou-se santo em
16 de junho de 2002, proclamado
pelo pontífice João Paulo II. No
Brasil, há pelo menos uma ermida, no Rio Grande do Sul, e uma
paróquia, em Brasília, dedicadas
ao Santo. A capela do Morro do
Cavalão será a próxima.
ComunitàItaliana
53
comunità
Una “mappa”
dell’Italia al
sud di Rio
Immigranti arrivano a Rio nella seconda metà del XIX secolo e
trasformano Porto Real, Valença e Barra do Piraí in una città con
presenza massiccia di discendenti dalle più svariate regioni italiane
Q
Nayra Garofle
scia dubbi: la colonizzazione italiana ci ha messo radici. E in un
modo molto particolare. A Porto Real, ad esempio, la maggior
parte degli oriundi si riunisce intorno agli stessi valori e cultura,
con un’origine familiare comune,
dell’Emilia Romagna. A Valença,
destino di immigranti delle più
svariate regioni italiane, accade
un fenomeno contrario.
Fotos: Nayra Garofle
uando il tema è l’Italia, la
gente di San Paolo e del
sud rappresenta, in Brasile, il primo riferimento
dell’immigrazione. Comunque, il
suono della tarantella che viene
dal sud dello stato di Rio non la-
La storia racconta che la seconda metà del XIX secolo è stata segnata dall’arrivo degli italiani in Brasile. La maggior parte
era formata da braccianti, artigiani e abitanti poveri delle regioni Trentino, Friuli e Veneto,
così come della Calabria, Sicilia
e Abruzzo. Nelle valigie, il sogno
di un futuro migliore.
I dati storici dimostrano che
l’arrivo dei ‘fratelli’ dalle nostre
parti coincidono con la venuta
dell’imperatrice Dona Teresa Cristina, principessa del Regno di
Napoli, sposata con l’imperatore
Dom Pedro II. In questo contesto, il sud fluminense diviene un
porto sicuro degli immigranti italiani. Città come Porto Real, Va-
lença e Barra do Piraí hanno un
posto d’onore in questo scenario.
— Non abbiamo rilevamenti
recenti, ma si calcola qualcosa
come circa trecento famiglie italiane da queste parti — dice Laércio Marassi, presidente dell’Associação Vittorio Emanuele II (Ave
II) di Porto Real.
La città, ex distretto di Resende, presenta un’area di 51 chilometri quadrati. E i suoi 12mila
abitanti respirano cultura italiana.
Là, la maggior parte degli immigranti provengono dalla provincia
di Modena, in Emilia-Romagna.
Ma ci sono anche persone venute dalla Calabria, dal Veneto e da
Lucca, in Toscana. Dovuto a questa grande presenza, un gruppo
di discendenti di italiani ha creato, nel 1989, la Ave II, che ha
cominciato a funzionare soltanto
nel 1996, dopo la trasformazione
della città in capoluogo di provincia. L’obiettivo dell’associazione è
giustamente quello di riscattare e
mantenere le tradizioni della cultura nella regione.
— Fin da quell’epoca, l’associazione ha ottenuto che il comune di Porto Real firmasse un patto di amicizia con le città italiane
Concordia sulla Cecchia e Novi di
Modena. Manteniamo un gruppo
di danze tipiche, formato da adolescenti, che si chiama “Le
piccole ballerine” — racconta Marassi, evidenziando anche che la
Ave II conta su di un
programma di radio
che, oltre a divulgare la
storia della città, trasmette canzoni italiane.
Tutti gli anni, a giugno,
la città si veste di bianco, rosso e verde per
festeggiare la festa della cultura
italiana. Marassi dice che l’evento
viene realizzato dalle 160 persone
che fanno parte dell’associazione.
Ma si lamenta della timida partecipazione dei suoi integranti:
— Molte altre misure debbono essere adottate perché la nostra storia sia conosciuta, amata
e preservata. Degli esempi sono
la creazione della Casa do Imigrante, perché è un punto di riferimento, l’inserimento di corsi di
italiano nelle scuole della città, il
conseguimento della cittadinanza
italiana da parte dei discendenti
e il consolato, oltre allo sforzo in
questo senso di altre istituzioni
presenti nella nostra città.
A Valença
Al contrario di Porto Real, che
presenta una colonizzazione più
uniforme perché ha concentrato discendenti di una stessa regione, Valença ha ricevuto immigranti da diverse parti dell’Italia.
Per rafforzare lo spirito comunitario tra gli oriundi – compromessa
dalle origini diverse – il corrispondente consolare Serafino Antimo Sevastamo sta organizzando
la prima iscrizione di famiglie italo-brasiliane della città.
Per sapere le loro origini, Savastamo ha già registrato 360
persone.
— Faremo ricerche sui loro luoghi d’origine. In questo momento
non ci preoccupiamo di feste o
eventi legati alla cultura italiana.
L’importante è far sì che queste
persone sentano orgoglio di essere
discendenti. Vogliamo risvegliare in
loro l’interesse in questo — spiega
il corrispondente consolare.
Secondo lui, l’importanza
della grande colonia a Valença
può essere verificata dai lavori
pubblici fatti e che si stanno facendo nella città:
— La collettività italiana e
di oriundi a Valença differisce
dalle altre colonie della regione del Médio Paraíba, dato che
è formata da famiglie venute da
tutte le regioni italiane, non soltanto da un determinato comune
di quel paese.
Storia secolare
La prima colonia risale al 1880, e
mise le sue radici nella Fazenda
Santo Antônio do Paio.
Centinaia di famiglie arrivarono per lavorare nelle coltivazioni
di caffè. Ma dato che la domanda
54
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
Il corrispondente consolare Serafino Sevastamo organizza il registro di famiglie italiane a Valença.
Nella città, il museo Capitão Pitalunga conserva la storia della Seconda Guerra Mondiale
era grande, molte di esse furono
smistate in altre fazendas.
— Con il declinio del ciclo del
caffè e con i risparmi accumulati
in lunghe e dure giornate di lavoro, dei gruppi se ne andarono
dalle fazendas e misero radici a
Valença, aprendo piccoli negozi.
Realizzavano attività come quelle di artigiani, manovali, fabbri,
calzolai, sarti, venditori ambulanti, lavandaie, falegnami e anche quelle di piccoli produttori
vinicoli — afferma Sevastamo.
Tra i tanti punti turistici, come le fazendas che raccontano la
storia del Brasile del XIX secolo,
Valença ospita anche il Museu Militar Capitão Pitaluga. Fondato nel
Primeiro Esquadrão de Cavalaria
Mecanizado – Esquadrão Tenente
Amaro, il museo preserva la storia della Seconda Guerra Mondiale.
La sua collezione è formata da documenti originali e fotocopie, fotografie, armi, medaglie, divise e
materiali ospedalieri. Fatti e ricordi di un’epoca che segna la presenza e la partecipazione effettiva del
Brasile nella campagna in Italia e,
specialmente, della Cavalaria Brasileira, di cui il Primeiro Esquadrão
era l’unica unità dell’arma a integrare questo momento storico.
— Oltre al materiale che già
avevamo, abbiamo ricevuto molti
donativi che hanno permesso di
comporre la collezione. Credo sia
una maniera di preservare la storia e farla vedere a coloro che lo
visitano — racconta il sottotenente Gerson Romano, spiegando
che il capitano Pitaluga, oriundo, fu il comandante che condusse l’Unidade durante la maggior
parte del periodo della guerra.
Oltre alle fazendas e al museo, c’è inoltre la Casa Léa Penta-
gna. Donna all’avanguardia per la
sua epoca, Léa si avvicinò all’arte grazie al fratello Vito, un poeta nato. Spesso cedeva la sua
casa per pranzi dell’Academia Valenciana de Letras, che è servita
da scenario per il film “A casa assassinada”, del regista Paulo César Saraceni negli anni ’70.
Oggi lo spazio apre le sue
porte per conferenze, corsi, esposizioni, proiezioni di video e concerti di musica classica e popolare, oltre a ricevere turisti. Situata
nel quartiere Benfica, la casa è
stata ristrutturata nel 2000. La
famiglia Pentagna è stata molto
influente a Valença ed era proprietaria di molte fazendas e della fabbrica di tessuti Santa Rosa.
A Barra do Piraí
Situata a 122 chilometri da Rio
e con circa 70mila abitanti, Barra do Piraí è un’altra città del sud
fluminense a presentare forti legami con l’Italia. Il corrispondente
consolare e Secretário Municipal
de Trabalho e Desenvolvimento
Econômico, Roberto Monzo Filho,
crede che lì vivano più di 140 famiglie discendenti da italiani.
— Abbiamo fatto un rilevamento preliminare e registrato
queste famiglie. Stiamo cominciando quest’attività per avere
un’idea di questa realtà. Ciò aiuterà a impostare i nostri progetti
— dice Monzo, mettendo in risalto che i discendenti di italiani
di Barra do Piraí sono oriundi di
Campania e Calabria.
Nel 2006 è stato siglato un
gemellaggio con Paola, in Italia.
Ossia, Barra do Piraí e Paola sono, oggigiorno, città sorelle.
— Il primo passo è stata la
venuta di una comitiva del con-
Outubro 2007
/
solato, guidata dal console generale Ernesto Massimo Bellelli.
Hanno potuto constatare la presenza di una numerosa colonia
nel nostro comune. In seguito,
dopo vari contatti, l’anno scorso abbiamo ricevuto la visita del
sindaco di Paola, accompagnato
da deputati e dall’ex comandante dei carabinieri di Paola, Elio
Rocca, e allora abbiamo realizzato la cerimonia di firma del
gemellaggio — spiega il corrispondente consolare.
Dopo la visita della comitiva,
il deputato provinciale Christiano Almeida (PSDB), per mezzo di
un progetto di legge, ha creato il
Dia da Colônia Italiana, festeggiato ufficialmente il 29 ottobre.
Quest’anno sarà la prima volta
che verrà organizzata una festa.
Il distretto di Ipiabas sarà uno dei
centri dell’evento, che già conta
su di una rete di locande e ristoranti, e inoltre offre il suo patrimonio storico.
— Attraverso la culinaria,
l’architettura, la cultura e gli
eventi, vogliamo dare un’identità
italiana a Ipiabas, trasformandola in una piccola Italia — racconta Monzo.
Fin dai tempi dell’unione di
Paola e Barra do Piraí, Monzo dice
che la valorizzazione della cultura
italiana nel comune fluminense è
aumentata sempre di più.
— C’è stata una grande ricettività da parte di tutti, non soltanto degli immigranti e discendenti, ma anche di coloro che
hanno simpatia per la cultura italiana. Tra il Brasile e l’Italia c’è
una grande identificazione. Abbiamo sentito che tutto ciò che è
legato a questo paese piace molto
ai brasiliani — rivela.
ComunitàItaliana
55
Sapori d’Italia
turismo
Orient Express
à milanesa
Empresa de transporte público lança em Milão roteiro turístico
noturno sobre trilhos, em um trem-restaurante de luxo
Anelise Sanchez
F
Correspondente • Roma
amosa por ditar regras de
elegância e de sofisticação
que se espalham pelo mundo, Milão resolveu lançar
uma nova moda noturna. E sobre trilhos. Imagine poder circular pelos lugares mais pitorescos
da cidade a bordo de um trem
de 1928? Pois é isso mesmo. Por
iniciativa da Azienda Trasporti Milanesi (ATM), empresa que
administra o transporte público
na capital lombarda, o ATMosfera – nome dado ao transporte –
já pode ser visto circulando pelos principais pontos turísticos
da cidade.
Totalmente reformado, o
trem, com seus 24 lugares, tem
uma decoração colonial, cujo cenário recria o ambiente do Orient
Express, meio de ligação entre
Paris Gare de L’Est e Istambul, e
que serviu de inspiração para a
escritora Agatha Christhie lançar um livro com o mesmo nome.
Além de admirar os momumentos
mais belos da cidade durante a
noite, os passageiros ainda têm
opção de jantar. O preço? Cin-
56
Luxo e requinte para conhecer e apreciar a arte milanesa
qüenta euros. A idéia agradou
tanto que os lugares disponíveis
no ATMosfera foram reservados
até janeiro de 2008.
Diariamente, às 20h, pontualmente, o trem parte da Piazza
Castello, esquina com o Largo
Cairoli, e segue um itinerário que
oferece visitas por pontos como
Foro Buonaparte e o charmoso
Castello Sforzesco, monumento construído no século XV pelo
ComunitàItaliana
/
Outubro 2007
duque Francesco Sforza que conquistou o status de um dos símbolos de Milão.
Em seguida, o trem atravessa as vias Tivoli, e Ponte Vetero,
piazzale Cadorna, via Vincenzo
Monti, via Pagano, corso Sempione e o Arco della Pace. A praça
do cemitério momumental, a praça da Repubblica, a via Turati e
o Museo della Permanente, como
é chamada a exposição de Belas
Artes criada em 1870, também
não ficaram de fora do passeio.
Outros lugares imperdíveis
que fazem parte do itinerário do
trem são a Via Manzoni e o Teatro alla Scala, reinaugurado em
2004, o Museo Diocesano e o Naviglio Grande, que hospeda um
mercado de antiquidades.
O passeio dura cerca de duas
horas e meia. O jantar, preparado
pelo Gruppo Pellegrini Ristorazione, pode ser elaborado com pratos
à base de carnes, peixes ou com
ingredientes vegetarianos. Estão
incluídos aperitivos, uma entrada, um primo piatto, um secondo piatto, uma sobremesa, café,
água e vinho para duas pessoas.
Ultimamente, os pratos mais
pedidos são a mini-torta de cogumelos perfumados com timo e
polenta, lasanha ao molho branco e pinoli, carne de vitela com
batatas crocantes ao porto, flan
de chocolate amargo com peras
ao gengibre, sopa de grão de bico com vinagre balsâmico e camarões. A carta de vinhos ofecere
Barbera Oltrepò Pavese, o Fermentino Terre Fenice e Chardonnay Mandrarossa.
As reservas podem ser agendadas por telefone, de terça a domingo, exceto feriados. Os pedidos devem ser feitos até às 19h30
do dia anterior, discando para o
número 800-80.81-81 (válido somente em território italiano). Em
caso de desistência, a ATM pede
aos clientes que comuniquem a
decisão à empresa até às 15h30
do dia anterior. O ATMosfera aceita
somente o pagamento em dinheiro ou cartão de crédito de bandeiras Visa, Visa Electron, American
Express e Mastercard.
Aline Buaes
O piatto
favorito do Jô
Sapori d’Italia apresenta, nesta edição, um novo
e especial tempero. A coluna de gastronomia de
Comunità – que já garantia ao leitor a indicação
das melhores casas especializadas na cozinha
mediterrânea, no Brasil e na Itália –, passa a
oferecer, a partir desta edição, um algo mais:
as preciosas dicas de personalidades amantes
da boa comida italiana de seus restaurantes e
pratos preferidos. E a coluna reestréia, em seu
novo formato, com um convidado de peso: o
apresentador e humorista Jô Soares
R
io de Janeiro – Jô é assíduo freqüentador de um dos italianos mais tradicionais de São Paulo: o Jardim de Napoli. E,
diga-se de passagem, costuma sempre saborear os mesmos
pratos. Entre as suas preferências estão o Polpettone, bastante famoso na casa e que tem uma receita guardada a sete chaves
pelos proprietários, e a Berinjela à Parmegiana.
O Jardim de Napoli fica perto da casa de Jô, no bairro de Higienópolis, e o humorista é velho conhecido dos funcionários do restaurante, acostumados a lidar com as celebridades que vivem no bairro
nobre da capital. O lugar também é freqüentado, por exemplo, pelo
ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e pela escritora Maria Adelaide Amaral.
Trata-se de uma legítima casa napolitana, que desde 1949 procura
manter a qualidade e o ambiente familiar. A história do restaurante
é narrada em detalhes no livro Alla Napoletana, lançado recentemente pela Editora Boccato, e se mistura à própria história da imigração
italiana em São Paulo.
A cantina foi fundada por
Francesco Buonerba, ou apenas Don Ciccio, que criou o
aclamado Polpettone alla Parmigiana, espécie de almôndega de carne empanada com
farinha de rosca, recheada
com mozzarella, al sugo, com
queijo parmesão.
O prato mantém o restaurante há anos no topo dos
mais recomendados pelos críticos gastronômicos de São
Paulo. Os proprietários, que
não divulgam a receita, decidiram ir ainda mais longe:
— Resolvemos patentear
O humorista, apresentador e escritor
a invenção. Foi o modo que
Jô Soares é fã das massas italianas
Melanzana a Parmegiana
Ingredientes: Três berinjelas grandes; 500 gramas de queijo mussarela; 500 gramas de queijo parmesão ralado; 800 mililitros de
molho ao sugo; 10 ovos; 1quilo de farinha de trigo.
Modo de Preparo: Cortar a berinjela em fatias, passar na farinha
de trigo, depois passar no ovo batido. Fritar em óleo bem quente,
depois reservar em uma peneira para escorrer o óleo. Untar uma
forma retangular com o molho al sugo. Fazer camadas intercaladas de fatias de berinjela, mussarela, molho ao sugo e queijo
parmesão. Terminar a última camada com mussarela. Colocar no
forno aquecido a 180 graus durante 20 minutos. Para finalizar,
cobrir com molho al sugo e queijo parmesão.
Gerente da casa há quase 50 anos, Adolfo Scardovelli sugere para acompanhar o prato o vinho tinto seco Chianti Classico Castello di Querceto.
encontramos para conter a concorrência — explica Chico Buonerba,
um dos donos do estabelecimento.
Além do Polpettone, Jô Soares também costuma comer um prato
mais leve e mais simples de preparar, e que, segundo os proprietários, ele
consome com muito mais freqüência: o Melanzana alla Parmeggiana.
Serviço: Restaurante Jardim de Napoli
Rua Martinico Prado, 463. Higienópolis, São Paulo. Telefone: (11) 3666-3022
Outubro 2007
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ComunitàItaliana
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La gente,
il posto
Claudia Monteiro de Castro
oma é a cidade das fontes. Passeando pelas praças e pelas ruas, tem
sempre aquele fundo sonoro do burbulhar de suas águas. Algumas fontes monumentais, como a Fontana di Trevi, nem
precisam de cartão de visita, de tanto que
foram fotografadas e filmadas. Mas muitas
fontes menores, jóias raras, também têm
seu charme. Uma das mais graciosas fontes
de Roma é a Fonte das Tartarugas. Fica na
Piazza Mattei, no coração no Ghetto, bairro
judeu de Roma, no centro histórico da cidade. Construída entre 1581 e 1588, quem
desenhou o projeto foi Giacomo della Porta,
autor da maioria das fontes romanas construídas no século XVI.
Restaurada recentemente, a fonte está
tinindo, exibindo seus vários tipos de mármore de cores diferentes: da África, de Carrara e da Turquia. Na fonte há quatro estátuas de bronze de quatro rapazes, todos
com uma mão erguida, que tentam tocar as
tartarugas que se encontram logo acima.
Somente um deles “consegue” tocar a tar-
E
Claudia Monteiro de Castro
R
Fonte das Tartarugas
Os italianos e as massas
xistem mais tipos de macarrão no universo do que supõe nossa vã filosofia. Na Itália, cada região oferece uma grande variedade, diversos formatos, divididos em duas famílias: massa
longa, como o spaghetti e massa curta, como o penne.
Mas cuidado. Os italianos não brincam em serviço. Massa é papo
sério. Não é só ir fazendo a massa e colocar qualquer molho em cima.
Cada molho requer um tipo de pasta. E se a combinação for perfeita,
os italianos dizem: “è la morte sua”. Assim, o molho carbonara fica
ótimo com spaghetti ou rigatoni. Já para a amatriciana (molho de
tomate com queijo de ovelha e
bacon) o ideal é usar o bucatini, spaghetti gordinho com
furinho no meio, pois o molho
entra pelo furinho, mistura-se
bem e como resultado, nenhuma camisa sobrevive ao splish
splash dessa combinação mortal. O cacio e pepe, simplesmente queijo de ovelha com
pimenta do reino, fica bom no
tonnarelli, um spaghetti mais
ondulado. O orecchiette, que
como o próprio nome diz tem
o formato de pequenas orelhas, fica bom com cime di rapa, uma espécie de primo do
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taruga. Segundo os estudiosos, trata-se de
São João Batista.
Uma das lendas populares conta que Antonio Mattei, cujo prédio tinha vista para
a praça, mandou construir a fonte da noite
para o dia para impressionar o futuro sogro, que titubeava em dar a mão de sua filha a Mattei, nobre, mas squattrinato, ou
seja “duro”. Com o ego ferido e louco para
conquistar a amada e o sogro, Mattei providenciou a construção da fonte em tempo
recorde. Em seguida, chamou a sua amada
e seu pai para dar uma conferida no visual,
e apreciar da janela a maravilhosa fonte. E
disse: “Ecco cosa è capace di realizzare in
poche ore uno ‘squattrinato’ Mattei”. E assim, o casamento foi confirmado.
Depois, Mattei mandou murar a janela,
para que ninguém mais pudesse ter este privilégio. A lenda é pura invenção, afinal, o
prédio foi construído em 1616, quase trinta
anos depois que a fonte estava pronta. Mesmo assim, os romanos adoram contar essa
história.
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Outubro 2007
brócoli, e é um dos pratos mais típicos da região da Puglia. E assim
por diante.
Quer ver italiano chiar? É só inverter as combinações e colocar o
molho com a massa errada. Certa vez, no início da minha estadia em
Roma, tendo na dispensa e na geladeira poucas opções (ovo, bacon,
queijo e fettuccine), só me restou a alternativa de fazer fettuccine
alla carbonara. O supermercado estava fechado (ou eu estava com
preguiça? Não me lembro). Chamei minha grande amiga italiana,
Valentina, que sempre me brindou com ensinamentos culturais, e
me iniciou nos mistérios do fogão para saborear minha refeição. Ao ver a pasta pronta ela
teve um chilique. Arregalou os
olhos, começou a movimentar
os braços, protestar, como se eu
tivesse acabado de cometer um
crime. “Fettuccine com carbonara??!!! Que horror! Não combina!!!”
Na Itália, para certas coisas,
até existe o jeitinho brasileiro.
Mas molho e massa são coisas
sagradas. Tem que segurar o impulso de inventar coisas mirabolantes. Na massa deles, ninguém
bota mão.
Outubro 2007
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